A Utopia do Sétimo Homem

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A Utopia do Stimo Homem

O Homem Vitruviano de Leonardo Da Vinci

Utopia significa sonho humano de um mundo melhor, busca de um lugar perfeito onde reina a felicidade. Tudo que acontece no mundo exterior puro pretexto para nos conduzir ao mundo interno, o reino de Manas ou da mente, onde tudo est, tudo real e tudo tem significado e sentido definitivo e eterno. O contrrio, como j dissemos, puro pretexto e iluso. Nosso relacionamento com o mundo, em todas as fases evolutivas, sempre foi conflituoso, contraditrio, crtico e reflexivo, efeito das dificuldades biolgicas e psicolgicas, inquietaes, medos, angstias, dvidas e incertezas. o processo natural de desiluso. Impossibilitados de romper esses limites, barreiras, para ns instransponveis, apelamos para a adaptao, mecanismo maravilhoso da mente humana que nos faz suportar as mais terrveis provas do tempo presente e ainda nos projeta para as inmeras possibilidades do tempo futuro.

No mago do Esprito existe uma mnada, o princpio inteligente, uma centelha divina que vibra como marca microcsmica da Criao. Na mente humana essa mnada se manifesta como um enorme vazio existencial, acomodado no plano biolgico, porm insacivel no plano psicolgico. Em nosso ntimo esse vazio vibra na forma de uma insatisfao permanente, como se fosse um compromisso eterno com a nossa transformao. a utopia da Perfeio, a busca do modelo ideal e infalvel que enxergamos no Criador. Essa a utopia do Stimo Homem. Em todas as pocas construmos ou aderimos a utopias que despertaram em ns o interesse por uma vida diferente, promissora, contrria aos problemas das sociedades em que nos agrupamos e as limitaes prprias do meio em que nascemos e nos desenvolvemos.

Na pr-histria desenvolvemos a utopia da caverna permanente, refgio ideal para a proteo do corpo, para saciar a fome, aquecer o frio e nos abrigar dos perigos da vida selvagem e da hostilidade da natureza, que naquela poca nos parecia catica. A cavernas se sucediam umas s outras porque a necessidade de sobrevivncia, limitada pela

inteligncia primitiva e viso estreita de mundo, nos impelia ao nomadismo, numa caminhada interminvel, de incerteza, em busca de uma caverna definitiva, da qual no seramos mais expulsos.

Com o advento do fogo e da agricultura , essa utopia da caverna se ampliou para a busca do domnio territorial , smbolo milenar da riqueza alimentar e da realizao social.

Nas primeiras civilizaes das culturas teolgicas, sobretudo no Egito, surgiu a utopia do tempo eterno e da imortalidade, reflexo do horror que tnhamos da morte do corpo e do fim da existncia. As pirmides de Giz, smbolos exteriores dessa imortalidade era, na realidade esotrica, a metfora da mente, cujas cmaras do tempo passado, presente e futuro, guardam os mais profundos sonhos de realizao O culto aos mortos, as cerimnias funerrias, os tmulos monumentais, tudo isso representa psicologicamente a busca de respostas para os enigmas da morte. Ainda no aprendemos a driblar fisicamente a morte, mas desenvolvemos experincias psicolgicas, aprendendo a aceitar os limites fsicos e crer na possibilidade da existncia de mundos metafsicos. Foi tambm nesse longo perodo da Antiguidade que, inspirados no espantoso avano mental dos egpcios, que Moiss acreditou na utopia de Cana, a terra prometida, atravessou o deserto da incerteza e conduziu seu povo para o caminho da lei e da fidelidade ao Deus nico. Essa utopia tinha como fundamento o Declogo, dez princpios do mundo moral perfeito da cultura judaica.

Na ndia, decepcionado pelo choque dos extremos de luxo e misria, o jovem prncipe Gautama Sidarta, o Budha, construiu a utopia do Nirvana, o supremo estado de conscincia, cujo acesso seria possvel pelos nove degraus da meditao e do controle do desejo. Esvaziar a mente, fugir da iluso e entregar-se ao poder da vontade era o caminho para o mundo feliz, sem dores e decepes. Na mesma ndia, Krishna, o sbio e provvel autor dos Vedas, j havia cantado nesses clebres poemas a epopia da Criao Divina e do tempo interminvel.

Na Prsia, Zoroastro elaborou uma das primeiras utopias da regenerao, contida no Zend-Avesta, o paraso que foi construdo aps uma longa batalha entre o Bem e o Mal, lugar reservado aos justos e escolhidos.

Os filsofos Lao-ts e Confcio, na China, criaram a utopia da Honestidade e da Pacincia, poderosos sustentculos da civilizao indestrutvel.

Na Grcia antiga, reduto de inmeros filsofos e estadistas, onde imperava a razo e o pragmatismo, onde Deus se chamava Logos Spermtikos, Scrates desafiou o sistema e a morte, falando da Pneuma, ou a possibilidade da Alma e do Mundo da Idias, e Plato, seu discpulo mais querido, escreveu na Repblica a utopia do Estado perfeito, a polis ideal.

Em Roma, provavelmente pela primeira vez, aparece a utopia de um Estado Mundial. O domnio do mundo, motivado pela ideal de fora e honra, foram idealizados primeiramente no Marenostrum, o espao geogrfico conhecido e desejado na poca de Cartago e, posteriormente, na poltica da Pax Romana, e representado na figura do Imperium, simbolizado politicamente por Csar. O estado Mundial Romano s no foi viabilizado por causa das limitaes tecnolgicas da poca e, pelas contradies inevitveis do sistema militar-escravista. Para contrapor essa pretenso do

supremo poder material, surge no prprio seio da dominao romana, de forma desconcertante, a utopia da igualdade e do amor ao prximo, idealizada pelo Cristianismo. Nela um simples o rabino judeu, filho de carpinteiro, propunha a conquista do Reino de Deus, onde o brao poderoso de Csar jamais alcanaria. O Reino no era desse mundo e recomendava o sacrifcio da prpria vida, caso a idia da imortalidade fosse colocada em xeque. Os martrios, projetados para supervalorizar a crueldade do materialismo romano, tiveram efeito contrrio na mente dos expectadores dos famosos circos. O ataque dos lees e as chamas que fulminavam os corpos despertavam na mente popular o remorso, a atrao e a simpatia pela Boa Nova. Roma sucumbiu.

Na Idade Mdia, no universo do feudalismo, ganha fora a utopia do Cu, contra instabilidade das brbaras e a opresso do senhorio, o terror das pestes e epidemias, bem como as supersties tenebrosas do fim do mundo, do inferno e do Reino de Satans. Santo Agostinho descreve esse lugar como a Cidade de Deus, idia que tambm fascina o monge Tomaso Campanella. Na Pennsula Arbica, o profeta Mohamed unifica o seu povo atravs da utopia do Isl, um Estado teocrtico e expansionista.

Na Renascena as utopias se multiplicam nas mos geniais de Thomas Morus, de pintores e arquitetos italianos e holandeses. Em pleno capitalismo mercantil, no auge da Era das Navegaes e Descobrimentos, a utopia se volta para o Novo Mundo.

Nos sculos 17 e 18, na Inglaterra e na Frana, ao criticar os desequilbrios da sociedade de estamentos e o Estado Absolutista, os filsofos iluministas criam a utopia da Razo.

No sculo 19, por efeito dos desequilbrios da Revoluo Industrial, surge a utopia socialista de igualdade e harmonia, nas famosas colnias e falanstrios.

Em pleno sculo XX o nazi-fascismo reviveu a antiga utopia espartana da eugenia atravs de regimes totalitrios cruis e belicistas.

E no mundo contemporneo, depois de uma intensa onda de destruio ambiental e aniquilamento humano das duas guerras mundiais, volta tona a utopia da Paz e da Harmonia, antigos sonhos que agora voltam a povoar a mente humana, ainda inquieta e em busca da sua caverna permanente. So sonhos alimentados pela atuao pacifista do Mahatma Gandhi, com a utopia da No Violncia; do pastor Martin Luther King e Nelson Mandela, pela igualdade racial, pela utopia da contra-cultura dos jovens hippies do mundo inteiro, dos inmeros conspiradores da Era de Aqurio e milhes de militantes do verde e da Ecologia. A caverna no mais um lugar fsico, mas a nsia pela perfeio mesma, agora rumo aos ilimitados confins da conscincia. a utopia do Homem do Futuro.

Postado por Dalmo Duque dos Santos s 7:35 PM

O Ser e a Conscincia

A Conscincia o governo do Universo. ela quem reina e comanda a Vida, em todos os planos e dimenses que formam o Infinito. Nada escapa sua Oniscincia e Onipresena, atravs das leis que regulam a Natureza, em todos os lugares e mundos.

Quando passamos a perceber essa verdade em ns, iniciamos imediatamente o processo de gesto de nossas existncias. Passamos a administrar os rumos que tomam as nossas vidas. Somos pequenas conscincias, criadas imagem e semelhana de uma Conscincia Maior, que rege as coisas e alimenta todas as necessidades. Somos microcosmos de uma realidade macro-csmica.

Em ns existe, em pleno funcionamento, todas as dinmicas e rtmicas que acontecem nos mltiplos esteios da Criao. Carregamos em ns todos os seus elementos vitais: a energia, o tempo, os ciclos, as pulsaes, os compassos, circunstncias, pensamentos, emoes, vontades, escolhas, decises e finalmente as tramas do destino. Tudo isso o Reino da Vida, que existe dentro e fora de ns, simultaneamente.

No por outro motivo que todos somos, a todo instante, impulsionados pela necessidade de dominar e controlar as inmeras foras que se movimentam ao nosso redor. Vivemos incomodados numa perturbao fsica e psquica, tentando acalmar o turbilho de inquietaes ntimas e tambm exteriores.

Como Hrcules, o filho de Zeus e Alemena, trazemos gravados em nossa memria espiritual os sinais das nossas origens divinas. Temos como metas compromissos inadiveis, semelhantes aos Doze Trabalhos do clebre heri da mitologia grega, cuja realizao representa as equaes das coisas que precisamos entender, compreender e depois colocar em prtica. Muitos enigmas ainda tero que ser decifrados.

No por outra causa tambm que estamos constantemente insatisfeitos, sempre em busca das coisas que consideramos inexplicveis e incompreensveis. Por isso sempre queremos mudar as que esto prontas e acabadas e resolver os problemas que esto, desde sempre, solucionados. Queremos ser deuses, dominar conscincias, direcionar destinos alheios e contrariar a ordem natural. Enfim, queremos engolir toda a gua dos oceanos e respirar toda a poeira

csmica que se espalhada pelo espao. E ainda assim continuamos entediados, insaciveis, querendo governar o mundo, porm fugindo sempre da necessidade de governar a ns mesmos.

Esse tem sido o nosso dilema central, esquecendo-nos de que perigoso no morrer e sim existir. Esse tem sido o nosso ser ou no ser, o drama de todas as conscincias, a histria de todas as criaturas e dos eternos mistrios da Criao.

