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DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.11 n.4 ago/10 ARTIGO 01 A sistematização de informações sobre desmatamento da Amazônia na perspectiva do direito à informação The systematization of information about the Amazon deforestation and the right to information por Lucivaldo Vasconcelos Barros e Rodrigo Oliveira de Paiva Resumo: O estudo faz uma análise sobre a sistematização de informações ambientais no Brasil, na perspectiva do direito à informação, a partir de critérios de acessibilidade. Um destaque particular é dado à sistematização de informações sobre o desmatamento da floresta amazônica. Como elementos importantes, o trabalho introduz discussões acerca da realidade na Amazônia Legal, com ênfase à questão florestal, cujo objetivo é permitir uma reflexão sobre a importância desse bioma no equilíbrio e na qualidade de vida, em nível local, regional e global. O texto emprega uma metodologia para avaliar as fontes de pesquisa disponíveis na Web e destaca a informação como instrumento essencial na condução de políticas ambientais, bem como na conscientização da preservação da floresta para usos múltiplos sustentáveis. Palavras-chave: Informação ambiental; Sistema de informação ambiental; Direito à informação; Desmatamento da Amazônia; Acessibilidade. Abstract: This study analyses the systematization of environmental information in Brazil, in the perspective of the right to information and based on accessibility as a criteria. Special attention is given to information about deforestation in the Amazon. The study introduces elements which are important to the discussion about the reality of the Brazilian Amazon and forest issues. The aim is to allow a reflection on the importance of this biome in the ecological equilibrium and life quality at local, regional and global levels. The study evaluates available internet research sources and points to information as an essential instrument for the implementation of environmental policies, as well as awareness for forest preservation and sustainable multiple uses. Key words: Environmental information; System of environmental information; Right to information; Amazon deforestation; Accessibility. Introdução A metade do tempo que se levou para realizar a presente atividade de pesquisa* foi gasto com a garimpagem de dados sobre desmatamento da floresta amazônica. Não há dúvida sobre a quantidade fascinante e atrativa de “informações” disponíveis hoje acerca do tema em questão. Uma simples busca realizada no dia 12 de março de 2010 pela expressão “desmatamento da amazônia", utilizando a ferramenta de pesquisa do Google resultou em 4,9 milhões de registros (links), cuja mostra foi apresentada na tela do computador em fração de segundos (0,22s). A proliferação da informação foi intensificada com as Tecnologias de Informação e Comunicação, sobretudo com o advento da internet. Para muitos cidadãos a escassez de informação transformou-se rapidamente em excesso de dados. O desejo de acesso cedeu lugar à ansiedade de como lidar com a quantidade de informações e escolher aquelas verdadeiramente confiáveis. São dados, em sua maioria, desprovidos de informações precisas, capazes de permitir uma consciência crítica ao homem médio, em relação à situação da floresta. Nesse sentido, sistematizar informações surge como um importante mecanismo de controle e de subsídios para a tomada de decisões políticas ambientais. Contudo, esses instrumentos devem garantir ao cidadão certo grau de acessibilidade, não apenas como um recurso tecnológico, mas principalmente visando o desenvolvimento social, cultural e ambiental do cidadão e da sociedade em geral. Conhecer a realidade amazônica é conhecer o potencial de sua população tradicional e local, bem como de seus recursos naturais, tanto em relação aos recursos madeireiros como os farmacológicos, os genéticos, dentre outros bens de usos múltiplos sustentáveis. Diante desse contexto, o objetivo deste artigo é instigar uma reflexão acerca da sistematização de informações ambientais no Brasil, em particular sobre desmatamento da Amazônia Legal, sob a ótica do direito à informação, a partir de critérios de acessibilidade. Em função do objetivo proposto, o trabalho está estruturado em sete seções, sendo a primeira a introdução, com a síntese das idéias e das preposições apresentadas no estudo. A segunda seção introduz uma discussão em relação à realidade amazônica e os problemas mais presentes na região. A terceira seção destaca a questão florestal, objetivando permitir uma reflexão sobre a importância desse Bioma no equilíbrio e na qualidade de vida, em nível local, regional e global. A quarta seção apresenta um breve panorama sobre o desmatamento da floresta da Amazônia Legal. A proposta da quinta seção é provocar uma reflexão acerca da importância de se conhecer o desmatamento, por meio da sistematização de dados e utilizar a informação como instrumento de controle, combate e preservação da floresta amazônica. As análises resultantes da metodologia empregada para avaliação das fontes pesquisadas são apresentadas e discutidas na sexta seção. Por fim, na sétima seção, as considerações finais são apresentadas. Realidade amazônica: um mosaico de problemas Historicamente, a feição da exploração dos recursos existentes na região amazônica tem sido determinada pela vertente econômica. É comum se afirmar que a Amazônia é o tesouro da humanidade e isso remete, invariavelmente, à riqueza. Diante disso, a corrida em busca pelo aproveitamento de seu potencial natural tem gerado uma disputa acirrada, seja no campo econômico, seja na seara política ou ideológica. Antes, atribuía-se uma forte carga semântica à floresta amazônica, um dos principais bens da região. Era comum se falar em “selva amazônica”, como algo perigoso e que precisava ser destruído. Essa visão favoreceu uma intervenção ideológica na ocupação desordenada da região. De outro lado, havia também a visão romântica, dos defensores da floresta intocável, podendo ser ilustrada na expressão “pulmão do mundo”. E assim a Hileia dos naturalistas Alexander Von Humboldt e Aimé Bonpland foi ganhando contornos variados e chamando a atenção do mundo para a causa ambiental. Muito se diz em relação aos benefícios econômicos que a biodiversidade amazônica pode gerar. Dentre os mais comuns, fala-se da descoberta de curas pelas plantas medicinais; dos conhecimentos tradicionais imateriais; das preciosidades minerais; do manancial de água contido no Bioma Amazônia, da fauna e da flora; dos ativos de carbono e assim por diante. Em quase todos esses exemplos se recorre logo ao preceito econômico, onde cada bem em sua forma bruta é logo materializado e convertido em valor monetário, pouco se atribuindo valores ambientais, culturais, éticos etc. Ocorre que esse modelo de desenvolvimento privilegia a riqueza da minoria, enquanto a pobreza e a destruição ambiental só fazem aumentar. Não que o aspecto econômico seja desnecessário, ao contrário, ele cumpre seu papel na sociedade contemporânea. O que se questiona é o encantamento e o endeusamento da exploração pela exploração, sem levar em conta aspectos da sustentabilidade. E se não se pensar nessas questões, é bem possível que os descendentes da geração atual não conseguirão usufruir os benefícios oferecidos pela natureza e em particular os proporcionados pela Amazônia, pois as pesquisas estão aí para mostrar o quanto a pressão humana tem sido avassaladora, onde a experiência secular das tentativas de ocupação da região revela que a estratégia de seu desenvolvimento não pode pretender se exercer continuamente no eixo econômico, sob pena de tornar irreversível a degradação ambiental. Quando Beck (2002) e Leff (2002) afirmam que o meio ambiente encontra-se envolto a sérios riscos provocados pela sociedade pós-industrial, inclusive com o comprometimento da vida no planeta, não há nada de exagero nesse vislumbrar. Basta lembrar quantas matas já foram derrubadas; quantas nascentes foram destruídas; quantas espécies de frutas e animais subsistem à extinção; quanta gente vivendo na miséria absoluta e quanto minério sendo extraído, sem que seja garantida uma riqueza estável e equitativa para a maioria da população. A Amazônia, com seus belos rios navegáveis, uma diversidade cultural extravagante, um povo nativo com seus saberes tradicionais (índios, seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, caboclos etc.), as florestas, além das espécies

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DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.11 n.4 ago/10 ARTIGO 01

