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A uma semana do X Exame, veja dicas de Filosofia do Direito 21 de abril de 2013 Ana Paula Lourenço Conforme determinado pela diretoria do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em 2012, o primeiro Exame de Ordem de 2013 conterá questões sobre os ramos de Ética e Hermenêutica da Filosofia do Direito, conteúdos da Filosofia do Direito e que dizem respeito diretamente à formação e exercício profissional do advogado. As inscrições para o X Exame encerraram- se no dia 8 de abril e a primeira fase ocorrerá no domingo (28/4). Na visão do professor da Faculdade de Direito da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Alvaro de Azevedo Gonzaga, a inclusão da Filosofia do Direito no Exame é muito bem vinda. “Tomando por base de pensamento um governo totalitário, que tende a banir a filosofia dos meios acadêmicos, a inserção da Filosofia do Direito é mais um passo à democracia que a OAB tanto defende. Era preciso, também, que houvesse uma matéria com a função de despertar o sentido de humanidade”, ressaltou. As expectativas para o Exame, de acordo com ele, é de duas questões, conforme o padrão. Os temas, no entanto, podem ser os mais variados possível, uma vez que o edital diferencia apenas as matérias da segunda fase. “Não se sabe se a prova discutirá filósofos ou será temática. O mais provável é de que seja temática, tratando de assuntos como juspositivismo ou direito moral. Pode- se falar também das escolas jurídicas e de seus pensadores.” Tendo em vista a dificuldade do candidato em delimitar o campo de estudo com essa nova matéria por não haver precedentes em que se basear, o professor Gonzaga elaborou um pequeno roteiro básico de estudos. Ele ressalta, porém, que “a síntese de qualquer conteúdo filosófico perde em conteúdo, porém pode contribuir para que o candidato comece a se familiarizar ou relembrar aquilo que é considerado importante para efeitos do Exame de Ordem”. Confira: 1. O termo Filosofia do Direito surge com Hegel, em sua obra “Princípios da Filosofia do Direito” (1820). 2 . O que é Justiça ? a) Justiça como retribuição; b) Justiça como igualdade; c) Justiça como liberdade; d) A regra de ouro: faça o com os outros o que gostaria que fizessem com você. 3. Definição de Direito para Miguel Reale: Direito é a realização ordenada e garantida do bem comum, numa estrutura tridimensional (fato, valor e norma) bilateral, heterônoma, atributiva e coercitiva. 4. Equidade : (Base em Aristóteles) Igualdade Material – Tratar igualmente os iguais, desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades. 5. Interpretação , aplicação e Integração Interpretação: fixar o sentido(finalidade) e alcance da norma jurídica Aplicação: enquadrar um casoconcreto em uma norma adequada Integração: suprir lacunas da lei. 6. Fontes do Direito Fontes materiais do Direito: Estado e Grupos sociais; Fontes formais primárias: Lei e Costumes Fontes formais secundárias: Jurisprudência e Doutrina

A uma semana do X Exame, veja dicas de Filosofia do Direito

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A uma semana do X Exame, veja dicas de Filosofia do Direito 21 de abril de 2013

Ana Paula Lourenço

Conforme determinado pela diretoria do Conselho Federal da OAB (Ordem dos

Advogados do Brasil) em 2012, o primeiro Exame de Ordem de 2013 conterá

questões sobre os ramos de Ética e Hermenêutica da Filosofia do Direito,

conteúdos da Filosofia do Direito e que dizem respeito diretamente à formação

e exercício profissional do advogado. As inscrições para o X Exame encerraram-

se no dia 8 de abril e a primeira fase ocorrerá no domingo (28/4).

Na visão do professor da Faculdade de Direito da PUC-SP (Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo), Alvaro de Azevedo Gonzaga, a inclusão da

Filosofia do Direito no Exame é muito bem vinda. “Tomando por base de

pensamento um governo totalitário, que tende a banir a filosofia dos meios

acadêmicos, a inserção da Filosofia do Direito é mais um passo à democracia

que a OAB tanto defende. Era preciso, também, que houvesse uma matéria com

a função de despertar o sentido de humanidade”, ressaltou.

As expectativas para o Exame, de acordo com ele, é de duas questões,

conforme o padrão. Os temas, no entanto, podem ser os mais variados possí vel,

uma vez que o edital diferencia apenas as matérias da segunda fase. “Não se

sabe se a prova discutirá filósofos ou será temática. O mais provável é de que

seja temática, tratando de assuntos como juspositivismo ou direito moral. Pode -

se falar também das escolas jurídicas e de seus pensadores.”