Mas a conscincia que herdamos do Criador tem sido a ferramenta principal das nossas tarefas, a bssola que vem nos guiando desde as mais rudes experincias dos reinos fsicos at o nosso recente ingresso no reino psquico. Ela o meio que certamente nos conduzir ao fim, que o nosso encontro ou mergulho definitivo na Conscincia Divina. Ela no mero efeito do acaso existencial, mas o produto de uma longa jornada evolutiva pela qual passam os seres vivos, em incontveis experincias nos pacientes laboratrios da Natureza. E a parcela de conscincia humana, na escala infinita da Conscincia Divina, talvez seja apenas um dos inmeros estgios desse grande percurso. Ainda assim, ela no d saltos, e sim queima as etapas de um complexo processo de percepo da realidade:

1 momento a conscincia critica a realidade. No so todas as mentes que possuem capacidade crtica para realizar questionamentos, fazer comparaes, estabelecer nexo sobre as coisas. Quem ingressa nessa primeira fase j est abandonando a alienao instintiva, dando os primeiros passos na intuio e penetrando na caverna do mundo interior.

2 momento a conscincia apreende a realidade. Essa apreenso a busca da verdade atravs da reflexo sobre os questionamentos. a formao do pensamento.

3 momento a conscincia significa a realidade. As reflexes so transformadas em cdigos abstratos e estes precisam ser comparados de forma analgica com a realidade exterior. Essa comparao tm implicaes emocionais.

4 momento a conscincia projeta a realidade. Os signos, significados, significaes o esforo empreendido para definir e conceituar a as coisas que esto ao nosso redor. As emoes se manifestam em forma de sentimentos.

5 momento a conscincia compreende a realidade. De posse de conceitos e definies nos voltamos novamente para o mundo interior. Ocorre a mudana de pensamento. O real no compatvel com o ideal, gerando incongruncias. Se estivermos satisfeitos, nos acomodamos em situao de conforto emocional e desinteresse intelectual. Se insatisfeitos, continuamos a nossa busca at que a compreenso seja plena.

6 momento a conscincia age sobre a realidade. A persistncia da insatisfao cria uma dinmica de crises sucessivas. A mudana de pensamento vm acompanhada de emoes e sentimentos em vias de transformao.

7 momento a conscincia transforma a realidade. A compreenso plena s acontece quando cessa a insatisfao e conseqentemente a busca. Ocorreu a mudana de pensamento e tambm de sentimentos. As emoes decorrentes so harmoniosas. A idealidade foi transformada em realidade, at que surja uma nova crise.

Postado por Dalmo Duque dos Santos s 7:25 PM

A Histria e o destino

A sincronia do tempo biolgico (existncia) com o tempo psicolgico (conscincia)

Qualquer que seja a durao de vossa vida, ela completa. Sua utilidade no reside na durao e sim no emprego que lhe dais. H quem viveu muito e no viveu. Meditais obre isso enquanto o podeis fazer, pois depende de vs, e no do nmero de anos, terdes vivido bastante. Imagineis ento nunca chegardes ao ponto para o qual vos dirigeis? Haver caminho que no tenha fim? Michel de Montaigne

Hrcules era filho de Zeus e Alemena, a rainha de Tirinto. A deusa Hera, esposa de Zeus tentou frustrar o seu nascimento, mas somente conseguiu impedir que Hrcules se convertesse em rei de Tirinto retardando sua vinda ao mundo at que nasceu outro menino que herdou o trono. Hercules nasceu, mas na condio de um escravo. Precocemente se manifestou a natureza semi-divina de Hrcules. Hera enviou duas serpentes ao seu bero, mas o beb as estrangulou. Desde muito cedo aprendeu as artes marciais. Ningum podia se opor lana nem flecha de Hrcules, que tambm era um lutador sobressalente. Hera no estava disposta a perder e no momento culminante do triunfo de Hrcules lhe provocou um ataque de loucura. No meio da sua aterradora amnsia, o heri matou a esposa e os filhos. Incapaz de recobrar a tranqilidade de esprito, depois de cometer esse crime espantoso, Hracles consultou o orculo de Apolo em Delfos. Este lhe respondeu que fosse a Tirinto e acatasse as ordens do rei Euristeu. O heri obedeceu e o monarca lhe encomendou uma srie de tarefas ou trabalhos. Eram tarefas simples e complexas que se articulavam entre si e aos destinos de outras pessoas, numa verdadeira trama existencial.

Cada uma das 12 tarefas foi sendo cumprida por Hrcules de acordo com as circunstncias, convenincias e limites da sua fora fsica e moral. Algumas ele cumpriu corretamente e com relativa facilidade; em outras teve grandes dificuldades e as cumpriu atravs de artifcios ardilosos, o que agravava seus dbitos diante das novas tarefas. Quando pensava que havia cumprido totalmente um trabalho, decepcionava-se porque via novamente diante de si algo semelhante ao que no havia concludo satisfatoriamente. Ento revoltava-se e cometia novos erros. Finalmente Hrcules defrontou-se com o 12 trabalho, que era tirar Cerbero dos infernos, o co de trs cabeas. Ao finalizar com xito esta tarefa, o heri venceu Hades rei dos mortos e se tornou imortal.

Mas Hrcules ainda tinha que viver parte da vida e sofreu novos ataques de Hera. Ela seduziu Djanira, a segunda esposa do heri, que o envenenou acreditando que lhe dava um remdio.

Transpondo esse relato mitolgico para a esfera da interpretao objetiva podemos ter uma compreenso mais significativa do mito:

Hrcules simboliza o Ser Consciente, filho de Deus, criado simples e ignorante; a perfeio relativa.

Hera simboliza o destino, o Programa Existencial da individualidade, a sua constante busca do tempo futuro e ao mesmo tempo a raiz dos nossos compromissos como o passado, o karma e o imperativo da lei de Ao e Reao. O rei Euristeu representa a sua Conscincia e o Dever com os compromissos e responsabilidades assumidas na prexistncia.

Os 12 trabalhos representam a Histria e o jogo das circunstncias no dia-a-dia e o uso do Livre arbtrio, a sntese da evoluo espiritual humana, composta pelas as provas (obstculos, sedues) e expiaes (resgates de dvidas). Mas a Histria muito mais do que o relato de acontecimentos, coisas, lugares e pessoas que viveram no passado. Na verdade, ela tem muito mais a ver com o futuro e com os fatos que atualmente afetam bem de perto as nossas vidas. Ela uma sucesso lgica de acontecimentos no tempo e no espao, encadeados em tramas individuais e coletivas, produto de aes e reaes geradas pelas atitudes humanas. No grande tempo de longa durao da Histria cada um de ns possui um fragmento pessoal de realidade, um tempo individual e um cenrio para atuao, delimitados pelo ciclo biolgico do corpo e pelas circunstncias sociais nas quais nos envolvemos. O tempo existencial a ser equacionado varia de pessoa para pessoa, mas, em mdia, dura entre 70 e 80 anos, o suficiente para a realizao de experincias necessrias ao nosso padro moral e de inteligncia.

Existe na Natureza Divina uma relao proporcional entre o Macrocosmos e o microcosmos, como contata-se na relao natural entre a semente e a rvore . Assim como o Ser humano o micro e o Criador o Macro, o corpo fsico o micro e o Universo e o Macro, podemos dizer tambm que o dia est para a Existncia assim como a existncia est para a Eternidade. As experincias que realizamos nos segundos e minutos so simulaes e treinamentos para unidades maiores e sucessivas do tempo existencial e vivencial. So nos inmeros minutos que aprendemos e realizamos as coisas importantes do dia. So nos mltiplos dias que entendemos as coisas importantes da existncia e assim sucessivamente. So nas diversas existncias que compreendemos as coisas essenciais da vivncia ou da Eternidade.

O Relgio Existencial possui quatro momentos que coincidem perfeitamente com as fases do ciclo biolgico do corpo. Ele a exteriorizao da Bssola Eterna da Conscincia. Enquanto o primeiro funciona no tempo absoluto, em sentido horrio, medido pelos dias, horas, anos, at o limite da morte fsica, a segunda funciona no sentido inverso da introspeco, medida nos graus do tempo relativo, sem limites. Um marca a extroverso do ser no plano objetivo; a outra marca a sua introspeco no plano subjetivo da mente. Um define o status-quo da encarnao biolgica e a outra aponta o rumo da ressurreio psicolgica. No tempo de uma existncia na carne, o relgio existencial e a bssola consciencial se interpenetram e formam um terceiro marcador, que o ciclo Dia-e-Noite, de 24 horas divididas tambm em quatros momentos nos quais ora estamos em atividade biolgica, ora em atividade psicolgica, seja em viglia, seja durante o sono. O Dia-e-Noite a sntese e a transio do tempo absoluto do corpo biolgico existencial para o tempo relativo da conscincia e da eternidade. no Dia-e-Noite que realizamos as experincias fundamentais para o desenvolvimento mais amplo da mente em seus trs campos vivenciais o Pensamento, a Ao e o Sentimento.

Em cada fase do nosso tempo pessoal dirio acontecem pequenos fatos corriqueiros, importantes para a pequena mente existencial, limitada pelo crebro; mas tambm os fatos essenciais, muito significativos para a mente maior, da conscincia e da Vida. Esses fatos nos estimulam a pensar, agir e sentir as experincias e cada uma dessas operaes se desenvolvem na medida que o corpo tambm amplia a sua manifestao no meio ambiente. Nossas existncias se resumem num mecanismo constante de fazer escolhas e tomar decises, desde a mais simples, como tomar um copo de gua, at as mais complexas, que causam grandes desgastes emocionais. Diante dos fatos somos forados a escolher, a tomar um dos caminhos que se abrem aos nossos olhos, mesmo que seja a opo do recuo ou opo da fuga. Toda escolha gera uma experincia e esta desencadeia em ns um irreversvel processo de transformao mental,

mesmo quando no aceitamos as conseqncias da escolha que fizemos; podemos at ficar estacionados numa determinada situao, mas j fomos afetados inevitavelmente pela mudana. isso que se chama erraticidade, uma situao de expectativa e ansiedade na qual o Ser j foi atingido pela necessidade de mudana, mas ainda no compreendeu o que se passa com ele e fica adiando ou planejando uma nova experincia.

Tudo indica que existimos num campo universal de atuao onde estamos sujeitos a leis que fogem do nosso controle individual. Leis como a de Ao e Reao e a de Evoluo, s para citar as mais conhecidas, estabelecem limites em nossas escolhas; possumos o livre-arbtrio, mas na maioria dos casos, ele est limitado e restrito a determinadas aes. Isso parece absurdo, mas a lgica desse limite est numa ordem maior que impede que as nossas decises causem desequilbrios alm dos parmetros da normalidade. Entendemos, ento, que o livre-arbtrio uma faculdade proporcional ao grau de maturidade do Ser. Na sua fase humana e individualista, em mundos materiais imperfeitos, naturalmente sofre as limitaes necessrias a manuteno da ordem geral. Na Terra ele ainda o veculo do egosmo e do personalismo, da os distrbios mentais que o aprisionam temporariamente como efeito dos abusos. Em mundos mais perfeitos sua manifestao provavelmente se amplia porque o Ser age sempre no sentido do bem estar da coletividade. Alguns autores chegam mesmo a especular que o livre-arbtrio se torna uma faculdade desnecessria quando o Ser se integra perfeitamente na harmonia universal e passa a cooperar em graus cada vez mais complexos da Criao Divina.

