Upload
others
View
1
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
A VISÃO DOS HORIZONTES ORGANIZACIONAIS COMO ESTRATÉGIA DE
INOVAÇÃO
Maria do Socorro Alves Nunes Actis Pereira
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Engenharia de Produção,
COPPE, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Doutor em Engenharia de
Produção.
Orientador: Marcus Vinicius de Araújo Fonseca
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2018
A VISÃO DOS HORIZONTES ORGANIZACIONAIS COMO ESTRATÉGIA DE
INOVAÇÃO
Maria do Socorro Alves Nunes Actis Pereira
TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ
COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM
CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO.
Examinada por:
________________________________________________
Prof. Marcus Vinicius de Araújo Fonseca, D. Sc.
________________________________________________ Prof. Elton Fernandes, D.Sc.
________________________________________________ Prof. Marcos do Couto Bezerra Cavalcanti, D.Sc.
________________________________________________ Prof. Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas, D.Sc.
________________________________________________ Prof. Thiago Borges Renault, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
FEVEREIRO DE 2018
iii
Pereira, Maria do Socorro Alves Nunes Actis
A visão dos horizontes organizacionais como estratégia
de inovação / Maria do Socorro Alves Nunes Actis Pereira. –
Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2018.
XVI, 179 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Marcus Vinícius de Araújo Fonseca
Tese (doutorado) – UFRJ/COPPE/Programa de
Engenharia de Produção, 2018.
Referências Bibliográficas: p. 122-137
1. Inovação. 2. Horizontes organizacionais. 3. PINTEC
4. Medição da inovação. I. Fonseca, Marcus Vinícius de
Araújo. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE,
Programa de Engenharia de Produção. III. Título.
iv
Dedico este trabalho ao meu esposo,
Pedro Actis Pereira,
companheiro de todos os momentos.
v
AGRADECIMENTOS
Ao querido Prof. Marcus Vinícius de Araújo Fonseca, pela oportunidade,
colaboração e compreensão. Por ter me orientado com maestria e dedicação até a
finalização desta longa jornada.
Ao IBGE, por permitir a realização deste doutorado.
A Gylcilene, minha querida coordenadora, que acreditou no meu potencial, me
incentivou e, por meio do IBGE, me liberou e contribuiu para a concretização de um
sonho.
Aos colegas do IBGE, que torceram e contribuíram para o meu sucesso e,
particularmente, aos que fazem parte da equipe da Pesquisa de Inovação, Alessandro e
Filippe, por serem superprestativos e muito importantes para a realização deste trabalho.
À UFRJ e a seus funcionários, por permitirem a realização desse projeto. A
todos os professores que, durante a realização dos créditos, compartilharam o seu
conhecimento e contribuíram para que eu cumprisse cada etapa no alcance deste
objetivo.
Ao Prof. Henrique Pereira da Fonseca Netto, pelo incentivo na realização de
trabalhos que pudessem agregar conhecimentos relacionados à temática abordada nesta
tese.
Aos Professores Elton Fernandes, Marcos Cavalcanti, Osvaldo Quelhas e Thiago
Renault, por terem aceitado compor a banca desta tese e se dispuseram a oferecer suas
contribuições, pois, certamente, serão muito valiosas.
Às pessoas e empresas que contribuíram com a sua participação nesta pesquisa.
Ao meu marido, Pedro, pelo amor, companheirismo, paciência, compreensão,
apoio junto à família, por tudo.
A minha mãe Elizete, pelo seu amor incondicional. Meu pai, Nunes, pela base de
toda a minha formação. Meu irmão, Lúcio, pelo seu amor, compreensão e compensação
das minhas ausências. E a toda a minha família, pelo amor, mesmo que distante.
A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para o êxito deste
trabalho.
E a Deus, pois sem ele nada disso seria possível.
vi
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)
A VISÃO DOS HORIZONTES ORGANIZACIONAIS COMO ESTRATÉGIA DE
INOVAÇÃO
Maria do Socorro Alves Nunes Actis Pereira
Fevereiro/2018
Orientador: Marcus Vinicius de Araújo Fonseca
Programa: Engenharia de Produção
A carência de informações e indicadores que revelem tendências à inovação e o
baixo desempenho das empresas brasileiras em inovações para o mercado nacional, foram
elementos motivadores para a realização deste estudo, cujo objetivo é propor um modelo
teórico-conceitual, que contribua com a identificação das organizações potencialmente
inovadoras para o mercado, a partir da visão dos horizontes organizacionais como
estratégia de inovação. O modelo teórico-conceitual de Associação das Fronteiras
Organizacionais às Estratégias de Crescimento da empresa (AFOEC), decorrente do
desempenho inovativo, foi desenvolvido e aplicado no levantamento e análise dos dados
obtidos por meio das abordagens: interempresarial – survey realizada sobre 32 empresas
produtoras de bens e serviços para o segmento de petróleo e gás no Brasil; e
intraempresarial - estudo de caso múltiplo realizado em três empresas de atividades
econômicas e porte distintos. Os resultados obtidos mostraram que é válida a utilização do
modelo AFOEC para a identificação das empresas potencialmente inovadoras para o
mercado nacional, em diferentes tipos de organizações. Também foi possível constatar a
contribuição deste modelo para a compreensão das baixas taxas de inovação para o
mercado nacional, alcançadas pelas empresas brasileiras. O modelo proposto vem ao
encontro da necessidade de indicadores relacionados ao futuro (leading) e de instrumentos
que possam contribuir para melhorar o direcionamento de investimentos e políticas
públicas em prol da inovação, principalmente diante da atual conjuntura, de recursos cada
vez mais escassos, de momentos de instabilidade econômica no Brasil e no mundo.
vii
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)
THE VISION OF ORGANIZATIONAL HORIZONS AS AN INNOVATION
STRATEGY
Maria do Socorro Alves Nunes Actis Pereira
February /2018
Advisors: Marcus Vinicius de Araújo Fonseca
Department: Production Engineering
The lack of information and indicators that reveal tendencies to innovation and the
low performance of Brazilian companies in innovations for the national market were
motivating factors for the accomplishment of this study, whose objective is to propose a
theoretical-conceptual model that contributes to the identification of the potentially
innovative organizations for the market, from the perspective of the organizational
horizons as an innovation strategy. The theoretical-conceptual model of Association of
Organizational Boundaries and the Company’s Growth Strategies (AFOEC), derived
from the innovative performance, was developed and applied in the collection and
analysis of data obtained through the following approaches: intercompany - survey
carried out on 32 companies producing goods and services for the oil and gas segment in
Brazil; and intracompany - a multiple case study conducted in three companies with
different economic activities and size. The results showed that the use of the AFOEC
model to identify potentially innovative companies for the national market in different
types of organizations is valid. It was also possible to verify the contribution of this model
to the understanding of the low innovation rates for the national market, achieved by
Brazilian companies. The proposed model meets the need for indicators related to the
future (leading) and instruments that can contribute to improve the direction of
investments and public policies in favor of innovation, especially in the face of the current
situation, increasingly scarce resources, moments of economic instability in Brazil and in
the world.
viii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 OBJETIVOS 8
1.1.1 Objetivo geral 8
1.1.2 Objetivos específicos 8
1.2 A PESQUISA E A DELIMITAÇÃO DO ESTUDO 9
1.3 ESTRUTURA DA TESE 10
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 12
2.1 INOVAÇÃO 12
2.2 PROCESSOS DE INOVAÇÃO 19
2.3 FORMAS DE MENSURAR A INOVAÇÃO 25
2.3.1 Métricas e modelos 25
2.3.2 Critérios utilizados para rankings de inovação entre
empresas
28
2.3.3 Critérios utilizados para rankings de inovação entre países 33
2.4 AS ABORDAGENS DAS PESQUISAS DE INOVAÇÃO NAS
ESTATÍSTICAS OFICIAIS DE ALGUNS PAÍSES
37
2.5 ASPECTOS QUE INTERFEREM NA CAPACIDADE
INOVATIVA DAS ORGANIZAÇÕES
46
2.6 HORIZONTES ORGANIZACIONAIS 51
3 METODOLOGIA 55
3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA 55
3.1.1 Quanto aos fins 55
3.1.2 Quanto aos meios 56
3.2 MODELO TEÓRICO-CONCEITUAL DE ASSOCIAÇÃO DAS
FRONTEIRAS ORGANIZACIONAIS ÀS ESTRATÉGIAS DE
CRESCIMENTO DA EMPRESA (AFOEC)
58
ix
3.2.1 Instrumento para a coleta de dados 62
3.3 ABORDAGEM INTEREMPRESARIAL 64
3.4 ABORDAGEM INTRAEMPRESARIAL 65
3.4.1 Tipo de estudo de caso mais adequado 65
3.4.2 Planejamento do estudo de caso 66
3.4.3 Preparação e coleta 69
3.4.4 Análise dos dados 73
4 RESULTADOS E ANÁLISES 76
4.1 ABORDAGEM INTEREMPRESARIAL 76
4.2 ABORDAGEM INTRAEMPRESARIAL 83
4.2.1 Caso 1 – Empresa 1 83
4.2.2 Caso 2 – Empresa 2 89
4.2.3 Caso 3 – Empresa 3 96
4.2.4 Análise entre os casos 102
5 DISCUSSÃO E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 108
6 CONCLUSÕES 118
REFERÊNCIAS 122
APÊNDICE A – A INOVAÇÃO PARA O MERCADO NACIONAL NO
BRASIL - POR SETOR ECONÔMICO E POR REGIÃO
(ESTATÍSTICAS OFICIAIS)
138
APÊNDICE B – A INOVAÇÃO PARA O MERCADO MUNDIAL NO
BRASIL - POR SETOR ECONÔMICO E POR REGIÃO
(ESTATÍSTICAS OFICIAIS)
145
APÊNDICE C – A INOVAÇÃO PARA O MERCADO NACIONAL NO
BRASIL - CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS
BRASILEIRAS (ESTATÍSTICAS OFICIAIS)
154
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Destruição Criativa de Schumpeter: ciclos de atividades econômicas impulsionados pelas Inovações
13
Figura 2: Tipos de inovação e suas interações 14
Figura 3: Efeito das inovações mantenedora e disruptiva no desempenho do produto 16
Figura 4: Modelo Linear de Inovação ou Science Push 20
Figura 5: As cinco gerações do Processo de Inovação, segundo Rothwell (1994) 21
Figura 6: Modelo de mapa estratégico dos processos de gestão da inovação 22
Figura 7: Modelo para auditoria da prática de inovação 27
Figura 8: Metodologia de avaliação do Ranking Valor Inovação Brasil 33
Figura 9: Composição do Global Innovation Index (GII) 35
Figura 10: Constituição do Global Competitiveness Index (GCI) 35
Figura 11: Estrutura metodológica da pesquisa 56
Figura 12: Modelo teórico-conceitual de Associação das Fronteiras Organizacionais às Estratégias de Crescimento da empresa (AFOEC) decorrente do desempenho inovativo
59
Figura 13: Processo de execução de uma survey 64
Figura 14: Tipos de projetos de estudos de caso 66
Figura 15: Processo de execução do estudo de casos múltiplos 67
Figura 16: Apresentação da pesquisa no software SurveyMonkey 70
Figura 17: Tela contendo a Questão 1 da pesquisa no software SurveyMonkey 71
Figura 18: Tela contendo a Questão 2 da pesquisa no software SurveyMonkey 71
Figura 19: Tela contendo a Questão 3 da pesquisa no software SurveyMonkey 72
Figura 20: Tela contendo a Questão 4 da pesquisa no software SurveyMonkey 72
Figura 21: Tela contendo a Questão 5 da pesquisa no software SurveyMonkey 73
Figura 22: Localização das empresas que responderam à survey 77
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Participação percentual de empresas industriais brasileiras que implementaram inovações, por faixa de pessoal ocupado, ao longo do período de 1998 a 2014, de acordo com a Pesquisa de Inovação - PINTEC.
6
Tabela 2: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Receitas selecionadas pelas empresas que participaram da pesquisa
81
Tabela 3: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Redução de Custos selecionadas pelas empresas que participaram da pesquisa
81
Tabela 4: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Redução de Riscos selecionadas pelas empresas que participaram da pesquisa
82
Tabela 5: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Receitas selecionadas pelos colaboradores da Empresa 1 que participaram da pesquisa
87
Tabela 6: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Redução de Custos selecionadas pelos colaboradores da Empresa 1 que participaram da pesquisa
88
Tabela 7: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Redução de Riscos selecionadas pelos colaboradores da Empresa 1 que participaram da pesquisa
89
Tabela 8: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Receitas selecionadas pelos colaboradores da Empresa 2 que participaram da pesquisa
94
Tabela 9: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Redução de Custos selecionadas pelos colaboradores da Empresa 2 que participaram da pesquisa
94
Tabela 10: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Redução de Riscos selecionadas pelos colaboradores da Empresa 2 que participaram da pesquisa
95
Tabela 11: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Receitas selecionadas pelos colaboradores da Empresa 3 que participaram da pesquisa
100
Tabela 12: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Redução de Custos selecionadas pelos colaboradores da Empresa 3 que participaram da pesquisa
100
Tabela 13: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Redução de Riscos selecionadas pelos colaboradores da Empresa 3 que participaram da pesquisa
101
Tabela 14: Fronteiras correspondentes às principais pretensões da empresa, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
103
Tabela 15: Percentuais individualizados das fronteiras selecionadas na pesquisa 104
Tabela 16: Fontes de receita que refletem os objetivos atuais da empresa, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
105
Tabela 17: Percentuais individualizados das fontes de receita selecionadas na pesquisa 105
Tabela 18: Fontes de redução de custos que refletem os objetivos atuais da empresa, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
106
Tabela 19: Percentuais individualizados das fontes de redução de custos selecionadas na pesquisa
106
Tabela 20: Fontes de redução de riscos que refletem os objetivos atuais da empresa, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
107
Tabela 21: Percentuais individualizados das fontes de redução de riscos selecionadas na pesquisa
107
xii
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Percentual de empresas inovadoras que utilizaram P&D interno e externo 3
Gráfico 2: Percentual de empresas inovadoras que utilizaram P&D, interno (a) e externo (b), em cada setor econômico
4
Gráfico 3: Variação percentual das quantidades de empresas inovadoras, inovadoras para o mercado nacional e inovadoras que receberam o apoio do governo, de cada período em relação ao período anterior
7
Gráfico 4: Percentual de empresas que inovaram para elas mesmas, para o mercado nacional e para o mercado mundial em relação ao total de empresas pesquisadas em cada edição da PINTEC
18
Gráfico 5: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional e mundial em relação ao total de empresas pesquisadas em cada edição da PINTEC
19
Gráfico 6: Posições do Brasil em rankings relacionados à inovação 36
Gráfico 7: Fronteiras correspondentes às principais pretensões das empresas pesquisadas 77
Gráfico 8: Fontes de receita que refletem os objetivos atuais das empresas pesquisadas 78
Gráfico 9: Fontes de economia que refletem os objetivos atuais das empresas pesquisadas 79
Gráfico 10: Fontes de redução de riscos que refletem os objetivos atuais das empresas pesquisadas
79
Gráfico 11: Fronteiras correspondentes às principais pretensões da Empresa 1, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
83
Gráfico 12: Fontes de receita que refletem os objetivos atuais da Empresa 1, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa 84
Gráfico 13: Fontes de economia que refletem os objetivos atuais da Empresa 1, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
85
Gráfico 14: Fontes de redução de riscos que refletem os objetivos atuais da Empresa 1, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
86
Gráfico 15: Fronteiras correspondentes às principais pretensões da Empresa 2, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
90
Gráfico 16: Fontes de receita que refletem os objetivos atuais da Empresa 2, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
91
Gráfico 17: Fontes de economia que refletem os objetivos atuais da Empresa 2, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
92
Gráfico 18: Fontes de redução de riscos que refletem os objetivos atuais da Empresa 2, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
93
Gráfico 19: Fronteiras correspondentes às principais pretensões da Empresa 3, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
96
Gráfico 20: Fontes de receita que refletem os objetivos atuais da Empresa 3, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
97
Gráfico 21: Fontes de economia que refletem os objetivos atuais da Empresa 3, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
98
Gráfico 22: Fontes de redução de riscos que refletem os objetivos atuais da Empresa 3, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
99
xiii
Gráfico 23: Percentual de empresas das indústrias extrativas e de transformação que inovaram em produto para o mercado nacional, distribuído por faixa de pessoal ocupado
139
Gráfico 24: Percentual de empresas de serviços selecionados (intensivos em conhecimento) que inovaram em produto para o mercado nacional, distribuído por faixa de pessoal ocupado
140
Gráfico 25: Percentual de empresas do setor de eletricidade e gás que inovaram em produto para o mercado nacional, distribuído por faixa de pessoal ocupado
140
Gráfico 26: Percentual de empresas das indústrias extrativas e de transformação que inovaram em processo para o mercado nacional, distribuído por faixa de pessoal ocupado
141
Gráfico 27: Percentual de empresas de serviços selecionados (intensivos em conhecimento) que inovaram em processo para o mercado nacional, distribuído por faixa de pessoal ocupado
141
Gráfico 28: Percentual de empresas do setor de eletricidade e gás que inovaram em processo para o mercado nacional, distribuído por faixa de pessoal ocupado
142
Gráfico 29: Percentual de empresas das indústrias extrativas e de transformação que inovaram em produto para o mercado nacional, por região brasileira
143
Gráfico 30: Percentual de empresas das indústrias extrativas e de transformação que inovaram em processo para o mercado nacional, por região brasileira
144
Gráfico 31: Quantidade de empresas que inovaram em produto para o mercado mundial, por faixa de pessoal ocupado e por setor econômico, segundo a PINTEC
145
Gráfico 32: Percentual de empresas que inovaram em produto para o mercado mundial, por faixa de pessoal ocupado e por setor econômico, segundo a PINTEC
146
Gráfico 33: Percentual de empresas que inovaram em processo para o mercado mundial, por faixa de pessoal ocupado e por setor econômico, segundo a PINTEC
147
Gráfico 34: Percentual por atividades, do total de empresas das indústrias extrativas e de transformação que inovaram em produto para o mercado mundial, segundo a PINTEC
148
Gráfico 35: Percentual por atividades, do total de empresas do setor de serviços que inovaram em produto para o mercado mundial, segundo a PINTEC
149
Gráfico 36: Percentual por região brasileira, do total de empresas das indústrias extrativas e de transformação que inovaram em produto para o mercado mundial, segundo a PINTEC
150
Gráfico 37: Percentual por região brasileira, do total de empresas das indústrias extrativas e de transformação que inovaram em processo para o mercado mundial, segundo a PINTEC
151
Gráfico 38: Percentual por atividades, do total de empresas das indústrias extrativas e de transformação que inovaram em processo para o mercado mundial, segundo a PINTEC
152
Gráfico 39: Percentual por atividades, do total de empresas do setor de serviços que inovaram em processo para o mercado mundial, segundo a PINTEC
153
Gráfico 40: Percentual de empresas da indústria de transformação que inovaram em produto para o mercado nacional, em cada atividade, por publicação
155
Gráfico 41: Percentual de empresas do setor de serviços que inovaram em produto para o mercado nacional, em cada atividade, por publicação
156
Gráfico 42: Percentual de dispêndios realizados pelas empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e pelas demais empresas inovadoras (b), total e por atividade inovativa, em relação a receita líquida de vendas das empresas das indústrias extrativas e
158
xiv
de transformação
Gráfico 43: Percentual de dispêndios realizados pelas empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e pelas demais empresas inovadoras (b), total e por atividade inovativa, em relação à receita líquida de vendas das empresas do setor de serviços
158
Gráfico 44: Percentual de dispêndios realizados pelas empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e pelas demais empresas inovadoras (b), total e por atividade inovativa, em relação à receita líquida de vendas das empresas do setor de eletricidade e gás
159
Gráfico 45: Evolução do total de dispêndios empresariais em P&D, em relação ao PIB, realizados por referenciais selecionados (a) e pelas empresas brasileiras (b)
160
Gráfico 46: Evolução do total de dispêndios empresariais em atividades inovativas, exceto P&D interno e externo, em relação à Receita líquida de vendas, realizados pelas empresas brasileiras investigadas pela PINTEC
161
Gráfico 47: Percentual de empresas que receberam apoio do governo, estratificados por grau de novidade, por setor econômico
162
Gráfico 48: Percentual de empresas inovadoras para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), com atividades de P&D interno, contínuas e ocasionais, por setor econômico
163
Gráfico 49: Percentual de pessoas ocupadas nas atividades de P&D interno nas empresas inovadoras para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), por nível de qualificação e por setor econômico
164
Gráfico 50: Percentual de pessoas ocupadas nas atividades de P&D interno nas empresas inovadoras para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), por nível de dedicação e por setor econômico
164
Gráfico 51: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), que utilizam fontes de informação, consideradas como de alta e média importâncias, nas indústrias extrativas e de transformação
165
Gráfico 52: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), que utilizam fontes de informação, consideradas como de alta e média importâncias, no setor de serviços
166
Gráfico 53: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), que utilizam fontes de informação, consideradas como de alta e média importâncias, no setor de eletricidade e gás
167
Gráfico 54: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), com relação de cooperação, considerada como de alta e média importâncias, nas indústrias extrativas e de transformação
168
Gráfico 55: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), com relação de cooperação, considerada como de alta e média importâncias, no setor de serviços
168
Gráfico 56: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), com relação de cooperação, considerada como de alta e média importâncias, no setor de eletricidade e gás
169
Gráfico 57: Percentual de empresas que enfrentaram obstáculos, entre as que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), por publicação da PINTEC e por setor econômico
170
Gráfico 58: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), por tipos de obstáculos enfrentados, considerados como de alta e média importâncias, nas indústrias extrativas e de transformação
171
xv
Gráfico 59: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), por tipos de obstáculos enfrentados, considerados como de alta e média importâncias, no setor de serviços
172
Gráfico 60: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), por tipos de obstáculos enfrentados, considerados como de alta e média importâncias, no setor de eletricidade e gás
173
Gráfico 61: Percentual de empresas com inovação de produto, que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), distribuídas por faixa de contribuição destes produtos no total das vendas internas, por publicação da PINTEC e por setor econômico
174
Gráfico 62: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), por impacto causado, considerados como de alta e média importâncias, nas indústrias extrativas e de transformação
175
Gráfico 63: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), por impacto causado, considerados como de alta e média importâncias, no setor de serviços
176
Gráfico 64: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), por impacto causado, considerados como de alta e média importâncias, no setor de eletricidade e gás
177
xvi
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Tipos de processos de inovação adotados em 72 empresas pesquisadas por Salerno et al.
