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Sequencia didática
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Universidade Estadual da Paraíba – UEPB
Centro de Ciências Humanas e Exatas – CCHE
Campus VI – Poeta Pinto do Monteiro
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID
Coordenador de área: Marcelo Medeiros da Silva
Sequência didática: “Discussão e representação sobre a feiura e a beleza”
1. Público: Alunos do 6º, 7º e 9º ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental
Bento Tenório de Sousa.
2. Espaço: Sala de aula.
3. Duração: Aulas de 45 minutos.
4. Conteúdo: Discussão sobre as representações do feio e do belo em textos
verbais e não-verbais.
5. Objetivos:
5.1. Objetivo geral:
Propiciar aos alunos conhecimento sobre a construção social do que é feio e do
que é belo em nossa sociedade contemporânea.
5.2. Objetivos específicos:
Espera-se eu ao final desta sequência os alunos sejam capazes de:
Compreender que a diferenciação entre feiura e beleza assenta-se em critérios
sociais, culturais, históricos, religiosos;
Refletir sobre as formas de representação do feio em nossa sociedade;
Ler e compreender o funk da “Dona Gigi” e o cordel “A vida secreta da mulher
feia”, analisando-os comparativamente a partir da categoria feiura;
6. Procedimentos:
1º Momento: Motivação (4 aulas)
No primeiro encontro, o professor será responsável por levar em uma caixa,
denominada de “A caixa de Pandora”, imagens que representam o que se
entende por feio. Os alunos serão convidados a retirar essas imagens e
expressar o que elas provocaram neles. Interessa-nos refletir sobre as reações
da turma diante de expressões do feio;
Ainda nesse encontro, à medida que os alunos forem retirando as imagens d
´A caixa de Pandora e expressando as impressões provocadas por tais
imagens, vamos instigá-los a refletirem sobre o que é a feiura. Para tanto,
indagaremos à turma:
Em sua opinião, o que é feio?;
Quais são as palavras que usamos para falar sobre a feiura?;
Ser feio faz com que as pessoas sejam excluídas socialmente?;
O tempo faz uma pessoa ser feia?
Vocês se consideram feios? Expliquem os motivos.;
A deficiência física faz com que as pessoas sejam feias? Por quê?;
Vocês têm medo do feio?;
Em sua opinião, o que faz uma pessoa ser feia?;
No segundo encontro, uma vez esgotada a discussão em torno das imagens,
passaremos para ouvir o funk da “Dona Gigi” que faz alusão a uma mulher
feia a fim de compreendermos como se encontra representado o feio nessa
música e quais os termos a que se recorre para falar da feiura.
2º Momento: Atividade de interpretação e desenho (2 aulas)
Ainda no segundo encontro, promoveremos uma discussão/interpretação
acerca dos temas que antes foram retratados através das imagens d´A caixa
de Pandora e da música “O funk da Dona Gigi”. Para isso, faremos as
seguintes perguntas aos alunos: é possível gostar de algo que é feio? Como
lidamos com o feio? Será que o feio é apenas aquilo que nos causa espanto?;
Logo após essa discussão, pediremos aos alunos para, a partir da descrição
que é feita na música estudada, imaginarem a Dona Gigi e desenharem-na
conforme eles acham que ela deve ser. Essa é uma forma de registrar a
integração dos alunos a partir de uma perspectiva diferenciada do que
comumente se faz em sala de aula, visto que aqui queremos que o aluno
possa se valer da criatividade como forma de expressão;
3º Momento: Atividade de produção (8 aulas)
Considerando-se que a música sobre Dona Gigi foi escrita por um homem e
a letra dela diz muito do olhar masculino sobre o modelo ideal de mulher,
padrão esse a que não pertence Dona Gigi, pediremos à turma que imaginem
qual seria uma possível resposta, escrita pela Dona Gigi, a essa letra de
música. Esse é um momento para a construção coletiva do texto a partir das
ideias apontadas por cada aluno da turma;
Depois desse texto produzido, passaremos o funk “Resposta da Dona Gigi”
como forma de os alunos compararem o que está dito no texto coletivamente
produzido por eles e nessa segunda letra de funk. A intenção é que os alunos
percebam em que aspectos o texto produzido por eles converge ou diverge
do funk “Resposta da Dona Gigi”;
Feita essa comparação, prosseguindo com a discussão em torno da
construção social do feio, passaremos a ler o cordel “A vida secreta da
mulher feia”, de José Francisco Borges. A metodologia de leitura será a
seguinte: pediremos aos alunos que cada um deles leia uma estrofe do
cordel. Findada a leitura na íntegra, pediremos que eles expressem as
primeiras impressões sobre o texto: se gostaram ou não e por quê; quais os
versos que chamaram a atenção deles; se concordam com a forma como é
descrita a vida da mulher feia, como a personagem Dona Gigi poderia se
encaixar no modelo de vida descrito pelo cordelista. Em seguida,
aplicaremos um questionário sobre a temática em estudo e o cordel que foi
lido em sala de aula. Segue o questionário sobre o cordel “A vida secreta da
mulher feia” de J. Borges:
1- A partir do título, sabemos que a personagem principal é uma mulher e que ela é feia.