Em nosso caso, as escolhas ainda so muito afetadas pelas provas e expiaes. No podemos avanar em determinadas linhas de opo porque criamos obstculos de ao que somente podem ser ultrapassados quando dali forem removidos os entulhos gerados pelos nossos gestos de destruio. So naturalmente entulhos mentais, experincias negativas antigas que nos prendem condio estacionria da erraticidade, onde podemos tanto fazer escolhas, cometer erros, como tambm repetir experincias para reaprender com os fracassos. Aqui se v claramente o limite entre o livre-arbtrio e o determinismo. Na erraticidade escolhemos com clareza e convico, porque estamos conscientes da situao e operamos com a mente maior. Quando encarnados, estaremos operando subjetivamente com a mente reduzida, sem memria objetiva. Seremos atrados e empurrados para situaes onde as escolhas e decises sofrem as influncias naturais dos acontecimentos. Poderemos recuar e desviar dos nossos caminhos, mas, ainda assim, teremos que suportar a seduo das circunstncias ou o imperativo das reaes crmicas.

Dessa forma, estamos ainda mergulhados no plano da Existncia, restrito, incompleto, parcial e confuso, por causa multiplicidade de existncias e personalidades. Nele estamos construindo parcialmente o nosso Eu, a nossa Histria, participando com o nosso tempo individual, interagindo com a Famlia, a Cidade, o Pas e a Humanidade. Mas, num plano mais amplo, que a Vida Integral, ainda estamos atrelados a um Destino, que um caminho ideal. Ainda no possumos maturidade emocional e inteligncia suficientes para fugirmos desse destino e exercer com plenitude o livre-arbtrio. Por isso, diante das crises existenciais, sempre nos colocamos e nos sentimos divididos entre a probabilidade e a fatalidade, entre a relatividade do tempo metafsico e o absolutismo do tempo fsico e biolgico. Enfim, estamos entre a liberdade e o limite. A primeira somente deixar de ser um ideal quando o segundo deixar de ser real. Quando nos livrarmos desses limites teremos uma sensao real de liberdade, sem angstia, sem ansiedade. O tempo ser apenas uma sensao realizadora, sem interferncia incmoda do passado e sem o medo do futuro. O passado no ser mais nostalgia, o presente no ser fantasia nem o futuro ser visto como ideologia. Quando tudo

isso for superado estaremos passando das mltiplas existncias para a Vida nica. Isso o que os Seres Superiores chamam de Felicidade ou Plenitude, uma realidade comum nos mundos mais perfeitos e que na Terra inconstante e s ocorre em alguns momentos.

Mas a nossa atual felicidade, relativa e parcial, tem uma razo de ser; tem a ver com o nosso estado de esprito, que tambm flutua na perfeio relativa ou potencial de perfectibilidade. Ainda no possumos maturidade suficiente para sermos felizes. Essa questo bem fcil de entender, mas nem sempre fcil de compreender: se fssemos transportados a mundo onde a felicidade plena uma realidade coletiva no suportaramos tal situao por causa da interferncia dos conflitos ntimos que ainda no foram solucionamos e que ainda nos causa a instabilidade emocional. Pensamos que fcil viver num mundo feliz quando ainda no nos sentimos felizes. Mas o processo natural bem diferente e altamente dialtico. Para atingirmos a felicidade integral temos que nos adaptar gradualmente atravs do desmonte dos conflitos e dos efeitos emocionais negativos que eles nos causam. Em resumo, a regra a seguinte: temos que aprender a ser felizes nas situaes de infelicidade. como aprender a respirar dentro da gua; no comeo ficamos nos debatendo, aflitos, agonizados, nos contorcendo em forma de desespero. Depois vamos percebendo que no possvel lutar contra a natureza; paramos de tentar respirar bruscamente, ficamos mais calmos, passamos a olhar o que se passa ao nosso redor; no conseguimos respirar, mas j vislumbramos por alguns segundos a paisagem que nos parecia hostil e para a qual nem abramos os olhos. Com o tempo vamos aumentando os perodos nos quais prendemos a respirao e nos quais exercitamos a calma e a pacincia. Essa , de forma anloga, a chave da passagem das Existncias para a Vida, da Histria para o Destino, da Fatalidade para a Probabilidade, da Encarnao para a Ressurreio, do Reino Animal Biolgico para o Reino Hominal Psicolgico, do Reino de Csar para o Reino de Deus e, finalmente, da alienao para a Conscincia.

Como j dissemos, essa uma temtica que podemos entender facilmente, mesmo porque as filosofias espiritualistas explicam tais questes com muita didtica e objetividade. Mas resta o problema da compreenso. Nem tudo que entendemos objetivamente com o intelecto repercute com clareza no mundo ntimo da subjetividade e que o verdadeiro universo da experincia. Uma coisa a teoria, outra coisa a prtica. um conceito to antigo que hoje soa aos ouvidos mais exigentes como um chavo, um clich, gasto pelo uso retrico, mas que continua tendo seu significado de verdade filosfica. Como diz a msica, No adianta fingir, nem mentir pra si mesmo... Podemos at estacionar para discutir milhares de aspectos que as nossas doutrina oferecem sobre a Vida e o Universo, podemos permanecer por longos perodos tentando solucionar problemas do mundo fenomenal, que j esto desde sempre solucionados por Deus, para os quais basta aplicar o raciocnio. J entendemos o fenmeno da morte biolgica, j solucionamos o problema objetivo da imortalidade. Esse enigma de Tom j foi solucionado por diversos pesquisadores da alma, atravs da cincia e da tecnologia sensitiva do entendimento das leis naturais. Mas ainda falta compreender o enigma de Nicodemos, que fenmeno da morte do Esprito. Esse enigma os mestres tambm decifraram, no para ns, mas para eles mesmos. Deixaram pistas das suas experincias pessoais, mas no puderam ir muito alm disso, pois o mundo interior de cada um deles diferente do nosso, tm o seu prprio caminho a percorrer. O contato terico com essas verdade bsicas so os primeiros passos para entender o problema, mas a compreenso depende do mergulho psicolgico no enigma. No aspecto terico entendemos perfeitamente o problema do ser, do destino e da dor. Mas isso ainda deixa um vcuo, uma sensao de vazio de compreenso emocional.

A verdadeira inteligncia no o raciocnio, mas a capacidade de fazer escolhas. Muitas vezes pessoas pouco inteligentes do ponto de vista racional fazem escolhas certas usando a intuio. J algumas pessoas tidas como inteligentes freqentemente desprezam a intuio, usam a razo acreditando estarem seguros em suas decises para mergulharem em grandes fracassos. Pior ainda, no aceitam as conseqncias de suas decises e agravam ainda mais os efeitos das suas aes. A arte da escolha, talvez seja esse o segredo do livre-arbtrio, das suas possibilidades e dos seus limites.

Portanto, a evoluo espiritual do ser humano impulsionada pelo livre-arbtrio, cuja regra universal A Semeadura livre, mas a colheita obrigatria.

Durante a nossa evoluo em mundos inferiores a maioria das nossas experincias se realiza no campo do mal e da imperfeio, o que normal at certo ponto, pois a fase de defesa e sobrevivncia no meio hostil . O Bem e a perfeio aparecem lentamente, quando passamos a ter percepo de ns mesmos, como ser semelhante ao outro. O limite do livre-arbtrio a nossa capacidade de distinguir o Bem e o mal. Quando ultrapassamos esse limite esbarramos na lei de causa e efeito (ao e reao) e temos que assumir responsabilidades pelos nossos atos. As responsabilidades e os choques de retorno geralmente nos levam a duas atitudes e caminhos: estagnao, pelo orgulho ferido e a revolta; e o progresso, pela humildade e a resignao. Segundo as escolas espiritualistas clssicas a predominncia do mal em nosso planeta devido concentrao de seres rebeldes e reincidentes no erro, a maioria em situao de provas e expiaes. As aes malficas de alta destruio acontecem pela afinidade e conbio psquico de seres muito inteligentes, porm, sciopatas, de sentimentos doentes, que no aceitam seus choques de retorno e no se conformam como fracasso de suas provas e revoltados com as expiaes que sofrem na Terra. Disso surgiu provavelmente o mito de Sat (anjos cados). Mesmo assim, no plano coletivo, essas aes so teis no despertamento para o Bem e para a regenerao, atravs dos resgates de dvidas crmicas. O dio e a revolta so as principais marcas do mal, que em mundos como a Terra torna-se ideologia de grupos organizados em atividade criminosas e que fazem da vingana uma lei, pela violncia e brutalidade. Para neutralizar essa fora malfica no podemos jamais agir dentro do seu campo de ao e sempre fugir de aes de conivncia direta ou indireta com essas atividades, com exemplificaram Jesus em sua poca e o Mahatma Gandhi nos tempos modernos. Deve-se sempre agir no oposto, no Amor, que a Lei universal mais ampla e superior.Mas quase sempre temos a falsa impresso de que a Lei do Amor utpica, ainda muito distante ns, por causa dos nossos hbitos e instintos animais. Todos esses conceitos superiores logo caem por terra quando camos nas contradies do dia-a-dia, tpicas das nossas imperfeies. Da vem a descrena e a desconfiana na nossa capacidade de mudar a realidade interior e o mundo que nos cerca. Por isso necessrio persistir para aprender a humildade, a mansuetude e o perdo, que so os caminhos mais acessveis para praticarmos o Amor. A humildade a cincia da confiana no tempo e na Justia Divina; saber esperar o momento certo, em atitude de resignao. No se trata de conformismo, covardia ou burrice, mas da sabedoria em recuar com um passo para traz e depois dar muitos passos para frente. Na vida selvagem encontramos exemplos belssimos de humildade e sabedoria quando pequenos animais se humilham, simulando estarem mortos, para desarmar os mais fortes que os perseguem. Todos que j passaram por essas experincias na vida humana afirmam que a mansuetude o gesto humilde e tambm inteligente de desarmar a agressividade do outro. o momento crtico em que, por exemplo, um homem tem que se tornar mulher, pois esta uma inteligncia tpica do

sexo feminino. Como j foi ensinado por um sbio espiritual: A obedincia o consentimento da razo, a resignao o consentimento do corao. Para as pessoas experientes nesse terreno o perdo capacidade de esquecer as coisas ms que nos atingem, at que possamos entender o que realmente est acontecendo, bem como as razes de quem praticou esse mal. Quem no esquece o mal no consegue perdoar nem progredir. Muitas vezes as pessoas que nos fizeram mal mudam e ns no mudamos, persistindo na idia dio e vingana. No podemos ficar estticos achando que o tempo congelou para satisfazer os nossos caprichos. Podemos ficar estacionados por algum tempo, em compasso de espera, mas sempre almejando e planejando alguma mudana no futuro.

