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A vanguarda artística europeia As duas primeiras décadas do século XX registram, na Europa, a crise do capitalismo e o nascimento da democracia de massas. A burguesia tem consciência do perigo que representa, para ela, a revolução socialista. Por outro lado, uma inédita revolução científica, que rompeu barreiras de tempo e espaço, produz um grande e geral estado de euforia e crença no progresso. Surgem, no início do século, os seguintes eventos: o telégrafo, o automóvel, a lâmpada elétrica, o telefone, o cinema, o avião. A máquina se faz presente em todos os momentos da vida. Viver confortavelmente e aproveitar o presente são preocupações fundamentais da época. A esse início do século XX, dá-se o nome de belle époque. Em 1914, tem início a Primeira Guerra Mundial, que terminaria em 1918. O conflito, que envolveu praticamente o mundo inteiro, gerou enorme descontentamento e a descrença em relação aos sistemas políticos, sociais e filosóficos até então vigentes. O homem que viveu a guerra questiona os valores do seu tempo. O período de segurança, confiança no futuro e euforia tinha terminado. Onze anos depois, o mundo vai enfrentar a tremenda crise econômica de 1929, da qual resultará a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Nesse ligeiro período de entre guerras, assiste-se aos “anos loucos”, fase marcada principalmente pela ânsia de “viver freneticamente”. Aproveitar o “hoje” e o “agora” tornou-se necessidade. A guerra tinha lançado no espírito humano a incerteza sobre a permanência e a duração da paz. Os principais movimentos de vanguarda Essa busca de novidades, no entanto, não se restringe tão só à área da produção de manufaturados. Também nas artes se verifica uma busca desenfreada do novo, um desejo de ruptura com o passado e um sonho com um futuro maravilhoso, rico em promessas. Essas tendências vão receber o nome genérico de vanguarda. Assim, pode-se dar o nome de vanguarda a qualquer movimento, dentro do século XX, que se caracterize pela rebeldia e pela rejeição sistemática do passado. Entre os movimentos de vanguarda do século XX, destacam-se O Futurismo, o Dadaísmo e o Surrealismo e o Expressionismo. 1 - O Futurismo O Futurismo nasceu na Itália com Marinetti, por volta de 1900, e propunha a violência como forma de superar a tradição. Extremamente radical, o movimento defendia a destruição sumária dos museus e bibliotecas, símbolos do passado. Em literatura, os futuristas queriam inventar uma nova sintaxe, através da abolição da pontuação e da rejeição do adjetivo e do advérbio, para poder cultivar a "imaginação sem fios". FilippoTommasio Marinetti, publicou, em 1909, no jornal Le Figaro, o "Manifesto do Futurismo”. O líder do Futurismo era fascista, e ele próprio propõe a reforma para a literatura, com a destruição da sintaxe, com os substantivos dispostos ao acaso, com o emprego do verbo no infinitivo, a abolição do adjetivo, para que o substantivo guarde sua cor essencial, com a supressão dos elementos de comparação, do “eu”, substituído pela “obsessão lírica da matéria”, com a abolição de todas as metáforas descoloridas, dos clichês, etc.

A vanguarda artística europeia

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A vanguarda artística europeia

As duas primeiras décadas do século XX registram, na Europa, a crise do capitalismo e o

nascimento da democracia de massas. A burguesia tem consciência do perigo que representa,

para ela, a revolução socialista.

Por outro lado, uma inédita revolução científica, que rompeu barreiras de tempo e espaço,

produz um grande e geral estado de euforia e crença no progresso. Surgem, no início do século,

os seguintes eventos: o telégrafo, o automóvel, a lâmpada elétrica, o telefone, o cinema, o avião.

A máquina se faz presente em todos os momentos da vida. Viver confortavelmente e aproveitar

o presente são preocupações fundamentais da época. A esse início do século XX, dá-se o nome

de belle époque.

Em 1914, tem início a Primeira Guerra Mundial, que terminaria em 1918. O conflito, que

envolveu praticamente o mundo inteiro, gerou enorme descontentamento e a descrença em

relação aos sistemas políticos, sociais e filosóficos até então vigentes. O homem que viveu a

guerra questiona os valores do seu tempo. O período de segurança, confiança no futuro e euforia

tinha terminado.

