A terceira margem do rio, de João Guimarães Rosa

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  • 7/23/2019 A terceira margem do rio, de Joo Guimares Rosa

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    ANLISES LITERRIASDAS OBRASDO VESTIBULARDA UFMA 2000/2 Prof. Adeildo

    Obras Literrias

    I. A terceira margem do rio, de Joo Guimares RosaII. Jardim de Infncia, de Nauro MachadoIII. Perto do Corao Selvagem, de Clarice LispectorIV. A confisso de Lcio, de Mrio de S-Carneiro

    I. A TERCEIRAMARGEMDORIO,DE JOO GUIMARES ROSA

    1. Primeiros comentrios

    O conto. Texto literrio, narrativa curta, pedao da vida de um personagem. Estria deuma brevidade singular e, nessa singularidade, se manifestam os traos peculiares de um enredodinmico, de aes pontuais, com um curto espao geogrfico e temporal, com poucas clulasdramticas, sendo uma delas o ncleo de toda a trama.

    O livro Primeiras Estrias uma obra literria que rene obras literrias por excelncia,isto , um livro de contos.

    Nessa obra, Joo Guimares Rosa rene os contos, considerados pela crtica e pelosanalistas literrios como os primeiros degraus da longa e rica escada da obra de Guimares Rosa,

    que resumem de forma mpar as principais caractersticas de seu estilo: inovao na sintaxe,abundncia de neologismos, vocabulrio coloquial e, sobretudo, regional, tipificao dospersonagens no meio rural, anlise psicolgica e muito mais.

    nessa obra que encontramos o conto A terceira margem do rio, o qual ser, a partir deagora, nosso objeto de estudo.

    2. A terceira margem do rio: uma questo psicolgica?

    Instigante. este o melhor adjetivo com o qual podemos qualificar o enredo do conto Aterceira margem do rio. So vrios os motivos que nos levam a esta afirmao: inicialmente, oconto parece atemporal, ou seja, passa-se num momento indefinvel e, por isso, deixa a estria

    perpetuada na linha temporal sem uma referncia diacrnica ou sincrnica; em seguida, trata de umconflito existencial muito forte do narrador-personagem; e, por fim, analisa (ou prope, numa linhabarroca at) e o comportamento de um personagem que , no mnimo, misantropo. Portanto, paraque possamos compreender melhor esta atmosfera literria e, porque no dizer psicoliterria,partamos para a anlise dos elementos narrativos que a compem.

    3. O enredo

    Enredo histria, seqncia de aes praticadas por personagens num perodo temporal enum espao fsico delimitado. Em A terceira margem do rio, o enredo se desenvolve naslembranas de quem conta os fatos: o narrador. Podemos, e devemos, divid-lo em partes para que

    melhor possamos entender a sua tecitura. As partes que o compem so: a apresentao, acomplicao, o clmax e o desfecho.

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    3.1. A apresentao

    Parte inicial do enredo, onde so mostrados ao leitor dados importantes e bsicos datrama: personagens principais (geralmente o protagonista e o antagonista), bem como nos

    colocam no lugar em que tudo se desenvolver e nos determinam, s vezes, o tempo.No conto que analisamos, a apresentao se processa com a exposio do pai pelo

    narrador personagem, com sua caracterizao conforme se pode observar no trecho

    Nosso pai era cumpridor, ordeiro, positivo; e sidoassim desde mocinho menino, pelo quetestemunharam as diversas pessoas, quandoindaguei a informao

    Em seguida, ainda nessa parte, o narrador personagem mostra a sua me e irmos

    sendo ela apresentada direta e indiretamente e estes apenas indiretamente.Nossa me era quem regia, e que ralhava nodirio com a gente minha irm, meu irmo eeu.

    3.2. A Complicao

    o desenvolvimento da estria propriamente dito. desencadeada por uma aopraticada ou sofrida pela personagem principal que desequilibra o estado inicial e comea aprovocar as transformaes na vida do protagonista.

    Esse fato desequilibrador na nossa estria a atitude do pai contada pelo narrador personagem como se v na seguinte passagem. Mas se deu que, certo dia, nossopai mandou fazer para si uma canoa.

    Isso certamente no seria uma atitude comum, e realmente no o era. A me e osfilhos no enderiam o porqu de tal procedimento, mas o certo que encomendar uma canoa,receb-la e, depois, partir sem motivo algum para a desolao num rio deixou uma incgnitana mente de todos.

