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Culto Orixás Orixá Iroko Iroko ou Tempo, como também é conhecido, é um Orixá muito antigo. Iroko foi à primeira árvore plantada e pela qual todos os restantes Orixás desceram à Terra. Iroko é a própria representação da dimensão Tempo. Iroko, Iroco ou Roko (do iorubá Íròkò) é um orixá cultuado no candomblé do Brasil pela nação Ketu e, como Loko, pela nação Jeje. Corresponde ao Inquice Tempo na nação Angola ou Congo. Em todas as reuniões dos Orixás está sempre presente Iroko, calado num canto, anotando todas as decisões que implicam directamente na sua acção eterna. É um Orixá pouco conhecido dos seres vivos ou mortos, nascidos ou por nascer. Toda a criação está nos seus desígnios. É o Orixá Iroko, implacável e inexorável, que governa o Tempo e o Espaço, que acompanha, e cobra, o cumprimento do Karma de cada um de nós, determinando o início e o fim de tudo. Conhecido e respeitado na Mesopotâmia e Babilónia como Enki, o Leão Alado, que acompanha todos os seres do nascimento ao infinito; cultuado no Egipto como Anúbis, o deus Chacal que determina a caminhada infinita dos seres desde o nascimento até atravessar o Vale da Morte. Também venerado como Teotihacan entre os Incas e Viracocha entre os Maias como o Senhor do Início e do Fim; também presente no Panteão Grego e Romano, onde era conhecido e respeitado como Cronus, o Senhor do Tempo e do Espaço, que abriga e conduz a todos inexoravelmente ao caminho da Eternidade. É o Tempo também das mudanças climáticas, as variações do tempo- clima. Guardião das florestas centenárias é o colectivo das árvores grandiosas, guardião da ancestralidade.

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Culto Orixás

Orixá Iroko

Iroko ou Tempo, como também é conhecido, é um Orixá muito antigo. Iroko foi à primeira árvore plantada e pela qual todos os restantes Orixás desceram à Terra. Iroko é a própria representação da dimensão Tempo.

Iroko, Iroco ou Roko (do iorubá Íròkò) é um orixá cultuado no candomblé do Brasil pela nação Ketu e, como Loko, pela nação Jeje. Corresponde ao Inquice Tempo na nação Angola ou Congo.

Em todas as reuniões dos Orixás está sempre presente Iroko, calado num canto, anotando todas as decisões que implicam directamente na sua acção eterna. É um Orixá pouco conhecido dos seres vivos ou mortos, nascidos ou por nascer. Toda a criação está nos seus desígnios. É o Orixá Iroko, implacável e inexorável, que governa o Tempo e o Espaço, que acompanha, e cobra, o cumprimento do Karma de cada um de nós, determinando o início e o fim de tudo.

Conhecido e respeitado na Mesopotâmia e Babilónia como Enki, o Leão Alado, que acompanha todos os seres do nascimento ao infinito; cultuado no Egipto como Anúbis, o deus Chacal que determina a caminhada infinita dos seres desde o nascimento até atravessar o Vale da Morte. Também venerado como Teotihacan entre os Incas e Viracocha entre os Maias como o Senhor do Início e do Fim; também presente no Panteão Grego e Romano, onde era conhecido e respeitado como Cronus, o Senhor do Tempo e do Espaço, que abriga e conduz a todos inexoravelmente ao caminho da Eternidade.

É o Tempo também das mudanças climáticas, as variações do tempo-clima. Guardião das florestas centenárias é o colectivo das árvores grandiosas, guardião da ancestralidade.

Em África, a sua morada é a árvore iroko, Milicia excelsa (antes classificada como Chlorophora excelsa), chamada “amoreira africana” na África de língua portuguesa. É uma árvore majestosa, encontrada da Serra Leoa à Tanzânia, que atinge 45 metros de altura e até 2,7 metros de diâmetro.

No Brasil, onde essa árvore não existe, diz-se que Iroko habita a gameleira branca, Ficus gomelleira ou Ficus doliaria (também chamada figueira-branca, guapoí, ibapoí, figueira-brava e gameleira-branca-de-purga). Nos terreiros, costuma-se manter uma dessas árvores como morada de Iroko, assinalada por um “ojá” (laço de pano branco) ao seu redor.

Iroko representa a ancestralidade, os nossos antepassados, pais, avós, bisavós, etc., representa também o seio da natureza, a morada dos Orixás. Desrespeitar Iroko (a grande e suntuosa árvore) é o mesmo que desrespeitar a sua dinastia, os seus avós, o seu sangue… Iroko representa a história do Ylê (casa), assim como do seu povo… protegendo-o sempre das tempestades.

Ao contrário da maioria dos orixás, este não costuma “baixar” nas festas de santo, nem ser “feito” na cabeça dos fiéis. É reverenciado por meio de oferendas à árvore que o representa. Os animais a ele consagrados são a tartaruga e o papagaio.

Iroko é um Orixá pouco cultuado tanto no Brasil como em Portugal, e os seus filhos também são muito raros. Os seus filhos, no entanto, são sempre muito protegidos pelo seu Orixá

Liturgia:

Êle reside na gameleira branca. É assentado no seu pé, após preparo ritual da raiz, e o tronco é enfeitado com um ÒJÁ FUNFUN ( OJÁ BRANCO ) branco. A relação com esta árvore é comum a várias divindades e exprime sua relação com seus antepassados. Como ÈSÚ , ÌRÓKÒ carrega para longe os fluídos maléficos. Quando manifesta-se os fiéis jogam sôbre êle os fluídos que querem se livrar e êle corre para fora do barracão para atirar no mato todo o mau. As vezes bebe tanto que cai no chão. Cobre-se então com um ALÀ branco e , pouco depois, já recuperado êle ergue-se e volta a dançar. Dança de joelhos no chão e o BRAVUN, ritmo GEGE, como OSÙMÀRÈ. Veste cores fortes, vermelho, azul e verde, às vezes cinza ou marrom e branco e leva uma lança na mão. Suas contas são verde musgo e riscadas de marrom. As vezes veste-se de palha como OMOLÚ. Sua incorporação é pouco vista , seus filhos giram tontos, cambaleando pelo barracão antes de caírem fulminados, logo levantam-se e pôem-se a dançar.

Seu assentamento é feito numa gamela oval, pega-se um pedaço do tronco da gameleira branca e faz-se uma pequena estátua de um negro africano com um IDÈ branco no nariz, na cabeça um colar de búzios e moedas. Na gamela pôe-se uma corrente em volta , 6moedas e no meio da gamela uma seta e a estátua.

QUALIDADES

– GIROKOSSI

– LOKOSSI

SUAS FOLHAS

– Milame, colonia, saião, iriri, mãe boa, barba de velho, esrva prata, crista de galo, nóz moscada, abilzeiro, jaqueira e cajueiro. Quando se faz o Òrìsá, pôe-se uma folha de saco-saco embaixo do pé do IYAÓ uma folha de saco-saco e na boca uma folha de assa-peixe.

SEUS BICHOS :

– Um cabrito de chifre virado;

– Quatro frangos de esporão grande;

– Um galo d’angola;

– Um pombo branco.

Após matar os bichos, tira-se a língua de todos êles e as esporas do galo.

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Kzilas

– Não deixar passar com fogo nas nossas costas

– Não comer peixe de pele ( só comer peixe de escamas )

– Não comer em pé onde se tem bará assentado

– Não beber em bico de garrafa

– Não tomar café sem pires

– Não comer em ponta de mesa

– Não comer arroz com couve, arroz com linguiça, arroz com galinha

– Bico de chaleira sempre para frente do fogão

– Cabo de panela nunca fica para fora do fogão

– Não usar roupas pretas ou vermelhas

– Evitar cemitérios

– Não comer a comida queimada do fundo das panelas

– Não comer as pontas : cabeças, pés e asas de aves

– Não jurar pelo orixá, nem pedir mal aos outros

Quando estiver em dúvida sobre uma qualidade de Orixá, não coloque azeite de dendê no Okutá do santo.

Os búzios para assentamento de Santo ( Orixá ) são sempre Abertos.

Nunca se faz um Santo sem dar presente à Osanyin.

– O Bará e conferido e tratado três dias antes da feitura, quando se lhe dá comida.

– Quando se faz Oxalá, se assenta Oshún e Yemanjá.

– Oxalá pode virar no quarto de Santo, antes do nome do Yawo, em qualquer Yawo, mesmo que este não seja de Oxalá, porque Oxalá é o Pai de todos.