24
Quadro 2: Evolução das métricas utilizadas para avaliar a inovação – exemplos 26
Quadro 3: Comparação resumida entre diferentes modelos de mensuração da inovação 28
Quadro 4: Variáveis utilizadas em cada nível, para o cálculo do IBI 30
Quadro 5: Critérios de avaliação para cada categoria do Prêmio FINEP 31
Quadro 6: Critérios de avaliação para cada categoria do Prêmio Nacional de Inovação 32
Quadro 7: Os cinco primeiros países classificados nos principais rankings internacionais de inovação
38
Quadro 8: Blocos temáticos das pesquisas de inovação que resultam em estatísticas oficiais nos países selecionados
43
Quadro 9: Fatores característicos da Cultura Organizacional que apoiam a criatividade e a inovação
48
Quadro 10: Competências identificadas por Mark Dodgson, apud Cutler (2008), como necessárias à condução de empresas inovadoras
50
Quadro 11: Fronteiras Organizacionais 52
Quadro 12: Parâmetros para a definição do método mais adequado à pesquisa 58
Quadro 13: Características das empresas selecionadas para o estudo de caso múltiplo 68
Quadro 14: Detalhamento das análises realizadas no estudo de caso 74
1
1 INTRODUÇÃO
Reconhecidos esforços metodológicos e empíricos vêm sendo empreendidos
para a realização de pesquisas econômicas e sociais que objetivam fornecer indicadores
de inovação para subsidiar o direcionamento de incentivos e o estabelecimento de
estratégias no Brasil. A primeira base de dados de indicadores empresariais de
capacitação tecnológica sobre a indústria brasileira foi desenvolvida, a partir de 1992,
pela Associação Nacional de Desenvolvimento das Empresas Industriais (ANPEI),
atualmente denominada Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das
Empresas Inovadoras (SBRAGIA; ANDREASSI, 2002).
A Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE) implementou,
entre 1997 e 1998, a Pesquisa da Atividade Econômica Paulista (PAEP), com a
incorporação do primeiro levantamento sobre inovação realizado no Brasil
(BERNARDES; BESSA; KALUP, 2005). Tal pesquisa só passou a ser colocada em
campo sistematicamente a partir de 2001, com o objetivo de captar a regionalização das
informações econômicas e a dinâmica dos processos de reestruturação produtiva no
interior do Estado de São Paulo (SEADE, 2016).
A partir de 2000, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) iniciou
a série da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (PINTEC), atualmente
denominada Pesquisa de Inovação, para a construção de indicadores nacionais da
atividade de inovação tecnológica nas empresas industriais, em setores econômicos
definidos conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 1.0)
(IBGE, 2013).
A PINTEC tem referência conceitual e metodológica baseada no Manual de
Oslo1 e, mais especificamente, no modelo proposto pelo Statistical Office of the
European Communities (EUROSTAT), consubstanciado nas últimas versões da
Community Innovation Survey (CIS), do qual participaram os países-membros da
Comunidade Europeia.
A Pesquisa de Inovação do IBGE está na sua sexta edição (2014), mas, ao longo
das suas últimas cinco publicações (2000, 2003, 2005, 2008 e 2011), sofreu algumas
1 O Manual de Oslo é parte de uma série de publicações da Organisation for Economic Cooperation and
Development (OECD) dedicada à mensuração e interpretação de dados relacionados à ciência, tecnologia e inovação. Na sua terceira edição (2005), desenvolvida conjuntamente com o Statistical Office of the
European Communities (Eurostat), oferece diretrizes para a coleta e a interpretação de dados sobre inovação de maneira internacionalmente comparável (OECD; EUROSTAT, 2005).
2
modificações estruturais importantes. Em 2005, as empresas produtoras de serviços
considerados intensivos em conhecimento foram incluídas à pesquisa; em 2008, ela
passou a utilizar a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0). Em
2011, as empresas do setor de eletricidade e gás passaram a fazer parte do conjunto de
empresas pesquisadas.
A Sondagem da Inovação é uma pesquisa que vem sendo realizada,
trimestralmente, em empresas industriais com 500 ou mais pessoas ocupadas, desde o
início de 2010 pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), para
acompanhar a evolução da inovação tecnológica na indústria brasileira (ABDI, 2010b;
2014). Tal pesquisa segue as orientações do Manual de Oslo; tem correspondência
metodológica com a PINTEC e com a CIS (EUROPEAN COMMISSION, 2015a); e
também segue os padrões internacionais de coleta e tratamento de dados sobre Pesquisa
e Desenvolvimento (P&D) consolidados no Manual Frascati (OECD, 2002).
Apesar da grande importância dessas pesquisas, estudos revelam que existe
carência de informações estratégicas necessárias para avaliar e compreender o
comportamento de algumas variáveis, que podem impactar no desenvolvimento da
inovação no país (SALAZAR; HOLBROOK, 2004). Segundo o Manual de Oslo
(OECD; EUROSTAT, 2005, p. 157-158):
A mensuração da inovação em países em desenvolvimento deve produzir resultados comparáveis aos obtidos em países desenvolvidos que utilizam o Manual de Oslo, com o intuito de permitir a comparação com uma referência e construir um sistema internacional coerente de indicadores de inovação. Ao mesmo tempo, as pesquisas sobre inovação precisam respeitar e ser capazes de assimilar as características da inovação em países em desenvolvimento. (grifo nosso)
Além disso, na PINTEC, adota-se o modelo proposto pelo EUROSTAT, que
associa à pesquisa de inovação uma pesquisa sobre P&D, o que, segundo o Manual de
Oslo, possui algumas desvantagens (principalmente em países em desenvolvimento),
pois são duas pesquisas com estruturas diferentes, conforme o exemplo apresentado no
referido manual:
[...] a população de inferência para as pesquisas sobre inovação pode cobrir as classificações industriais (e as unidades pequenas) que não estão incluídas em pesquisas sobre P&D. Combinar os dois tipos de pesquisa pode envolver enviar questões sobre P&D para um grande número de instituições que não desenvolvem P&D e que estão incluídas na população de inferência para a pesquisa sobre inovação. Isso aumentaria o custo da pesquisa conjunta. (OECD; EUROSTAT, 2005, p. 142) (grifo nosso)
Na série histórica apresentada no Gráfico 1, são visualizados os percentuais de
3
empresas que se valem de P&D (interno e externo) identificadas como inovadoras nas
publicações da Pesquisa de Inovação (PINTEC). Estes dados corroboram com as
observações feitas pela Organisation for Economic Cooperation and Development
(OECD)2 no Manual de Oslo, pois revelam que um pequeno percentual das empresas
que inovaram realizou atividades de P&D no desenvolvimento da inovação.
Gráfico 1: Percentual de empresas inovadoras que utilizaram P&D interno e externo
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2000 a 2014 (IBGE, 2002, 2005, 2007, 2010, 2013, 2016)
Tendo em vista que o universo de empresas pesquisadas pela PINTEC foi sendo
modificado no decorrer do tempo, no Gráfico 2 é apresentada a distribuição dos
percentuais de utilização de P&D pelas empresas brasileiras inovadoras nos setores
econômicos pesquisados em cada publicação. Por meio do Gráfico 2, é possível
observar que as empresas do setor de serviços começaram a fazer parte da PINTEC a
partir da publicação de 2005 enquanto as do setor de eletricidade e gás, a partir de 2011.
Também é possível perceber um percentual de utilização de P&D maior em serviços do 2 A OECD é um órgão internacional e intergovernamental composto por 34 membros: Alemanha;
Austrália; Áustria; Bélgica; Canadá; Chile; Coreia do Sul; Dinamarca; Eslováquia; Eslovênia; Espanha; Estados Unidos; Estônia; Finlândia; França; Grécia; Hungria; Irlanda; Islândia; Israel; Itália; Japão; Luxemburgo; México; Noruega; Nova Zelândia; Países Baixos; Polônia; Portugal; Reino Unido; República Tcheca; Suécia; Suíça e Turquia. Tem como objetivo auxiliar a resolver os desafios econômicos, sociais e ambientais da globalização da economia e de questões como a sustentabilidade e a inovação (OECD, 2014).
4
que na indústria de transformação. Tal fato ocorre porque a pesquisa do IBGE tem
como universo de investigação os serviços selecionados, denominados, no seu escopo,
como “intensivos em conhecimento”, tais como: telecomunicações, tecnologia da
informação, entre outros.
Biloslavo (2005) destaca que as despesas realizadas em P&D não são suficientes
para garantir o desenvolvimento da inovação, e que existem fatores mais importantes,
tais como: pessoas, processos de gestão de conhecimento, informação, cultura, estrutura
organizacional, tecnologia de comunicação, processo de alocação de ativos e sistemas
de gestão.
(a) Empresas inovadoras com P&D interno (b) Empresas inovadoras com aquisição de P&D externo
Gráfico 2: Percentual de empresas inovadoras que utilizaram P&D, interno (a) e externo (b), em cada setor econômico
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2000 a 2014 (IBGE, 2002, 2005, 2007, 2010, 2013, 2016)
Segundo o órgão oficial de estatística da Finlândia (STATISTICS FINLAND,
2014), a P&D é apenas um componente-chave do processo de inovação, pois este é
conceitualmente muito mais amplo, constituído por uma série de atividades que são
realizadas desde a concepção das ideias até o lançamento da inovação (KICKINGER;
ALMEIDA, 2010). Por esta razão, devem ser consideradas na elaboração de indicadores
e estatísticas para o monitoramento do processo inovativo (MAHROUM; ALSALEH,
2012; MAIRESSE; MOHNEN, 2010).
Para Arundel (2006), o paradoxo de Oslo é evidenciado pelo questionamento:
“Nós vemos surveys de inovação por toda parte, mas onde está o impacto nas políticas
5
de inovação?” Tanto Arundel (2007) como Godin (2002) acreditam que isto ocorre em
razão do fato de que as políticas públicas de inovação, na Europa, apoiam-se largamente
nos propagados indicadores de gastos em P&D (MONCADA-PATERNÒ-CASTELLO;
GRASSANO, 2014).
Desta forma, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA,
2014a, 2014b), é essencial a identificação dos aspectos que podem impactar o
desenvolvimento de inovações nas empresas brasileiras e, consequentemente, na
competitividade do país. Desse modo, obtém-se o direcionamento adequado dos
recursos necessários ao alcance dos resultados desejados, principalmente em tempos de
restrições econômicas, quando eles são mais escassos.
Na Tabela 1, é possível observar a evolução das taxas de inovação das indústrias
brasileiras obtidas a partir dos dados levantados pela PINTEC, no período de 1998 a
2014. Os resultados apresentados nesta tabela revelam o baixo desempenho brasileiro
em inovações de produtos novos para o mercado nacional e de processos novos para o
setor no Brasil (IPEA, 2005; MARKIC, 2006), que são justamente as que contribuem
para a obtenção de diferenciais competitivos e para o crescimento e desenvolvimento de
uma nação (CHRISTENSEN; BEVER, 2014).
Em um estudo comparativo apresentado na última edição da OECD Science,
Technology and Industry Scoreboard (OECD, 2015), o resultado alcançado pelo Brasil
no período de 2009 a 2011 (3,7%) ficou entre os três piores de um total de 34 países
abordados nesta publicação. O Brasil obteve 21,1 pontos percentuais abaixo da Bélgica
que, nesta edição da OECD, foi o país que apresentou a maior taxa de inovação de
produto para o mercado pelas indústrias (24,8%).
Este desempenho insatisfatório é mais incidente nas micro e pequenas empresas
(MPEs), que são aquelas com menos de 100 pessoas ocupadas. Os resultados destas
empresas acabam contribuindo substancialmente para a redução da taxa de inovação de
produtos novos para o mercado nacional e de processos novos para o setor nacional no
que se refere ao país como um todo.
A evolução dos dados apresentados na Tabela 1 demonstra que estes resultados
não se restringem a tempos de instabilidade, pois mesmo em períodos de crescimento
econômico, de estabilidade econômica e política e de incentivos financeiros à inovação
no Brasil (ANPEI, 2009), os resultados obtidos por estas empresas ficaram muito
aquém do desejado. Mesmo para as médias empresas, as taxas de inovação no que
realmente importa – produto novo para o mercado nacional e processo novo para o setor
6
no Brasil – são ainda muito baixas – Tabela 1.
Tabela 1: Participação percentual de empresas industriais brasileiras que implementaram inovações, por faixa de pessoal ocupado, ao longo do período de 1998 a 2014, de acordo com a Pesquisa de Inovação - PINTEC.
Faixa de
Pessoal Ocupado
Taxa de Inovação (%) Produto novo para o mercado
nacional (%) Processo novo para o setor no
Brasil (%) 1998
a 2000
2001 a
2003
2003 a
2005
2006 a
2008
2009 a
2011
2012 a
2014
1998 a
2000
2001 a
2003
2003 a
2005
2006 a
2008
2009 a
2011
2012 a
2014
1998 a
2000
2001 a
2003
2003 a
2005
2006 a
2008
2009 a
2011
2012 a
2014 De 10 a 29
25,3 30,4 28,5 36,9 34,0 31,6 2,2 2,2 2,1 3,3 2,5 2,4 1,2 0,8 0,9 2,0 1,2 1,8
De 30 a 49
33,3 34,2 30,8 35,2 33,1 41,2 4,1 1,6 2,4 3,2 4,0 3,5 1,8 0,5 1,0 1,6 1,2 2,0
De 50 a 99
43,0 34,9 40,6 40,1 38,6 45,4 6,3 2,3 3,7 4,6 4,4 5,4 4,4 0,8 1,2 2,2 3,9 3,3
De 100 a 249
49,3 43,8 55,5 43,0 43,4 50,8 9,0 3,9 6,5 6,4 7,6 8,8 7,2 1,7 3,8 3,1 5,4 6,3
De 250 a 499
56,8 48,0 65,2 48,8 52,3 55,7 10,6 5,8 9,4 9,0 12,5 12,9 9,7 3,4 6,1 4,5 9,0 7,5
Com 500 ou mais
75,6 72,6 79,2 71,9 55,9 65,7 35,1 26,7 33,4 26,9 20,8 24,3 30,7 24,1 27,1 18,1 16,4 16,7
TOTAL 31,5 33,3 33,4 38,1 35,6 36,4 4,1 2,7 3,2 4,1 3,7 3,8 2,8 1,2 1,7 2,3 2,1 2,6
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2000 a 2014 (IBGE, 2002, 2005, 2007, 2010, 2013, 2016)
No Gráfico 3, é possível observar o quanto variaram percentualmente as
quantidades de empresas inovadoras, inovadoras para o mercado nacional e inovadoras
que receberam o apoio do governo, em cada publicação da PINTEC em relação às
quantidades levantadas na publicação anterior. Em 2005, estas quantidades cresceram
17%, 54% e 18%, respectivamente, em relação a 2003, revelando uma resposta
altamente satisfatória ao apoio governamental.
