A VIAGEM NO PENSAMENTO

DE

MÁRIO

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AQUI ESTÁ O MEU PENSAMENTO O MEU EGO

O MEU ESPÍRITO A MINHA AUTOCRÍTICA

OS MEUS DEFEITOS E AS MINHAS QUALIDADES

PENSAR, VOAR, SONHAR.

É O QUE VOU FAZER NESTE LIVRO.

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A emoção é coisa tão primitiva neste planeta que ninguém a tem,

mas se tortura dentro da mesma.

A emoção dentro do simbólico coração é isso que vocês sentem,

mas não sabem o que é realmente, quando se trata da real e autêntica mente.

A mente é, aqui, semente, nesta lavoura que plantamos e que

colhemos e a nós alimentamos.

EU VIAJANDO

Viajando... Há tantas coisas para se escrever que vou morrer e de

novo nascer e nunca vou acabar de escrever sobre essa palavra; viagem e ato:

eu viajando... Eu viajando... Eu viajando...

Acordei, peguei o táxi até a rodoviária, de lá fui de ônibus até o

destino planejado. Uma vez sendo destino, é natural.

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Chegando, embarquei na mais linda aeronave Fritz

Housemanmayertiz.

Quando entrei, fui recebido por uma equipe que me tirou toda roupa

e que, levando-me a um banheiro do século inexistente, me deram um banho,

não de água e sabão somente, mas de raios ultra que me limparam totalmente

de impurezas desta terra primitiva, em que só há uma pobre e descartável

natureza.

Voltando-me ao meu estado normal de matéria, fui levado a um

segundo banheiro que não via há muito tempo. Fui lavado da cabeça ao

coração e da aura à derme, que ainda estava com raios negativos que

restavam da inferior terra.

Enfim, estou ou estava limpo e pronto para começar a viagem.

Agora, mais do que nunca evoluído, vou aqui narrar a minha autêntica, real e

linda viagem.

A viagem começa aqui, no pensamento de cada um, segundo o que

queremos. Das trevas à luz, a terra para o século inexistente. Quando

começamos e quando chegamos a um estado perfeito.

Eu estou com cabelos longos por todo o corpo, com uma pele de

urso que matei com as minhas próprias mãos, sobre o meu forte e musculoso

corpo, quando entro na minha caverna e pego a minha fêmea pelos

calcanhares e a puxo de onde estava agasalhada para me dar prazer, ou

melhor, ajudar-me em uma necessidade fisiológica, Depois de ter usado a

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fêmea, eu a lambo nas orelhas com gosto de suor, mofo e terra por baixo de

longos cabelos, e, logo em seguida, rosnando, pego um pedaço de carne que

foi, horas atrás, uma linda ave sem asas (porque esta as perdeu quando voava

e outra ave maior a atacou e arrancou suas asas com a garra de uma águia).

Bom, depois que ela (fêmea) comeu a carne, saí da caverna

também comendo, me sentei à porta em uma pedra que não gostava que

ninguém, a não ser eu, e fiquei ali, olhando de cima nessa mesma rocha.

Mascarando a carne, olhava o sol escondendo-se dentro de um buraco. Esta

era a visão que tinha do mundo, mesmo naqueles dias: um buraco. Saí dali e

comecei a bocejar de sono, e dormindo do mesmo jeito que acordei, passei a

noite ali.

De manhã, um morcego sugando o sangue da minha fêmea foi por

minhas mãos preso e esmagado, este tinha matado a minha fêmea. Sim, eu

achava que era dono dela e ela se sentia também minha propriedade. Urrei;

urrei; uivei; rosnei. E como um lobo, estraçalhei o morcego com os dentes,

tirando-lhe parte por parte, fui decepando-o com os dentes. A fêmea estava

paralisada e com os olhos fechados, os quais nunca mais se abriram. Quando

senti, estava só, com fome; a caça estava longe dali, mas a fome encurta até

mesmo a maior distância. Corri, peguei, matei e arranquei-lhe a língua (era um

antílope) e com apetite o devorei.

Olhando a sua queixada, depois de tê-la limpado, a joguei fora, mas

como tinha forma de um bumerangue, ela voltou e me acertou. Não sei, ou

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melhor, não sabia porque, mas fiz daquilo uma arma, e tudo o que voava eu

derrubava com a raiva e ira que decepei o morcego, pois, eu além de vingar,

sem saber, a minha fêmea morta, eu tinha sempre caça fresca e comida fácil

de preparar. Eu tinha evoluído, foi o primeiro passo que dei para o progresso,

no entanto, eu destruía e vingava ao mesmo tempo. Pronto, já estava digno de

receber o nome de homem-progresso... Bom ou mal, eu era, queira ou não

queira, um ser humano que desconfiava. Essa era a minha meta.

Confiar sempre desconfiando é a meta do ser humano.

Ele é como uma água corrente, passa por cima de tudo sem olhar e

saber o que está na frente.

Procurando aperfeiçoar, mas como tem que crescer e multiplicar,

também continua correndo porque não pode parar.

E devagar ele vai deixando a pureza, cuidando de si somente e

destruindo a natureza, mas quando parar... Tarde será. Um ser humano é

sempre um ser humano, e como qualquer coisa que raciocina, ele sonha.

Aquele primitivo homem sonhava, sim, sonhava que estava com a minha

fêmea e que ela estava viva me pedindo, não sabia o que era, mas ela (em

sonho) me pedia. Acordei assustado e vi passando uma outra fêmea. Eu corri e

ela também correu, mas eu a alcancei. Lá estava um outro igual a mim que não

gostou do que tinha visto e partiu com toda a força para cima de mim.

Eu, assustado, joguei a queixada fora. Quando ele estava quase

junto a mim, a queixada voltou e pegou em cheio na cabeça dele, que caiu. A

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fêmea, assustada, olhou para mim e correu. E eu (não sabia porque) não fui

atrás. Quando estou andando de costas para ela, já com pensamentos e com

raciocínios em desenvolvimento, olho para minha sombra e ela (a fêmea)

estava logo atrás de mim, porque eu via duas sombras. E olhei para ela e logo

em seguida, tendo de novo de cumprir uma necessidade da minha fisiologia –

que no caso era sexual –, instintivamente a peguei pela nuca e fiz o que tinha

necessidade: cruzar com aquela fêmea.

