A responsabilidade civil do médico

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  • 8/6/2019 A responsabilidade civil do mdico

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    Acadmico do 4 semestre do curso de Direito da FAPAL Faculdade de Palmas Trabalho deresponsabilidade Civil professor Vinicius R. de Sousa

    A responsabilidade civil do mdico

    Sandoval Araujo Fontoura Jnior 1

    A responsabilidade civil estabelece em nosso pas, via de regra , que aquele

    que causar dano a outrem deve ressarci-lo por estes prejuzos. A responsabilidade

    civil do mdico advm, tambm, desta disposio existente em nosso ordenamento

    jurdico. Deve, pois, ser indenizado, caso isso postule em juzo, aquele que

    submetido tratamento mdico, venha, por causa deste tratamento, a sofrer um

    prejuzo, seja de ordem material ou imaterial - patrimonial ou no patrimonial.

    Para o entendimento do mecanismo jurdico da necessidade desta

    indenizao, que pode o mdico, judicialmente, ser compelido a fazer, h que se

    analisar conceituaes que vo ser utilizadas como base, no manejo dessa situao

    jurdica que se estabelece entre o mdico e o paciente lesado. Os primeiros

    conceitos so os de responsabilidade subjetiva e responsab ilidade objetiva. Aps, os

    de relao contratual e relao extracontratual. Em terceiro lugar, os conceitos de

    obrigao de meios e obrigao de resultado.

    A responsabilidade subjetiva (teoria da culpa) aquela em que alm do ato

    lesivo do agente causador de leso, do dano estar presente no lesado e do nexo

    causal estar estabelecido entre o ato lesivo e o dano ao lesado, tem que se achar

    presente, nesta relao, a culpa do agente causador do dano. E, esta culpa,

    caracteriza-se pela presena no agir deste de dolo ou pela presena s de culpa no

    sentido estrito, ou seja, de imprudncia ou negligncia ou impercia.

    A responsabilidade objetiva aquela em que presentes na relao entre o

    agente causador do dano e o lesado o ato lesivo, o dano no lesado e o nexo de

    causalidade entre este ato e este dano, no h que se falar em culpa para que fique

    caracterizada a necessidade de indenizar o lesado pelos prejuzos, de qualquer

    ordem, que porventura tenha sofrido. A presena de culpa no agir do agente

    causador do dano, enfatizamos, desnecessria para que se caracterize,

    juridicamente, a necessidade de indenizar o lesado pelos prejuzos de que tenha

    sido vtima, em caso de responsabilidade objetiva.

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    Acadmico do 4 semestre do curso de Direito da FAPAL Faculdade de Palmas Trabalho deresponsabilidade Civil professor Vinicius R. de Sousa

    A relao contratual aquela que se estabelece entre as partes baseada na

    autonomia da vontade de ambas. Decorre de uma conveno entre as partes,

    tornando-se lei entre elas aquilo que for acordado pelas mesmas. A relao

    extracontratual aquela que se estabelece entre as partes decorrente de

    disposies legais presentes em nosso ordenamento. Independe da vontade das

    partes. regida por dispositivos que vigoram erga omnis.

    A obrigao de meios aquela em que aquele que contratado no se

    compromete com um objetivo especfico determinado. Obriga-se o contratado a

    utilizar no cumprimento da obrigao que tem com o contratante toda a sua

    diligncia e prudncia, de acordo com as tcnicas usuais , naquele momento, para o

    procedimento pelo qual se comprometeu.

    A obrigao de resultado , pelo contrrio, aquela em que h um

    compromisso do contratado com um resultado especfico determinado.

    Compromete-se o contratado a atingir um objetivo delimita do um resultado certo -

    para satisfazer o que se obrigou com o contratante. Quando no atinge este

    resultado pr-determinado presume-se que o contratado agiu com culpa. h

    presuno de culpa.

    Quando se tratar de obrigaes de meio o nus da prova cabe ao que acusa(o que a regra geral em nosso ordenamento jurdico). Nas situaes em que tratar -

    se de obrigaes de resultado, devido presuno de culpa, h inverso do nus da

    prova, cabendo provar a inverdade do que lhe imputado ao acusado.

    Cabe aqui comentar que sendo um contrato a relao que se estabelece

    entre mdico e paciente, em caso de no cumprir o mdico com a sua obrigao, de

    acordo com o art. 1056 do Cdigo Civil ("No cumprindo a obrigao, ou deixando

    de cumpri-la pelo modo e no tempo devidos, responde o devedor por perdas edanos.") responderia por perdas e danos. S se eximiria disso se provasse fizesse

    prova de que no o fez por motivo de caso fortuito ou fora maior. No entanto, a

    doutrina e a jurisprudncia, como regra, determi nam a necessidade de que o

    paciente prove que o mdico agiu com culpa.