A sistematização de informações sobre desmatamento da Amazônia na perspectiva do direito à informaçãoThe systematization of information about the Amazon deforestation and the right to information

por Lucivaldo Vasconcelos Barros e Rodrigo Oliveira de Paiva

Resumo: O estudo faz uma análise sobre a sistematização de informações ambientais no Brasil, na perspectiva do direito à informação, a partir de critérios de acessibilidade. Um destaqueparticular é dado à sistematização de informações sobre o desmatamento da floresta amazônica. Como elementos importantes, o trabalho introduz discussões acerca da realidade naAmazônia Legal, com ênfase à questão florestal, cujo objetivo é permitir uma reflexão sobre a importância desse bioma no equilíbrio e na qualidade de vida, em nível local, regional eglobal. O texto emprega uma metodologia para avaliar as fontes de pesquisa disponíveis na Web e destaca a informação como instrumento essencial na condução de políticas ambientais,bem como na conscientização da preservação da floresta para usos múltiplos sustentáveis.Palavras-chave: Informação ambiental; Sistema de informação ambiental; Direito à informação; Desmatamento da Amazônia; Acessibilidade. Abstract: This study analyses the systematization of environmental information in Brazil, in the perspective of the right to information and based on accessibility as a criteria. Specialattention is given to information about deforestation in the Amazon. The study introduces elements which are important to the discussion about the reality of the Brazilian Amazon and forestissues. The aim is to allow a reflection on the importance of this biome in the ecological equilibrium and life quality at local, regional and global levels. The study evaluates availableinternet research sources and points to information as an essential instrument for the implementation of environmental policies, as well as awareness for forest preservation and sustainablemultiple uses.Key words: Environmental information; System of environmental information; Right to information; Amazon deforestation; Accessibility.

IntroduçãoA metade do tempo que se levou para realizar a presente atividade de pesquisa* foi gasto com a garimpagem de dados sobre desmatamento da florestaamazônica. Não há dúvida sobre a quantidade fascinante e atrativa de “informações” disponíveis hoje acerca do tema em questão. Uma simples buscarealizada no dia 12 de março de 2010 pela expressão “desmatamento da amazônia", utilizando a ferramenta de pesquisa do Google resultou em 4,9 milhõesde registros (links), cuja mostra foi apresentada na tela do computador em fração de segundos (0,22s). A proliferação da informação foi intensificada com asTecnologias de Informação e Comunicação, sobretudo com o advento da internet. Para muitos cidadãos a escassez de informação transformou-serapidamente em excesso de dados.

O desejo de acesso cedeu lugar à ansiedade de como lidar com a quantidade de informações e escolher aquelas verdadeiramente confiáveis. São dados, emsua maioria, desprovidos de informações precisas, capazes de permitir uma consciência crítica ao homem médio, em relação à situação da floresta. Nessesentido, sistematizar informações surge como um importante mecanismo de controle e de subsídios para a tomada de decisões políticas ambientais. Contudo,esses instrumentos devem garantir ao cidadão certo grau de acessibilidade, não apenas como um recurso tecnológico, mas principalmente visando odesenvolvimento social, cultural e ambiental do cidadão e da sociedade em geral.

Conhecer a realidade amazônica é conhecer o potencial de sua população tradicional e local, bem como de seus recursos naturais, tanto em relação aosrecursos madeireiros como os farmacológicos, os genéticos, dentre outros bens de usos múltiplos sustentáveis. Diante desse contexto, o objetivo deste artigoé instigar uma reflexão acerca da sistematização de informações ambientais no Brasil, em particular sobre desmatamento da Amazônia Legal, sob a ótica dodireito à informação, a partir de critérios de acessibilidade. Em função do objetivo proposto, o trabalho está estruturado em sete seções, sendo a primeira aintrodução, com a síntese das idéias e das preposições apresentadas no estudo. A segunda seção introduz uma discussão em relação à realidade amazônica eos problemas mais presentes na região. A terceira seção destaca a questão florestal, objetivando permitir uma reflexão sobre a importância desse Bioma noequilíbrio e na qualidade de vida, em nível local, regional e global. A quarta seção apresenta um breve panorama sobre o desmatamento da floresta daAmazônia Legal. A proposta da quinta seção é provocar uma reflexão acerca da importância de se conhecer o desmatamento, por meio da sistematização dedados e utilizar a informação como instrumento de controle, combate e preservação da floresta amazônica. As análises resultantes da metodologiaempregada para avaliação das fontes pesquisadas são apresentadas e discutidas na sexta seção. Por fim, na sétima seção, as considerações finais sãoapresentadas.

Realidade amazônica: um mosaico de problemasHistoricamente, a feição da exploração dos recursos existentes na região amazônica tem sido determinada pela vertente econômica. É comum se afirmarque a Amazônia é o tesouro da humanidade e isso remete, invariavelmente, à riqueza. Diante disso, a corrida em busca pelo aproveitamento de seupotencial natural tem gerado uma disputa acirrada, seja no campo econômico, seja na seara política ou ideológica.

Antes, atribuía-se uma forte carga semântica à floresta amazônica, um dos principais bens da região. Era comum se falar em “selva amazônica”, como algoperigoso e que precisava ser destruído. Essa visão favoreceu uma intervenção ideológica na ocupação desordenada da região. De outro lado, havia tambéma visão romântica, dos defensores da floresta intocável, podendo ser ilustrada na expressão “pulmão do mundo”. E assim a Hileia dos naturalistasAlexander Von Humboldt e Aimé Bonpland foi ganhando contornos variados e chamando a atenção do mundo para a causa ambiental.Muito se diz em relação aos benefícios econômicos que a biodiversidade amazônica pode gerar. Dentre os mais comuns, fala-se da descoberta de curaspelas plantas medicinais; dos conhecimentos tradicionais imateriais; das preciosidades minerais; do manancial de água contido no Bioma Amazônia, dafauna e da flora; dos ativos de carbono e assim por diante. Em quase todos esses exemplos se recorre logo ao preceito econômico, onde cada bem em suaforma bruta é logo materializado e convertido em valor monetário, pouco se atribuindo valores ambientais, culturais, éticos etc.Ocorre que esse modelo de desenvolvimento privilegia a riqueza da minoria, enquanto a pobreza e a destruição ambiental só fazem aumentar. Não que oaspecto econômico seja desnecessário, ao contrário, ele cumpre seu papel na sociedade contemporânea. O que se questiona é o encantamento e oendeusamento da exploração pela exploração, sem levar em conta aspectos da sustentabilidade.

E se não se pensar nessas questões, é bem possível que os descendentes da geração atual não conseguirão usufruir os benefícios oferecidos pela natureza eem particular os proporcionados pela Amazônia, pois as pesquisas estão aí para mostrar o quanto a pressão humana tem sido avassaladora, onde aexperiência secular das tentativas de ocupação da região revela que a estratégia de seu desenvolvimento não pode pretender se exercer continuamente noeixo econômico, sob pena de tornar irreversível a degradação ambiental.

Quando Beck (2002) e Leff (2002) afirmam que o meio ambiente encontra-se envolto a sérios riscos provocados pela sociedade pós-industrial, inclusivecom o comprometimento da vida no planeta, não há nada de exagero nesse vislumbrar. Basta lembrar quantas matas já foram derrubadas; quantas nascentesforam destruídas; quantas espécies de frutas e animais subsistem à extinção; quanta gente vivendo na miséria absoluta e quanto minério sendo extraído, semque seja garantida uma riqueza estável e equitativa para a maioria da população. A Amazônia, com seus belos rios navegáveis, uma diversidade culturalextravagante, um povo nativo com seus saberes tradicionais (índios, seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, caboclos etc.), as florestas, além das espécies

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contidas na fauna e na flora, com suas fontes de conhecimento científico, ainda desconhecidas, são parte de um mosaico que precisa ser preservado antes deser totalmente eliminado.

A questão florestalA tentativa de quantificar o valor material e imaterial da floresta amazônica não é tarefa fácil. Não é claro o limite exato da extensão territorial e florestal daAmazônia brasileira. Muita das vezes, os estudos científicos contrapõem-se às informações previstas em lei, pois a demarcação legal desses espaços sãoprodutos de decisões políticas.