Eu tinha agora uma arma, outra fêmea e muita carne fresca que

cacei. Andando com satisfação, eu ia para onde houvesse muita caça, água e

uma caverna. Eu encontrei tudo isso junto quando passei por um arco rochoso,

em uma caverna que nunca tinha visto antes.

Lá dentro, eu vi um pequeno lago com muitos gansos em torno e

marrecos, patos, cisnes, e o melhor: eles estavam pescando, porque nas

águas cristalinas havia muito peixe, muito mesmo, mas quando a gente entrou

(eu e minha nova fêmea), uma forte luz apareceu chegando e logo

desaparecendo, levando com ela tudo o que havia ali de bom e bonito que eu

tinha visto.

Restou apenas uma areia branca, muito branca. Eu sentei ali

assustado e sem nada entender. Olhei e peguei a fêmea pelo braço, saímos

correndo de volta ao arco rochoso, no qual caiu uma enorme e brilhante pedra

no lugar de passagem, impedindo-nos de atravessar.

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Não sabendo o que estava acontecendo, deitamos ali e ali

dormimos. Logo que acordamos, havia uma pequena criatura do nosso lado.

Eu pensei que era algum novo tipo de caça, tentei matá-la para comer, pois

estava com fome e a fêmea também. Mas quando tento fazer alguma coisa, a

pequena criatura pula para trás sem mexer um músculo e no seu lugar antigo

aparece uma grande e apetitosa carne de bovino. Logo em seguida, com fome,

a minha fêmea e eu esquecendo o que tinha acontecido, esquecendo tudo, nos

afastamos e comemos boa parte daquela comida que não importava de onde

tinha vindo, mas que matava a nossa fome. Então, a pequena criatura se

aproxima e fica olhando para nós, que devolvemos o olhar, como três

macaquinhos se olhando ficamos.

Tinha nascido ali uma grande amizade. Eu e a minha fêmea

tínhamos ganhado daquela caverna nunca vista antes um filho, que era uma

pequena criatura com estranhos poderes. Sim, ela tinha nos dado de comer,

não somente uma carne apetitosa, mas uma comida que, além de alimentar,

fazia rapidamente com que nos desenvolvêssemos, tanto no físico como no

espírito, que era controlado por essa criatura para o lado bom, inclusive o

raciocínio de vingança e de assassinato tinha se acabado quase todo.

Nós já estávamos andando, menores e com menos pelos,

raciocinando e conversando por sons que não serviam só para comunicar, mas

que serviam para nos orientar, assim como o morcego atual que vocês

conhecem. Tínhamos, através daquela pequena e bondosa (fabulosa) criatura,

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ganhado milhares de anos do relógio, tínhamos evoluído como nunca ninguém

evoluiu. Até o nosso relacionamento havia melhorado, a minha fêmea, que era

ali, naquele momento, um linda e sensual mulher, não servia mais apenas para

matar a minha sede e fome sexuais, mas servia para o mais importante: para

ser amiga fiel e eu o mesmo para ela.

Saindo dali, passando pelo arco rochoso que havia sido antes

lacrado por uma pedra de diamante enorme – e que, com um toque da

pequena criatura (chamada Fritz), transformou-se em carvão e logo em cinza,

depois que Fritz tirou suas mãos pequenas –, nós passamos já com

pensamentos bem evoluídos, nem mesmo tivemos algum choque emocional,

pelo contrário, sabíamos quem éramos, o que tínhamos sido e o que

queríamos.

Nós tínhamos evoluído de tal forma e tão bem em nossos

pensamentos que quando olhamos em volta do lugar, já no lugar de origem,

nós, eu e ela, dissemo-nos:

– Por que será que tínhamos que matar tão lindas aves e tão lindos

animais, que sendo mamíferos, tinham que alimentar seus filhotes?

Agora, com outras ideias, perguntamos ao Fritz:

– Como podemos lhe agradecer?

Então, ele nos disse:

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– Apenas vocês dois existem aqui neste planeta, então, vivam, mas

nunca matem, nunca sejam o que já foram, assim, a cada segundo que

evoluírem, eu evoluirei também, como se fosse uma recompensa para mim,

evoluindo dentro do meu eu, que é Deus. Façam tudo para evoluírem dentro da

caridade, da paz, da humildade, do amor e, então, estarão me agradecendo.

Em seguida, nós lhe prometemos que faríamos tudo aquilo, e Fritz

nos deixou e foi com a mesma luz que apareceu a primeira vez; nós ali ficamos

agradecidos e com muita vontade de agradecer ao Fritz por ter nos ajudado e

seguir a caridade, a humildade e a paz.

Eu e a minha mulher ali, numa imensa e linda cachoeira formada por

lindas pequenas cachoeiras, tomamos um bom banho e nos raios quentes do

sol ficamos por algum tempo, comendo frutas e nunca mais comemos carne.

Fizemos amor e agora bem melhor do que antes. Era o amor

verdadeiro, que vou aqui descrever porque vocês não o conhecem,

infelizmente, com tão primitiva mente.

O amor que ela tinha por mim era o mesmo que eu tinha por ela; não

havia naquele planeta ninguém a não ser nós dois e um imenso número de

animais e tudo o mais daquela evoluída e evoluível natureza.

Nós fazíamos quase tudo um para o outro e vivíamos a todo

momento um para o outro, não só o momento, mas todo o tempo, assim como

é grande o firmamento desse nosso amor um pelo outro no íntimo do puro que

é este sentimento, o amor.

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Saindo dali, do banho, fomos andar por entre as árvores imensas e

com muitas frutas e flores. Era uma mata que não acabava nunca, mas tinha

clareiras com areia branca que continha sal e ali não nascia nada. Então, o sol

ali bailava os seus raios quentes, onde nós sentávamos sorrindo e realmente

felizes, sentávamos um de frente para o outro com olhares puros e que diziam

tudo sem que disséssemos uma só palavra ao outro. Comendo pequenas

frutas, ali ficávamos até os raios do sol irem dormir e o vento chegar a nós para

nos refrescar e também para dormirmos tranquilos sem hora para acordar.

Nós acordamos com os mesmos raios quentes do sol, que devagar

iam aumentando a sua temperatura. Eu e minha mulher sentimos o que era a

paz.