Postado por Dalmo Duque dos Santos s 7:10 PM

A Conscincia e a Verdade

Aos quinze anos, minha inteligncia se consagrava ao estudo. Aos trinta, mantinha-me firme. Aos quarenta, no tinha dvidas. Aos cinqenta, conhecia os decretos o Cu. Aos sessenta, o meu ouvido era um rgo obediente para a recepo da verdade. Aos setenta, podia fazer o que me desejasse o corao sem transgredir o que era justo. Confcio (Kongtzeu)

Duas coisas predominam e todo o Universo: a Conscincia que Deus e os seres criados sua imagem e semelhana; e a Lei, que a vontade de Deus governando os seres e a Natureza. A Lei significa a ordem, o equilbrio, a harmonia. A Conscincia significa inteligncia, pensamento, ao, emoo, realizao, auto-controle, responsabilidade e convivncia. O contrrio da Lei o caos, o mal, a escurido, o medo e a ignorncia, a incerteza, a insegurana e o sofrimento. O contrrio da Conscincia a alienao e a loucura. Quando a Lei e a Conscincia no se chocam e andam juntas significam sempre o Bem, a Luz, a f, a confiana, a sabedoria, a resignao, a tranqilidade, a confiana e a felicidade. A unio da Lei com a Conscincia resulta no conhecimento gradual da Verdade. Quando conhecemos a Verdade a nossa vida se transforma incessantemente. A Verdade total ainda est bem longe do nosso alcance: ainda no temos maturidade para conhec-la como um todo. Por isso vamos conhecendo-a em partes. Se conhecssemos a Verdade de uma s vez entraramos em desequilbrio. Por isso, assim como as crianas que aprendem a andar por si prprias, vamos dando passos lentos, at adquirirmos segurana para pisarmos nesse terreno, para ns ainda to assustador e inseguro. Em vrias pocas Deus permitiu a manifestao na Terra, e em muitos outros mundos fsicos, de seres sbios para mostrar a Verdade aos homens. Mostraram muitas coisas verdadeiras, mas no puderam mostrar tudo por completo.

Krishna e Buda na ndia, Zoroastro na Prsia, Lao-ts , Fo-Hi e Confcio (Kong-Teseu) na China, Scrates na Grcia, Moiss e Jesus na Palestina. Todos eram legisladores morais e ampliadores da Conscincia humana. Todos eles falavam da Lei e da necessidade de praticarmos essa lei desenvolvendo a Conscincia. Krishna e Buda ensinavam: amem os seres da Natureza e controlem os desejos; Moiss alertava: respeitem a Deus no matando e no roubando; Os mestres da China recomendavam: Cultivem a pacincia e a bondade; Zoroastro explicava a importncia do livre-arbtrio falando da luta constante entre o Bem e o mal; Scrates refletia: sei que nada sei e recomendava: conhece-te a ti mesmo; Jesus pedia: sejam humildes, perdoem seus inimigos. Este, como o ltimo grande sbio que se manifestou em nosso planeta, tinha plena conscincia de sua responsabilidade e do momento histrico que estava inaugurando para a Humanidade: No pensei que vim destruir a lei ou destruir os profetas; eu no vim destru-los, mas dar-lhes cumprimento; porque eu vos digo que o cu e a Terra passaro antes que tudo o que est na Lei no seja cumprido perfeitamente, at um nico jota e um s ponto. Quando falavam da Conscincia esses sbios convidavam todos para conhecer as maravilhas do nosso mundo interior, que uns chamavam de Nirvana, de Plenitude ou ainda o Reino de Deus. Uma Conscincia a prova viva da existncia de Deus, sua prpria imagem e semelhana. A Conscincia no pode jamais ignorar a Lei ou fugir de si mesmo agredindo sua natureza espiritual divina. A Lei diz que somos todos iguais em Esprito, na origem, na raiz, que a nossa Conscincia. Somos diferentes no pensar, no agir e no sentir porque temos a liberdade de escolha dos caminhos que vamos percorrer. Mas somos iguais naquilo que queremos atingir como finalidade. Nossas diferenas nunca devem servir de motivos de conflitos e de violncia. Pelo contrrio, as diferenas existem para que pratiquemos a lei da convivncia, conhecendo a Verdade nica do Amor Universal. Por Isso Jesus ensinava: aquele que se humilhar ser exaltado, ou seja, aquele que respeitar a simplicidade e a ignorncia do seu semelhante ser sempre maior porque ficar com a conscincia limpa e com o corao leve. Na sua enorme experincia espiritual, Jesus dizia: Vinde a mim, todos vs que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de corao; e achareis descanso para a vossa alma. Porque meu jugo suave e um fardo leve. Quem tem a conscincia limpa pelo senso de justia e o corao leve pela humildade jamais sofre diante das dificuldades e da provas da Vida. Jesus j conhecia plenamente essa realidade do mundo interior e ensinava: Sejam inteligentes como as serpentes e simples como as pombas. A serpente a necessidade de sobrevivncia do corpo e a pomba a salvao da alma. A humildade o segredo para estarmos sempre quites com a Lei e paz com a nossa Conscincia. J o orgulho a rebeldia, o egosmo, a causa da manifestao de todos os nossos defeitos morais. Esses defeitos nos afastam da Lei, escurecem a nossa Conscincia, nos tornam infelizes e derrotados. A humildade no covardia. preciso muita coragem e disposio para ser humilde. O orgulho sim uma covardia, porque incentiva o ser humano a mentir para si mesmo. Quem mais covarde: aquele se enfrenta ou aquele foge de si prprio? A Cincia humana desconhece as origens da conscincia. Opinam muitos pesquisadores especulando que ela produto da transformao dos organismos, vendo nisso somente o fenmeno visvel e exterior. No conseguem, portanto, estabelecer uma correta e clara relao de causa e efeito. Sabem que ela existe, pois carregam dentro de si mesmo essa prova viva, mas, contraditoriamente, no tm como prova-la objetivamente, segundo os paradigmas cientficos que cultuam. Tanto a Conscincia como a Mente continuam sendo considerados nas academias materialistas como uma crena. At mesmo as clssicas experincias e teorias do Dr. Sigmund Freud so includas

neste rol. No entanto ela a est, seja como crena, seja como fato objetivo o u subjetivo, servindo sempre como referncia no esforo que fazemos para compreender e aceitar a realidade. Como percebemos, este o assunto que mais incomoda e fascina aqueles que sentem a necessidade de explicar as coisas e, por isso, est presente em todas a atividades nas quais os ser humano esto envolvido. s conferirmos nos dicionrios para constatar a enorme incidncia de conceitos e circunstncias em que a palavra conscincia aparece como base nas definies filosficas. Mas uma coisa certa: indiscutvel ela a principal porta de acesso Verdade, que todos ns buscamos ansiosamente. Trata-se de um termmetro e ao mesmo tempo uma bssola que utilizamos para navegar no imenso oceano do Desconhecido.

Postado por Dalmo Duque dos Santos s 9:20 AM

O Ser e o Tempo

Mas de onde se origina ele? Por onde e para onde passa quando se mede? De onde se origina ele seno do futuro? Por onde caminha seno pelo presente? Para onde se dirige seno para o passado? Portanto, nasce naquilo que ainda no existe, atravessando aquilo que carece de dimenso para ir para aquilo que j no existe Santo Agostinho

A Natureza possui como marca essencial os seus ritmos, que do vida aos fenmenos e significado para eventos. assim que as coisas acontecem, cada qual a seu modo e com suas caractersticas prprias: na pulsao csmica, nas estaes, perodos climticos, nas mars, nos ventos, nas perturbaes telricas, fisiolgicas e sociais, nos ciclos de reproduo, migraes, etc. No aspecto humano, os ritmos tomam significados mais complexos , como os ciclos biolgicos e psquicos. Na maioria desses ritmos encontramos a presena inexorvel e enigmtica do tempo. Somente os seres humanos mais evoludos possuem a faculdade da conscincia, isto a percepo de si mesmos e da realidade em que vivem. Isso acontece quando, atravs das inteligncias, superamos os instintos e passamos a agir na soluo de problemas fazendo escolhas. Sabemos que existimos e que somos parte de um sistema de vida social de

muitas articulaes, fazendo com que a nossa percepo e atuao sejam sempre em dois aspectos distintos: o individual, o nosso EU e a nossa personalidade; e o coletivo, que a nossa identidade social, na famlia e na sociedade. A conscincia , portanto, um fenmeno histrico, pois a soma desse dois aspectos da percepo da realidade, o individual e o coletivo, e se amplia na medida em que o ser amadurece pelas experincias. Ao fazer essa relao de si mesmo com o mundo ao seu redor, o ser percebe o funcionamento das coisas e da sua prpria constituio orgnica e psquica. Isso acontece atravs da percepo do outro e do tempo ou durao das coisas. Tudo passa por um processo histrico, de causas e efeitos, e tem um tempo a ser equacionado, um incio, um meio e um fim. Os animais s percebem o tempo atravs de coisas concretas, como os fenmenos fsicos naturais: clima, o dia e noite, as luas, as estaes do ano, etc. J o ser humano vai alm disso e passa a observar o tempo de forma abstrata, matematicamente, vendo inclusive a possibilidade de interferir, no na durao, mas na distribuio da sua utilidade, de acordo com a suas necessidades. Assim como h a possibilidade de intervir na Natureza, em funo da produo de recursos, por exemplo, possvel fazer o mesmo com o tempo, transformando o tempo integral em perodos especficos fragmentados: tempo pessoal e tempo social : trabalho, repouso, lazer, obrigaes sociais, voluntariado, etc. Tudo isso o tempo absoluto, o todo, e tambm o tempo relativo, em partes, dependendo de quem e como observa; ainda o tempo histrico, ou seja, a relao que fazemos entre o presente, o passado e o futuro. O inverso de tudo isso a alienao, que a condio natural dos animais irracionais, e tambm a recusa que muitas vezes fazemos em tomar cincia das coisas que esto acontecendo. Quando fazemos essa escolha de ignorar os fatos, estamos provocando voluntariamente a nossa alienao, o que de certa forma uma violao da conscincia. Temos a liberdade de agir dessa forma, mas pagamos um alto preo por essas decises, pois toda ao tem uma reao correspondente, em todos os planos da vida, incluindo na vida psquica. Isso significa que tudo possvel, mas tudo tem uma conseqncia inevitvel. por isso que a alienao deliberada uma violncia, uma espcie de suicdio da conscincia, um crime contra a Natureza e a Criao Divina. Essa a causa dos sofrimentos humanos, quase sempre gerados pelas tentativas vs de burlarmos a realidade ou fugir de ns mesmos. No coincidncia ou por imperfeio da matria que vemos ao nosso redor milhares de seres alienados mentalmente, loucos e impedidos de liberdade de ao e raciocnio. Geralmente, nesses casos, os acidentes da Natureza so precedidos de incidentes provocados pela imaturidade humana. Quase sempre o despertar da conscincia doloroso, sendo raros os casos em que o ser o faz espontaneamente. Isso tambm nos leva a refletir por que essas primeiras lies ocorrem em mundos imperfeitos e geralmente sob circunstncias contraditrias. A transio entre o Instinto e a Conscincia que marca essas experincias recheadas de tenses e sofrimentos. Temos necessidades fundamentais e que precisam ser satisfeitas em nossos campos de percepo (psicolgicas) e de atuao (biolgicas e sociais): alimentao, sono, sexo, contato fsico, amor, aceitao, afeio, independncia, status, realizao, prestgio, reconhecimento social. Tais necessidades geram uma tenso permanente, causada pela busca de alvio e finalmente a realizao. Se o alvio no for possvel, nos frustramos. Exatamente por termos a liberdade de escolher, e tambm de abusar da escolha, nas circunstncias em nos que sentimos ameaados na satisfao das nossas necessidades, lanamos mo do recurso das fugas e partimos para os ataques em diversos graus de comprometimento, desde os pequenos deslizes at os erros mais graves e de conseqncias drsticas. A fuga uma opo e no uma regra, mesmo porque muitas fugas so atitudes que agravam os efeitos dos erros cometidos anteriormente. Em muitas ocasies as fugas funcionam como alternativas temporrias, at que tenhamos maturidade para enfrentar a situao. Mas elas no podem persistir como situao permanente, pois

