A Segunda Guerra Mundial em versos de cordel_Geraldo MenezesNeto.pdf

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  • Associao Brasileira de Pesquisadores de Histria da Mdia ALCAR Universidade Federal do Par Belm, PA 12 e 13 de novembro de 2012

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    A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) em versos de cordel: uma anlise dos folhetos do poeta Arinos de Belm1

    Geraldo Magella de Menezes Neto2 Museu Paraense Emlio Goeldi, Belm, PA

    RESUMO No perodo da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a editora Guajarina, de Belm do Par, publicou uma srie de folhetos de cordel sobre o conflito. Entre os poetas que produziram folhetos destaca-se Arinos de Belm, pseudnimo de Jos Esteves. O objetivo deste artigo o de analisar os folhetos produzidos por Arinos de Belm, procurando entender sua particularidade em relao aos outros poetas da editora paraense, j que num primeiro momento escreveu versos elogiosos ao nazismo alemo e posteriormente versos humorsticos em relao Hitler, ditador alemo, e Mussolini, ditador italiano.

    PALAVRAS-CHAVE: Arinos de Belm; Folhetos de cordel; Segunda Guerra Mundial.

    A Segunda Guerra como tema nos folhetos de cordel O historiador ingls Eric Hobsbawm denomina o perodo 1914-1991 como o Breve

    Sculo XX. Segundo o autor, este sculo foi marcado pela guerra. Para Hobsbawm, no h como compreender tal perodo sem fazer referncia ao grande conflito mundial. Para ele, viveu-se e pensou-se em termos de guerra mundial, mesmo quando os canhes se calavam e as bombas no explodiam. (HOBSBAWM, 1995, p. 30). Nesse sentido, o conflito mais marcante desse sculo parece ser a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). De fato, este foi o maior conflito na histria da humanidade, no que tange ao nmero de pases envolvidos, a tecnologia utilizada, as perdas humanas, e as transformaes na geopoltica mundial que causou.

    Desde o incio da Segunda Guerra, quando a Alemanha invade a Polnia em 1 de setembro de 1939, as notcias sobre o conflito ganharam destaque no Brasil e no Estado do Par. As chamadas grandes mdias, como o jornal e o rdio, tratavam diariamente dos acontecimentos da guerra, que se sobrepunham aos acontecimentos locais. Nos jornais, por

    1 Trabalho apresentado no Grupo Temtico Histria da Mdia Impressa, que integra o 2 Encontro Regional

    Norte de Histria da Mdia e 2 Seminrio de Histria, Cultura e Meios de Comunicao na Amaznia, realizados na Universidade Federal do Par, nos dias 12 e 13 de novembro de 2012.

    2 Mestre em Histria Social da Amaznia pela UFPA. Bolsista CNPq do Museu Paraense Emlio Goeldi. E-mail:

    [email protected]

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    exemplo, as notcias da guerra eram matrias de capa, e as notcias locais no raro ficavam relegadas s pginas secundrias.3 Tal profuso de notcias fez com que, conforme aponta Eric Hobsbawm, muitos lugares como os campos de batalha do rtico, da Normandia, de Stalingrado, ou de assentamentos africanos, na Birmnia e nas Filipinas se tornassem conhecidos dos leitores de jornais e radiovintes. Tal faceta desses meios de comunicao permite dizer ainda, de acordo com Hobsbawm, que a Segunda Guerra Mundial foi tambm uma aula de geografia do mundo. (HOBSBAWM, 1995, p. 32).

    Alm da imprensa, a temtica da Segunda Guerra Mundial vai ser alvo de outro veculo de comunicao, que no faz parte da grande mdia, mas que vai dar aos acontecimentos da guerra igual importncia: a chamada literatura de cordel, que circulava por meio de folhetos.4 Para se ter uma ideia disso, Vicente Salles afirma que, em dezembro de 1942, a editora Guajarina5, de Belm do Par, rene num s volume encadernado 12 folhetos sobre a Segunda Guerra Mundial. (SALLES, 1985, p. 238). 6 Essa grande quantidade de folhetos de cordel sobre a Segunda Guerra demonstra o interesse da populao pelo assunto, pois o poeta s escrevia folhetos de interesse do pblico, pois s teria lucro se o que era tratado atrasse compradores de folhetos.

