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INFO-HABITAT Instituto del Conurbano SEMINARIO LATINOAMERICANO Teoría y política sobre asentamientos populares Buenos Aires, 19, 20 y 21 de abril de 2018 Politicas habitacionales en procesos de urbanizacion Ana Luz Abramovich A Urbanização de Favelas na Política Habitacional Brasileira A experiência do Rio de Janeiro Nuno André Patrício Adauto Lúcio Cardoso Alexandre Yassu

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SEMINARIO LATINOAMERICANO

Teoría y política sobre asentamientos

populares

Buenos Aires, 19, 20 y 21 de abril de 2018

Politicas habitacionales en procesos de urbanizacion

Ana Luz Abramovich

A Urbanização de Favelas na Política Habitacional Brasileira

A experiência do Rio de Janeiro

Nuno André Patrício Adauto Lúcio Cardoso

Alexandre Yassu

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A URBANIZAÇÃO DE FAVELAS NA POLÍTICA HABITACIONAL BRASILEIRA

A experiência do Rio de Janeiro

Nuno André Patrício ( IPPUR / Universidade Federal do Rio de Janeiro ) [email protected]

Adauto Lúcio Cardoso (IPPUR/ Universidade Federal do Rio de Janeiro) [email protected]

Alexandre Mitsuro Silveira Yassu (IPPUR / Universidade Federal do Rio de Janeiro ) [email protected]

RESUMEN A política habitacional no Brasil conheceu profundas transformações desde a chegada do Partido dos Trabalhadores (PT) ao poder em 2003, no entanto, só a partir de 2007 aumentam os investimentos públicos com o lançamento de dois programas: O Programa de Aceleração de Crescimento - Urbanização de Assentamento Precários (PAC-UAP) em 2007 e o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) em 2009. Este artigo procura aprofundar a atuação do PAC-UAP apresentando os resultados preliminares da experiência do Rio de Janeiro. O artigo faz parte de uma investigação em andamento inserida em um projeto de âmbito nacional que está sendo desenvolvido através da Rede de Observatórios das Metrópoles, com equipes em 11 cidades1 em 10 Estados brasileiros. Partindo do histórico de programas anteriores, faz-se uma apresentação do PAC-UAP analisando-se a distribuição territorial do investimento a nível nacional. Aprofunda-se o caso do Rio de Janeiro com foco na análise da distribuição de recursos em cinco territórios onde se verifica a concentração dos recursos em “obras emblemáticas”. São discutidos os resultados com a experiência acumulada de intervenções de favelas no Rio de Janeiro procurando-se contextualizar o PAC-UAP no momento político da sua atuação. PALABRAS CLAVE: Urbanização de Favelas, Rio de Janeiro, PAC-UAP, “obras emblemáticas”

1 Belém (PA), Recife (PE), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB),Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo e região do ABC (SP), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Região Metropolitana de Porto Alegre (RGS).

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Apresentação: Política para assentamentos precários no Brasil e no Rio de Janeiro As favelas surgem no Brasil no final do século XIX, na cidade do Rio de Janeiro. Caracterizam-se como assentamentos populares formados a partir de ocupações de terras vazias, de propriedade pública ou privada, sem a anuência dos seus proprietários legais2. Na origem, situavam-se geralmente em áreas de morros, com topografias acentuadas e eram formadas sem um desenho e sem uma demarcação de lotes prévios, o que lhes dava uma aparência “desordenada”. Por essas características, as favelas se diferenciam de outras formas de assentamentos populares, como os loteamentos clandestinos ou irregulares (loteos piratas) ou os cortiços e outras formas de moradia popular de aluguel. Embora se aproxime desses outros tipos de assentamentos pela precariedade das condições de infraestrutura e habitacionais, as favelas também se distinguem por estarem geralmente situadas em áreas de maior centralidade. Nesse sentido, a convivência de espaços de moradia de classes altas ou médias com espaços de favelas é uma característica presente em todas as grandes cidades brasileiras. O crescimento do Rio de Janeiro e de outras cidades brasileiras, ao longo do século XX, levou a uma expansão das favelas, que, no entanto, só são efetivamente reconhecidas e tematizadas como um “problema” a partir da década de 19303. A partir da década de 1950, as favelas já estão claramente caracterizadas como um fenômeno disseminado entre as grandes cidades e na década de 1970, também nas cidades médias esses assentamentos passam a ser identificados. Esse crescimento, ao longo do século XX e já no início do século XXI vem levando a que os domicílios em favelas sejam uma proporção importante do parque habitacional em todas as regiões do país. A partir dos anos 1930, quando as favelas passam a ser encaradas como problemas, começam a ser desenhadas as linhas gerais das políticas de Estado para com esses assentamentos. Essas políticas podem ser caracterizadas, de forma geral, como marcadas por uma forte ambiguidade ao sabor das conjunturas políticas. A ambiguidade aqui mencionada refere-se a uma visão formalista de repressão e controle, claramente presentes na legislação (GONÇALVES, 2013; CARDOSO, 2007), contrabalançadas por uma certa tolerância expressando, por um lado, a incapacidade do Estado em dar uma solução habitacional adequada para a maioria da população, e, por outro lado, pela importância eleitoral crescente da população residente nestes assentamentos. Nesse sentido, são importantes as ações de políticos locais que sempre agiram provendo uma certa “proteção” contra as ameaças de remoção e, ainda, atuando na realização de pequenas obras de melhoramentos, em troca de apoio político.

2 Existem registros históricos de assentamentos que se formaram a partir de ocupações autorizadas pelos seus proprietários em troca do pagamento de um aluguel (denominado como o “aluguel do chão”) – ver, a respeito, ABREU; VAZ, 1991. 3 Valladares (2005) denomina esse fenômeno como a “invenção” da favela. Outras cidades, como Porto Alegre (ALFONSIN, 1997) ou Salvador (SILVA, 2001), também descobrem as favelas a partir dos anos1930 ou 1940.

