A sanção do procedimento legislativo.docx

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    A Doutrina do Direito Pblico nas Monarquias alems delineamento geral

    Cada um dos Estados federados alemes tinham sua prpria Constituio e, portanto,organizao poltica especfica, gozava de autonomia e, inclusive, de firmar contratosinternacionais, desde que limitados aos negcios particulares e restritos do Estadocontratante. Todas essas constituies foram outorgadas. Portanto, embora os detalhes do

    direito positivo variem, a doutrina reconhece os mesmos princpios fundamentais na base detodas as monarquias alems.

    O ponto de partida dessas teorias sobre a Monarquia Constitucional afirmao de que asConstituies modernas no teriam resultado de revolues e movimentosconstitucionalistas, mas da outorga graciosa do Prncipe. Dessa ideia de que o prncipelimitou o seu poder por meio de um ato puramente voluntrio, a doutrina deduz a primeiraconsequncia geral: o princpio monrquico teria sido preservado integralmente, o que dariaorigem a trs regras bsicas de interpretao constitucional. A primeira, a que o prncipeapenas limitou o seu poder na estrita medida que ele mesmo declarou, portanto ainterpretao deve ser restritiva. O segundo, no caso de deciso de uma questo que no regulada pela Constituio, deve-se recorrer ao direito anterior Constituio. Mas o que

    seria esse direito anterior Constituio? Laband e Jellinek princpio monrquico, queencontra a pureza no Estado absolutista anterior Constituio. A partir desse princpio quea vontade do Estado pertence ao rei e apenas ao Rei. No perodo posterior Constituio, oprncipe possui todas as competncias que tenham sido retiradas pela Constituio, enquantoos demais rgos do Estado s tm as competncias atribudas a eles formal e expressalmentepelo texto constitucional. Na tradio alem, ao contrrio da inglesa, o Rei no encontraria ofundamento dos seus poderes na Constituio, que, pelo contrrio, apenas limitaria aquelespoderes ancentrais e vlidos em si mesmos. Da a terceira regra de interpretaoconstitucional, que seria a ausncia do reconhecimento de qualquer parcela de poder aopovo. Nas monarquias alems, como a Constituio no foi resultado de movimentospopulares e emoes sociais, os reis no se viram obrigados a partilhar o poder com o povo oucom seus representantes. Nessas Constituies, o poder monrquico mantido intacto. A

    manuteno do poder nas mos do Rei foi considerado um princpio lgico. O Rei concentraem si todo o poder pblico. Georg Meyer qualifica como fundamentais tais proposies.

    Nas monarquias alems, o Assembleia legislativa no pode ser considerada co-partcipe do Reino exerccio do poder estatal, ao contrrio do que acontecia assumidamente na MonarquiaConstitucional. Os tericos mais destacadois, como Laband e Jellinek, objetivam demonstrar,ao nvel da Teoria Geral, que esse dualismo seria inadmissvel, no apenas em face dos textosconstitucionais especficos das Monarquias Constitucionais alems, mas logicamenteinconcebvel. A caracterstica essencial do Estado a de constituir uma unidade. Ento, oPoder estatal essencialmente uno e indivisvel. Uma diviso dos Poderes poderia gerar apartilha do Estado em fraes, tendo cada uma frente um Soberano. Ora, constituindo oEstado, por definio, organismo vivo, uma unidade, no se poderia admitir a possibilidade de

    que fosse dotado de mais de uma nica cabea.A diviso dos poderes de Jellinek diferente da concepo de Montesquieu. Jellinek defendeque a diviso de poderes seria a conservao do poder soberana do monarca, comandando,portanto, os demais rgos que em seu nome exercem funo de Estado necessariamenteespecificadas a princpio, construindo a Teoria das funes do Estado a partir de taispremissas. Essa teoria tem um papel importante no desenvolvimento do Estado social. Aps aprimeira guerra mundial, torna-se necessrio a ampliao das funes do Estado, agorainstrumento de planejamento, interveno e assistncia econmico-social. Para que asatividades do Estado sejam desenvolvidas com maior eficincia, precisa-se de um governocentralizador, nesse ponto as teorias de Jellinek contriburam para o desenvolvimento doWelfare State. Como destaca Barthlemy, o objetivo poltico perseguido pela doutrinamonrquica alem da poca consubstancia-se em preservar a Monarquia Constitucional, ouseja, o poder dos monarcas, em face do perigo da experincia j ento generalizada doparlamentarismo, que, de fato, poderia a alterar a prpria forma de governo, ao relegar o

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    rei, ou seja, no passava de uma atividade meralmente formal, em que o objetivo das leis eraobter o a sano real.