Onze anos depois, o mundo vai enfrentar a tremenda crise econômica de 1929, da qual resultará

a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Nesse ligeiro período de entre guerras, assiste-se aos

“anos loucos”, fase marcada principalmente pela ânsia de “viver freneticamente”. Aproveitar o

“hoje” e o “agora” tornou-se necessidade. A guerra tinha lançado no espírito humano a incerteza

sobre a permanência e a duração da paz.

Os principais movimentos de vanguarda

Essa busca de novidades, no entanto, não se restringe tão só à área da produção de

manufaturados. Também nas artes se verifica uma busca desenfreada do novo, um desejo de

ruptura com o passado e um sonho com um futuro maravilhoso, rico em promessas. Essas

tendências vão receber o nome genérico de vanguarda. Assim, pode-se dar o nome de vanguarda

a qualquer movimento, dentro do século XX, que se caracterize pela rebeldia e pela rejeição

sistemática do passado. Entre os movimentos de vanguarda do século XX, destacam-se O

Futurismo, o Dadaísmo e o Surrealismo e o Expressionismo.

1 - O Futurismo

O Futurismo nasceu na Itália com Marinetti, por volta de 1900, e propunha a violência como

forma de superar a tradição. Extremamente radical, o movimento defendia a destruição sumária

dos museus e bibliotecas, símbolos do passado. Em literatura, os futuristas queriam inventar

uma nova sintaxe, através da abolição da pontuação e da rejeição do adjetivo e do advérbio, para

poder cultivar a "imaginação sem fios".

FilippoTommasio Marinetti, publicou, em 1909, no jornal Le Figaro, o "Manifesto do

Futurismo”.

O líder do Futurismo era fascista, e ele próprio propõe a reforma para a literatura, com a

destruição da sintaxe, com os substantivos dispostos ao acaso, com o emprego do verbo no

infinitivo, a abolição do adjetivo, para que o substantivo guarde sua cor essencial, com a

supressão dos elementos de comparação, do “eu”, substituído pela “obsessão lírica da matéria”,

com a abolição de todas as metáforas descoloridas, dos clichês, etc.

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2 - O Dadaísmo

O Dadaísmo originou-se na Alemanha por volta de 1916. A palavra dadaísmo provém de dadá,

que significa "cavalinho de pau". Dando ênfase à criação espontânea, os dadaístas desejavam

recuperar os instintos primários do homem, com vistas a criar uma arte em nada comprometida

com a tradição. Resulta disso um anarquismo infantil, que se torna flagrante na arte produzida a

partir de simples objetos do cotidiano - ferros de passar, cabides -, com vistas a provocar um

choque no espectador acostumado com a arte tradicional.

3 - O Surrealismo

O Surrealismo surge na década de 20 e se caracteriza basicamente pela rejeição do

racionalismo, da lógica e pela sobrevalorização do inconsciente. Apoiando-se nas teorias de

Freud, os surrealistas acreditavam que somente pelo subconsciente é que se podia atingir a

libertação total da imaginação. Levando ao extremo esse desejo libertário, os surrealistas

exploravam os sonhos ou tentavam criar automática, que tem como conseqüência a

desestruturação da linguagem, a invenção de nova sintaxe e neologismos.

4 - O Cubismo

O Cubismo, termo surgido na pintura, designa um modo de expressão em que o artista fraciona

o elemento da realidade que está interessado em representar e, depois, o recria através de planos

geométricos superpostos. Os cubistas pretendiam representar o objeto como se ele fosse visto

sob diferentes ângulos ao mesmo tempo.

Na literatura, as características fundamentais do Cubismo são o humor e uma linguagem mais

ou menos caótica.

5 - Expressionismo

O expressionismo foi, pois, uma intensa busca da expressão dos próprios conflitos e paixões de

seus adeptos. Como corrente literária, o expressionismo começou na Alemanha antes de 1914 e

durou até cerca da metade da década de 1920. Desenvolveu-se paralelamente ao futurismo na

Itália, influenciando os movimentos modernistas de todo o mundo. Em literatura, o

expressionismo inverte o processo do impressionismo: em vez de mover-se de fora para o

centro, nela a inspiração caminha do espírito do escritor para o mundo exterior.

O expressionismo encerra um estado de desespero, e apresenta a sociedade, o governo, a

religião, o homem, em situação caótica. O estilo é explosivo e errático, não descritivo,

acentuando o dinamismo e o êxtase.