    No decorrer da complicao, a incompreenso diante da atitude do pai se torna cadavez mais crescente e evidente. Primeiro por parte da me, que reage com certa esteria diantede tudo: C vai, oc fique, voc nunca mais volte!

    Em seguida, parentes e amigos confirmam a interrogao:

    Os parentes, vizinhos e conhecidos nossos, sereuniram, tomaram juntamente conselho.

    Com o passar dos anos, o filho (no caso, narrador personagem) passa a assumir afuno de manter o pai alimentado e isso demonstra a admirao que ele tem pelo pai. Apartir da, a relao pai e filho se estreita a cada tempo passado.

    A famlia porm, chegou ao ponto de no tocar mais no nome do pai, mas a sua figurano se fazia esquecida.

    Ainda na complicao, a irm casa, tem um filho, muda-se com o marido; o irmotambm vai embora e, em seguida, a vez da me, que vai embora para morar com a filha.Porm, o filho (narrador personagem) ficou com a imagem do pai e a vontade de seencontrar com ele. Um fator importante e que contribuiu para isso foi o fato do rapazparecer-se muito com seu genitor: s vezes, algum conhecido nosso achava queeu ia ficando mais parecido com nosso pai.

    Essa proximidade, tanto fsica quanto psicolgica, vai dar ao leitor pistas importantessobre os porqus do conflito existencial que comea a se estabelecer na vida do narrador.Esse conflito se agravou mais ainda: quanto mais se passava o tempo, mais o filho queria seaproximar do pai. Os anos passavam e a aproximao no acontecia. Tudo isso leva o

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    narrador a pensar que era ele o culpado dos problemas estarem ocorrendo na vida do pai e,conseqentemente, na sua tambm. Observe a citao:

    Sou homem de tristes palavras. De que eu tinha

    tanta, tanta culpa? Se o meu pai, semprefazendo ausncia: e o rio-rio-rio, o rio pondoperptuo. Eu sofria j o comeo da velhice estavida era s o demoramento (...). Sou o culpadodo que nem sei, de dor em aberto, no meu foro.

    3.3. O Clmax

    O Clmax do enredo se tece no mesmo ponto em que os conflitos existenciais chegamao auge. O clmax trata-se do ponto culminante de uma narrativa, isto , representa o estado

    conflituoso em mais alto grau na vida do personagem. Na nossa obra, essa parte do enredocomea a se estabelecer quando, j beira da velhice, o narrador personagem tem umencontro com o pai, tambm logicamente bem velho. a partir da que se processam asmanifestaes do clmax: e agora, o que vai acontecer? A resposta comea a ser dada noincio do desfecho.

    3.4. O Desfecho

    Ao que acontece depois do clmax chama-se de desfecho. nesse momento final daestria que, bem ou mal, so resolvidos os problemas, ou o problema: O que interessa maisainda o fato dos conflitos existenciais em A terceira margem do rio se manterem at o

    final da narrativa:

    Sofri o grave frio dos medos, adoeci. Sei queningum soube mais dele. Sou homem, depoisdesse falimento? Sou o que no foi, o que vaificar calado.

    A estria se encerra no desejo do filho em ir ao encontro do pai depois que morresse:

    (...) no artigo da morte, peguem em mim, e medepositem tambm numa canoinha de nada,

    nessa gua que no pra, de longas beiras: e, eurio abaixo, rio afora, rio a dentro o rio.

    4. O tempo e o espao

    Dois elementos da narrativa que, muitas vezes, no tm tanta importncia. Porm, soelementos delineadores, dentro de uma estria, do perodo que ela leva para acontecer (tempo) e doconjunto de ambientes ocupados pelas aes das personagens (espao).

    A manifestao do tempo em A terceira margem do rio feita de uma maneira muitompar: predomina um tempo psicolgico que estabelecido subjetivamente, sem observncia deconvenes. O narrador personagem percebe e filtra individualmente os fatos. Apesar disso, sepercebe tambm um toque de cronologia na evoluo dos mesmos.

    Observao 01:

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    J o espao, lugares que servem de cenrio ao desenrolar da ao e movimentao dospersonagens, complementam a caracterizao do narrador-personagem e o seu conflito. Convmdestacar o rio que personificado e se transforma em personagem. Ainda podemos verificar quesuas dimenses no so claras no decorrer do enredo, o que lhe identifica como um espaopredominantemente adimensional.