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Essa tolerância, no entanto, foi rompida na década de 1960, com a adoção, no Rio de Janeiro, de uma ampla política de despejos, com o reassentamento dos moradores em conjuntos na periferia (VALLADARES, 1987). A atuação do poder local acabou por influenciar uma política de escala nacional, implementada pelo governo federal, após o Golpe Militar de 1964. A escalada da repressão acabou por gerar uma polarização no debate político, no Rio de Janeiro, com repercussões nacionais, contrapondo remoção vs urbanização (MACHADO da SILVA, 1981). Como expressão desse debate e da resistência e luta dos moradores contra a remoção, destaca-se a experiência de urbanização das favelas de Braz de Pina, Mata machado e Morro Azul, realizada em 1968-1972, durante o período áureo dos despejos, por iniciativa do Governo do Estado do Rio de Janeiro, que, embora em menor escala, simbolizaram a possibilidade de uma solução que mantinha os moradores nos seus locais de moradia, com o Estado atuando na melhoria das condições de infraestrutura e habitacionais (SANTOS, 1981). A partir da segunda metade da década de 1970, a crítica à experiência do BNH, se consolida e o próprio Banco, responsável pelas remoções, passa a adotar uma política de urbanização, (BURGOS, 1988). A consolidação desse enfoque se dá na Constituição de 1988, que, ao instituir o princípio da função social da propriedade e os instrumentos da usucapião especial urbana e da concessão especial para fins de moradia, dá o fundamento de legalidade ao reconhecimento do direito dos moradores das favelas a permanecerem em seus lugares de moradia e também terem suas condições de vida melhoradas a partir de projetos de urbanização de favelas. Esses fundamentos legais constitucionais se desdobraram em dispositivos adotados pelas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas municipais, que se seguiram à reforma constitucional de 1988 (CARDOSO, 2007). Ao longo das décadas de 1980 e 1990, as administrações locais passaram crescentemente a desenvolver projetos pontuais ou programas mais sistemáticos de intervenções em favelas. Embora reduzidas em sua escala, as intervenções desenvolvidas pelos governos locais tiveram aspectos positivos no que diz respeito à inovação e à qualidade, combinando obras de urbanização, melhorias habitacionais e regularização fundiária (DENALDI, 2003). Na segunda metade da década de 1990, o Brasil já era sem dúvida o país com maior experiência e competência no campo da urbanização de assentamentos precários, passando a ser referência para outros países que buscavam adotar a mesma abordagem, como foi o caso da Colômbia e também, posteriormente, da África do Sul. Destacaram-se, nesse período, o Rio de Janeiro, com o Favela Bairro, que obteve apoio do BID, Santo André, com programas de urbanização integrados à política social, o Recife, com o PREZEIS, que instituiu um dos modelos mais fortes de participação popular na definição da intervenção sobre as favelas, Belo Horizonte, entre outros. Ao mesmo tempo, a partir da segunda metade dos anos 1980, após a extinção do BNH, o governo federal passou a criar linhas de financiamento para apoiar as ações dos governos locais, mas de maneira geral, contando com recursos escassos (CARDOSO; MELLO FILHO, 2000). No final da década de 1990, a partir de um convenio do governo central com o BID, desenvolve-se a experiência do Programa Habitar-Brasil-BID, desenvolvido pela Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano, irá estabelecer alguns elementos básicos do modelo que será adotado pelo Ministério das Cidades, particularmente no que diz

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respeito à articulação com ações de Desenvolvimento Institucional e com a maior ênfase no Trabalho Social. A consolidação deste modelo de intervenção exige um esforço dos governos locais em desenvolver uma infraestrutura técnica e organizacional mais adequada à intervenção nas favelas e também consolidando a prática do trabalho social como um dos componentes das intervenções. Concluindo essa breve revisão da experiência brasileira anterior ao lançamento do PAC, deve ser ressaltado que, ao longo das décadas de 1980, 1990 e 2000, consolidou-se uma certa competência técnica, no que diz respeito às especificidades das intervenções em favelas, seja em termos de cadastros, levantamentos preliminares, trabalho social, projetos e gerenciamento de obras. Essa competência está presente em saberes acumulados nas equipes técnicas das Prefeituras e também empresas de projetos, consultoria e gerenciamento de obras, do setor privado ou de ONGs. O Ministério das Cidades e Politica Nacional de Habitação A partir de 2003, com a criação do Ministério das Cidades e da Secretaria Nacional de Habitação, começa a estruturar-se uma nova política habitacional, cujo primeiro ciclo vai até 2007, com o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Após um período inicial de organização do Ministério e de discussões amplas envolvendo atores diversos (movimentos sociais, empresários, representantes do setor público e especialistas) foram produzidos documentos básicos para cada setor, publicados após discussão e aprovação no Conselho das Cidades: os “Cadernos MCidades”4. O volume 4 apresentava a política de habitação que pressupunha três elementos fundamentais: ampliar significativamente a produção de unidades novas, promover a urbanização das favelas e outros assentamentos precários e criar condições para o desenvolvimento institucional, principalmente do setor público, criando condições mais adequadas para a participação dos atores responsáveis pela sua implementação. Essas prioridades se mostram claramente na definição dos objetivos da Política Nacional de Habitação (PNH): - universalizar o acesso à moradia digna em um prazo a ser definido no Plano Nacional de Habitação, levando-se em conta a disponibilidade de recursos existentes no sistema, a capacidade operacional do setor produtivo e da construção, e dos agentes envolvidos na sua implementação; - promover a urbanização, regularização e inserção dos assentamentos precários à cidade; (Cadernos MCidades, vol 4, p. 31) A partir de 2005, será progressivamente adotada uma política de apoio a ações de urbanização de assentamentos precários, desenvolvidos sob a responsabilidade dos governos locais, a partir da aprovação pelo Congresso da lei de criação do SNHIS (Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social) e do FNHIS (Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social). Os objetivos gerais da Política Nacional de Habitação

4 Os Cadernos não estão mais disponíveis no site do Ministério das Cidades, mas podem ser ainda encontrados em https://erminiamaricato.net/cadernos-mcidades.

