A relação do culto Lexé Egun com o culto Ayan

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  • 8/2/2019 A relao do culto Lex Egun com o culto Ayan

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    A relao do culto Lex Egun com o culto Ayan

    No antigo culto a Ayan, o sacerdcio dos Alabs possua uma estreita ligao como culto Lex Egun, ou o culto aos ancestrais. Na verdade o prprio instrumento -o tambor - considerado como a veste material de um esprito e dizem os mitos,que cada tambor possui seu esprito elemental, que se materializa dentro dosmesmos durante as cerimnias para que o rito tenha prosseguimento segundo aegrgora do templo em questo, de acordo com o orix regente da casa.

    Apenas os tambores Bat possuem em seu interior o assentamento de Ayan/Ayom,sendo que os verdadeiros tambores consagrados devem tambm levar o Afob

    pregado no casco, sem o qual o tambor no considerado "vivo" ou sagrado, apenas um instrumento ritual, sem qualquer capacidade de invocao verdadeira.

    O Afob um saquinho - ou caixa - que contm os elementos secretos relativosao "esprito" daquele atabaque ou tambor consagrado e cada instrumentos possuielementos particularizados que so indicados segundo o Odu no qual forambatizados e grafados dentro do casco, pois so essas marcas, os Ayan LOnan(chamados de Tefs pelos sacerdotes de If) que iro indicar o poder, o comandoe o objetivo que aquele tambor ter ritualisticamente, alm de dfinir o seu

    nome de batismo, que s dado quando o Alab completa o jogo dos quatrotambores sacramentados atravs de rituais que no se concluem antes de 12 anos;o nome Ayan do tambor coletivo, ou seja, no um nome para cada tambor,mas sim, apenas um nome para o jogo dos quatro tambores. Tal como nossocorpo, composto de cabea, tronco e membros, os tambores devem perfazer umaunidade. Assim, os tambores poossuem o poder de chamar no apenas a fora doOrix e dos Ebora para dentro dos templos, mas tambm para invocar a presenade ancestrais ilustres e de outras personalidades do mundo astral que nos cultosde nao africana so conhecidos como Eguns.

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    Aqui no Brasil algumas direes espirituais foram simplesmente esquecidas. Talfator propiciou o aparecimento de incompreenses e confuses dentro dos cultosbrasileiros. Assim, a figura de Egun refere-se a todo e qualquer antepassadohumano, ou seja, todo e qualquer esprito que j tenha passado pelo manto decarne em nosso orbe. So seres identificados com a civilizao e com a evoluohumana em suas vrias etapas, desde as espcies mais antigas de primatas at oHomo Sapiens Sapiens. Orixs e Eboras so espritos de outra categoria, espritoselevados e puros, ligados natureza atravs de sua emanao espiritual, senhoresdos elementos em suas matrizes e diretamente ligados queles outros espritosque conhecemos como elementares ou encantados e que "vivem" na naturezaidentificados com os filos e espcies, mas no este o assunto aqui.

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    Ayn fun egungun, Aiyr egungun ni sawo o lde... A divindade Ayan est ligada a vrios ancestrais atravs do mito do tambor. A vara Ixn

    possui o mesmo fundamento invocatrio e de encantamento que as varas Akidavi e Bilala

    usada nos tambores atabaques e bats. Os tambores so a voz dos ancestrais. Invoca-se

    em determinada poca (de 12 em 12 anos, no culto a Ayan) o silncio da morte e a voz dos

    vivos: Aparak e Aku (ligadas a Yanla) e Egungun (ligado a Oxal), o preto e o branco, o

    silncio e o som, os dois fundamentos primordiais de Ayan. O terceiro, o rudo, o mais

    perigoso e de alto segredo.

    Falaremos um pouco de Egun, lembrando que apenas uma divindade conheceuo mundo como os homens conhecem e apenas Ele esteve e voltou do mundo dosmortos e por isso que chamado de "Rei do Mundo", segundo a Cabala e os Itansmais profundos, ligados aos arcanos da Morte, do Mundo e do Julgamento, Ogb-Fun, Iret-Iwonrin, e outros. Mas isso Awo, como se diz na linguagem do santo, coisa a ser compreendida dentro dos templos e atravs da iniciao e no em

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    cursos de final de semana como muitos fazem hoje em dia. Desculpem.

    A idia geral de Egun nos remete, obviamente, a relacionar Caboclos, PretosVelhos e Crianas como Eguns. Realmente eles o so e a que a confusocomea, pois poucos sabem que nas tradies antigas existiam TRS categorias deEguns, ou espritos ligados aos homens e ao caminho da civilizao em seus vriosnveis:

    1) Os Baba Egun:

    que so os antepassados ilustres,aqueles que j conhecem o "outro lado" e jpossuem uma posio definida no mundo astral, senhores de raa, de civilizaese de grupos humanos antigos. Estes so os que podem ser identificados - at certo

    grau, e acima de certa fronteira - como nossos Caboclos, Pais Velhos e Crianase podem at mesmo ser assentados com o rito correto, com seus fundamentos deloua, de madeira nobre (cedro e outras) e seus objetos de poder. Nota: os EgunApaarak so a representao ritual dos Eguns que no falam e que no possuemsuas bandeiras de identificao (os Bants), mas se tornam, um dia, Baba Eguns.Traduzem apenas um momento da iniciao ainda no completa do Culto LexEgun.