– Não comer muçum ou arrai ( quizila de Oxun )

– Não comer carambola ( pertence a Egun )

– Evitar abacaxi ( quizila de Omolu )

– Evitar comer carne de porco ( quizila de Omulu )

– Evitar manga-espada ( quizila de Ogun )

– Evitar manga-rosa ( quizila de Yasán )

– Evitar tangerina ( quizila de Oxóssi )

– Não comer caça ( quizila de Oxóssi )

– Evitar carne de pato ( quizila de Yemanjá )

– Evitar carne de ganso ( quizila de Oshumarê )

– Não ter em casa penas de pavão ( tiram a sorte )

– Evitar côco ( quizila de Oxóssi )

– Evitar melancia ( quizila de Oxun )

– Evitar fubá de milho ( quizila de Oxóssi )

– Evitar aipim ou mandioca ( pertencente a Egun )

– Não comer taioba ( quizila de Anamburucu )

– Evitar ovos ( quizila de Oxun )

– Nunca se fala cuscuzeiro nem cuscuz, para não revoltar Obaluayiê e Omulu fala-se agerê e bolo branco.Filho de Oxóssi não come milho vermelho, nem milho verde.

– Não se assenta Omulu sem se assentar Anamburucu.

– Não se assenta Nanã sem assentar Omulu.

– Costuma-se assentar Omulu e Obaluayiê sete dias antes da feitura.

– Nunca se faz Ogún sem assentar Oxóssi.

– Nunca se faz Oxóssi sem assentar Ogún.

– Nunca se faz Oshún sem assentar Yemanjá.

– O Bará e conferido e tratado três dias antes da feitura, quando se lhe dá comida.

– Quando se faz Oxalá, se assenta Oshún e Yemanjá.

– Shangô costuma ser assentado seis dias antes de sua feitura.

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Nove tipos de Orun

Mensan Orun, nove céus ou nove planetas são todos espaços abstratos paralelos ao Aiye, local onde Olodumare “Deus Yoruba”, os orixás e os “espíritos” egunguns habitam. Justamente aqueles que não precisam do èmí “sopro divino” (emi).

Mensan Orun também é um dos títulos pertinente à Oya, carinhosamente chamada pelo povo do santo de Oya mensan orum, Oyamensan ou simplesmente Iyansan, pelo fato de ser a responsável de levar o espírito dos mortos ao seus respectivos oruns.

Orun Rere. Espaço reservado para aqueles que foram bons durante a vida.

Orun Alàáfià. Espaço de muita paz e tranquilidade, reservado para pessoas de gênio brando, ou índole pacífica, bondosa, pacata.

Orun Funfun. Reservado para os inocentes, sinceros, que tenha pureza de sentimento, pureza de intenções.

Orun Bàbá Eni. Reservado para os grandes sacerdotes e sacerdotisas, Babalorixás, yalorixás, Ogans, Ekedes, etc.

Orun Aféfé. Local de oportunidades e correção para os espíritos, possibilidades de reencarnação, volta ao Aiye.

Orun Ìsòlú ou Àsàlú. Local de julgamento por olodumare para decidir qual dos respectivos oruns o espírito será dirigido.

Orun Àpáàdì. Reservado para os espíritos impossíveis de ser reparado.

Orun Burúkú. Espaço ruim, ibonan “quente como pimenta”, reservado para as pessoas más.

Orun Mare. Espaço para aqueles que permanecem, tem autoridade absoluta sobre tudo o que há no céu e na terra e são incomparáveis e absolutamente perfeitos, os supremos em qualidades e feitos, reservado à Olodumare, olorun e todos os orixás e divinizados.

Referências bibliográficas

Orun Aiye. O encontro de dois mundos – José Beniste – Editorial, Bertrand Brasil página 200.

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Okutá

Okutá, esse objeto inanimado, e não morto, como interpretam muitas pessoas – possui um baixo nível de consciência. Seu limiar de percepção consciente é estimulado pelo contato com os pequenos animais de sua vizinhança, que vêem na pedra um protetor contra os elementos da natureza e animais maiores. Quando um ser humano sensível à natureza percebe que há algo diferente ao redor da pedra, ele a pega. Se tal pessoa tiver uma cultura anímica ou se for simpática a tais influências, transformará a pedra num objeto de culto ou habitat de um espírito amigável. Essa atenção impulsiona o espírito embrionário da pedra e, finalmente, o espirito da pedra torna-se um deus.

Cada pedra, possui sua cor, forma, tamanho, possui uma ligação direta com os deuses, que remetem sua forma de expressão. O Otá, embora reconhecido pelo humano, não será escolhido por ele e sim pelo oraculo, onde o orixá dirá em qual Otá ele irá ser assentado.

Elegua

Elegguá ou Elegua é uma das deidades da religião yorùbá.

Elegua é o dono dos caminhos e do destino, é o que abre ou fecha o caminho para a felicidade. É muito travesso. Seu nome significa o principe mensageiro.

Em um de seus caminhos foi filho de Okuboro e Añagui, reis da região de Egbá e em outro de Obbatala e Yembo, irmão de Dada, Oggun, Osun e Oshosi.

Elegua é o porteiro de todos os caminhos, da montanha e da savana, é o primero dos quatro guerreiros junto a Oggun, Osun e Oshosi. Tem 201 caminhos e suas cores são o vermelho e o preto.

Vale a pena esclarecer que Elegua é conhecido como dos 201 e 401 pois se move entre os anjos que estão a direita (os 401) e os que estão a esquerda (os 201). Tem o poder sobre ambos os lados, controla os reinos do mal e do bem, cria o equilíbrio entre as duas forças, uma vez que tem domínio sobre elas.

Mais notável é a coincidência sobre os diversos panteões da cultura global a existência de uma deidade que sempre recebe as oferendas primeiro que o restante das deidades. Deidade muito dado a fazer Armadilhas. Deidade que comanda exércitos. Deidade favorecida pelo Deus superior de cada Panteão. Como exemplo Ganesh na religião Hindu representado com uma cabeça de elefante ou na região nórdica da Europa Loki.

A Elegua se oferece peixes e jutia defumada, milho tostado, coco, manteiga de corojo, aguardente, tabaco (pode ser cigarro), doces e balas de todo tipo.

Seus elekes (fio-de-contas) são de contas vermelhas e pretas alternadas. Para eles, se sacrificam cabritos, galos, frangos, franguinho de leite, jutia, ratos pretos ou vermelhos, e em algumas ocasiões que mereçam outros animais, o que supõe cerimônias mais complexas. (Cuba e Santo Domingo, hutía é um mamífero roedor pode ser paca ou cotia, pois os ratos acima vermelhos ou pretos, são provavelmente preás)

Furioso com os seus descendentes ao saber que Oggún havia querido ter relações com sua própria mãe, Obatalá ordenou executar a todos os varões. Quando nasceu Changó, Elegguá (seu irmão) levou-o escondido para sua irmã mais velha, Dadá, para que o criasse. Em pouco tempo nasceu Orula, o outro irmão, Elegguá, também temeroso da ira de Obatalá, o enterrou ao pé de uma árvore e lhe levava comida todos os dias. O tempo passou e um belo día Obatalá caiu enfermo. Elegguá buscou rápido a Changó para que o curasse. Logo que o grande médico Changó curou seu pai, Elegguá aproveitou a ocasião para implorar de Obatalá o perdão de Orula. Obatalá cedeu e concedeu o perdão. Changó cheio de alegria cortou a árvore e dela entalhou um belo tabuleiro e junto com ele, deu a seu irmão Orunmila o dom da adivinhação. Desde então Orunmila diz: “Maferefum (benção) Elegguá, maferefum Changó, Elegbara”. Também pela mesma razão a ékuele (moeda usada na Guiné Equatorial) de Orunmila leva na soldadura um fragmento do colar de Changó (branco e vermelho) por uma ponta. Desde então Orunmila é o adivinhador do futuro como interprete do oráculo de Ifá, dono do tabuleiro e conselheiro dos homens.

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Orixá Oxumaré

Reza:

Tina tina tina

Bessen na dê bauira

Tina tina tina

Bessen nha dê bauira

Bessen nha dê bauira

Bessen nha dê bauira

É a cobra-arco-íris[1] em nagô, é a mobilidade, a atividade, uma de suas funções é a de dirigir as forças que dirigem o movimento. Ele é o senhor de tudo que é alongado. O cordão umbilical que está sob o seu controle, é enterrado, geralmente com a placenta, sob uma palmeira que se torna propriedade do recém-nascido, cuja saúde dependerá da boa conservação dessa árvore.

Ele representa também a riqueza e a fortuna, um dos benefícios mais apreciados no mundo dos iorubás. Em alguns pontos se confunde com o Vodun Dan da região dos Mahi.