Tendo em vista a dificuldade do candidato em delimitar o campo de estudo com

essa nova matéria por não haver precedentes em que se basear, o professor

Gonzaga elaborou um pequeno roteiro básico de estudos. Ele ressalta, porém,

que “a síntese de qualquer conteúdo filosófico perde em conteúdo, porém pode

contribuir para que o candidato comece a se familiarizar ou relembrar aquilo

que é considerado importante para efeitos do Exame de Ordem”.

Confira:

1. O termo Filosofia do Direito surge com Hegel, em sua obra “Princípios da

Filosofia do Direito” (1820).

2 . O que é Justiça?

a) Justiça como retribuição;

b) Justiça como igualdade;

c) Justiça como liberdade;

d) A regra de ouro: faça o com os outros o que gostaria que fi zessem com você.

3. Definição de Direito para Miguel Reale: Direito é a realização ordenada e

garantida do bem comum, numa estrutura tridimensional (fato, valor e norma)

bilateral, heterônoma, atributiva e coercitiva.

4. Equidade: (Base em Aristóteles) Igualdade Material – Tratar igualmente os

iguais, desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades.

5. Interpretação, aplicação e Integração

Interpretação: fixar o sentido(finalidade) e alcance da norma jurídica

Aplicação: enquadrar um casoconcreto em uma norma adequada

Integração: suprir lacunas da lei.

6. Fontes do Direito

Fontes materiais do Direito: Estado e Grupos sociais;

Fontes formais primárias: Lei e Costumes

Fontes formais secundárias: Jurisprudência e Doutrina

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7. Moral, Direito e ética

Direito é coercitivo (obriga), bilateral (envolve mais de duas pessoas),

atributivo(atribui-se valor a ele) e heterônomo (depende de outro para

produção de sua norma).

Moral é não-coercitiva, bilateral, não atributiva e autônoma (o individuo produz

sua norma moral). Outra definição que nos permite comparar moral com ética é

a moral como o conjunto de valores de cada sujeito e ética como conjunto de

valores morais de determinado grupo social.

9. Algumas escolas jurídicas

Jusnaturalismo: o Jusnaturalismo estuda o direito natural, cuja disposição é

inerente ao ser humano, busca a aplicação da Justiça e é anterior e superior ao

direito positivo; deve haver harmonia entre o direito natural e o direito

positivo, mas, se não houver, o Direito Natural deve se sobrepor.

Positivismo Jurídico: chamada por alguns de escola da Exegese, essa escola

estuda o direito posto pelo Estado, não importa a consideração sobre Justiça,

pois esta é valor e não pode ser conhecida cientificamente. Para essa escol a o

direito Natural não existe, e a única norma aplicada é a jurídica. Lembrar de

Hans Kelsen.

Escola Histórica: tal escola parte do pressuposto de que as normas jurídicas

seriam o resultado de uma evolução histórica e que a essência delas seria

encontrada nos costumes e nas crenças dos grupos sociais. Empregando a

terminologia usada por essa escola jurídico-filosófica, o Direito,como um

produto histórico e uma manifestação cultural, nasceria do “espírito do povo”.

Savigny: grande nome dessa escola.

Realismo Jurídico: o Direito é antes um conjunto de fatos do que um conjunto

de normas ou mandamentos. Alf Ross, grande expoente dessa escola, considera

que a lei é um instrumento do poder, e a relação entre os que decidem o que

será a lei e os ficam sujeitos a ela é uma relação de poder. Considera ainda que

há preponderância dos problemas jurisprudenciais sobre a discussão de valores.

Culturalismo: o Direito não pode ser considerado uma ciência pura, sem contato

com o mundo sensível, pois está imerso dentro de uma realidade cultural

havendo uma relação dialética entre cada dois aspectos do tridimensionalismo

jurídico (fato, valor e norma).

10. Zetética e Dogmática: segundo o Professor Tercio Sampaio Ferraz Junior,

a dogmática, que deriva do grego dokéin, significa ensinar, doutrinar, e visa

buscar respostas para qualquer tipo de investigação.Por seu turno, a zetética,

por seu turno, do grego zétein, visa procurar e inquirir, ou seja, busca

perguntas e não respostas.