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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES Pós-Graduação”Latu Sensu” Projeto A Vez do Mestre A Terceira Idade e a Inclusão Por: Jane de Freitas Neto Orientador: Profª. Edla Trocoli Rio de Janeiro 2011

A Terceira Idade e a Inclusão - avm.edu.br · Simone de Beauvoir (A velhice. Tradução de Maria Helena Franco Monteiro, Rio de ... RESUMO Éramos considerados um país jovem, mas

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

Pós-Graduação”Latu Sensu”

Projeto A Vez do Mestre

A Terceira Idade e a Inclusão

Por: Jane de Freitas Neto

Orientador:

Profª. Edla Trocoli

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

Pós-Graduação”Latu Sensu”

Projeto A Vez do Mestre

A Terceira Idade e a Inclusão

Monografia apresentada como requisito

parcial para conclusão do curso de Pós-

Graduação “Latu Sensu" em Educação

Inclusiva, da Universidade Cândido Mendes

do Rio de Janeiro.

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“Paremos de trapacear; o

sentido de nossa vida está em

questão no futuro que nos

espera; não sabemos quem

somos, e ignorarmos quem

seremos: aquele velho, aquela

velha, reconheçamo-nos neles.

Isso é necessário, se quisermos

assumir, em sua totalidade,

nossa condição humana. Para

começar, não aceitaremos mais com indiferença a

infelicidade da idade avançada, mas sentiremos que é

algo que nos diz respeito... O fato de que um homem nos

últimos anos de sua vida não seja mais que um

marginalizado evidencia o fracasso de nossa

civilização:... é a exploração dos trabalhadores, é a

atomização da sociedade, é a miséria de uma cultura

reservada a um mandarinato que conduzem a essas

velhices desumanizadas. Elas mostram que é preciso

retomar tudo, desde o início. È por isso que a questão

passa tão cuidadosamente em silêncio; é por isso que urge

quebrar esse silêncio: peço aos meus leitores que me

ajudem a fazê-lo.”

Simone de Beauvoir

(A velhice. Tradução de Maria Helena Franco Monteiro, Rio de

janeiro: Nova Fronteira, 1990. Bosi, Ecléa. Lembranças dos Velhos. 3.

ed. São Paulo: Companhia das letras, 1994.p.12).

Page 4: A Terceira Idade e a Inclusão - avm.edu.br · Simone de Beauvoir (A velhice. Tradução de Maria Helena Franco Monteiro, Rio de ... RESUMO Éramos considerados um país jovem, mas

AGRADECIMENTOS

A Deus, que é o princípio da minha existência e

que nos pediu apenas que O amemos sobre

todas as coisas e ao próximo como a nós

mesmos.

A minha mãe, que sempre esteve ao meu lado,

me incentivando em tudo na minha vida.

A minha amiga Alzira, que sempre caminhou

comigo em oração.

Aos meus amigos, que conquistei no meio desta

jornada e que dividiram comigo momentos tão

doces e intensos, nesse processo de educação e

autoconhecimento: Marilene, Mônica, Crys, Cris

Brito, Cristiane e Dina, meu agradecimento e

minha admiração.

Ao meu melhor amigo, Creso Roberto que me

incentivou a estudar, a lutar por meus sonhos e a

criar meus caminhos. Agradeço pela sua

imensurável colaboração. A você minha eterna

admiração.

A todos, muito obrigada!

Jane

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DEDICATÓRIA

À minha pequenina Maise, verdadeiro presente, pelas horas de dedicação que lhe furtei, com promessa de que serão restituídas em breve.

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RESUMO

Éramos considerados um país jovem, mas os estudos exibem

uma realidade diferente: o Brasil de hoje é um país “estruturalmente

envelhecido”, segundo padrões estabelecidos pela Organização

Mundial de Saúde (OMS), é o “Brasil de cabelos brancos”.

No Panorama Mundial, os países em desenvolvimento, também

sofreram um aumento significativo da população idosa. Em

contraponto desta realidade, notamos que há uma ineficácia nas

decisões tomadas para se adequar a Sociedade a essa nova

condição.

Inúmeros são os termos para se referir á população idosa e a

velhice denuncia a existência de preconceitos incutidos na

Sociedade, até por parte do próprio indivíduo que está na

senescência. A valorização exagerada da juventude, tão explícita

na sociedade moderna, reforçou na contribuição negativa para o

conceito de Terceira Idade.

A visão do envelhecimento para muitos é sinônimo de doença,

perdas, declínio ou ainda, uma etapa de “conclusão da vida”. É uma

construção social e cultural que privilegia, apenas, os indivíduos

ativos e produtivos. Isso explica porque muitas pessoas, não

aceitam ser classificadas como velho, pois não se sente

desnecessário, infrutuoso e sem utilidade.

Podemos incorporar o lazer (conjunto de ocupações) à vida do

idoso como “alternativa de enfrentamento da sua nova fase de

vida”.

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Atualmente existem múltiplas opções para viabilizar a inserção

destes indivíduos favorecendo a integração social, a valorização e o

reconhecimento como cidadão. Em um ambiente de convivência

social, o idoso realiza diferentes tarefas apresentadas pelo grupo,

desenvolvendo um relacionamento interpessoal.

Embora muitas ações já estejam em curso, conclui-se que

muito ainda há o que fazer no âmbito das políticas públicas e na

educação do nosso povo em geral, para eliminar o preconceito

contra os velhos em nossa sociedade.

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SUMÁRIO

Pág.

Introdução........................................................................................ 9

I - Justificativa e Objetivo .............................................................. 13

II – Metodologia ............................................................................... 14

ConclusãoF..................................................................................... 42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................ 44

ÍNDICE .............................................................................................. 48

III – Delineamento Teórico ............................................................. 14

IV – O Papel da Família Frente ao Idoso na Sociedade Atual .... 26

V – Interação e Integração Social do Idoso .................................. 28

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Introdução

A valorização de todas as etapas da vida deve ser enfática

para o indivíduo, pois o processo de envelhecimento começa

quando nascemos.

Envelhecer é também um exercício de viver. Chegar à velhice

é viver em movimento contínuo, é um caminhar pela vida,

ultrapassando etapas.

O envelhecimento não deve ser encarado como uma

problemática e sim como um espaço peculiar de nossas vidas, pois

somos ou seremos idosos um dia, e isso é necessário ser entendido

com objetividade. A velhice e a morte fazem parte da vida de todos,

ou seja, nenhum ser humano é eterno.

O envelhecimento populacional é uma realidade, não somente

brasileira; tornou-se um fenômeno mundial e vem ocorrendo em

quase todos os países. É uma realidade sem retrocesso.