É o símbolo da continuidade e da permanência, algumas vezes, é representado por uma serpente que morde a própria cauda. Oxumarê é um orixá completamente masculino, porém algumas pessoas acreditam que ele seja macho e fêmea, porém o orixá feminino que se iguala a Oxumarê é Ewá sua irmã gêmea que tem dominios parecidos com o dele. Enrola-se em volta da terra para impedí-la de se desagregar. Rege o príncipio da multiplicidade da vida, transcurso de múltiplos e variados destinos.

De múltiplas funções, diz-se que é um servidor de Xangô, que seria encarregado de levar as águas da chuva de volta para as nuvens através do arco-íris.

É o segundo filho de Nanã, irmão de Osanyin, Ewá e Obaluayê, que são vinculados ao mistério da morte e do renascimento. Seus filhos usam colares de búzios entrelaçados formando as escamas de uma serpente que tem o nome de Brajá, usam também o Lagdigbá como Nanã e Omolu.

Para os povos ewe-fon da Nação Jeje, é uma deusa chamada Bessen.

Dan – Corresponde ao nome Jeje de Oxumaré e, no Alakétu, constitui uma qualidade deste último: é a cobra que participou da criação. É uma qualidade benéfica, ligada à chuva, à fertilidade e à abundância; gosta de ovos e de azeite de dendê. Como tipo humano, é generoso e até perdulário.

Dangbé – É um Oxumaré mais velho que seria o pai de Dan; governa os movimentos dos astros. Menos agitado que Dan, possui uma grande intuição e pode ser um adivinho esperto.

Becém – Dono do terreiro do Bogun, veste-se de branco e leva uma espada. Becém é um nobre e generoso guerreiro, um tipo ambicioso, combativo de Oxumaré, menos afectado e menos superficial que Dan. Aido Wedo, também é uma qualidade de Oxumaré conhecida no Bogun.

Azaunodor – É o príncipe de branco que reside no Baobá, relacionado com os antepassados; come frutas e “leva tudo de dois”.

Frekuen – É o lado feminino de Oxumaré, representado pela Serpente mais venenosa. O lado masculino de Oxumaré é geralmente representado pelo Arco-Íris.

A sua saudação: A Run Boboi!!!, quer dizer: Vamos cultuar o intermediário que é elástico.

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Orixá Yewa

Yewa, Orixá do rio Yewa, que fica na antiga tribo Egbado (atual cidade de Yewa) no estado de Ogun na Nigéria. Orixá identificada no jogo do merindilogun pelo odu obeogunda.

No Batukajè (RS), ainda cultuada na Nação Nagô (Oyó) .

Verger conta que na Nigéria, Abimbola publicou um itan Ifá (história de Ifa), falando “que de certa feita estando Iyewa à beira do rio, com um igba (gamela) cheio de roupa para lavar, avistou de longe um homem que vinha correndo em sua direção. Era Ifá que vinha esbaforido fugindo de Iku (a morte). Pedindo seu auxílio, Iyewa despejou toda roupa no chão, que se encontrava no igba, emborcou-o em cima de Ifa e sentou-se. Daí a pouco chega a morte perguntando se não viu passar por ali um homem e dava a descrição. Iyewa respondeu que viu, mas que ele havia descido rio abaixo e a morte seguiu no seu encalço. Ao desaparecer, Ifa saiu debaixo do igba e levou Iyewá para casa, a fim de torná-la sua mulher.”

Ewá, Euá, Iyewa, Orixá feminino, é a divindade do rio e da lagoa Iyewà na Nigéria. Uma das iabás, considerada ora irmã de Iansã, ora esposa de Oxumarê. Seu nome significa maezinha do carater.

Verger em suas pesquisas diz: “Na Bahia é cultuada somente em três casas antigas, devido à complexidade de seu ritual. As gerações mais novas não captaram conhecimentos necessários para a realização do seu ritual, daí se ver, constantemente, alguém dizer que fez uma obrigação para Iyewa , quando na realidade o que foi feito é o que se faz normalmente para Oxum ou Oyá.” Em 1981, houve uma saída de Iyewá no Ilê Axé Opô Afonjá, após mais de 30 anos da iniciação da anterior.

As cores de seus colares (fio-de-contas) são o vermelho e azul(tranparentes). Usa como insígnias a âncora e a espada, ofá que utiliza na guerra ou na caça, brajás de búzios, roupa enfeitada com iko (palha da costa) tingida. Gosta de pato, também de pombos, odeia galinhas. Há um vodun daomeano com o mesmo nome, cultuado em São Luís do Maranhão. Saudação – “Riró!”.

-GEBEUYIN

A primeira a surgir no mundo. Faz os banhos de ervas darem positivamente e traz abundância nos alimentos. Veste vermelho maravilha e o amarelo claro. Come com OMOLÚ, OYA e ÒSUN. Nas tempestades essa YEWÀ tem o poder de transformar-se numa serpente azulada. Isto porque ao ser enganado por YEWÀ, sôbre onde encontrava-se ÒRÚNMÌLÀ, IKÙ ( a morte ) encantou uma serpente, para que quando ela visse ÒRÚNMÌLÀ, emitisse um som que onde estivesse IKÙ ouviria e comeria ÒRÚNMÌLÀ. YEWÀ sabedora do que IKÙ havia feito, matou a cobra e comeu, passando , assim, a emitir o mesmo som. Procurando mais uma vez enganar IKÙ, pois se ÒRÚNMÌLÀ estava presente, YEWÀ corria para putro lado e emitia o som da serpente, chamando IKÙ para outra parte.

– GYRAN

Ela é a deusa dos raios do sol. Controla os raios solares para que êles não destruam a terra. Ela é a formação de um arco-iris duplo que aparece em torno do sol. É ela quem ordena ao sol que ilumine a lua. Metade deste Òrìsá é YEWÀ e a outra é BESSEN. Possui fundamento com a pedra ametista. Seu OTÀ é esverdeado. A platina, o rubi, o ouro e o bronze vão em seu assentamento. Come com OMOLÚ, ÒSUN e ÒSÓÒSÌ.

– OMAJÈ

É a senhora do lagarto, comanda as mudanças de cores do lagarto. Caminha com ÒSUN KARÉ e uma qualidade de ÒÒSÀÀLÀ, que também é dono do lagarto. Sua pedra é a água marinha. Em seu assentamento leva rubi, ouro e opala. Vive na terra, pois perdeu o poder se subir ao ORUN ( CÉU ) ao tentar picar OSÀLÚFÓN. Ela encontra-se no arco-iris que se forma nas pedras molhadas das cachoeiras. Come com ÒSUN e OMOLÚ INTOTO.

– EREWÀ

Ela é vista no arco-iris que se forma em volta da lua. Foi ela quem encarou ÒGÚN e entrou em luta corporal. ÒGÚN ao derruba-la ao chão, o capacete caiu-lhe da cabeça e ela apavorada correu para escapar, pois êle havia visto o que ela jamais havia mostrado a ninguém, o seu rosto de cobra. Correndo de ÒGÚN que queria sua cabeça como premio, encontrou-se com BESSEM, que a levou para o interior do YILÉ YIBO YILU, a mata da morte, fugindo assim de ÒGÚN. Usa o bronze, o onix e a esmeralda. Em seu assentamento são colocados quatro cristais. Come com OMOLÚ INTOTO e BESSEN.

O seu grande ewó (coisa proibida) é a galinha. Corre a lenda entre as casas antigas da Bahia que cultuam Iyewa, que certa vez indo para o rio lavar roupa, ao acabar, estendeu-a para secar. Nesse espaço veio a galinha e ciscou, com os pés, toda sujeira que se encontrava no local, para cima da roupa lavada, tendo Iyewa que tornar a lavar tudo de novo. Enraivecida, amaldiçoou a galinha, dizendo que daquele dia em diante haveria de ficar com os pés espalmados e que nem ela nem seus filhos haveriam de comê-la, daí, durante os rituais de Iyewa, galinha não passar nem pela porta. Verger encontrou esse ewó na África e uma lenda idêntica.

Conta-se que Iyewá era uma linda virgem que se entregou a Xangô, despertando o ciúme e a ira de Iansã. Para fugir da senhora dos ventos e tempestades, se escondeu nas florestas com Oxóssi, tornando-se uma guerreira e caçadora.

Rege as neblinas e nevoeiros na natureza.

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Orixá Nanã

Nanã, a deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo, pois quando Odudua separou a água parada, que já existia, e liberou do “saco da criação” a terra, no ponto de contacto desses dois elementos formou-se a lama dos pântanos, local onde se encontram os maiores fundamentos de Nana.