A Lei 1.806, de 06/01/1953 (art. 2º) instituiu o conceito de Amazônia brasileira, abrangendo os estados do Pará e do Amazonas, os territórios federais doAcre, Amapá, Guaporé e Rio Branco e ainda, parte dos estados de Mato Grosso, Goiás Maranhão. Posteriormente, com a Lei 5.173, de 27/10/1966, aAmazônia passou a abranger os Estados do Acre, Pará e Amazonas, pelos territórios federais do Amapá, Roraima e Rondônia, e ainda parte dos estados deMato Grosso, Goiás e Maranhão. A redação original do Código Florestal (Lei n. 4.771, de 15/09/1975) não fazia menção à área da Amazônia, mas em 2001,com a edição da Medida Provisória n. 2.166-67, foi-lhe incluído o art. 1º, § 2º, item VI, institucionalizando o termo Amazônia Legal, a ser compreendidapelos estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e algumas regiões situadas nos estados de Tocantins, Goiás eMaranhão.

Pode-se dizer que o conceito de Amazônia Legal foi concebido desde 1953, por ter sido incluído em legislação. Por outro lado, cabe ressaltar que aexpressão “Amazônia Legal”, no seu conjunto, apareceu, oficialmente, com a atualização do Código Florestal em 2001. Dessa forma, o referido conceito éreinventado para fins de políticas de planejamento e desenvolvimento da região. E a cada definição são mudados, substancialmente, os cálculos relativosaos números de seus recursos, bem assim as perdas quantitativas e qualitativas da floresta. Assim sendo, a situação da floresta e a real dimensão sobre osquais os dados são projetados são importantes elementos na elaboração de políticas de informações ambientais, sobretudo àquelas relativas ao controle ecombate da supressão florestal.O quadro a seguir foi baseado nas contribuições de estudiosos no assunto, ao qual se passa a adotá-lo como referência ao trabalho (Quadro 1): Quadro 1: Extensão territorial e florestal do espaço amazônico brasileiro

Fonte: Elaborado a partir de Barreto (2005), Brasil (2000) e Fearnside (2005).

O termo Bioma Amazônia teve nova redação instituída pelo art. 1º, do Decreto federal n. 6.995, de 15/12/2008. Por bioma, esclarece Lima e Silva (2002),entende-se a categoria de habitat em uma determinada região do mundo, como p. ex., a floresta pluvial da bacia amazônica, a mata atlântica e o cerrado,constituída de uma comunidade biótica, facilmente identificável, produzida pela atuação recíproca dos climas regionais com a biota e o substrato, na qual aforma de vida da vegetação clímax é uniforme.

Da pressão (humana) à supressão (florestal)Em termos globais, a supressão florestal está entre os maiores responsáveis pelo impacto ambiental negativo no planeta, fruto das ações antrópicasdecorrentes de atividades que atuam como elementos de eliminação das vastas áreas verdes. Para Lima-e-Silva (2002), a principal alegação apresentadapara a utilização indiscriminada dessas áreas é a necessidade de geração de alimentos para uma população que apresenta crescimento exponencial nospaíses em desenvolvimento. Entretanto, pontuam Targino (1994) e Tamer (2008), sabe-se que o modelo econômico de desenvolvimento é o principalresponsável por tal situação, consistindo basicamente na retirada de madeira comercializável, exploração da pesca industrial, devastação da mata paraformar pasto ou para disseminar campos agrícolas.

O resultado dessa intervenção humana é de tal ordem que chega a colocar em risco a sobrevivência de várias espécies animais e vegetais. Apenas para teruma idéia sobre essa pressão, Barreto (2005) sugerem que entre 2003 e 2004, cerca de 50 milhões de pássaros e 2 milhões de primatas teriam sido afetadosdiretamente com o desflorestamento de uma área equivalente a 26.000 km2. Com efeito, o desmatamento aparece hoje como um dos aspectos maispreocupantes em relação à questão florestal e a face mais visível da devastação do Bioma Amazônia.

Anotações sobre o desmatamentoO desmatamento da floresta amazônica brasileira consiste em um dos principais problemas ambientais enfrentados pelo Brasil atualmente. Conhecer umpouco sobre o desmatamento é peça fundamental para evitar os impactos da perda de floresta. Para Prates e Serra (2009), compreender as razões ou osfatores que geram o desmatamento é de importância fundamental, mas há de se levar em conta que a literatura sobre o desmatamento aponta uma série defatores; no entanto, nem todos são válidos para explicar o fenômeno em uma determinada região. Inicialmente, antes de tecer algumas considerações sobreo desmatamento da Amazônia Legal, com a respectiva síntese de suas raízes históricas e consequentemente as causas e dinâmicas a ele associadas, umabreve abordagem sobre o uso terminológico da palavra é importante.

Delineamento terminológico e conceitualDe acordo com Ormond (2004, p. 92), o termo desmatamento “surgiu quando as florestas tropicais úmidas começaram a ser derrubadas em várias partesdo mundo (com a maior parte da vegetação queimada), a uma proporção que poderia mudar a face do planeta”. Em linhas gerais, entende-se pordesmatamento a operação que objetiva a supressão da vegetação nativa de determinada área para o uso alternativo do solo. Considera-se nativa todavegetação original, remanescente ou regenerada, dos biomas que compõe o solo de um território específico. Conceitualmente, assentam Krieger l (2008, p.

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104), o desmatamento “consiste na “retirada da cobertura florestal do solo por corte, capina, queimada ou ação de produtos químicos”.Lima-e-Silva (2002) postulam que o vocábulo desmatamento tem sinonímia com o termo desflorestamento, sendo conceituado como a retirada da coberturaflorestal natural de uma região pelo homem, para geração de pasto, agricultura e outras formas de uso do solo, cujo processo pode ser feito por meio deincêndios ou do corte das árvores, aproveitando-as como madeira. O mesmo autor esclarece, também, que o substantivo mata é sinônimo de floresta.

Em concepção similar, Grisi (2000, p. 59) conceitua os sinônimos desmatamento e desflorestamento como o “processo de origem antrópica, de remoçãode uma cobertura vegetal natural (geralmente uma mata ou floresta), por corte e abate dessas plantas, para diversas finalidades (expansão urbana,agricultura, utilização de madeira etc.)”. Outro vocábulo sinônimo de desflorestamento, geralmente encontrado nos dicionários de português de Portugalé o termo desflorestação (no idioma inglês deforestation), que significa processo de abate intensivo e constante de árvores de floresta ou bosque, ou comoprefere Gilpin (1992, p. 51), a dinâmica do “corte de floresta e da vegetação sob coberta para aumentar a superfície de terra arável ou para utilizar amadeira em construção ou fins industriais”.

Há, por fim, os termos desarborização e desmatação. O primeiro, de acordo com o Dicionário de ecologia ilustrado (1992, p. 63) “consiste no abate, maisou menos maciço, de árvores, quer para obtenção de madeira, quer para desmatações, a fim de obter zonas para urbanização ou agricultura”,deduzindo-se para o segundo como a ideia de cortar o mato, ou ainda, abate de mato ou de árvores. Em termos legais, pelo menos de forma expressa,parece não haver uma conceituação sobre desmatamento, mas infere-se por via do disposto no artigo 2º da Lei n. 7.754, de 14/04/1989, existir umasimilaridade com as significações técnicas do termo, quando se prevê que nas nascentes dos rios são vedadas a derrubada de árvores e qualquer forma dedesmatamento. Da mesma forma, a Lei de crimes ambientais (Lei 9.605, de 12/02/1998, art. 50-A) prevê punição para quem desmatar, explorareconomicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão competente.

Em oposição ao termo desflorestamento, autores como Art (2001) e Lima-e-Silva (2002) utilizam o vocábulo reflorestamento, que significa replantio deárvores ou designa o plantio de árvores (ou de semente de árvores) numa área anteriormente florestada, mas onde as árvores foram cortadas. Por fim, nasíntese a seguir (Quadro 2), outras expressões relacionadas ao termo desflorestamento: Quadro 2: Expressões relacionadas com o termo desmatamento

Fonte: Elaborado a partir de Lima-e-Silva (2002), Krieger (2006), Art (2001) e Ormond (2004).

Breve históricoOlhando para trás, é interessante constatar que nos 470 anos iniciais da colonização da Amazônia brasileira, apenas 1% da cobertura original da florestahavia sido destruída. Inicialmente, afirmam Barreto (2005), essa ocupação ocorreu ao longo dos principais rios navegáveis da região, cujo padrão começou amudar a partir da década de 1960, sobretudo em razão de três fatores: a) construção de infraestrutura (estradas, assentamentos rurais planejados,aeroportos e barragens hidroelétricas); b) créditos subsidiados para pecuária e outros incentivos fiscais e c) estabelecimento de uma zona franca emManaus, no Estado do Amazonas.

