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A saga dos planos heterodoxos: a economia brasileira de 1985 a 1994 Formação Econômica do Brasil e Economia Brasileira Contemporânea Profa. Zoraide

A Saga Dos Planos Heterodoxos 1985a 1994

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A saga dos planos heterodoxos: a economia brasileira de 1985 a 1994

Formação Econômica do Brasil e Economia Brasileira

Contemporânea

Profa. Zoraide

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Combate à inflação meta principal.

Diferentes planos de estabilização.

Cruzado (1986), Bresser(1987), Verão (1989),

Collor I (1990) e Collor II (1991),

Real (1994) – próximo capítulo.

1986 a 1991 – programas de combate inflação.

Base o diagnóstico – inflação inercial.

Elemento principal o congelamento de preços.

A Economia na Nova República

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Oscilações na taxa de inflação e no crescimento.

A cada insucesso um novo plano.

Provocando constante aceleração inflacionária.

Ambiente de redemocratização – novas pressões

políticas e sociais.

Brasil excluído do fluxo de capitais internacional

Collor.

A Economia na Nova República

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Inflação Mensal (%)

-20,00

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997

C

Cruzado

Bresser

Verão

Collor 1

Color 2

Real

IGP-DI mensal de Jan/85 à Abril/97

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Taxa de crescimento real do PIB (1980 - 1995)

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995

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Aumento da taxa de inflação a partir de 1973.

Sucessivos choques externos e internos.

Choques do petróleo (1973 e 1979).

Aumento das taxas de juros internacionais (80).

Choques agrícolas (quebras de taxas).

Alterações cambiais.

Mecanismos formais e informais de indexação da

economia.

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Economia voltando a crescer depois da recessão do

início da década.

Balança de Transações Correntes em relativo

equilíbrio.

Finanças públicas deteriorando.

Incertezas políticas.

Presidente Tancredo Neves – falece.

Vice José Sarney.

Nova constituição 10/1988.

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Início: indefinições na condução política econômica

Dornelles (MF) - gradualismo ortodoxo (predomina

inicialmente) .

João Sayad – choque heterodoxos

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Dornelles (MF)

medidas de austeridade fiscal

controle monetário-creditício

controle tarifário diminuir pressões inflacionárias

impacto pequeno e de curta duração

queda do ministro em agosto do mesmo ano

Dilson Funaro – contrário a ortodoxia

Duas novas correntes – os inercialistas e os pós-

keynesianos

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Inercialistas

Estruturalismo

Inflação: choque x tendência

Inércia – mecanismos formais e informais de

indexação – taxa de inflação estável

Duas opções de combate:

a) Choque heterodoxo – congelamento e

descompressão.

b) Moeda indexada (Larida) – desindexação por

indexação total.

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Pos keynesianos

Formação de preços: Flex x fix prices (mark-up).

Crise do sistema monetário internacional e cambial

brasileira – instabilidade.

Taxas flutuantes de juros.

Deterioração financeira do Estado.

Diminuição da incerteza, ampliação horizonte de

cálculo, renegociação da dívida externa e ajuste

patrimonial do Estado.

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Substituição da moeda: cruzeiro por cruzado

Conversão salários: poder de compra últimos 6

meses + abono 8% + gatilho

Congelamento preços (exc. energia elétrica)

Fixação da taxa de cambio sem desvalorização

prévia

Alugueis – recomposição por fatores multiplicativos

com base relações média-pico

Diferentes regras para ativos financeiros - Tablita

para contratos prefixados

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Não se estabeleceram metas para a política

monetária e fiscal.

Optou-se por não se estabelecer metas quantitativas

para oferta de moeda – taxas de juros.

Ao lado fiscal, supunha-se que a reforma fiscal de

1985 zeraria o déficit operacional em 1986.

Secretaria do Tesouro Nacional o fim da conta

movimento – BB.

Setor externo – não se recorreu a uma

desvalorização da moeda.

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Congelamento – queda imediata da inflação

Crescimento econômico em função

Crescimento já vinha antes

Aumento da renda real

Ilusão monetária

Expansão da oferta de moeda e taxas de juros

baixas

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Crescimento: pressão sobre vários mercados:

Pressiona alguns setores de bens de consumo –

escassez e filas – ágios e maquiagens

Problemas na Balança Comercial e nas contas

externas

Alternativas – romper o congelamento ou desacelerar a economia.