Senhora de muitos búzios, Nana sintetiza em si morte, fecundidade e riqueza. O seu nome designa pessoas idosas e respeitáveis e, para os povos Jeje, da região do antigo Daomé, significa “mãe”. Nessa região, onde hoje se encontra a República do Benin, Nana é muitas vezes considerada a divindade suprema e talvez por essa razão seja frequentemente descrita como um orixá masculino.

Sendo a mais antiga das divindades das águas, ela representa a memória ancestral do nosso povo: é a mãe antiga (Iyá Agbà) por excelência. É mãe dos orixás Iroko, Obaluaiê e Oxumaré, mas por ser a deusa mais velha do candomblé é respeitada como mãe por todos os outros orixás.

A vida está cercada de mistérios que ao longo da História atormentam o ser humano. Porém, quando ainda na Pré-História, o homem se viu diante do mistério da morte, em seu âmago irrompeu um sentimento ambíguo. Os mitos aliviavam essa dor e a razão apontava para aquilo que era certo no seu destino.

A morte faz surgir no homem os primeiros sentimentos religiosos, e nesse momento Nana faz-se compreender, pois nos primórdios da História os mortos eram enterrados em posição fetal, remetendo a uma ideia de nascimento ou renascimento. O homem primitivo entendeu que a morte e a vida caminham juntas, entendeu os mistérios de Nana.

Nana é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte.

Ela é a origem e o poder. Entender Nana é entender o destino, a vida e a trajectória do homem sobre a terra, pois Nana é a História. Nana é água parada, água da vida e da morte.

Nana é o começo porque Nanã é o barro e o barro é a vida. Nana é a dona do axé por ser o orixá que dá a vida e a sobrevivência, a senhora dos ibás que permite o nascimento dos deuses e dos homens.

Nana pode ser a lembrança angustiante da morte na vida do ser humano, mas apenas para aqueles que encaram esse final como algo negativo, como um fardo extremamente pesado que todo o ser carrega desde o seu nascimento. Na verdade, apenas as pessoas que têm o coração repleto de maldade e dedicam a vida a prejudicar o próximo se preocupam com isso. Aqueles que praticam boas acções vivem preocupados com o seu próprio bem, com a sua elevação espiritual e desejam ao próximo o mesmo que para si, só esperam da vida dias cada vez melhores e têm a morte como algo natural e inevitável. A sua certeza é a imortalidade da sua essência.

Nana, a mãe maior, é a luz que nos guia, o nosso quotidiano. Conhecer a própria vida e o próprio destino é conhecer Nana, pois os fundamentos dos orixás e do Candomblé estão ligados à vida. A nossa vida é o nosso orixá.

É na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os mistérios de Nana. Respeitada e temida, Nana, deusa das chuvas, da lama, da terra, juíza que castiga os homens faltosos, é a morte na essência da vida.

Cultuamos no Batukajè Nago, Nanã Buruku (ou Nanã, Nanã Buluku, Nanã Buru, Nanã Boroucou, Nanã Borodo, Anamburucu, Nanã Borutu), é um nome pertinente a um vodun e orixá das chuvas, dos mangues, do pântano, da lama (barro molhado), senhora da Morte, e responsável pelos portais de entrada (reencarnação) e saída (desencarne).

A mais velha divindade do panteão, associada às águas paradas, à lama dos pântanos, ao lodo do fundo dos rios e dos mares. O único Orixá que não reconheceu a soberania de Ogum por ser o dono dos metais. É tanto reverenciada como sendo a divindade da vida, como da morte. Seu símbolo é o Íbíri – um feixe de ramos de folha de palmeira com a ponta curvada e enfeitado com búzios.Nana é a chuva e a garoa. O banho de chuva é uma lavagem do corpo no seu elemento,

uma limpeza de grande força, uma homenagem a este grande orixá.

Nanã Buruquê representa a junção daquilo que foi criado por Deus. Ela é o ponto de

contato da terra com as águas, a separação entre o que já existia, a água da terra por mando de

Deus, sendo portanto também sua criação simultânea a da criação do mundo.

1. Com a junção da água e a terra surgiu o Barro.

2. O Barro com o Sopro Divino representa Movimento.

3. O Movimento adquire Estrutura.

4. Movimento e Estrutura surgiu a criação, O Homem.

Portanto, para alguns, Nanã é a Divindade Suprema que junto com Zambi fez parte da criação, sendo ela responsável pelo elemento Barro, que deu forma ao primeiro homem e de todos os seres viventes da terra, e da continuação da existência humana e também da morte, passando por uma transmutação para que se transforme continuamente e nada se perca.

Esta é uma figura muito controvertida do panteão africano. Ora perigosa e vingativa, ora praticamente desprovida de seus maiores poderes, relegada a um segundo plano amargo e sofrido, principalmente ressentido.

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Orixá que também rege a Justiça, Nanã não tolera traição, indiscrição, nem roubo. Por ser Orixá muito discreto e gostar de se esconder, suas filhas podem ter um caráter completamente diferente do dela. Por exemplo, ninguém desconfiará que uma dengosa e vaidosa aparente filha de Oxum seria uma filha de Nanã “escondida”.

Nanã faz o caminho inverso da mãe da água doce. É ela quem reconduz ao terreno do astral, as almas dos que Oxum colocou no mundo real. É a deusa do reino da morte, sua guardiã, quem possibilita o acesso a esse território do desconhecido.

A senhora do reino da morte é, como elemento, a terra fofa, que recebe os cadáveres, os acalenta e esquenta, numa repetição do ventre, da vida intra-uterina. É, por isso, cercada de muitos mistérios no culto e tratada pelos praticantes da Umbanda e do Candomblé, com menos familiaridade que os Orixás mais extrovertidos como Ogum e Xangô, por exemplo.

Muitos são portanto os mistérios que Nanã esconde, pois nela entram os mortos e através dela são modificados para poderem nascer novamente. Só através da morte é que poderá

acontecer para cada um a nova encarnação, para novo nascimento, a vivência de um novo destino – e a responsável por esse período é justamente Nanã. Ela é considerada pelas comunidades da Umbanda e do Candomblé, como uma figura austera, justiceira e absolutamente incapaz de uma brincadeira ou então de alguma forma de explosão emocional. Por isso está sempre presente como testemunha fidedigna das lendas. Jurar por Nanã, por parte de alguém do culto, implica um compromisso muito sério e inquebrantável, pois o Orixá exige de seus filhos-de-santo e de quem a invoca em geral sempre a mesma relação austera que mantém com o mundo.

Nanã forma par com Obaluaiê. E enquanto ela atua na decantação emocional e no adormecimento do espírito que irá encarnar, ele atua na passagem do plano espiritual para o material (encarnação), o envolve em uma irradiação especial, que reduz o corpo energético ao tamanho do feto já formado dentro do útero materno onde está sendo gerado, ao qual já está ligado desde que ocorreu a fecundação.

Este mistério divino que reduz o espírito, é regido por nosso amado pai Obaluaiê, que é o

“Senhor das Passagens” de um plano para outro.

Já nossa amada mãe Nanã, envolve o espírito que irá reencarnar em uma irradiação única, que dilui todos os acúmulos energéticos, assim como adormece sua memória, preparando-o para uma nova vida na carne, onde não se lembrará de nada do que já vivenciou. É por isso que Nanã é associada à senilidade, à velhice, que é quando a pessoa começa a se esquecer de muitas coisas que vivenciou na sua vida carnal.

Portanto, um dos campos de atuação de Nanã é a “memória” dos seres. E, se Oxóssi aguça o raciocínio, ela adormece os conhecimentos do espírito para que eles não interfiram com o destino traçado para toda uma encarnação.

Em outra linha da vida, ela é encontrada na menopausa. No inicio desta linha está Oxum estimulando a sexualidade feminina; no meio está Yemanjá, estimulando a maternidade; e no fim está Nanã, paralisando tanto a sexualidade quanto a geração de filhos.

Esta grande Orixá, mãe e avó, é protetora dos homens e criaturas idosas, padroeira da família, tem o domínio sobre as enchentes, as chuvas, bem como o lodo produzido por essas águas.

Quando dança no Candomblé, ela faz com os braços como se estivesse embalando uma criança. Sua festa é realizada próximo do dia de Santana, e a cerimônia se chama Dança dos Pratos.

OrigemNanã, é um Orixá feminino de origem daomeana, que foi incorporado há séculos pela

mitologia iorubá, quando o povo nagô conquistou o povo do Daomé (atual Republica do Benin) , assimilando sua cultura e incorporando alguns Orixás dos dominados à sua mitologia já estabelecida.