De acordo com estudos de Leroy (2003), mesmo com a exploração no ciclo da borracha, entre o final do século XIX e o início do século XX, havia umapreocupação em manter a floresta em pé, para sustentar o fornecimento do cobiçado látex. Entretanto, ao longo do processo histórico de ocupação eexploração da região, mais precisamente no período das últimas quatro décadas, o desmatamento vem acumulando cifras alarmantes. A intensificação daexploração dos recursos naturais da Amazônia, sustenta Fearnside (2005, p. 114), “começou no início da década de 1970”, a partir da qual a pressãohumana sobre a região foi potencializada. Ainda segundo Fearnside (2005, p. 114), “os incentivos fiscais foram um forte condutor do desmatamento nasdécadas de 1970 e 1980”. Com a iniciativa do governo militar em ocupar e explorar o território, houve grande corrida ao espaço amazônico, com altosinvestimentos, tanto de capital nacional como internacional, sem que a qualidade ambiental fosse questionada. Da mesma forma, a expansão pioneira dafronteira agrícola e a implantação de políticas econômicas nos eixos rodoviários exerceram papel decisivo no desenho atual do desmatamento.

Com efeito, os impactos ambientais decorrentes desse processo estão fortemente vinculados à implementação de grandes projetos de infraestrutura e àexecução de planos de desenvolvimento econômico na região. A consequência de tudo isso, conclui Leroy (2003, p. 39), “em 30 anos, mais de 15% dagigantesca floresta, um território do tamanho da Alemanha, foram destruídos”, em números atuais em torno de 18% (Tamer, 2008).

Dinâmicas e causas associadasApesar do desmatamento na Amazônia incluir fatores diversos, para Weiss (2003, p. 138) não existe um único “vilão” responsável pelo desflorestamento,cujo processo está vinculado a um complexo de fatores onde “todos os atores têm os seus papéis” (Figura 1). Figura 1 – Causas do desmatamento na Amazônia

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Fonte: Weiss (2003, p. 138)

Entretanto, algumas dinâmicas aparecem como variáveis de grande relevância para explicar as causas da supressão florestal, tais como: a extração damadeira; a abertura e a pavimentação de estradas ou outras obras de infraestrutura; o avanço da pecuária e da soja; a pressão da população; o preço dosprodutos agropecuários; as condições de acesso; os gastos públicos; o nível de renda, dentre outros exemplos.Embora o perfil desse desmatamento daAmazônia tenha sofrido significativas modificações, sobretudo, na metade dos anos 1990, a sua configuração tem sido determinada, principalmente, pelosseguintes complexos estruturais (Quadro 3): Quadro 3 – Dinâmicas e causas associadas ao desmatamento

Fonte: Adaptado de Fearnside (2005), Ormond (2004), Lima-e-Silva (2002),Brasil Junior (2003), Silva (2009), Brasil (2001) e Weiss (2003)

Situação do desmatamento: por que é importante conhecer?A floresta amazônica é, sem dúvida, um dos remanescentes naturais mais importantes do planeta, principalmente pela sua biodiversidade aindadesconhecida, pouco explorada cientificamente, não havendo no mundo algo comparado a ela nesse aspecto. Porém, ao longo do tempo, os espaços doBioma Amazônia vêm sofrendo sérias ameaças, sobretudo em função da ocupação desordenada e da destruição de seus recursos por razões econômicas,históricas, políticas e culturais, envolvendo uma série de considerações em diferentes escalas de tempo e espaço.

Os impactos provocados pelo desmatamento da floresta amazônica incluem a perda de oportunidades para o uso sustentável dos seus recursos, incluindo osserviços de manejo florestal e extração de produtos não-madeireiros. O desmatamento, também, afeta o bem mais precioso do habitat que a vida dapopulação e de toda biodiversidade, além da água e da qualidade do ar. A perda dessa parte da natureza, numa escala significante em áreas desmatadas, fazcom que as oportunidades perdidas de manter a floresta de pé sofram sérias consequências a longo prazo.

Nesse víeis, a presença de atividades antrópicas responsáveis pela perda da floresta amazônica é uma realidade que precisa ser conhecida, tanto por atoresenvolvidos no processo de conservação, como por aqueles envolvidos na exploração das suas potencialidades. Além disso, conhecer a situação da regiãointeressa também aos que dependem direta ou indiretamente dela para sobreviver ou para garantir uma melhor qualidade de vida. É difícil apontar comprecisão quais seriam as consequências de uma eventual perda em massa da floresta amazônica pelo processo do desmatamento. Entretanto, alguns estudos já apontam alguns efeitos, como o impacto sobre o aquecimento global, a erosão do solo, a perda de biodiversidade,desertificação, assoreamento de corpos d’água e alteração do clima. Somam-se a isto, completam Ormond (2004) e Lima-e-Silva et al (2002), ocomprometimento da rede hidrográfica, inundações, degradação da paisagem, doenças endêmicas, esterilização de grandes áreas, impacto cultural sobre os

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povos nativos, poluição do ar, extinção de fauna e flora, além da ocupação desordenada e vertiginosa do solo. Desse modo, a persistirem as agressões àfloresta, o resultado pode gerar danos irreversíveis às diversas formas de vida existentes nesses habitats, tanto em nível local, como regional e global,conforme ilustrado na Figura 2. Figura 2 – Representação espaço-temporal dos impactos do desmatamento

Fonte: Elaborada a partir de Ormond (2004), Barreto et al (2005) e Lima-e-Silva (2002).

Ocorre que, para uma reflexão mais profunda a respeito desse dilema, sustentam Barreto (2005, p. 12), são necessárias “informações precisas e detalhadassobre as condições atuais das florestas da Amazônia e também, sobre a pressão a que são submetidas”. Quanto mais informação as pessoas dispuseremmelhor será a capacidade de elas decidirem sobre a qualidade de vida que desejam ter. Nesse aspecto, o uso adequado da informação mostra-sefundamental como instrumento de tomada de consciência e de decisão em relação aos graves riscos ambientais provocados pela sociedade, cujos danospodem ser irreversíveis e comprometer a vida no planeta (Beck, 2002; Giddens, 2002; Morin, 2003; Leff, 2002).

A importância da informação (e o direito de saber)O acesso à informação sobre a situação da floresta amazônica permite uma maior reflexão sobre a importância desta não apenas para a região local, maspara o Brasil e para o mundo. Com transparência e visibilidade as chances de conhecer a realidade são maiores. A informação ambiental assume duplaconfiguração. Como informação gerencial para administração do ambiente físico e social - serviço de informação tecnológica, econômica e social destinado,sobretudo, aos órgãos governamentais gerenciadores da política ambiental em setores, como recursos naturais, indústrias, saúde, habitação, educação etc.Pode, ainda, apresentar-se como informação de caráter político e de caráter prático-vivencial, quando, com base em princípios filosóficos/culturais, lutapara que os indivíduos percebam a realidade física, socioeconômica e político-cultural como cidadãos, assimilando direitos e deveres para com os grupossociais, e o respeito ao meio natural, dentro da perspectiva de educação ambiental (Targino, 1994, p. 42).

Contudo, Targino (1994, p. 42) chama atenção para o caráter ambivalente da informação, devendo esta agir não como um processo de aparelhamento dopoder público, mas sim como instrumento de conquistas sociais e fortalecimento da democracia, “mediante a interação entre cidadão e Estado, e estaparticipação vincula-se à qualidade das informações geradas, acessadas, recuperadas, apreendidas e aos benefícios daí advindos”. A informaçãoarmazenada em seu estado bruto não tem valor. É comum observar a divulgação de estatísticas acerca da situação da Amazônia, quase sempre desprovidasde relação com o que pode ocorrer em nosso ambiente. A publicidade do conhecimento produzido, diz Barreto (1998, p. 123), “é uma condição necessáriapara sua validação e socialização, construindo, também, um ciclo constante e auto-regenerativo: conhecimento - publicidade - opinião pública - novoconhecimento”. O direito de saber deflui do direito à informação decorrente do dever do Estado de garantir a todo cidadão o conhecimento acerca darealidade do ambiente em que vive e desenvolve suas habituais necessidades.