Começamos a nos preocupar como faríamos nossas vidas segundo

Fritz. Saímos dali e fomos conhecer o resto do imenso planeta onde

estávamos, não encontramos nada que pudéssemos fazer para agradecer a

Fritz. Então, naturalmente, com nossas evoluídas mentes, começamos a sentir

emoções puras e límpidas quanto ao jeito de nos amar.

Nós nos amamos da forma mais bonita que existia naqueles dias...

Eu e Mara, (esse era o nome dela) nos olhávamos com tanta pureza e amor

que ao menor toque de nossas mãos acontecia quase tudo; nós estávamos

tendo uma relação sexual, sem que nossos sexos se unissem, mas apenas

nossas mentes, através de nossos olhares.

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Mara me olhava e me amava, eu a olhava amando-a mais ainda e

vice-versa. Mara e eu atingíamos o orgasmo através de pequenos toques no

rosto, na boca e nos olhando um ao outro, beijávamos com tanto amor que era

como se já tivéssemos tido muitas relações sexuais naquele mesmo instante,

sem isso ter acontecido, na realidade, aconteceu no dia seguinte: amor,

pureza, intensidade dos dois lados, isto é, eu a amava e ela amava-me muito

mais e vice-versa.

Enfim, era o amor puro, puro amor límpido, porque não tínhamos

mais nada de sujo entre a gente. Então, sempre que nos amávamos, era

assim: um olhando para o outro, dizendo e fazendo tudo sem falar sequer uma

palavra e sem unir o sexo. Tínhamos uma pura e límpida relação sexual,

amorosa, amiga, fiel e gostosa, isso sem olhar o sentido dessa palavra como

atualmente. Sim, porque a palavra gostosa, aqui nesta terra que é tudo ruim,

torna-se vulgar a partir do momento em que ela diz, ou melhor, representa

prazer carnal, isto é, prazer sentido pelo homem fisicamente.

Tínhamos evoluído mais uma vez. Andando, passeando naqueles

campos verdes de gramíneas como se fossem (para que entendam) um

imenso, infinito campo de futebol, onde os jogadores eram somente Mara e eu,

com a torcida de flores, pássaros, animais, todos mansos e nossos, e nós

também pertencíamos a eles. Isso tudo pertencia àquele planeta e ao seu

criador, o único criador de todo o universo. Este Deus e pai de nosso senhor

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Jesus Cristo todo poderoso, bondoso, sábio, misericordioso, justo, enfim,

espírito de Deus.

Andando por essa vastidão de lindas, límpidas e incomparáveis

coisas neste planeta, nós íamos devagar, conversando e amando-nos, sem

nos preocupar com nada, porque não tínhamos com o que nos preocupar, a

não ser em amar e amar para sempre.

Os pássaros cantavam e nós sentíamos, com todo aquele clima, a

pura paz de espíritos evoluídos, amando-nos assim. Nós nos conhecíamos tão

bem que éramos uma só carne, Mara e eu. Tínhamos vivido o mais alto grau

de pureza no amor, amor este que nós conseguíamos unir a sujeira do sexo

depravado com aquele que o limpou com o amor puro e límpido. Mara e eu

éramos o casal único do planeta, essa também é a maior razão disso tudo.

O sol de manhã fazia com que o orvalho das flores pingassem até

chegar ao chão; os beija-flores andavam em bando, beijando todas as flores.

Eles voam de um modo que só estes possuem, indo até uma certa distância

afastada das flores e voltando, beijando as que estavam do lado e assim até

que um desses beija-flores pousou na coroa de orquídeas que eu fiz para Mara

e ali ficou.

Era tudo natural e puro, não havia nada a não ser a terra, e mesmo

assim, é a mais rica em remédios para os que nela adoecem atualmente. Foi

escurecendo e o sol, já dormindo, trazia com seu sono o vento, para que todos

sentíssemos o mesmo sono e, na hora de dormir, orássemos e

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agradecêssemos a Deus, nós dormiríamos ali mesmo, junto com as flores,

animais e pássaros.

Acordando-me, olhei para ela e vi como era bonita, linda, pura e

meiga, mesmo dormindo. Então, veio o beija-flor e, pousando nas flores que

estavam na cabeça de Mara, as beijou. Eu vi aquilo e chorei; foi a primeira vez

que chorei.

Então, eu a beijei como se fosse eu o beija-flor e ela as flores; ela

acordou e, olhando-me, perguntou:

– Mário, o que foi com seus olhos?

– São lágrimas de felicidade, eu nunca tinha me sentido tão feliz

assim, até o momento em que vi o beija-flor fazendo isso em você, enquanto

você dormia; eu vi tanta pureza, tanta paz, tanta coisa límpida nesse quadro

real que chorei, mas chorei por ter dado continuidade, no momento que as

lágrimas caíram, à pureza que vivemos e viveremos neste imenso amor e

neste planeta que estamos. Isto aqui é tudo que um homem-poeta deseja viver,

por isso meus olhos estão assim.

Mara também chora ao ouvir essas palavras, e então nos beijamos e

mais uma vez nós tínhamos evoluído no puro amor. Estávamos ali até que veio

uma luz forte e junto com ela estava Fritz. Ao vermos que era o mensageiro de

Deus, aquela pequena criatura que nos ajudou, saímos correndo em sua

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direção, até chegarmos perto dele e ajoelharmos para lhe agradecer, mas

quando estávamos ali de joelhos, diante dele, ele nos disse:

– Levantem, já me agradeceram fazendo o que eu mais queria que

fizessem, se tornaram puros. Mário e Mara, vocês estão prontos, estão puros,

vocês evoluíram ao máximo, no amor, na paz, na caridade, na humildade.

Vocês evoluíram e agora, puros, vão também lutar. Como disse antes, vocês

estão prontos para vencer o que vocês não conhecem e que eles também não

conhecem. Eles são os homens-progresso, vocês são o amor-puro, vocês são

puros e límpidos e claros diante de Deus e pai de nosso Senhor Jesus Cristo,

vocês são o casal que escolhi para lutar contra os homens-progresso.

Mara e eu, com grande admiração por Fritz, perguntamos:

– O que são homens-progresso?

Vou tentar lhes explicar o que são homens-progresso, comparando

ou por parábolas, mostrando que eles fazem, fizeram e farão coisas até mesmo

para sua autodestruição. Escutem com os ouvidos e pensamentos. Com o

raciocínio evoluído que vocês têm, compreenderão tão facilmente que, logo

após o que vou aqui lhes falar, irão, por vontade própria, me pedir para que eu

os leve até esses homens-progresso, para lutarem contra eles.