Nos períodos seguintes, o que se observa é exatamente o contrário. Em 2011, o
apoio do governo às empresas inovadoras aumentou 70% em relação ao que era feito
em 2008; no entanto, as empresas inovadoras e inovadoras para o mercado aumentaram,
respectivamente, 11% e 19% apenas.
Por meio dos dados apresentados, é possível perceber que, apesar dos
investimentos que vêm sendo feitos ao longo do tempo em prol da inovação no país, o
número de empresas inovadoras para o mercado que contribuem substancialmente para
7
a competitividade do país, não vem aumentando na mesma proporção neste período.
Gráfico 3: Variação percentual das quantidades de empresas inovadoras, inovadoras para o mercado nacional e inovadoras que receberam o apoio do governo, de cada período em relação
ao período anterior Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2000 a 2014
(IBGE, 2002, 2005, 2007, 2010, 2013, 2016)
Desta forma, é imprescindível a compreensão dos elementos que estão
impossibilitando (ou que poderiam possibilitar) uma correlação positiva entre os valores
investidos e a quantidade de empresas que inovam de forma substantiva – importante
destacar que não se está tratando de mercado global, algo totalmente desejável.
Para Kaplan e Norton (2004), é necessário ter um universo mais amplo de
informações para subsidiar a gestão na tomada de decisão. Por isto, estes autores
defendem, além dos indicadores que fazem referência ao passado (lagging), a existência
de indicadores que revelem a tendência e, por conseguinte, estejam relacionados ao
futuro (leading).
Diante do exposto, como identificar as empresas potencialmente inovadoras para
o mercado, para que as ações e políticas públicas sejam direcionadas em prol da
inovação de forma eficaz? Porque as empresas brasileiras, mesmo com incentivos
governamentais, apresentam baixo desempenho em inovações que fomentam o
8
crescimento, o desenvolvimento e a competitividade nacional? Este entendimento pode
subsidiar a definição de ações que modifiquem a atual realidade!
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
Em função das questões apresentadas, o presente estudo tem por objetivo propor
um modelo teórico-conceitual que visa contribuir para a identificação das organizações
potencialmente inovadoras para o mercado, a partir da visão dos horizontes
organizacionais como estratégia de inovação, de modo a colaborar para a compreensão
das baixas taxas de inovação alcançadas pelas empresas brasileiras, e para a obtenção de
dados que possam subsidiar a definição de ações e políticas públicas em prol da
inovação.
O olhar sobre a visão dos horizontes organizacionais como estratégia de
inovação, a partir da percepção das estratégias de crescimento e objetivos
organizacionais – por parte de empresas e profissionais – quando se pensa em inovar, se
configura como a proposição orientadora para a identificação das organizações
potencialmente inovadoras para o mercado e para o entendimento do “por que somos o
que somos” e “estamos onde estamos”.
1.1.2 Objetivos específicos
A partir da definição do objetivo geral e da proposição que irá direcionar a
pesquisa (YIN, 2015), foram identificados os seguintes objetivos específicos:
• Identificar, sob a perspectiva teórico-conceitual, os aspectos que
influenciam a capacidade inovativa nas empresas;
• Identificar, sob a perspectiva teórico-conceitual, a relação entre os
horizontes organizacionais e a inovação nas empresas;
• Conhecer as métricas, os modelos e os critérios utilizados nacionalmente
e internacionalmente para a medição da inovação;
• Conhecer as estatísticas sobre inovação, produzidas pelos institutos
oficiais de estatística, em países que se destacam como inovadores;
9
• Identificar características das empresas brasileiras inovadoras para o
mercado, a partir dos dados obtidos nas publicações da PINTEC.
1.2 A PESQUISA E A DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Este trabalho foi desenvolvimento por meio de pesquisas classificadas, quanto
aos fins, como exploratória, descritiva e explicativa; e, quanto aos meios, em
bibliográfica, documental, survey e estudo de caso (VERGARA, 2013).
A pesquisa exploratória bibliográfica teve como universo de investigação os
referenciais teóricos levantados para a temática deste trabalho. A exploratória
documental foi direcionada para os manuais e documentos técnicos pertinentes às
pesquisas de inovação nacional e internacionais.
A pesquisa descritiva foi conduzida sobre os dados estatísticos contidos nos
resultados das pesquisas de inovação e a explicativa foi colocada em prática por meio de
survey e estudo de caso.
Segundo Yin (2015, p. 19), o estudo de caso é utilizado para contribuir com o
conhecimento, de forma inigualável, para a compreensão dos fenômenos individuais,
organizacionais, sociais, políticos e de grupo.
Foi escolhido o estudo de caso múltiplo, constituído por três empresas, pois ele
conduz à compreensão ou modificação de temas ou generalizações de forma mais
consistente, pois possui uma base de análise ampliada em razão da utilização de mais de
um caso (STAKE, 2005).
No âmbito das pesquisas exploratória, bibliográfica e documental, o
levantamento dos artigos e trabalhos acadêmicos relevantes para o tema do presente
estudo foi realizado com a utilização do Endnote X7 ®. Este software utiliza a base de
dados Web of Science / Thomson Reuters, com levantamentos compreendidos no
período de 1990 a 2015.
Além disso, foram feitas buscas no Portal de Periódicos da Capes, com o intuito
de consultar artigos em periódicos classificados no Qualis / CAPES como A1, B1, A2 e
B2, na área de avaliação Engenharia III (Engenharia de Produção) e nos sites dos
institutos oficiais de estatística dos países selecionados para esta pesquisa.
No âmbito da pesquisa descritiva, foram utilizados dados provenientes de
tabulações especiais fornecidas pelo IBGE especificamente para este trabalho, visando,
entre outros aspectos, à caracterização do perfil das empresas brasileiras inovadoras
10
para o mercado.
Também foram consultados livros, manuais, normas e documentos técnicos e
metodológicos, nacionais e internacionais, relativos à temática deste trabalho, bem
como os dados estatísticos de todas as publicações da PINTEC (IBGE, 2002, 2005,
2007, 2010, 2013, 2016) e das pesquisas de inovação oficiais de países selecionados.
A seleção dos países escolhidos como referência para esta pesquisa foi feita a
partir da classificação obtida por entidades internacionais: International Institute for
Management Development (IMD); Cornell University, INSEAD e World Intellectual
Property Organization (WIPO); e o World Economic Forum. Tais instituições possuem
critérios para avaliar a inovação e a competitividade em países selecionados, de forma a
estabelecer um ranking entre eles. Nesta seleção, também foram considerados os países
classificados no European Innovation Scoreboards (denominado Innovation Union
Scoreboard, de 2010 a 2015), um painel elaborado pela Comissão Europeia, que
possibilita uma avaliação comparativa do desempenho em pesquisa e inovação nos
países que compõem a União Europeia e de mais alguns selecionados. No decorrer da
pesquisa, também foram incluídos países cuja relevância foi percebida durante a
execução deste trabalho.
A pesquisa survey, definida por Freitas et al. (2000) como o método de pesquisa
apropriado quando há interesse em saber por que algo está acontecendo, foi aplicada em
32 empresas que atuam como produtoras de bens e serviços para atividades de
exploração e produção offshore em águas profundas, no segmento de petróleo e gás no
Brasil.
O estudo de caso foi utilizado com a intenção de verificar se as respostas obtidas
no interior da organização contribuem para a compreensão dos resultados alcançados
com a survey, de forma a reforçar argumentos que permitam a avaliação da proposição
constituinte desta tese. Segundo Yin (2015), o estudo de caso é utilizado para contribuir,
de forma inigualável, com o conhecimento necessário ao entendimento dos fenômenos
individuais, organizacionais, sociais, políticos e de grupo.
1.3 ESTRUTURA DA TESE
Esta tese possui uma estrutura formada por oito blocos. O primeiro contextualiza
o tema, enfatizando a motivação para desenvolvê-lo, apresenta a sua relevância, os
11
objetivos a serem alcançados, as pesquisas realizadas para este fim, a delimitação do
estudo e a própria estrutura da tese.
No segundo bloco, é apresentada a fundamentação teórica que serviu de base
para a elaboração deste trabalho. Nele são explorados os conceitos relacionados à
inovação, aos seus processos, aos critérios, modelos e métricas utilizados na sua
medição, às suas relações com os horizontes organizacionais, as abordagens das
pesquisas de inovação de países selecionados, e os aspectos que podem interferir na
capacidade inovativa das organizações.
O terceiro bloco apresenta a metodologia utilizada para o desenvolvimento da
tese, com o detalhamento das pesquisas realizadas e do modelo teórico-conceitual
concebido e utilizado na realização da survey (abordagem interempresarial) e do estudo
de caso (abordagem intraempresarial). No quarto bloco, são reunidos os resultados e
análises referentes a estas abordagens.
No quinto bloco, são apresentadas as discussões e as sugestões para trabalhos
futuros e, no sexto, as conclusões.
No bloco seguinte são relacionadas as referências bibliográficas que foram
utilizadas no desenvolvimento desta tese, e por último são encontrados os apêndices.
Nos Apêndices A e B são apresentados, respectivamente, os dados referentes à
inovação para o mercado nacional e mundial das empresas brasileiras, levantados pela
Pesquisa de Inovação (PINTEC) do IBGE, distribuídos por setor econômico e por
região. No Apêndice C encontram-se os gráficos e análises da evolução da inovação
brasileira para o mercado nacional, ao longo das seis publicações da PINTEC (2000,
2003, 2005, 2008, 2011 e 2014), elaborados com a utilização de dados provenientes de
tabulações especiais fornecidas pelo IBGE.
12
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 INOVAÇÃO
Um dos primeiros economistas do século 20 a analisar a inovação foi Joseph
Schumpeter, que identificou, como fonte principal do ganho industrial, os lucros
decorrentes da “implantação bem-sucedida de novas mercadorias, novos métodos de
produção ou novas formas de organização” (SCHUMPETER, 1961, p. 10).
Este economista, juntamente com os autores neoschumpeterianos Nelson e
Winter, que preconizam que a inovação bem-sucedida leva tanto a lucro mais alto para
o inovador como a lucrativas oportunidades de investimento (NELSON; WINTER,
1982), são considerados pilares importantes da Economia Evolucionária. Nessa
economia, a inovação é vista como um processo dependente da trajetória, por meio do
qual o conhecimento e a tecnologia são desenvolvidos a partir da interação entre vários
atores e fatores (OECD, 2005).
Segundo Schumpeter (1997), o desenvolvimento é definido pela realização de
novas combinações que podem resultar: na introdução de um novo bem, de um novo
método de produção ou de uma nova maneira de manejar comercialmente uma
mercadoria; na abertura de um novo mercado; na conquista de uma nova fonte de oferta
de matérias-primas ou de bens semimanufaturados; ou no estabelecimento de uma nova
organização de qualquer indústria.
Segundo Pellissier (2008), a inovação não se restringe apenas aos segmentos de
pesquisa e tecnologia intensiva. Ela também incide em áreas não técnicas,
principalmente em novas formas de trabalho e em serviços. Para ele, as mudanças
quantitativas e qualitativas nas demandas por conhecimento são consequências das
inovações que não estão diretamente associadas à tecnologia.
Para Schumpeter (1961), a inovação impulsiona o desenvolvimento econômico
ao iniciar e manter o movimento do sistema capitalista, que se renova e se transforma ao
longo do tempo. Por isso, ela é imprescindível para a expansão econômica, pois uma
economia normal e saudável não é a que está em equilíbrio, mas a que está
constantemente sendo rompida por inovações tecnológicas.
É a chamada destruição criativa (Figura 1), que, segundo Schumpeter (1961),
revoluciona incessantemente a estrutura econômica. São ciclos, de tempos cada vez
13
mais curtos, que se iniciam a cada novo foco das inovações, no decorrer das eras:
industrial clássica, industrial neoclássica, da informação e do conhecimento.
Figura 1: Destruição Criativa de Schumpeter: ciclos de atividades econômicas impulsionados
pelas inovações Fonte: Adaptado de The Economist (1999)
Para Milbergs e Vonortas (2004), a inovação é um processo através do qual uma
nação cria e transforma novos conhecimentos e tecnologias em produtos úteis, serviços
e processos para os mercados nacionais e globais, que são essenciais para a criação de
valor junto aos stakeholders e para o alcance de padrões de vida mais elevados.
Além disso, a inovação é uma das grandes aliadas na obtenção de alternativas
que revertam, ou pelo menos minimizem, os efeitos decorrentes de crises econômicas.
CRISE � CRI$E � CRIE $ (FONSECA, 2013)
Ao contrário do que pode parecer, em períodos de recessão, inovar é a melhor
saída. Para John Kao (KAO, 2015) períodos de crise são particularmente especiais para
a inovação. Como exemplo, ele cita o Vale do Silício, que se tornou inovador durante a
recessão dos Estados Unidos. Segundo uma pesquisa de inovação feita na China
(VELDHOEN; PENG; MANSSON, 2014), os líderes chineses estão se deparando com
a realidade “inovar ou perecer” e 42% das empresas chinesas têm a inovação como a
principal prioridade.
Ao longo do tempo, as inovações foram tipificadas em função dos seus
resultados, atributos, aplicações, grau de novidade, grau de independência, entre outras
14
formas (Figura 2). Estas diversas maneiras de classificar as inovações fazem com que,
muitas vezes, elas tenham, ao mesmo tempo, mais de uma classificação. Segundo
Fonseca (2013), isso é decorrente da possibilidade de uma inovação ser qualificada com
base no conhecimento/tecnologia empregado(a); pela forma como é vista pelo mercado
ou, ainda, conforme o seu ajuste aos processos e valores das próprias empresas
inovadoras (IPEA, 2011a, 2011b).
Na atual terceira edição do Manual de Oslo (OECD; EUROSTAT, 2005), que
tem entre os seus objetivos orientar e padronizar conceitos e métodos relacionados à
inovação, são definidos quatro tipos de inovação: produto, processo, marketing e
organizacional. Neste manual, a inovação é definida como a “implementação de um
produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou
um novo método de marketing, ou um novo método organizacional; nas práticas de
negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas” (OECD;
EUROSTAT, 2005, p.46, tradução própria).
Figura 2: Tipos de inovação e suas interações
Fonte: Fonseca (2013)
Para Spulber (1999), as inovações de produto criam oportunidades para novos
mercados e as de processo contribuem para a liderança em custos. Por tais
características, elas podem fazer parte, respectivamente, das estratégias genéricas de
diferenciação e de liderança no custo total, definidas por Porter (2004), e que podem ser
15
utilizadas pelas organizações para a obtenção de vantagem competitiva e melhor
posicionamento no mercado.
A inovação também pode ser incremental ou radical e este último tipo pode,
igualmente, contribuir para a estratégia de diferenciação, pois consiste em obter bens
e/ou serviços que sejam totalmente novos, únicos, com características distintas dos que
já existem (FREEMAN; SOETE, 2008; MENDONÇA; FONSECA, 2010).
Para Leifer et al. (2000), a inovação incremental, normalmente, enfatiza a
redução de custos e a melhoria das características dos produtos e serviços que já existem
e são obtidos por meio da exploração de competências que já se encontram na
organização. Para esses autores, ao contrário da anterior, a inovação radical aborda o
desenvolvimento de novos negócios ou linha de produtos, baseados em novas
tecnologias ou de considerável redução de custos, sendo, para isto, necessária a busca de
novas competências.
Para Tidd e Bessant (2004), nas empresas que realizam inovação incremental, o
esforço é concentrado em tentar “fazer melhor, mais do mesmo”; enquanto naquelas que
visam à inovação radical, há uma contínua procura por algo que seja novo para a
empresa ou para a indústria.
Fonseca (2013) define como inovação facilitadora / simplificadora aquela que
resulta em produtos/serviços de menor preço, a partir de um conjunto mínimo de
atributos de desempenho. Tais produtos seriam utilizados de forma diferente daquela
habitualmente vista em produtos similares. Nesse tipo de inovação, os produtos
são valorizados pelos clientes e a relação custo x benefício da tecnologia empregada é
determinante para o processo de escolha. Além disso, é responsável pela criação de
novos nichos. A inovação ruptiva apresenta uma performance consideravelmente
superior à dos produtos existentes, mas dentro das especificações valorizadas pelo seu
público-alvo (FONSECA, 2013).
Segundo Christensen (2012), as inovações disruptivas (ou revolucionárias) são
geralmente mais baratas, mais simples, menores, mais fáceis de serem utilizadas e com
performance pior do que a dos produtos que a antecedem. Normalmente, ocorrem com
menos frequência, mas, quando surgem, costumam trazer prejuízos ou, até mesmo, a
extinção de algumas empresas que, inicialmente, as ignoraram por não atenderem às
demandas existentes e que, posteriormente, são pegas de surpresa com as mudanças que
elas provocam no mercado (Figura 3).
Christensen (2012) definiu a inovação mantenedora / sustentável como aquela
16
que melhora a performance de produtos existentes, nas dimensões de desempenho que
clientes típicos valorizam, sem criar novos mercados, mas com o intuito de manter as
demandas e os mercados existentes.
As inovações também podem ser autônomas ou sistêmicas. As autônomas são
independentes e podem ser desenvolvidas sem implicar a necessidade de outras
inovações, enquanto a inovação sistêmica requer mudanças inter-relacionadas nos
elementos que compõem o sistema. Para Chesbrough e Teece (2002), distinguir entre
um tipo e outro é primordial para a definição da forma pela qual a inovação será
desenvolvida, pois, nas autônomas, ao contrário das sistêmicas, as tarefas de
desenvolvimento e comercialização são facilmente conduzidas em organizações
descentralizadas (virtuais).
Figura 3: Efeito das inovações mantenedora e disruptiva no desempenho do produto
Fonte: Adaptado de Christensen (2012, p. 26)
As inovações ainda podem ser classificadas em função das ideias que as
originaram e da forma como são conduzidas, em direcionais ou intersecionais. Para
Johansson (2008), as inovações direcionais são desenvolvidas em campo e direção
específicos, a partir do refinamento de ideias anteriores, com previsibilidade e relativa
rapidez.