Resumindo esse processo cultural, Oxalá (mito ioruba ou nagô) continua sendo o pai e quase todos os Orixás. Iemanjá (mito igualmente ioruba) é a mãe de seus filhos (nagô) e Nanã (mito jeje) assume a figura de mãe dos filhos daomeanos, nunca se questionando a paternidade de Oxalá sobre estes também, paternidade essa que não é original da criação das primeiras lendas do Daomé, onde Oxalá obviamente não existia. Os mitos daomeanos eram mais antigos que os nagôs (vinham de uma cultura ancestral que se mostra anterior à descoberta do fogo). Tentou-se, então, acertar essa cronologia com a colocação de Nanã e o nascimento de seus filhos, como fatos anteriores ao encontro de Oxalá e Iemanjá.

É neste contexto, a primeira esposa de Oxalá, tendo com ele três filhos: Iroco (ou Tempo),Omolu (ou Obaluaiê) e Oxumarê

Qualidades:

Ologbo, Borokun, Biodun, Asainán, Elegbe, Susure

ATRIBUIÇÕES

A orixá Nanã rege sobre a maturidade e seu campo preferencial de atuação é o racional dos seres. Atua decantando os seres emocionados e preparando-os para uma nova “vida”, já mais equilibrada .

AS CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE NANÃ

Uma pessoa que tenha Nanã como Orixá de cabeça, pode levar em conta principalmente a figura da avó: carinhosa às vezes até em excesso, levando o conceito de mãe ao exagero, mas também ranzinza, preocupada com detalhes, com forte tendência a sair censurando os outros. Não tem muito senso de humor, o que a faz valorizar demais pequenos incidentes e transformar pequenos problemas em grandes dramas. Ao mesmo tempo, tem uma grande capacidade de compreensão do ser humano, como se fosse muito mais velha do que sua

própria existência. Por causa desse fator, o perdão aos que erram e o consolo para quem está sofrendo é uma habilidade natural. Nanã, através de seus filhos-de-santo, vive voltada para a comunidade, sempre tentando realizar as vontades e necessidades dos outros.

Às vezes porém, exige atenção e respeito que julga devido mas não obtido dos que a cercam. Não consegue entender como as pessoas cometem certos enganos triviais, como optam por certas saídas que para um filho de Nanã são evidentemente inadequadas. É o tipo de pessoa que não consegue compreender direito as opiniões alheias, nem aceitar que nem todos pensem da mesma forma que ela.

Suas reações bem equilibradas e a pertinência das decisões, mantém-nas sempre no

caminho da sabedoria e da justiça.

Todos esses dados indicam também serem os filhos de Nanã, um pouco mais conservadores que o restante da sociedade, desejarem a volta de situações do passado, modos de vida que já se foram. Querem um mundo previsível, estável ou até voltando para trás: são aqueles que reclamam das viagens espaciais, dos novos costumes, da nova moralidade, etc.

Quanto à dados físicos, são pessoas que envelhecem rapidamente, aparentando mais idade

do que realmente têm.

Os filhos de Nanã são calmos e benevolentes, agindo sempre com dignidade e gentileza. São pessoas lentas no exercício de seus afazeres, julgando haver tempo para tudo, como se o dia fosse durar uma eternidade. Muito afeiçoadas às crianças, educam-nas com ternura e excesso de mansidão, possuindo tendência a se comportar com a indulgência das avós. Suas reações bem equilibradas e a pertinência de suas decisões mantêm-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça, com segurança e majestade.

O tipo psicológico dos filhos de NANÃ à introvertido e calmo. Seu temperamento é severo e austero. Rabugento, é mais temido do que amado. Pouco feminina, não tem maiores atrativos e à muito afastada da sexualidade. Por medo de amar e de ser abandonada e sofrer, ela dedica sua vida ao trabalho, à vocação, à ambição social.

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COZINHA RITUALÍSTICA

Canjica branca

Canjica branca cozida, leite de coco. Colocar a canjica em tigela de louça branca,

despejando mel por cima, e uvas brancas, se desejar.

Berinjela com inhame

Berinjela aferventada e cortada verticalmente em 4 partes; Inhames cozidos em água pura,

com casca, e cortados em rodelas.; Arrumados em um alguidar vidrado, regado com mel.

Sarapatel

Lava-se miúdos de porco com água e limão. Corta-se em pedaços pequenos e tempera-se com coentro, louro, pimenta do reino, cravos da índia, caldo de limão e sal. Cozinha-se tudo no fogor. Quando tudo estiver macio, junta-se sangue de porco e ferve-se. Sirve-se, acompanhado de farinha de mandioca torrada ou arroz branco.

Paçoca de amendoim

Amendoins torrados e moídos misturados com farinha de mandioca crua, açúcar e uma

pitada de sal.

Efó

Ferve-se 1 maço bem grande de língua de vaca, espinafre ou beterraba. Depois amassar até virar um purê; Passa-se por uma peneira e espalhe a massa para evaporar toda a água; Depois de seca, coloca-se numa panela, junto com azeite de dendê, camarões secos, pimenta do reino, cebola, alho e sal. Cozinha-se com a panela tampada e em fogo baixo; É servido com arroz branco.

AberumMilho torrado e pilado.

Obs. Nanã também recebe:Calda de ameixa ou de figo; melancia, uva, figo, ameixa e melão, tudo

depositado à beira de um lago ou mangue.

LENDAS DE NANÃ

Como Nanã Ajudou na Criação do Homem

Dizem que quando Olorum encarregou Oxalá de fazer o mundo e modelar o ser humano, o Orixá tentou vários caminhos. Tentou fazer o homem de ar, como ele. Não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu. Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura. De pedra, mas ainda a tentativa foi pior. Fez de fogo e o homem se consumiu. Tentou azeite, água e até vinho

de palma, e nada. Foi então que Nanã veio em seu socorro e deu a Oxalá a lama, o barro do fundo da lagoa onde morava ela, a lama sob as águas, que é Nanã. Oxalá criou o homem, o modelou no barro. Com o sopro de Olorum ele caminhou. Com a ajuda dos Orixá povoou a Terra. Mas tem um dia que o homem tem que morrer. O seu corpo tem que voltar à terra, voltar à natureza de Nanã. Nanã deu a matéria no começo mas quer de volta no final tudo o que é seu.

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Irunmale – Orixás e os Ancestrais

As entidades que habitam a dimensão supra-sensível são denominadas irunmale e entre elas incluem-se os irunmale-divindades, associados à criação e cujo axé advém de emanações diretas de Olodumare e os irunmale-ancestrais, associados à história dos seres humanos. Os ancestrais masculinos, irunmale-ancestres da direita – Baba-egun – têm sua instituição na Sociedade Egungun e os femininos, irunmale-ancestres da esquerda – Iya-agba ou Iyami – têm sua instituição nas Sociedade Gelede e Egbe eleeko. Os ancestrais masculinos têm representações individualizadas enquanto os femininos, exceto em ocasiões bem extraordinárias, são agrupados no singular Iyami (minha mãe), tema a ser abordado adiante. A fórmula de invocação dos irunmale diz:

Os quatrocentos irunmale do lado direito

e os duzentos irunmale do lado esquerdo2

Os orixás, irunmale-divindades, estão relacionados à estrutura da natureza enquanto os irunmale-ancestrais vinculam-se mais especificamente à estrutura da sociedade. Os antepassados são genitores humanos e os orixás, genitores divinos. O orixá representa um valor e uma força universal e egun, um valor restrito a determinado grupo familiar ou linhagem. Aquele define a pertença do ser humano à ordem cósmica e este, sua pertença a determinada estrutura social. Segundo Elbein dos Santos (1986), os orixás regulam as relações com o sistema como totalidade, enquanto os egun regulam as relações, a ética e a disciplina moral do grupo.

Orixás

Os orixás são, segundo Awolalu e Dopamu (1979), deuses com d minúsculo. Emanações do Ser Supremo, dele possuem atributos, qualidades e características e têm por propósito servir à vontade divina no governo do mundo. Algumas destas divindades são primordiais, isto é, participaram da criação do mundo; outras são ancestrais que por suas vidas exemplares3, foram deificados e outras personificam forças e fenômenos naturais.

Entre as divindades primordiais figuram, por exemplo, Orixalá, também chamado Obatalá ou Oxalá; Orumilá, também chamado Ifá e Exu, conforme se pode ver no mito cosmogônico4. Entre os ancestrais deificados figuram Xangô, o quarto rei de Oyo, identificado com Jakuta, a primitiva divindade dos raios, relâmpagos e trovões. Personificando fenômenos e forças naturais, há milhares de espíritos, associados às montanhas, montes, rios, rochas, cavernas, árvores, lagos, riachos, florestas. Como por exemplo, o monte rochoso Olumo, de Abeokuta, a quem os egba atribuem a ajuda diariamente recebida.

