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     UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESAFACULDADE DE TEOLOGIA

    MESTRADO INTEGRADO EM TEOLOGIA ( 1.º GRAU CANÓNICO ) 

    MIGUEL CABEDO E VASCONCELOS

    114111514 

    “A SABEDORIA EM ISRAEL” DE M. DI PRIOTTO  Sistematização esquemática 

    Trabalho de HAGIÓGRAFOS sob orientação da Prof. Doutora Luísa Almendra

    LISBOA 2014 

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    Reflexão sobre

    toda a revelação

    Questionamento

    eAnticonformismo

    Reflexão baseada

    na experiência

    quotidiana dopovo

    Pentápole

    Sapiencial

    Depois de uma exegese histórico-crítica, na qual os livros sapienciais não foram valorizados, uma

    consciência bíblica de interrelação textual levou a que se desse relevo à chamada ‘pentápole sapiencial’,

    constituída pelos seguintes livros: Provérbios e Ben-Sirá, que se podem chamar livros irmãos; Job e

    Qohelet, onde a reflexão sapiencial leva tão longe quanto possível o anticonformismo perante o sofri-

    mento e, novidade para a consciência bíblica, mostra que é possível questionar o próprio Deus.

     Tal acontece, podemos acrescentar, num ambiente de valorização do sábio, que tem presente os

    dinamismos da Revelação —  na história, na lei e nos profetas —  mas que não contém narração explí-

    cita da historia salutis , nem referência manifesta à Lei, nem oráculos proféticos concretizados. 

    1. UMA REFLEXÃO NOVA 

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    O interesse renovado pela reflexão sapiencial —  e concretamente pela literatura sapiencial bíblica

     —  tem uma expressão de grande importância em G. von Rad (1901-1971), fazendo lembrar os tem-

    pos da Patrística e da Medievalidade, em que estes textos eram vastamente comentados.

     Tal interesse renovado vê as suas razões na consciência que se recuperou de que os livros sapien-

    ciais têm como objecto o homem presente, o problema da vida e o destino do homem, bem como na

    forma correcta de se procurar a sabedoria. Neste sentido, torna-se claro que a literatura sapiencial nos

    sugere que o modo adequado de o fazer passa necessariamente por um envolvimento existencial, de

    quem procura a sabedoria não apenas intelectual e cognoscitivamente, mas com o empenho de todo o

    coração, perseguindo-a tenazmente, ouvindo-a e invocando-a por meio da oração, uma vez que se tra-

    ta, antes de mais nada, de um dom de Deus (cf. Sir 24, 26).

    2. INTERESSE RENOVADO PELA SABEDORIA 

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    É difícil enquadrar a sabedoria, ela tem de facto um carácetr esquivo e volátil. É significativo, neste

    sentido, que o Antigo Testamento se resuma a Lei e Profetas, surgindo a questão: “será um provérbio

    revelação de Deus?”. A resposta é afirmativa, e justifica-se: embora sendo descritiva do quotidiano, a

    literatura sapiencial é-o do ponto de vista de Deus, como que a mostrar que o Deus que se faz presen-

    te na história e na Lei e que fala pelos profetas, é também o Deus da nossa vida quotidiana.

    3. CARÁCTER ESQUIVO DA SABEDORIA 

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    Juventude

    Maturidade

    Velhice

    Salomão, a quem se atribui fiducialmente a autoria de Provérbios, Qohelet e Sabedoria (e também

    do Cântico dos Cânticos), é, como rei de Israel, figura de todo o povo hebraico. Por conseguinte, a

    sabedoria de Salomão corresponde à sabedoria do Povo. O facto de se atribuir também a redacção do

    Cântico dos Cânticos ao período da juventude de Salomão, do Livro dos Provérbios à vida adulta, e

    do livro de Qohelet à idade avançada leva a concluir que os ensinamentos sapienciais cobrem todos os

    momentos da vide dos homens e das mulheres.

    4. SALOMÃO, AUTOR DE LIVROS SAPIENCIAIS 

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    5. E 6. DEFINIÇÕES DA SABEDORIA 

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    Sendo de difícil definição, a Sabedoria, podemos dizê-lo, evoca parâmetros essenciais como a cons-

    ciência, a ética, a ordem universal, ou a relação entre vida pública e privada. Sendo essencial na forma-

    ção da consciência moral, não se pode, no entanto, reduzir a Sabedoria a uma proposta de uma deter-

    minada ordem moral vinculativa. Com efeito, como propõe A. Schökel, a Sabedoria pode ser vista

    como uma ‘oferta de sentido’. Oferta  porque não é uma imposição, consistindo antes numa pedagogia

    própria do sábio, que não usa a força da lei nem a autoridade para impor o próprio ensinamento, pois

    está convicto de que oferece um bem precioso que se imporá por si. De sentido porque promove a

    autorrealização do homem (tanto na esfera do privado como do social), conferindo a razão interior de

    toda uma existência, bem como lhe permite consciencializar o bom senso.

    O próprio pensamento bíblico tem também uma proposta definitória de Sabedoria: a ‘habilidade

    do artesão’, expressão usada pela fé do Antigo Testamento para falar da Sabedoria, como criatura de

    Deus. A noção de que Deus é o artesão por excelência  —  podendo exclamar “é bom!, é belo!” relati-

     vamente à Sua obra  — , pedindo do homem que continue a obra de Deus, algo possível apenas no

    contexto de uma vida guiada e regida pela Torah. Com efeito, a ‘ordem do Criador’ exige a ‘ordem

    moral do homem’, sendo que a lei é a única que pode dar ao homem um sentido para a vida (cf. Pr 4,

    20-22).

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    Sendo patente que “quantos se nutrem da lei têm ainda fome e que quantos bebem da lei têm ainda

    sede”, o caminho em direcção à Sabedoria reveste-se de uma particular certeza: ela é a única esposa

    ideal do homem (cf. Sb 8, 2 e 1 Rs 3, 4-15). De facto, muito mais do que um projecto de vida, a Sabe-

    doria é uma atracção (cf. Sb 6, 12-16 e 8, 16). Tem-se a consciência de que o sucesso público e social

    não compensará jamais os insucessos privados e, por conseguinte, de que só a sabedoria pode ttrazer

    felicidade ao homem (cf. Sb 8, 21).

    7. SABEDORIA COMO OFERTA ESPONSAL