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    Portanto, trata-se de um contrato sui generis e seu inadimplemento, quando

    este se configurar, caracteriza a presena de um tipo especial de culpa do mdico.

    Esta culpa especial pois, mesmo se tratando de um contrato no cumprido pelo

    contratado, a culpa do mdico deve ser provada pelo paciente, no havendo a

    presuno de culpa do contratado o mdico presuno esta caracterstica dos

    contratos, em nosso ordenamento jurdico, quando a obrigao contratual no for

    satisfeita pelo contratado. Prevalece, na relao contratual no adimplida, no caso

    de mdico e paciente, a necessidade do paciente que acusa provar a culpa do

    mdico, o que, via de regra, o que predomina nas demais relaes jurdicas em

    nosso ordenamento.

    No direito brasileiro a doutrina e a jurisprudncia so unnimes em

    estabelecer que a atividade mdica regida pela responsabilidade subjetiva .

    Nesse sentido vai o artigo 159 ("Aquele que, por ao ou omisso voluntria,

    negligncia, ou imprudncia, violar direito, ou causar prejuzo a outrem, fica obrigado

    a reparar o dano. A verificao da culpa e a avaliao da responsabilidade regulam -

    se pelo disposto neste Cdigo, arts. 1518 a 1532 e 1537 a 1553.") do nosso Cdigo

    Civil, bem como o artigo 1545 ("Os mdicos, cirurgies, farmacuticos, parteiras e

    dentistas so obrigados a satisfazer o dano, sempre que da imprudncia,

    negligncia ou impercia, em atos profissionais, resultar morte, inabilitao de servir,

    ou ferimento.") do mesmo diploma legal, ambos os artigos aplicveis no que tange

    atividade mdica.

    Mais recentemente, o Cdigo de Defesa do Consumidor estabeleceu o

    mesmo no pargrafo 4 ("A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais ser

    apurada mediante a verificao de culpa") do seu artigo 14. Os casos de

    responsabilidade objetiva do mdico no existem pois, mesmo tratando -se de

    cirurgio plstico, quando por ocasio de cirurgia esttica, por tratar -se de uma

    obrigao de resultado o que ocorre uma presuno de culpa, devendo o mdico,

    se for o caso, fazer prova em contrrio. Ou seja, cabe ao mdico em juzo provar

    que no agiu com imprudncia ou negligncia ou impercia (at mesmo dolo) h

    uma inverso do nus de provar.

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    Acadmico do 4 semestre do curso de Direito da FAPAL Faculdade de Palmas Trabalho deresponsabilidade Civil professor Vinicius R. de Sousa

    Essa responsabilizao do mdico, nestes termos referidos, decorre do

    vnculo que se estabelece entre este e o paciente. Este vnculo, o que predomina

    na doutrina e jurisprudncia, caracteriza um contrato uma relao contratual. H

    poucas vozes em contrrio. Pode se caracterizar uma relao extracontratual com o

    paciente em casos, por exemplo, de atendimento de emergncia ou, at mesmo, em

    caso de atendimento a um paciente j encontrado em estado de inconscincia,

    quando do primeiro contato com o mdico. No caso da rela o contratual o contrato

    que se estabelece, entre o mdico e o paciente, no encontra uma colocao

    definida dentro dos contratos tpicos nominados. Pode-se consider-lo um contrato

    atpico - inominado, j que seria um contrato de servio intelectual, com

    caractersticas especiais, at de aleatoriedade, visto no se quantificar com preciso

    o seu objetivo obrigao de meios que . um contrato livre, tcito quase sempre,at por que, geralmente, no feito por escrito. Celebra -se este contrato pela

    simples comunho de vontade entre as partes mdico e paciente, da a sua

    informalidade, na maior parte das vezes.

    O mdico e o paciente so, pois, sujeitos de uma relao jurdica um

    contrato. Este contrato tem como seu objeto, via de regra, uma obrigao de meios.

    E, esta relao mdico-paciente em caso de necessidade de indenizao, em juzo,

    pelo mdico ao paciente, de prejuzo que este porventura venha a ter decorrente do

    atendimento que lhe foi prestado, regida pelos conceitos jurdicos da

    responsabilidade subjetiva (teoria da culpa).

    Referencia Bibliogrfica

    SOUZA, Neri Tadeu Camara. Responsabilidade civil do mdico. Jus Navigandi,

    Teresina, ano 7, n. 54, 1 fev. 2002. Acesso em: 16 nov. 2010

    Cdigo Civil Brasileiro

    Cdigo de Defesa do Consumidor