Os nomes dos orixás são descritivos, informando sobre sua natureza, caráter e funções ou possibilidades. Por exemplo, Jakuta, aquele que briga com pedras, é a divindade do raio e com raio pune os faltosos; Olokun (Ol’= Senhor / okun = mar) é o Senhor do mar; Xapanã (soponna = varíola) é a divindade que pune com varíola, ou promove sua cura. De quantas divindades se compõe o panteão? Em Ile-Ifé, Idowu foi informado que o conjunto soma 200, sendo o rei de Ifé considerado a 201a, o que perfaz um total de 201. Outras fontes orais referem-se a um total de 401, 600, 1060, 1440 ou ainda, 1700.

Em cada localidade o panteão é regido por uma arqui-divindade – o ser espiritual mais importante abaixo de Deus. As divindades são simultaneamente boas e más, podendo trazer felicidade ou infortúnio aos homens.

A palavra orixá é de etimologia obscura. Entre as inúmeras tentativas de elucidação de seu significado, inclui-se um mito apresentado por Idowu, que transcrevo a seguir: Olodumare designou Orixá para vir ao mundo com Orumilá. Passado algum tempo, a arqui-divindade quis possuir um escravo. Dirigiu-se ao mercado de escravos em Emure e comprou um, de nome Atowoda, aquele que alguém traz sobre a própria cabeça. Prestativo e eficiente, trazia muita satisfação ao seu senhor. No terceiro dia de convivência Atowoda pediu a Orixá que lhe cedesse uma porção de terra para cultivo próprio. Teve seu pedido atendido e tornou-se proprietário de terras na encosta da montanha que ficava próxima à casa de Orixá. Em apenas dois dias de trabalho limpou o mato, construiu uma cabana e cultivou uma fazenda, deixando seu amo muito bem impressionado. Mas o coração de Atowoda não era bondoso e nele

germinou o desejo de destruir o amo. Procurando a melhor maneira para realizar seu intento, maquinou um plano: havia na fazenda grandes pedras e uma delas poderia, em momento oportuno, ser deslocada do alto da montanha, de modo a rolar morro abaixo e cair sobre Orixá. Escolhida a pedra adequada, preparou-a para que pudesse ser facilmente deslocada. Uma ou duas manhãs depois, Orixá encaminhou-se para a fazenda. Atowoda o espreitava sem esforço, pois seu senhor vestia roupas brancas, destacando-se, nítido, na paisagem verde. No momento oportuno, Atowoda movimentou a pedra e a arqui-divindade, entre surpreso e aterrorizado, não teve como escapar e sucumbiu sob o peso da pedra, partindo-se em muitos pedaços, que se espalharam por toda parte.

A história não termina aí: Orumilá tomou conhecimento do ocorrido e, servindo-se de certas práticas ritualísticas recolheu os pedaços de Orixá numa cabaça: Ohun-ti-a-ri-sa – o que foi encontrado e reagrupado. Alguns pedaços foram levados a Iranje, lugar de origem da arqui-divindade e outros foram distribuídos por todas as partes do mundo. A palavra Orixá seria, pois, contração de Ohun-ti-a-ri-sa e esse teria sido o início do culto em todo o mundo. Este mito sugere que originalmente Orixá era uma unidade da qual decorreram todas as divindades. Sugere também que o Uno manifesta-se no múltiplo e que aquilo que é dividido será um dia reagrupado.

Segundo outra interpretação, a palavra orisa seria uma corruptela da palavra orise, contração de Ibiti-ori-ti-se, ou seja, origem (ou fonte) dos ori, designação do Ser Supremo. Esta interpretação enfatiza a íntima participação das divindades na obra de Deus na terra. Os orixás são designados por muitos outros nomes, entre os quais, Imale, palavra talvez originária da contração de Emo-ti-mbe-n’ile, que significa seres supra-normais na terra.

Quais são os principais orixás e qual a hierarquia estabelecida entre eles? Algumas divindades são cultuadas por toda a terra dos iorubás. Outras são particularmente reverenciadas nesta ou naquela região. Assim, a divindade prioritariamente cultuada em determinada localidade, como Oxum em Osogbo, por exemplo, torna-se a líder do panteão local.

Selecionar algumas dessas divindades para apresentação e, em seguida escolher os traços mais significativos de cada uma delas, traços suficientes para caracterizá-las, constitui tarefa árdua pois os dados são numerosos e sua articulação, complexa. Espero que os orixás não mencionados, seus devotos e simpatizantes, possam desculpar a lacuna. Peço-lhes que não a interpretem como sinal de irreverência, descaso ou desrespeito.

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Qual o significado de um Igbá?

Na religião Yorùbá, Igbás (awọn igbá) são assentamentos de orixá (òrìṣà). Um assentamento é uma representação do orixá (òrìṣà) no espaço físico, no mundo, no aìyé. Sob o ponto de vista sacro não existem representações humanas de orixá (òrìṣà). A religião Yorùbá não tem imagens para representar suas divindades, o que representa uma divindade é o seu Igbá, ao olharmos um Igbá é como se estivéssemos olhando para a divindade. Secularmente existem representações em forma de desenhos e esculturas mas que são frutos apenas de criatividade de artistas e não tem uso sacro. Os orixá (awọn òrìṣà) são adequadamente representados por símbolos e grafismos próprios de cada um e por extensão por outros elementos como folhas, arvores, favas e contas. Mas o Igbá é a sua representação mais adequada. Vale refazer a afirmação, já explicada em outro material, de que o orixá (òrìṣà) não são elementos da natureza, assim “olhar” o vento não significa olhar para oya, olhar uma pedra não significa olhar para Xango (ṣàngó), olhar para o mar não significa olhar para yemoja, etc.. O mesmo sentimento que um católico tem ao olhar para uma imagem de um santo em sua igreja e altar, o povo de santo tem ao olhar para um igbá. É muito comum as pessoas, nos seus quartos de santo, “vestirem” seus Igbá com suas roupas de orixá (òrìṣà) como se fosse o próprio orixá (òrìṣà). Contudo, igbá são de acesso muito restrito, de uso exclusivamente sacro e ritualístico, não tem visibilidade pública e ficam guardados dos olhos de todos. Dessa maneira, cada Igbá representa uma divindade através de um continente (Vaso, invólucro, recipiente) e seu conteúdo, e esse conjunto, continente e conteúdo é específico de cada divindade. Esses continentes podem ser de porcelana (substituindo cabaças), barro ou madeira e serão empregados distintamente para cada divindade que ele representa. São usados elementos físicos comuns, como tigelas, sopeiras, pratos, bacias e alguidares. O iniciado no seu processo de feitura (que é distinto de uma iniciação mas muitas vezes essas expressões se confundem) poderá receber um ou vários Igbá, dependendo do seu status na religião e da própria tradição da casa em conduzir este ritual. Mas o igbá não é o orixá (òrìṣà) no aìyé. Essa religião não coloca um orixá (òrìṣà) dentro de uma sopeira, não é uma religião animista. O igbá representa apenas a ligação entre os 2 espaços, o espaço físico aìyé e o espaço espiritual o Orun ( run). É ò�uma “ponte” entre os 2 espaços. Sua função não é trazer o orixá (òrìṣà) para o aìyé porque os orixá (òrìṣà) já estão presentes em nossa vida o tempo todo, não existe secularismo na religião. Sua função é completamente ritualística. O igbá é, de fato, dentro de toda a religião Yorùbá uma dos elementos mais importantes e significativos por traduzir a contínua relação entre o Orun ( run) e o aìyé. Ele representa o reconhecimento da existência do espaço espiritual, o ò�Orun ( run), e a ligação perene que existe entre os 2 espaços ( run-aìyé) na forma de um ò� ò�contínuo duplamente alimentado e da circulação, transformação e reposição de axé (àṣẹ). Dessa maneira o seu valor não esta somente na sua existência como instrumento ritualístico, como foi ressaltado no início, mas também no que ele representa. Toda religião tem símbolos e simbolismos. Uma cruz para os católicos representa muito também: todo o significado da paixão e do sacrifício de Jesus. Assim esse símbolo traduz em sí muito mais do que somente a lembrança da crucificação de Jesus e sim um todo da sua doutrina, poderíamos falar muito apenas olhando para uma cruz. O mesmo vale para um Igbá. Nada é mais sagrado por sí só pelo seu uso e nada pode traduzir tanto da doutrina que cobre a religião Yorùbá como o entendimento da sua função. O Igbá é uma manifestação de Fé, e por isso um reconhecimento de nossa Fé na religião. De acordo com a metafísica Yorùbá, para tudo que existe no aìyé existe