As intersecionais são desenvolvidas a partir da interseção de ideias de campos e
universos distintos, de disciplinas e culturas diversas, que geram novas ideias e
inovações pouco previsíveis, pois reúnem conceitos distintos, não reunidos
anteriormente. Johansson (2008) denomina esta junção de ideias como “Efeito Médici”,
17
em referência à interseção cultural promovida pela família de banqueiros Médici no
Renascimento italiano.
Nos países em desenvolvimento (BOGLIACINO et al., 2009), com limitações de
recursos, a inovação geralmente ocorre na forma incremental, em razão dessa
abordagem envolver menos riscos do que os que existem quando a organização realiza
uma inovação radical (AMIRI; WINQUIST; AHNGER, 2013). Entretanto, Gamal,
Salah e Elrayyes (2011) destacam que a inovação radical pode resultar em algo
totalmente novo para o mercado local, sendo essencial para a existência do progresso de
uma nação.
A classificação da abrangência da inovação, como no âmbito da empresa, do
mercado ou do mundo, apresentada no Manual de Oslo (OECD; EUROSTAT, 2005), é
questionada por alguns autores que consideram que inovar para a empresa é uma
adequação ao mercado e não uma inovação.
Para Carlomagno e Scherer (2013), inovação não é melhoria do que já existe,
não é adequação àquilo que todo mercado já pratica, não é criatividade e não é apenas
um novo produto. Não há dúvida que uma empresa que produz algo novo está inovando
quando a referência é ela própria, mas, para efeito de comparações entre mercados, se já
foi feito por outra organização, o que ela está fazendo não é inovação. Isto significa que,
conforme preconiza o Manual de Oslo, a classificação de uma empresa como inovadora
depende do referencial utilizado.
A PINTEC e outras pesquisas de inovação, realizadas por Órgãos Estatísticos de
países que também utilizam o Manual de Oslo (OECD; EUROSTAT, 2005) como
referência, consideram que a inovação, tanto a de produto quanto a de processo, pode
ser correspondente a um produto novo para a empresa, ou para o mercado nacional ou
para o mercado mundial. Entretanto, segundo Holbrook e Hughes (2000), esta
abrangência não é alinhada com as percepções existentes no ambiente empresarial.
Segundo Viotti, Baessa e Koeller (2005), as inovações para o mercado atribuem
vantagens competitivas para as empresas que as introduzem e estão mais próximas da
ideia original de inovação schumpeteriana. Este tipo de inovação considera que aquelas
pioneiras tão somente para a empresa não constituem realmente uma inovação; são
consideradas apenas uma difusão ou absorção de inovações (MCLAUGHLIN;
BESSANT; SMART, 2005).
No Community Innovation Survey (CIS) uma empresa é classificada como
inovadora se ela apresentar pelo menos um produto ou processo novo para a própria
18
empresa, o que é questionado por Arundel (2006), pois são consideradas inovadoras
tanto as empresas que investem no desenvolvimento da inovação como aquelas que
adquirem e implantam tecnologias comercialmente disponíveis.
Arundel (2006) destaca que esta classificação faz com que os indicadores que
levam em conta o quantitativo de empresas inovadoras não contribuam efetivamente
para a consolidação das informações que direcionam as políticas públicas para os seus
objetivos, ainda que estas inovações “somente para a empresa” possam ser consideradas
importantes para os países em desenvolvimento.
Por meio dos Gráficos 4 e 5, é possível observar o quanto a definição utilizada
para caracterizar uma empresa como inovadora pode modificar os resultados que vão
servir de parâmetros para as políticas públicas e ações a serem adotadas em prol da
inovação no país e, consequentemente, no seu potencial de competitividade (IPEA,
2010). Enquanto no Gráfico 4 os percentuais do total de empresas inovadoras nas
publicações da PINTEC de 2000 a 2014 variam de 30% a 39%, no Gráfico 5, o
percentual de empresas que inovaram para o mercado no mesmo período não ultrapassa
5,8%.
Gráfico 4: Percentual de empresas que inovaram para elas mesmas, para o mercado nacional e para o mercado mundial em relação ao total de empresas pesquisadas em cada edição da PINTEC
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2000 a 2014 (IBGE, 2002, 2005, 2007, 2010, 2013, 2016)
19
No Gráfico 4, foram consideradas inovadoras as empresas que inovaram para
elas mesmas, para o mercado nacional e para o mercado mundial, conforme previsto no
Manual de Oslo e apresentado na PINTEC e nos indicadores de inovação utilizados pelo
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). No Gráfico 5, foram
consideradas inovadoras as empresas que inovaram para o mercado nacional, incluindo
as que inovaram para o mercado mundial.
Gráfico 5: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional e mundial em relação ao total de empresas pesquisadas em cada edição da PINTEC
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2000 a 2014 (IBGE, 2002, 2005, 2007, 2010, 2013, 2016)
2.2 PROCESSOS DE INOVAÇÃO
O processo de inovação é constituído por etapas que reúnem um conjunto de
atividades complexas e que dependem do tipo de inovação desejada (DENMARK,
2008). Para Barbieri e Álvares (2004, p. 45 e 54), este processo é constituído
basicamente por três subprocessos: “geração e seleção de ideias, desenvolvimento e
implementação das ideias selecionadas e obtenção ou sustentação dos resultados”. Essas
três etapas são correspondentes aos elementos que compõem a equação “inovação =
20
ideia + implementação + resultados”, definida no Fórum de Inovação da Escola de
Administração de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EAESP).
O modelo mais tradicional é conhecido como modelo linear ou modelo science
push (Figura 4), no qual a inovação é concebida a partir da pesquisa e dos
conhecimentos existentes para depois ser lançada no mercado. Este modelo foi definido
por Rothwell (1994) como sendo o que constitui a primeira entre as cinco gerações que
ele identificou na evolução dos processos de inovação, de 1950 em diante.
Figura 4: Modelo Linear de Inovação ou Science Push
Fonte: Adaptado de Barbieri e Álvares (2004, p. 55)
Conforme pode ser visto na Figura 5, as três primeiras gerações caracterizam-se
pela forma linear, mas na terceira já começa a ocorrer a interação entre as etapas do
processo, que ainda são lineares e interdependentes. Na quarta geração, Rothwell (1994)
já observa a integração das etapas e o desenvolvimento em paralelo e incorpora as
interações externas para caracterizar a quinta fase da evolução.
Independente das fontes utilizadas para a concepção das ideias e das interações e
integrações que possam existir, um processo de inovação é constituído basicamente pela
sequência de etapas: geração de ideias, seleção, desenvolvimento e lançamento. O que
difere entre os processos realizados é a forma como cada uma destas fases é colocada
em prática.
Para Salerno et al. (2015), o modelo linear atende bem às organizações que
desenvolvem inovações incrementais, mas não atende adequadamente a processos de
inovação que envolvem incertezas e complexidades, como os que são realizados nas
inovações radicais e disruptivas.
Pesquisa básica
Pesquisa aplicada
Desenvolvimento Experimental
Engenharia do Produto e do Processo
Produção e Lançamento
comercial
21
Figura 5: As cinco gerações do Processo de Inovação, segundo Rothwell (1994) Fonte: Elaboração própria
Kaplan e Norton elaboraram um mapa estratégico3 (Figura 6) dos processos de
gestão da inovação, no qual, em razão da importância dada pelos autores, são
representados os processos de identificação de oportunidades de novos produtos e
serviços; de gerenciamento do portfólio de pesquisa e desenvolvimento; de projeto e
desenvolvimento de novos produtos e serviços; e de lançamento de novos produtos e
serviços no mercado (KAPLAN; NORTON, 2004).
No mapa estratégico da Figura 6, no qual estes processos são representados, é
possível visualizar os objetivos definidos por Kaplan e Norton para o processo de
inovação, que tem como propósito agregar valor para a organização perante os seus
stakeholders, a partir da obtenção de produtos de alto desempenho, liderança e expansão
para novos mercados. E também, por meio de objetivos estratégicos que, de forma
abrangente, visam: à existência de habilidades multidisciplinares, infraestrutura
tecnológica adequada, ambiente organizacional favorável à inovação, antecipação em
relação às necessidades dos clientes, diversificação e, por fim, à gestão eficiente e eficaz
de todas as atividades do processo (KAPLAN; NORTON, 2004).
3 Mapa estratégico é “a representação visual das relações de causa e efeito entre os componentes da estratégia de uma organização” (KAPLAN; NORTON, 2004, p.10).
1950 1960 1970 1980 1990
1ª Geração 2ª Geração 3ª Geração 4ª Geração 5ª Geração
Inovação concebida a partir
da pesquisa (Science Push)
Inovação concebida a
partir da necessidade do mercado
(Market Pull)
(Market Pull)
Informações sobre novas demandas e
novas tecnologias interagem
com as etapas do processo
Atividades realizadas em paralelo e de
forma integrada
Modelo Linear Modelo Integrado
Atividades realizadas de
forma integrada
com interações internas e externas
22
Figura 6: Modelo de mapa estratégico dos processos de gestão da inovação Fonte: Kaplan e Norton (2004, p. 141)
Salerno et al. (2015) pesquisaram 132 projetos de inovações bem-sucedidos,
desenvolvidos por 72 empresas (69 brasileiras, uma francesa, e duas holandesas) ‒ com
características diversas de setor, tamanho, existência de Pesquisa e Desenvolvimento,
entre outros. Os autores identificaram oito tipos de processos de inovação, entre eles, o
modelo linear tradicional, que foi encontrado em 53% dos casos estudados. No Quadro
1, é possível observar as características dos processos de inovação identificados na
pesquisa.
Um procedimento que vem sendo utilizado por empresas que querem inovar é a
23
inovação aberta, realizada pela organização juntamente com partes interessadas
(stakeholders), que podem ser clientes, fornecedores, pesquisadores e, até mesmo, os
seus colaboradores. O sucesso neste modo de inovar está na capacidade da empresa em
criar redes com os demais atores do processo, bem como de gerenciar o trabalho
realizado em conjunto. Para Remneland Wikhamn e Wikhamn (2013), a inovação
aberta, da mesma forma que é emergente, atraente e promissora, é também confusa e
obscura, apesar de vários trabalhos já terem sido realizados para estruturar o seu
procedimento em várias perspectivas e temas.
Conforme mencionado em uma publicação do Instituto Nacional de Estatística
dos Países Baixos (STATISTICS NETHERLANDS, 2013), cientistas trabalhando
isoladamente em um laboratório estão longe de ser a única maneira para as inovações
acontecerem. Atualmente, a percepção é que o melhor caminho para a inovação é por
meio de uma rede em que diferentes participantes troquem conhecimentos.
Uma alternativa que vem sendo utilizada para aumentar a capacidade inovadora
das empresas é a utilização de uma prática denominada Boundary Jumping. Ela envolve
a troca de informações e conhecimentos entre pessoas de formações diferentes, de
diversos setores e áreas de atuação. Segundo Murphy (2014), ao reunir pessoas com
experiências, conhecimentos e pensamentos diferentes para ouvir um problema e
raciocinar sobre ele com as suas próprias visões, irão surgir insights que ultrapassarão a
barreira do óbvio. As soluções serão propostas com alternativas ainda não imagináveis
e, normalmente, geram resultados criativos e diferenciados.
24
Processo de Inovação
1ª etapa 2ª etapa 3ª etapa 4ª etapa 5ª etapa 6ª etapa 7ª etapa Incidência nos 132 processos pesquisados
Linear Tradicional Geração da ideia Seleção da ideia Desenvolvimento Lançamento no mercado /
vendas 53,0%
Concepção da ideia com o cliente
Ideia inicial - concebida e
trabalhada com o cliente
Formalização do contrato
Desenvolvimento Entrega ao
cliente 6,1%
Ideia fornecida pelo cliente
Fornecimento da ideia
(especificações do produto) pelo
cliente
Formalização do contrato
Desenvolvimento Entrega ao
cliente 5,3%
Inovação a partir de chamada pública ou
privada
Definição dos requisitos que irão
constituir a chamada pública
Assinatura do contrato com o
vencedor da chamada pública
Desenvolvimento Entrega 12,9%
Processo com espera por
condições do mercado e / ou por
avanços tecnológicos
Geração da ideia Seleção da ideia Desenvolvimento I Lançamento no mercado /
vendas I
Buscar por melhores condições
do mercado e/ou por novas
tecnologias
Desenvolvimento II – adaptações
necessárias
Lançamento no mercado / vendas II
11,3%
Processo com atividades paralelas
Geração da ideia Seleção da ideia
Desenvolvimento e lançamento no
mercado / vendas em paralelo
11,4%
Quadro 1: Tipos de processos de inovação adotados em 72 empresas pesquisadas por Salerno et al. Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados levantados por Salerno et al. (2015)
25
2.3 FORMAS DE MENSURAR A INOVAÇÃO
2.3.1 Métricas e modelos
Segundo Gamal, Salah e Elrayyes (2011), a medição da inovação ajuda as
empresas a compreenderem as suas práticas atuais de inovação, conhecerem a sua
capacidade de inovar, além de identificarem onde é necessário concentrar esforços para
obter o sucesso da inovação no mercado.
Políticas públicas e ações em prol da inovação, muitas vezes, são ineficazes em
razão da carência de métricas que permitam análises adequadas do sistema de inovação
e dos vários atributos que são essenciais ao processo inovativo (IPEA, 2011c; OECD,
2010). Para Milbergs e Vonortas (2004), políticas e decisões apropriadas necessitam de
métricas confiáveis, oportunas e relevantes, pois quando estas são inadequadas
conduzem à definição de políticas que geram consequências diferentes das que são
esperadas. Conforme mencionado no The Global Innovation Index 2014, uma
publicação contendo um ranking de países inovadores definido pelo Cornell University,
pelo INSEAD Business School4 e pelo World Intellectual Property Organization
(WIPO), um dos principais desafios é encontrar métricas que capturem como a inovação
realmente acontece no mundo hoje (CORNELL UNIVERSITY; INSEAD; WIPO,
2014).
Segundo Pryzant (2014), apesar dos vários estudos existentes, nenhuma medição
abrange totalmente todos os aspectos que estão associados ao desenvolvimento da
inovação, uma vez que esta pode fazer parte da cultura da empresa, adquirida em novas
tecnologias, obtida a partir de pesquisas e desenvolvimento ou por meio de atividades
inovadoras, dentre outras formas.
Milbergs e Vonortas (2004) definem quatro gerações para caracterizar a
evolução das métricas utilizadas para avaliar a inovação. Como pode ser visto no
Quadro 2, a primeira geração tem como foco os insumos, o esforço feito para a
organização poder inovar. A segunda geração complementa a primeira com indicadores
relacionados às atividades de Ciência e Tecnologia (C&T). A terceira tem como foco
avaliações comparativas sobre a capacidade de um país inovar, a partir de indicadores e
4 INSEAD é o nome de uma escola de negócios que iniciou com um campus localizado na França. Por
isso, o seu nome, inicialmente, era uma sigla para Instituto Europeu de Administração de Empresas. Atualmente, ela está em 90 países diferentes, em três continentes. Como não está mais restrita à Europa, a sigla passou a ser o seu nome (INSEAD Business School).
26
índices obtidos por meio de pesquisas nacionais e integração de dados disponíveis. À
quarta geração, os autores associam indicadores referentes ao processo de inovação
relacionados ao conhecimento, às redes organizacionais (network) e às condições
econômicas, ambientais, políticas, sociais, culturais e de infraestrutura, necessárias para
o sucesso da inovação.
1ª Geração
Indicadores de entrada
(1950s-60s)
2ª Geração
Indicadores de saída
(1970s-80s)
3ª Geração
Indicadores de inovação
(1990s)
4ª Geração
Indicadores de processo
(2000 + tendência)
• Investimento em P & D • Pessoal de C & T • Gastos com educação • Pessoal graduado • Capital investido • Intensidade
tecnológica
• Patentes • Publicações
científicas • Novos produtos • Novos processos • Melhoria da
qualidade • Comércio de alta
tecnologia
• Pesquisas de inovação
• Índices de Referência • Benchmarking
• Capacidade de inovação
• Conhecimento • Intangíveis • Redes • Demanda • Clusters
• Técnicas de gestão • Risco / Retorno • Sistemas dinâmicos
Quadro 2: Evolução das métricas utilizadas para avaliar a inovação – exemplos Fonte: Adaptado de MILBERGS e VONORTAS (2004)
Para Gamal, Salah e Elrayyes (2011), as medições devem se concentrar no
processo de inovação, ao contrário do que é feito nos países em desenvolvimento. Tais
autores observam que, nos referidos países, o foco das pesquisas para a obtenção de
informações que visam subsidiar a formulação de políticas públicas e a concepção de
estratégias de negócios são as entradas e saídas do processo inovativo.
Biloslavo (2005) propõe um modelo (Figura 7) que, segundo ele, tenta
representar os elementos da organização e processos relevantes para a auditoria da
prática de inovação, mas destaca que, em razão das empresas não serem entidades
homogêneas, existe a possibilidade deste modelo não se adequar a toda e qualquer
organização.
Algumas medidas foram propostas por Kaplan e Norton (2004) para o
monitoramento do alcance dos objetivos do mapa estratégico dos processos de gestão da
inovação, que foi apresentado na Figura 6 (p. 22). Para estes autores, tal mapeamento
fornece uma maneira uniforme e consistente de descrever a estratégia, o que facilita a
definição e o gerenciamento dos objetivos e de indicadores.
27
Conforme descrito no Manual de Oslo, a compreensão conceitual da estrutura e
das características do processo de inovação e suas implicações para a formulação de
políticas são pontos cruciais para a definição dos indicadores que devem ser utilizados
para a temática inovação (OECD; EUROSTAT, 2005). Nesta definição, também podem
ser incluídos indicadores para a obtenção dos dados necessários ao esclarecimento de
questões-chave referentes ao tema (ARUNDEL; O’BRIEN, 2009).
Figura 7: Modelo para auditoria da prática de inovação
Fonte: Adaptado de Biloslavo, 2005, p. 16
Segundo Gamal, Salah e Elrayyes (2011), a inovação pode ser visualizada e
medida a partir de muitas perspectivas. Por isso, a sua medição é complexa e de difícil
execução. Visando entender as diversas formas de abordagem para esta mensuração,
alguns modelos (frameworks) e ferramentas para a auditoria da inovação foram reunidos
por estes autores, conforme ilustrado no Quadro 3.