O Brasil durante algumas décadas foi apontado como um país

jovem, porém, este quadro mudou devido aos avanços no campo

da saúde, que reduzem a taxa de mortalidade, e à redução da taxa

de natalidade. O envelhecimento da população brasileira é refletido

no aumento da expectativa média de vida que passou de 66 para

68,6 anos na última década,

De acordo com o Censo 2000, realizado pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), menos da metade da

população brasileira estava abaixo dos 24 anos (49,7%) e os idosos

eram 14,5 milhões de pessoas, correspondendo a 8,6% da

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população total do País1. Considerando que essa proporção era de

4,2% em 1950 e 7,3% em 1991, percebe-se uma aceleração da

taxa média de crescimento da população idosa. Segundo dados do

Ministério da Saúde2 o Brasil terá mais de 32 milhões de pessoas

com idade superior a 60 anos até o ano de 2025.

Hoje, no Brasil, as pessoas de mais idade são consideradas

como o grupo que apresenta as taxas mais elevadas de

crescimento (Camarano, Kanso e Mello, 2004, p.26). Se tomarmos

a participação dos idosos com 75 anos ou mais no total da

população, veremos que em 1991, eles eram 2,4 milhões (1,6%) e,

em 2000, 3,6 milhões (2,1%), ou seja 31% de crescimento; além

disto, a proporção da população “mais idosa”, ou seja, a de 80 anos

e mais, também está aumentando, alterando a composição etária

dentro do próprio grupo”. (Idosos brasileiros: Indicadores de

condições de vida e de acompanhamento de políticas. Ana Amélia

Camarano... et. al. Brasília: Presidência da República,

Subsecretaria de Direitos Humanos, 2005, p.9).

Estudos epidemiológicos mostram que o crescimento da

população idosa decorre, também, das mudanças socioculturais

que se deram ao longo do século XX provocando significativas

alterações nos arranjos familiares.

O envelhecimento populacional coloca desafios para o

Estado, os setores produtivos e as famílias por acarretarem

pressões para a transferência de recursos na sociedade. (Idosos

brasileiros: Indicadores de condições de vida e de

1 O Instituto considera idosas as pessoas com 60 anos ou mais, mesmo limite de idade considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para os países em desenvolvimento. 2 http://www.jornalpequeno.com.br/2004/7/5/Pagina1765.htm. Acesso em 02/11/2010 ás 17h22

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acompanhamento de políticas. Ana Amélia Camarano... et. al.

Brasília: Presidência da República, Subsecretaria de Direitos

Humanos, 2005, p10) e traz à luz a necessidade de esforços

conjuntos para encontrar respostas às questões trazidas pelo

envelhecimento humano.

Na evolução da humanidade, observou-se um enfoque

predominante no modo de enxergar a velhice, sob o ponto de vista

do declínio físico e biológico.

A imagem da velhice que, de um modo geral, era negativa,

atualmente, sobretudo na perspectiva da população idosa, já se

compõe tanto de aspectos negativos quanto positivos.

Sabemos facilmente reconhecer um idoso, porém não

sabemos conceituá-lo. O estereótipo moldado pela tradição não

mais se aplica.

No âmbito das relações sociais e étnicas, um estereótipo é

tido como uma generalização excessiva e indevida de um

comportamento, uma atitude ou uma qualidade relativa a um

determinado grupo étnico que tanto pode resultar numa avaliação

positiva como numa avaliação negativa da questão em causa.

Os valores atribuídos aos idosos dependem do contexto social

e cultural de cada civilização. Por exemplo, nas sociedades

orientais, o envelhecer ressalta a sabedoria cultivada ao longo da

vida e, de forma oposta, no ocidente é notado pelas alterações das

funções orgânicas.

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“Na cultura ocidental contemporânea, pode-se dizer que,

quando crianças, devemos brincar, quando adolescentes devemos

experimentar, quando adultos trabalhar e produzir, e quando velhos

devemos nos aposentar”. (MAGRO, V.M.M., 2003, pág.35).

De acordo com o dicionário Aurélio Buarque de Holanda

Ferreira, velho é antiquado, obsoleto, descartável, gasto pelo uso.

A percepção da sociedade em relação ao idoso é um olhar

estigmatizado e negativado da velhice. O olhar de alguns para o

envelhecimento consiste em ser incapaz, limitado, ineficiente,

levando o próprio idoso a incorporar esse perfil e se conformar com

essa condição de serem descartáveis, uma herança negativa que

herdamos de nossos antepassados.

Nossa cultura, refém de um modelo capitalista que exacerba o

individualismo, o consumo e a concorrência, é impregnada pela

ilusão de felicidade alcançada através da valorização da juventude,

da beleza estereotipada, da força física, da eficácia e da

produtividade, divulgada na propaganda audiovisual massiva

veiculada pelos meios de radiodifusão. O culto à juventude faz com

que os idosos busquem subterfúgios a fim de garantir a eterna

juventude e possível “beleza” que a sociedade tanto valoriza e, para

alguns, uma velhice feliz consiste em parecer jovem.

Percebe-se que nossa sociedade confunde a imagem do

envelhecer e da velhice, com uma fase da vida em declínio. A

sociedade moderna precisa mudar essa mentalidade, e se reeducar

para receber o idoso com o devido respeito às suas limitações,

observando suas qualidades e abandonando a idéia que o idoso é

um fardo ou um peso.

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No geral, o idoso é considerado por aquilo que “não é” ou

“não é mais”, deixando de ter importância suas características

peculiares.

Ao contrário, o que se propõe é que se viva a velhice

adotando um comportamento saudável, valorizando suas próprias

riquezas: é uma etapa onde a sabedoria está consolidada como

resultado das experiências vivenciadas no longo período de vida

profissional, psicológica, emocional, social, comportamental e sobre

tudo a prática de valores humanos.

I. Justificativa e Objetivo

O presente estudo se justifica pela relevância da questão do

idoso na sociedade atual, não só de ponto de vista da justiça Social,

mas também pelo seu potencial econômico.

Veras (2003) diz que apesar do grande número de trabalhos e

pesquisas sobre os idosos, identificados no Brasil, tanto na área

das Ciências Humanas e Sociais, ainda existe uma pouca

preocupação com as transformações sociais que devem ocorrer,

não só pelo aumento de idosos, mas também pelo aumento da

longevidade.

Do ponto de vista pessoal, esse estudo se justifica em face do

desejo da autora de atuar nessa área e, com base na

contextualização da situação problema dessa pesquisa, escolheu-

se investigar o tema com a perspectiva de ampliar os

conhecimentos na área da Terceira Idade e da Inclusão Social.

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O estudo tem por OBJETIVO GERAL: Compreender a Inclusão

na Terceira Idade e suas contribuições, sendo seus OBJETIVOS

ESPECÍFICOS:

• Identificar o que é Terceira Idade e seu desenvolvimento.

• Identificar os benefícios ao idoso através da inclusão social,

• Relacionar a influência das Normas Legais atinentes ao

idoso e suas contribuições.

Importa ressaltar que não se tem a pretensão de chegar a

conclusões fechadas nem universais. Trata-se de dar início a uma

investigação como ponto de partida para futuras pesquisas

baseadas em análises e reflexões a respeito das políticas de

inclusão, levando em conta os paradigmas conceituais e princípios

que vem sendo progressivamente defendidos em documentos

nacionais e internacionais.