Direito à informação e dever de informar (transparência ambiental)Quanto mais informado for o cidadão, mais ele se dará conta dos problemas ambientais em curso e tomará, a sua escolha, uma posição. Por isso, aimportância do Estado em produzir e divulgar informações sobre a qualidade do meio ambiente ou sobre a existência de uma atividade capaz de provocarum risco ambiental à sociedade. O direito à informação ambiental significa o direito de acesso ao conjunto de informações produzidas e disseminadas porórgãos do poder público, ou por organizações de natureza não estatal, cujo conteúdo esteja direta ou indiretamente vinculado às questões socioambientais,de modo que a sua incorporação seja capaz de provocar no cidadão-receptor uma mudança de comportamento em relação aos problemas que afetam o seuambiente, criando, assim, uma forma de conscientização que o incentive a participar dos processos decisórios relacionados à defesa dos recursos naturais.

Com a edição da Constituição de 1988 a sociedade passou a contar com um corpo jurídico sólido na defesa e garantia do direito à informação, inclusive naárea ambiental. Foi esculpida no texto constitucional uma série de recomendações, atribuindo ao Estado o dever de prestar informações, a fim de que oindivíduo possa ser constantemente informado, determinando, ainda, que a publicidade estatal (atos, programas, obras, serviços e campanhas) tenhacaráter educativo, informativo ou de orientação social (art. 37, § 1º), incluindo a floresta amazônica como patrimônio nacional brasileiro (art. 225, § 4°).

A regra geral consignada na Carta é a de informar o cidadão, desde que a informação pretendida não interfira na intimidade ou na vida privada de terceiro enão coloque em risco a segurança da sociedade e do Estado. Entretanto, ressalta Custódio (2005), essas exceções não se aplicam ao direito à informaçãoambiental, por se tratar de direito difuso de inafastável importância à defesa e proteção do meio ambiente, cabendo ao Estado a obrigação de promover olivre acesso à informação, obrigando-lhe a produzi-la quando inexistente. Embora o direito a receber informações fique, em princípio, restrito aos assuntosrelativos às atividades públicas, em determinadas situações, o particular também tem essa obrigação. É o caso, por exemplo, do mandamento legal esculpidono art. 7º, II, da Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, que obriga a concessionária de serviços públicos a prestar informações de interesses individuais oucoletivos, sobretudo quando empreendimentos oferecem riscos potenciais ao meio ambiente. Desse modo, a inserção do direito à informação ambiental estápresente em diversos diplomas jurídicos (Figura 3), indo desde os documentos internacionais, passando pela Constituição e pela Lei do direito à informaçãoambiental (Lei 10.650, de 16/04/2003), até às orientações normativas de hierarquia inferior (resoluções, portarias, instruções normativas etc.). Figura 3 – Sistema normativo da informação socioambiental

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Fonte: Elaboração do autor.

A transparência ambiental é um princípio basilar afeto a quaisquer esferas e níveis de poder da Administração Pública, operando como elemento facilitadorde conhecimento acerca da realidade. E Ormond (2004, p. 92) explica que foi com “o acesso a imagens de satélite, a partir de 1988, que osdesflorestamentos de áreas verdes começaram a se tornar mais visíveis e passaram a revelar ao público uma nova ameaça ao planeta”.Atualmente, tanto o setor público como a sociedade civil organizada procuram estabelecer conexões mais estreitas com o cidadão acerca da divulgação dainformação sobre a realidade amazônica. Porém, esclarece Targino (1994, p. 41), em relação aos princípios norteadores das questões ambientais “o Estadoé o agente fundamental no processo de definição, execução e aprimoramento da política do meio ambiente, por sua natureza de patrimônio publico”.

A sistematização de informações sobre desmatamentoOficialmente, a manifestação do governo brasileiro no sentido de assegurar o acesso às informações ambientais deu-se com a inserção da Política Nacionaldo Meio Ambiente, por meio da Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, ao instituir o Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente comoinstrumento de política pública.

Dois aspectos favoreceram essa agenda: primeiro, o contexto mundial em favor de uma conscientização ecológica e, segundo, a pressão social de ordeminterna liderada pelos novos movimentos socioambientais. A gestão internacional passou então a ser elemento relevante para o processo decisório brasileiroem política ambiental, inclusive no que diz respeito ao acesso a informações e outros mecanismos de legitimidade do Estado para a tomada de decisões dosdiversos atores sociais. De acordo com Targino (1994), a política de informação ambiental no Brasil está em fase de estruturação, apesar da idéia inicial deimplantar um sistema de informação ambiental conste de documento do final da década de 1970. Em 1978, um grupo de instituições governamentais propôsum Sistema de Informações do Meio Ambiente, mas seus princípios essenciais nunca se efetivaram, em razão de algumas deficiências.

Ao se reportarem sobre a necessidade prática de tratar e receber informações na área do meio ambiente, Piper, Agudelo e Souza (2003, p. 99) sugerem queSistemas de Informação Ambiental “podem vir a ser ferramentas úteis em processos de articulação, desde que sejam projetados de maneira a envolver aspessoas”. No Brasil existem alguns sistemas de informação na área ambiental, agregando levantamentos, diagnósticos e relatórios, como o Sistema deInformação Agrícola, o Sistema Nacional de Informações sobre os Recursos Hídricos, o Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente, dentreoutros.

Entretanto, a maioria desses sistemas padece de recorrentes críticas. E Araújo (1995) faz uma série de indagações: “por que vêm falhando os sistemas deinformação? E não há dúvidas de que vêm falhando: uma rápida análise da literatura da área evidencia uma série de estudos, projetos etc., visandocorrigir, ao menos parcialmente, suas falhas e proporcionar maior satisfação aos usuários”. Piper, Agudelo e Souza (2003, p. 97, 99) se posicionam nomesmo sentido:

"Infelizmente, as pessoas que administram a tecnologia da informação têm pouca paciência com as necessidades dos chamados“usuários finais”. Procuram resolver com tecnologia os problemas informacionais, esquecendo-se que a maioria dos problemasresulta da ignorância que existe sobre como as pessoas e a informação se relacionam. Existem hoje vários sites (aplicativos decaráter informativo) na internet, relacionados à divulgação das questões ambientais, mas questiona-se a eficiência destassoluções quanto à amplitude das pessoas que atingem: - até que ponto as pessoas são atingidas e envolvidas por um siteambiental ao navegarem na internet?; - como motivar uma pessoa da comunidade em geral a usar um “Portal Ambiental”?

De maneira geral, ensina Araújo (1995), entende-se por sistemas de informação os serviços que objetivam a realização de processos de comunicação.Porém, no contexto do presente trabalho, serão considerados sinônimos de fontes de pesquisa para busca de informação, ou seja, os que, entre outrasfunções, objetivam dar acesso às informações para usos múltiplos (cidadania, pesquisa, curiosidade etc.), contidas em canais diversos (sistemas e serviçosde informação, base de dados, artigos de revista, jornais, informativos, site na internet, legislação etc.). Nessa arena, Caribé (1992) e Mueller (1992)esclarecem que a visibilidade informacional se depara com problemas multifacetados, de difícil controle, por ser também multi, inter e transdisciplinar, e ageração de informações na área ambiental requer um esforço integrado, envolvendo elementos das ciências naturais, da economia, da demografia, dasociologia, da filosofia, da física, da química, da contabilidade, entre outras, sendo a superposição desses temas a característica principal datransversalidade.

Aliado a isso, a baixa percepção da sociedade em relação aos problemas ambientais agrava esse dilema. Pesquisas periódicas sob encomenda do Ministériodo Meio Ambiente, realizadas em todo o território nacional, revelam o déficit informacional em que o brasileiro se encontra, indicando que pouquíssimoscidadãos consideram-se muito bem informados a respeito das questões ecológicas. Dentre outras constatações, os resultados demonstram que, de 1992 a2006, mesmo 15 anos após a Conferência mundial Rio-92, os brasileiros ainda se consideram pouco informados sobre o assunto (Tabela 1) e nenhumamudança significativa ocorreu nesse sentido.