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se configuraram no FNHIS na forma de 4 Programas: Urbanização de Assentamentos Precários, Produção de Unidades Novas e Desenvolvimento institucional (apoio a realização de Planos Locais de habitação de Interesse Social, etc.) e Ação de Produção Social da Moradia.5 Em 2006 foi aprovado um novo programa – Ação de produção Social da Moradia, que permitia aos movimentos sociais acessarem diretamente os recursos para produção de unidades em regime de autogestão. Com isso, ampliou-se a demanda pela modalidade de produção de unidades novas. O SNHIS contou com recursos na ordem de R$ 1 bilhão por ano, totalizando cerca de R$ 3,6 bilhões entre 2006 e 2008. O PAC no âmbito nacional Após apresentar os antecedentes dos Programas, cabe agora contextualizar o período que vai do final do primeiro mandato de Lula, com a sua reeleição em outubro de 2006, até à crise internacional de 2008, quando são anunciados os dois principais programas habitacionais do período Lula-Dilma (2003-2016). Em 2007, contando com um contexto econômico favorável, o Presidente Lula lança um programa visando alavancar o desenvolvimento econômico a partir de um forte investimento público. Nesse marco, foi lançado, no primeiro mês do segundo mandato de Lula, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que se compunha de blocos de investimento em infraestruturas e onde se inscreve o eixo de urbanização de assentamento precários, o PAC-UAP (Programa de Aceleração do Crescimento-Urbanização de Assentamentos Precários). Ao longo de 2007 e 2008, assistiu-se à aceleração da produção de moradias a partir da ampliação da oferta de financiamentos imobiliários potencializada pela queda das taxas de juros e por mudanças regulatórias no SBPE e no FGTS. No entanto, em meados de 2007, começa a desencadear-se a crise dos subprime no setor imobiliário americano, que iria arrastar a economia mundial para uma forte recessão com o seu auge em setembro de 2008. Como reação à crise, o governo adotou medidas anticíclicas, liberando o crédito dos bancos públicos, mantendo as programações de investimento das empresas estatais e estabelecendo linhas de socorro a empresas nacionais atingidas pela crise. (CARDOSO; LEAL,2010) As empresas do setor da construção e imobiliário que, anos antes, haviam aberto o seu capital na Bolsa de Valores, sofreram quedas acentuadas no valor das suas ações e tinham investido grande parte do capital levantado em terras, sofrendo com a crise também pela impossibilidade de realização dos empreendimentos previstos em seu portfólio de investimentos. Estes setores pressionaram o governo por medidas de combate à crise e finalmente em março de 2009, através de uma articulação direta com a Casa Civil e com o Ministério da Fazenda, é lançado o PMCMV como Medida Provisória (MP 459) (BONDUKI, 2009; AMORE, 2015).

5 O programa Ação de Produção Social da Moradia foi aprovado em 2006 com o objetivo de permitir aos movimentos sociais o acesso direto aos recursos para produção de unidades em regime de autogestão. Com isso, ampliou-se a demanda pela modalidade de produção de unidades novas.

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O PAC se configura como um conjunto de ações, programas, e fontes de recursos oriundos de e geridos por diferentes órgãos do governo. Nesse sentido, pode ser visto como um “guarda-chuva”, ou uma “marca”, onde cabe uma série de modalidades ou subprogramas. A titulo de exemplo o PMCMV, quando anunciado também recebe a chancela de PAC. Para além do significado de “marca” na narrativa do discurso político, receber a chancela de PAC trouxe implicações objetivas: significa que ele será incluído em um processo de monitoramento intensivo, coordenado pela Casa Civil e por vários outros colegiados de acompanhamento; de outro lado, que ele estará isento de quaisquer contingenciamentos orçamentários. Além disso, mais recentemente, os projetos do PAC foram beneficiados com o Regime Diferenciado de Contratações de Obras Públicas (RDC), que reduz exigências da Lei de Licitação Pública (Lei no 8.688) (LOUREIRO, MACÁRIO, GUERRA, 2013, p. 12). No âmbito do PAC, é incluído um grande programa de urbanização de assentamentos precários, que realizou, na primeira etapa (PAC1), um investimento de R$ 20,8 bilhões para a urbanização de 3.113 assentamentos precários em todo o país. Relançado em 2012, o PAC2 irá contratar 415 novas ações em assentamentos precários, que totalizam investimentos de R$ 12,7 bilhões, em 337 municípios de 26 estados. O grande aumento de recursos aplicados na urbanização de favelas torna evidente a centralidade que a política de habitação passará a ter a partir de 2007. A escala do PAC-UAP não tem precedente quanto ao nível de recursos disponibilizados por parte do Governo Federal, uma vez que as “Favelas”, historicamente, costumavam ser da competência de Estados e Municípios (CARDOSO, 2007). No PAC-UAP, a partir de uma normativa estabelecida pelo Ministério das Cidades, as Prefeituras os ou governos estaduais apresentaram os projetos ao Governo Federal, que repassou os recursos necessários através de diversos programas ou modalidades. Enquanto chancela, o PAC-UAP vai agrupar vários programas e ações que já estavam em andamento e que, ao serem catalogadas como PAC, tinham como objetivo acelerar a sua execução, simplificando procedimentos e alocando recursos: quer técnicos, quer financeiros, assim como garantir a sua priorização nas despesas federais, evitando contingenciamentos. Dentro do PAC-UAP, temos, portanto, subprogramas que resultavam de políticas anteriores e que articulavam diferentes fontes de recursos junto a novos programas de investimento. Do total de R$ 619 bilhões do PAC-1 (Balanço 2007-2010), a urbanização de assentamentos precários realizou, na primeira etapa (PAC-1), um investimento de R$ 20,8 bilhões para a urbanização de 3.113 assentamentos precários em todo o país. Se colocarmos em perspectiva o total de investimento de 2007 a 2016 do PAC em urbanização de Favelas, R$ 27,3 bilhões (MinCidades) equivaleria grosso modo ao investimento empenhado para a Copa do Mundo de 2014 (R$ 25,8 bi), mas inferior ao investimento para as Olimpíadas (R$ 37,5 bi). Se, por um lado, isso representou de fato uma mudança no tratamento do problema das favelas, ao mesmo tempo a intervenção em favelas foi inserida em um

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procedimento administrativo que não previa a participação popular e o controle social6, em sentido contrário face às concepções da PNH. Todo o processo decisório de alocação de recursos e aprovação de projetos passa a ser feito pela equipe da SNH e pela Caixa Econômica, gestora financeira dos empreendimentos contratados. O PAC-UAP se apoiava em uma estrutura institucional conforme figura abaixo:7