um duplo no Orun ( run). O Igbá é um elemento de ligação entre essas 2 porções e um ò�instrumento de concentração de energia. É usado para nos ligarmos às divindades, liga o físico à dimensão espiritual, a dimensão aìyé à dimensão Orun ( run). O objetivo de um Igbá é ò�potencializar a ligação Orun-aìyé ( run-aìyé) sendo o instrumento que no aìyé representa o ò�duplo do Orun ( run). O Igbá esta vinculado diretamente à uma pessoa no aìyé mas não a ò�representa e sim ao duplo do Orun ( run). Como já foi dito ele não armazena um orixá (òrìṣà), ò�ele não é uma lâmpada mágica que esfregamos para dali sair um orixá (òrìṣà). Ele é a ponte de ligação direta entre o aìyé e o Orun ( run) entre o iniciado no aìyé e suas energias e divindadesò� no Orun ( run). Um dos principais usos que se dá a ele é receber os Ebós (ẹbọ), que são ò�sacrifícios de todo o tipo, entendendo que o sentido de sacrifício na religião não envolve o uso de sangue em sí. Um sacrifício por ser qualquer oferenda que vai se converter em axé (àṣẹ). Um Obi é um sacrificio, um Acaça é um sacrifício e pode substituir um boi. Esse aspecto de participar ativamente de Ebós (ẹbọ) é uma finalidade muito importante, mas não imprescindível. Não se precisa de uma Igbá para fazer uma oferenda, mas, todo sacerdote tem e usa os seus para isso. Isso tem todo o sentido, sendo o Igbá um elemento de ligação ou de potencialização dessa ligação como esta sendo dito realizar isso junto a eles é fazer esse instrumento funcionar. Em outro material esta muito bem explicado essa questão do Ebós (ẹbọ) mas é importante lembrar que um Ebós (ẹbọ), uma oferenda é um parte de um processo de transmissão e reposição de axé (àṣẹ) e os elementos utilizados são transmutados em energia, em axé (àṣẹ). Dessa maneira ao se fazer isso através de um Igbá esta se fazendo chegar ao duplo do Orun ( run) referenciado por aquele Igbá a transmutação da energia dos ò�elementos afins a ele que foram usados no sacrifício. O ponto que esta sendo ressaltado é que o Igbá em um Ebó (ẹbọ) é o instrumento que direciona, potencializa e agiliza a este ase chegar ao Orun ( run). O Igbá não é um instrumento para “alimentar” o iniciado no aìyé. O Igbá pode ò�ser coletivo ou individual. Quando coletiva chama-se Ajobó (ajọbọ) e liga uma comunidade a sua comunidade espiritual, ao coletivo que ela representa e a divindade que a protege. Quando individual liga a pessoa ao seu reflexo no Orun ( run). Do que é feito um Igbá? O Igbá ò�é feito usando materiais que estão ligados à divindade que ele representa. Assim o material e o seu conteúdo ajudam a estabelecer a relação, devendo ser utilizados sempre elementos completamente afins com a divindade e que traduzem a matéria original do Orun ( run). ò�Conhecer essas relações e afinidades é parte do aprendizado de um iniciado durante sua vida e somente aqueles que as conhecem terão verdadeiro sucesso no seu trabalho ritualístico. O principal elemento dentro de um Igbá é a pedra, o okuta. Acima de todos os demais componentes ela receberá todo o trabalho ritual de preparação e por essa razão muitos dizem que é a única coisa importante, todo o demais é apenas decorativo. O pedra para os Yorùbá significa a longevidade a existência perene. Os demais elementos fazem parte do enredo do orixá (òrìṣà) de maneira que não são apenas decorativos. Entretanto muitos itens que são colocados em um igbá pode ser meramente decorativos. Os demais elementos em um Igbá variam entre metais, favas, folhas e outros materiais que remetem ao orixá (òrìṣà) original. O elemento escolhido para o continente do Igbá também terá relação direta com ele. Tudo dentro de um Igbá é feito para traduzir a matéria original do Orun ( run) que foi materializada ò�no aìyé através do iniciado ou da comunidade que o Igbá representará. A escolha de cada elemento depende de para quem será feita a ligação. Cada orixá (òrìṣà) tem os seus elementos correspondentes no aìyé. Adornos e enfeites exteriores que apenas agradam ao ego de quem faz não ajudam nisso. O importante são as folhas, as favas, os metais e outros elementos

genéricos como os búzios. Entendo que moedas, muito presentes, deveriam ser representadas apenas pelos búzios, que eram dinheiro, mas muita gente coloca mais como um desejo de prosperidade do que um elemento de ligação de fato. O material do recipiente externo é escolhido entre algumas opções. A cabaça é substituída pela porcelana branca para os orixá (òrìṣà) fun fun, o barro e excepecionalmente a madeira para um orixá (òrìṣà) específico. As cores desses materiais e elementos decorativos vão compor esse conjunto de forma harmoniosa. Para os caso das cores existe muita criativade. Os Yorùbá reconhecem apenas 3 cores, o branco, o vermelho e o preto. Todas as demais cores são elementos de uma dessas 2 famílias e as representam da mesma maneira. Assim o verde e o azul são elementos da cor preta. O amarelo do vermelho e por assim vai. Todo Igbá individualizado é composto de um recipiente com tampa (continente) contendo a pedra, okuta, o núcleo do Igbá e os demais elementos com água, óleos e outros elementos líquidos. O igbá sem tampa são usados em assentos coletivos, não individualizados, eventualmente casas e axé (àṣẹ) podem fazer variações disso. O vínculo Ọrun-aìyé Uma questão importante quando falamos de Igbá é o que ele traduz de fato e a questão de a quem pertence e o que ele traduz . Como explicado, já extensivamente, é um elemento de ligação e pode ser coletivo ou individualizado, mas, como explicado nunca é o orixá (òrìṣà) no aìyé. Os aspecto coletivo-indivíduo também é uma das características marcantes da ritualística da religião. Estamos todo o tempo lidando com essas 2 faces do divino que é coletivo como todo o divino, mas, para os iniciados, os sacerdotes totalmente individualizado em sua manifestação. O exemplo mais individualizado possível do divino é o do Igbá ori. Nada é mais próprio, pessoa e individualizado do que um Igbá Ori. Seguindo o que repetimos a exaustão, o Igbá é a representação no aìyé do duplo no Orun ( run), o ori no Orun ( run) a divindade pessoal, que esta no Orun ( run) e nos protege, guia ò� ò� ò�nossos passos, abre e fecha nossos caminhos e esta acima de qualquer orixá (òrìṣà) em nossa vida. Não representa o Ori que está no aìyé uma vez que esta resida na própria pessoa. Usamos o Igbá ori para chegar ao Ori no Orun ( run) o duplo por excelência. No processo que ò�chamamos de Bori a oferenda ao Ori, o processo de reposição de axé (àṣẹ), duas entidades serão alimentadas com axé (àṣẹ) o duplo do Orun ( run) e o Ori que esta no aìyé. O Igbá Ori ò�nesse processo e durante o processo, é criado e é por excelência o elemento fundamental na execução de um Bori mas pode não mais existir após a sua execução. Uma vez realizado o Bori ele pode ser desfeito, despachado junto com os demais elementos utilizados e oferecidos. Contudo nada impede, como provavelmente na maior parte das vezes, ele ser preservado tornando mais perene e forte o vínculo Orun-aìyé ( run-aìyé) . É claro que esse vínculo não se ò�perde quando despachamos o Igbá, da mesma forma que nenhum vínculo de desfaz quando despachamos um Igbá ou não o temos. O Igbá é um instrumento de intensificação disso a ser criado e usado por que sabe o que esta fazendo. Na tradição do Candomblé onde o culto ao Ori se manteve sempre presente e importante não se faz um Bori sem que seja criada a representação no aìyé do Ori. Não me interessa tratar aqui da forma como outras tradições religiosas da mesma base fazem isso porque muitas delas não o faziam e adotaram tardiamente copiando o que viam ou ouviam falar e muito menos o que tradições africanas que perderam a sua origem no processo de cristianização e islamização tendo que buscar em literatura suas origens. No Candomblé sempre foi feito assim. Dessa maneira o Igbá Ori é um exemplo vivo, conhecido e forte do que foi dito aqui sobre o que é um Igbá, sua finalidade, seu uso e aplicação prática. Voltando ao ponto do coletivo individual, no caso dos orixá (òrìṣà), na feitura de um olorixá o processo de ritual é todo voltado para a individualização. Assim, se