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Produção Industrial - Taxa de Crescimento Anual, 1986 e 1987

-10

-5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

jan/8

6

fev/

86

mar/

86

abr/

86

mai/8

6

jun/8

6

jul/8

6

ago/8

6

set/86

out/8

6

nov

/86

dez

/86

jan/

87

fev/

87

mar/

87

abr

/87

mai

/87

jun/

87

jul/8

7

ago/

87

set/87

out/87

nov/8

7

dez/

87

Indústria Total Bens de Capital

Bens Intermediários Bens de Consumo Duráveis

Bens de Consumo Não-Duráveis

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Exportações e Importações, em US$ milhões, 1986 e 1987

0,0

500,0

1.000,0

1.500,0

2.000,0

2.500,0

3.000,0

3.500,0

Exportações Importações

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Cruzadinho - 24/06

Primeira tentativa tímida de conter a demanda

Imobilismos – questões políticas

Clima de fim do Cruzado levou a um grande

aumento do consumo - descongelamento

Cruzado II – 21/11

Contenção déficit público – impostos indiretos

Realinhamento de preços – bens de consumo

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Saída descoordenada do congelamento

Elevação da taxa de juros real

Reintrodução de mecanismos de indexação

Moratória – 1987

Inflação 20% a.m. – Funaro – Bresser Pereira

Fracasso do Cruzado: problemas de concepção e

execução A duração excessiva do congelamento, os fatores que provocaram o crescimento descontrolado da demanda e o descaso pelas contas externas.

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Seqüelas do Cruzado:

Expectativa de congelamento

Perda de apoio político

Ensinamentos: necessidade controlar demanda,

atenção com contas externas, cuidado com

problemas distributivos, impossibilidade de se

manter um congelamento por tempo demasiado.

Novo plano 06/1987

Ortodoxia/heterodoxia

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Ortodoxia

emissão monetária devido aos déficits públicos

estancar a emissão de moeda

política recessiva

Heterodoxia

excesso de demanda provocado pela emissão de

moeda

emissão de moeda vista como uma

decorrência/causa

controle da demanda

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Ortodoxos e heterodoxos

Deter a aceleração inflacionária

Retirada do gatilho salarial

Redução do déficit público

Congelamento e

desvalorização cambial

Plano de emergência

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congelamento de salários por 3 meses;

congelamento dos preços – 3 meses;

IPC – incorporados à inflação de junho

desvalorização cambial 9,5%

aluguéis congelados – 06/87

contratos financeiros – tablita 15% a.m.

URP – corrigia salários dos três meses seguintes

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Problemas do plano Bresser

Descongelamento: reposições salariais,

reindexação.

Fragilidade da contenção monetária e fiscal.

Fragilidade política : passagem de 4 para 5 anos

de mandato.

Mailson: início arroz com feijão.

Nenhuma mágica – contenção da aceleração

inflacionária de modo ortodoxo – dificuldades.

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Plano Verão

Ortodoxia: controle demanda – juros altos e

queda no déficit público.

Heterodoxia: congelamento, URP, Tablita.

Reforma monetária – Cruzado Novo .

Desvalorização e fixação da taxa de cambio.

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Verão: curta duração

Não ajuste fiscal – crescente déficit público.

Fragilidade do governo impedia medidas mais

austeras.

Descontrole monetário.

Reaceleração inflacionária – rumo a hiperinflação

80% no último mês do governo.

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Governo Sarney

Descontrole das contas públicas – aumento déficit

operacional.

Endividamento interno crescente, prazos mais curtos,

taxas de juros e liquidez crescentes.

Política monetária: necessidade de sustentação juros

elevados, com endogenização da oferta de moeda –

descontrole da política monetária.

Subindexação de contratos para reduzir valor real da

dívida pública.

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Planos Principais medidas Resultados

CruzadoFevereiro 1986

Congelamento geral de preços e salários; Desindexação da economia; Ausência de controle monetário e fiscal; Criação de nova moeda com corte três zeros: cruzado.

Preços, salários e taxas de câmbio estáveis por seis meses;Crescimento momentâneo do PIB;Crise no BP;Deterioração das expectativas dos agentes a cerca de novas medidas.

BresserJunho 1987(Cruzado II)

Congelamento geral de preços e salários; Tentativa de ajuste fiscal. Tentativa de redução da divida externa.

Preços e salários estáveis por 3 meses; Fracasso do ajuste fiscal Fracasso da negociação da divida externa; Política monetária descontrolada; Recessão; Superávit comercial

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Planos Principais medidas Resultados

VerãoJaneiro 1989

Congelamento geral de preços, salários e câmbio; Taxas de juros alta; Nova tentativa de ajuste fiscal; Desindexação parcial; Criação de uma nova moeda com um novo corte de três zeros; Cruzado novo

Preços e salários estáveis por 02 meses; Política monetária em descontrole; Novo fracasso na tentativa de controle fiscal; Diminuição do superávit comercial; Calote da divida externa; Introdução de uma indexação diária; Hiperinflação.

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Preocupação básica o combate a inflação.

Novos diagnósticos sobre as causas da inflação.

Descontrole monetário e fiscal.

O insucesso dos choques antiinflacionário do

governo Sarney devia-se à elevada e crescente

liquidez dos haveres financeiros e monetários.

Ineficácia da política cambial. A possibilidade rápida da monetarização das aplicações financeiras levava a um aumento abrupto da demanda de bens de consumo – pressões inflacionárias.