isso afeta o processo natural de evoluo do ser. Uma analogia bem simples para entender isso so os objetos que so introduzidos por acidente ou so implantados num corpo com a inteno de corrigir uma falha orgnica. uma alternativa possvel, mas, por serem estranhos ao conjunto, podem naturalmente ser rejeitados e repelidos. Assim tambm so as fugas que, numa determinada altura, j no so mais aceitas, pois atingiram o limite imposto pela Evoluo. Se houver persistncia, o ser envolvido em situaes fora do seu controle, caracterizando at um certo determinismo, forando-o a atuar de forma consciente diante dos problemas. Isto a expiao, o que vulgarmente se chama de armadilhas do destino. Mas o despertar da conscincia ocorre somente quando comeamos a dialogar com o nosso Eu. Esse dilogo como entrar pela primeira vez, sozinho, numa caverna escura. Para vencer o medo da escurido temos que adquirir confiana em ns mesmos e procurar um EU at ento desconhecido que vivia apartado da nossa realidade. Iniciamos o dilogo com perguntas de auto-reconhecimento - Quem sou Eu? De onde vim? Para onde vou? e que so as chaves que abrem as primeiras portas da conscincia, as primeiras que conseguimos visualizar, pois muitas outras ainda permanecero ocultas e fora da nossa percepo comum. As demais portas somente sero abertas na medida em que formos compreendendo algumas verdades. A Verdade uma s, integral, mas para os seres humanos ela ainda parcial, fragmentada em pequenas verdades. Deus uma Verdade integral da qual temos apenas noes e intuies, uma realidade que ainda no temos capacidade de compreender em sua totalidade. Nossa relao com a Natureza e com o Universo semelhante: s entendemos na medida que a informaes encontram um eco, o momento propcio para serem reveladas, como se fosse um parto de compreenso. O momento propcio a nossa maturidade intelectual e emocional. Ento, a busca de Verdade uma forma de desenvolvimento da conscincia, que acontece quando entramos num processo de conflito entre o EU exterior e o EU interior. Ora estamos voltados para as coisas do mundo interior, ora para as coisas do exterior, numa luta dialtica constante na qual, em alguns momentos, encontramos pontos de equilbrio. Nesses pontos que ocorrem as revelaes. As revelaes no so a causa das mudanas que se operam em ns, mas alavancas que concretizam uma transformao que j havia sido iniciada antes. Esse o motivo pelo qual, muitas pessoas, mesmo tendo contato direto com os fenmenos, no so afetadas pelas revelaes. So frutos ainda verdes e insensveis. Outros j um pouco mais interessados, mas ainda imaturos, quando sofrem um amadurecimento forado, se mostram aparentemente transformados e preparados para satisfazer o apetite da Verdade, mas, por dentro, conservam-se sem o sabor essencial. Mas revelao no ocorre somente no campo religioso; ela , antes de tudo, filosfica e tambm cientfica. A revelao mstica que transformou o jovem o prncipe Sidarta Gautama num velho Budha a mesma que transformou o jovem Newton num cone da Fsica moderna. Einstein deixou um testemunho escrito de que sua teoria da relatividade e compreenso da mecnica do Universo foi produto de um sonho, sonho que segundo ele foi to real quanto estar participando de um filme simultaneamente como ator e espectador.

O Bem e o Mal

O mal no merece comentrio em tempo algum . Esse conhecido tema de reflexo repleto de verdade, mas quando repercute em nosso ntimo geralmente encontra pouco eco, pois a nossa realidade cotidiana ainda muito influenciada pela negatividade. O mal existe de forma intensa em nosso meio, predomina em nosso psiquismo e conseqentemente retorna para o ambiente em que vivemos. O crculo vicioso. A causa principal dessa tendncia a ignorncia das leis universais e o materialismo, ou seja, a negao imortalidade e da vida espiritual futura. Esse bloqueio do ponto de

vista espiritual impede o entendimento da diferena entre existir e viver e restringe a perspectiva humana aos seus limites objetivos e biolgicos. A negao da vivncia psicolgica e da subjetividade espiritual enfatiza o mal na sua experincia, dando a impresso inversa de que o Bem uma utopia, muitas vezes fora de cogitao. desse desvio do ponto de vista que surgem conceitos como os fins justificam os meios. Somente a maturidade espiritual, adquirida pelas mltiplas existncias, mesmo que o indivduo no acredite nessa possibilidade de renascimento carnal, que desperta o senso de justia e a substituio gradual do mal pelo Bem. Essa substituio acontece silenciosamente nos bastidores da conscincia individual, nas inmeras experincias, simples ou marcantes, negativas ou positivas, nas quais o ser adquire novas formas de pensamento, de sentimentos e de atitudes. O livre arbtrio passa a ser utilizado com maior grau de responsabilidade e as pessoas comeam a perceber que trazem consigo no somente o instinto de sobrevivncia biolgica, mas um algo mais, uma equao existencial para ser solucionada num curto espao de tempo. Uma existncia de apenas 70 anos deixa de ser uma simples fonte de satisfao de prazeres da carne e dos vcios mentais e torna-se um veculo de realizaes para despertar de novos desafios ntimos. Uma enorme sensao de insatisfao passa a ocupar o mundo ntimo dessas pessoas e suas cogitaes sobre o tempo e as conquistas mudam totalmente de rumo, caso elas decidam realmente mergulhar em i prprias. Do contrrio, frustram-se. Ento, o que fazer para evitar essa predisposio que temos em valorizar mais as coisas negativas do que as positivas? Como mudar essa crena de que o mal sempre mais forte do que o bem? Estaramos sendo incoerentes e hipcritas, num mundo hostil como a Terra, ao negarmos o mal e cultivarmos poeticamente o bem? senso comum, entre os espiritualistas, que nosso planeta um tpico mundo de expiaes e provas, onde predomina o mal. Estamos numa fase de transio para uma categoria supero, de regenerao, ou seja, o mal ainda existir por algum tempo, mas no ser mais predominante. Os renascimentos traumticos e as existncias tumultuadas ainda sero comuns, mas diminuiro na medida que haja uma expanso do conhecimento superior e da conscincia espiritualizada. O mal ainda predomina. Tudo bem! Mas tambm existe a possibilidade de se praticar o bem. Alis, este o real significado da categoria do nosso planeta, isto , um campo de provas, de experincias, de tentativas, portanto de inmeras possibilidade de se realizar o Bem. Fazer o bem em mundos superiores fcil e at redundante; pode at ter valor como aprendizagem, mas no mais como fator evolutivo essencial. Nesses lugares se faz o bem por espontaneidade e no por necessidade de recuperar o tempo perdido ou pelo resgate de faltas. Essa possibilidade de fazer o bem num campo onde predomina o mal uma prerrogativa do livre-arbtrio; ele o recurso natural no qual o Ser realiza escolhas e toma decises nas situaes de prova, quase sempre contraditrias e confusas. Isso faz parte do jogo evolutivo. Como dizia o filsofo estico Epicteto, ningum progride sem demonstrar equilbrio diante das coisas contraditrias. nas situaes confusas e desesperadoras que a mente humana adquire experincia real, supera limites, fica mais inteligente e finalmente se transforma no reduto de poderosas foras morais. Portanto, no planeta Terra, o Bem no apenas poesia ou fico. Ele uma realidade que est ligada s foras naturais de transformao que impulsionam os seres e as coisas rumo perfeio. J o mal uma possibilidade momentnea de estagnao, pelas foras retrgradas, que trabalham em sentido contrrio, mas sempre funcionando como suporte secundrio de leis superiores. Por isso se diz que Deus escreve certo por linhas tortas. Sendo uma fora de transformao, a prtica do Bem gera mudanas em nosso mundo interior e no ambiente em que vivemos. Quando no conseguimos essa mudana de forma imediata, ainda assim entramos em processo ntimo de mudana, de ampliao do grau de conscincia, mesmo porque o mal sempre nos causa uma incmoda dinmica de insatisfao e infelicidade. Mesmo aqueles seres maus e intransigentes so marcados por essa insatisfao, feridos pelo espinho constante da conscincia. Esse tambm o motivo provvel pelo qual muitas pessoas boas, inteligentes, cheias de vida e de futuro

promissor, morrem ainda jovens e repentinamente. Muitos desses casos so pessoas que passam por experincias ntimas imperceptveis aos olhos alheios e que atingem um grau de transformao suficiente numa existncia, no necessitando mais conviver em ambientes atrasados e malficos, a no ser que queiram, por questes pessoais ou de auxlio ao prximo. Estando infelizes e insatisfeitos, geralmente procuramos uma mudana que possa alterar esse estado desagradvel e que nos causa sentimentos negativos. No estando conscientes dessa situao de mudana ntima, cedemos aos impulsos inferiores: pensamentos negativos, comentrios maldosos, inveja, auto-destruio, etc, com se fosse um prazer emocional que nos faz suportar as situaes difceis. Mas um prazer egosta e solitrio, que engana e agrava os sentimentos e emoes e s faz aumentar a insatisfao e sofrimento por estarmos numa condio espiritual inferior. Da vem o pessimismo, a descrena no Bem e a supervalorizao do mal. Na maioria das vezes s conseguimos reverter positivamente essa situao quando sofremos e derramamos lgrimas de reflexo. Afirmam os sbios que preciso saber chorar e tirar proveito reflexivo das lgrimas. Assim evolumos. Do contrrio, o que sobra depois delas o desencanto, a revolta, a sensao de impotncia, fracasso e a estagnao. Aqui tambm, geralmente, se forma um crculo vicioso.

Postado por Dalmo Duque dos Santos s 9:16 AM

A Vida e as existncias

Aqui repousa, entregue aos vermes, o corpo de Benjamin Franklin, impressor, como a capa de um velho livro cujas folhas foram arrancadas, e cujo ttulo e dourao, apagados. Mas por isso o obra no ficar perdida, pois reaparecer, como ele acreditava, em nova e melhor edio, revista e corrigida pelo autor. Epitfio gravado no tmulo, escrito pelo prprio Franklin.

A Humanidade vem se transformando desde os primrdios da pr-Histria, quando fomos adquirindo, gradualmente, os caracteres que nos diferencia das raas primatas que deram origem espcie humana em nosso planeta. E continua em franca transformao. Estamos vivendo uma poca de crises e mudanas rpidas em todos os setores sociais.