    A teoria de Laband

    Para Laband, a teoria da separao dos poderes induziu ao erro de achar que, numamonarquia constitucional, um ato legislativo resultaria de uma acordo entre o Parlamento e oSoberano. Laband destaca que os projetos formulados pelo parlamento no teriam, de formaalguma, nem o mesmo objeto, nem a mesma natureza que o ato de vontade do Monarcaconsubstanciado na sano que erige essa preposio jurdica categoria de lei estatal. Da oimpreciso e generalizado uso de se referir sano rgia como um direito de veto, o vetoabsoluto. Para Laband, se o direito do Soberano fosse propriamente um veto, no seriapossvel nele reconhecer, na realidade, o direito do Monarca de legislar, desconhecendo-se aimperatividade do princpio monrquico que faz dele o centro nico do qual emana toda vidaestatal.

    Laband utiliza o mtodo histrico-dedutivo, ou mesmo exclusivamente lgico-dedutivo, massua concepo cientfica se aproxima da ideia positivismo, mesmo que no utilize os mtodospositivos cnones indutivistas. Para compreender o papel reservado ao rei e Cmara na

    teoria de Laband, exige-se que se proceda distino dos dois elementos que integramqualquer lei estatal: a mxima jurdica que a compe, enquanto o seu contedo, e o comandoestatal que lhe empresta fora obrigatria e vinculante, no qual reside, de forma efetiva, acaracterstica distintiva de uma lei do Estado que nos permite distingui-la de qualquer outramxima jurdica, como das doutrinrias. Assim fica claro o papel de cada um no sistemajurdico, a CMARA destinada a determinar o contedo da lei, e a do Rei, que, mediante asano, emite a ordem que transforma aquela mxima em um comando estatal. O possvelcontedo de uma legislao, as idias, os preceitos a serem estabelecidos, bem podemdecorrer dos costumes, da legislao de um Estado estrangeiro, de algumas obrasdoutrinrias. A atividade de determinao do contedo, para Laband, no exige umacapacidade grande. A interveno do Parlamento e a do Monarca na confeco da lei nopoderiam ser situadas, portanto, no mesmo plano, e tampouco a lei poderia ser configuradacomo um ato complexo, isto , integrado por uma dupla contribuio coincidente sobre omesmo objeto, pois, ainda que as Cmaras e o Monarca tendam, com sua atuao, produoda lei, o contedo e o destinatrio de cada um dos respectivos atos seriam diversos.

    Assiin que, consoante estabelecia a Constituio do Imprio, Labaiid ent k nde que aatividade propriamente 1egislat.iva atribuda ao Bundesrat, composto por representantesdos Soberanos dos Estados federados, pois a ele competiria a sano das leis imperiais. Neleresidiria o Poder de Imperium, enquanto Assemblia dos Estados alemes reunidos nas pessoasde seus delegados. O Reichstag, tal como as Cmaras dos Estados federados, concorreriaapenas para a fixao do contedo da lei, tarefa da qual o Bundesrat igualmente participava.

    A teoria de Jellinek

    A teoria de Laband acolhida por Jellinek, porm com algumas matizes prprias relevantes.Para Jellinek, a atividas das Cmaras no poderia ser reduzida, ou melhor, equiparada quelade uma comisso de juristas. Se verdade que as Cmaras no participam do ato que conferefora imperativa de lei, tambm verdade que a emisso de sano deriva igualmente de suavontade, no sentido que delas depende o monarca para transformar em lei perfeita aproposio legislativa submetida a sua apreciao, e isso porque, distintamente do Monarcaabsoluto, que tudo pode querer para si s, o Monarca Constitucional, especialmente no que serefere confeco das leis, s pode querer aquilo que o Parlamento lhe tenha autorizadopreviamente. Jellinek tambm destaca que o Monarca, ao sancionar a lei do parlamento, noest apenas afirmada a vontade do Parlamento, mas sua prpria vontade. Laband recebealgumas crticas de Jellinek, uma contra a equiparao da competncia atribuda ao

    Parlamento, na confeco das leis, ao labor dos juristas e outra que afirmava que o trabalhodo parlamento no puramente tcnico, jurdico. O Parlamento criara o direito, masapenas em forma de proposies do Direito, enquanto a sano do Monarca convertia esses

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