O homem-progresso não conhece nada do que vocês possuem. O

homem-progresso é o que não existe aqui, ele é de um mundo inferior e vocês

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de um mundo superior, que, por vontade divina, existe. O mundo do homem-

-progresso começou igual ao de vocês, mas o homem-progresso não

conseguiu, por ser fraco, atingir o nível de pureza que vocês atingiram, ele

fraquejou e está até hoje pagando por isso, isto é, pelas suas fraquezas. O

homem-progresso, por ter sido fraco e ter sentido maior prazer nas coisas

terrenas, vive, atualmente, em busca desses prazeres. Eles destroem tudo em

busca dos prazeres terrenos e nunca conseguem o que necessitam, por não

saberem o que é, mas vocês sabem que é a paz de espírito; eles sempre estão

insatisfeitos e ansiosos por uma coisa que querem, que perderam na sua

formação e não sabem mais o que é e como conseguir.

Então, o homem-progresso luta por um ideal que não conhece mas

está em suas raízes, ele só conseguirá atingir esse ideal descobrindo e

conhecendo o puro amor; o amor límpido que são vocês dois, mas vocês ainda

precisam saber o que vou aqui lhes dizer.

O homem-progresso está destruindo tudo de bom que ainda lhe

resta. Como diz seu próprio nome – o homem-progresso – ele é carnal, ele é

tecnologia usada para o mal. Como disse antes, busca sempre mais prazer que

a satisfação. Ele destrói, cada vez mais, a ele próprio.

O homem-progresso inventou o avião com a intenção de fazer

coisas maravilhosas, por exemplo, transportar pessoas sem dificuldade

alguma, conhecer o mundo em que vive, estudar junto com os outros suas

dificuldades e ser solidário em seus problemas. O avião ajudaria nas

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plantações de alimentos, nas facilidades em transportar matérias-primas para o

vestuário; mas não conseguiram totalmente. Mesmo atualmente, por ser

homem-progresso, ele usou e usa o avião para a sua própria destruição. .

O homem-progresso, devagar, vai deixando a pureza, que é o

objetivo natural, cuidando de si somente, ficando cada vez mais ganancioso e

egoísta e destruindo a natureza, modificando o que deveria acontecer sem que

ele intervisse. Quando a morte do homem-progresso chegar, tarde será,

porque depois da morte não poderá mais voltar e consertar o que fez de

errado, só poderá ajudar-se voltando com uma nova personalidade. Porém,

nunca mais voltará com nova personalidade, porque, isso acontecendo, ele já

estará fora dessa – vamos dizer assim – guerra consigo mesmo, ele terá

descoberto o que perdeu, mas que todo o tempo andou com ele, em suas

raízes.

Ele terá em suas mãos, mais uma vez, a flor, só que, dessa vez,

sem espinhos, e, então, estará puro, límpido e cheio de paz espiritual. Crescerá

dentro do verdadeiro caminho, elevando-se a si próprio, sem pisar, sem

destruir o outro, como aconteceu no início. Aí sim, ele será um de vocês e

nunca mais um homem--progresso.

O avião é usado pelos homens-progresso para suas guerras, que

sabem eles, não levarão a nada, assim como aconteceram duas grandes

guerras mundiais e, no entanto, não resolveram nada. Mas o homem-

progresso, como já disse, não sabe o por que disso tudo. É realmente um

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círculo vicioso: procura de prazer – conquista desse prazer – insatisfação –

ganância – destruição – procura novamente de prazer. O homem-progresso

luta pelo que ficou enraizado na sua formação, que é a paz.

O homem-progresso procura algo que não conhece mais, porém,

que já conheceu, mas, por ser fraco, afastou-se e agora sofre po ter ficado

estranho. .

Na fabricação de um avião é usada desde a matéria-prima até a

mais sofisticada aparelhagem eletrônica que é capaz até mesmo de conduzir-

se sem que o piloto faça nada, mas o homem-progresso não consegue

construir um avião assim tão perfeito, que não corra perigo algum, porque não

conhece a confiança em Deus, que permite e já permitiu que isso aconteça.

O homem-progresso, no início da construção de um avião, já não

consegue fazer isso como deveria, porque trabalha com horas marcadas para,

no final de tantas horas, receber um dinheiro que é o pagamento pelo seu

trabalho. Aqui, começa a ganância. Ele estuda, forma-se em algo mais

sofisticado, não para o seu trabalho, mas para que possa ganhar mais dinheiro

e assim se satisfazer nos prazeres terrenos, sendo que um dos que eles mais

gostam é o de pisar no outro. Mas o homem-progresso não faz o certo, pelo

prazer de participar de algo que constrói e que depois de pronto é a perfeição

de seu trabalho, o resultado, a compensação de ter criado alguma coisa

perfeita. Esse deveria ser o seu pagamento, mas não é.

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O homem-progresso, quando consegue bastante dinheiro, a primeira

coisa em que pensa é comprar coisas luxuosas, mansões, carros, roupas

sofisticadas, que só servem para inferiorizar, competir com o outro, pisando no

orgulho do outro. Isso é consequência por ter sido pisado anteriormente e,

agora rico, com o poder, o homem-progresso pisa no outro, atingindo assim o

orgulho criado pela fraqueza, que vai alastrando-se até que, tudo que ele faz e

trabalha é em função de ser rico e pisar – vamos dizer assim – na lama em que

ele próprio fez e, não conseguindo mais secá-la, continua, passo a passo, se

atolando, se sujando, até não mais conseguir sair, fica atolado até a cabeça e

fica se mexendo, tentando salvar-se, mas, sendo tarde, não consegue, p e

junto com ela o homem-progresso. O homem-progresso é único materialista

portanto, ouçam esse relatório que já estou a algum tempo falando.