    5. Foco narrativo

    Dependendo de como se conta uma estria, obtemos basicamente dois tipos denarradores que podem assumir uma dessas trs caractersticas: oniscincia, onipotncia ouonipresena.

    Em A terceira margem do rio, temos uma narrativa em 1 pessoa; isso significa que onarrador narrador personagem: conta a estria como participante dela. Alm disso, caracteriza-se como onisciente pois revela traos psicolgicos tanto seus, quando dos outros personagens.

    6. O personagem

    Temos na estria de Guimares Rosa os seguintes personagens: o filho (narrador personagem), a me, o pai, o irmo e a irm, um tio e um padre, o esposo e o filho da irm, algunsparentes e vizinhos.

    A principal clula dramtica o filho que, exercendo a funo de narrador, conta toda a suaestria e nos mostra como era a sua relao com seu pai.

    Observao 02:

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    7. Estilo de poca e estilo individual

    Joo Guimares Rosa inaugura uma nova fase na fico e na prosa brasileira, e o pontode partida para uma fecunda renovao literria. com essa afirmao que Celso Pedro Luftencerra em Literatura Brasileira e Portuguesa seu comentrio sobre a obra de Guimares Rosa.

    necessrio lembrar que estilo significa, em texto escrito, a maneira individual decompor, de escrever. H uma bifurcao no conceito da palavra, desmembrando este conceito emoutros dois: estilo de poca (numa perspectiva diacrnica) e estilo individual (numa perspectivasincrnica).

    A obra de Guimares Rosa est atrelada desde suas primeiras linhas literrias aoModernismo, sobretudo 3 fase conhecida como Gerao de 45 ou Ps-Modernismo.

    Observao 03:

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    J o seu estilo individual mpar, pleonasticamente mpar. No por ser individual, o queseria bvio, mas por ser inovador, radical e revolucionrio.

    Observao 04:

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    II. JARDIMDE INFNCIA, DENAURO MACHADO

    1. A Gerao Tribuzi

    No Maranho, as inovaes literrias modernistas demoraram a chegar, principalmente pelofato de aqui ser uma terra parnasiana. Porm, a partir da publicao da obra Alguma Existncia,de Bandeira Tribuzi, o Maranho abriu as portas para as novas e j tardias conquistas estticas dosculo XX. Da, convm chamar a gerao de poetas e escritores desse perodo em diante, porcausa das caractersticas literrias comuns que desenvolveram de Gerao Bandeira Tribuzi.Nelas esto estreando Jos Chagas, cujas obras Os Telhados e Apanhados do Cho j foramindicadas em vestibulares anteriores, Bernardo Almeida, Manuel Lopes, Nascimento Moraes Filho,Nauro Machado, Jos Sarney, dentre outros.

    Com a morte de Tribuzi em 1977, com o amadurecimento de sua obra potica de dimensometafsica amalgamada com preocupaes sociais, percebe-se que as semelhanas entre aquelespoetas se encerram ao passo que, apesar dos pontos convergentes de suas poesias, cada um se

    desenvolve na linha literria, potica, prpria.Aparecem com toda fora potica nesse cenrio Ferreira Gullar, com a concepo de que alinguagem potica, em dado momento, precisa se desarticular e at empobrecer para se renovar;Nauro Machado, que de outra estirpe, mas no menos importante, que traz uma outra concepode poesia: muito pessoal e universal.

    2. As rbitas de Nauro Machado

    Grandiosidade potica, rebeldia e irreverncia, trajetria fecunda, comprometimento com asverdades do ser humano, singularidade verbal, drama no canto. So estas as caractersticasfenomenais da obra potica de Nauro Machado. So estas as rbitas de seu universo potico.

    Em sua poesia, Nauro analisa a prpria existncia e a destinao da humanidade, pormsem deixar de cultivar uma linguagem potica e uma tcnica do verso exemplar, como se observaem Jardim de Infncia.