II. Metodologia

Para alcançar os objetivos, usar-se-á a metodologia de

pesquisa bibliográfica, buscando e interpretando textos de autores

que exploraram o Tema sob aspectos diversos.

III. Delineamento Teórico

III.1. Inclusão Social

A Inclusão Social é um assunto complexo e difícil de ser

abordado já que requer mudança de atitude, principalmente

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quando se fala de inclusão de pessoas com alguma deficiência.

Entendemos que incluir significa “abranger” e “somar”, é “trazer

para dentro” e dar ao excluído a oportunidade de ter as

mesmas experiências, é aceitá-lo integralmente, entendendo as

diferenças como possibilidades do ser humano, e

complementando eventuais deficiências com soluções que

equalizem o “viver com dignidade” do ser humano médio.

Segundo a UNESCO:

“A Educação Inclusiva, entendida sob a dimensão

curricular, significa que o aluno com necessidades especiais

deve fazer parte da classe regular, aprendendo as mesmas

coisas que os outros – mesmo que de modos diferentes –

cabendo ao professor fazer as necessárias adaptações.”

(UNESCO).

A inclusão funciona como um possível caminho para

amenização do preconceito, mas ao fazermos uso do termo

inclusão já implicitamente trazemos a idéia de exclusão, pois

para incluir alguém, necessariamente, ela deve está exclusa. A

própria definição da UNESCO, transcrita acima, padece desse

mal ao não incluir os demais alunos no objetivo da educação

inclusiva. A Inclusão só existe quando a sociedade entende e

se adapta para atender as necessidades de todos.

O adjetivo “inclusivo” é usado quando se busca qualidade

para todas as pessoas com ou sem deficiência. Alves (2009)

diz: “para que possamos incluir devemos respeitar e querer

desenvolver o indivíduo em todos os aspectos dentro do

processo de aprendizagem”. Partindo desse princípio,

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entendemos que a educação inclusiva é a valorização da

“diversidade e da comunidade humana”.

A partir da década de 90 surgiram reflexões em todo o

mundo sobre a Inclusão Educacional.

A política de Educação Inclusiva, no Brasil, está

embasada na Declaração de Salamanca, elaborada pela

Conferência Mundial de Educação Especial que ocorreu em

1994 e ganhou reforços com a LDB (Lei de Diretrizes de Bases

da Educação Nacional) de 1996 e com a Convenção de

Guatemala, de 2001.

A Declaração afirma que as escolas regulares com

orientação inclusiva são as mais eficazes no combate às

atitudes discriminatórias.

A idéia da Inclusão não é nova, mas necessita de

amadurecimento nas mentes de pais, educadores, governantes

e toda sociedade para fazer parte do nosso dia-a-dia como algo

natural. Quando abandonamos o preconceito, mudamos nosso

comportamento e nossos pensamentos, e permitimos que todo

o “conhecimento da diferença seja integrado numa

compreensão da diversidade humana”.

A filosofia da Inclusão precisa ser interpretada, divulgada

e planejada corretamente, a fim de produzir resultados

adequados. Neste sentido, uma campanha de esclarecimento

sobre a educação Inclusiva, levada a efeito pelos setores

público e privados junto a Sociedade, muito contribuirá para

torná-la realidade. (SCHWARTZMAN, 1999, p.262).

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O processo de inclusão se dá a priori pela família,

aceitando a pessoa especial como parte do contexto familiar,

respeitando suas limitações. Em seguida pela escola, local

onde crianças, jovens e adultos devem expressar a convivência

com todos, em vez de segregação de grupos isolados,

permitindo que todos façam parte do cotidiano escolar

facilitando as possibilidades individuais.

Alguns autores que estudam essa questão, afirmam que

os idosos também sofrem as conseqüências da desigualdade

social e problemas sociais.

“A população idosa se constitui como um grupo bastante

diferenciado, entre si e em relação aos demais grupos etários,

tanto do ponto de vista das condições sociais, quanto dos

aspectos demográficos e epidemiológicos. Qualquer que seja o

enfoque escolhido para estudar este grupo populacional, são

bastante expressivos os diferenciais por gênero, idade, renda,

situação conjugal, educação, atividade econômica, etc.” (Veras,

2003, p.8-9)

As sociedades precisam se adaptar a um número cada

vez maior de pessoas idosas, aproveitando as capacidades e

potenciais deste grupo populacional e criando estruturas que

atendam a necessidades específicas.

A inclusão deixará de ser um sonho, quando todas as

pessoas com algum tipo de deficiência obtiverem de fato as

mesmas oportunidades, seja na educação ou no trabalho, em

todos os setores da nossa Sociedade.

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Portanto a inclusão depende de mudança de valores da

sociedade vivenciando um novo paradigma: colocar no mesmo

espaço demandas tão diferentes e específicas. Jamais haverá

inclusão se a sociedade achar que pode escolher quais os

deficientes poderão ser incluídos.

III.2. O Contexto Histórico

Amaral (1991,p.13), considera que “[...] o conceito de

velhice difere em cada sociedade, a partir da significação que o

envelhecimento tem, o que acarreta uma pluralidade de

conceituações [...]”.

O que é ser velho?

Silva (2003), ao discutir á dimensão histórico-social da

velhice, expõe que a sociedade ao constituir a concepção e o

papel do ancião, foi determinada por usos e costumes,

atrelados em suas culturas e sua conjuntura histórica.

Entendemos que o envelhecer é uma experiência

subjetiva e social, não tendo um momento preciso para

acontecer. E cada sujeito percebe o seu tempo de ser velho ao

reagir diante do que lhe é imposto pela sociedade, pela cultura

e pela própria ação do tempo em seu corpo. Frente a todas as

limitações impostas à velhice, cada indivíduo adota condutas

de acordo com os costumes, experiências e estilo de vida,

adquiridos no decorrer de sua existência.

Algumas perdas acontecem durante a velhice: perdas

biológicas, perdas orgânicas e funcionais, perdas psicológicas;

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perdas relacionadas à capacidade adaptativa, perdas na

interação com a Sociedade, perdas funcionais; perdas na

capacidade de realizar as atividades da vida diária. Essas

alterações em muitas culturas podem ser sinônimas de

exclusão; tanto no processo produtivo como no familiar, os

idoso são simplesmente isolados, ou seja, é tirada toda a

possibilidade do idoso desenvolver suas potencialidades.

A preocupação com a velhice e suas modificações existe

desde as civilizações mais antigas. Cada sociedade reservou

para seus idosos uma função e um lugar determinado,

“privilegiado ou marginalizado”, de acordo com seus valores.

“As sociedades, em diferentes momentos históricos, atribuem

um significado específico às etapas do curso de vida dos

indivíduos, conferindo-lhes papéis e funções” (GUSMÃO,2001,

p.123).

Para algumas comunidades antigas os idosos eram

responsáveis pela transmissão dos valores religiosos e

culturais, também responsáveis em instruir os jovens –

genuínos guardiões do saber. Em suas “aldeias” ocupavam

status de grande respeito, exercendo a função de conselheiros

ou sábios e tidos como curandeiros ou feiticeiros, desfrutavam

alguns privilégios.