    3 Ao analisarmos, por exemplo, os jornais O Estado do Par e Folha Vespertina no perodo da guerra, poucas

    vezes encontramos notcias locais como matrias de capa, que se dedicavam quase que exclusivamente as ltimas notcias sobre o conflito mundial. 4 Mrcia Abreu afirma que para adequar-se estrutura oficial da literatura de cordel, um texto deve ser escrito

    em versos setessilbicos ou em dcimas, com estrofes de seis, sete ou dez versos. Deve seguir um esquema fixo de rimas e deve apresentar um contedo linear e claramente organizado. Deve, portanto, ter rima, mtrica e orao. (ABREU, 1999, p. 119). O principal suporte do cordel o folheto, que impresso em papel pardo, de m qualidade, medindo de 15 a 17 x 11 cm. Nas capas se estampam o nome do autor, os ttulos dos poemas, o nome da tipografia impressora e seu endereo. Algumas vezes, a data de publicao, o preo, a indicao do local de venda. (TERRA, 1983, p. 23). Em relao ao nmero de pginas, Joseph Luyten aponta que o folheto feito a partir de uma folha tipo sulfite dobrada em quatro. Por isso, o nmero de pginas da literatura de cordel deve ser mltiplo de oito, j que cada folha sulfite dobrada em quatro d possibilidade para oito pginas impressas. (LUYTEN, 2005, p. 45). Podemos dizer que hoje a internet tambm se apresenta como um suporte do cordel. 5 A editora Guajarina foi criada em Belm no ano de 1914, tendo como editor o pernambucano Francisco Lopes

    (1878-1946). Alm da literatura de cordel, a editora publicava revistas como O Mondrongo e Guajarina, assim como uma coleo de modinhas. A editora encerra as suas atividades no ano de 1949. Segundo Vicente Salles, a Guajarina foi o maior fenmeno editorial do Par e seguramente um dos maiores do Brasil, no campo da literatura de cordel. Sobre a Guajarina, ver SALLES, 1971, 1985; e MENEZES NETO, 2012. 6 So os seguintes: Nascimento do Anti-Christo, de Abdon Pinheiro Cmara; A guerra da Itlia com a

    Abyssinia, de Z Vicente; A batalha do Sarre, de Arinos de Belm; O afundamento do vapor allemo Graff-Spee, de Z Vicente; A Allemanha comendo fogo, de Z Vicente; A Allemanha contra a Inglaterra, de Z Vicente; A guerra da Alemanha e da Polnia, de Arinos de Belm; A batalha da Alemanha contra a Rssia, de Z Vicente; O fim da guerra, de Z Vicente; O Japo vai se estrepar!, de Z Vicente; O Brasil rompeu com eles, de Z Vicente; e As escrituras e a guerra atual, de Apolinario de Souza. (SALLES, 1985, pp. 238-239). Esse nmero foi maior, j que Salles no cita, por exemplo, dois folhetos humorsticos de Arinos de Belm: O Testamento de Hitler e Mussolini, o Ditador. Alm disso, tambm encontramos referncias aos folhetos sobre a guerra na revista Par Ilustrado, de janeiro de 1943, a qual trazia o seguinte anncio: Leiam: A Alemanha metida num saco. Efusiante folheto de Z Vicente, venda em Belm. (PAR ILUSTRADO, 9 de janeiro de 1943, p. 32).

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    Dentre os poetas que produziram folhetos sobre a Segunda Guerra podemos destacar o poeta Arinos de Belm, pseudnimo de Jos Esteves. Vicente Salles aponta que o poeta era natural de Belm, filho de espanhis, com atividades intelectuais diversificadas no jornalismo, colaborando nas revistas Guajarina e A Semana. Fez parte do grupo liderado por Ernani Vieira, em torno do qual conviviam os pequenos literatos que no tinham facilidades para ingresso nos jornais e revistas de maior conceito. (SALLES, 1985, p. 185). No acervo do Museu da UFPA encontramos 18 folhetos do poeta,7 vrios sobre o tema do cangao tendo Lampio como personagem principal. Alm disso, Arinos de Belm publicou folhetos sobre crimes de grande repercusso, como a histria do crime da Praa da Repblica, que trata do assassinato da peruana Izabel Tejada em Belm, caso que teve ampla repercusso na sociedade paraense no final de 1942 e incio de 1943.8

    Podemos dizer que os folhetos de Arinos de Belm sobre a Segunda Guerra pertencem temtica dos chamados ltimos acontecimentos. So denominados folhetos de acontecido (CURRAN, 2001); folhetos jornalsticos ou noticiosos (LUYTEN, 1992); ou ainda folhetos de poca. (TERRA, 1983). Esses folhetos informam sobre casos de grande repercusso, desde acontecimentos locais como crimes, acidentes, mortes de polticos importantes, at acontecimentos de mbito nacional e internacional, como revolues e guerras.