Entre as mudanças estabelecidas para o PAC-UAP na gestão da Presidente Dilma Rousseff, destaca-se a adoção do PMCMV como o meio para a produção de habitações novas nos contextos das urbanizações de favelas executadas com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), justificada em função de sua maior agilidade na elaboração de projetos e realização das licitações de obras (AMORE, 2015, p. 21). Essa mudança tem forte impacto na qualidade das novas moradias produzidas no âmbito da urbanização de favelas para desadensamento, uma vez que as experiências que vinham se desenvolvendo na primeira fase do PAC-UAP mostravam maior qualidade de projeto e maior adaptação às necessidades dos moradores. Com a mudança, as soluções passam a ser padronizadas e produzidas em grande escala, o que implicou também em mudanças na localização das novas unidades produzidas. (PATRÍCIO 2017). A partir dos dados da execução do PAC e de referências bibliográficas é possível avançar numa leitura do PAC-UAP como um todo para depois aprofundarmos o caso 6 Conforme Balanço do PAC-2, disponível em http://www.pac.gov.br/sobre-o-pac/divulgacao-do-balanco/balancos-anteriores, consultado em 25/07/2016. 7 Para maior detalhe sobre a estrutura do PAC-UAP ver TRINDADE, Claudia 2012 "Não se faz omelete sem quebrar os ovos" Política Pública e Participação Social no PAC Manguinhos - Rio de Janeiro Tese (Doutorado) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Departamento de História

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do Rio de Janeiro.8 O aumento do volume de investimento é uma das primeiras conclusões que se podem retirar em nível nacional, sendo fundamental analisar a sua distribuição territorialmente e ao longo do tempo. Identificamos que a evolução dos investimentos e a produção habitacional no decurso do período de execução teve uma tendência de decréscimo acentuado face ao volume inicial de contratações no primeiro ano do programa. Os investimentos no ano de lançamento (2007) representam 48% do total do investimento previsto para o período de sete anos de 2007-2014, sendo que, em nível de produção de habitações, esse valor aumenta para 61%. Vários fatores podem explicar esta concentração inicial: como vimos, a primeira fase do programa reuniu projetos que estavam já em andamento ou com algum tipo de trabalho prévio; o tempo de execução dos contratos, aliado ao calendário eleitoral, implicou que a primeira fase do PAC (PAC1) coincidisse grosso modo com o fim do segundo mandato de Lula (2010); no entanto, a avaliação do programa ia mostrando debilidades na sua implementação, com baixo nível de execução dos contratos; por fim, o aparecimento em 2009 do PMCMV, que veio a assumir um protagonismo midiático/político enquanto principal estratégia de combate ao deficit habitacional, priorizando a produção em massa de unidades habitacionais novas em detrimento da urbanização de favelas. Se relacionarmos, por exemplo, a tendência da curva do investimento com a do número de produção nos anos de 20139 e 2014, identificamos existir uma nova tendência de subida de investimentos que não é acompanhada pela produção de unidade habitacionais, uma vez que tal como anteriormente referido, estas seriam produzidas com recursos do PMCMV. Gráfico 1. UHs previstas e investimento anual previsto em milhões de R$

Em relação à distribuição territorial dos investimentos, é possível perceber uma concentração de recursos nas regiões urbanas e metropolitanas, sobretudo em nove municípios que, juntos, concentram cerca de 49% do total de recursos do PAC-UAP. Segundo Juliana Petrarolli (2015), esta distribuição tem outra dimensão “curiosa” quando comparada com os dados de concentração de assentamentos precários por município: “Alguns municípios que possuem número elevado de assentamentos precários não chegaram a captar recursos do PAC para sua urbanização(...)Em

8 Para além da Bibliografia já citada, a revisão bibliográfica teve em conta uma análise dos trabalhos apresentados no IIURBFavelas e no XVII ENAPUR. 9 Em 2013, foram contratados apenas dois projetos com produção habitacional, sendo que um deles a Urbanização - Billings e Guarapiranga (Fase 2), em São Paulo, representa quase a totalidade das UHs produzidas (1188) e cerca de dois terços do investimento.

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compensação, mais de 200 municípios que contaram com recursos do PAC(...) não possuem estimativa de domicílios em assentamentos precários” (PETRAROLLI, 2015, p. 31). Esses dados indicam uma certa defasagem entre a necessidade de atendimento e a distribuição de recursos. Esta é uma questão que já vem sendo apontada pela literatura (CARDOSO, 2001), onde municípios com maiores recursos tendem a ter maior capacitação técnica/institucional e, portanto, obtêm mais recursos federais. Outras variáveis que poderiam explicar essa distribuição de recursos estariam relacionadas aos arranjos políticos nas alianças partidárias entre esferas federais, estaduais e municipais. Uma das consequências mais diretas deste aumento de recursos é a ampliação da escala de intervenções (DENALDI et al, 2016). Isso significou atuar em territórios de maior porte, com problemas mais complexos (geológicos, ambientais, sociais, logísticos) que, por limitação orçamentária, não haviam sido até então atendidos integralmente (notas do autor em evento10). Significou, também, a possibilidade de compor escopos de intervenção mais completos e articulados entre os vários componentes da urbanização (saneamento, infraestrutura, transportes, equipamentos, habitação, regularização fundiária). Esta possibilidade de composição de escopo, segundo uma “cesta” de itens financiáveis adaptados a cada território, consolidou a metodologia de “urbanização integrada”11 defendida pela literatura, muito embora, na prática, tal articulação persista como desafio não totalmente superado (BUENO, 2000; DENALDI et al, 2016; RODRIGUES, 2017). Se por um lado, a consolidação do modelo de “urbanização integrada” aprofunda o saber fazer de urbanização de favelas, por outro corre-se o risco de engessar um modelo padronizado que tende a ser assumido e disseminado pelas instituições financeiras internacionais em programas de slum recovery, cristalizando metodologias de intervenção. Este fenômeno pode agravar a defasagem entre os escopos predefinidos e as realidades territoriais e sociais diversas. Outra questão importante diz respeito às tensões entre o tratamento dos problemas ambientais e o direito à moradia. Se, por um lado, identificam-se avanços na questão ambiental como preocupação de projeto, progredindo nas questões ecológicas (reflorestamento, recuperação de cursos de água, mananciais, bacias hidrográficas, preservação de ecossistemas) para além das ações básicas de saneamento e coleta de lixo, por outro lado, permanecem as tensões entre as questões ambientais e o direito à permanência das populações, com a persistência concepções ambientalistas que, dissociadas de suas dimensões sociais, fazem com que o acesso desigual à cidade seja reafirmado tanto no arcabouço legislativo, como nas concepções do corpo técnico do poder público.