Nunca a Histria registrou tantas descobertas tecnolgicas, tantas modificaes de crenas e hbitos, tudo acontecendo em perodos de tempo to curtos, como as que vem ocorrendo nas ltimas dcadas. O Sculo XX passou rapidamente sob os nossos olhares e tal foi a velocidade das mudanas que nele ocorreram que ainda no demos conta de que a maioria ns nasceu e viveu no intervalo de tempo secular mais curto j ocorrido na cultura ocidental. E no foi apenas uma simples impresso de quem viveu num momento de transio, como nos sculos anteriores. Na verdade, todos sentimos que o tempo veio se acelerando numa velocidade espiral, provocando o desencadeamento de uma sucesso de rpidos acontecimentos. A sensao geral a de que nossos corpos foram envelhecendo, enquanto a conscincia permanecia esttica e pasma, observando como as coisas surgiam e desapareciam. Este o choque existencial de todos aqueles que cultuam a idia da Imortalidade e sofrem as imposies do tempo biolgico, que se esvai indiferente pelas veredas dos dias e das horas aparentemente perdidas. Mas o que realmente vem mudando, a Vida ou as nossas existncias? Ao que tudo indica, o ser humano ainda no adquiriu maturidade suficiente para compreender a Vida e por isso treina essa compreenso atravs das mltiplas existncias. Quando observamos a Vida o fazemos sempre de maneira deformada, fragmentada pelas limitaes dos nossos cinco sentidos. A Vida e a Verdade so coisas idnticas, mas ainda no conseguimos superar a observao dos aspectos parciais dos nossos interesses particulares. Para a maioria dos seres humanos a Vida no passa de uma diversidade de pontos de vista e estamos bem distante daquilo que se chama de realidade total e integral. Para compreendermos a Verdade total usamos a ferramenta do ponto de vista; para a Vida, usamos as experincias existenciais, sejam de curto prazo, atravs de fatos cotidianos, sejam atravs de prazos mais longos como as existncias programadas. As mudanas de ponto de vista sero constantes, at que cesse a relatividade da nossa compreenso das coisas; as existncias tambm se sucedem at que no haja mais necessidade de repetir experincias pelas quais j assimilamos sua essncia. Todo mundo tem um problema existencial de referncia principal para ser equacionado e cuja chave de resoluo s pode ser aplicada numa experincia real, chocante, impactante. Quando passamos por experincias desse tipo ficamos profundamente traumatizados, tal a carga de realidade que ela provoca em nosso mundo ntimo. Da d para entender porque ainda no temos maturidade intelectual e emocional para suportar toda a carga de realismo que caracteriza a Vida e a Verdade. Se em pequenas situaes realistas sofremos abalos dolorosos, imagine se fssemos mergulhados integralmente na Realidade Total. Seria um desastre colossal, talvez uma segunda morte. Uma outra idia que ajuda a compreender melhor essa diferena entre existir e viver a concepo que temos de felicidade. Dos momentos felizes que experimentamos nas existncias tiramos nossos pontos de vista sobre a felicidade. Se pudssemos mergulhar na felicidade integral tambm sofreramos um impacto inimaginvel, uma situao de xtase que para ns seria traumtico e ao mesmo tempo desolador. Se fssemos lanados num mundo feliz nos sentiramos como peixes fora da gua tentando respirar num ambiente que os nossos sentidos no conseguem assimilar. A Verdade, a Vida e a Felicidade, so estados de esprito que exigem uma grande soma de experincias em todos os sentidos, sendo necessrio que haja muitos pr-requisitos para que as coisas sejam integralmente compreendidas. impossvel atingirmos a Verdade se possumos alguma deficincia de conhecimento racional e emocional; impossvel atingir a Felicidade se ainda carregamos deficincias nos sentimentos e emoes; impossvel, portanto, compreender a Vida se no conseguimos assimilar a lgica e a funcionalidade das pequenas engrenagens e tramas das nossas existncias. Como compreender a Vida se no compreendemos que a morte uma transformao, se no assimilamos o que a Imortalidade? Como compreender a Verdade se ainda no nos sentimos vontade para encarar situaes verdadeiras que nos deixam atordoados, sobretudo quelas que se referem a ns mesmos? Como

compreender a Felicidade se ainda temos dificuldade de aceitar a felicidade alheia e de partilhar a nossa com os outros? Realmente, a Vida nica e imutvel; existe desde sempre, como Deus. O que muda o viver e o existir, atributo dado pelo Criador s suas criaturas para que um dia elas se reintegrem definitivamente na harmonia do Universo e da Criao. Parafraseando Edgard Armond, um sbio instrutor espiritual contemporneo, No vivemos para solucionar os problemas do Universo, porque estes j esto solucionados desde sempre por Deus. Nosso problema a questo evolutiva, o desenvolvimento do eu individual. Sendo uma s e sem interrupes, a Vida funciona sem as limitaes do tempo, num plano absoluto da Criao, que o Eterno, o que sempre foi e sempre ser. o mundo das causas, no plano Absoluto ou Divino da Criao. J as existncias, como as criaturas, so mltiplas e por isso sua experincias so constantemente delimitadas e reguladas pelo tempo, num plano relativo da Criao, que o efmero, o comeo, o meio e o fim; nascimento, vida e morte. o mundo dos efeitos, no plano relativo da manifestao. Seja nos mundos espirituais ou nos mundos materiais, cuja pluralidade csmica visvel aos olhos nus, estamos sempre existindo, nascendo, morrendo e renascendo para a Vida Eterna, num constante movimento de descobertas e realizaes. Portanto, no somente o corpo que morre e volta na condio de energia para o fluido universal do qual foi extrado. O Ser, de certa forma, tambm sofre a transformao da morte e renasce na sua prpria natureza interior, para que aprenda a reconhecer em si a prprio a Imortalidade da qual dotado. Por isso renascemos da carne e do Esprito, como disse Jesus no seu misterioso e inesquecvel encontro como sacerdote fariseu Nicodemos. A principal marca existencial da espcie humana sempre foi a busca da auto-realizao, de solues para as nossas constantes crises vivenciais. Somos essencialmente insatisfeitos porque ainda estamos em processo de formao espiritual. Ainda no temos conscincia plena do significado da Vida e das nossas existncias. A maioria dos seres humanos ainda caminha em torno de um abismo, o nosso Ego, que nos impede de saltar dos limites das nossas existncias para o terreno ilimitado da Vida. O abismo tremendamente assustador e sua escurido representa para uns o infinito, para outros, simplesmente, o nada e o fim. Por isso permanecemos divididos entre o ser e o no ser, uma dvida tambm gerada pelo Ego e que sempre nos convida a recuar para o conforto do cordo umbilical. Temos medo de perder a individualidade que adquirimos recentemente, semelhante a uma criana que se apega egoisticamente a um brinquedo. Quando vislumbramos por alguns instantes as possibilidades do Infinito e do Eterno , logo perguntamos se vamos continuar sendo aquilo que somos hoje. Assim como tudo que material se dissolve no oceano universal de tomos, eltrons e neutrons, por acaso os seres tambm no sero dissolvidos no oceano da conscincia divina? Diante da dvida do ser e do no ser, de dar um passo para o incerto, de corrermos o risco, quase sempre nos voltamos para o aspecto mais instintivo do nosso Eu e ali permanecemos isolados, numa espcie de autismo espiritual. Passar da existncia para a Vida saltar por cima desse abismo com a total confiana de que vamos encontrar aquilo que procuramos; correr o risco de saltar no escuro. Nesse momento ningum pode fazer nada por ns, pois esta uma experincia exclusiva que coloca em prova a nossa individualidade diante da Criao. nesse salto no escuro, do tudo ou nada, que descobriremos se Deus existe ou no existe, se somos ou no somos. So as eternas escolhas e conseqentes decises que sempre temos de tomar por conta prpria. A nossa trajetria tem sido tambm a da transformao individual e adaptao no espao e no tempo, impulsionados por uma Lei maior que nos direciona ao encontro do Criador de nossas vidas. Esse percurso existencial, de autoreconhecimento, se inicia nos Reinos Naturais dos planos densos da matria e continua nos planos das energias sutis, em condies que ainda desconhecemos, mas que deduzimos ser um efeito espiritual das experincias que realizamos

hoje e no passado. Nessa longa jornada, a espcie humana se posiciona fisiologicamente como o meio, uma transio entre a condio animal e o Esprito, que o fim. O gnero humano seria ento uma condio mutante entre os planos material e o espiritual, evoluindo gradualmente em vrias etapas de aprendizagem, desde os primeiros lampejos da razo at o domnio completo das suas mais sofisticadas potencialidades. Em cada uma dessas fases desenvolvemos um modelo humano ideal a ser atingido, mas continuamos essencialmente incompletos e insatisfeitos, sempre procura da plenitude da vida e da felicidade. Este percurso de incontveis milnios representa o admirvel processo de verticalizao do corpo existencial (o fsico e o espiritual), que a conscincia, uma transio das nossas experincias no mundo exterior dos reinos elementais da matria densa, para o mundo interior do Reino de Deus, do Esprito. Nossa evoluo espiritual vem acontecendo de maneira simultnea espcie orgnica humana que nos abriga, at que ocorra a sua futura superao. Assim como superamos os nossos ancestrais smios, fomos tambm precedidos por inmeras experincias orgnicas, permitidas pela combinao setenria dos quatro elementos (terra, ar, gua e fogo) com os trs reinos (vegetal, mineral, e animal). Semelhante ao processo de gestao humana, de apenas alguns meses, em nossa gestao anmica, de milhes de anos, dormimos no Reino Mineral, sonhamos no Reino Vegetal e finalmente acordamos no Reino Animal. O despertar desse longo sono acontece exatamente quando nos tornamos humanos, o ltimo elo que nos liga ao reino materiais. Isso vem acontecendo atravs de sucessivas crises, causando a transformao, muitas vezes violenta, do nosso universo interior e que nos planos fsicos se manifestam atravs de dores e choques das mais diversas formas de vicissitudes. Ao adquirirmos os cinco sentidos bsicos do mundo material (tato, olfato, paladar, viso e audio) sabemos que ainda nos falta algo mais, o sexto e stimo sentidos, que o elo de ligao com o mundo espiritual. Simultaneamente, ao desenvolvermos as cinco inteligncias bsicas (cinestsico-corporal, espacial, lgico-matemtica, verbal e musical), para solucionar problemas do mundo exterior, tambm sabemos que nos falta um complemento que integra todas elas e que nos torna mais aptos a compreender e solucionar os problemas do mundo interior. Da a nossa busca atual pelo aperfeioamento das duas inteligncias pessoais: a Interpessoal, que substitui a competio e estimula a cooperao e a harmonia com os outros seres; e a Intrapessoal, que elimina as reaes defensivas da luta da personalidade com a individualidade, promovendo a harmonia do Eu real com o Eu ideal. Neste mesmo processo, as trs vivncias bsicas da nossa mente ( pensamento, ao e sentimento), antes isoladas e em conflito entre si , agora se integram no seu funcionamento de experincias prticas com as experincias emocionais e intelectuais. Para atingirmos esse grau de avano e complexidade existencial tivemos que passar por inmeras provas e reprovas que s a pluralidade das existncias pode explicar. Foram milnios de luta para superarmos inmeros obstculos e acumularmos uma grande soma de conhecimentos. Que outro sentido teria ento a recomendao do Sede perfeitos ? Poderamos atingir a perfeio existindo uma s vez?