O homem-progresso mata uma pomba branca voando em um céu

límpido e azul. Olhando para o céu, o homem-progresso procura a paz (o

desconhecido para ele) e vê um céu límpido com arco-íris e uma pequena

pombinha branca, quando começa a sentir o que estava vendo, pega uma

espingarda e com um tiro certeiro ele derruba a pombinha que já não é mais

branca e sim vermelha de sangue. Corre, pega, grita: "Matei, olhem só, viram

que tombo bonito?" E a multidão toda curiosa vai até ele elogiá-lo pelo bonito e

certeiro tiro, até que uma criança entra em meio a multidão e, correndo, com

rapidez pega a pequenina pomba sangrando e, carregando-a com cuidado,

para mais adiante, chorando, olha para trás e diz aquela que para ele era uma

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infeliz, odiada pela multidão, o seguinte: "Eu vi tudo, esse homem, a quem dão

glórias, que fez essa pequenina cair, eu o vi procurando sem nada nas mãos,

ele não estava caçando e sim procurando lá em cima a paz, que infelizmente

não conhece. Esse homem, não conseguiu ficar com o que sentiu naquilo que

viu no voar dessa pequenina para que mais tarde nos ensinasse, não, ele não

quis sentir o desconhecido: a paz. Ele pegou a espingarda e matou a

pequenina pomba que conseguiu mostrar a ele a verdadeira paz, e logo, para

não ter que ouvir os outros chamando-o de mentiroso, correu, gritou e vocês,

todos iguais a ele, vieram e gostaram, porque, infelizmente, para vocês, é mais

fácil ter as glórias terrenas do que ter a verdadeira glória e a de única

importância para o homem-progresso, que é a paz."

A criança o tempo todo chorava e dizia tantas coisas que para o

homem-progresso não têm importância alguma que eles pensaram que a

criança era louca, então a internaram em um hospício, do qual ela saiu e até

hoje repete as mesmas coisas. Ele já está adulto, com novas ideias, muito

evoluídas, escreve livros e, por causa do que viu, é inspirado em seus livros a

falar, a ajudar o homem-progresso, mas, infelizmente, é também um homem-

progresso.

O homem-progresso é único materialistapor ser fraco, ele erra,

escolhendo as coisas fáceis da vida, os prazeres terrenos e, por isso, é o

homem-progresso materialista único. O homem-progresso é tão sujo, tão

mesquinho, que quando acontece o que acabei de contar, quanto a pombinha

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branca, acontece a outro homem-progresso um assassinato. Ouçam a história

de um assassinato que aqui vou falar.

Um homem-progresso, justamente por ser o que é, pega uma arma

e mata outro e se esconde em um velho sobrado. A polícia vai na captura do

assassino e começa toda a história ao som de uma sirene em vários carros,

que, cheios de luzes e motores potentes, carregam guardas, policiais, cães

treinados para matar, assim como os que os treinam, porque só sabem matar.

Então, chega essa polícia toda equipada e cercam a casa onde dentro está o

assassino mas nenhum ali quis saber o porque de ele se fazer assassino. Por

isso, ele deve pagar com a morte e não a chance de se reabilitar, ou melhor,

sem a chance de ficar em uma escola de recuperação pagando pelo que fez e

aprendendo coisas que não conhecia, por exemplo, o amor, a leitura que

ensina, transformando assassinos em verdadeiros juízes ou sábios juízes, por

ter sido uma vez assassino e por ter sido julgado. Mas não há nada disso,

porque, no momento em que ele matou e se escondeu da polícia, esta que só

sabe destruir e condenar à prisão podre, onde ficam por algum tempo

tornando-se mais e mais assassinos, até morrerem pelas mãos dos policiais.

O que acontece é que esse acuado assassino, marcado pelo berço

de onde veio, começa a se arrepender, mas quando pensa em se render,

entregar- -se à polícia (maldita), já levou tantos tiros que está irreconhecível.

Quando os carros-patrulhas da polícia cercam a casa, a multidão, o povão se

concentra todo ali, para ver e até mesmo julgar e querer matar o acuado

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assassino, já condenado até mesmo pela sua consciência, que o convenceu e

o fez se arrepender, mas a aglomeração ali perto gosta de tudo, todos ali perto

estão cheios de pecado e, temendo algo, vão lá, e – olhem só – vender, sim,

vão lá e fazem barraquinhas em torno da aglomeração e vendem sanduíches,

vendem refrigerantes. Como há milhares de anos um assassinato é ainda, para

o homem-progresso, meio de diversão, o assassino matou, sim, mas o que foi

que ele matou para ter que, sem chance alguma, pagar com a morte o crime

que fez?

Ninguém ao menos quis saber o que foi que ele matou e por que

teria cometido tal crime, mas preocuparam-se em chamar a polícia (corrupta)

para que, com isso, os que provocaram aquilo tudo pudessem lucrar algum

dinheiro com barraquinhas de lanches, com publicidade através da venda de

um número maior de jornais, na audiência maior em programas especiais de

televisão e assim vai crescendo uma corrente de homens-progresso que ficam

ricos às custas de um, que pode nunca ter ninguém. O homem-progresso é tão

inferior, tão injusto e tão mesquinho que digo a vocês isso tudo para não

amolecerem em sua missão, que é a de mostrar ao homem-progresso o que

eles procuram tanto, a paz, mas não a conhecem por terem sido fracos. Porém,

vocês dois, como eu disse, estão prontos, estão puros para lutarem contra o

homem-progresso.

Chegou a hora de começarem a missão de vocês dois, a qual vocês

já sabem como devem proceder, mas não se esqueçam: são vocês dois os

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únicos puros e com poderes superiores aos do resto do mundo, ajam segundo

suas forças interiores, a limpidez no amor puro e no que é divino, a paz, o

amor, a caridade, a humildade, enfim, vocês são desse mundo superior e

nunca serão por vontade de Deus de outros mundos. Vocês sabem e sentem

isso, vão, meus filhos... Estão prontos, vão, e quando voltarem gloriosos, eu

aparecerei assim que pressintam a minha aparição.

E novamente uma forte luz aparece quase nos cegando, e junto com

ela se foi Fritz, mais uma vez. Olhei em torno e não mais vi a presença também

de Mara. Então, com minha evoluída mente, logo percebi que ela já tinha

partido, conforme Fritz tinha pedido que fôssemos lutar contra o homem-

progresso. Então, fechei os olhos e concentrando-me naquele mundo inferior

do homem-progresso eu gritei para Mara, e orientando-me pelo grito, nós

estávamos juntos no inferior mundo do homem-progresso.