    Vrios autores destacam a importncia desses tipos de folhetos como meio de informao. Joseph Luyten, por exemplo, discute a idia de que esses folhetos constituem um sistema de Jornalismo Popular, resguardadas as suas caractersticas de aperiodicidade, mbito restrito e estruturao potica. (LUYTEN, 1992, p. 13). J Mark Curran amplia a abordagem de Luyten, ao dizer que o cordelista tambm historiador popular. Para Curran, o cordel como crnica potica e histria popular a narrao em versos do poeta do povo no seu meio, o jornal do povo. (CURRAN, 2001, p. 20). Vicente Salles tambm ressalta a importncia da literatura de cordel como meio de informao, destacando que a histria mundial e a do Brasil, bem como os acontecimentos locais marcantes, se tornam acessveis ao povo, graas literatura de cordel. (SALLES, 1985, p. 153). Desse modo, o objetivo deste trabalho o de analisar os folhetos de cordel produzidos pelo poeta Arinos de Belm sobre a Segunda Guerra Mundial. Utilizaremos trs folhetos: A

    7 Certamente o nmero de folhetos publicados por Arinos de Belm maior, j que s esto disponveis no

    Museu da UFPA os folhetos que foram coletados pelo folclorista Vicente Salles durante as suas pesquisas, ou seja, os folhetos os quais ele teve acesso. 8 Para uma anlise comparativa entre os jornais e os folhetos de cordel a partir do caso do crime da Praa da

    Repblica, ver MENEZES NETO, 2011. Sobre a relao entre imprensa e cordel no Par, ver ainda LACERDA, 2008.

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    batalha do Sarre, Mussolini, o ditador e O testamento de Hitler.9 A importncia de analisar esses folhetos que eles demonstram uma particularidade do poeta, que num primeiro momento publicou versos elogiosos Alemanha nazista, demonstrando a sua simpatia pelo Eixo, mas depois publicou versos humorsticos em relao aos lderes do Eixo, Adolf Hitler e Benito Mussolini.

    A batalha do Sarre e a simpatia pela Alemanha nazista10 A batalha do Sarre provavelmente o primeiro folheto de Arinos de Belm sobre a Segunda Guerra Mundial. Apesar de no indicar a data de publicao, podemos supor que tenha sido publicado entre 1940 e 1941, j que trata da guerra entre Alemanha e Frana sem dizer o resultado final, que se deu com a derrota francesa em junho de 1940, e tambm porque sugere que foi publicado antes da entrada da Unio Sovitica na guerra, em junho de 1941, como apontam os versos: se a Rssia entrar em guerra/ trinta naes vo lutar. (BELM, s/d, p. 12).11 importante nos referirmos ao contexto em que foi publicado este folheto. O perodo entre 1939 e 1941 marcado pelas vitrias do Eixo na guerra. At o final de 1941 a Alemanha ocupava a maior parte da Europa, e estava invadindo a Unio Sovitica. O Japo ocupava vrias ilhas do Pacfico e atacou a base norte-americana de Pearl Harbor. Tropas alems e italianas ocupavam o norte da frica, alastrando a guerra para outro continente.

    Segundo Vicente Salles, o folheto A batalha do Sarre se inicia de forma romntica, at parece um romance-de-guerra: fala de bosques e de aves cantoras, do filho que se despede da me e vai para o campo de batalha lutar, como o pai lutara em outros conflitos. (SALLES, 1985, p. 242). A primeira parte do folheto (o folheto tem 16 pginas) segue nesse tom romntico, com o poeta fazendo referncia at aos deuses mitolgicos: Minerva e Marte se juntam/ dos canhes nos mesmos trilhos/ e tecem a trama imensa/ na qual pem fortes atilhos,/ e nos campos de batalha/ Saturno devora os filhos. (BELM, s/d, p. 9).