28
Quadro 3: Comparação resumida entre diferentes modelos de mensuração da inovação
Fonte: Gamal, Salah e Elrayyes (2011, p.27) Tradução própria
2.3.2 Critérios utilizados para rankings de inovação entre empresas
Alguns critérios são utilizados para a classificação de empresas em rankings de
inovação ou para a formação de grupos de empresas inovadoras. Destacam-se, pela
visibilidade internacional, o The World’s Most Innovative Companies, publicado pela
Forbes, e o Top 100 Global Innovators, elaborado pela Thomson Reuters. Entre os
nacionais, possuem evidência: o Índice Brasil de Inovação (IBI), desenvolvido pelo
Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) do Instituto de Geociências
da Unicamp, com apoio da FAPESP; o grupo “as 10 empresas mais inovadoras do
Brasil”, estabelecido pela Forbes Brasil; o Prêmio FINEP de inovação (FINEP, 2014),
realizado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP); o Prêmio Nacional de
Inovação, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE); e o Ranking Valor
Inovação Brasil, produzido pela consultoria Strategy& e o jornal Valor Econômico.
O ranking do The World’s Most Innovative Companies, elaborado pela Forbes, é
definido com base na metodologia apresentada no livro The Innovator’s DNA
(CHRISTENSEN; DYER; GREGERSEN, 2009), em que é feita a comparação do valor
presente líquido (VPL) dos fluxos de caixa futuros das empresas com o valor de
mercado. Se a empresa tiver uma capitalização de mercado corrente acima do VPL dos
fluxos de caixa, significa que ela tem um prêmio de inovação associado ao valor de suas
ações. Este prêmio corresponde ao índice que vai definir a sua posição no ranking das
mais inovadoras.
29
Apesar de a metodologia ser questionada pelo fato de basear-se na expectativa
dos investidores sobre o potencial crescimento das empresas, os autores e responsáveis
pela sua aplicação exaltam que a sua vantagem é ter como foco o presente e o futuro, ao
contrário de outros rankings de inovação, que se baseiam somente no desempenho
passado (DYER; GREGERSEN, 2015).
A metodologia para a elaboração do ranking Top 100 Global de Innovator da
Thomson Reuters considera quatro critérios principais: volume (quantidade de patentes
solicitadas), sucesso (quantidade de patentes obtidas), globalização (alcance global do
portfólio) e influência (das patentes, conforme evidenciado por citações). Cabe ressaltar
que uma empresa só é avaliada nos três últimos critérios se ela tiver um volume de, no
mínimo, 100 pedidos de patentes nos cinco últimos anos (THOMSON REUTERS,
2015).
O Índice Brasil de Inovação (IBI) ‒ Quadro 4 ‒, com projeto iniciado em abril
de 2005 por iniciativa do editorial da revista Inovação Unicamp, teve a sua primeira
edição divulgada em 2007, com a participação voluntária de 60 empresas. Ele foi criado
com o objetivo de medir a capacidade inovadora das empresas do setor industrial as
quais participaram da PINTEC 2003 e que disponibilizaram as suas respostas.
Este índice é constituído por dois macroindicadores de primeiro nível: o
Indicador Agregado de Esforço (IAE) e o Indicador Agregado de Resultado (IAR). Eles
dividem-se em quatro mesoindicadores de segundo nível: Indicador de Atividade
Inovadora (IAI), Indicador de Recursos Humanos (IRH), Indicador de Receitas de
Vendas com novos produtos (IRV) e Indicador de Patentes (IPT). Estes, por sua vez,
desdobram-se em microindicadores de terceiro nível, conforme pode ser visto no
Quadro 4 (FURTADO et al., 2007).
A constituição do grupo “as 10 empresas mais inovadoras do Brasil” pela Forbes
Brasil não estabelece um ranking entre as empresas escolhidas. Primeiramente, são
selecionadas pessoas consideradas como referência no assunto, que escolhem três
organizações cada. Sobre este conjunto, são utilizados os critérios ineditismo, eficiência,
ética, ruptura acompanhada de sustentabilidade financeira, ética e respeito ao meio
ambiente para definir quais as empresas farão parte do grupo (TERZIAN, 2015).
O Prêmio FINEP foi criado em 1998, na Região Sul, tendo por objetivo
estimular a inovação nas empresas brasileiras, com a identificação, divulgação e
premiação dos esforços inovadores desenvolvidos e aplicados no país. Em 2000, foi
ampliado para todo o Brasil, contemplando vencedores regionais e nacionais (FINEP,
30
2014).
1º nível (macro)
IAE = Indicador de atividade de esforço IAR = Indicador de atividade de resultado Ɛ = Variável de ajuste, 0 < Ɛ ≤ 2. Quanto mais balanceado for o IAE e o IAR, maior será esta variável.
2º nível (meso)
IAI = Indicador de atividade inovadora IRH = Indicador de recursos humanos IRV = Indicador de receitas de vendas com novos produtos IPT = Indicador de patentes
3º nível (micro)
PI = dispêndios com P&D interna/ receita líquida de vendas PE = dispêndios com P&D externa/ receita líquida de vendas OC = dispêndios com outros conhecimentos externos/ receita líquida de vendas SW = dispêndios com software/ receita líquida de vendas ME = dispêndios com máquinas e equipamentos/ receita líquida de vendas TR = dispêndios com treinamento/ receita líquida de vendas LP = dispêndios com lançamento de produto/ receita líquida de vendas PR = dispêndios com projeto industrial/ receita líquida de vendas GR = total de graduados ocupados em P&D/ pessoal total ocupado PG = total de pós-graduados ocupados em P&D/ pessoal total ocupado RE = receita total de vendas com produtos novos para a empresa/ receita líquida de vendas RN = receita total de vendas com produtos novos para o mercado nacional/ receita líquida de vendas PD = total de patentes ou programas de computador depositados no período 2003-2005/ pessoal total ocupado
Quadro 4: Variáveis utilizadas em cada nível, para o cálculo do IBI Fonte: FURTADO et al., 2007
A partir de 2008, o prêmio deixou o foco puramente tecnológico, ampliou o
conceito de inovação e atualmente é composto pelas seguintes categorias:
Micro/Pequena Empresa, Média Empresa, Grande Empresa, Tecnologia Assistiva,
Inovação Sustentável, Instituição de Ciência e Tecnologia, Tecnologia Social e Inventor
Inovador. Podem se candidatar à premiação nestas três primeiras categorias as empresas
privadas brasileiras, representadas pelo conjunto de suas ações inovadoras
implementadas há pelo menos três anos, contados a partir do último dia de inscrição do
Prêmio FINEP. O cadastro das empresas com projetos reembolsáveis, com projetos de
subvenção e com projetos em parceria com ICTs, da FINEP, é uma das fontes de
identificação de empresas que constituem o universo investigado pela Pesquisa de
Inovação do IBGE (IBGE, 2013, p. 29).
As empresas são avaliadas segundo os critérios apresentados no Quadro 5. A
nota final é a média aritmética simples das notas de 1 a 5, dadas a cada critério (são
31
admitidas até duas casas decimais). Candidatos com notas inferiores a 2,5 não podem
ser premiados, mesmo que não haja concorrentes (FINEP, 2014).
CATEGORIA CRITÉRIO
Micro/Pequena, Média e Grande
Empresa
Critério I – Dados quantitativos dos últimos três anos: informações financeiras, propriedade intelectual, recursos humanos, fontes de recursos e investimentos para P,D&I.
Critério II – Gestão da inovação na empresa.
Critério III – Inovação e internacionalização.
Critério IV – Parcerias para o desenvolvimento da inovação.
Tecnologia Assistiva
Critério I – Caracterização do produto, processo ou serviço inovador.
Critério II – Resultados/impactos da tecnologia e informações financeiras.
Critério III – Gestão da inovação na empresa.
Critério IV – Parcerias para o desenvolvimento da inovação.
Inovação Sustentável
Critério I – Caracterização do produto, processo ou serviço inovador.
Critério II – Impactos econômicos da tecnologia e informações financeiras.
Critério III – Impactos ambientais e sociais.
Critério IV – Práticas sustentáveis da empresa.
Critério V – Parcerias e gestão da inovação.
Instituição de Ciência e Tecnologia
Critério I - Dados quantitativos dos últimos três anos: contratos com empresas, colaboradores, produção científica e propriedade intelectual.
Critério II - Resultados e impactos econômicos, ambientais e sociais dos projetos desenvolvidos.
Critério III – Captação de recursos para a inovação.
Critério IV - Parcerias para o desenvolvimento da inovação.
Tecnologia Social
Critério I - Caracterização da Tecnologia Social.
Critério II - Dados quantitativos: período de desenvolvimento e aplicação da tecnologia, abrangência territorial, público-alvo, valores investidos e fontes de recursos.
Critério III - Caracterização da inovação.
Critério IV – Resultados e impactos sociais, econômicos e ambientais da Tecnologia Social.
Critério V - Parcerias públicas e privadas.
Inventor Inovador
Critério I – Características da inovação.
Critério II – Resultados e impactos econômicos, ambientais e sociais dos projetos desenvolvidos.
Critério III – Captação de recursos para inovação.
Critério IV – Parcerias para o desenvolvimento da inovação.
Quadro 5: Critérios de avaliação para cada categoria do Prêmio FINEP Fonte: Regulamento do Prêmio FINEP (FINEP, 2014)
32
O Prêmio Nacional de Inovação foi criado pela Mobilização Empresarial pela
Inovação (MEI) em 2011 e atualmente é realizado pela Confederação Nacional da
Indústria (CNI) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE), com o objetivo de promover o incentivo e o reconhecimento dos esforços
das organizações em prol da inovação (MEI, 2017). Para este fim, ele é concedido a
duas categorias: Gestão da Inovação e Inovação. Esta última ainda se subdivide em
quatro subcategorias, estabelecidas conforme a tipologia das inovações definida no
Manual de Oslo: inovação de produtos, inovação em processos, inovação em marketing
e inovação organizacional. Em cada categoria / subcategoria são premiadas as empresas
que se enquadram nas modalidades de micro ou pequena empresa do setor de indústria,
comércio ou serviço, acompanhada pelo Programa Agente Local de Inovação (ALI) do
Sebrae; micro ou pequena empresa do setor industrial; média empresa do setor
industrial; e grande empresa do setor industrial.
Os critérios utilizados para a premiação dividem-se em dois grupos:
fundamentos da capacidade de inovação e resultados da inovação, conforme
apresentado no Quadro 6.
GRUPO CRITÉRIOS
I. FUNDAMENTOS DA
CAPACIDADE DE
INOVAÇÃO
1. Liderança comprometida com a inovação
2. Cultura de inovação
3. Aprendizagem organizacional
4. Estratégia orientada à inovação
5. Estrutura favorável à inovação
6. Recursos financeiros disponíveis para a inovação
7. Pessoas orientadas à inovação
8. Marketing para a inovação
9. Processos habilitadores da inovação
10. Relacionamentos com ambiente externo
II. RESULTADOS DA
INOVAÇÃO
1. Competição, demanda e mercados
2. Produção e distribuição
3. Organização do local de trabalho
4. Aspectos financeiros
Quadro 6: Critérios de avaliação para cada categoria do Prêmio Nacional de Inovação Fonte: Regulamento do Prêmio Nacional de Inovação (MEI, 2017)
33
A primeira edição do anuário Ranking Valor Inovação Brasil foi lançada em 06
de julho de 2015, com a apresentação de um ranking das 100 empresas mais
inovadoras, classificadas com base na intenção de inovar, no esforço para realizar a
inovação, nos resultados obtidos e na avaliação do mercado (Figura 8). Nesta
classificação, também são utilizados os seguintes critérios: criação de novos produtos,
processos e estruturas; número de lançamentos bem-sucedidos; percentual da receita
direcionado à inovação; implantação de cultura inovadora; e maturidade dos processos
de inovação. Fazem parte desta seleção as empresas com faturamento anual superior a
R$ 750 milhões e participação de capital privado de, no mínimo, 5% (STRATEGY&;
VALOR ECONÔMICO, 2017).
Figura 8: Metodologia de avaliação do Ranking Valor Inovação Brasil Fonte: © 2017 PwC (STRATEGY&; VALOR ECONÔMICO, 2017)
2.3.3 Critérios utilizados para rankings de inovação entre países
Entidades internacionais também estabeleceram critérios para avaliar a inovação
e a competitividade em países selecionados, de forma a estipular um ranking entre eles.
Para isto, além dos aspectos inerentes ao ambiente interno das organizações, são
considerados os fatores externos que podem contribuir ou dificultar a inovação pelas
empresas. Entre os rankings existentes, três se destacam e são reconhecidos
mundialmente. São eles:
• IMD World Competitiveness Yearbook;
• Global Innovation Index (GII);
• Global Competitiveness Index (12º pilar - Inovação).
34
O International Institute for Management Development5 (IMD), desde 1989,
publica anualmente o IMD World Competitiveness Yearbook, que apresenta um
ranking anual de competitividade (em 2016, foram 61 países), definido a partir de
critérios identificados em estudos feitos por esta instituição há mais de 25 anos,
agrupados em quatro fatores principais: desempenho econômico, eficiência do governo,
eficiência de negócios e infraestrutura. Neste último fator, um dos critérios é a
capacidade inovativa das empresas no país avaliado (IMD, 2002, 2012).
O Global Innovation Index (GII) é realizado pela Cornell University, pelo
INSEAD Business School e pelo World Intellectual Property Organization (WIPO)
desde 2007 (DUTTA; CAULKIN, 2007), com o objetivo de mensurar a inovação com
métricas e abordagens que estejam além das medidas tradicionais de inovação (como o
número de doutores, artigos de pesquisa produzidos, centros de investigação criados,
patentes emitidas e despesas em P&D) e que resultem em um ranking anual de inovação
entre os países (128 países na edição de 2016) (CORNELL UNIVERSITY; INSEAD;
WIPO, 2014).
O GII, conforme pode ser visto na Figura 9, é um índice obtido pela média de
dois subíndices: o de entrada, constituído por cinco pilares (instituições, capital humano
e pesquisa, infraestrutura, sofisticação do mercado e sofisticação do negócio); e o de
saída, constituído por dois pilares (saídas de conhecimento e tecnologia e saídas
criativas).
O Global Competitiveness Index (GCI) integra o The Global Competitiveness
Report, é publicado desde 1979 pelo World Economic Forum, e vem sendo utilizado na
análise da competitividade nacional desde 2005 (138 países na edição 2016 – 2017). O
GCI é um índice que tem como base os fundamentos macroeconômicos e
microeconômicos de competitividade nacional agrupados, a partir de 2006, em 12
categorias (pilares), conforme apresentado na Figura 10 (SCHWAB, 2014).
O último pilar (12º), que tem a inovação como foco, é constituído por
indicadores que visam avaliar a capacidade inovativa da empresa, a existência de
colaborações com instituições de pesquisas, despesas em P&D, entre outros aspectos
que estejam relacionados com a inovação para o mercado, pois, segundo a descrição do
modelo, é este tipo de inovação que contribui para a competitividade (WORLD
ECONOMIC FORUM, 2016, p. 37 - 40). 5 O International Institute for Management Development (IMD) é uma fundação sem fins lucrativos existente há mais de 50 anos,
independente, localizada em Lausanne, Suíça, com uma rede de 55 institutos parceiros em todo o mundo (no Brasil, o seu parceiro é a Fundação Dom Cabral).
35
Figura 9: Composição do Global Innovation Index (GII) Fonte: Cornell University, INSEAD e WIPO, 2016, p. 14
Figura 10: Constituição do Global Competitiveness Index (GCI) Fonte: Adaptado de SCHWAB, 2014, p. 9
36
Com o intuito de visualizar a evolução da classificação do Brasil ao longo do
tempo, em cada um destes índices (IMD, GII e 12º pilar do GCI), no Gráfico 6 foram
apresentados os dados referentes às posições obtidas pelo país, desde o ano 2000, ano
da primeira publicação da PINTEC. Para evitar distorções na série histórica, tendo em
vista que a quantidade de países que fazem parte dos rankings é modificada a cada ano,
foram calculadas as posições relativas para cada ano em cada ranking.
Gráfico 6: Posições do Brasil em rankings relacionados à inovação.
(1) Posição do Brasil em relação ao total de países que constituem o ranking a cada ano.
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados do IMD World Competitiveness Yearbook
(IMD, 2000-2016); do Global Innovation Index (DUTTA; CAULKIN, 2007; INSEAD, 2009, 2010, 2011; INSEAD; WIPO, 2012; CORNELL UNIVERSITY; INSEAD; WIPO, 2013, 2014, 2015, 2016); e do Global Competitiveness Index (WORLD ECONOMIC FORUM, 2005-2015,
2016)
Esta trajetória do Brasil, em declínio, que é observada por meio dos rankings
internacionais ilustrados no Gráfico 6, é percebida internamente pelos brasileiros que
vivenciam a falta de crescimento e desenvolvimento econômico e a grande dificuldade
de sobreviver nos momentos de crise, por conta do distanciamento cada vez maior, do
país, em conseguir ser uma nação com perfil inovador e competitivo.
37
2.4 AS ABORDAGENS DAS PESQUISAS DE INOVAÇÃO NAS ESTATÍSTICAS OFICIAIS DE ALGUNS PAÍSES
Um estudo analítico e comparativo foi realizado sobre as pesquisas de inovação
das estatísticas oficiais de alguns países selecionados (IPEA, 2013). Nesta seleção,
delimitada pela relevância e pela objetividade, foram escolhidos aqueles que aparecem
com frequência nas cinco primeiras colocações dos rankings relacionados à inovação,
estabelecidos por entidades internacionalmente reconhecidas, no período de 2010 a
2016 (Quadro 7): o IMD World Competitiveness Yearbook (IMD, 2010, 2011, 2012,
2013, 2014, 2016) do International Institute for Management Development (IMD); o
Global Innovation Index - GII (INSEAD, 2009, 2010, 2011; INSEAD; WIPO, 2012;
CORNELL UNIVERSITY; INSEAD; WIPO, 2013, 2014, 2015, 2016) do Cornell
University, INSEAD e World Intellectual Property Organization (WIPO); e o Global
Competitiveness Index – GCI (WORLD ECONOMIC FORUM, 2005-2015, 2016) do
World Economic Forum.
Também foram considerados os países classificados no European Innovation
Scoreboards (EUROPEAN COMMISSION, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014b, 2015b,
2016), um painel elaborado pela Comissão Europeia, que possibilita uma avaliação
comparativa do desempenho em pesquisa e inovação nos países que compõem a União
Europeia6 e de mais alguns selecionados. No decorrer da pesquisa, também foram
incluídos países cuja relevância foi percebida durante a elaboração deste documento.