    3. Jardim de Infncia: jardim de poemas

    O Parto

    Meu corpo est completo, o homem no o poeta.Mas eu quero e necessrioque me sofra solidifique em poeta,que destrua desde j o suprfluo e o ilusrioe me alucine na essncia de mim e das coisas,para depois, feliz ou sofrido, mas verdadeiro,trazer-me tona do poema.Com um grito de alarma e de alarge:ser poeta duro e durae consome todauma existncia

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    Janela Potica

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    Comunho Noturna Janela Potica

    Notvago, a acender meu candeeiro,neste silncio insone, para os cegosvislumbro o multifindo desesperode um Cristo agrilhoado pelos pregos.Gargalo e estrelas, tmulo e sendeiro,arquejo o mundo e aos psteros lego osfilhos desta pureza meu bueirode amor, do amor que rompe os unos egos.Meu peito rouba s almas a amargurae terra o deus mais lcido, criaturahumana a soluar no umbral do fim.Mortais lbios: j os bebo. Perdo!, matria a espraiar-se pelo chodesta infecta provncia contra mim.

    N Grdio Janela Potica

    Como um bofete na face de um morto,como o sangue, as lembranas me acompanham.Rios desguam dentro do meu crcere,trazendo o estrume das mais secas folhas.Piqueniques em mim se realizam,merendas de remorso, quais lagartosa descerem pelas encostas da alma.(Os mortos voltam nas noites de lua,os mortos de benis embalsamados.)Os barcos vam-me e vm-me: as mesmas margenspercorrem desde o incio de mim.Aquele traz um nome: a eternidade;aqueloutro: o naufrgio da esperana.Como um bofete na face de morto,como o sangue, o pssaro me acompanha.

    Fato Noturno

    Todas as noites por sobre a cidade,ouve-se o ribombar de um fim-de-mundo:solitrio piloto os cus invade,quase autora, por sobre esta cidade,babando estrelas, tresvairado o imundo.Todas as noites, por sobre esta casa,sente-se uma agonia que a tudo empesta:aproxima-se o fogo, sedenta asa,quase aurora, por sobre mortal casa,onde habita uma alma e a sua floresta.Escuta a frustrao do jogo em trevas,Babando estrelas, fecundando o Deus!

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    Abrao-te, piloto que me levaspara um cu eterno, para o fim das trevas,todas as noites, dizendo-me adeus.

    Jardim de Infncia

    Podemos, irm, por sobre este mundo,formando uma ciranda de inocncia.Velhos cajados, na poeira erguidos,bater-nos-o nos ombros como flores.Abrindo cnticos e agasalhandoespinhos roxos de perdida rota,noturno grito de trpegos pssarossaindo dunhas nos sapatos velhos:usamos nossos ps, como dois riachos, irm que nunca tive. E eternamente,trezentos bilhes de anjos choraroo rfo que fomos e a cruz que seremos,uma criana cantando sob as rvores:primeira comunho da humanidade!E os cntaros bebendo por seus lbiosde Domingo a romper pelas janelas...

    Ofcio

    Ocupo o espao que no meu, mas do universo.Espao do tamanho do meu corpo aqui,enchendo inteis quilos de um metro e setentae dois centmetros, o humano de quebra.Vozes me dizem: eh, tu a! E me mandam baterservios de excrementos em papis cadosnuma mquina Remington, ou outra qualquer.E me mandam pro inferno, se inferno houvessepior que este inumano existir burocrtico.E depois h o escrnio da minha provncia.E a minha vida para cima e para baixo,para baixo sem cima, ponte umbilicalpartida, raiz viva de morta inocncia.Estranhos uns aos outro, que fao eu aqui?E depois ningum sabe mesmo do espaoque ocupo, desnecessrio espao de pernase de braos preenchendo o vazio que eu sou.E o mundo, triste bronze de um sino rachado,o mundo restar o mesmo sem minha quotade angstia e sem minha parcela de nada.

    Inferno e Cu

    Sei que, no alto, uma lua renasce sempre em lua,depois do sol. Porm, em mim, o dia de apagae desce terra na rbita dos meus olhos

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    Janela Potica

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    Sinto: sei que no vou poder nascer de novo.

    Sbado Proletrio

    H uma rstia de luz na alma apagada.H um conduzir de sacos e alimentospara a semana que, ao fim renovada,abenoa sete dias de excrementos.H um trevo em treva, a moeda entronizadacom sangue negro de cruis eventos,e, sobretudo, onde a dor sobrenada,h a fome insacivel dos sedentos.Subseqente sede de gua insanasobre a mar afogada na semana,qual se lhe s de lado a foz,h o desfastio da alma, desfastioquando no trmino de escuro cio,para o domingo vindo em cruz, aps.