    A partir da pgina 12, Arinos de Belm vai tratar dos pases envolvidos, seus regimes de governo, os motivos da batalha e suas conseqncias para o mundo. O poeta chama a ateno para a importncia da batalha: Dessa batalha to terrvel/ difcil de se narrar,/ depende a sorte do mundo/ j prestes a se arrastar. (BELM, s/d, p. 12).

    9 Arinos de Belm tambm produziu o folheto A guerra da Alemanha e da Polnia, contudo, no conseguimos

    localizar esse folheto. 10

    Observao: os versos citados neste trabalho seguem a escrita da poca em que foram publicados. 11

    O folheto indicava que se tratava de um 1 Fascculo, recomendando ao leitor que aguardasse brevemente a 2 Parte. No sabemos se essa segunda parte chegou a ser realmente publicada.

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    Nas duas estrofes seguintes Arinos de Belm trata das ideologias envolvidas na guerra, o que aponta que essa guerra tambm era uma guerra ideolgica:

    O mundo ento lutar entre dois fortes partidos que desde a guerra passada ao mundo foram trazidos: -Socialistas-democratas, comunistas j perdidos. (BELM, s/d, p. 13).

    A social democracia luta emfim por derrotar o colosso moscovita num golpe espetacular implantando as ditaduras Hitler, Vargas, Salazar. (BELM, s/d, p. 13).

    Na primeira estrofe, o poeta aponta as duas ideologias que estavam em luta, os dois fortes partidos: a social democracia e o comunismo. Aqui necessria uma explicao: o que Arinos de Belm considera como social democracia so os regimes totalitrios, como o nazismo e o fascismo. Ele no classifica as ideologias envolvidas na guerra em trs (regimes totalitrios, democracias liberais e o socialismo sovitico), mas sim em dois (social democracia e comunismo). Devemos lembrar que Arinos de Belm simptico ao Eixo, e procura retratar positivamente esse grupo, no classificando esses pases como totalitrios, o que poderia ter uma conotao negativa, mas como social democratas. A origem dessas ideologias, segundo Arinos de Belm, da guerra passada, ou seja, da Primeira Guerra Mundial.

    Na segunda estrofe, Arinos descreve o papel dos pases da social democracia: A social democracia/ luta emfim por derrotar/ o colosso moscovita. O grande inimigo a ser derrotado era o comunismo da Unio Sovitica, e os responsveis por eliminar esse mal era o Eixo. O poeta faz referncias s ditaduras de Hitler, Vargas, Salazar. Aqui o termo ditadura ganha uma conotao positiva, pois elas ocorreram num golpe espetacular para derrotar o colosso moscovita. Esses trs personagens - Hitler, ditador alemo, Vargas, ditador brasileiro, e Salazar, ditador portugus eram nomes significativos no combate ao comunismo. O comunismo s seria combatido atravs da implantao de ditaduras, que representariam a social democracia, que para o poeta o melhor regime de governo.

    Arinos de Belm se volta para a Frana e aponta que esta era agora comunista:

    A Frana herica de outrora deixou-se atirar ao abysmo

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    da doutrina revoltante de Lenine o comunismo, vendo-se hoje aperriada do hitlerismo e do fascismo. (BELM, s/d, p. 13).

    Dessa batalha do Sarre depende a sorte do mundo, pois se a Frana vence a luta o descalabro profundo, e o comunismo francez tem de morrer um segundo. (BELM, s/d, p. 13).