No Brasil, a estatística oficial sobre inovação é a Pesquisa de Inovação
(PINTEC), realizada a cada três anos pelo IBGE. Ela utiliza o Manual de Oslo (OECD;
EUROSTAT, 2005) como referência metodológica e conceitual e o questionário
adotado pelos países membros da União Europeia ‒ o Community Innovation Survey
(CIS) ‒ como padrão (EUROPEAN COMMISSION, 2015a). Uma diferença relevante
que pode ser observada entre o questionário da PINTEC 2014 e o CIS 2014
(EUROPEAN COMMISSION, 2014a), última versão do CIS, é a contextualização de
algumas opções de respostas para a realidade brasileira (opções para os fatores que
6
A União Europeia é formada por 28 países (ano de adesão): Alemanha (1958), Áustria (1995), Bélgica (1958), Bulgária (2007), Chipre (2004), Croácia (2013), Dinamarca (1973), Eslováquia (2004), Eslovênia (2004), Espanha (1986), Estônia (2004), Finlândia (1995), França (1958), Grécia (1981), Hungria (2004), Irlanda (1973), Itália (1958), Letônia (2004), Lituânia (2004), Luxemburgo (1958), Malta (2004), Países Baixos (1958), Polônia (2004), Portugal (1986), Reino Unido (1973 – em processo de saída da UE, após aprovação por referendo popular realizado em 23/06/2016) –, República Checa (2004), Romênia (2007), Suécia (1995). São países candidatos: Albânia, Antiga República Iugoslava da Macedônia, Montenegro, Sérvia, Turquia. Potenciais países candidatos: Bósnia e Herzegovina, Kosovo (UE, 2016).
38
prejudicaram as atividades inovativas, por exemplo) e um bloco de questões destinado a
identificar a relação entre as inovações realizadas com aspectos que trazem benefícios
ao meio ambiente (bloco 13, CIS 2014).
RANKING IMD WORLD COMPETITIVENESS YEARBOOK
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
1 Singapura Hong Kong Hong Kong EUA EUA EUA Hong Kong
2 Hong Kong EUA EUA Suíça Suíça Hong Kong Suíça
3 EUA Singapura Suíça Hong Kong Singapura Singapura EUA
4 Suíça Suécia Singapura Suécia Hong Kong Suíça Singapura
5 Austrália Suíça Suécia Singapura Suécia Canadá Suécia
RANKING GLOBAL INNOVATION INDEX (GII)
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
1 Islândia Suíça Suíça Suíça Suíça Suíça Suíça
2 Suécia Suécia Suécia Suécia Reino Unido Reino Unido Suécia
3 Hong Kong Singapura Singapura Reino Unido Suécia Suécia Reino Unido
4 Suíça Hong Kong Finlândia Países Baixos Finlândia Países Baixos EUA
5 Dinamarca Finlândia Reino Unido EUA Países Baixos EUA Finlândia
RANKING GLOBAL COMPETITIVENESS INDEX (GCI)
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
1 Suíça Suíça Suíça Suíça Suíça Suíça Suíça
2 Suécia Singapura Singapura Singapura Singapura Singapura Singapura
3 Singapura Suécia Finlândia Finlândia EUA EUA EUA
4 EUA Finlândia Suécia Alemanha Finlândia Alemanha Países Baixos
5 Alemanha EUA Países Baixos EUA Alemanha Países Baixos Alemanha
RANKING EUROPEAN INNOVATION SCOREBOARDS (1)
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
1 Suíça Suíça Suíça Suíça Suíça Suíça Suíça
2 Suécia Suécia Suécia Suécia Suécia Suécia Suécia
3 Dinamarca Dinamarca Dinamarca Alemanha Dinamarca Dinamarca Dinamarca
4 Finlândia Alemanha Alemanha Dinamarca Alemanha Finlândia Finlândia
5 Alemanha Finlândia Finlândia Finlândia Finlândia Alemanha Alemanha
Quadro 7: Os cinco primeiros países classificados nos principais rankings internacionais de inovação
Fonte: Elaboração própria, com base nos resultados dos rankings de inovação relacionados. (1) Denominado por Innovation Union Scoreboard (IUS), de 2010 a 2015.
A pesquisa de inovação da Suíça (KOF-ETH, 2017), país que aparece no
primeiro lugar em 20 dos 28 rankings sobre inovação apresentados no Quadro 7 (nos
outros oito rankings, ela aparece entre os cinco primeiros), é realizada a cada três anos
pelo Instituto KOF-ETH, Zurich, em concordância com a Secretaria de Estado para os
39
Assuntos Econômicos (SECO). Além das questões que permitem a comparação com os
dados coletados nos países da União Europeia (UE), por meio do CIS, ela possui
questões que visam subsidiar a definição das estratégias de inovação para o país. Alguns
blocos temáticos, apesar de terem o mesmo tema, possuem algumas questões que
permitem a obtenção de mais informações sobre o assunto abordado.
Na Suécia, a pesquisa de inovação (SCB, 2016) é conduzida pelo Statistiska
Centralbyrån Statistics Sweden (SCB), que é o órgão responsável pelas estatísticas
oficiais deste país. Este inquérito sobre a inovação atende especificamente às questões
contidas no CIS, mas existem documentações no site do SCB que mencionam planos
para a melhoria da pesquisa, por meio da inclusão de questões que agreguem maior
conhecimento para a tomada de decisões do governo da Suécia (SCB, 2017).
A pesquisa Business Research and Development and Innovation Survey
(BRDIS) é realizada anualmente pelos Estados Unidos, desde 2008, em substituição à
pesquisa Survey of Industrial Research and Development (SIRD), que era realizada
desde a década de 1950. Ela é conduzida pelo Census Bureau em acordo com o
National Center for Science and Engineering Statistics (NCSES) e seus resultados são
utilizados para avaliar as tendências no desempenho e financiamento das empresas em
P&D (NSF, 2017).
A BRDIS é anualmente colocada em campo em duas versões: uma mais ampla,
a BRDI-1 (NSF, 2016a), enviada às empresas com atividades de P&D reconhecidas; e
uma versão compacta, a BRDI-1(S) (NSF, 2016b), enviada às demais empresas. As
questões relativas ao tema inovação são as mesmas nas duas versões, o que as diferem é
a quantidade maior de questões relativas à P&D na versão considerada mais completa
(BRDI-1).
Hong-Kong, Região Administrativa Especial da República Popular da China,
também tem se destacado nos rankings internacionais de inovação. O Departamento de
Censos e Estatísticas local realiza, anualmente, a pesquisa Hong Kong Innovation
Activities Statistics (C&SD, 2016), que, a partir de 2008, substituiu o Report on Annual
Survey of Innovation Activities in the Business Sector.
A pesquisa de inovação da Finlândia (STATISTICS FINLAND, 2017) é
realizada pelo Statistics Finland a cada dois anos, com o objetivo de reunir dados que
possibilitem a identificação das características e medidas relacionadas à atividade de
inovação nas empresas finlandesas. Por isso, mesmo seguindo as referências conceituais
e metodológicas do Manual de Oslo e o questionário harmonizado pela UE (CIS), esta
40
pesquisa inclui algumas questões que visam à obtenção de indicadores e estatísticas que
consigam cobrir todo o processo de inovação, desde a geração das ideias até as
inovações que são concretizadas.
O Centre for European Economic Research (ZEW), desde 1993, realiza,
anualmente, a pesquisa de inovação da Alemanha (ZEW, 2017), em atendimento ao
German Federal Ministry for Education and Research (BMBF). Nesta pesquisa, são
realizados levantamentos sistemáticos sobre as perspectivas para o comportamento
inovador na indústria de transformação (Prospects of the German Economy) e nos
serviços (Services of the Future), com estudos feitos em colaboração com o Institute for
Applied Social Sciences (INFAS). Também são gerados relatórios anuais sobre a
inovação, em grupos de indústrias e serviços, para cada um dos 21 setores econômicos,
objetos da pesquisa. Além disto, são atendidas, a cada três anos, as questões
harmonizadas do CIS, que a Alemanha, como membro da UE, deve realizar. Dentro
deste formato, a pesquisa de 2015 fornece informações sobre as atividades de inovação
das empresas alemãs nos anos de 2012 a 2014 e as atividades planejadas para os anos de
2015 e 2016.
A pesquisa de inovação do Reino Unido (UNITED KINGDOM, 2015) é
realizada a cada dois anos e é constituída pelas questões que fazem parte do
questionário harmonizado pela UE (CIS), com exceção de uma pergunta, que trata das
habilidades de indivíduos empregados na empresa (UNITED KINGDOM, 2016).
Nos Países Baixos, a pesquisa sobre inovação foi iniciada em 1994, incluindo
empresas que tinham a quantidade de empregados na faixa entre uma e nove pessoas. A
partir de 2002, visando atender ao modelo de survey harmonizado (CIS) pela UE, foram
realizadas pesquisas de P&D e inovação em empresas com 10 ou mais empregados.
Atualmente, estas pesquisas ocorrem anualmente, sendo que, nos anos ímpares, a ênfase
é em P&D e nos anos pares, o foco é nos aspectos relacionados à inovação.
A Austrália realiza, anualmente, o Business Characteristics Survey (BCS), que é
uma pesquisa que contribui para reunir as características integradas da empresa (IBCS),
tais como: tecnologia da informação, inovação, entre outras, não financeiras
(AUSTRÁLIA, 2016). Ela alterna, a cada ano, as características a serem contempladas
no levantamento. Com isso, apesar de a BCS ser anual, apenas em anos alternados é que
a pesquisa sobre inovação é realizada e ela, assim como a que ocorre no Reino Unido,
difere da CIS apenas pela pergunta que versa sobre as habilidades de indivíduos
empregados na empresa.
41
A pesquisa de inovação da Dinamarca (DANMARKS STATISTIK, 2015), além
de atender à UE e ter o Manual de Oslo como referencial teórico, visa avaliar o alcance
das inovações nas empresas que são objeto da pesquisa. Ela pode ser, teoricamente,
dividida em três partes: a primeira tem como abrangência as atividades de entrada do
processo inovativo e os recursos utilizados. A segunda aborda o processo de inovação e
o compartilhamento do conhecimento e a terceira tem como foco a saída do processo
(DANMARKS STATISTIK, 2017).
O Canadá realiza, desde 2007, a Survey of Innovation and Business Strategy
(SIBS), uma pesquisa feita em empresas com 20 ou mais pessoas ocupadas (CANADÁ,
2012), que aborda questões relativas às estratégias, mercado, ambiente competitivo,
práticas comerciais e de gestão, uso de tecnologias avançadas, gestão de pessoas e
aspectos relacionados à inovação.
Conforme mencionado no Manual de Oslo (OECD; EUROSTAT, 2005, p.142),
as pesquisas de inovação podem ser combinadas com outras pesquisas, que possam
agregar dados importantes, para o melhor entendimento do processo inovativo. Como
exemplo, têm-se as pesquisas estruturais sobre as empresas, relativas às atividades
econômicas, às de difusão da tecnologia da informação e comunicação (TIC) e às de
práticas de gestão do conhecimento, entre outras. O próprio manual cita a Itália (ISTAT,
2015), a Bulgária e os Países Baixos como utilizadores desta prática, motivo pelo qual
estes países foram incluídos no estudo feito sobre a estrutura das pesquisas de inovação.
No Quadro 8, são relacionados os blocos temáticos constituintes das pesquisas
de inovação dos países selecionados. Nele é possível observar os temas abordados em
cada pesquisa (País / Ano), bem como fazer a comparação entre elas e o CIS 2014,
última versão do questionário adotado como padrão pelos países membros da União
Europeia. Cabe observar que os países Singapura, Países Baixos, Islândia e Bulgária
não constam no quadro, em razão da não disponibilidade dos questionários das suas
pesquisas.
Na análise comparativa realizada sobre as pesquisas de inovação feitas por
órgãos oficiais dos países que se destacam em rankings internacionais de inovação e
competitividade, foi constatado que praticamente todas adotam a configuração da
Community Innovation Survey (CIS), que segue as orientações apresentadas no Manual
de Oslo (OECD; EUROSTAT, 2005) e é exigida a todos os países que constituem a
União Europeia (UE).
O Manual de Oslo traz recomendações para a formulação de pesquisas de
42
inovação que visam à comparabilidade dos dados, mas prevê que sejam incluídos temas
específicos e relevantes para cada país, como também, que se evitem perguntas relativas
à P&D (ARUNDEL, 2007; GODIN, 2002), para que um grande número de questões
não seja enviado a muitas empresas que inovam e não possuem a prática de pesquisa e
desenvolvimento.
Alguns países, como o Brasil e os Estados Unidos, não seguem esta
recomendação. Este último consegue evitar o desperdício de tempo e insumos, com a
colocação de duas versões da pesquisa em campo. Uma mais ampla, com questões
aprofundadas sobre P&D, enviada somente a empresas que realmente colocam esta
atividade em prática. Outra versão apresenta apenas algumas questões sobre este tema, e
é enviada às demais empresas, mas, tanto em uma versão como na outra, as questões
relativas à inovação são muito poucas, não cobrem a abordagem recomendada pelo
Manual de Oslo para a comparabilidade entre os países.
Com os dados levantados nas pesquisas de inovação colocadas em prática, são
gerados relatórios que apresentam resultados para subsidiar a tomada de decisões sobre
os próximos passos a serem dados em prol da inovação e da competitividade (PIANTA;
SIRILLI, 1997). Os dados obtidos nas pesquisas e que integram estes relatórios, ao
contrário do que é preconizado por Kaplan e Norton (2014), referem-se apenas ao
passado, impossibilitando a composição de indicadores que permitam a identificação de
tendências (leading).
Entretanto, no estudo feito sobre as pesquisas, foi possível perceber que a
Finlândia e o Reino Unido já consideram que os dados referentes às estratégias
estabelecidas pelas empresas (que podem gerar indicadores leading) são relevantes em
um inquérito sobre inovação.
43
TEMAS
BLOCOS TEMÁTICOS DAS PESQUISAS DE INOVAÇÃO / PAÍS AONDE OS TEMAS SÃO ABORDADOS
CIS 2014BRASIL
2014 SUÍÇA
2015 SUÉCIA
2014
EUA 2016 (a)
HONG KONG
2015
FINLÂNDIA 2016
ALEMANHA 2015
REINO UNIDO
2015
AUSTRÁLIA 2014
DINAMARCA 2015
ITÁLIA 2014
1 Informações gerais sobre a empresa
1 1 1 1 1 e 5 1 1 1 1 1 1 1
2 Inovação de produto - bens e /ou serviços
2 2 2 2 2 3 2 3 2 2 2 2
3 Inovação de processo 3 2 2 3 3 3 3 4 2 2 2 3
4 Inovações de produto ou processo em andamento ou abandonadas
4 2 2 4 3 4 5 2 2 2 4
5 Atividades e gastos em inovações de produto e de processo
5 3 4 5 3 5 6 2 2 2 5
6 Apoio de financiamento para atividades inovativas
6(f) 6 e 12 5 6 3 5(f) 8(f) 2 2 6(f)
7 Cooperação para atividades inovativas de produtos e processos
7 9 6 7 3 7 e 14(c) 9 3 3 3 7
8 Inovação organizacional 8 15 10 8 5 8 11 2 2 2 8
9 Inovação de marketing 9 15 10 9 6 9 11 2 2 2 9
10 Contrato de Inovação para o setor público
10 12
10 2 X X 3 3 3 10
11 Direitos de propriedade e licenciamento
11 13 7 11 2 X 12 3 3 3 11
12 Barreiras e obstáculos à inovação
12(d) 14 11 12 4 10 10 3 3 3 12
continua ...
Quadro 8: Blocos temáticos das pesquisas de inovação que resultam em estatísticas oficiais nos países selecionados Fonte: Elaboração própria, com base nas pesquisas de inovação realizadas pelos países selecionados
44
TEMAS
BLOCOS TEMÁTICOS DAS PESQUISAS DE INOVAÇÃO / PAÍS AONDE OS TEMAS SÃO ABORDADOS
CIS 2014BRASIL
2014 SUÍÇA
2015 SUÉCIA
2014
EUA 2016 (a)
HONG KONG
2015
FINLÂNDIA 2016
ALEMANHA 2015
REINO UNIDO
2015
AUSTRÁLIA 2014
DINAMARCA 2015
ITÁLIA 2014
13 Inovações com benefícios para o meio ambiente (ecoinovação)
13 13 13 13
14 Informações econômicas básicas sobre a empresa
14 1 1 1 1 14 4 4 4
15 Detalhamento do dispêndio com Pesquisa e Desenvolvimento
7 3 5 2 6
16 Atividades internas de Pesquisa e desenvolvimento
8 3 e 4 4 e 5 2 7
17 Impactos das inovações 9 3 3(e) 3(e)
18 Fontes de informação 10 9 6 3 3
19 Uso da biotecnologia e da nanotecnologia
16 8
20 Característica do mercado de atuação da empresa e nível de concorrência
1 4
21 Potencial tecnológico da empresa 8
22 Habilidades necessárias às pessoas 4
23 Utilização de Big Data 12
25 Uso de informações e Tecnologias de comunicação (TIC)
12 13
continua ...
Quadro 8: Blocos temáticos das pesquisas de inovação que resultam em estatísticas oficiais nos países selecionados Fonte: Elaboração própria, com base nas pesquisas de inovação realizadas pelos países selecionados
45
TEMAS
BLOCOS TEMÁTICOS DAS PESQUISAS DE INOVAÇÃO / PAÍS AONDE OS TEMAS SÃO ABORDADOS
CIS 2014BRASIL
2014 SUÍÇA
2015 SUÉCIA
2014
EUA 2016 (a)
HONG KONG
2015
FINLÂNDIA 2016
ALEMANHA 2015
REINO UNIDO
2015
AUSTRÁLIA 2014
DINAMARCA 2015
ITÁLIA 2014
26 Tecnologias Emergentes em TI (Emerging Technologies) (g)
13, 14 e
15 13 7(b)
27 Uso do e-gov 16 12
28 Barreiras para vendas pela internet
17
29 Efeito de legislação ou regulamentação sobre atividades de inovação
11
30 Estratégia e Práticas de Negócios 1 1
conclusão
Quadro 8: Blocos temáticos das pesquisas de inovação que resultam em estatísticas oficiais nos países selecionados Fonte: Elaboração própria, com base nas pesquisas de inovação realizadas pelos países selecionados
(a) Questões dentro de uma pesquisa de P&D. (b) Bloco 7 da Pesquisa 2016 (ZEW, 2017). (c) Detalhamento de colaborações específicas com universidades. (d) Somente para empresas que não inovaram. (e) Visto como objetivo, não como resultado. (f) Somente financiamento público. (g) Mídia social, computação em nuvem, e-commerce.