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A “fuga” dos ativos financeiros, pode ser explicada por

vários motivos:

ilusão monetária, em que a queda do retorno

nominal e a dificuldade de cálculo das taxas reais de

juros eleva a demanda de consumo;

expectativa de risco e de volta da inflação, o que

levava a antecipação do consumo;

com a inflação alta, têm-se alta variância de preços

relativos fazendo com que a correção monetária

funcione como proteção ao investimento.

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Depósitos de Poupança e a Prazo Fixo, Títulos Federais, Estaduais e Municipais em Poder do Público, Dez/85 a Jun/90

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

350,0

Depósitos de Poupança Depósitos a Prazo Fixo

Títulos Federais em Poder do Público Títulos Estaduais e Municipais

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80% de todos os depósitos do overnight, das contas

correntes ou das cadernetas de poupança que

excedessem a NCz$50mil (Cruzado Novo) foram

congelados por 18 meses, recebendo durante esse

período uma rentabilidade equivalente a taxa de

inflação mais 6% ao ano.

Substituição da moeda corrente, o Cruzado Novo,

pelo Cruzeiro à razão de NCz$ 1,00 = Cr$ 1,00.

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Criação do IOF, um imposto extraordinário e único sobre as

operações financeiras, sobre todos os ativos financeiros,

transações com ouro e ações e sobre todas as retiradas das

contas de poupança.

Foram congelados preços e salários, sendo determinado pelo

governo, posteriormente, ajustes que eram baseados na inflação

esperada.

Eliminação de vários tipos de incentivos fiscais: para

importações, exportações, agricultura, os incentivos fiscais das

regiões Norte e Nordeste, da indústria de computadores e a

criação de um imposto sobre as grandes fortunas.

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Indexação imediata dos impostos aplicados no dia

posterior a transação, seguindo a inflação do período.

Aumento de preços dos serviços públicos. Gás,

Eletricidade, serviços postais, etc.

Liberação do câmbio e várias medidas para promover

uma gradual abertura na economia brasileira em relação à

concorrência externa.

Extinção de vários institutos governamentais e anúncio de

intenção do governo de demitir cerca de 360 mil funcionários

públicos, com plano para redução de mais de 300 milhões

em gasto administrativos.

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Impacto inicial:

Desestruturação do sistema produtivo: retração do

PIB.

Abertura e privatização.

Problemas:

Expansão da liquidez posterior : não se viabilizaram

mecanismos para controle dos novos fluxos

monetários.

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Acerto no estoque comprometido com “torneirinhas”:

deterioração da balança comercial sem financiamento

na Balança de capitais.

Forte desvalorização cambial: persistência da

aceleração inflacionária no início de 1991, com

dificuldade crescente de financiamento do governo:

Collor II.

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Collor II:

reforma financeira que visava eliminar o overnight

(substituído por FAF) e outras formas de indexação

(criação da TR).

congelamento de preços e salários.

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Marcílio – Plano Nada

Não tratamento de choque ou heterodoxia

Controle de fluxo de caixa e meios de pagamento

Descongelamento e preparo para desbloqueio

Reaproximação do Brasil com mercado financeiro

internacional

Elevação das taxas de juros – forte ingresso de

capitais e ampliação das reservas

Esterilização – aumento da dívida interna

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Reservas Internacionais (Liquidez), em US$ bilhões, 1979/1999

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999

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Impeachment Collor: substituição por vice: Itamar

Franco

Demora inicial para definir política econômica

Maio de 1993 assume FHC – início da preparação

para Plano Real

Preparo das contas públicas: PAI, IPMF, FSE

Acumulo de reservas externas

Manutenção da abertura financeira e comercial

Período anterior – reindexação da economia, sem

grandes choques – volta idéia de inércia

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Planos Principais medidas Resultados

Collor I Março 1990

Novo controle de preços, salários; Confisco das contas bancárias; Taxa de cambio apreciada; Ajuste fiscal; Foi reintroduzido o Cruzeiro (extinto no plano cruzado) em substituição ao cruzado novo mantendo-se a paridade da moeda; Suspensão do pagamento da divida externa; Desindexação de salários .

Preços e salários estáveis por dois meses; Política monetária expansionista; Ajuste fiscal curto e ineficiente; Fraca performance da BC; Recessão; Nova crise da incerteza com deterioração das expectativas acerca da estabilização monetária.

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Planos Principais medidas Resultados

Collor II fevereiro 1991

Controle de preços, salários; Desindexação; Ajuste das tarifas públicas; Redução da alíquota de importação.

Preços e salários estáveis por três meses; Criação de uma taxa de indexação usadas na maioria dos contratos; Deterioração em termos reais das tarifas públicas.

Page 44: A Saga Dos Planos Heterodoxos 1985a 1994

Referência Bibliográfica

GREMAUD, A . P. et. al. Economia Brasileira

Contemporânea. São Paulo: Altas, 2002.

REGO, J. M. et. al. Formação Econômica do Brasil.

São Paulo. Saraiva, 2003.

FURTADO, C. Formação Econômica do Brasil. São

Paulo. Companhia das Letras, 2007.