inicia com o genérico que é o orixá (òrìṣà) e se faz a individualização deste através da ligação Orun-aìyé ( run-aìyé) para a pessoa, e isso é realizado no momento em que se cria a ligação ò�Orun-aìyé ( run-aìyé) através do Igbá. Os animais que serão usados, os elementos colocados e ò�dispostos, a ritualística de elaboração. Uma determinada qualidade será feita com o okuta indo ao fogo, etc… A individualização nascerá nesse momento e o Igbá por excelência é a marcação desse caminho, distinguindo assim um assento coletivo de um assento individual através da ligação Ori-okuta. O processo de individualização passará pela ritualística e também por materiais, metais, favas e folhas, específicos daquele orixá (òrìṣà) para aquela pessoa. Já o orixá (òrìṣà) genérico será ligado através do Igbá genérico aquele que não passará pelo processo de individualização. Dito isso voltamos ao ponto de que um Igbá òrìṣà criado dentro do processo de feitura não é um Igbá genérico ou coletivo, ele foi individualizado através da ligação Ori-okuta e sempre estará ligado aquele Ori. Dentro da ritualística devemos lembrar que a pessoa é preparada para ser ele próprio o receptáculo do orixá (òrìṣà), o seu Igbá vivo. Um Ìyawó é um Igbá vivo do seu orixá (òrìṣà). O Igbá físico complementa isso ligando não mais o orixá (òrìṣà) genérico mas sim o orixá (òrìṣà) individualizado no Ìyawó ao orixá (òrìṣà) origem no Orun ( run) através de uma ligação individualizada, do Igbá individualizado. Esse aparato ò�físico ritualizado na iniciação deixa de ser matéria ordinária, barro, metal, ou fava e passa a constituir o caminho metafísico para o orixá (òrìṣà). Mas também não é mais uma ponte para o axé (àṣẹ) genérico do orixá (òrìṣà) e sim a sua fisicalização individualida naquele Ìyawó. Assim temos 2 caminhos, o caminho coletivo e genérico e o caminho individualizado. Os Igbá são os instrumentos de amplificação dessa relação entre os 2 espaços e o acesso ao ase de cada orixá (òrìṣà). Todo o processo de equilíbrio e restituição de axé (àṣẹ) passara por eles para ir ao duplo no Orun ( run) e retornar no aìyé para quem necessita. Uma pessoa não será ò�dependente de seus Igbá. Acima de tudo a relação desses espaços sempre existirá e jamais estamos não assistidos. Podemos não ter o instrumento de amplificação mas sempre teremos nosso ori e todos os orixá (òrìṣà). A quem pertence um Igbá? Um Igbá ori é tão pessoal que jamais deveria ser mantido no Ile, longe de seu dono. Esse Igbá é completamente individualizado uma vez que não encontraremos no Orun ( run) um Ori coletivo mas sempre ò�individual de forma que ele e só tem sentido e utilidade pelo seu próprio dono. Deveria assim estar junto da pessoa na sua casa. Nos casos em que essa pessoa não tem condições de mantê-lo em casa o Ilê Axé (Ilé àṣẹ) é o lugar natural. O problema sempre surge em relação aos Igbá de orixá (òrìṣà) que despertam grandes paixões. Esta é uma religião praticada em torno dos orixá (òrìṣà) e seu culto assume demais importância. Deveria ser um culto ao Ori, a família e a ancestralidade mas o culto ao orixá (òrìṣà) assume proporções muito grandes. Uma pessoa durante o seu processo de iniciação poderá receber um ou muitos Igbás, tudo depende da tradição da casa. Eu entendo que o mínimo que uma pessoa deve ter após sua iniciação seria, o seu igbá ori (que já deveria existir bem antes, muito antes da pessoa se iniciar), o Igbá do seu orixá (òrìṣà) e o Igbá ou assentamento do Exu bara (èṣù bara) do seu orixá (òrìṣà). Esta conjunto Igbá orixá + Exu bara é básico e imprescindível. A este conjunto básico outros elementos podem ser adicionados como o Igbá do seu juntó que é o seu segundo orixá (òrìṣà), e os Igbá do seu enredo de orixá (òrìṣà). Deve se entender por enredo o conjunto de orixá (òrìṣà) que formam sua energia no aìyé e isto esta diretamente ligado ao processo de individualização. Assim a quantidade e qualidade dos Igbá que uma pessoa terá como parte do seu “enredo” depende da sua qualidade de orixá (òrìṣà) e de seu próprio caminho na religião, coisa que só é determinado durante o processo de feitura e consultas ao Oráculo. Algumas

casas fazem todos esses Igbá durante o processo de iniciação, outras vão adicionando isso ao longo das obrigações de 1, 3 e 7 anos. Se a pessoa terá Oye de babalorixá (babalórìṣà) ou dependendo o oye que essa pessoa venha a ter, o conjunto de Igbás (awọn igbá) será distinto de pessoas que não terão oye – cargo sacerdotal. Observe que nem todo mundo que é iniciado nessa religião será um babalorixá (babalórìṣà) ou iyalorixá (ìyalórìṣà). A maior parte sera formada de egbons, mais velhos. Um iniciado em uma casa terá então uma quantidade significativa de Igbás. Mas, a quem pertence isso, a quem pertencem esses Igbás? Digo isso porque todos devem ter conhecimento do problema envolvido na posse de Igbá orixá. Muitas casas não permitem que nunca a pessoa retire os Igbá de dentro dela, nem mesmo quando seria natural que é quando a pessoa completa seus 7 anos. O mais comum é que após desavenças durante o seu período de Ìyawó a pessoa quera deixar o Ilê Axé (Ilé àṣẹ) e naturalmente queira levar consigo os seus Igbás. Muitos as vezes nem conseguem mais entrar e ficam preocupados tendo deixado para trás seus Igbás devido a eles representarem um ponto de vulnerabilidade. De fato, todos tem razão. Um Igbá sempre será um ponto de vulnerabilidade, principalmente o igbá ori. Esse jamais deveria estar em um Ilê Axé (Ilé àṣẹ). Mas a primeira coisa que tenho a dizer é tome cuidado com o que faz da sua vida. Nunca entre em nada sem avaliar tudo antes. Tem que conhecer primeiro a casa, o dirigente e as pessoas que frequentam a casa. As pessoas se dão mal porque se precipitam, colocam a vaidade na frente. Assim se a decisão de iniciação for mais consciente os problema serão menores. Segundo não se sai de um Ilê Axé (Ilé àṣẹ) por qualquer motivo fútil. Se foi seu orixá (òrìṣà) que escolheu aquela casa (essa é a tradição, é o orixá (òrìṣà) que escolhe onde quer ser iniciado e não a pessoa) então se submeta aos caprichos de outros. Mantenha o seu respeito e sua individualidade mas vaidade por vaidade a sua deve ser a menor. Durante uma feitura não existe apenas um processo de individualização existe também um processo de ligação com o axé (àṣẹ) da casa e do iniciador. Um Ìyawó está fortemente ligado a casa e a pessoa que o iniciou. O processo ritualístico leva componentes que criam essa ligação, assim o iniciador considera que aqueles igbá não são independentes, eles adicionaram axé casa e receberam axé da casa. Foram parte de um conjunto. É entendido que seu sentido de existir é dentro daquela casa. Se a pessoa sair, que faça seus Igbá na sua próxima casa. De maneira que não estamos discutindo a propriedade de louças e barro e sim de asé. Isso é verdade. Se você deixa para trás os seus Igbás, não se preocupe, faça outros no próximo lugar que vai, o orixá (òrìṣà) vai com você. Eu entendo que o ninguém segura ou fixa um orixá (òrìṣà) na sua casa mantendo o Igbá de um iniciado que se foi. O Igbá é uma individualização e só tem sentido, só tem função junto ao próprio iniciado. Se quiser manter um orixá (òrìṣà) em casa que trate melhor as pessoas. O Igbá e a morte Com a morte do iniciado o Igbá deixa de ter sentido. A ligação não mais existe e se você não quer conviver com um egun atrás de você é recomendado que despache tudo junto. Existem pessoas que entendem que se deve consultar o Oráculo para saber se o orixá (òrìṣà) quer ir embora ou não, ou seja, se o Igbá vai ou não no carrego e em vitude dessa consulta muitos Igbá ficam no Ilê Axé (Ilé àṣẹ). Entendo que é um forma de ver isso. Acho mais natural que tudo se vá, não há motivo para se manter um vínculo Orun-aìyé ( run-aìyé) com um ori que não mais existe no aìyé isso vai contra o fundamento do axexe ò�(aṣeṣe), mas, cada um siga sua consciência e o que aprendeu. Asé Paulo D`Èsù