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A trama e as figuras da fenomenologiaProf. Suderlan Tozo Binda

“A trama e as figuras da fenomenologia” Prof. Suderlan Tozo Binda

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“A trama e as figuras da fenomenologia”

Prof. Suderlan Tozo Binda

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• A consciência:– Certeza sensível:

• Momento da sensação– O particular aparece com verdade

» Cor determinada» Gosto determinado» Cheiro determinado» Etc...

– Mas aparece muito mais como contraditório– Assim para compreender o particular, é necessário

passar ao geral » Fruta determinada (unidade de particularidades)

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• Consciência:– Percepção

• O objeto parece ser a verdade• Mas também ele é contraditório• Se revela uno e muitos• Um objeto com muitas propriedades ao mesmo

tempo

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• Consciência:– Intelecto:

• O objeto aparece como fenômeno• Fenômeno produzido por forças e leis

– O sensível se revolve na força e na lei (obra do intelecto)– A consciência compreende que o objeto depende de

alguma outra coisa, ou seja, do intelecto, logo, da própria consciência.

» A consciência torna-se auto consciência.

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• A autoconsciência:– Ela através dos diversos momentos aprende a saber

o que ela é propriamente.• Momentos da autoconsciência: (manifesta-se como vida)

– Apetite e desejo:• Tende a se apropria das coisas;• Fazer tudo depender de si;• Exclui abstratamente de si toda alteridade – o outro como

inessencial e negativo• Tolher a alteridade que se apresenta como vida

independente;

Observação: Desejo H X A

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• Relação com outras autoconsciências:– Nasce a luta pela vida ou pela morte;– Toda autoconsciência tem necessidade

estrutural da outra;– A luta não deve ter como resultado a morte

de uma das duas, mas a subjugação de uma à outra;

– Luta em senhor e servo

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• Vejamos um texto esclarecedor: “O Senhor arriscou o seu ser físico na luta e, na vitória, tornou-se conseqüentemente o senhor. O servo teve medo da morte e, na derrota, para salvar a vida física, aceitou a condição da escravidão e tornou-se como que uma coisa dependente do senhor. O senhor usa o servo e o faz trabalhar para si, limitando-se a ‘desfrutar’ das coisas que o servo faz para ele”.

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• O senhor desaprende a fazer tudo que o servo faz – se torna dependente das coisas;

• O servo torna-se independente das coisas, fazendo-as.

• O servo – coisa – não é pólo dialético, ao contrário o senhor é para o servo pólo dialético – com isso o servo reconhece a consciência do senhor;

• No trabalho a consciência servil encontra-se a si mesma e encaminha-se para encontrar o seu significado próprio.

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• Etapas posteriores da autoconsciência:– Estoicismo:

• Representa a liberdade da consciência – pensamento acima da senhoria e da escravidão = indiferentes – não faz diferença ser senhor ou servo;

• Sua principal característica é ser livre – isola o homem da vida negando (impulsos/paixões) liberdade abstrata – retraída para dentro de si e não supera a alteridade.

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– Ceticismo:• Transforma o afastamento do mundo em atitude

de negação do mundo; • Ao negar tudo, esvazia a autoconsciência – caí na

autocontradição – isto é: – Nega a validade da percepção e percebe;– Nega a validade do pensamento e pensa;– Nega os valores do agir moral e, no entanto, age

segundo tais valores.• Cisão de si consigo mesma

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• Consciência infeliz:– É a consciência como (duplicada/dobrada):

• Consciência de si como duplicada ou dobrada e ainda envolvida inteiramente na contradição:

– Uma só coisa feita dois aspecto:– Aspecto imutável:

» Deus;– Aspecto mutável:

» Homem– Deus inalcançável– Consciência fragmentada de si.

• Aspecto imutável – Deus transcendente• Aspecto mutável – o homem

– Consciência infeliz = medieval – consciência fragmentada de si – objeto inalcançável.

• A consciência está neste mundo, mas voltada para outro mundo – mundo transcendente.

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• A superação da negação própria dessa cisão, isto é, o reconhecimento de que a transcendência na qual a consciência infeliz via a única e verdadeira realidade não está fora, mas sim dentro dela.

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• Observação:– Dialética servo/escravo:

• Celebrizadas pelos marxistas;– Consciência infeliz:

• Celebrizadas pelos existencialistas.

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A Razão

“A Razão nasce no momento em que a consciência adquire a

certeza de ser toda realidade”

A razão não fornece somente a forma, mas ela própria é o conteúdo

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• Certeza de ser toda coisa, isto é, da aquisição da verdade da unidade de pensar e ser;– Agora a Razão:

• Consciência sabe ser unidade de pensamento e de ser.

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• São etapas desse momento:– 1) Razão que observa a natureza:

• A natureza é penetrável pela razão• O mundo é racional , a razão encontra si mesma

no mundo

• Vejamos nas palavras de Hegel:– “Agora, a razão toma interesse universal pelo mundo, já que

está certa de ter no mundo a sua própria presencialidade ou está certa de que a presencialidade é racional. A razão procura o ser Outro, sabendo que nisso ela nada possuirá que a si mesma; ela busca somente sua própria infinidade”.