Em outras comunidades, somente os considerados

anciãos é que conseguiam transpor os “desafios da debilitação

progressiva das funções intelectuais”. Mantendo-se lúcidos,

aptos para a guerra e com capacidade física para trabalhar,

galgavam um lugar de destaque, embora a “função social da

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velhice” e suas características intrínsecas sofressem oscilações

de acordo com a cultura e o tempo histórico vivido, mas sempre

associados ao respeito pela grande experiência de vida

acumulada.

As sucessivas revoluções como a Revolução Comercial,

Revolução Industrial e Econômica, trouxeram profundas

modificações na estrutura social ao redor de todo o mundo. De

modo paulatino, as taxas de mortalidade sofreram sucessivas

reduções e o conceito de “velhice” ao longo do tempo foi se

delineando. Atualmente, está presente nos valores das

sociedades.

A autora Simone de Beauvoir em seu livro “A Velhice”,

considerado um dos mais importantes trabalhos sobre o tema

do envelhecimento, considerou que “[...] a imagem da velhice é

incerta, confusa, contraditória” (BEAUVOIR, 1990, p.109).

O termo “Terceira Idade” surgiu na França3 para designar

o período da vida que se intercala entre a aposentadoria e a

velhice. Na França do século XIX, a velhice passou a ser

tratada como um problema social, devido a expansão do modo

de produção capitalista que acarretava o crescimento rápido da

classe operária, e do conjunto de procedimentos que passaram

a orientar a ordem social estabelecida.

Nesse período, mais da metade da população acima de

65 anos, vivia em precárias condições, porque não possuía

salários ou pensões, vivendo sob a dependência dos filhos ou

3 "http://www.partes.com.br/ed14/terceiraidade.asp em 22/09/2010 ás 20h28"

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de instituições assistencialistas. Nessa época é que foram

criados os primeiros asilos, construídos com recursos de

fundos privados ou doações de famílias de banqueiros e

industriais. Sabe-se que 60% dos asilos franceses foram

construídos no século XIX.

A aposentadoria surge nessa ocasião como resposta ao

reconhecimento da necessidade de se garantir o futuro dos

trabalhadores. Assim, a velhice passa a ser tratada como uma

questão social merecedora de atenção e de legitimação no

campo das preocupações sociais.

O caminho para compreender o processo de

envelhecimento, iniciou-se com as civilizações mais remotas,

com variações sobre o conceito de envelhecer e a aceitação da

velhice.

No que se refere a esses vocabulários classificatórios, no

século XVIII, na França, a palavra velhice não possuía

conotação pejorativa, sendo empregada para designar aqueles

que dispunham de bom poder aquisitivo e cuja imagem se

associava a "bom pai" ou a "bom cidadão". Tal conotação

surgiu no século XIX, onde o termo velhice passou a

caracterizar, essencialmente, as pessoas que não podiam

assegurar seu futuro financeiro, designando-se, mais

precisamente, como velho, "vieux", ou velhote "vieillard", os

indivíduos que não tinham status social e, aqueles que viviam

socialmente bem, designava-se "personne âgée” que se

traduziu por “idoso", em português. Observa-se, por

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conseguinte, que naqueles tempos a velhice só existia para

aqueles que estavam bem situados na sociedade.

III.3. O Idoso e a Lei

Pela afirmação de Beauvoir (1990): “Desprovidos de sua

funções sociais, como conseqüência da aposentadoria, o

velhos são considerados inúteis, improdutivos e um peso para

a sociedade”. Sem dúvida este processo de inatividade

profissional, provoca um impacto neste segmento etário. Parar

de trabalhar representa “a perda de papéis junto à família e a

sociedade”, e como resultado, ocorre o isolamento social do

velho. Simultaneamente ao distanciamento deste idoso da

convivência com diferentes grupos, a sociedade também se

distancia, “não reconhecendo a sua existência social”.

Frente á problemática social da população idosa, surge a

necessidade de uma análise da posição real do Estado e das

políticas sociais que garantem os direitos sociais dos idosos.

Os direitos dos idosos como cidadãos são reconhecidos por

leis e estão incluídos na Constituição da República Federativa

do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988, que define em

seu artigo 6º, capítulo 12º - Direitos Sociais, o seguinte:

“São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o

lazer, a segurança, a previdência social, a proteção á

maturidade e a infância, assistência aos desamparados na

forma desta constituição”.

Consoante a Constituição foi editada a Política Nacional

do Idoso, sob a Lei nº 8.842 de 04 de janeiro de 1994,

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regulamentada pelo Decreto 1.958, de 03 de julho de

1996.estabelecendo o que segue:

“Capitulo I - Da Finalidade:

Art. 1º A Política Nacional do Idoso tem por objetivo

assegurar os direitos sociais do idosos, criando

condições para promover sua autonomia, integração e

participação efetiva na sociedade.

Art. 2º Considera-se idoso para todos os efeitos desta Lei

a pessoa maior dos sessenta anos de idade.”

Assim, com base na Lei, o governo deve implementar

medidas efetivas direcionadas para a política de atenção ao

idoso, abrangendo a sociedade, e realizar parcerias com os

Ministérios da Cultura, da Educação, da Justiça, da Saúde, do

trabalho e do Planejamento.

A Constituição Federal do Brasil assume o princípio de

igualdade como pilar fundamental de uma sociedade

democrática e justa, quando reza no caput do seu Art. 5º:

“todos são iguais perante a Lei, sem distinção de

qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

estrangeiros, residentes no país, a inviolabilidade do

direito á vida, á liberdade, á igualdade, á segurança e á

prosperidade” (CF - Brasil,1998).

O Estatuto do Idoso, Lei 10.741 de 1º de outubro de

2003, após tramitar cinco anos no Congresso Nacional, foi

aprovado por unanimidade pela Câmara dos Deputados e pelo

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Senado Federal. Entre outras coisas, tipifica crimes contra os

idosos. O art. 4º do Estatuto, determina que “nenhum idoso

será objeto de qualquer tipo de negligência,

descriminação, violência ou opressão, e todo atentado aos

seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma

da lei”. (http://www.camara.gov.br/internet/plenario/ acesso em

25/10/2010 ás 10h15). Também determina o fornecimento

gratuito de medicamentos e prótese dentária pelo poder

público, proíbe a discriminação nos planos pela cobrança de

valores diferenciados em razão da idade, garante descontos de

50% em atividades culturais e de lazer para os maiores de 60

anos, também determina para os maiores de 65 anos a

gratuidade nos transportes públicos, processos judiciais

envolvendo pessoas com mais de 60 anos terão prioridades.

Trata-se de um conjunto de leis que determina os

procedimentos legais que devem ser cumpridos para melhoria

da situação da população idosa existente em nosso país.

Essas iniciativas foram tomadas para promoção de uma

consciência que valorize o papel do idoso na sociedade. O

Estatuto pretende humanizar e aproximar cada vez mais o

idoso da sociedade e da família.