    2) Os Egun Oku Orun:

    chamados de cidados do Orun. So os espritos de pessoas simplesdesencarnadas, que no foram condutores de raa, nem antigos responsveispor grupos humanos. So como eu e voc, que ao chegarnos no mundo astral,somos direcionados para esta ou aquela funo, embora saibamos nossa colocaomomentnea no universo, etc. So aqueles que podem ser cultuados com ofundamento da telha e da madeira.

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    Aku Agbeigui aps materializar-se, saindo do Igbal (a casa da morte), ao lado do Lessayn (a casa das ervas),

    para consagrar, com sua presena, os tambores rituais.

    3) Egun Oku Ay ou Iwin:

    estes, sim, so aqueles que no saram da rbita do planeta (em geral ficampresos em uma dimenso conhecida pelos antigos como Orunapadi), so chamadosde cidados da terra, ou seja, so estes que vagam sem rumo, que ainda estopresos em redes negativas de emanaes afeitas paixo, doena e a todasas mazelas humanas. Podem ser malficos ou no, mas sempre so prejudiciaise se agrupam em falanges sem noo de sua condio no universo astral. Muitosacreditam que ainda esto vivos, outros sabem disso e se ligam a encarnadosvisando sugar-lhes a vitalidade. So conhecidos tambm como Kiumbas em lngua

    Quicongo ou ainda so chamados de Arajs ou Ajaguns. Possuem o fundamento dabigorna e das tbuas de sangue, da corda e da corrente.

    Estas trs categorias se subdividem em mais trs cada uma, no MISTRIO DASALMAS, que vai das Almas Glorificadas s Almas Penadas, Sofridas e Desesperadasdo nono degrau, finalmente concretizando a escada das almas, smbolo mximo

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    de Iansa, me dos nove Orun.

    Aku Agbeigui saudando o sacerdote

    H ainda a representao dos Esa, divindades coletivas e as Aku, que so asancestrais femininas, perigosssimas, que "nascem" (voltam!) dentro da casaonde est assentada as Iya-mi Odudwa. Os Esa so invocados e cultuados em

    diversas situaes, especialmente no pad, e no axex quando constitudoo assentamento de um adoxu ou dignatrio ilustre falecido. O assento de Esase caracteriza pela representao da existncia genrica, e o Egungun pelarepresentao do esprito individualizado, o Egungun se caracteriza pela apariono aiy. Os Esa e os Egun so invocados no ipad nos cdigos dos cnticos.

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    Ayan Igui todowo! Ayan Oga Ilu! Ayan Ilusain!

    O mestre dos carpinteiros sada os presentes e vem danar entre os Onilus e Alabs!

    Invocao de Aku Alagbeigui - o primeiro carpinteiro

    A mais bvia ligao dos Alabs com os Ojs a vara ritual. Os Alabs tocadores deRum se utilizam das varas Akidavi para "dominar" o esprito do tambor. H detalhesprofundos sobre a utilizao destas baquetas que vo desde a funo especfica depercutir o couro at percutir-se as bordas e o metal do instrumento. E h vriostipos de Akidavi, alguns com inscries e desenhos rituais e determinadas "oraes"

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    amarradas ou inseridas nos mesmos, visando sempre objetivar a invocao e atingir-se os objetivos rituais. As varas rituais dos Ojs, os Ixans, possuem - pelos menos nafrica - funes semelhantes, que a de marcar o tempo e o espao de atuao dos

    eguns (quando estes danam) e de domin-los.O prprio Opaxor , na verdade, o grande Ixn, que o cetro de Oxal, com oqual ele domina todas as almas do universo. E esse poder estendido a todo equalquer Op, smbolo do poder masculino, por onde as divindades e eguns sobeme descem do Orun para o Ay. E , obviamente, o supremo Akidavi, o cetro ritualque comanda o esprito de todos os tambores.

    Ayan Ilusain!! Sunre Okun Orun sun re O!! Aba dobale niwaju Eled! Kawo Kabiecil! ORO!! AYAN IRE

    AWA!!

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    O ancestral dos carpinteiros vem danar entre os descendentes de Ayan.

    Ayan est ligado aos tambores, aos canticos e aos danarinos. Da os

    ancestrais que danam ao som dos tambores do cu, tambm danam ao som

    dos tambores da terra.

    A outra ligao entre os Alabs e os Ojs est centralizada nos mistrios do tamborBat, onde uma categoria desse tipo de tambor consagrada a Egun. So ostambores pessoais do Onilu, o mestre dos tambores. Outros Bats so consagrados,em geral, a Xang.

    Uol 1 - O ancestral volta para a terra!

    Agbeigui se desmaterializando dentro do Igbal

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    Uol 2 - O ancestral volta para a terra!

    Agbeigui se desmaterializando dentro do Igbal

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    Uol 3 - O ancestral volta para a terra!

    Agbeigui se desmaterializando dentro do Igbal

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    Uol 3 - O ancestral volta para a terra!

    Agbeigui se desmaterializando dentro do Igbal

    Espero ter esclarecido aos irmos interessados nas questes da ancestralidade do tambor esua relao com o culto Egun, pois so mistrios profundos e perigosos que no podemos nosaprofundar muito, mas sempre bom esclarecermos que a idia de Egun no Brasil, assim como ados toques rituais incompleta, infelizmente.

    Ayan Ir !

    Publicado por Yan Ka (Obashanan)

    Fonte: http://acervoayom.blogspot.com/2011/01/eventos-2010-parte-1-as-relacoes-do.html

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