10 Colóquio Diálogos sobre urbanização de favelas. Desafios para urbanizar, integrar e garantir moradia adequada - São Paulo 2017 11 Outros autores tem denominações distintas BITTENCOURT denomina como intervenção estruturante no caso da URBEL em Belo Horizonte

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Outra dimensão recorrente na revisão bibliográfica são as dificuldades na execução do programa tanto na fase de contratações, e aprovações de projeto, como no tempo de execução das obras. Conforme avaliação desenvolvida por PETRAROLLI, 2015, apenas 11% das operações contratadas haviam sido finalizadas no país (até 2015), sendo que, entre as contratadas no âmbito do PAC2, somente 7 operações haviam sido concluídas. Além disso 2,4% das operações ainda não tinham sido iniciadas até setembro de 2015 e 16% das Operações haviam utilizado menos de 10% dos recursos contratados, sendo mais de um terço delas selecionadas entre 2007 e 2010. (PETRAROLLI, 2015, p. 39). No entanto, e complementando esta análise é preciso ter em conta que nestes contratos existem ações que vão para além da obra física, como a regularização fundiária e o trabalho social. Ao analisar a execução por intervalos de classe em todas as modalidades constatamos que 66% dos contratos tem nível de execução acima dos 80%. Para além disso cerca de 60% dos contratos tinham a componente da obra física concluída. Petrarolli (2015) apresenta uma reflexão sobre os atrasos dos programas, discutindo sobre a natureza mais complexa que caracteriza as intervenções em Favela comparadas com obras mais “comuns” de construção civil. Outros aspectos de alguma maneira relacionados ao ponto anterior são a fraca qualificação de projetos e de execução da obra. Um dos motivos apontados é a persistência de um deficit de corpo técnico nos órgãos públicos capazes de lidar com volume e especificidades dos projetos. Identificam-se diagnósticos insuficientes, planilhas orçamentárias defasadas do projeto que, durante a obra, geraram problemas de medição, inclusive de paralisação da obra: “é muito raro ver um projetista revisando planilha orçamentária” (NAKAMURA, 2017). É recorrente encontrar críticas ao reduzido padrão projetual, seja arquitetônico, seja urbanístico ou mesmo de projetos complementares de infraestrutura para áreas de favela ainda persistentes na prática profissional. (RODRIGUES, 2017; MAGALHÃES; VILLAROSA, 2012). Outro ponto comum em muitas pesquisas são os conflitos relacionados com as remoções, tema enfocado e debatido no II URB Favelas, que se realizou no Rio de Janeiro, em 2016, onde o debate esteve marcado pela realização dos megaeventos esportivos, particularmente na cidade do Rio de Janeiro, e a instrumentalização das remoções em prol das forças do mercado imobiliário. Nesse sentido, é importante estabelecer diferenças significativas entre os reassentamentos necessários para a realização de intervenções de urbanização de favelas e as remoções forçadas que ferem frontalmente o princípio do direito à moradia. Como é reconhecido na literatura técnica que discute os procedimentos de intervenção em favelas, a abertura do viário, a realização de obras de saneamento, o tratamento da questão do risco e o cumprimento de normas ambientais, como a criação de faixas de proteção nas margens de córregos e rios, entre outros fatores, pode levar à necessidade de reassentar uma parte significativa da população residente no assentamento. As normas do PAC-UAP, prevendo essa situação, limitavam fortemente a possibilidade de realização do reassentamento em áreas distantes, assim como limitava a possibilidade da utilização da indenização. Essas normas, no entanto, nem sempre foram seguidas à risca, como mostra o caso do Rio de Janeiro.

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No caso do PAC-UAP, o aumento da escala, as possibilidades de intervenção em favelas de maior complexidade de ocupação, a maior atuação em áreas de risco, e, em alguns casos, a substituição das moradias em situação de precariedade habitacional irrecuperável, podem explicar a ampliação dos reassentamentos necessários, que chegaram a atingir a ordem dos 45% (em relação ao total de moradias do assentamento) em média nas intervenções do PAC-UAP na região do ABC paulista12 (REGINO, 2017). Por outro lado, são frequentes estudos de caso que apontam uma dimensão truculenta e autoritária nas formas de negociação e interlocução com a população. A falta de voz das populações teria originado processos de resistência das populações e a emergência de movimentos organizados, articulações comunitárias entre territórios e mobilização da sociedade civil, demandando maior participação inclusivamente com algumas experiências de diagnósticos e propostas de intervenção alternativas. A entrada do PMCMV e o impacto no PAC-UAP é algo presente em várias pesquisas, mas pouco aprofundada nos trabalhos analisados. Esta síntese não esgota a diversidade de experiências do PAC-UAP em nível nacional, que, como veremos em seguida no caso do Rio de Janeiro, cada intervenção em cada território gera processos bastante distintos. A experiência do Rio de Janeiro O Rio de Janeiro, junto com São Paulo, Belo Horizonte e Fortaleza, foi uma das quatro cidades que captaram, cada uma, mais de R$ 1 bilhão de reais13 (PETRAROLLI, 2015). Mas, para além do valor de investimento, o Rio de Janeiro vai assumir um papel fundamental na consolidação da “Urbanização de Assentamentos Precários” enquanto eixo central da própria “marca” PAC. Ao fazer uma ponderação do volume de investimento com a população pelas unidades federativas, o Estado do Rio de Janeiro surge em 4º lugar no ranking de investimento por habitante, sendo que os primeiros lugares são ocupados por Acre e Rondônia e pelo Rio Grande do Sul. 14 Isto significa que o Rio de Janeiro, apesar de apresentar melhores indicadores de deficit habitacional em relação aos demais estados (25º em 27), tem um investimento por habitante muito superior (quase quatro vezes maior), por exemplo, ao Maranhão. Apesar do Rio de Janeiro só ter tido a garantia de receber os grandes eventos, Copa do Mundo/2014 e Olimpíada/2016, no final de 2007 e final de 2009, não podemos ignorar o impulso que os eventos trouxeram, na medida em que elevaram esta cidade à relevância midiática/política das transformações urbanísticas. Esta relevância do município central face aos restantes municípios do Estado resultou numa concentração dos recursos. Do total de investimentos previstos no Estado do Rio de Janeiro (R$ 3.38bi), 89% concentrou-se no município do Rio de Janeiro (R$ 3.0bi) com

12 Nota: Em discussão no Colóquio, foi referido que esta média poderia estar “contaminada” por intervenções em que houve necessidade de remoção integral da Favela. No entanto, o desafio sobre o elevado número de remoções foi consensual. 13 A região do ABC Paulista, no seu conjunto, também superou este valor com um volume de investimentos equivalente ao Rio de Janeiro. 14 Por serem estados com menores populações.