46
2.5 ASPECTOS QUE INTERFEREM NA CAPACIDADE INOVATIVA DAS
ORGANIZAÇÕES
Estudos revelam que vários aspectos, tanto internos quanto externos à
organização, podem interferir na sua capacidade inovativa (CALDERÓN-
HERNÁNDEZ; NARANJO-VALENCIA, 2007). Conforme defendido por Kaplan e
Norton (2004), a inovação deve ser assumida como uma estratégia para a instituição e,
como tal, é recomendável que o desenho do seu mapa estratégico seja precedido de
análises nos ambientes organizacionais para que se identifiquem, internamente, os
pontos fortes e fracos da organização e, externamente, as oportunidades e ameaças.
A análise do ambiente externo pode ser mais efetiva quando realizada em duas
etapas: no macroambiente e no microambiente. Na primeira, são observadas as variáveis
políticas, econômicas, socioculturais, tecnológicas e ecológicas, identificadas pelo
acrônimo PESTE (PEREIRA, 2012). Na segunda etapa, são avaliadas: as ameaças de
novos entrantes, o poder de negociação dos fornecedores, o poder de negociação dos
consumidores, a ameaça de produtos substitutos e a rivalidade entre os concorrentes
(PORTER, 2004).
Nas análises ambientais também devem ser identificados os fatores críticos, que
são os aspectos que podem interferir na concepção, seleção, desenvolvimento e
lançamento da inovação (AUSTRÁLIA, 2011, 2014). Por tal motivo, devem ser
conhecidos e considerados na determinação das estratégias a serem adotadas, bem como
na definição dos indicadores a serem utilizados, no monitoramento e avaliação das
etapas do processo de inovação (PEREIRA, 2012).
No mapa estratégico dos processos de gestão da inovação, elaborado por Kaplan
e Norton (2004), objetivos de quatro perspectivas interligam-se uns com os outros numa
cadeia de relações de causa e efeito (Figura 6, p. 22). Na perspectiva aprendizagem e
crescimento, encontram-se os ativos intangíveis, que são constituídos pelo capital
humano, capital da informação e capital organizacional. Eles são a fonte de criação de
valor sustentável, pois reúnem as pessoas, a tecnologia, o clima e a cultura
organizacional, entre outros, em objetivos de sustentação das estratégias que levarão às
melhorias no desempenho dos processos, para resultar no alcance dos propósitos junto
aos clientes e acionistas (JARUZELSKI; LOEHR; HOLMAN, 2011).
O Observatório da Inovação e Competitividade (OIC), vinculado ao Instituto de
Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), realizou, em 2010, um estudo
47
sobre as estratégias de inovação em sete países: Estados Unidos, Finlândia, França,
Reino Unido, Irlanda, Japão e Canadá, no qual, entre outras conclusões, destacam-se
que: para existir inovação é necessário investir na educação e formação das pessoas; as
organizações devem ter a cultura de ouvir os seus colaboradores; deve haver um
ambiente econômico amigável, com estímulos para as empresas inovarem (ABDI,
2010a).
Para Naranjo-Valencia e Calderón-Hernández (2015), a cultura organizacional é
uma característica interdisciplinar social, fomentadora de uma série de comportamentos
que, a partir de regras, funções e valores regem a empresa e sustentam o sistema
organizacional. Abidin, Mokhtar e Yusoff (2012) e Fonseca (2014) a veem como um
fator-chave para a gestão da inovação, pois ela pode interferir em todos os outros fatores
que contribuem para a inovação na organização.
Segundo Fonseca e Bruno-Faria (2014a), a cultura da organização está
relacionada com a inovação quando existe um ambiente organizacional que permite e
incentiva a criatividade das pessoas, bem como um sistema de comunicação que
possibilite trocas de informações, experiências, ideias e valores com foco na inovação.
Muitas vezes, uma cultura organizacional caracterizada por resistência às
mudanças e contrária à inovação pode trazer inúmeras dificuldades para a construção de
um ambiente inovador (ARVANITIS; SELIGER; STUCKI, 2013). Além disso,
segundo De Ré et al. (2007), os valores culturais de uma sociedade influenciam os
valores pessoais, a motivação e o comportamento dos colaboradores. Tais autores ainda
acrescentam que essas características fazem com que as pessoas entrem em seu local de
trabalho impregnadas de uma série de normas e valores culturais vindos da cultura
maior da sociedade.
Fonseca e Bruno-Faria (2014b) defendem a definição de modelos teóricos
específicos para a cultura de inovação, pois ela possui características próprias, fazendo
com que os fatores que a constituem (Quadro 9) sejam diferentes daqueles que integram
a cultura organizacional de uma empresa não inovadora.
A cultura de inovação também pode ser comprometida pela incorporação de
comportamentos defensivos à cultura organizacional, decorrentes de situações nas quais
as pessoas tenham se sentido inseguras quanto à manutenção do seu emprego na
organização (MACHADO, 2004). Para De Ré et al. (2007), nestes casos, as pessoas
podem limitar a sua atuação para reduzir riscos de erro, evitar compartilhar o
conhecimento, criar empecilhos para mudanças, entre outras formas de defesa.
48
FATORES SIGNIFICADO
Estratégia É descrita na visão e missão como um cliente – foco na orientação de mercado.
Intencionalidade Embora faça parte da estratégia, é considerada um determinante dissociado da cultura organizacional que apoia a criatividade e a inovação. É explicitada, principalmente, nas metas e objetivos organizacionais.
Relação de confiança Cultura baseada em confiança manifestada na acessibilidade e sinceridade.
Comportamento que encoraja inovação
Envolve o encorajamento de ideias, gestão que dá crédito às ideias, encoraja a iniciativa, encontra novos modos de solucionar problemas e cria valores que dão suporte ao correr riscos.
Ambiente de trabalho O foco nos empregados e no modo como o trabalho ocorre no ambiente laboral faz parte da cultura organizacional.
Orientação para o cliente
Foco na compreensão das necessidades dos clientes internos e externos, com aprimoramento e flexibilidade nos serviços fornecidos aos consumidores.
Suporte da gerência A comunicação entre empregados, gerência e diferentes departamentos é determinante da cultura organizacional que apoia a criatividade e a inovação.
Quadro 9: Fatores característicos da Cultura Organizacional que apoiam a criatividade e a inovação Fonte: Martins e Martins (2002) apud Fonseca e Bruno-Faria (2014b, p.38)
Grandes dificuldades para inovar também podem ocorrer quando a alta direção
não se coloca à frente das novas investidas, nem da definição e implementação de
estratégias para a inovação, pois o seu comprometimento é imprescindível para a
ocorrência de mudanças no clima e na cultura organizacionais. Corrêa (2008) assevera
que, se não houver o apoio moral, financeiro ou político por parte da alta diretoria da
empresa, há poucas chances de sucesso.
Segundo Cavedon (2010), para alterar a cultura de uma empresa é necessário,
por meio das mais diversas formas, estimular as pessoas a buscarem o constante
aprendizado. Tanto aprendizagem quanto inovação contínuas devem ser valores básicos
da organização, assim como as pessoas que nela trabalham devem ter liberdade para
questionar e alterar suas práticas, convicções e valores (TIDD; BESSANT, 2013).
Outro aspecto que interfere no desenvolvimento da inovação é a forma como o
conhecimento é gerenciado na organização. Para Vazquez et al. (2011), a sua
importância para a vantagem competitiva pela inovação tem sido largamente discutida
no campo da gestão estratégica, especialmente quanto ao seu papel como ativo
específico capaz de agregar valor para a organização.
A Gestão do Conhecimento, segundo Falcão e Bresciane Filho, apud Carbone et
al. (2006, p. 82), é o “processo pelo qual uma organização consciente sistematicamente
coleta, organiza, compartilha e analisa seu acervo de conhecimento para atingir seus
49
objetivos”. Ela está associada ao desempenho organizacional, pois à medida que uma
empresa consegue reter conhecimentos, agrega valor às suas atividades e se torna mais
competitiva (JANIUNAITE; PETRAITE, 2010; KODAMA, 2011).
Na prática, a Gestão do Conhecimento inclui a identificação e o mapeamento
dos ativos intelectuais ligados à organização, bem como a geração de novos
conhecimentos. Dessa forma, é possível oferecer vantagens na competição pelo
mercado e tornar acessível grandes quantidades de informações corporativas,
compartilhando as melhores práticas através de ferramentas específicas para essa
finalidade (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). Além disso, a Gestão do Conhecimento
contribui para a aprendizagem organizacional (CORSO et. al., 2001), pois quando uma
empresa implementa ações para esse fim, ela altera, de forma positiva, o status do
conhecimento e isso, consequentemente, se reflete nos resultados alcançados pela
organização.
Segundo Drucker (1998), na atual sociedade, denominada por ele de “pós-
capitalista”, o recurso econômico básico não é mais o capital, nem os recursos naturais,
nem a mão de obra, mas sim o conhecimento. O autor afirma que o valor é criado pela
produtividade e pela inovação, que são aplicações do conhecimento ao trabalho.
O conhecimento é uma vantagem competitiva sustentável, pois aumenta com a
sua utilização, ao contrário dos ativos materiais, que diminuem ou perdem valor à
medida que são utilizados. De acordo com Davenport e Prusak (1998), neste novo
contexto de negócios, as organizações reconhecem que o conhecimento é a única fonte
capaz de gerar vantagens competitivas sustentáveis.
Novos conhecimentos são criados a partir da conversão do conhecimento tácito,
que pertence a cada pessoa, em explícito, que pode ser facilmente transmitido,
processado ou armazenado (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). Esta conversão, que é
complexa e desafiadora para as organizações, deve ser considerada uma prioridade,
pois, enquanto permanecer guardada como know-how pessoal, o conhecimento tácito
tem pouco valor para a empresa (CHOO, 2003).
As empresas que querem inovar devem, além de buscar o aprendizado contínuo
da organização, almejar a acumulação de competências que contribuam para um
ambiente organizacional propício ao desenvolvimento da inovação (BREZNIK;
HISRICH, 2014; TEECE; PISANO; SHUEN, 1997). Mark Dodgson (apud CUTLER,
2008) identificou um conjunto de competências estratégicas, operacionais e de
integração, necessárias à condução de empresas inovadoras (Quadro 10).
50
COMPETÊNCIAS ESTRATÉGICAS E DE LIDERANÇA
• Ter capacidade de responder rapidamente às mudanças no ambiente de mercado; • Comunicar claramente a intenção estratégica e articular as mudanças necessárias
através da inovação; • Fomentar a capacidade de inovação e criatividade em toda a organização; • Propagar o valor que a inovação pode oferecer e se manter aberto a modelos
alternativos; • Ter capacidade de aprender com o fracasso; e • Pensar e agir a partir de uma perspectiva global e sistêmica.
COMPETÊNCIAS OPERACIONAIS
• Avaliar as oportunidades de inovação, com a utilização de métodos formais para a sua análise, avaliação e seleção, incluindo pesquisa de mercado e avaliação de riscos;
• Identificar os desafios na gestão das atividades inovadoras, as ferramentas necessárias para tornar os processos mais sistemáticos e fornecer os recursos de apoio;
• Reduzir o tempo de ciclo e o custo da inovação com o uso de simulações, modelagens e o uso de prototipagem virtual e rápida;
• Criar valor para o projeto; • Estimular os funcionários a inovarem, com o uso de incentivos e recompensas; • Proteger adequadamente a propriedade intelectual; e • Auditar, medir e avaliar o desempenho da inovação de uma forma significativa,
levando em consideração os valores que são agregados por ela.
COMPETÊNCIAS INTEGRATIVAS
• Colaborar efetivamente com parceiros, clientes e fornecedores para o desenvolvimento e lançamento da inovação;
• Cumprir e disseminar o conhecimento sobre regulamentos, normas técnicas e requisitos ambientais; e
• Intermediar a busca pela inovação através das fronteiras organizacionais, profissionais e disciplinares.
Quadro 10: Competências identificadas por Mark Dodgson, apud Cutler (2008), como
necessárias à condução de empresas inovadoras
Fonte: Elaboração própria
A existência de competências apropriadas para o desenvolvimento da inovação é
primordial para a empresa. Para Christensen, Dyer e Gregersen (2009), o DNA dos
Inovadores é complementado por competências de descoberta e execução. Eles ainda
afirmam que existe um conjunto de características que distinguem os profissionais
inovadores, e que estes não geram novas ideias apenas em decorrência de uma simples
capacidade cerebral; muitas vezes, tal fenômeno ocorre como resultado do
desenvolvimento de comportamentos.
51
A estrutura organizacional e a infraestrutura existente na instituição são outros
aspectos que podem interferir no desenvolvimento da inovação. Estruturas
verticalizadas, complexas e concentradas na hierarquia e burocracia causam
dificuldades de comunicação e cooperação entre departamentos e colaboradores, trazem
prejuízos à obtenção de melhorias na cultura e clima organizacionais, tornam as
decisões mais lentas e dificultam a inovação e troca de conhecimentos (JANIUNAITE;
PETRAITE, 2010).
Para Biloslavo (2005), a estrutura organizacional é de alguma forma resultado da
cultura organizacional, mas esta interferência não é unidirecional, pois uma estrutura
restritiva pode inibir uma cultura inovadora e enriquecedora de conhecimento.
A infraestrutura tecnológica, em sintonia com a estrutura organizacional e com
as pessoas, deve proporcionar um ambiente dinâmico, com capacidade de dar respostas
rápidas e de possibilitar o ajuste das estratégias na ocorrência de mudanças conjunturais
(PINHEIRO, 2011).
A Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) deve contribuir para um
processo de inovação ágil, assertivo, com facilidade de ações e conexões entre as
pessoas e com possibilidade de comunicação efetiva, troca de ideias e conhecimento
(GILMOUR, 2003).
Existem muitos outros fatores, variáveis ou aspectos que se relacionam com a
capacidade das empresas em inovar, mas conforme visto na seção que aborda os
critérios, modelos e métricas utilizados na medição da inovação (seção 2.3, p. 25), eles
não atuam isoladamente, cada um contribui de alguma forma para capacidade inovativa
da organização (ZLATKA, 2010).
2.6 HORIZONTES ORGANIZACIONAIS
De forma absolutamente direta, inovação está ligada à competitividade. Nesse
sentido, a alternativa de crescimento organizacional pode ser derivada da maior
capacidade da empresa em competir no mercado onde atua. Assim, a inovação exige, de
modo infuso, a visão dos horizontes organizacionais a serem ampliados e a
compreensão das fronteiras a serem transpostas para que isto ocorra.
Ou seja, tal como em Alice no País das Maravilhas “se você não sabe para onde
quer ir, não importa o caminho que vai seguir” (CARROLL, 2000, p. 89), o ato de
52
inovar está intrinsecamente relacionado à perfeita compreensão de qual fronteira
organizacional deve ser ampliada/transposta/consolidada para a obtenção do horizonte
organizacional desejado para a empresa.
A intenção em inovar, o tipo de inovação – de produto, de processo, de
marketing ou organizacional – e o respectivo grau de novidade estão associados
diretamente às estratégias de crescimento definidas para o alcance dos objetivos
organizacionais. Segundo Besanko et al. (2012), para formular e implementar uma
estratégia bem-sucedida, a empresa deve considerar quatro grandes questões: os
horizontes organizacionais; os mercados e a concorrência; o posicionamento e a
dinâmica; e a organização interna.
Para Besanko et al. (2012), nestas quatro questões, a empresa deve definir o quê
e quanto fazer; que porte é recomendável ter e em que negócios deve atuar; precisa
analisar e entender o mercado onde atua ou pretende atuar; definir como se posicionar e
se ajustar para ter competitividade e, por fim, se organizar internamente, em termos de
estrutura e sistemas, para implementar as suas estratégias.
Para Spulber (1999), as empresas criadoras de mercado definem suas estratégias
de crescimento em função de quatro fronteiras organizacionais: escala, esfera de ação,
extensão e velocidade, conforme pode ser observado no Quadro 11.
FRONTEIRAS CONCEITO CONSOLIDAÇÃO EXPANSÃO
(1)
FONTE DE RECEITAS
ADICIONAIS
ORIGEM DA
REDUÇÃO DE
CUSTOS
CAUSA DA REDUÇÃO DO
RISCO
Escala Tamanho da capacidade
Horizontal Crescimento Poder de Mercado
Economia de escala
Menor variância
Esfera de ação Variedade de
produtos Lateral Diversificação
Ganhos complementares
e substitutos
Economia de esfera
Diversificação
Extensão Sequência de
produção Vertical
Integração vertical
Ganho de poder frente a
fornecedores e clientes
Economia de
sequência
Coordenação do processo produtivo
Velocidade Ritmo de inovação
Dinâmica Inovação acelerada
Pioneirismo Economia
de velocidade
Desenvolvimento
Quadro 11: Fronteiras Organizacionais (1) Efeito no horizonte organizacional. Fonte: Elaborado com base em Fonseca (2013) e Spulber (1999)
53
A escala está associada à consolidação horizontal e crescimento da empresa por
meio do aumento da capacidade de produção, ou seja, aumento da quantidade que é
produzida em um determinado tempo. A esfera de ação, relacionada à variedade do que
é produzido, resulta em uma consolidação lateral e diversificação da empresa. A
extensão reflete o crescimento da empresa decorrente da integração vertical, do número
de estágios verticais de produção, distribuição e marketing incorporados à organização,
o que resulta em uma consolidação vertical. A velocidade está relacionada com o ritmo
de inovação da empresa, com a sua rapidez em inovar.
No mapa estratégico dos processos de gestão da inovação (Figura 6, p. 22),
elaborado por Kaplan e Norton (2004), são representados os processos de identificação
de oportunidades de novos produtos e serviços; de gerenciamento do portfólio de
pesquisa e desenvolvimento; de projeto e desenvolvimento de novos produtos e
serviços; e de lançamento de novos produtos e serviços no mercado. Uma das suas
perspectivas visa à proposição de valor para o cliente por meio da obtenção de produtos
de alto desempenho, liderança de mercado e expansão para novos mercados (KAPLAN;
NORTON, 2004).