Tabela 1 – Nível de informação pessoal do brasileiro sobre meio ambiente

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Fonte: Brasil (2006, p. 55), com adaptações.

Quanto à sistematização de informações sobre a situação da floresta amazônica, apesar da idéia ser recente, os primeiros resultados começam a aparecer,principalmente com as experiências do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, INPE (governamental) e do Instituto do Homem e Meio Ambiente daAmazônia (entidade não-governamental). A existência de sistemas eficazes de informação sobre o desmatamento é importante para a elaboração depolíticas públicas capazes de levar o conhecimento a todas as camadas da sociedade sobre o papel da Amazônia na qualidade ambiental e assim permitiruma maior conscientização quanto à atuação pró-ativa dos cidadãos.

Apesar da quantidade de informações existentes sobre desmatamento, elas não conseguem atingir o grande público e quando são disseminadas chegamfragmentadas ao homem médio, que após recebê-las não consegue aplicar no seu cotidiano, favorecendo a desarticulação na produção de novosconhecimentos, em prol de uma consciência e de uma mudança de postura em relação a sua realidade. Como agravante, de acordo com estudos Targino(1994, p. 57-58), a informação ambiental parece não ser uma prioridade nacional:

"A informação ambiental veiculada por revistas, em sua quase totalidade, omite o processo de deterioração ecológica e aineficiência na gestão dos recursos naturais, mesmo com a responsabilidade da mídia, que figura como a primeira instância naprodução de discursos e saberes da sociedade hodierna, superando, às vezes, a educação formal. A abordagem técnica daquestão ambiental tende para o simplismo, o dogmatismo, o misticismo, o exotismo, sem acuidade e cientificidade, contrariandoos objetivos e as funções do jornalismo científico e ambiental e seus critérios de produção."

A lógica da divulgação de dados: o que (des)dizem os números?O desmatamento na região amazônica é medido pelo processamento de imagem de satélite, cuja taxa mensal é útil para o planejamento de campanhas defiscalização e de combate ao desmatamento ilegal. O órgão oficial do governo responsável pela comunicação de dados sobre a situação da florestaamazônica é o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), criado durante o governo militar pelo Decreto n. 68.532, de 22 de abril de 1971. Segundo Brasil Junior (2003, p. 119), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais “publica, a cada ano, um relatório com a evolução das taxas dedesmatamento para os diferentes estados e municípios da região”. O cálculo é feito pelo Projeto Prodes (Monitoramento da floresta amazônicabrasileira por satélite), a partir das imagens Landsat. A taxa anual é estimada para o período compreendido entre agosto de um ano a julho do ano seguinte(12 meses). Também há o Deter (Sistema de detecção de desmatamento em tempo real), responsável pelo envio de relatório ao Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais, Ibama e o Degrad (Mapeamento da degradação florestal na Amazônia Legal).

Do lado da iniciativa da sociedade civil, experiência recente da organização não governamental Imazon desenvolveu o Sistema de Alerta de Desmatamentoe dados fornecidos pelo Prodes do Inpe, lançando o informativo “Transparência Florestal”, com objetivo é divulgar amplamente a situação dodesmatamento nas áreas florestais de alguns Estados da região amazônica (Souza Jr; Veríssimo; Costa, 2008).

De acordo com Brasil Junior (2003, p. 116), “a partir de 1987, a relativa escassez de recursos para projetos de desenvolvimento na região amazônicarefletiu-se na redução significativa de taxas de desmatamento entre os anos de 1988 e 1994”. Entretanto, continua o autor, a partir de 1995, com aestabilização da economia houve um recrudescimento do aumento da taxa, sobretudo na área denominada “Arco do Desflorestamento”, contabilizada peloInstituto Nacional de Pesquisas Espaciais em 29.059 km2, sendo esta a maior taxa já registrada na história do desmatamento. Ainda de acordo com olevantamento anual do Instituto, o segundo maior índice de desmatamento da Amazônia Legal recaiu no ano de 2004, ou seja, 27.423 km2 (Projeto Prodes,2009) e o menor impacto na floresta foi de 11.031 km2, registrado em 1991, conforme demonstrado adiante (Tabela 2).

Tabela 2 – Desmatamento da área de floresta da Amazônia Legal - estimativa das taxas anuais (km2/ano)

Fonte: Adaptada de INPE (2009); Fearnside (2005, p. 115); Barreto (2005, p. 48); Leroy (2003) e Salati, Santos e Klabin (2006).

Contudo, a obtenção de informações precisas sobre o desmatamento da Amazônia ainda é muito difícil e o desmatamento pode ser maior que o oficialmentedivulgado. No dizer de Barreto (2005, p. 12), apesar desses avanços tecnológicos, “a dimensão e o estágio das atividades humanas na Amazônia brasileira

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são apenas parcialmente conhecidos. Desconhece-se até mesmo a total dimensão do desmatamento”. E essa constatação é corroborada por Fearnside(2005, p. 114): "As explicações oficiais, assim como os motivos pelos quais os índices do desmatamento flutuam (decretos influenciando os incentivos eprogramas para fiscalização e arrecadação de multas), no entanto, são provavelmente incorretos. Além disso, uma variedade de questões técnicas sobreas próprias estatísticas permanece em aberto." E mais, é necessário refletir sobre algumas questões paradoxais:

As políticas públicas federais de controle e combate ao desmatamento cabem ao Ministério do Meio Ambiente, que, por meio deórgãos como o Ibama, visa conservar e preservar o meio ambiente em seu estado natural. Por outro lado, o governo realizagastos em políticas que têm funções opostas, e, por isso, se anulam. Em suma, o governo realiza gastos que afetam odesmatamento em determinada região e, ao mesmo tempo, efetua novos gastos para mitigar o desmatamento (Prattes; Serra,2009, p. 96).

Além disso, existe um desmatamento invisível, “relativo à remoção de árvores de madeira de lei e a pequenos incêndios florestais, fato que leva algunsautores a supor que o desmatamento vai muito além dos números oficiais” (Salati, Santos, Klabin, 2006, p. 116). E segundo Fearnside (2005), odesmatamento às vezes é confundido com as áreas devastadas pelas queimadas, a ponto de aparecer nas imagens do Landsat. Há, ainda, outros fatores queinterferem na apuração da real dimensão do desmatamento, a exemplo dos técnicos e naturais, como clima, chuvas, excesso de nuvens na região amazônica,dificuldade de aquisição de imagens, falta de integração dos sistemas de informações dos órgãos envolvidos, dificuldade de fiscalização etc. Assim, éprudente observar com cuidado as análises feitas pelas instituições públicas ou privadas, devido aos equívocos de interpretação de imagens e de dados.

Como se vê, os números sobre o desmatamento não são traduzidos de uma forma clara e precisa para a população, a fim de permitir saber quedeterminantes contribuíram para o aumento desenfreado e quais as políticas governamentais traçadas para encontrar um caminho. Tais dados, quandodivulgados soam mais como um alarme passageiro do que um meio eficaz de verificar o que realmente está acontecendo com a floresta amazônica.Invariavelmente, quando se divulga uma queda na taxa fica parecendo que acabou o desmatamento, não se fala que ainda há desmatamento, mas vende-sea diminuição do índice como se isso fosse positivo para o Bioma, quem ganha com isso é a economia e, segundo Fearnside (2005), quem leva a culpa pelosproblemas ambientais na região é a pobreza. Enfim, questões que passam despercebidas precisam de uma reflexão mais profunda. Como diz Tamer (2008),saber, por exemplo, por que o preço do boi e da soja acompanha o ritmo do desmatamento. A taxa de “desmatamento zero” pode ser impossível, mas o usosustentável da floresta parece ser possível. É necessário que na medida de cada desmatamento, haja a substituição e o reflorestamento adequado para que aAmazônia possa manter as suas características e delas tanto a geração presente como a futura possa tirar proveito.

Levantamento e análise dos sistemas de informaçãoO mapeamento de sistemas de informação e a avaliação destes são importantes para verificar a efetividade do direito à informação ambiental tal comogarantido pelo ordenamento jurídico nacional. A seguir serão analisados alguns sistemas de informação que se propunham a informar sobre o desmatamentona Amazônia Legal.