    Nessas estrofes Arinos de Belm associa a Frana ao comunismo. Tal associao pode ter sido feita devido o Primeiro-ministro francs do incio da guerra, Edouard Daladier, ser membro de um partido mais relacionado esquerda francesa, o Partido Radical.12 Contudo, isso no significava que a Frana havia se tornado comunista. Mas para Arinos de Belm, a Frana deixou-se atirar ao abysmo/ da doutrina revoltante/ de Lenine o comunismo. O poeta relaciona o comunismo com o nome de Lnin, o lder da Revoluo Russa, e o classifica como doutrina revoltante, expressando a sua repulsa pelos pases que adotaram essa forma de governo. A culpa pela guerra entre a Alemanha e a Frana seria da prpria Frana, que devido ter se tornado comunista via-se hoje aperriada/ do hitlerismo e do fascismo. A Alemanha, e tambm a Itlia, j que citado o fascismo, salvariam a Frana da doutrina revoltante. Arinos de Belm tambm revela certo temor da Frana vencer a Alemanha, pois se a Frana vence a luta/ o descalabro profundo. O mundo cairia na desordem, e para isso no acontecer o comunismo francez/ tem de morrer um segundo, ou seja, deveria ser eliminado rapidamente. A importncia da batalha do Sarre se devia principalmente ao risco de uma vitria da Frana, que para o poeta era tambm a vitria do comunismo, da a valorizao da Alemanha pelo autor, pois este pas seria o responsvel por no deixar que o comunismo triunfasse e o mundo casse na desordem. Em outra estrofe, o poeta aponta um apoio dos governos Alemanha: Os governos democratas/ correm perigos sem fim,/ e por isso esto do lado/ do governo de Berlim,/ olhando a marcha da luta/ do princpio at o fim. (BELM, s/d, p. 14). Se traduzirmos fielmente os versos, sem critic-los, chegaramos concluso de que pases como Inglaterra, Estados Unidos, dentre outros, estavam ao lado da Alemanha contra a Frana. Entretanto, os governos democratas citados seriam os outros pases ditatoriais, como a Itlia, Portugal,

    12 Informaes sobre o Primeiro-ministro da Frana Edouard Daladier consultadas no site:

    http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/EdouDala.html. Acesso em outubro de 2012.

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    Espanha e quem sabe at mesmo o Brasil. Arinos de Belm inverte os conceitos de democracia e totalitarismo, caracterizando os pases do Eixo como democratas.

    Arinos de Belm tambm faz uma descrio da Inglaterra e do regime nazista:

    A Inglaterra astuciosa comunista em larga escala, faz a vez de gente falsa e por sua vez propala esmagar o hitlerismo a comear pela sala. (BELM, s/d, p. 14).

    Mas o hitlerismo somente quer do seu povo a grandeza, liberdade, crena, as artes, barriga cheia, riqueza, trabalho honesto, alegria, inteligncia e nobreza. (BELM, s/d, p. 14).

    Na primeira estrofe, Arinos faz um ataque direto Inglaterra, acusando-a de astuciosa/ comunista em larga escala/ faz a vez de gente falsa. A utilizao do termo comunista em relao Inglaterra deve ter sido feita pelo fato de ela estar ao lado da Frana, a verdadeira comunista, e contra a Alemanha, o pas que combate o comunismo. Devido a Inglaterra querer esmagar o hitlerismo, ela faz a vez de gente falsa, pois oficialmente diz que repudia o comunismo, mas est contra a Alemanha, e no ao lado dela para juntas eliminarem o mal maior, que o comunismo. Na segunda estrofe h um elogio ao hitlerismo. Esse regime alemo seria caracterizado por se preocupar com o povo em diversas questes, como a liberdade, que estaria relacionada a no pertencer a uma sociedade comunista, portanto o nazismo seria um regime de liberdade; barriga cheia, preocupao em alimentar o povo, no deix-lo morrer por falta de alimentos; trabalho honesto e riqueza, que estariam diretamente associados a alegria, o nazismo proporcionaria a riqueza do povo atravs do trabalho, o que traria alegria e no sofrimento; inteligncia e nobreza, relacionadas com crena e as artes, transmitindo uma ideia de que o povo alemo era superior aos outros, que tinha uma inteligncia acima dos demais e que era um povo nobre, pois tinha um sangue ariano. Nessa estrofe Arinos de Belm revela a sua defesa em relao ao nazismo alemo. No entanto, nos dois prximos folhetos de Arinos de Belm essa posio de defesa do nazismo e do Eixo na Segunda Guerra Mundial ir se alterar. Tratemos agora desses dois folhetos

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    Dois folhetos humorsticos: O Testamento de Hitler e Mussolini, o Ditador Alm do folheto A batalha do Sarre, publicado na coleo de 12 folhetos de cordel da