O Teatro do Ir e Vir

Numa viso mais ampla da Vida, podemos definir a trajetria humana como a caminhada do Homem em busca de si mesmo, num processo de aprendizagem para reverter o olhar direcionado para o mundo exterior, das aparncias, e redirecion-lo para o mundo interior, real, do Conhece-te a ti mesmo. Olhar para si mesmo pode parecer apenas uma frmula filosfica, mas no uma tarefa simples e mecnica. Para ns que ainda estamos mergulhados na infncia espiritual, o mundo interno um universo desconhecido e extremamente ameaador. Trata-se de um territrio de

aridez subjetiva onde enxergamos somente os incmodos problemas existenciais, que tero que ser solucionados, mais cedo ou mais tarde: os medos, as dvidas, as incertezas, os traumas. Tudo aquilo do qual sempre estamos fugindo ou sabemos que certamente teremos de enfrentar um dia, fica escondido em nosso mundo interno a espera de atitudes e de decises. Para suportar essa situao de impasse, quase sempre usamos mscaras e simulaes que nos protegem das situaes constrangedoras que geralmente revelam o que somos na realidade. Da o motivo pelo qual quase sempre estamos com os interesses voltados para o mundo exterior, dos fenmenos e das sensaes, que o palco da nossa atuao parcial, portanto teatral da Vida. Se esse interesse pelo mundo exterior o nosso vcio, a nossa doena existencial, ele tambm a nossa possibilidade de cura. do veneno que se extrai o seu antdoto. no mundo exterior que nos iludimos com as mscaras, mas tambm podemos interpretar com seriedade os mais variados papis, treinando para a realidade total que ainda no temos coragem de enfrentar. Essa a grande lio da Natureza, a qual no se pode enganar por muito tempo. Nas nossas farsantes encenaes fugimos aqui, cortamos caminho ali, mas acol ela nos cerca e cobra o que lhe de direito. Cada existncia um auto-espetculo no qual encarnamos um personagem que traz sempre na sua bagagem o conjunto de provas a que deve ser submetido; em cada ato, o personagem que escolhemos testado no campo das competncias, geralmente motivado por algum dano factual, sofrido numa circunstncia aparentemente casual. O dono a pea fundamental para que ingressemos da trama na qual estaremos inevitavelmente envolvidos; a gota dgua. assim que, no enredo central das nossas existncias, manifesta-se como caracterstica marcante das nossas histrias pessoais a Lei da Polaridade. Ela o principal agente regulador do equilbrio da Vida e que, em nosso caso, d o tom no qual teremos que nos harmonizar na prova existencial: a riqueza ou a pobreza, poder ou submisso, destaque ou o anonimato, sade ou doena, alegria e tristeza, medo e coragem, amor e dio, dinmica ou tdio. Tudo isto compe o interessante e progressivo jogo de circunstncias entre a realizao e frustrao. Nesse jogo natural da transformao dolorosa dos pontos fracos em pontos fortes, no qual atualmente entramos pela livre escolha, existe um limite de memria, imposto pelo esquecimento provisrio. A conscincia da memria objetiva suspensa para a realizao do teste de atuao. No foi por acaso que os gregos associaram essas realidades com a arte teatral e sua riqussima mitologia. Os tericos da literatura tambm nunca deixaram de observar em seus estudos como os dramaturgos e comediantes combinam os elementos de suas tramas estabelecem o enredo de suas obras. Antes de entrarmos em cena escolhemos as provas a que seremos submetidos, porm somos avisados de que, ao adentrarmos no palco, no mais lembraremos objetivamente dessas escolhas feitas fora da situao de teste, sobretudo o dano factual que vamos sofrer, e que tais provas s tero validade no prprio campo de atuao. Essa a regra bsica do jogo. O palco ou campo de prova possui toda uma fenomenologia cenogrfica composta de imagens aparentes, entrelaadas pelas tramas do enredo da pea na qual ingressamos e na qual outros atores tambm estaro atuando em seus respectivos personagens. Para compreender a Vida na sua dimenso integral, os seres devem interagir entre si nas existncias, para que ocorra uma soma de impresses parciais ou fragmentos de verdades de cada um rumo compreenso total e nica da Verdade. Nos cenrios compostos de aparncias e tramas situacionais, predomina sempre a idia de Iluso, pela qual somos constantemente envolvidos e seduzidos. A seduo, a mesma que atrai a abelha para a magia das cores e o perfume da flor, sempre til e necessria como perpetuao das oportunidades e ferramenta de avaliao educativa. Ela se apresenta em vrias situaes de teste nas quais temos que remover os obstculos do percurso, tramas dos atos, at chegarmos no eplogo do drama ou da comdia que pedimos para atuar. no eplogo que realizamos as escolhas essenciais, que sero computadas em nosso destino. Se superarmos os obstculos, cuja tentao ilusria sempre se apresenta como uma possibilidade de fuga, seja pelo prazer ou pela busca de alvio de um sofrimento insuportvel,

ganhamos em nossa conscincia valiosos aplausos ou pontos na experincia da vida, crditos indispensveis na lenta composio da nossa felicidade. Se fracassarmos, sentimos de imediato o choque da Desiluso, um retorno ou efeito natural dos impulsos precipitados nos excessos cometidos durante a interpretao do papel. Mas a pea continua, pois as cenas vo se desenrolando, e novos atores vo ingressando em novos atos existenciais. O que acaba a nossa atuao num determinado ato, cujo tempo fora previamente estabelecido. Ficamos temporariamente de fora, nos bastidores, em planos de espera, analisando o que foi feito, de bom ou de ruim, e tambm planejando como poderemos reentrar em cena para corrigir as falhas de interpretao cometidas nos atos passados. E, assim que observamos alguma situao favorvel, solicitamos ao Supremo Roteirista da Vida um novo personagem, dotado de um programa existencial mais adequado aos novos testes, e que ser novamente colocado em cena.

A Descoberta do Reino

Mas qual seria o significado de tudo isso que acabamos de refletir sobre as existncias, a Vida, a Verdade e a Felicidade? Qual o sentido dessas diferenas, quase imperceptveis para ns, seres comuns? Diramos que simplesmente reverter o nosso olhar do mundo exterior para o mundo interior. E falando assim, grosso modo, tem-se a impresso de que trata-se de uma simples mudana no direcionamento dos nossos interesses e das atitudes, como se isso fosse uma coisa banal e corriqueira. No entanto, o percurso entre a realidade aparente do mundo exterior e a realidade essencial do mundo interior, no acontece no intervalo da noite para o dia. necessrio que uma infinidade de existncias se sucedam no tempo biolgico para que o ser humano possa realizar a mais importante de todas as descobertas. Esta foi a mais longa das experincias que realizamos, sempre com o impulso da sabedoria e experincia dos grandes Mestres do mundo oculto. Em todas as etapas da evoluo humana, nas pocas cruciais de grandes transformaes, surgiram no cenrio carnal essas figuras incomuns, atores especiais, interpretando papis extremamente contraditrios aos olhos da perspectiva mediana. Eles so seres dotados de um conhecimento extraordinrio e sempre agem numa direo contrria a da maioria dos atores, que so atrados para suas magnficas atuaes sobre os problemas do Ser e do Destino. Ao entrarem em cena, logo se destacam como modelos irresistveis de imitao, j que seus exemplos so sempre representaes vivas do tempo futuro, do ser ideal, de como deveramos ser. Exercem sobre ns um fascnio e um encanto que ultrapassam os limites da perplexidade, no qual somos bruscamente deslocados da cmoda posio de expectadores, sentados espiritualmente, para um incmodo posicionamento, em p, porm estticos ou oscilantes, espera da difcil atitude de dar o primeiro passo na direo que nos apontam. Paralisados pelo medo e pela dvida, nem sempre confiamos nos convites que eles nos fazem para que os sigamos pelos caminhos misteriosos de um novo estado de coisas de que tanto falam. Quando ouvem falar pela primeira vez dessa nova realidade a maioria dos seres humanos logo pensam na morte, a principal preocupao daqueles que ainda so governados pelas sensaes do corpo fsico. Para quem ainda no distingue o Eu dos limites orgnicos, a morte nica possibilidade de ingressarmos ou sermos recusados no tempo futuro. No por outro motivo que os grandes Mestres do Esprito, ao ensinarem os primeiros segredos do mundo oculto da individualidade, sempre revelam antes a idia primordial de Imortalidade. Primeiro removem das nossas mentes o receio da morte do corpo, mostrando que ela apenas o fim da existncia e no da Vida; somente depois de compreendermos essa primeira verdade que tocam no assunto da morte do esprito, que , na realidade, o autntico significado da ressurreio da alma. Ao ouvir de Jesus que renascemos da carne e do Esprito, Nicodemos estava sendo duplamente iniciado no conhecimento da Imortalidade da alma, pelo

renascimento exterior, em novo corpo, e na imortalidade do Esprito, renascimento interior, pela ressurreio. Ao mergulharmos na carne ingressamos em um novo ato existencial no qual vamos atuar e experimentar as lies vivenciais, pelas provas e expiaes. nessa nova experincia existencial, que pode e deve ser repetida, quantas vezes for necessria, que despertamos ou ressurgimos para a Vida. O percurso entre uma existncia e outra sempre delimitado pela morte e o conseqente renascimento; j o percurso entre a perspectiva do mundo exterior para o mundo interior ser sempre uma crise existencial, que a morte do Esprito, e a sua conseqente ressurreio. Essa a Verdade situada sabiamente por Jesus e por muitos outros mestres entre o Caminho e a Vida. As existncias e renascimentos so os meios naturais para se atingir a finalidade essencial da Vida, que o estado eterno da ressurreio. Tudo indica que na caminhada evolutiva os renascimentos cessem medida que diminui para ns a necessidade de atuaes existenciais de aprendizagem. Passamos, ento, a perceber melhor a diferena entre a existncia e a Vida, o existir e o viver, entre o efmero e o Eterno. bem possvel que a Ressurreio nunca cesse, num infinito processo de descobertas das maravilhas do Reino, que Deus, vindo a ns, se revelando progressivamente em nosso mundo ntimo.

Postado por Dalmo Duque dos Santos s 8:42 AM

Quinta-feira, Fevereiro 21, 2008A Verticalizao da Conscincia

O chamado pecado original que nos acompanha como herana de Ado o conflito da razo com o instinto, essa fora inspiradora que mais tarde ser transformada definitivamente em intuio, o sexto sentido. Como bem observou o educador Huberto Rohden, o homem o nico animal cuja espinha dorsal natural e permanentemente vertical, como se a nossa cabea estivesse sempre voltada para o alto, como uma antena que sintoniza as vibraes dos mundos superiores. Enquanto os corpos dos animais irracionais permanecem horizontais, ligados ao mundo fsico, da lei da gravidade, o nosso corpo obedece o impulso da evoluo e se levanta para captar novas experincias de racionalidade e espiritualidade. Esse corpo vertical, que assume a forma de uma cruz quando abrimos os braos, torna-se o smbolo vivo do sacrifcio, da renncia e do amor ao prximo.

Ainda sofremos muito a interferncia instintiva, a busca constante da satisfao das nossas necessidades mais fundamentais. Essa busca, que nos fez caadores das coisas do mundo fsico e material, nos faz agora caadores de ns mesmos, das coisas do mundo ntimo e espiritual. Essa a equao existencial que temos que solucionar para superar o Homem do Passado, que luta para sobreviver em nosso ser, e continuar a nossa caminhada para deixar nascer em ns o Homem do Futuro.