Metodologia adotadaDe acordo com Köche (1991) e Gil (2002), na ausência de um sistema de teorias consolidado a pesquisa consistiu num estudo exploratório, uma mistura deinvestigação teórica, empírica e reflexiva, cujo enredo e dinâmica procuraram conciliar teoria e reflexão sem abandono de passos metodológicos. Assim,além do aporte teórico, a presente pesquisa baseou-se no levantamento de fontes em três frentes: a) levantamento e identificação das fontes de pesquisasobre desmatamento da Amazônia, disponíveis na Internet; b) aplicação de questionários a estudantes (universitários de graduação, em fase de conclusão decurso em universidade sediada em Belém) e profissionais (da área pública e privada e da sociedade civil, que atuam direta ou indiretamente na áreaambiental em órgão sediado em Belém), para complementar dados da etapa anterior, e c) adoção de critérios de acessibilidade, sob a ótica do direito àinformação.

Os estudantes participantes foram de cursos variados, tais como Comunicação social-Multimídia, Turismo, Engenharia ambiental, Licenciatura em Biologia,Licenciatura em Letras, Tecnologia Agroindustrial - com ênfase em Alimentos, Biblioteconomia, Ciências Econômicas, Geografia, Geologia, Meteorologia,Agronomia, Direito, Nutrição, Relações Internacionais, da seguintes universidades: Universidade Federal do Pará, Universidade do Estado do Pará,Universidade Federal Rural da Amazônia, Instituto de Estudos Superiores da Amazônia, Universidade da Amazônia e Universidade Vale do Acaraú. Quantoaos profissionais foram entrevistados especialistas das áreas de: Jornalismo, Biblioteconomia, Engenharia Sanitária, Química, Biologia, Ciência daComputação, Ciências Contábeis, Direito, Economia, Engenharia Civil, Climatologia, Analista de Sistemas, Geologia, Agronomia e Engenharia Elétrica.

Visando à análise dos resultados do material coletado, optou-se pela técnica de análise de conteúdo, conforme preceitua Richarddson (1999), utilizada nocampo da pesquisa social e pertinente ao estudo de mensagens divulgadas pelos veículos de comunicação de longo alcance. No estudo qualitativo,recorreu-se a parâmetros comparativos entre os sistemas, a partir da Metodologia de Villela (2002) e Simão e Rodrigues (2005), por meio de critérios deacessibilidade como: (a) conteúdo; (b) usabilidade; e (c) funcionalidade, atribuindo-se a cada parâmetro atendido 1 (um) ponto. Posteriormente,adotaram-se critérios de auditabilidade para aferir as fontes levantadas, a um intervalo de valores entre 0 e 30 pontos (Tabela 3):

Tabela 3 – Critérios de acessibilidade e de auditabilidade

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Fonte: Adaptado de Villela (2003) e Simão e Rodrigues (2005).

Em relação à tabela mencionada anteriormente e de acordo com Simão e Rodrigues (2005), considera-se conteúdo aquilo que o documento transmite aousuário por meio de linguagem natural, imagens, sons, filmes, animações; usabilidade, a capacidade de um produto ser usado por usuários específicos paraatingir objetivos específicos com eficácia, eficiência e satisfação, em um contexto específico de uso e funcionalidade, a capacidade de o software proverfunções que atendam a necessidades expressas e implícitas, quando usado nas condições especificadas. No que se refere ao estudo quantitativo, este incluiuo levantamento de fontes de pesquisa disponíveis na Internet sobre o tema desmatamento da Amazônia Legal. Segundo Dolabela e Bemfica (2006) éimprescindível a utilização de bancos de dados e de sistemas de informação ligados em redes eletrônicas de comunicação global para a disseminação dainformação ambiental. Nesse sentido, pondera Barreto (1998, p. 125), “a comunicação eletrônica modifica estruturalmente o fluxo de informação econhecimento”.

Nesse viés, próprio governo brasileiro reconheceu essa importância e desde o início dos anos 1990 do século XX, “as ações acompanharam o movimentointernacional quanto ao reconhecimento da Internet como uma mídia mais interativa – e potencialmente democrática – disponível na atualidade”(Simão; Rodrigues, 2005, p. 81). A Web favorece a descentralização do acesso, tanto para a sociedade civil como para a tomada de decisão política, oumesmo para a cooperação científica nos assuntos ambientais. Considerando que a “maioria das estatísticas oficiais disponíveis refere-se à AmazôniaLegal”, conforme apontam Barreto (2005, p. 23), a análise do trabalho está, espacialmente, afeta à esta delimitação geopolítica.

Fontes de pesquisa na WebInicialmente, para a consecução dos objetivos propostos, levantou-se um número de sistemas de informações sobre meio ambiente, a fim de verificar se osmesmos traziam em seu conteúdo informações sobre desmatamento, ou temas relacionados (taxas, estatísticas, situação real da floresta em relação a suacobertura nativa, informações científicas, discussões, temas relacionados como queimadas, extração de madeira etc.), totalizando 29 (vinte e nove)fontes de pesquisa:

Quadro 4 – Levantamento inicial e final das fontes de pesquisa disponíveis na Internet

Fonte: Elaboração autor.

O levantamento referiu-se apenas a serviços ou sistemas de informações disponíveis na Web, de acesso gratuito e sem a necessidade de cadastramento ou

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pagamento para dispor do conteúdo informacional, no período da coleta de dados da pesquisa, ou seja, de abril a dezembro de 2009. Como o levantamentoinicial referia-se a fontes de informação sobre desmatamento na Amazônia paraense, foram privilegiadas as fontes de pesquisa de instituições ou entidadesque atuavam ou incidiam sobre o Estado do Pará. Algumas fontes analisadas foram de livre escolha do pesquisador, as quais remetiam a outras fontes,sendo elaborada uma lista para acessá-las. Por fim, foi utilizada a ferramenta do Google para verificar quais fontes trabalhavam com meio ambiente e,particularmente, com a questão do desmatamento da Amazônia. Somou-se a isto, posteriormente, as indicações dos participantes (a primeira fonte indicadapor estes), por meio de questionário aplicado, adotando-se como regra a avaliação de todos os itens sugeridos e não constantes na relação inicial. Ossistemas ficaram restritos ao nível nacional.

Os sistemas de informação vistos pelos critérios de acessibilidadeDos 29 recursos informacionais levantados foram escolhidos aqueles que mais se identificavam com a disponibilização de informações sobre desmatamentoda Amazônia, com total de 15 fontes a seguir avaliadas (Tabela 4):

Tabela 4 – Auditabilidade das fontes de pesquisa

Fonte: Elaboração o autor.

Pela análise, atualmente, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, por meio do Projeto Prodes e de outros sistemas agregados, apresenta-se como afonte estatal brasileira mais completa e confiável sobre o desmatamento na Amazônia, com 26 pontos na análise efetuada, obtendo o nível “adequado” paraacesso à informação.

Em relação aos dados divulgados por organizações da sociedade civil, a que se apresenta mais completa é o Imazon, por meio de seu sistema de buscaImazongeo, ferramenta que tem por objetivo fornecer informações sobre a situação, dinâmica e pressão sobre as florestas das áreas protegidas da região, pormeio de dados (geo)informações organizadas em mapas interativos, gráficos e relatório, com 21 pontos, sendo considerado “suficiente” para acesso àinformação. Em seguida, outro órgão governamental, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais a obter 20 pontos, enquadrando-seno critério de auditabilidade como “suficiente”.