    Cano do (D) Exlio

    I

    No permita Deus que eu morranesta terra em que nasci:que a distncia me socorrae com turbinas me corrade quem minha nunca cri

    II

    De quem minha foi madrastadesde o incio ao anoitecer,

    e que como gosma emplastrao infinito que disastrameu desespero de ser

    III

    Nosso cu tem mais estrelas,nossos bosques tm mais vida.Mas, somente a merec-las,se abram os olhos que, ao v-las,tm a crnea pervertida

    IV

    Nosso cu tem mais primoresquando o crepsculo baixa;so os mendigos e as suas dorescarregada nos andorescomo defuntos em caixas.

    V

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    Janela Potica

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    Onde cantou o sabi,cantou outrora a cotoviaE hoje canta, em que outro ar,nenhuma ave, que as no hnesta terra, morto o dia.

    Soneto

    No teu cadver jogo uma moeda,para comprar a vida nessa camaem que te deitas como, prpria queda,tambm se deita o corpo de quem ama.Nenhuma sede sobre a seda sedao sofrimento aos lbios desse drama,a transformar em vil terra o que , da

    mais pura boca, a terra apenas lama.Ningum te quer, asilo, a carne prontapara gozar do amor a velha afronta,eternamente ptrida depois.Mas nessa moeda, a ser cara e coroa,no teu cadver sou dupla pessoa:ns no deitamos para sempre em dois.

    4. Considerao Finais

    Inegvel. assim que devemos nos referir originalidade da poesia de Nauro Machado. Daconciliao do sentimento transcendente com o aspecto social do homem e de sua condio fsica,nasce uma poesia de questionamento existencial: o homem de sensibilidade, ao mesmo tempo quese sente subjulgado pelo mundo social, sente uma atrao irremomvel por uma transcendncia.

    Observao 05:

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    III. PERTODO CORAO SELVAGEM,DE CLARICE LISPECTOR

    1. Gerao de 45: Clarice Lispector

    Menos exigidos socialmente. dessa maneira que podemos analisar o que aconteceu

    com a gerao de artistas desse momento literrio brasileiro, pois, em 1945, com o fim da IIGuerra Mundial e, no Brasil, o fim da ditadura de Vargas, o mundo passa a viver a Guerra Fria, e oBrasil, um perodo democrtico e desenvolvimentista, que chagaria euforia no governo deJucelino Kubitschek (1956 1961). Portanto, os artistas puderam empreender uma pesquisaesttica em busca de novas formas de expresso. Por exemplo, na literatura, ao lado de obras quemantinham certa preocupao social e davam continuidade ao romance regionalista, comearam a

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    Janela Potica

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    de destacar produes literrias em que a grande novidade era a pesquisa em torno da prprialinguagem literria, como podemos observar em Guimares Rosa e Clarice Lispector.

    O primeiro foi, sem dvida, o grande inovador desse perodo literrio: experimentadorradical, mas, apesar disso, no ignorou as fontes vivas das linguagens no-letradas: pelo contrrio,explorou-as e elevou-as categoria de linguagem literria.

    A segunda, numa mesma contextualizao de inovaes, trabalha o fluxo psquico emtermos de pesquisa no universo da linguagem da prosa realmente nova, que percorrem o caminhoda experincia formal.

    nesta ltima perspectiva que o romance e o conto de introspeco ganha espao e setransforma pelas letras de Lispector, Lygia Fagundes Telles e Nlida Pion num gnero riqussimoem matria literria humana e social.

    2. Perto do Corao Selvagem: o primeiro passo.

    Quando apareceu Perto do Corao Selvagem, romance de uma jovem de dezesseteanos, a crtica mais responsvel, pela voz de lvaro Lins, logo apontou-lhe a filiao: nossoprimeiro romance dentro do esprito e da tcnica de Joyce e Virginia Woolf. Com estas palavrasde Alfredo Bosi, podemos comear a perceber a importncia dessas inovaes ps-modernistas,sobretudo, no que se relaciona anlise psicolgica das personagens que provaro os romances,contos e, mais tarde, as crnicas desse perodo.