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• Razão que age:• Começa a realizar-se com indivíduo • Eleva-se ao universal

– Superando os limites da individualidade e alcançando a união espiritual superior dos indivíduos

» Homem voltado para o prazer e gozo: agarrado ao seu próprio prazer e goza

» Homem que segue a lei do coração individual: substitui o prazer pelo bem-estar da humanidade

» Homem virtuoso: quer reformar o mundo, se opõe ao curso do mundo, por isso experimenta seu insucesso.

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• Razão que adquire a consciência de ser Espírito: (a consciência supera a sua posição em relação aos outros e

ao curso do mundo, encontrando neles o seu próprio conteúdo)– Homem todo voltado para obras que realiza:

• Perde-se no próprio operar

– Razão legisladora:• Imperativos universais absolutos

– Razão examinadora ou crítica das leis:• A consciência descobre que a substância ética nada mais é

senão aquilo em que ela já está submersa.– Formalismo kantiano expressão máxima da razão crítica.

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O Espírito

Hegel

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• A Razão-que-se-realiza-em-um-povo-livre e em suas instituições é a Consciência que se reúne intimamente à sua própria substância ética, que já se tornou o Espírito.– O Espírito é Eu que é Nós, Nós que é Eu.

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• Etapas do Espírito:– O Espírito em si como eticidade– O Espírito que se alheia de si– O Espírito que readquire certeza de si

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O Espírito em si como eticidade • Polis Grega:

– A bela vida ética• instável porque sua verdade é puramente imediata

– Surgem conflitos:– Lei divina (sente dentro de si)– Lei humana

» Tragédia de Sófocles: Antígona, Creonte, Destino.– O indivíduo pouco a pouco emerge sobre a

comunidade, rompe-se então o universal encarnado na bela vida ética e os fragmentos dão origem aos indivíduos singulares.

• Império Romano: – Pessoa Jurídica – nivelamento que corta todas as diferenças, é

abstrato– De todos os direitos, passa a ter direito nenhum– Surgem então César, o Senhor do Mundo.

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O Espírito que se alheia de si

• Europa Moderna:– A consciência Voltada para a conquista do poder e das

riquezas:• Cultura fútil, que tudo critica e dissolve de modo frenético e, assim,

acaba por se autodestruir• Intelecção pura

– O iluminismo:• Que teve o efeito negativo de ter dissolvido toda realidade,

transformando-se em uma espécie de ‘fúria do dispersar’, salvando apenas o ‘útil’ e tendo assim o efeito de reduzir todas as coisas ao valor restrito de servir a outras coisas.

– Mas a liberdade e igualdade do iluminismo são vazias:• Resultado é o terror

– Exemplo:» Todo revolução uma vez efetuada, revolta-se contra si mesma,

auto-anulando-se.

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O Espírito que readquire certeza de si

• O Espírito volta à conciliação consigo na moralidade:– Primeiro momento:

• Moral do tipo kantiana– Indica o dever, mas se mostra incapaz de indicar o conteúdo do

dever– Segundo momento:

• Moral da distorção estrutural:– Introduz erradamente o conteúdo da moral

– Terceiro momento:• Surge a figura da conscienciosidade:

– É o simples agir conforme o dever, que não realiza este ou aquele dever, mas sabe e faz o que é concretamente justo

– É consciência efetiva do dever concreto, portanto, une sinteticamente a abstração kantiana à concretude histórica viva.

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A Religião e o Saber absoluto

Hegel

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• A Religião:– Através da qual se chega ao Saber Absoluto– Nas suas diferentes manifestações, o Espírito

toma consciência de si mesmo• Obs. Mas ainda não como autoconsciência

absoluta do próprio absoluto – o ponto de vista do saber absoluto

– A religião é a autoconsciência do Absoluto, mas autoconsciência na forma de representação e não de conceito.

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As etapas da fenomenologia da religião • Religião natural-oriental:

– Representa o absoluto em forma de elementos ou coisas naturais:

– Astros– Animais

• Religião grega:– Representa o absoluto em forma humana:

– Isto é, sujeito finito

• Religião cristã:– Representa o absoluto com dogmas

• Hegel vê nestes dogmas os conceitos de sua filosofia:– A encarnação, o Reino do Espírito e a Trindade expressam o

conceito de Espírito que se aliena para se autopossuir e que, no seu ser-outro, mantém a igualdade de si consigo, operando a síntese suprema dos opostos.

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Observação:

• A superação da forma de conhecimento representativo próprio da religião, leva, por fim, ao puro conceito e ao Saber absoluto, ou seja, ao sistema da ciência, que Hegel exporia na:

• Lógica• Filosofia da Natureza• Filosofia do Espírito.