Relato e leitura de algumas falasSobre os 60 questionários aplicados como instrumentos auxiliares da pesquisa, destacam-se algumas considerações:- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -1 – Como ferramenta de estudo/trabalho, você costuma acessar fontes de pesquisa na Internet para obter informações específicas sobre desmatamento naAmazônia?R = dos 60, 42 disseram que acessam, sendo que as fontes mais indicadas pelos entrevistados foram Inpe, Ibama e Imazon, na ordem de preferência (esteresultado guarda uma semelhança à avaliação proposta pelos autores deste trabalho).- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -2 – A fonte de pesquisa indicada está disponível gratuitamente na internet?R = dos 60, 40 disseram ser gratuitas.- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -3 – Indique o grau de dificuldade de acesso à fonte de pesquisa indicada.R = dos 60, 34 disseram ser acessível e fácil de usar.- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -4 – A fonte de pesquisa ou canal indicado oferece informações detalhadas sobre desmatamento na Amazônia?R = dos 60, 43 responderam que sim.- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -5 – Considerando que é possível encontrar informações virtuais sobre desmatamento na Amazônia, você acredita que as informações contidas na Internet(sobre este assunto) são confiáveis?R = dos 60 entrevistados, 31 disseram que confiam apenas parcialmente.- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -6 – Você acredita que as informações sobre o desmatamento na Amazônia são claras, verdadeiras e de fácil acesso para o cidadão brasileiro?R = dos 60, 25 responderam que não e 25 que as informações são parciais.- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -7 – Quais os tipos de canais você indicaria para melhorar o nível de acesso à informação do cidadão brasileiro a respeito do desmatamento na Amazônia? (2mais indicados):R = Periódicos e mídia em geral- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -8 – O Estado brasileiro (Poder Público) tem cumprido com seu dever de informar a sociedade a respeito das questões ambientais, em especial em relação aodesmatamento na Amazônia?R = dos 60, 30 responderam que cumpre parcialmente.- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -9 – Qual a principal ação que o Estado deve realizar para esclarecer melhor o cidadão sobre esse assunto? (3 mais indicadas):R = Educação, campanhas e informação.- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -10 – O que o Estado brasileiro deve divulgar, esclarecer ou orientar para que a sociedade conheça melhor a real situação da floresta amazônica? (3principais sugestões):

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R = Informação, transparência do Estado e Conscientização sobre a importância da floresta.- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Informação: uma luz no fim da selvaA destruição da Amazônia, principalmente pelo desmatamento, está repetindo o mesmo ciclo predatório da Mata Atlântica, que antes ocupava uma área de1,3 milhão de km2 e hoje encontra-se fragmentada, restando apenas cerca de 5% de sua extensão original (Salati, Santos, Klabin, 2006).Particularmente em relação à floresta da Amazônia Legal, nas 47 décadas iniciais da colonização brasileira (entre 1500 e 1970) apenas 1% da coberturahavia sido desmatada. Entretanto, bastaram menos que 4 décadas (entre 1971 e 2009) para serem suprimidos mais de 17% da massa florestal.

Segundo Fearnside (2005, p. 122), “muitos acreditam que a floresta será cortada a qualquer custo e, conseqüentemente, argumentam que deveríamos nospreocupar com outros problemas. Um dos maiores impedimentos à ação efetiva é o fatalismo”. Talvez essa constatação leve cada cidadão a acreditar queestá na hora de internalizar valores e princípios ecológicos que assegurem a sustentabilidade do desenvolvimento da floresta.Em tempos de inúmeras especulações acerca da internacionalização da Amazônia e da importância do uso da informação para responder à essa realidade, ovelho jargão “integrar para não entregar” poderia ser substituído por “internalizar para não internacionalizar”.

Ao se pensar na concepção de um sistema de informação sobre desmatamento, é necessário se pensar na promoção de ações sociais, políticas e econômicasligadas ao meio ambiente, a fim de atingir realmente o público. Em pleno século XXI, onde as informações das mídias impressas e eletrônicas são tãosuperficialmente absorvidas, esses meios não geram um comprometimento contínuo com a causa ambiental, nem são capazes de transformar atitudes.Receber um conteúdo pronto sobre um assunto e aceitá-lo como verdade, é algo que gera falta de identificação. E a falta de identificação prejudica aparticipação e consequentemente o engajamento.

Nesse sentido, parece ser plausível considerar que à medida que, a abundância de informações toma conta do mundo por meio de fontes de pesquisavinculadas à Web, precisa-se não apenas de mais informações, mas de profissionais e pessoas engajadas para assimilar, compreender e dar sentido a tudoisso. O combate ao desmatamento passa necessariamente pelo conhecimento da real situação da floresta amazônica. O governo brasileiro deve fomentarrecursos e incentivar a sociedade a refletir sobre a situação. Iniciativas tomadas por alguns órgãos públicos em parceria com a sociedade civil organizadavislumbram uma possibilidade ao cidadão acerca da necessidade de informação para frear o desmatamento, demonstrando que ainda há uma “luz no fim daselva”.

No ano de 2007, o Ministério Público Federal, por meio da Procuradoria da República no Estado do Pará firmou Termo de Cooperação Técnica eintercâmbio de informações com o Ministério Público do Estado do Pará e Imazon para obtenção de maior eficiência e tempestividade na adoção deprovidências voltadas à proteção do meio ambiente, a partir da utilização da ferramenta Imazongeo, como um instrumento próprio de fiscalização, o que nãoocorria antes porque o controle era feito exclusivamente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e pela Secretaria de MeioAmbiente do Pará, órgãos também responsáveis por coibir o desmatamento. O Instrumento protocolar foi publicado no Diário Oficial da União, de 9 denovembro de 2007, Seção 3, p. 128.

Outro exemplo, cita-se a ação da mesma Procuradoria da República no ano de 2009, quando em vários procedimentos, em conjunto com o InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e demais órgãos de defesa ambiental abriram uma importante discussão, deixando claro que oconsumidor brasileiro pode exigir informações sobre a procedência da carne e de outros produtos derivados do boi para ajudar a combater o desmatamentona Amazônia.

De acordo com informações disponíveis em Brasil (2009), com a intervenção do Parquet, pecuaristas que atuam em área de desflorestamento ilegal foramcompelidos a ficarem mais prudentes sobre as atividades nocivas ao meio ambiente, bem como sobre seus próprios negócios, pois grandes empresasrevendedoras de derivados do boi e indústrias fabricantes que utilizam essa matéria-prima também foram alertadas a evitar comercializar produtos cujaorigem é a criação de gado em áreas desmatadas ilegalmente, obrigando estes a informar seus consumidores sobre a origem desses produtos. Isso é umapequena mostra do quanto se tem que avançar em relação à questão da informação ambiental, em particular sobre a realidade da floresta amazônica.

As percepções da presente atividade de pesquisa podem ser agrupadas em três diretrizes informacionais que se entrecruzam. A primeira diz respeito àquestão ambiental, de ser encarada como uma visão sistêmica e integradora, de caráter interdisciplinar, onde a informação pode assumir valorimprescindível.

A segunda, por sua vez, indica não existir solução para a questão amazônica, sem o devido reconhecimento e valorização da população local, que precisaconhecer o seu meio e suas potencialidades e isso só se obtém por meio do acesso à informação. Finalmente, as diretrizes mencionadas anteriormente searticulam com uma terceira medida, que se refere à ação conscientizadora e ética, em busca de uma atitude transformadora. Isso também só se conseguecom informação e com educação ambiental. A sistematização e o uso adequado de informações sobre a região, facilitando a forma de busca e a apreensãodos vários conteúdos informacionais.

A disseminação correta e verdadeira da realidade sobre o desmatamento da Amazônia constitui um bom começo para a efetividade do direito à informação(dever de informar do Estado) perante a sociedade. Só assim, o cidadão poderá conhecer a real dimensão do problema e poder se orientar melhor a respeitodas conseqüências e do que é possível se fazer para preservar esse recurso ambiental, de vital importância para toda a humanidade.Com esse estudo, espera-se ter contribuído de alguma maneira, para uma reflexão mais detida acerca da realidade amazônica, particularmente acerca dodesmatamento da floresta, tendo como instrumento essencial a qualidade dos sistemas de informação sobre o assunto em questão. Referências Bibliográficas

* Artigo resultante de atividade de pesquisa vinculada ao Programa de Auxílio ao Recém-Doutor 2009 da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da

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Sobre os autores / About the Author: Lucivaldo Vasconcelos Barros

[email protected] Professor Adjunto da Universidade Federal do Pará. Faculdade de Biblioteconomia do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas e Doutor emDesenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília. Rodrigo Oliveira de Paiva

[email protected] Programa de Auxílio ao Recém-Doutor 2009 e discente do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Pará.