    Assim, percebemos, j no seu primeiro passo literrio, suas primeiras conquistas formais:uso intensivo da metfora inslida, entrega ao fluxo da conscincia, ruptura com o enredo pactual.Por fim, podemos dizer que, com tudo isso, Clarice Lispector comea a anunciar a consolidao dafico introspectiva (ou romances de tenso transfigurada), em que o heri procura ultrapassar oconflito que o constitui existencialmente pela transmutao mtica ou metafsica da realidade.

    Perto do Corao Selvagem uma obra que representa o ponto de partida dessa narrativapsicolgica, conforme veremos a seguir.

    3. O Enredo

    Escrito em terceira pessoa, o romance Perto do Corao Selvagem tem um enredo nofactual, como dissemos, que se constre assim:

    3.1.A Apresentao

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    3.2.A Complicao

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    3.3.O Clmax

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    3.4.O Desfecho

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    4. O Tempo e o Espao

    O tempo em Perto do Corao Selvagem marcado pelo uso de dois tempos verbais quese desfiam em todo o enredo: o pretrito perfeito e o pretrito mais-que-perfeito. O fato do verboest no passado nos revela muitas coisas numa produo literria: informaes sobre o tipo denarrador, por exemplo.

    Podemos verificar na obra uma evoluo temporal marcada pela sucessividade dos fatos, oque imprimeria na evoluo do enredo uma certa cronologia. Porm, percebemos tambm saltostemporais: rupturas no tempo que vo para um passado distante ou para um passado breve.Vejamos os trechos abaixo:

    [Um dia, antes de casar, quando sua tia aindavivia, vira um homem guloso comendo. Espiaraseus olhos arregalados, brilhantes e estpidos,tentando no perder o menor gosto do alimento.]

    [Um dia o amigo do pai veio de longe e abraou-secom ele. Na hora do jantar, Joana viu estupefactae contrita uma galinha nua e amarela sobre amesa.]

    A partir da conclumos que o tempo , na narrativa; predominantemente psicolgico, poisele obedece ao fluxo de conscincia de quem narra a histria.

    Quanto ao espao (mais perceptvel a olho nu), verificamos na sucessividade das aesvrios ambientes que tm as suas dimenses perfeitamente mensurveis. Da, podermos dizer queo espao em Perto do Corao Selvagem fundamentalmente dimensional. Observe:

    [A noite veio e ela continuou a respirar no mesmoritmo estril. Mas quando a madrugada clareou oquarto docemente, as coisas saram frescas dassombras, ela sentiu a nova manh insinuando-seentre os lenis e abriu os olhos. Sentou-se sobre acama.]

    [Ao redor da mesa escura, sob a luz enfraquecidapelas franjas sujas do lustre, tambm o silncio sesentara nessa noite. Joana em momentos paravapara ouvir o rudo das duas bocas mastigando e otic-tac leve e nervoso do relgio.]

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    5. O Foco Narrativo

    Escrito em terceira pessoa, Pedro do Corao Selvagem no possui apenas um narrador-

    observador onisciente, que sabe tudo a respeito das personagens, como normalmente acontece nosromances psicolgicos. O foco narrativo, aqui, vai alm: sabe-se que o ponto de vista de 3 pessoa mais potente para a criao de um romance psicolgico, pois ele pode analisar o interior dapersonagem; Clarice Lispector rompe a fronteira entre narrador e personagem, cria um narradorque se identifica com a protagonista, acompanhando-a minunciosamente em sua busca interior, emsua procura de significaes para o mistrio da vida e de si mesma, em que se concentra, nessecasdo, a temtica da obra. Observe o fragmento:

    [Estava alegre nesse dia, bonita tambm. Umpouco de febre tambm. Por que esseromantismo: um pouco de febre? Mas a verdade que tenho mesmo: olhos brilhantes, essa fora eessa fraqueza, batidas desordenadas do corao.Quando a brisa leve, a brisa de vero, batia noseu corpo todo ele estremecia de frio e calor. Eento ela pensava muito rapidamente, sem poderpara de inventar. porque estou muito novaainda e sempre que me tocam ou no me tocam,sinto refletia. Pensar agora, por exemplo, em

    regatos louros. Exatamente porque no existemregatos louros, compreende? Assim se foge.]