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33 contratos. A titulo de comparação, o segundo município com maior nível de investimento foi Nova Iguaçu que contou com 4 contratos e R$270milhões. Outra das dimensões encontradas na distribuição dos recursos no caso do Rio de Janeiro é a concentração do investimento em poucas intervenções sendo sobretudo notada nas intervenções levadas a cabo pelo Governo do Estado. Analisando o apenas as intervenções no município do Rio de Janeiro podemos verificar no Quadro 1 que apesar do Governo do Estado ter sido responsável por apenas 6 intervenções, das 33 no município, estas correspondem a 58% do total do investimento. Quadro 1. Distribuição de recursos por agente tomador no município do Rio de Janeiro

Município do Rio Janeiro Agente tomador Nº de Contratos Investimento % Governo do Estado 6 R$ 1.697.483.755,42 58% Prefeitura 27 R$ 1.228.185.255,44 42% Total Municipio do RJ 33 R$ 2.925.669.010,86 100% Uma das estratégias adotadas pelo PAC-UAP no Rio de Janeiro foi privilegiar projetos em andamento que pudessem receber a chancela PAC e que tivessem visibilidade midiática. Deste modo, e graças a estes projetos em carteira o primeiro repasse foi feito em Novembro de 200715 e as obras começariam um ano depois, em Novembro de 2008. Isto significou que 55% do investimento total no Estado do Rio de Janeiro foi contratado logo em 2007 (cerca de R$ 1.8). Para ilustrar esta concentração aprofundaremos a analise em cinco territórios que representam 59% do total do investimento no Estado do Rio de Janeiro e 66% do total de investimentos no Município do Rio de Janeiro, a saber: Cantagalo/Pavão/Pavãozinho, Complexo de Manguinhos, Complexo do Alemão, Rocinha e Colônia Juliano Moreira. Dos cinco territórios, destacam-se Alemão, Manguinhos e Rocinha que, sozinhos, representam 60% dos investimentos feitos pelo PAC-UAP em Urbanização de Favelas em todo o Estado do Rio de Janeiro. Os depoimentos recolhidos em entrevista (PATRICIO 2007) confirmam as três versões que Claudia Trindade (2012) e Danielle Rocha (2016), apontam para a escolha dos territórios que foram objeto das intervenções e reforçam a narrativa da importância do Rio de Janeiro na aliança PT/PMDB no Governo Federal. A primeira versão originada por integrantes do Governo do Estado relata um voo de helicóptero do Presidente Lula (PT) com o Governador Sergio Cabral (PMDB), no qual Lula teria referido que os territórios do Complexo do Alemão e Manguinhos deveriam ser contemplados com recursos do PAC-UAP. Uma segunda versão aponta para os já referidos projetos em desenvolvimento, no âmbito da Prefeitura ou do governo do Estado, que permitiriam que o Rio de Janeiro pudesse receber uma parcela significativa dos novos recursos. Uma terceira versão coloca o protagonismo nas lideranças locais e na luta dos

15 O decreto nº 6.276 aprova o primeiro repasse de recursos para projetos de urbanização de assentamentos precários.

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moradores na reivindicação de recursos para os territórios, apontando um seminário16 em Dezembro de 2006 na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/FIOCRUZ) em Manguinhos, onde se define como objetivo adequar projetos existentes aos recursos previstos para 2007 em ações de saneamento ambiental. A versão da coordenadora do PAC, Ruth Jurberg, em entrevista a Danielle Rocha (2016), cita os indicadores socioeconômicos como caráter prioritário para a escolha de Alemão e Manguinhos. No entanto, refere também que, “neste sentido se escolheu o [Complexo do] Alemão, que tinha uma trajetória de saída dos empresários, dos investimentos, por conta da violência, [Complexo de] Manguinhos, e a Rocinha tem um diferencial porque havia um plano diretor” (ROCHA, 2016, p. 66). Podemos considerar que as versões não se excluem, demonstrando uma confluência de fatores, a saber: vontade política por parte do Governo Federal e Estadual; oportunidade de execução com a existência de elementos técnicos e apoio das lideranças dos moradores; movimentos sociais e meio científico/acadêmico. Quadro 2. Distribuição dos recursos do PAC-UAP dos casos de estudo por agente promotor (Governo do Estado x Prefeitura) Entidade executora Subtotal territórios Território Governo do Estado % Prefeitura % Valor de

Investimento % Alemão 764.420.716,60 88 108.171.959,87 12 872.592.676,47 43 Manguinhos 574.861.064,90 81 136.396.352,48 19 711.109.364,83 35 PPG* 39.426.705,92 53 35.539.335,16 47 74.966.041,08 4 Rocinha 276.086.248,50 100 - 0 276.086.248,50 12 Colônia - 0 109.158.707,54 100 109.158.707,54 5 Totais 1.647.633.671,02 83 346.870.002,57 17 1.994.503.673,59 100 *PPG=Pavão-Pavãozinho/Cantagalo Como se pode verificar no Quadro 2, na distribuição entre Estado e Município, enquanto entidades executoras (as que recebem os recursos do Governo Federal), o Governo do Estado foi o principal protagonista recebendo 83% dos recursos. Exceto a Colônia Juliano Moreira, onde o agente promotor foi a Prefeitura, em todos os outros foi o Governo do Estado a principal entidade executora do projeto e obra. Embora a gestão 2003-2006 já houvesse se interessado pelo assunto, o Governo do Estado não dispunha de uma estrutura técnica e institucional, nem de experiência acumulada no campo da urbanização de favelas, diferentemente do que ocorria com a Prefeitura do Rio. Estes dados reforçam os depoimentos recolhidos em campo (PATRICIO, 2017) que referem que a preferência pelo Governo do Estado em detrimento da Prefeitura (que, tecnicamente, faria mais sentido) relaciona-se com a correlação de forças políticas saídas das eleições de 2006, forjando uma aliança governativa entre o PT e o PMDB. Em 2007, as forças políticas à frente do município situavam-se no campo da oposição 16 “Na esfera do Governo Municipal, a existência e os responsáveis pelo Programa de Desenvolvimento Urbano (PDU) para Manguinhos, no qual está inserido o projeto “Favela Bairro” e aproximá-lo as linhas de financiamento para 2007 de saneamento integrado do Ministério das Cidades”. Disponível em: <http://www.ensp.FIOCRUZ.br/portal-ensp/informe/materia/index.php?matid=2427>. Acesso em 17 out. 2017.