O Estatuto exprimiu uma histórica conquista dos nossos

idosos. A regulamentação do estatuto, no entanto, não é

imediata. Como a qualquer cidadão, cabe aos idosos

conhecerem os seus direitos estabelecidos em lei contidos

nesses documentos e lutar para que as leis sejam, de forma

absoluta, respeitadas e cumpridas pelo governo e pela

sociedade.

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Infelizmente, “Inúmeros são os direitos do idoso, tais

como direito à moradia, ao esporte, ao transporte etc. Estes

direitos não vêm sendo respeitados em nosso país e se faz

urgente a implantação de políticas públicas visando o bem-

estar do idoso. Só assim poderemos oferecer à sua velhice

um conforto maior, somado com dignidade e respeito. E

agindo com justiça em relação ao idoso de hoje, estaremos

garantindo o futuro do idoso de amanhã: a nossa própria

velhice”. (denúncia disponível em

http://direitos_humanos.sites.uol.com.br/idosos.htm. /Acesso

em 14/09/2010 ás 14h50).

Os casos em que o idoso necessita de cuidados e

proteção e seus direitos não estão sendo cumpridos,

denúncias deverão ser encaminhadas aos órgãos públicos

como: Ministério Público, Conselho Estadual do Idoso,

Conselho Nacional do Idoso. Qualquer omissão diante de

atos que coloquem a vida do idoso em risco ou causando

lesão física ou moral é punível pelo Código Penal. É

obrigação em defender a integridade do idoso.

Ressaltamos que todos esses direitos, “são tutelados

pela própria Constituição Federal”, no que diz respeito à

garantia de seu cumprimento. “Positivar um Direito” à

sociedade é sinônimo de proporcionar benefícios diante dos

conflitos e reivindicações sociais. Cada cidadão tem o direito

de exigir do Estado à formulação de leis e políticas públicas

que atendam aos interesses sociais e que as conquistas

formais sejam de fato efetivadas.

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IV. O Papel da Família Frente ao Idoso na Sociedade Atual

A família, definida como “um grupo enraizado numa sociedade”,

é tida como elemento fundamental enquanto espaço de trocas e

interações, assumindo papéis importantes e inovadores perante os

idosos e possui uma trajetória que lhe delega responsabilidades

sociais. Para os estudiosos a família é nomeada como elemento

mais importante de bem-estar na vida dos idosos e também

considerada como ponto de apoio em todos os momentos e

circunstâncias. É no seio da família que se deveria oferecer amor,

respeito, carinho e as melhores condições de vida que cada

indivíduo necessita.

A Constituição Federal de 1988 apresenta a família como base

da sociedade e como dever da família, da sociedade e do Estado

“amparar as pessoas idosas assegurando sua participação na

comunidade, defendendo sua dignidade e bem estar e garantindo-

lhe o direito a vida”.

É nesta fase da vida, que a pessoa de mais idade necessita

sentir-se valorizada, receber atenção e o carinho dos familiares,

viver com dignidade e tranqüilidade. Neste sentido, cabe aos

membros da família compreender essa pessoa em seu processo de

vida, de transformações, conhecendo suas fragilidades,

modificando sua visão e atitude sobre a velhice.

“O envelhecimento tem, sobretudo, uma dimensão existencial

e, como todas as situações humanas, modifica a relação do homem

com o tempo, com o mundo e com a sua própria história,

revestindo-se não só de características biopsíquicas, como também

sociais e culturais” (BEAUVOIR, 1990,p.32).

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Observou-se também que existem familiares que não

contemplam seus idosos em seus diálogos e decisões. Por outro

lado, muitos idosos são condenados a vivenciar o restante de seus

dias em instituições asilares. Esses ambientes estranhos levam a

pessoa de mais idade a sujeitar-se às normas e rotinas impostas

pela instituição ocorrendo o afastamento da família e da sociedade.

O idoso sem autonomia é rapidamente excluído das suas

funções de produção e transmissão de conhecimentos. É possível

prever que, nestas circunstâncias, ele se isole e ao fazê-lo assuma

cada vez mais uma situação de dependência.

Nota-se que ao envelhecer o indivíduo necessita de cuidados

específicos, contínuos e individualizados, pois com o declínio

progressivo de suas aptidões físicas e capacidades funcionais,

torna-se mais dependente de ajuda externa, que algumas vezes

pode vir da família ou não. Diante dessas transições a família,

impossibilitada de tratá-los adequadamente, mediante a própria

dinâmica da vida nas metrópoles, acaba por ter como única saída o

asilo.

Alguns estudos, como os de Telles Filho e Petrilli Filho (2002)

indicaram dentre os grandes fatores de risco para o asilamento do

idoso a necessidade de cuidados especiais devido às críticas

condições de saúde: as atividades laborais ficam prejudicadas,

deterioração cognitiva e física, mudanças na dinâmica e nos papéis

da família, inexistência de apoio domiciliar e algumas situações

desenvolvem distúrbios comportamentais.

Para alguns idosos, a casa de repouso se revela em uma

experiência muito traumática e um local hostil para se viver. Ocorre

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uma ruptura com seus objetos pessoais como: casa, móveis,

animais domésticos e pequenas recordações construídas com o

tempo. Perdem vínculos com seus familiares e experimentam uma

imensa e verdadeira solidão, sentindo-se entristecidos isolam-se em

seus quartos ou pelos cantos em poltronas e cadeira de rodas.

Muitos sentem-se sozinhos e distantes da vida que construíram.

Portanto, a família deve assumir a sua importância perante o

idoso, compreendendo-o, apoiando-o e protegendo-o, pois seu

comportamento consciente é essencial na conquista de melhores

resultados.

A família brasileira do terceiro milênio está cada vez mais se

distanciando do modelo tradicional, no qual o idoso ocupava lugar

de destaque. Hoje, é considerado sinônimo de exclusão tanto do

processo produtivo como do convívio social e, em muitos casos do

convívio familiar. Quando a experiência familiar se demonstra

menos positiva, o idoso sente-se obrigado a procurar outro

ambiente familiar de modo a encontrar esse ponto de equilíbrio.

V. Interação e Integração Social do Idoso

“Pela ótica social, a interação de um indivíduo com o grupo

social a qual pertence ou que se encontra inserido, acontece a partir

do momento em que esse indivíduo passa a assimilar a cultura

desse grupo social”. (www.dicionárioinformal.com.br)

Interagir significa fazer parte de um processo de socialização

na qual aprendemos e ensinamos através do convívio com outros

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indivíduos. De uma forma natural, o indivíduo interage com o outro

expondo idéias formadas por mentalidades individuais e coletivas,

através de percepções, pensamentos e sentimentos, interagindo em

uma sociedade que pode lhe oferecer caminhos e buscas.

Podemos dizer que interagir em sociedade significa uma

continuação de vida, na qual por motivos reais o ser humano passa

a sentir necessidade de inclusão e busca uma forma de fazer parte

de uma socialização (BARROS, 2000).