    Verifique que a mistura entre a primeira e a terceira pessoas verbais mostra, atravs dodiscurso indireto-livre, que o narrador e personagem se confundem nos monlogos interiores, nofluxo de linguagem, numa sinfonia de vozes que pode ser de Joana, protagonista do enredo, donarrador, ou mesmo de Clarice, a autora implcita na obra.

    6. O Personagem

    Merecem relevante importncia: o pai e a me de Joana, a prpria Joana, sua tia, Otvio,Ldia, dentre outros.Esses personagens so-nos expostos assim:

    O pai

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    A Me

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    Joana

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    A Tia

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    Otvio

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    Ldia

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    Observao 08

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    7. Estilo de poca e individual

    A leitura de Clarice Lispector, segundo Luciana Stegagno Picchio, difcil e trabalhosa.No se pode discordar da crtica literria Luciana Stegagno, pois ler Clarice Lispector mergulharnum mundo psicolgico de camadas muito profundas. necessrio ler com o corpo e com a almapara se chegar uma gota de compreenso do poder de suas palavras. Clarice est situada numgrande momento de nossa Literatura Brasileira. Ela, ao lado de Guimares Rosa, encabeam agerao da prosa de 45.

    Observao 09

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    IV. CONFISSODE LCIO,DE MRIODE S-CARNEIRO

    1. A gerao Orpheu

    Conturbado. assim que podemos caracterizar o momento histrico Portugus em quenasce o Modernismo lusitano. Para se ter uma noo mais exata e mais clara do que foi esseperodo, vejamos:

    Os primeiros anos do sculo XX, em Portugal, so marcadospelo entrechoque de correntes literrias que vinha agitando osespritos desde algum tempo: Decadentismo, Simbolismo,Impressionismo etc., eram denominaes da mesma tendncia geralque impunha o domnio da Metafsica e do Mistrio no terreno em queas cincias se julgavam exclusivas e todo-poderosas.

    O ideal republicano, engrossado por sucessivas manifestaes de

    instabilidade, vai-se concretizar em 1910, com a proclamao daRepblica, depois dos sangrentos acontecimentos de 1908, quando orei D. Carlos perde a vida nas mos de um homem do povo,alucinadamente antimonquico [...]. E nessa atmosfera deemaranhadas foras estticas, a que se sobrepe a inquietaotrazida pela 1 Grande Guerra, que um grupo de rapazes, em 1915,funda a revista Orpheu, So eles: Mrio de S-Carneiro, FernandoPessoa, Lus de Montalvor, Santa Rita Pintor, Ronald de Carvalho, RaulLeal. Seu propsito fundamental consistia em agitar conscinciasatravs de atitudes desabusadas que, em concomitncia com asderradeiras manifestaes simbolistas, iniciavam um estilo novo,

    moderno ou modernista.Massaud Moiss. Presena da literatura portuguesa: o Modernismo. So Paulo, Difuso

    Europia do Livro, 1974.

    Agora, alheados tanto do idealismo republicano quanto das reaes crticas quedespertavam, os artistas da gerao Orpheu tinha uma vivncia cosmopolita (Fernando Pessoapassara a adolescncia na frica do Sul, em contato com a cultura inglesa; Mrio de S-Carneiro

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    freqentemente estava em Paris) e um comportamento inconoclasta e irreverente que os distanciamdo grande pblico, perante o qual passaram quase desconhecidos.

    Essa gerao cultiva em seus textos um conjunto de caractersticas formadoras doorphismo: o domnio de Metafsica e do Mistrio; o desejo de escandalizar a burguesia; o desajustesocial e cultural; o cosmopolitismo; o elitismo; a incorporao das vanguardas e a idolatria do

    potico, do no-prtico, do no-burgus.

    2. A Confisso de Lcio: um toque de misterioso realismo fantstico.

    De acordo com a nota de abertura da obra A Confisso de Lcio, (Ediouro), o crticoLeodegrio A. de Azevedo Filho diz o seguinte: Do ponto de vista tcnica, a novela (A Confissode Lcio) estruturada em funo de um eu narrativo, ou seja, apresenta ponto de vista interno.O narrador subjetivo acusado de homicdio, com todas as provas circunstanciais. Mas s narra osepisdios aps o cumprimento da pena, que foi de 10 anos, desenrolando-se ento um fio narrativobastante complexo.

    Verifiquemos como se estabelece, portanto, este enredo.