Com roupas mendigas, em meio a uma grande metrópole, uma

imensa floresta de concreto, onde as flores eram luzes artificiais e os frutos,

garrafas, sacos de lixo e carniça... Nós estávamos lá, os dois seres superiores

com a missão de mostrar ao mundo do homem-progresso, que era inferior por

não ter sido forte igual a nós dois. Fraquejaram preferindo os prazeres

terrenos, tornando-se, assim, estranhos. Com o afastamento, por fraqueza

esqueceram o que conheceram, apegaram-se aos prazeres terrenos e

procuraram através deles atingir algo que eles não conhecem e que nós dois

vamos mostrar a eles, e aqueles que não matarem as nossas pombinhas

24

brancas e gostarem realmente do que irão sentir, então estes terão deixado de

ser o homem-progresso.

Passarão a conhecer novamente a flor, só que, dessa vez, sem

espinhos. "E como mostrar o que somos, que é o que eles precisam?"

Perguntou Mara. Eu respondi: "Ora! Vamos usar a humildade, a caridade, o

amor, a paz, enfim, tudo o que Fritz nos ensinou através de palavras e

testemunhos".

.

Sentados ali, em meio ao lixo, em uma rua estreita onde não havia

luz e chovia, as gotas d'água muito frias caíam na asa do meu chapéu de couro

e escorriam pelo meu nariz até a boca roxa de frio. Eu me ajuntava a Mara e

ela sorrindo olhou para mim e disse: "Quando há o amor puro como o nosso,

nada disso o muda; eu e você somos uma só carne e um só espírito, e com

isso, vamos ajudá-los, sim, aqueles que causaram tanta sujeira aqui nessa

estreita e escura rua. Está vendo, Mário, estes prédios imensos em torno?

Olhe, pois lá estão os homens-progresso, lá dentro, cheios de imundices que

não parecem iguais as que estão aqui, mas, que existem realmente lá dentro,

em quartos, salas, diversas salas de jogos, diversos quartos de prazeres, lá

estão eles e amanhã, Mário, nós vamos espalhar entre eles os seguintes

poemas e conselhos que vamos juntos esta noite mesmo escrever. Mara me

perguntou:

25

– Você não se esqueceu de algo, não?

– Venha; está vendo aqueles velhos caixotes?

– Sim, estou vendo.

– Então, vamos lá.

E fizemos um abrigo, com uma caixa servindo de mesa.

Começamos a escrever em papéis que foram algum tempo atrás usados como

guardanapos que, da forma que foram usados (só por etiqueta), estavam

perfeitos para o que queríamos. E com lápis, também quase perfeitos achados

no lixo (resultado de tanta fortuna e egoísmo), começamos a escrever mais ou

menos assim: "Quero sair por aí, gritar do alto da montanha, chorar para que

os pássaros fiquem aqui, para então eu poder cantar junto com eles e junto

com eles aprender; não aprender a voar, mas aprender a viver ou pelo menos

aprender a ver e a enxergar quanta pureza há em seu modo de vida, e assim

eu poderei sentir, talvez, o que acontece em seu imenso universo, que por nós

é visto tão distante que quase não enxergamos.

Eu queria ver, mas o homem-progresso não deixa que eu enxergue,

ele me sufoca, assim como a um pássaro em uma gaiola, louco para poder

voar e quem sabe até ele não estaria preso em sua gaiola, louco para ajudar

aquele que o prendeu, preso ali, comendo todo dia alpiste e pensando? Será

que o homem- -progresso não gosta dos pássaros? Por que será que eles

nos trancam nestas gaiolas de ouro? Será que o homem-progresso não

conhece o que é liberdade, sem maldade, com amor, solidariedade? É... acho

26

que não sabe nem mesmo porque ele prendeu a gente. Bom, eu estou preso e

ainda posso cantar, e ele, coitado, não sabe nem assobiar; se ao menos o

homem-progresso pudesse sair da gaiola que o prende, então nós, os

pássaros, estaríamos livres e prontos para ajudá-los.

O homem-progresso não só me sufoca, mas também sufoca a si

mesmo. Eu queria ser como aquela pombinha branca voando em céu límpido

com raios de sol bailando em suas alvas e límpidas penas, perto de um arco-

íris, quando foi de repente morta pela mão do homem-progresso... Eu estaria

morto, mas satisfeito por ter sentido o que ela sentiu, não me refiro ao tiro e

nem à morte, e sim pelo que ela sentia quando voava antes de cair. O que está

sentindo neste momento, em outra vida, vida que desconheço, mas não sei

porque insisto, uma vida sem nada disso que vejo aqui nessa rua estreita,

podre de tanto lixo. Eu tenho a certeza de que se eu fosse para onde a

pombinha se encontra neste momento e voltasse aqui no meu mundo homem-

progresso, tenho certeza, não reclamaria e lastimaria essa pobreza, mas com

humildade ajudaria a limpar toda essa sujeira que aqui encontraria.

Eu e Mara, acabando de escrever, começamos, já com o nascer de

um novo dia, a trabalhar naquela podridão. Carregamos tudo o que não tinha

mais proveito, mas somente o que não tinha mais proveito mesmo, juntando

tudo em um latão que tinha tantos furos de tão velho que serviria exatamente

para o que queríamos.

27

Bom, jogamos o lixo dos lixos dentro do velho latão, tampando-o, e

logo após, pondo fogo naquela sujeira que, infelizmente, não tinha mais

proveito. Tiramos tudo que era sujeira do meio daquela rua, e lavando tudo,

pedra por pedra, íamos chamando a atenção de alguns que por ali passavam.

Pegamos as caixas pequenas e nelas plantamos flores, nos caixotes

de madeira construímos uma escada enorme, fazendo uma espécie de

arquibancada, encostando nas velhas e esquecidas costas dos imensos

prédios. A rua estreita estava límpida, cheirosa e com lugares também limpos

para que quem morasse naqueles imensos prédios, também pudesse sentar-se

e, com raios de sol pela manhã, ler o que estava escrito nos guardanapos

pregados nas arquibancadas aquecidos pela luz do sol e pela luz divina, após

tanta farra e bagunça em suas salas e quartos de seus bordéis. À medida que

foram lendo, iam se lembrando dos papéis espalhados entre eles, os homens-

progresso.

Mara e eu continuamos a escrever sobre o que eles precisavam

saber, mas dessa vez de maneira diferente, por exemplo, como sempre tem

alguma coisa para se escrever e o importante é transmitir realmente o que há

na mente de quem escreve.