    Guajarina indicados por Vicente Salles, Arinos de Belm publicou mais dois folhetos sobre o tema da Segunda Guerra Mundial: O Testamento de Hitler e Mussolini, o Ditador. Esses folhetos se diferenciam completamente do primeiro publicado pelo poeta: eles no tratam dos eventos da guerra, antes procuram fazer uma descrio humorstica de Adolf Hitler, ditador alemo, e Benito Mussolini, ditador italiano. Alm disso, Arinos de Belm parece esquecer a simpatia que tinha pela Alemanha nazista e pelo Eixo e passa a retratar Hitler e Mussolini de forma caricata. Os folhetos no so datados, mas provavelmente foram produzidos no final da guerra, entre os anos de 1944 e 1945, pois Hitler (na fala do poeta) j admite a derrota, e o poeta fala na morte de Mussolini, que ocorreu em 1945. Em O Testamento de Hitler, a narrativa feita em primeira pessoa, como se Hitler estivesse relatando as suas atitudes no desenrolar da guerra. Segundo Arinos de Belm, Hitler, que era austraco, odiava a Alemanha, e seu objetivo era destru-la:

    Agora deixo bem claro qual era a minha inteno: Riscar o Reich do mapa para no ser mais nao e fazer a ustria grande que era a minha questo. (BELM, s/d, p. 12).

    J no fim da guerra, com a derrota iminente, Hitler, de acordo com Arinos de Belm, ainda tem a esperana de ficar vivo e no ser preso:

    Desejo que o Tio San e o amigo Joo Bull no me ponham no xadrez mas sim num cu todo azul ou na Hespanha ou Portugal Argentina ou Stambul. (BELM, s/d, p. 15).

    Tio San e Joo Bull representam Estados Unidos e Inglaterra. Hitler tinha a esperana que esses pases no iriam prend-lo, mas que algum pas iria conceder o chamado asilo poltico. A referncia a pases como Espanha, Portugal, Argentina e Turquia

    explicada pelo fato desses pases se manterem neutros durante a guerra, no entrando em guerra com a Alemanha. Os governos desses pases eram mais semelhantes aos regimes totalitrios, sendo assim mais fcil eles concederem asilo a Hitler aps a derrota da Alemanha. No folheto Mussolini, o Ditador, Arinos de Belm retrata a vida de Mussolini, desde o seu envolvimento com o socialismo, depois com o fascismo, sua ascenso como ditador da

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    Itlia, e depois sua entrada na guerra. A entrada da Itlia na guerra, pelo olhar do poeta, seria fruto das ambies polticas de Mussolini:

    E assim que a guerra rebenta ele acompanha a Alemanha e julgando-se invencvel nesta terrvel campanha sacde a Itlia na guerra com sua ambio tamanha. (BELM, s/d, p. 14).

    Aps vrias derrotas e com a ocupao da Itlia pelas foras aliadas, Mussolini morto em 1945. Arinos de Belm descreve a morte do ditador italiano da seguinte maneira:

    E depois de tanto tempo foragido aqui e ali e Mussolini captivo conforme se soube aqui e em Milo enforcado perante o povo dali. (BELM, s/d, p. 16).

    Vaiado e escarnecido pela grande multido que satisfeita o queimaro numa praa de Milo; esse povo libertou-se do agressor de uma nao. (BELM, s/d, p. 16).

    Percebe-se assim, a partir da leitura dos folhetos O testamento de Hitler e Mussolini, o Ditador, que Arinos de Belm procurou satirizar os ditadores do Eixo. Tais folhetos, que no deixam de informar o pblico, como no caso do folheto sobre Mussolini, assumem uma caracterstica bastante distinta de A batalha do Sarre, que justamente o tom humorstico utilizado, ao contrrio do tom mais srio do primeiro folheto.

    O contexto do Estado Novo e a censura do DIP Aps analisarmos os trs folhetos de Arinos de Belm sobre a Segunda Guerra Mundial, como podemos explicar a mudana de postura do poeta, que em um primeiro momento mostra-se favorvel ao Eixo e depois satiriza os lderes totalitrios, Hitler e Mussolini? Para respondermos a essa questo torna-se necessrio entendermos o contexto histrico no qual o Arinos de Belm escreveu. Em primeiro lugar, no se pode esquecer que o poeta produziu folhetos no contexto do regime do Estado Novo. Em novembro de 1937 o presidente Getlio Vargas fechou o congresso nacional com o apoio do exrcito sob o pretexto da ameaa comunista. A partir de