Em sua opinião, para tratar da temática da feiura, por que o autor do cordel escolheu
como protagonista uma mulher e não um homem?
2- Tendo lido o cordel, aponte as palavras ou expressões que permitem que descrevamos
uma mulher como feia.
3- Agora, verifique se a xilogravura presente na capa do cordel corresponde às palavras e
expressões, apontadas na questão acima, para descrever uma mulher feia. Que traços na
xilogravura ilustram o que verbalmente foi visto como feio na personagem do cordel?
4- Leia a segunda estrofe do poema:
Eu não destaco a mulher feia
Para mim todas são boas
Preta, branca, forte ou magra
Pode vir das Alagoas
Abraço a mulher chorando
Sorrindo e cantando loas.
Aqui, o poeta diz que não destaca a mulher feia porque ele gosta de todas as mulheres
independentemente de como elas se mostram (preta, branca, forte ou magra).
Entretanto, nas estrofes seguintes, o poeta vai dar uma ênfase maior à mulher feia,
destacando os atributos que lhe conferem o status de feia. Nesse caso, não há uma
contradição entre o que o poeta afirma nesta estrofe e no que nos é apresentado nas
demais? Como explicar essa contradição?
5- Pela descrição que é feita da protagonista, ela é caracterizada apenas pelos aspectos
físicos, os quais, em se tratando do texto lido, determinam a feiura da personagem.
Nesse caso, será que apenas aspectos físicos fazem com que uma pessoa possa ser
considerada feia? Justifique.
6- Leia a seguinte estrofe:
A vida da mulher feia
É uma vida aperreada
Não acha durante o dia
E nem pela madrugada
A fruta que mais deseja
Para fazer uma salada.
O que estariam representando os termos fruta e salada na estrofe acima?
7- Toda mulher espera se casar, ter filhos, arrumar um marido? Se esse é o “destino” de
toda mulher, à mulher feia é possível cumprir com esse destino?
8- Em determinada estrofe, a mulher feia diz que vai mandar uma mensagem por rádio,
televisão ou internet para ver se lhe aparece um cabra feio e machão. Para você, como
seria o teor dessa mensagem? Coloque-se no lugar da mulher feia e escreva um anúncio
em busca de um namorado.
9- Quando dizemos que uma pessoa, seja homem, seja mulher, é feia, o que queremos
dizer? O adjetivo “feio” serve para qualificar apenas os aspectos físicos dessa pessoa ou
também aspectos morais, comportamentais? Explique.
10- As relações sociais são dificultadas pela aparência física? Caso a resposta seja
afirmativa, quais os sentimentos que podem ser provocados em uma pessoa considerada
feia?
11- Para uma pessoa feia ser feliz, ela precisa ser cobiçada? Justifique.
12- Quais são os recursos a que as mulheres, consideradas feias, recorrem, hoje, para
conseguirem alcançar o padrão de beleza imposto socialmente?
13- Por que as pessoas “feias” são vítimas de preconceito?
14- Quais são as reações do público masculino ao se depararem com uma mulher feia?
15- Qual a sua reação diante de uma pessoa que a seu ver é “feia”?
16- No título do cordel, o adjetivo “secreta” qualifica o substantivo “vida” como sendo algo
que precisa ser escondido, que não pode vir ao público. Neste caso, por que a vida da
mulher feia tem de ser secreta?
REFERÊNCIAS:
ALDANA, W. Julián. Afaga-me as tripas a feiura da porcaria desses romances:
experiências estéticas e poiética escatológica em Haunted, de Chuck Palahniuk e
Acenos e Afagos, de João Gilberto Noll, dois romances contemporâneos. Porto Alegre,
BR-RS, 2014.
ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola
editorial, 2003.
COSSON, Rildo. Letramento literário: Teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.
GERALDI, João Wanderley. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
NOVAES, Joana de Vilhena. O intolerável penso da feiura sobre as mulheres e seus
corpos. Rio de Janeiro: ed. PUC-Rio: Garamond, 2006.
OLIVEIRA, Luciano Amaral. Coisas que todo professor de português precisa saber:
A teoria na prática. São Paulo: Parábola editorial, 2010.