Quando não há fins lucrativos na escritura, este que escreve sabe

do que falo... Então, há aqui o que se chama sagrada escritura... Por que? Ora,

porque quem sente e escreve sem pensar, sem dificuldade, esse escreve

inspirado por forças superiores, que sem saber que isso acontece, escreve. A

28

prova é que às vezes ele escreve coisas que nem o próprio não entende,

porque está além de sua compreensão, mas escreve por ter bom coração, sem

nunca saber disso.

Sou um homem fraco, estranho e viciado nos prazeres terrenos, por

isso escrevo esse livro para ajudar aqueles que são iguais a mim. Vivo um

personagem no qual inspiro-me para escrever coisas boas, límpidas....

Límpidas, essa palavra é a que mais uso neste livro porque é a coisa que mais

procuro: limpeza de espírito, paz de espírito e paz comigo mesmo.

O fogo é como aquilo que está dentro de meu ego, por isso, queimo

tudo o que de bom aparece em meu pensamento, mas com a ajuda da minha

força interior, com a qual nasci, eu, Mário, escrevo o que de bom há em mim,

por exemplo:

A depressão é puramente um freio para os prazeres da vida.

xxx

Entrei numa luta interna e estou vencendo sempre e vou vencer

sempre, porque busco a Deus principalmente nessas horas que parecem

impossíveis.

xxx

O som de uma música fala em emoções que buscam, no fundo da

alma, algo bom; às vezes busca também felicidade.

xxx

29

Vamos viajar do nada até o tudo, levando na bagagem muita

coragem.

xxx

O belo é lutar, sempre buscando em nossa energia consciente o

nosso Deus.

xxx

Quero lhe falar: luta interna não tem fim. Somente desistindo pensa-

se que acaba, mas não, a luta começa para o outro lado, o lado esquerdo, que

é o pior.

xxx

A força mal canalizada é prejudicial.

xxx

Força canalizada para o bem não acaba jamais.

xxx

Força negativa destrói quem a tem e todos possui esse contato ruim.

xxx

Somos filhos de Deus quando sentimo-nos bem em construir o bem.

xxx

Uma criança de três anos é a própria sinceridade.

xxx

Viajar na paz da mente é muito bom, é ótimo.

30

xxx

Ama tudo em você no sentido benéfico.

xxx

Começar vida nova é bom, mas persistir na vida nova por anos a fio

é ótimo.

xxx

A persistência para ficar sem bebida é sempre evitar o primeiro gole.

xxx

Praticar esporte deve ser um vício onde a droga é produzida pelo

próprio organismo: a droga do bem-estar.

xxx

A droga do sucesso não custa muito caro: basta trabalhar

honestamente todos os dias amparado em Deus.

Não há insônia que resista após um dia de trabalho feliz e honesto.

xxx

A água pura adapta-se em qualquer forma de recipiente e a água é

boa e saudável. Assim deve ser o homem que, em qualquer problema ou

situação, está pronto para tudo.

xxx

Acordar para um novo dia com inspiração de pegar trem para

felicidade é ótimo. Agora, até chegar na estação, antes de entrarmos no trem, é

31

preciso saber ouvir, saber refletir, saber ajudar, saber perdoar, saber relevar

muitas palavras ditas por pessoas que na verdade estão precisando muito de

ajuda espiritual, por isso ofendem os outros. É sempre preciso ajudar com boas

e amigas palavras.

A palavra é uma poderosa arma de construção e também de

destruição. Devemos ter cuidado e responsabilidade e sabermos expressar

somente boas, positivas, amigas e amáveis palavras ao próximo.

xxx

O amor existe entre os seres humanos dotados de espíritos puros e

sinceros. Do contrário, não há amor.

O céu é o pai, a terra é a mãe, os seres sobre a terra, sejam

vegetais ou animais, são filhos da fecundação da chuva da terra.

xxx

A mente é o espírito;

O espírito, o coração;

O coração, a alma;

A alma, a vida;

A vida, Deus.

xxx

32

Manter a mente limpa é o meu lema e objetivo.

xxx

Pensar em coisas que tragam a paz e a calma também é ótimo.

xxx

Desprender-se do baixo astral é ótimo.

xxx

Vamos nos purificar deixando de ver nos outros seus defeitos.

xxx

Raiva devemos ter de nós mesmos.

xxx

Não importa o que digam, Deus está vendo tudo!

A honra, às vezes, parece coisa do passado, mas não é, até os

animais irracionais têm honra.

xxx

O amor por um filho não tem medidas, tanto que nós, filhos de Deus,

por mais que agridamos seu corpo stá sempre nos perdoando e se renovando,

perdoando, para que possamos viver com alegria e fartura.

xxx

O ser humano é muito ingrato, atrasado e rebelde, por não seguir o

que é bom para ele mesmo: o ensinamento para uma vida melhor, de plena

alegria e felicidade.

33

Vamos servir a Deus para o nosso único bem, porque Deus não

precisa de nada, nós é que precisamos.

xxx

Viver é uma arte onde ganha o paraíso o melhor artesão.

xxx

Deve-se fazer a arte de viver com virtudes de paciência, bondade,

caridade e amor. O amor é formão, a ferramenta que constrói qualquer

coração, por pior que seja a matéria-prima.

xxx

O coração construído com amor é inabalável na fé em boas coisas

de Deus.

Aquele que destrói o outro está enganando, está destruindo a si

próprio e até às suas próximas gerações.

xxx

Quem constrói nesta vida uma casa de virtudes, terá, no futuro, uma

casa de amor para morar.

xxx

Fazer oração é dizer em primeiro lugar obrigado, é olhar para o sol,

é olhar para lua, é olhar e sentir o vento nas folhas das árvores, é dizer bom-

dia ao primeiro que encontramos, é fechar os olhos e sentir que tudo no nosso

corpo é vivificado por Deus. Oração é unificar-se com tudo isso que é Deus e

34

agradecermos em nosso âmago por estarmos vivos, se com saúde, pela

saúde, se com doença, agradecermos e pedirmos perdão por estarmos

doentes, sim, pois adoecemos porque aquele que nos dá saúde e vida não

está satisfeito com nossa conduta, então, devemos reformar os nossos

espíritos (mudar nossa forma de pensar quanto à lei de Deus), então,

ficaremos felizes e curados. Orar é ação diária e não só aos domingos, porque

Deus ora e trabalha incessantemente.

xxx

Coisas positivas são boas de pensar, praticar, enfim, de viver.