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    ento, uma srie de medidas de represso aos opositores foram tomadas com o objetivo de fortalecer o poder central. Nesse contexto, o Estado Novo cria o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Segundo Maria Celina DAraujo, o DIP no s preparava o material de propaganda do governo como controlava com censores todas as matrias da imprensa escrita e falada. (ARAUJO, 2000, pp. 38-39). A imprensa deveria ter a funo pblica de apoiar o governo e auxiliar no projeto nacional, e quem no agisse poderia ser punido inclusive com a desapropriao de seus bens. (ARAUJO, 2000, p. 38). Com o incio da Segunda Guerra Mundial, o Brasil adota a postura de neutralidade diante do conflito.13 Esse perodo de neutralidade, que vai at o incio de 1942, caracterizado por uma diviso dentro do governo brasileiro em tomar uma posio. O Ministrio de Getlio Vargas estava dividido: de um lado estava Oswaldo Aranha, ministro das Relaes Exteriores, que era favorvel a uma aliana com os Estados Unidos, ao lado dos Aliados; j do outro lado estavam Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra, e Ges Monteiro, chefe do Estado-Maior do Exrcito, que eram favorveis a uma aliana com o Eixo.

    Essa diviso interna sobre qual a melhor posio a ser tomada no aparecia na imprensa, j que a mesma sofria censura do DIP. No interessava ao governo tornar pblicas essa diviso, e sim dizer que o pas era um s, unido e coeso. Nesse sentido, a imprensa divulgava os acontecimentos da guerra, mas no cobrava do governo uma atitude de envolvimento no conflito, ao contrrio, elogiava a posio de neutralidade, de que o Brasil deveria se manter distante da guerra.

    Os folhetos de cordel tambm vo adotar esse discurso, de que o melhor a ser feito pelo Brasil era se manter distante da guerra. Apesar de alguns poetas demonstrarem simpatia a um dos lados em conflito, eles se limitam a relatar os acontecimentos, sem fazer cobranas ou crticas ao Estado Novo. Vicente Salles aponta que a abordagem da guerra nos folhetos mostram a habilidade do poeta em informar seus leitores e, de alguma forma, contribuir para a formao da opinio pblica. (SALLES, 1985, p. 239). Desse modo, no perodo 1939-1941, o perodo de neutralidade do Brasil, o poeta Arinos de Belm vai demonstrar uma simpatia pela Alemanha nazista. A escolha pela Alemanha nazista no era uma escolha das mais absurdas no perodo anterior guerra e

    13 Segundo Gerson Moura, no caso do Brasil, a neutralidade diante da guerra na Europa entre 1939 e 1941

    beneficiou-se de trs fatores. Primeiro, a neutralidade dos EUA, que definiram para si prprios e para todo o continente a disposio de ficar de fora da guerra europia. Segundo, a convico das lideranas militares brasileiras de que o pas no se encontrava preparado para enfrentas as conseqncias de uma guerra moderna. Terceiro, a diviso poltica entre o Estado e a sociedade em relao melhor aliana externa para o pas. (MOURA, 1993, p. 188).

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    principalmente com o avano alemo na Europa nos anos de 1940-41. Segundo Antonio Pedro Tota, a ideologia do germanismo era atraente para muitos brasileiros que pensaram o futuro do pas na dcada de 1930 e no incio da dcada de 1940. O germanismo era, pois, um outro paradigma, que se apresentava como alternativa dependncia em relao Inglaterra e crescente influncia dos Estados Unidos. (TOTA, 2000, p. 23). Arinos de Belm tambm no cobra uma atitude de envolvimento do Brasil no conflito, de acordo com o que propagava o Estado Novo. Tal postura igualmente pode ser observada em outro poeta que escreveu folhetos sobre a Segunda Guerra Mundial, o poeta Z Vicente,14 que apesar de demonstrar preferncia pela Inglaterra contra a Alemanha, indo num sentido contrrio Arinos de Belm, tambm vai concordar com a postura de neutralidade do Estado Novo, como apontam os versos abaixo:

    Mas aqui do nosso lado barulheira ningum faz, quem quizer meter o peito a gente empurra pra traz, pois no nosso continente o programa haver paz. (VICENTE, 25/07/1945, p. 16).

    O ataque japons base norte-americana de Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941 vai levar o Brasil a um alinhamento incondicional aos Estados Unidos e aos Aliados. Em 28 de janeiro de 1942, durante a III Conferncia dos Chanceleres no Rio de Janeiro, o Brasil rompe relaes diplomticas com os pases do Eixo (Alemanha, Itlia e Japo). A declarao de guerra, aps os afundamentos de navios mercantes, vai ocorrer em 22 de agosto do mesmo ano.