Mas que homem esse? Seria um tipo especial e definitivo? Acreditamos que no seja um modelo definitivo, mas um modelo adequado ao nosso tempo histrico. Numa perspectiva antropolgica essa transformao da conscincia humana. Mostra as etapas evolutivas, em cada qual predominou ou manifestou-se um prottipo mental caracterstico, e dos quais herdamos as experincias mais significativas que resultaram naquilo que somos hoje e naquilo que podemos ser num futuro no muito distante. Ento, do ponto vista antropolgico teramos esses oitos tipos culturais:

O Homem Biolgico: o Homo Sapiens Sapiens ou Homem de Cro-Magnon, do perodo paleoltico, surgido cerca de 35 mil anos A.C. Uma era de pequenos grupos esparsos e nmades de homindeos, vagueando em reas relativamente extensas, constantemente preocupados em satisfazer a fome. a raa admica ( de Ado), que habitas as cavernas, descobridora do fogo e dos primeiros instrumentos de transformao da natureza. Deu seus primeiros passos no Homo Erectus (500 mil AC), passou pelo Homo Neandertal ou Sapiens (150 mil AC) at chegar no estgio biolgico atual.

O Homem Tribal: Esse Ado era gregrio, sedentrio, o descobridor da agricultura e da domesticao de animais e construtor das primeiras aldeias. Era princpio da sociedade organizada (entre 9 e 7 mil AC).

O Homem Anmico: Esse Ado j est pr-civilizado,ou seja, est entre o mundo das aldeias tribais e as primeiras civilizaes do IV milnio AC. a chamada proto histria, na qual o homem manifesta sua curiosidade pelo fenmenos naturais e passa a ter com eles um relacionamento mstico. Tudo que no pode ser explicado pela razo da esfera do sobrenatural. O mundo mgico e o politesmo religioso e suas magias marcam essa fase anmica.

O Homem Teolgico: o homem das civilizaes histricas e teocrticas do Crescente Frtil : Egito, Palestina e Mesopotmia ( a partir de 3.500 AC). A crena religiosa passa a ser objeto de dominao poltica (Estados teocrticos) e o misticismo formalizado como prtica ritual . A magia e o sobrenatural passam a ser conhecimento de domnio de especialistas ou sacerdotes.

O Homem Racional : a expresso do individualismo greco-romano. Aqui o homem racionaliza todos os seus hbitos pessoais e sociais, inclusive a religio. A mitologia greco-romana um exemplo dessa tentativa de explicar racionalmente o mundo e seus mistrios atravs de smbolos e analogias. O homem quer entender como funciona o seu ser e porque somente ele tem conscincia de si mesmo. A Filosofia, com Scrates, Plato e Aristteles ser o resultado mais aperfeioado desse esforo.

O Homem Metafsico: Nessa era pr-cientfica, logo aps a Idade Mdia e do retrocesso ao tempo teolgico imposto pela Igreja, o homem do Renascimento tambm sente a necessidade de retomar sua trajetria voltando na fase que

havia estacionado com a queda de Roma. A razo tomas rumos cientficos nos sculos XVI e XVII com Descartes, Newton e Bacon. Pensar existir e o sentido dessa existncia por ser encontrado na experincia emprica, na prtica pr-cientfica.

O Homem Positivo: o homem da Revoluo Industrial e da Revoluo Francesa. A prtica pr-cientfica chega fase cientfica, onde as experincias podem ser comprovadas pela tecnologia. O Iluminismo filosfico e o positivismo cientfico do novas direes para a mente humana. nessa fase que surge os preparativos para a fase que estamos vivendo hoje.

O Homem Psicolgico: Segundo Herculano Pires, trata-se de um ser potencialmente tridimensional, cuja razo se fecha nas categorias decorrentes da experincia sensorial. O Homem-psi corresponde a um novo conceito de razo e da mente que surge uma nova dimenso com a descoberta da percepo extra-sensorial. Trata-se de uma verdadeira ampliao do conceito do homem, que retorna s dimenses espirituais antigas, enriquecido com as provas cientficas, e por isso mesmo liberto da ganga das superties, do misticismo dogmtico e do pensamento mgico. Essa fase nasceu da exploso dos fenmenos medinicos e com a Codificao do Espiritismo, em 1857, com a publicao de O Livro dos Espritos. Inaugurava-se a Era do Esprito que seria complementada com a revoluo psicanaltica de Sigmund Freud, no incio do sculo XX, at chegar na psicologia humanista de Carl Rogers. A harmonia da mediunidade com a psicologia, entre o fenmeno e o comportamento, a tcnica e a atitude, ser sntese do Homem do Futuro.

Mas ponto de vista espiritual, essas etapas evolutivas seriam marcadas pelos prottipos, cuja influncia cultural no se restringe cultura material , mas tambm s experincias pr-encarnatrias:

O Primeiro Ser - BIOLGICO

Domnio da inteligncia cinestsico-corporal. Predomnio dos instintos e dos desejos. Vive o tempo imediato e presente. Preocupao com a sobrevivncia do corpo e busca de entendimento do mundo fenomenal exterior.Religiosidade natural exterior e mgica.

1 fase do tornar-se Pessoa: Bloqueio e recusa comunicao. Tendncia a alienao.

Reminiscncia atual: Por que estou assim?

O Segundo Ser TEOLGICO - Domnio da inteligncia espacial e lingstica. Despertar da intuio e das aspiraes do tempo futuro. Religiosidade ritualstica exterior. Preocupao com a sobrevivncia da alma e o medo da morte.

2 fase: Incio da comunicao e do desejo de mudana. No reconhece os sentimentos e emoes.

Reminiscncia: O que estou sentindo?

O Terceiro Ser RACIONAL - Domnio das inteligncias lgico-matemtica. A crise existencial e a busca filosfica do sentido existencial exterior. A Razo supera e inibe a emoo. Religiosidade narcsica e antropomrfica.

3 fase: Aceitao reduzida de sentimentos.

Reminiscncia: Qual a origem desse sentimento?

O Quarto Ser - METAFSICO - Domnio da inteligncia musical. A percepo da realidade extra-fsica e do sexto sentido. Crise existencial e a busca da realidade existencial interior. Tendncia de equilbrio razo e emoo. Religiosidade mstica e sobrenatural.

4 fase: Contextualizao dos sentimentos. Despertar da conscincia integral.

Reminiscncia: Que razes me levaram a este estado?

O Quinto Ser POSITIVO - O domnio da inteligncia interpessoal e dos conhecimentos tecno-cientfico dos fenmenos fsicos exteriores. Crise existencial (afirmao e negao da mente) e a busca sistemtica de solues lgicas e psicolgicas. Maturao da conscincia integral. Conflito interior entre a religiosidade e a racionalidade. Busca de harmonia entre a fsica e metafsica.

5 fase: Dilogo mais livre e desbloqueio da comunicao.

Reminiscncia: Que conseqncias tais sentimentos esto gerando em mim?

O Sexto Ser - PSICOLGICO - O domnio da inteligncia intrapessoal e dos conhecimentos tecno-cientficos dos fenmenos metafsicos interiores. Funcionamento da conscincia integral e tendncia a plenitude existencial. Harmonia entre a fsica e metafsica. Religiosidade interior voltada para solues exteriores, solidariedade social.

6 fase: Aceitao e experimentao mais imediata dos sentimentos.

Reminiscncia: Por onde posso comear a mudar a situao?

O STIMO SER CSMICO E INTEGRAL - Domnio da inteligncia e da conscincia integral. A plenitude vivencial. Religiosidade natural interior e mstica.

7 fase: Confiana total na transformao pessoal, disposio espontnea de dilogo e de comunicao. Autoaceitao.

Reminiscncia: Qual o ponto essencial da mudana?

A verticalizao do corpo humano coincide com o despertar das faculdades psquicas; so elas que permitem ao homem a sintonia com os planos superiores da vida, que lhe do os rumos de existncia. A mediunidade como instrumento e extenso mental, torna-se uma bssola existencial para que o homem aos supere os instintos e domine a intuio. Ela tambm vai marcar a transio mental do mundo sensorial para o mundo extra-sensorial, do mundo exterior e fsico para o mundo interior e espiritual. Ela quase sempre foi o recurso pelo qual os Espritos Superiores puderam interferir em nosso planeta para garantir a evoluo da sociedade humana. Foi assim que aprendemos a dominar a natureza e seus elementos e tem sido assim at nos mais avanados laboratrios do mundo contemporneo, onde sempre se realiza o estreito contato entre os gnios desencarnados inspirando os gnios encarnados nas descobertas fundamentais das cincias e das artes. A mediunidade, embora mal conhecida nos tempos remotos, no sofreu em si mudanas na sua fenomenologia, manifestou-se no homem da cavernas, nos cls e tribos da proto histria, nos crculos sacerdotais fechados das sociedades teolgicas at ser derramada na carne das camadas populares, como garantia de uso aberto e de livre acesso ao Mundo Superior. A histria da mediunidade vasta e ficaramos paginas e pginas citando seus inmeros exemplos nos registros de todos os povos, em todos os tempos. Mas no podemos deixar de concluir que essa faculdade, tanto na sua manifestao natural como seu carter de prova, o instrumento principal de que dispomos para desenvolver as caractersticas do Homem do Futuro. Sendo cada vez mais um tipo de habilidade espiritual, ela em sim uma forma de inteligncia pessoal, as chaves que abrem gradualmente as portas do universo interior.

fato inegvel, estamos passando por uma crise existencial que marca em ns a mudana de percepo do mundo exterior para o mundo interior. O que caracteriza essa crise essa descoberta, que nos causa um impacto em todo o nosso conjunto vivencial: na mente, no perisprito e tambm no corpo fsico. Nossas percepes, sensaes e sentidos fsicos sofrem um abalo estrutural no qual estvamos acomodados e passam a exigir de ns uma reestruturao para uma nova acomodao. J passamos por esse abalo quando, ainda no mundo animal, descobrimos a razo. Essa descoberta do mundo interno foi sendo feita de maneira gradual e sempre esteve relacionada ao nosso grau de conscincia nas vivncias do mundo fsico e, em muitos casos, ao grau de mediunidade. Esse impacto tambm semelhante ao que sofre as crianas quando saem do universo concreto e descobrem o mundo abstrato durante o processo de alfabetizao.

Quando sofremos este abalo vivencial na descoberta da razo tivemos que fazer uma troca de valores materiais por valores morais; fomos progredindo lentamente na descoberta desse mundo interno. Primeiro descobramos um pedao de po e, pela operao instintiva saciamos imediatamente a nossa fome; depois, descobrimos um outro pedao de po e, racional e economicamente, o dividimos em um nmero de pedaos igual ao nmero de dias que demoraramos para encontrar outro pedao de po; administraramos a necessidade de saciar a fome; agora encontramos um pedao de po, olhamos para todos os lados, queremos com-lo de uma s vez, pensamos em guardar para os prximos dias , mas estamos sendo incomodados por um novo fator: a conscincia. Com novos e sempre incmodos valores, a conscincia nos fora a olhar novamente para todos os lados e enxergar que outros seres esto sem o po. A est a crise: comer tudo num dia s, cortar e, ainda sozinho, comer um pedao a cada dia, ou repartir aquele pedao com os que no tem nenhum? Nas duas primeiras opes ainda estamos vendo pela tica racional do mundo exterior,

enquanto que na ltima j vislumbramos o mundo interior. Repartir o po com o outro uma operao que supera a vivncia racional e atinge a vivncia emocional e interior.

Quando operamos alm do instinto e da razo geralmente lidamos com outros instrumentos cognitivos, diferentes do clculo ou da agilidade fsica. Passamos usar instrumentos cognitivos espirituais, inter e intrapessoais. Esses instrumentos se caracterizam pelos valores morais, negativos e positivos que aprendemo