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ao Governo Federal. Isto fez, por exemplo, que durante os anos de 2007 e 2008, o prefeito César Maia, apesar de executar recursos do PAC-UAP, não referisse o nome do programa nem comparecesse nos territórios durante tais apresentações à população. Somente após as eleições municipais de outubro de 2008, com a eleição de Eduardo Paes (PMDB), é que se altera a relação com a Prefeitura, passando esta a adotar um alinhamento político com os Governos Estadual e Federal. O peso das obras emblemáticas em 5 territórios A análise das intervenções do PAC-UAP nestes territórios refere-se a 11 contratos firmados entre 2007 e 2009. Para analisar como se subdividem os recursos em cada intervenção, ou seja, quanto foi gasto e onde, utilizamos os Quadros de Composição de Investimento17 (QCI) fornecidos pelo Ministério das Cidades. Cabe a ressalva, que num projeto de urbanização de favelas, é bastante comum a falta de informações que embasem um projeto nos moldes clássicos. Em muitos casos, diagnósticos insuficientes implicam em alterações de projeto e a revisões contratuais. Segundo depoimentos de gestores públicos, os quadros de composição de investimentos foram sofrendo alterações, sendo que, no momento da pesquisa, ainda existem conflitos burocráticos e processos jurídicos a decorrer. A composição do investimento segue normativas estabelecidas pelo Ministério das Cidades e que limitam o percentual de itens face ao total do investimento. Existem, também, itens que o Governo Federal exige que sejam contrapartida do Estado ou Município, como indenizações e aluguel social. Consta ainda da normativa18 um mínimo e máximo exigido para Habitação, a depender da modalidade, entretanto conforme aponta em um dos itens da normativa são permitidos “casos excepcionais” que permitem a entrada de itens “fora da lista” e alteração dos percentuais. Uma vez que cada contrato utiliza nomenclaturas distintas para itens semelhantes, o que dificultaria a comparação, para auxiliar nesta avaliação comparativa foram agrupados os itens em cinco grandes conjuntos da seguinte forma: A. Serviços/Trabalho Social Projetos, Serviços Preliminares, Trabalho Social,

Gerenciamento, Canteiro de Obra, Administração B. Equipamentos Creches, Postos de Saúde, Bibliotecas, etc.) C. Habitação: produção e aquisição de moradias, indenizações, regularização

fundiária, aluguel social D. Urbanização: Terraplanagens, Contenções, saneamento, abertura de vias. E. Obras emblemáticas: Teleférico, Elevação da linha Férrea, Passarela Niemeyer. 17 Nota metodológica: Os quadros de composição de investimento (QCI´s) são um documento de controle utilizado pela Caixa Econômica, onde se detalha o valor de investimento por cada item de obra. No total, foram recebidos 10 QCI´s para os cinco casos de estudo que correspondem a 11 contratos. Em cada território, existe mais que um contrato dependendo do agente promotor (Estado/Prefeitura) ou de Fases diferentes. Englobam intervenções do PAC 1 e PAC 2. 18 Manual de instruções - Projetos Prioritários de Investimentos - PPI Intervenções em Favelas - 2007-2010

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Quadro 3. Sistematização dos Quadros de Composição de Investimento. Valores em milhares de reais

Alemão % Manguinhos % Rocinha % Colônia % PPG* %

A 106.672 12,2 72.551 10,2 25.653 10,8 15.698 14,4 6.018 8,0 B 26.187 3,0 28.933 4,1 27.024 11,3 4.715 4,3 749 1,0 C 126.436 14,5 155.072 21,8 31.187 13,1 23.077 21,1 27.784 37,1 D 381.940 43,8 322.006 45,3 139.376 58,5 65.667 60,2 40.415 53,9 E 31.355 26,5 132.545 18,6 15.000 6,3 *

872.592 100 711.109 100 238.242 100 109.158 100 74.968 100 *PPG=Pavão-Pavãozinho/Cantagalo

Em comparação com programas anteriores em que a produção de moradias foi realizada de modo estritamente necessário para abertura de vias, desadensamento das comunidades, construção de equipamentos comunitários, a normativa elaborada pelo PAC-UAP coloca a produção e melhorias habitacionais com maior importância dentro do escopo dos projetos. No entanto, a dimensão que mais se destaca na análise da composição de investimentos é o surgimento de “obras emblemáticas”. Cabe ressalvar que esta estratégia não é proposta nas diretrizes projetuais do Ministério das Cidades sendo que o termo “emblemático” é utilizado pelo MinPlanejamento para classificar várias intervenções. No PAC-UAP são consideradas como intervenções emblemáticas três grandes obras: Teleférico do Alemão, Elevação da linha do Trem em Manguinhos e Passarela Niemeyer, na Rocinha, correspondendo a cerca de 19% do investimento total.19 A introdução destas obras foi feita à margem da legalidade num esquema clientelista articulado por um cartel de grandes construtoras.(PATRICIO 2007) Isto revela que, no Rio de Janeiro, a Urbanização de Favelas tem um peso que transcende a resposta às necessidades da população, e ao escopo original definido pelo MinCidades para o PAC, transformando-se num símbolo da atuação do poder público enquanto política social, meio de fortalecimento das alianças partidárias, legitimadora do legado dos megaeventos para além de forma de rentabilizar o capital do setor da construção civil. É importante destacar que o efeito emblemático seria um elemento qualificador da intervenção, havendo literatura sobre o potencial de equipamentos de porte em regiões periféricas. No entanto, o que percebemos é que esta estratégia é feita à custa 19 Neste percentual, não está incluído o Complexo Rubem Braga, nome dado ao elevador do Cantagalo bastante midiatizado como novo point turístico do Rio e que elevaria este percentual.