    Nesse novo contexto, todos os que se mostraram simpatizantes dos pases do Eixo eram vistos como inimigos. Alm da perseguio aos sditos do Eixo, descendentes de alemes, italianos e japoneses, havia a caa aos chamados quinta-coluna. O quinta-coluna seria aquele que agiria no territrio brasileiro para contribuir com a vitria do Eixo na guerra. Seriam espies que informavam dentre outras coisas o horrio de sada dos navios dos Aliados para serem afundados por submarinos no Atlntico. Com os sucessivos afundamentos

    14 Z Vicente era pseudnimo de Lindolfo Marques de Mesquita. Durante longo tempo, quando jovem, fez

    jornalismo. Reprter da Folha do Norte, criou a coluna com crnicas humorsticas Na polcia e nas ruas. Passou depois para o jornal O Estado do Par. Lindolfo Mesquita fez carreira administrativa e poltica. Foi prefeito da cidade de Vigia (1933), diretor do DEIP (Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda) em 1943, diretor da Biblioteca e Arquivo Pblico do Par (1944), deputado estadual (1947-1950) e juiz do Tribunal de Contas em 1957-1958 e 1967. Segundo Vicente Salles, alado nessas elevadas posies, repudiou a literatura de cordel. Mas, em tempos difceis, o folheto chegou a sustent-lo. (VICENTE, 2000, p. 10).

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    de navios mercantes brasileiros pelos submarinos do Eixo, os jornais e os prprios folhetos de cordel, principalmente do poeta Z Vicente, iro alertar para o perigo dos espies no territrio brasileiro.15 Assim, se torna mais fcil entender as razes pelas quais o poeta Arinos de Belm no produziu mais folhetos de elogio Alemanha nazista. Aps o rompimento de relaes do Brasil com o Eixo em janeiro de 1942, Arinos no tinha mais a liberdade de demonstrar a sua simpatia pela Alemanha, havia um limite, pois o regime do Estado Novo exigia que todos estivessem ao lado de Getlio Vargas na luta contra o Eixo. Quem demonstrasse simpatia pelo Eixo era visto como inimigo do Brasil, como quinta-coluna, e poderia ser preso. Dessa maneira, para dissipar qualquer dvida de que ele no era um quinta-coluna, e para demonstrar que estava ao lado do Brasil, o poeta produz dois folhetos de cordel retratando de forma caricata os ditadores do Eixo.

    Entretanto, no se pode descartar que Arinos de Belm tenha continuado a publicar folhetos favorveis a Alemanha nazista. Tais folhetos podem no ter circulado devido censura do DIP. Mark Curran afirma que os poetas humildes ainda estavam sujeitos censura do governo, poca da criao do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) do regime de Getlio. (CURRAN, 2001, p. 119). Um bom exemplo disso o caso do poeta e editor Joo Martins de Athayde, de Recife, que segundo Curran, teria queixado-se de haver nada menos que cinco poemas novos detidos pelos censores, em outubro de 1944. (CURRAN, 2001, p. 119). Nesse sentido, os poetas vo se posicionar de acordo com o que propagava o Estado Novo. Era mais fcil publicar folhetos elogiosos ao regime, de louvao ao Brasil, do que criticar o governo. importante ressaltar que os poetas escreviam os folhetos num contexto de limites e possibilidades: enquanto podiam manifestar suas preferncias, assim o faziam. Contudo, aps o envolvimento do Brasil na guerra, no havia mais possibilidades, tinham que produzir folhetos exaltando o Brasil e repudiando o Eixo. Apesar disso, seus versos no so menos importantes, ou meros reprodutores da ideologia dominante, pois como jornalistas populares cumpriam sua funo de informar os ltimos acontecimentos, transformando as notcias do jornal para uma linguagem em versos dos folhetos, atendendo demanda da populao, cada vez mais vida por assuntos referentes s batalhas da Segunda Guerra Mundial.

    15 Para uma anlise dos versos de Z Vicente contra os quinta-coluna e a representao dos japoneses nos

    folhetos de cordel, ver MENEZES NETO, 2008.

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    _______________. O que literatura de cordel. So Paulo: Brasiliense, 2005.

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