A sociedade não deve permitir que o idoso se afaste do mundo

produtivo, pois conseqüentemente também se afastará do “espaço

público”. Ocorrendo este afastamento sem nenhuma preparação

fará com que o idoso se volte para o “espaço privado”, reproduzindo

as condições de isolamento (CONRAZZA, 2001). É necessário

oportunizar ao idoso a possibilidade de expressar-se através de sua

cultura e tornar úteis seus conhecimentos adquiridos ao longo da

vida.

A comunicação é fundamental para a socialização do ser

humano, já que é um ser social. Para o idoso essa socialização pela

comunicação, rompe a barreira da solidão, seja através da

convivência, seja através de atividades realizadas em grupos

organizados nessa faixa etária, tais como: dança, artesanato, sala

de leitura, eventos culturais e recreativos; assim quebrar – se – a o

distanciamento, fortalecendo a comunicação.

"Estar no mundo sem fazer história, sem por ela ser feito, sem

fazer cultura, sem tratar sua própria presença no mundo, sem

cantar, sem musicar, sem pintar, sem cuidar da terra, das águas,

sem usar as mãos, sem esculpir, sem filosofar, sem fazer ciência ou

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teologia, sem assombro em face do mistério, sem aprender, sem

ensinar, sem idéias de formação, sem politizar, não é possível"

(FREIRE, 1996, p.63-64).

V.1. O Isolamento Social do Idoso

“O envelhecimento não se restringe apenas á velhice. O

envelhecimento é um processo irreversível, que se inscreve no

tempo, entre o nascimento e a morte. Faz-se, portanto,

necessário perceber essa realidade como algo inerente a um

processo continuo, individual e coletivo de nossas vidas,

considerando que a forma como vivemos o momento presente

e o valor que damos a ele determinarão como será vivido o

momento futuro” (Educação e envelhecimento humano/ Org.

Miriam Bonho Casara, Ivonne Assunta Cortelletti, Agostinho

Both – Caxias do Sul, RS: Educs, 2006, p.52)

Ao enfrentar as limitações impostas pelo processo do

envelhecimento, para alguns idosos é “doloroso” pensar em

projetos nessa fase da vida devido à ausência de perspectiva

para o futuro. No entanto, a autora Torres (1999) identifica que

existe oportunidade de crescimento e desenvolvimento também

nesta fase da vida. O idoso diante da proximidade da morte

tenta fugir da passividade, mantendo o controle ativo da vida e

da morte.

O declínio das habilidades físicas e mentais não resulta

somente das conseqüências do avanço da idade, mas também

dos fatores socioculturais que contextualizam o idoso.

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Todo esse conjunto de perdas, modos de enfrentamento

e expectativas são as grandes transformações que alteram

suas vidas como um todo, surgem novos desejos que surgem e

os antigos que retornaram, são as diferentes manifestações de

crescimento e retrocesso que vão se entrelaçando.

“O bem-estar emocional e psíquico melhora quando os

idosos mantêm vínculos com amigos, uma vez que os

relacionamentos são de livre escolha e, com a família, que é

identificada como um espaço social de vínculos fortes,

marcados pela obrigação e, em conseqüência altamente

conflitivos4

O medo de envelhecer está associado á imagem de que

a velhice traz doenças, solidão, perdas, improdutividade e

morte. LINTON (1981) afirmou que o indivíduo que se regozija

com a idéia de envelhecer é uma exceção em qualquer

sociedade e, mesmo considerando que a velhice possa trazer

consigo respeito e nova dose de influência, nela se renuncia a

muitas coisas agradáveis.

Sendo assim podemos refletir que, no decorrer do

processo de envelhecimento, vivenciam-se perdas e ganhos,

diferenciando-se apenas de uma pessoa para outra.

Estudos apontam o sentimento de solidão na velhice e

identifica as causas que levam á esse estado, como um

processo acelerador para a depressão nos idosos e

conseqüentemente ao isolamento social. A depressão é uma

4 Disponível em http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/psico/psico103.htm - Acesso em 08/10/2010 ás 21h13.

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doença potencialmente séria pelo dano que pode causar. Os

sentimentos de solidão variam de acordo com o contexto

habitacional onde o idoso está estabelecido. O fato de se

encontrarem nas suas casas, não significa que sejam vítimas

de isolamento por parte de familiares e amigos. Poucas são as

famílias que possuem a disponibilidade para o

acompanhamento do envelhecimento dos seus familiares.

Outro fator que propicia o isolamento e a solidão é a

perda de familiares e amigos, assim podemos concluir que a

perda dos entes queridos torna-se um momento trágico. Neste

caso, a solidão pode provocar sentimento de ansiedade face ás

expectativas da morte.

Também podemos destacar como motivação ao

sentimento de solidão, o que é chamado por alguns escritores

”Ninho vazio”. É o momento em que os filhos saem de casa, ou

o vazio deixado pelos netos que ao crescerem seguem seus

destinos. Segundo Pedrozo e Portella (2003, p.178), “solidão é

a conseqüência de uma vida vivida em função de outras vidas”.

Esta é uma realidade em que muitos vivem em função dos

outros, e dedicam parte de sua vida sem dá o devido valor a

própria vida e quando se apercebem já estão em fase de

declínio e com poucas alternativas para que seus projetos

sejam realizados. A falta de afeto, atenção e o abandono na

velhice podem levar a um sentimento de solidão, provocado por

circunstâncias relativas à diminuição das capacidades físicas,

que levam a um distanciamento, podendo levar ao isolamento

social.

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A solidão provoca no idoso a preocupação mínima

consigo mesmo, levando-o a uma má alimentação, tanto em

quantidade como em qualidade.

Alguns idosos são acometidos pela “Aflição Emocional”

(Pedrozo & Portella, 2003, p.174), impedindo um

envelhecimento saudável e ativo, levando-o ao estado

depressivo.

Chopra (1999), sustenta a idéia que o isolamento consiste

em uma doença social, na qual o homem sempre conviveu com

essa realidade na sociedade, sendo este agravado em

conseqüência da densidade demográfica dos grandes centros

urbanos, responsáveis pela diminuição do relacionamento

social entre as pessoas, diferentemente das cidades pequenas,

onde a vida social é muito mais ampla.

V.2. A Saúde do Idoso

Durante sua evolução o ser humano passa por

determinadas demarcações em sua vida que são definidas

como nascer, crescer, reproduzir, envelhecer e morrer.

A velhice é inerente a todo ser humano. Todavia, a

maneira de como se envelhece e os cuidados preventivos

dependem de cada pessoa durante esse processo. Cada

indivíduo apresenta um caminhar variável no horário do

envelhecimento. Por esse prisma, pode-se dizer que:

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O envelhecimento é um fenômeno natural, com início no

período da fecundação e término com a morte. Dessa forma, o

processo de envelhecimento é entendido como o processo de

vida, ou seja, envelhecemos porque vivemos, muitas vezes

sem nos darmos conta disto. O processo de envelhecimento

contém, pois, a fase da velhice, mas não se esgota nela. A

qualidade de vida e, conseqüentemente, a qualidade do

envelhecimento, relacionam-se com a visão de mundo do

indivíduo e da sociedade em que ele está inserido, bem como

com o “estilo de vida” conferido a cada ser, [...] (BRÊTAS,

1997. p.63)

A idade avançada inevitavelmente produz alterações. É

universal nas espécies, não é determinado por fatores

ambientais, porém pode ser influenciado por esses fatores.