Totais %

A 229.440 11,4 B 87.609 4,4 C 363.559 18,1 D 946.561 47,2 E 378.900 0,7

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de desinvestimento em áreas prioritárias. O nível de recursos destinado às obras emblemáticas supera por exemplo o investimento em habitação, que conta com 18% dos recursos. Não foi possível obter dados nacionais de controle para comparar esses dados; no entanto, na região do ABC paulista, que conta com um volume de investimento na mesma ordem de grandeza do Rio, os valores destinados à habitação são em torno de 40%, chegando a 60% em alguns casos (MORETTI et al., 2014). A falta de um balanço nacional do PAC-UAP dificulta uma análise comparativa, restando-nos apenas especular que a dimensão emblemática tenha sido uma característica específica das intervenções no Rio de Janeiro. O impacto desta estratégia é mais profundo que a dimensão quantitativa, uma vez que os projetos vão sendo ancorados às obras midiáticas em detrimento das prioridades que emanam dos territórios. A defasagem entre as propostas de intervenção e o que as populações demandam, geram movimentos de resistência que têm como pano de fundo a percepção de que o PAC-UAP “não é para elas”. Considerações finais Como conclusões preliminares, considerando que trata-se de uma pesquisa ainda em curso, podemos anotar algumas observações com relação ao que foi a implementação do PAC-UAP, particularmente no Rio de janeiro. Em primeiro lugar, cabe ressaltar os aspectos positivos dessa experiência. Trata-se do primeiro programa nacional voltado para a urbanização de assentamentos precários. Verificou-se que ocorreu uma significativa elevação do investimento, o que deu à política habitacional e particularmente à urbanização de favelas grande centralidade na agenda pública e governamental, beneficiando número significativo de comunidades, com impactos extremamente positivos na melhoria das condições de vida das famílias beneficiadas. Como um das manifestações das políticas redistributivas desenvolvidas nos governos do Partido dos trabalhadores, o PAC-UAP contribuiu ainda para consolidar o princípio do direito à moradia nas grandes cidades, reconhecendo o direito de permanência dos moradores das favelas em seus locais de moradia, mesmo em casos de territórios situados em áreas centrais e valorizadas da cidade, contribuindo desta maneira para o combate ‘as formas de segregação socioespacial que caracterizam as cidades brasileiras. Considerando as experiências anteriores de intervenções em favelas, desenvolvidas principalmente pelos governos locais, o PAC-UAP, a partir da experiência, em nível federal, do HBB-BID, avançou pelo aperfeiçoamento do modelo normativo e institucional para a intervenção em favelas. Ao mesmo tempo, pelo volume de recursos envolvidos, o programa permitiu desenvolver intervenções de maior escala, com escopo mais abrangente, avançando no sentido da “urbanização integrada”. Do ponto de vista do modelo institucional, ressalte-se o papel relevante dos governos locais na proposição e gestão das intervenções, ainda na linha instituída pelo SNHIS, o que poderia levar, a médio e longo prazo, a um desenvolvimento das capacidades institucionais locais. Ao mesmo tempo, o programa enfrentou desafios que já estavam colocados para o SNHIS, a saber, a enormes disparidades de recursos e de capacidades institucionais, técnicas e administrativas dos municípios brasileiros. Isso pode ter se refletido em diferenças mais ou menos importantes na capacidade de gestão local das intervenções do PAC e também pode explicar, ao menos em parte,

breno procopio
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alguns problemas na distribuição nacional dos recursos, como levantado no texto anterior. Ou seja, para acessar o PAC, os municípios – e eventualmente os governos estaduais – precisariam ter capacidades técnicas mínimas para elaboração de projetos dentro dos parâmetros estabelecidos pelo programa, o que não é a realidade da maior parte dos municípios brasileiros. Por outro lado, um problema que gerou uma grande crítica inicial ao programa foi o fato de romper com o modelo vigente no SNHIS e nas práticas do Ministério das Cidades, fortemente fundado na participação e controle social, ao excluir a deliberação sobre a alocação dos recursos da esfera do FNHIS e do Conselho das Cidades. Ao mesmo tempo, em nível local, a participação ficou dependente de eventuais possibilidades abertas pelas administrações locais. No caso do Rio de Janeiro, como constatado no texto, não houve qualquer inciativa de participação mais efetiva nas intervenções realizadas.

"Sua participação na implementação do programa limitava-se a aderir aos formatos institucionais de participação – como os encontros de integração – e aceitar as condições postas pelo governo para sair de sua casa.(...)Esta negociação estabelecia-se de maneira individualizada e coercitiva." (OLIVEIRA, Bruno, 2016)

Uma constatação que emerge dos dados analisados e está presente em outras análises diz respeito aos problemas de eficiência na execução das obras. Uma das hipóteses para explicar esse fato diz respeito ao fato de o modelo de contratação e execução não ser adequado para a complexidade das intervenções em favelas, devido, por exemplo, à rigidez das normas de licitação e de contratação de empresas para execução de obras. É preciso considerar, ainda, as dificuldades para a realização de estudos preliminares – cadastros, sondagens, e outros levantamentos – que permitissem que os projetos pudessem ser mais precisos em relação às obras a serem executadas. Por outro lado, embora o Brasil tenha desenvolvido um acúmulo de experiências e de capacidade técnica nessa área, ela não se distribui homogeneamente no território, havendo ainda muito que fazer no plano do ensino técnico e no desenvolvimento de capacidades técnicas pelo setor privado ou por organizações não governamentais. No caso do Rio de janeiro, destaca-se o papel estratégico das intervenções frente à aliança política local, o que levou ao desenvolvimento das “obras emblemáticas”, extremamente dispendiosas, que implicaram em redução do escopo das intervenções em outras áreas, como o saneamento, e que se revelaram, na utilização como problemáticas. No momento, o Teleférico do Alemão está fora de uso, a área sob a linha de trem que foi elevada em Manguinhos não está também tendo o uso previsto no projeto e na Rocinha o novo prefeito veio a público anunciar obras de “maquilhagem” perto da passarela Niemeyer. É importante, neste momento de crise política e econômica do país e com a aproximação de novas eleições, reafirmar a importância dos programas de urbanização de favelas, como elementos fundamentais de políticas urbanas redistributivas e que sinalizam uma tendência que vai na contramão das tendências neoliberais que caracterizam muitos dos governos da América Latina e do mundo. A experiência do PAC, nesse sentido, configura-se como um modelo que mostra a necessidade de avanços organizacionais, políticos e técnicos, de forma a otimizar o gasto de recursos públicos e também de assegurar maior qualidade no resultado final, contribuindo para a afirmação do Direito à Cidade e à Moradia.

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