Quando se anda pela rua e aparece na nossa frente uma oportunidade para

sermos úteis, às vezes, desviamos por não querermos nos envolver naquela

situação, aí penso que estamos desviando, talvez, da nossa felicidade, desse

alguém que pode abrir portas para uma vida a qual poderemos, através dessas

portas, sermos outra pessoa totalmente diferente, plena de amor e felicidade.

Eu acho que amigos são sementes pequenas que algumas vezes levam anos

para germinar, crescer e dar frutos, mas quando mais precisamos desses

frutos na caminhada, mais eles saciam as nossas necessidades.

MENDIGO

Eu bati na sua porta três vezes e você me negou ajuda.

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Jesus é o mendigo da parábola da mulher que o esperava para um

banquete.

Essa mulher, preparando o banquete para o filho de Deus, bateu a

porta na cara de três pedintes.

Como Jesus não apareceu, ela foi atrás e lhe perguntou:

– Por que não foi à minha casa?

– Eu bati na sua porta, três vezes.

O mendigo é um ser sofrido de todos os pecados, menos o da

opulência dos sete capitais.

MADRUGADA

Viagens intergalácticas,

Noite de lua e estrelas.

Um gato preto

Andando só pelas ruas.

Meretrizes,

Traficantes,

Drogados,

Ladrões, bandidos, assassinos,

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Bêbados,

Poetas,

"Todos nós somos filhos do céu e da terra."

Carentes de amor,

Carentes de compreensão,

Carentes de calor humano,

Impotentes diante dos vencedores, poderosos na opulência e na

fartura de tantos bens supérfluos e que possuem corações de pedra, com

medo de ficarem iguais aos que são descritos no meio na madrugada.

ADOLESCENTE NA ESCOLA

Ficam presos em portas pesadas e negras feitas de aço puro que

vem uma de encontro com a outra. Nas mentes humanas, a classe média e a

pobre se dividem.

Na realidade, se dividem em opulência e pobreza. Até os "garotos

hambúrgueres" são opulentos e não têm saúde sanguínea, e até os garotos

pobres são fortes na coragem em praticar o mau, porque a sociedade, o

sistema enraizado desde a origem, faz com que sem amor e com maldade eles

sejam o que são. O ser humano atual, principalmente os poderosos, são

inimigos uns dos outros e principalmente do poder superior.

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É revoltante ver o mundo com tanta diferença sócioeconômica,

principalmente entre adolescentes.

ANIMAL

A cólera nos deixa longe do ser evoluído espiritualmente e próximos

do animal. Animal que grita e usa a força bruta para dizer que quer carinho e

afeto. Animal carente e ferido por alguns na vida, e que, por isso, quer

vingança.

Animal com ódio, cólera que faz com que fique cego, assaltando os

bons sentimentos dos outros e se autodestruindo.

xxx

Aquele que quer ajuda deve se humilhar e pedir.

O orgulho corrompe as coisas antes que elas cheguem nas nossas

mãos.

O amor e a paz doam e fazem com que os outros nos deem também

coisas semelhantes.

O amor não se descreve, se semeia na lavoura dos corações que

encontramos pelos caminhos da vida.

A justiça é divina... Amém.

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O SER HUMANO SEM LAR, SEM AMOR

Como começar uma vida sem amor, sem alimento, sem calor no

inverno, sem consciência do certo e do errado, sem um pai e mãe que são o lar

propriamente dito? É triste, mas todos que têm como ajudar, têm também, por

obrigação ao amor – que é a semente que brotará no futuro de quem já teve

uma família, um lar –, dar e receber amor, ajudar a todos sem lar a ter amor.

Adotemos alguém na prática, assim como Deus nos adotou e nos

deu a missão de adotar quem quer que seja nosso irmão, como a um filho

dando algo de nós, porque o mundo não pertence a ninguém.

As coisas todas que pensamos possuir, aqui vão ficar como sempre

ficaram e serão transformadas de século em século.

Somente o amor nos pertence, então, usemos dessa dádiva para

dar tudo que é necessário para constituirmos lares para quem não tem.

Jesus disse: "Vão e não levem moedas nem alforjes, apenas a roupa

do corpo e amor."

ANSIEDADE

A ansiedade é a espera por algo que está dentro de nossos

sentimentos, ela atrapalha o equilíbrio, a harmonia espiritual, por pensarmos e

progredirmos naquilo que queremos conquistar como objetivo.

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A MÁQUINA

A máquina acabou com as conversas entre pais e filhos, o calor

humano e do fogão à lenha assando batata doce e milho verde.

Acabou com estórias da vovó e do vovô, que eram contadas até que

desse sono fôssemos todos dormir cedo e acordar animados para trabalhar e

estudar com amigos, depois brincar, nas ruas de terra batida, brincadeiras que

as máquinas também destruíram, que só as tem quem brincou e conheceu

essas décadas.

O HOMEM-MATÉRIA

Não tem coração, nem amor.

Tem muita ganância,

Seu Deus é o dinheiro,

Seu amor, a solidão,

Seus amigos, os interesses,

Sua família, as cédulas,

Sua caderneta, o talão de cheques,

Seu começo, o trabalho (ganancioso),

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Seu fim, a doença,

Seus filhos, perdidos,

Sua esposa, são várias,

Seu esporte, jogar, jogar,

Seu prazer, beber uísque,

Seu hobby, carros importados,

Seu lar, mansões.

O homem-matéria está, com relação a sentimentos puros, no

deserto do mundo cristão, vendo miragens como essas acima descritas,

sozinho, em um mundo cheio de pessoas à sua volta.

Vamos rezar para que Deus nos auxilie a ajudar pessoas assim,

levando palavras de Cristo, porque, atualmente, o mundo está sedento da água

que mata a nossa sede, o amor.

xxx

A vergonha e a timidez são sentimentos, comportamentos que

prendem e amarram nossas pernas e braços mentais para transpormos

obstáculos e vencermos as resistências que ficam mais fortes quando se é

tímido.

Devemos usar armas mentais e vencermos batalhas e guerras, dia

após dia, para conseguirmos encontrar o que todos nós merecermos:

felicidade.