Tempos atrás, a velhice também estava associada à doença,

sendo que hoje essa maneira de pensar foi modificada.

“Envelhecer não é adoecer”, embora reconheçamos que é

nessa fase da vida que o indivíduo percebe a diminuição do

seu vigor. Não é uma doença e nem mesmo todos apresentam

as mesmas alterações durante o processo de envelhecimento.

As modalidades da senescência variam de uma população para

outra. Com as modificações decorrentes do avanço da idade,

surgem determinadas doenças associadas às alterações

orgânicas, somadas as debilidades, favorecendo o surgimento

de doenças, tais como: insuficiência respiratória, demência,

desenvolvem a osteoporose, incontinência, doença de

Parkison, imobilidade, e outras. Ocorrem mudanças

morfológicas como também modificações de cunho fisiológico

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que configuram na aparência estética como: diminuição da

massa magra, aumento do percentual de gordura, além de

aparição dos cabelos brancos, aparecimento de rugas e

progressiva perda da elasticidade e viço da pele. Não só a

presença de doenças como também o uso de medicamentos

podem contribuir para as alterações limitando suas habilidades.

O organismo humano sofre uma continua redução na

capacidade de realizar suas funções, sendo estas perdas

naturais e invitáveis. Mas, nesse contexto, “é preciso

considerar que a saúde é algo a ser conquistado e não dado, o

que envolve esforço e investimento para mantê-la”.(PAPALEO

NETTO,1994).

Durante muito tempo, o envelhecimento, por ser

considerado uma etapa de “conclusão da vida”, merecia pouca

atenção, porém as representações do papel do idoso têm-se

mostrado diferentes na sociedade atual gerando um crescente

interesse em compreender melhor esta etapa da vida. Com o

aumento da população, passou-se a refletir sobre o

envelhecimento humano como parte do processo de viver e

promover a busca do ser saudável no processo de viver-

envelhecer, tornando a velhice objeto e alvo da atenção dos

profissionais de saúde, merecendo cuidados especializados.

Oferecer condições adequadas aos idosos para viveram com

bem-estar é um grande desafio que se impõe a toda sociedade.

Essa preocupação e conscientização da necessidade de um

aprofundamento sobre as pessoas idosas decorreram

crescimento da população idosa no país.

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Para evitar perdas para essa população, é necessário

recorrer á medidas preventivas, a fim de promover o

desenvolvimento psicológico e criando condições sociais

visíveis com a finalidade de contrariar os “estereótipos”

atrelados ao envelhecimento.

Dentro do campo de estudos médicos surge a

Gerontologia e a Geriatria. A Gerontologia é uma ciência que

estuda o processo do envelhecimento, e engloba todas as

áreas do conhecimento. Cuida da personalidade e da conduta

dos idosos, levando em conta todos os aspectos ambientais e

culturais do envelhecer. Já a Geriatria, é a parte médica da

gerontologia. São médicos com formação clínica e

especializados em lidar com as doenças mais freqüentes na

terceira idade, e a manejar diversos problemas de saúde

concomitantes. Nesse sentido, compreendemos que tanto a

gerontologia como a geriatria abrigam profissionais que são

especializados e dedicados ao “tratamento da velhice”.

O atendimento por parte dessas duas áreas visa os

serviços médicos, psicológicos, social e funcional para manter a

pessoa de mais idade com plena capacidade e autonomia num

espaço maior de tempo. Nota-se também uma preocupação

com a necessidade de formação e capacitação de recursos

humanos, fundamentada no cuidar gerontológico.

Nos diferentes segmentos sociais, alguns vivem a velhice

de forma diversificada com limitações da própria idade

desenvolvendo a dependência e a falta de autonomia para

determinadas funções.

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Pela análise de Ramos, “no decorrente do

envelhecimento, surgem limitações físicas, perdas cognitivas e

doenças crônicas. Estas últimas podem ser consideradas uma

ameaça á independência do indivíduo antes de um risco de

vida”. (revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 2009;

p.104. Vol.12 n.1 Rio de Janeiro).

Também surgem fatores psicossociais que interferem na

qualidade de vida, limitando a sua participação em atividades

que antes eram freqüentes, dentre eles podemos citar é a

solidão devido ao pouco contato com outras pessoas ou

causada pela perda do cônjuge e parentes e o medo,

decorrente da violência urbana. Em algumas pesquisas, a

depressão como fator de hereditaridade e hormonal é apontada

como causas psicossociais. “No idoso apresenta-se de forma

lenta mais habitual com os quadros pouco sintomáticos e de

evolução lenta, associados as alterações hormonais, com

situações de solidão e falta de apoio social ou familiar, uma

mudança ou uma internação em uma instituição” (RUIPÉREZ &

LLORENT, 1996). Há outro aspecto que podemos destacar

como fator psicossocial é a aposentadoria sendo sinônimo da

perda da posição social.

Em alguns casos, os idosos sentem-se inferiorizados pela

sociedade quando esses fatores psicossociais intervêm no

processo de envelhecimento. Ao sentirem-se de pouca

utilidade e improdutivos criam sentimentos de negativismo,

isolam-se do convívio social como forma de prevenção

afastando-se assim, do mundo exterior. É bem verdade que o

idoso convive com limitações da própria idade, as quais podem

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prejudicar sua independência e autonomia para desenvolver

determinadas atividades. Mas, é preciso que ele seja

estimulado a, inicialmente, organizar seu tempo fazendo

projetos de vida com criatividade, energia e iniciativa isto é,

dando significados a vida para que esta não caia no vazio

(LIMA, 2000).

Desta forma, assim como ocorre com os adolescentes, é

necessário dispensarmos cuidados no encaminhamento destas

mudanças, que se apresentam na idade avançada. Nesta fase,

os cuidados com a saúde física e mental são cada vez mais

significativos. Contudo, não é somente importante acrescentar

anos á vida, mas também acrescentar vida aos anos com

qualidade de vida.

As diferentes mudanças ocorridas nesse momento da

vida envolvem o estado emocional e a saúde. O ancião não

necessita somente de força e equilíbrio para garantir o bem

estar, mas de um ambiente acolhedor, cuidados especiais,

carinho, atenção, auto- estima contato social, respeito,

segurança, mas principalmente serem integrados socialmente

tendo o direito de expressarem livremente suas emoções e

opiniões. Segundo Waldow (1998), a forma como uma

sociedade superprotege, venera, marginaliza ou respeita o

idoso determinará a sua adaptação e o assumir da velhice.

Ao falarmos de qualidade de vida é também ressaltarmos

as emoções e suas repercussões para a saúde. De acordo

com Gauthier, 1999: “O momento da emoção é o momento em

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que tocamos a nossa força vital, reencontramos a nossa

origem, os ancestrais, a nossa história coletiva e pessoal”.