    2.1. A Apresentao

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    2.2. A complicao______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    2.3. O Clmax________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    2.4. O Desfecho________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    3. O Tempo e O Espao

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    Pelo fato da novela A Confisso de Lcio no seguir a estruturao tradicional de umanarrativa, observamos alguns pontos que a aproximam do existencialmente incognoscvel, isto ,muito pouco se v da fico literria de sua poca. Por isso, elementos da narrativa, como tempo eespao devem ser analisados com cuidado.

    O tempo em A Confisso de Lcio se manifesta obedecendo cronologia dos fatos quese seqenciam nas lembranas de Lcio, protagonista da histria, porm isso no significa quepredomine no enredo um tempo genuinamente cronolgico, j que a sua evoluo conseqnciado fluxo de conscincia do narrador.

    Vejamos o trecho abaixo:

    Por 1895, no sei bem como, achei-meestudando Direito na Faculdade de Paris, oumelhor, no estudando. Vagabundo da minhamocidade, aps ter tentado vrios fins para a

    minha vida e de todos igualmente desistido sedento de Europa, resolvera transportar-me grande capital. Logo me embrenhei pormeios mais ou menos artsticos, e GervsioVila Nova, que eu mal conhecia de Lisboa,volveu-se-me o companheiro de todas ashoras. Curiosa personalidade essa de grandeartista falido, ou antes, predestinado para afalncia.

    Cheguei a recear-me, no fosse um diaestrangular e o meu crebro, por vezes demisticismos incoerentes, logo pensou, numrodopio, se essa mulher fantstica no seriaapenas um demnio: o demnio da minhaexpiao, noutra vida a que eu j houvesse

    baixado.E as tardes iam passando...Por mais eu diligenciasse referir toda a

    minha tortura nossa mentira, ao nossocrime no me lograva enganar. Coisaalguma eu lastimava; no podia ter remorsos... Tudo aquilo era quimera!

    Volvido tempo, porm, fora de asquerer descer, de tanto meditar nestasestranhezas, como que enfim me adaptei aelas. E a tranqilidade regressou-me.

    Mas este novo perodo de calma bem poucodurou.

    O espao, porm apesar da metafsica temporal, estruturado numa ambientaopredominantemente dimensional, conforme se observa nas passagens abaixo:

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    Demorava-se agora menos em minhacasa, e uma tarde, pela primeira vez, faltou.

    No dia seguinte no aludiu suaausncia, nem eu tampouco me atrevi aperguntar-lhe coisa alguma.

    Vivi todo o resto desse dia como queenvolto num denso vu de bruma. Entantopude ler o meu drama a Ricardo e a Marta.Sim, quando voltamos ao palacete, apstermos passado por minha casa, j Martaregressara, e notei mesmo que j tinhamudado de vestido embora contra o seucostume, no vestisse um traje de interior,mas sim uma toillette de passeio.

    4. O Foco NarrativoA narrativa feita em primeira pessoa o que d ao texto uma originalidade muito grande,

    verossmil, acima de tudo. Agora cabe aqui lembrar que a caracterstica da oniscincia marcanteneste narrador: a anlise psicolgica que faz dos personagens que esto sua volta mnima secomparada sua auto-anlise psicolgica. Os verbos em primeira pessoa e no pretritoconfirmaram essa postura.

    Evocando-a, nunca a lograra entrever.As suas feies escapavam-me como nosfogem as das personagens dos sonhos. E, s

    vezes, querendo-as recordar por fora, asnicas que conseguia suscitar em imagemera as de Ricardo. Decerto por ser o artistaquem vivia mais perto dela.

    Ah! bem forte, sem dvida, o meuesprito, para resistir ao turbilho que osilvava...

    (Entre parnteses observe-se, porm, queestas obsesses reais que descrevo nuncaforam contnuas no meu esprito. Durantesemanas desapareciam por completo e,

    mesmo nos perodos em que me varavam,tinha fluxos e refluxos.)Juntamente com o que deixo exposto, e era omais frisante das minhas torturas, outraspequeninas coisas, traioeiras ninharias, mevinha fustigar.

    5. O Personagem

    O suposto tringulo amoroso que se estabelece entre as personagens beira o surreal. Vale

    a pena conferir as personalidades de cada um deles:

    Lcio

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    Ricardo

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    Marta

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    6. Estilo de poca e Estilo individual

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    Llia

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