O ser humano acolhe centenas de emoções no seu

íntimo que perpassam por mutações e variações: amor, prazer,

tristeza, vergonha, depressão e etc. De acordo com estudos, a

depressão tem um alto índice entre este grupo, levando ao

isolamento social. Segundo Maslow (1954), acredita-se que a

diminuição da auto-estima pode favorecer a sentimento como:

negativismo, rigidez, hostilidade e comportamento submissos.

Para este autor, existem algumas práticas que constroem a

elevação da auto-estima como: prática de viver

conscientemente; prática da auto-aceitação; prática do senso

de responsabilidade; prática da auto-afirmação; prática de viver

objetivamente e a prática de integridade pessoal. Estas

favorecem em respostas positivas ao bem-estar geral (mental,

físico e social) dos indivíduos.

Pela análise de NERI (1998, p.34), a qualidade de vida

para os idosos pode ser entendida como envelhecer de forma

satisfatória e isso “depende do delicado equilíbrio entre as

limitações e as potencialidades do indivíduo, o qual lhe

possibilitará lidar, em diferentes graus de eficácia, com as

perdas inevitáveis do envelhecimento”.

Embora o processo de envelhecimento seja uma

conseqüência natural da vida, não se pode evitá-lo: o que se

pode fazer, no entanto, é procurar estabelecer as bases para

que, nesse período, o idoso possa viver nas melhores

condições possíveis. O objetivo mais importante para

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promoção de saúde e da qualidade de vida está integrado á

atividade física na vida cotidiana do ser humano.

Para integrar-se á sociedade, o ancião deverá praticar

atividade física visando “saúde física e psicológica”. É

primordial, na velhice adotar, hábitos que influenciam

favoravelmente a qualidade de vida, e por isso é fundamental

que o idoso aprenda a lidar com as transformações do seu

corpo, prevenindo e mantendo em bom nível sua plena

autonomia.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde é

“um estado completo de bem-estar físico, mental e social e não

apenas a ausência de afecção”. Para esta Organização o valor

das atividades físicas é vista como “uma estratégia para a

valorização do envelhecimento”.

Ações eficazes e oportunas devem ser adotadas para que

essa faixa etária cresça não só em termos quantitativos, mas

também com a melhor qualidade de vida possível. Oportunizar

ao indivíduo a se conhecer e a se dar a conhecer, trabalhando

seus pontos fortes e seus pontos fracos e conquistando a

autoconfiança e gerando o sentimento de bem-estar. Diante

dessa realidade, deve-se destacar que o ancião considerado

ativo vive melhor, e a atividade física poderá auxiliá-la na

prevenção e diminuição das “algias corporais”. Os benefícios

das atividades físicas são evidentes igualmente para o “domínio

das capacidades cognitivas e psicossociais”.

Ao praticar uma atividade física o idoso deve respeitar

algumas recomendações: praticar somente quando houver bem

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estar físico, vestimentas adequadas, respeitar seus limites

interrompendo sempre que for necessário mediante ao

desconforto, evitar se exercitar em jejum. Autores ressaltam

que a atividade física possui um efeito positivo para a

prevenção da perda de massa óssea e para ser eficaz deve-se

estar associado ao tratamento medicamentoso diminuindo

significativamente o número de quedas, fraturas e mortes na

terceira idade.

Os programas de exercícios direcionados para a

população idosa devem abordar:

• “Reeducação postural: estímulos proprioceptivos e

esteroceptivos;

• Força muscular: exercícios antigravitacionais e

isométricos;

• Mobilidade articular: exercícios articulares;

• Equilíbrio: integração do esquema corporal;

• Coordenação: movimentos homogêneos que levem a

organização do sistema nervoso;

• Capacidade aeróbica: atividades para o aumento da

função cardiovascular e respiratória;

• Respiração: exercícios de propriocepção da

musculatura envolvida no processo;

• Relaxamento: conscientização corporal” RAUCHBACH

(2001, p.32-34),.

Adotar comportamentos saudáveis e a modificação de

hábitos proporcionará ao idoso vivenciar essa etapa da vida

com máximo bem-estar, influenciando na sua qualidade de

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vida, pois o nosso organismo esta se adaptando às novas

mudanças que nos obriga, a saber, lidar com o próprio corpo e

procurar entender esse processo. Reorganização e aplicação

de dietas e atividades saudáveis ajudam na prevenção de

enfermidades, melhora o perfil lipídico, na diminuição do peso

corporal, melhora a função pulmonar, melhora do equilíbrio e

da marcha, menor dependência para realizar alguma atividade

básica e fortalece a auto-estima do idoso.

É de suma importância, portanto, rever o estilo de vida,

reorganizar e adotar condutas mais saudáveis, adequadas a

idade, prevenindo enfermidade, mantendo a autonomia,

fortalecendo a auto-estima para gozar de saúde física,

psicológica e social (PEREIRA, 1998, p.183).

Conclusão

O idoso precisa adotar para si um comportamento ativo

individualmente ou em grupos para afastar o negativismo em torno

do envelhecimento e da imagem de fragilidade, dependência,

inatividade e solidão, rompendo o estigma de uma velhice

associada à perda. O seu olhar para a velhice deve ser encarado

como uma fase feliz da existência retirando a visão pré-concebida

de uma etapa da vida caracterizada pela decadência física. Vale

salientar que o idoso não perde sua capacidade funcional, são as

condições ambientais, como, por exemplo, o estilo de vida, que irão

determinar à forma e velocidade que este processo irá acontecer.

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A pessoa idosa, na maioria dos casos, começa a constituir de si

mesma uma imagem negativa, resultado da ação conjugada de

vários fatores e atividades advindas da sociedade. Dessa forma, o

indivíduo começa a se sentir velho e, acreditar que a velhice é

sinônimo de doença e fraqueza.

Por outro lado, as representações do papel do idoso têm-se

mostrado diferentes na sociedade atual, visto que a representação

da velhice, como processo de perdas, tem sofrido uma inversão,

sendo essa etapa valorizada e privilegiada, tendo em vista as novas

conquistas, em busca de prazer, da satisfação e da realização

pessoal, o que faz da gerontologia objeto de crescente estudo. O

aumento de oferta de programas voltados para a população mais

velha e o investimento da mídia no assunto tem impulsionado esse

novo mercado de consumo. Entretanto, a situação dos idosos no

país mostra uma grande diversidade, propiciando a exclusão

daqueles que não compartilham das mudanças atuais (DEBERT,

1998).

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ÍNDICE

Pág.

Introdução........................................................................................ 9

I - Justificativa e Objetivo .............................................................. 13

II – Metodologia ............................................................................... 14

Conclusão........................................................................................ 42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................ 44

ÍNDICE .............................................................................................. 48

III – Delineamento Teórico ............................................................. 14

III.1 Inclusão

III.2 Contexto Histórico

III.3 O Idoso e a Lei

IV – O Papel da Família Frente ao Idoso na Sociedade Atual .... 26

V – Interação e Integração Social do Idoso .................................. 28

V.1 O Isolamento Social do Idoso

V.2 A Saúde do Idoso