Segundo Porter (2004), a capacidade da firma em criar diferenciais valorizados
pelos clientes permite a obtenção de vantagens competitivas e um grande impacto sobre
o seu desempenho. As fronteiras organizacionais, associadas às estratégias definidas
para o crescimento da firma, podem resultar na redução de custos decorrentes de
economias de escala, de esfera, de sequência e /ou de velocidade, de forma a aumentar a
competitividade e a percepção de valor da organização perante os seus stakeholders.
Para Kim e Mauborgne (2005), a estratégia sempre envolverá oportunidades e
riscos, seja em mercados denominados pelos autores como oceano vermelho, em que
existe alta competitividade, seja em mercados ainda não explorados, definidos por eles
como oceano azul. Segundo Tigre (2006), os riscos inerentes às inovações vão gerar
impactos diferenciados em função da natureza da inovação e das características do
ambiente interno em que é incorporada.
Entre os doze possíveis obstáculos para a inovação abordados na PINTEC, o
único referente a riscos – riscos econômicos excessivos – aparece entre os três mais
incidentes em todas as seis publicações da pesquisa (2000 a 2014), para todas as
empresas inovadoras. Registra-se exceção relativa às que inovaram para o mercado
nacional no setor de Eletricidade e Gás, no qual este obstáculo fica na sexta posição.
54
Com as fronteiras organizacionais definidas em conformidade com os horizontes
organizacionais desejados para a empresa e de forma alinhada aos objetivos almejados,
é possível obter a redução dos riscos com a menor variância (escala), com a
diversificação (esfera), com a coordenação do processo produtivo (extensão) e / ou com
o desenvolvimento (velocidade). Do mesmo modo, é possível obter receitas adicionais
com o poder de mercado, com ganhos complementares e substitutos, com ganho de
poder frente a fornecedores e clientes e /ou com o pioneirismo.
55
3 METODOLOGIA
Neste capítulo, são apresentadas as estratégias metodológicas e os métodos
adotados para o desenvolvimento da pesquisa e os procedimentos e técnicas utilizados
para a abordagem dos principais conceitos referentes ao tema desta tese, bem como para
a coleta e a análise dos dados necessários ao alcance dos objetivos estabelecidos.
3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA
Esta pesquisa é classificada, quanto aos fins, conforme a taxonomia não
mutuamente excludente proposta por Vergara (2013), como: exploratória, descritiva e
explicativa. Estas classificações convergem para o alcance do objetivo principal deste
trabalho e estão associadas às finalidades de cada etapa que o compõe.
Quanto aos meios de investigação (Vergara, 2013), foram utilizadas: pesquisas
bibliográfica e documental, levantamento de dados (survey) e estudo de caso, conforme
pode ser visto na estrutura metodológica representada no mapa apresentado na Figura
11.
3.1.1 Quanto aos fins
A pesquisa exploratória teve como foco a investigação dos fatores que
contribuem para a inovação e, para isto, foram utilizados os meios de investigação
bibliográficos e documentais. Desta forma, foram investigados os conceitos
relacionados ao tema, os processos que resultam em inovação, os aspectos que
interferem na capacidade inovativa das empresas, a relação entre a sua ocorrência e a
ampliação dos horizontes organizacionais e os critérios existentes para a sua medição.
A pesquisa descritiva, realizada por meio de investigações documentais, foi
direcionada para a identificação das características das empresas brasileiras que inovam
para o mercado (Apêndices A, B e C), com vistas a obter dados e informações que
pudessem contribuir com a definição de um perfil para estas empresas.
E a explicativa, conforme definido por Vergara (2013), é conduzida de forma a
obter o esclarecimento sobre quais os fatores que contribuem para a ocorrência de certo
fenômeno. No caso deste trabalho, ela teve como premissa a concepção de um modelo
teórico-conceitual construído a partir da aceitação dos horizontes organizacionais como
56
elementos que influenciam a existência da inovação.
A pesquisa explicativa foi incialmente conduzida para uma abordagem
interempresarial, para a qual foi realizado um levantamento de dados (survey) em um
grupo de empresas. Isto teve como objetivo obter respostas provenientes de
organizações diferentes, que pudessem contribuir para o esclarecimento do assunto em
questão, tendo em vista a avaliação da proposição defendida por esta tese.
Em seguida, foi realizada uma abordagem intraempresarial, em que foi utilizado
o método de estudo de caso, com a intenção de observar o uso do modelo teórico-
conceitual na identificação de tendências à inovação e no esclarecimento das baixas
taxas de inovação para o mercado nacional pelas empresas brasileiras.
Figura 11: Estrutura metodológica da pesquisa
Fonte: Elaboração própria
3.1.2 Quanto aos meios
A pesquisa bibliográfica teve como universo de investigação os artigos e
trabalhos acadêmicos relevantes para o tema deste trabalho, publicados no período de
1990 a 2016, levantados com a utilização do Endnote X7 ®, um software que utiliza a
57
base de dados Web of Science / Thomson Reuters.
Também foram consultados artigos em periódicos classificados no Qualis /
CAPES como A1, B1, A2 e B2, na área de avaliação Engenharia III (Engenharia de
Produção) no Portal de Periódicos da Capes, livros sobre o tema pesquisado e
publicações encontradas nos sites dos institutos oficiais de estatística de países
identificados nesta pesquisa como referenciais (benchmarks) em inovação.
A pesquisa documental foi realizada em manuais, normas e documentos técnicos
e metodológicos, nacionais e internacionais, relativos à temática deste estudo, bem
como sobre os dados estatísticos de todas as publicações da PINTEC (IBGE, 2002,
2005, 2007, 2010, 2013, 2016) e das pesquisas de inovação oficiais de países
selecionados.
Ainda foram utilizados dados provenientes de tabulações especiais fornecidas
pelo IBGE especificamente para este trabalho, visando, entre outros aspectos, a
caracterização do perfil das empresas brasileiras inovadoras para o mercado. A
consolidação desses dados em gráficos é apresentada no Apêndice C.
A seleção dos países, cujas pesquisas de inovação foram objeto da análise
documental, foi feita a partir da classificação obtida por entidades internacionais:
International Institute for Management Development (IMD); Cornell University,
INSEAD e World Intellectual Property Organization (WIPO); e o World Economic
Forum. Tais instituições possuem critérios para avaliar a inovação e a competitividade
em países selecionados, de forma a estabelecer um ranking entre eles (Quadro 7, p. 38).
Nesta seleção, também foram considerados os países classificados no European
Innovation Scoreboards, um painel elaborado pela Comissão Europeia, que possibilita
uma avaliação comparativa do desempenho em pesquisa e inovação nos países que
compõem a União Europeia e de mais alguns selecionados. No decorrer da pesquisa,
também foram incluídos países cuja relevância foi percebida durante a execução deste
estudo.
A pesquisa survey, definida por Freitas et al. (2000) como o método de pesquisa
apropriado quando há interesse em saber por que algo está acontecendo, foi aplicada em
32 empresas que atuam como produtoras de bens e serviços para atividades de
exploração e produção offshore em águas profundas, no segmento de petróleo e gás no
Brasil.
O estudo de caso foi utilizado com a intenção de verificar se as respostas
fornecidas pelos responsáveis pela gestão das organizações corroboram, justificam ou
58
contribuem para a compreensão dos resultados obtidos com a survey, de forma a
reforçar argumentos que permitam a avaliação da proposição constituinte desta tese.
Segundo Yin (2015), o estudo de caso é utilizado para contribuir com o conhecimento,
de forma inigualável, para a compreensão que temos dos fenômenos individuais,
organizacionais, sociais, políticos e de grupo.
A escolha da survey (abordagem interempresarial) e do estudo de caso
(abordagem intraempresarial), como meios de investigação da pesquisa explicativa, foi
feita com base no questionamento a ser investigado, no controle que se tem sobre os
eventos comportamentais e na referência temporal da pesquisa, conforme detalhamento
apresentado no Quadro 12. Isso porque, segundo Yin (2015), estas são as condições
para a definição do método mais adequado para a realização da pesquisa.
MÉTODO FORMA DA
QUESTÃO DE PESQUISA
EXIGE CONTROLE DOS EVENTOS
COMPORTAMENTAIS?
FOCALIZA ACONTECIMENTOS
CONTEMPORÂNEOS?
Experimento Como, por quê? Sim Sim
Levantamento (survey)
Quem, o quê, onde, quantos, quanto? Não Sim
Análise de arquivos Quem, o quê, onde, quantos, quanto? Não Sim / Não
Pesquisa histórica Como, por quê? Não Não
Estudo de caso Como, por quê? Não Sim
Quadro 12: Parâmetros para a definição do método mais adequado à pesquisa Fonte: Yin (2015, p. 10)
3.2 MODELO TEÓRICO-CONCEITUAL DE ASSOCIAÇÃO DAS FRONTEIRAS
ORGANIZACIONAIS ÀS ESTRATÉGIAS DE CRESCIMENTO DA EMPRESA
(AFOEC)
Tanto na survey quanto no estudo de caso, foi utilizado o modelo teórico-
conceitual de Associação das Fronteiras Organizacionais às Estratégias de Crescimento
59
da Empresa (AFOEC), decorrente do desempenho inovativo, que está sendo proposto
nesta tese e apresentado na Figura 12. Isso porque a intenção em inovar, o tipo de
inovação – de produto, de processo, de marketing ou organizacional – e o respectivo
grau de novidade estão, segundo Sánchez et al. (2011), associados diretamente às
estratégias de crescimento definidas para o alcance dos objetivos organizacionais.
Fontes de Receita Fontes de Economia Fontes de Redução de riscos
Figura 12: Modelo teórico-conceitual de Associação das Fronteiras Organizacionais às Estratégias de Crescimento da empresa (AFOEC) decorrente do desempenho inovativo
Fonte: Elaboração própria, baseado em Spulber (1999) e Fonseca (2013)
60
A elaboração deste modelo (Figura 12) foi fundamentada na definição das
fronteiras organizacionais (escala, esfera de ação, extensão e velocidade) como as
possíveis estratégias de crescimento para uma empresa (SPULBER, 1999), bem como
nos estudos desenvolvidos por Fonseca (2013) sobre o tema.
Conforme ilustrado na Figura 12, para cada fronteira (estratégia de crescimento)
estão associados os objetivos organizacionais relacionados às fontes de receita, de
redução de custos e de redução de riscos. Estes vínculos resultam na configuração dos
horizontes organizacionais, a partir de uma relação de causa e efeito, tal como
apresentado no mapa estratégico dos processos de gestão da inovação (Figura 6, p. 22)
elaborado por Kaplan e Norton (2004).
Dessa forma, o alinhamento adequado entre estratégias (fronteiras) e objetivos,
previsto no modelo teórico-conceitual AFOEC, tem como efeito a ampliação /
modificação / consolidação dos horizontes organizacionais a partir do desempenho
inovativo, resultando no crescimento (no próprio mercado); na diversificação (de
produtos oferecidos); na integração vertical ou na inovação acelerada (Figura 12).
Assim sendo, a empresa que deseja adotar como estratégia de inovação a
ampliação dos seus horizontes organizacionais por meio do aumento da quantidade
produzida - da expansão no próprio mercado, deve adotar a fronteira escala como
estratégia de crescimento. Ao optar por esta fronteira a empresa estará indo ao encontro
dos objetivos organizacionais: Poder de mercado (fonte de receita), Economia de escala
(fonte de redução de custos) e Menor variância (fonte de redução de risco).
Caso a empresa deseje expandir os seus horizontes organizacionais por meio da
integração vertical (número de estágios verticais de produção, distribuição e marketing
incorporados à organização), a fronteira extensão deve ser a estratégia de crescimento
estabelecida. Esta fronteira está associada aos objetivos organizacionais: Ganho de
poder frente a fornecedores e clientes (fonte de receita), Economia de sequência (fonte
de redução de custos) e Coordenação do processo produtivo (fonte de redução de risco).
A fronteira esfera é a estratégia de crescimento que irá proporcionar a ampliação
do horizonte organizacional por meio da Diversificação – variedade de produtos. Esta
fronteira está associada aos objetivos organizacionais: Ganhos complementares e
substitutos (fonte de receita), Economia de esfera (fonte de redução de custos) e
Diversificação (fonte de redução de risco).
A fronteira velocidade é a estratégia de crescimento que possibilitará a expansão
dos horizontes organizacionais por meio da inovação acelerada – ritmo de inovação.
61
Esta fronteira está associada aos objetivos organizacionais: Pioneirismo (fonte de
receita), Economia de velocidade (fonte de redução de custos) e Desenvolvimento
(fonte de redução de risco).
Sendo assim, a empresa não pode ter como estratégia de crescimento a fronteira
escala, por exemplo, se ela quer expandir os seus horizontes por meio da inovação
acelerada, e se tem como objetivos para a organização o Pioneirismo, a Economia de
velocidade e o Desenvolvimento. Ou seja, a empresa deve definir a estratégia de
crescimento (fronteira) adequada aos horizontes e objetivos organizacionais que deseja
alcançar, ao contrário de Alice, em “Alice no país das maravilhas” (CARROLL, 2000),
que poderia pegar qualquer caminho porque não sabia aonde gostaria chegar.
Também é importante observar que, para a consolidação do horizonte
organizacional da empresa é crucial que as estratégias e objetivos, além de estarem
alinhados adequadamente, estejam estabelecidos, disseminados e muito bem entendidos
pelos dirigentes e colaboradores, principalmente aqueles que estão em posições
estratégicas na organização.
Com base nessas considerações, o modelo teórico-conceitual AFOEC se coloca
como um instrumento para o levantamento e análise das respostas referentes às
percepções dos participantes de uma pesquisa, referente às fronteiras e objetivos da
empresa. Com isso, é possível verificar, segundo a visão do respondente, se existe o
alinhamento adequado para a consolidação de um horizonte organizacional, que
configure o crescimento da empresa e a estratégia de inovação necessária para que isto
aconteça.
O modelo teórico-conceitual AFOEC também permite a verificação da
convergência nas percepções dos respondentes, caso sejam consultados vários
colaboradores de uma mesma organização. Por meio desta análise é possível observar se
as estratégias e objetivos estão disseminados e entendidos de forma igual, por todos os
colaboradores da empresa que participaram da pesquisa, pois isto também pode resultar
em impactos consideráveis na consolidação dos horizontes organizacionais.
Além disso, entre os horizontes organizacionais que constituem o modelo
proposto, o que é configurado pela fronteira velocidade (com os objetivos Pioneirismo,
Economia de velocidade e Desenvolvimento) é o único que, para ser consolidado,
requer uma estratégia de inovação que contemple um alto grau de novidade, ou seja,
uma inovação para o mercado (no mínimo nacional).
62
Dessa forma, a visão dos horizontes organizacionais como estratégia de
inovação possibilita, por meio do modelo teórico-conceitual AFOEC, a identificação
das organizações potencialmente inovadoras para o mercado nacional.
3.2.1 Instrumento para a coleta de dados
Ao modelo teórico-conceitual AFOEC é associado um questionário constituído
por quatro questões a serem respondidas conforme a percepção dos respondentes. Uma
questão é direcionada ao levantamento das fronteiras organizacionais que seriam
correspondentes aos interesses estratégicos da organização pesquisada (ou
organizações). As outras três visam à identificação das fontes de receita, de redução de
custos e de redução de riscos que estão associadas aos objetivos das empresas
participantes da pesquisa.
Para cada questão, devem ser selecionadas duas alternativas, ou seja, duas
fronteiras, duas fontes de receita, duas fontes de redução de custos e duas fontes de
redução de riscos, de forma a permitir aos respondentes ampliar o potencial de
alinhamento às estratégias organizacionais.
A primeira questão visa identificar, segundo a percepção dos respondentes, quais
as fronteiras que estão associadas às estratégias da organização. Ela é composta pelas
seguintes opções de resposta:
• Escala – ampliação da capacidade produtiva, geralmente medida em
termos de produção por dia ou por ano; consolidação horizontal da
empresa.
• Esfera – diversificação, variedade de itens produzidos ou vendidos pela
empresa, consolidação lateral da empresa.
• Extensão – sequência de produção, incorporação de estágios verticais de
produção, integração vertical, produção interna de bens e / ou serviços
antes produzidos por outras empresas, consolidação vertical da empresa.
• Velocidade – ritmo pelo qual uma inovação é desenvolvida e
implementada, consolidação dinâmica da empresa.
A segunda questão visa identificar, segundo a percepção dos respondentes, quais
as fontes de receita que estão associadas aos objetivos da organização. Ela é composta
pelas seguintes opções de resposta:
63
• Poder de mercado – ganho de receita pelo controle de maior participação
no mercado, reação do preço à quantidade vendida.
• Ganhos complementares e substitutos – ganhos provenientes da
consolidação de produtos complementares e substitutos, por meio da
coordenação de preços.
• Redução de Poder dos Fornecedores e Clientes – ganhos oriundos da
integração vertical pela eliminação de dupla marginalização de custos.
• Pioneirismo – ganhos provenientes da velocidade de desenvolvimentos
de novos produtos e de adaptação às necessidades do cliente.
A terceira questão visa identificar, segundo a percepção dos respondentes, quais
as fontes de redução de custos que estão associadas aos objetivos da organização. Ela é
composta pelas seguintes opções de resposta:
• Economias de escala – aquelas que ocorrem quando o custo para
aumentar a produção em uma unidade for menor que o custo unitário
dessa empresa antes da expansão.
• Economias de esfera – aquelas que ocorrem quando a empresa produz
dois ou mais produtos a um custo menor do que se fossem produzidos em
empresas distintas.
• Economias de sequência – aquelas decorrentes das decisões relativas
quanto a “produzir ou comprar” e “distribuir ou vender”.
• Economias de velocidade – aquelas decorrentes da rapidez do
lançamento de um bem ou serviço ou da percepção das necessidades do
mercado.
A quarta questão visa identificar, segundo a percepção dos respondentes, quais
as fontes de redução de riscos que estão associadas aos objetivos da organização. Ela é
composta pelas seguintes opções de resposta:
• Menor variância – com uma quantidade maior de clientes e fornecedores,
as flutuações nas vendas, resultantes de um ou outro segmento, serão
menos sentidas.
• Diversificação – com maior variedade de bens e/ou serviços, as
flutuações decorrentes da venda de produtos individuais diminuem.
• Coordenação do processo produtivo – permite reduzir as flutuações na
disponibilidade de insumos e na demanda de bens e serviços.
64
• Desenvolvimento – possibilita resposta acelerada às condições e
preferências do mercado e restringe a concorrência.
3.3 ABORDAGEM INTEREMPRESARIAL
Para a abordagem interempresarial, foi utilizada uma survey explanatória, pois,
segundo Miguel e Lee Ho (2012), este é o tipo adequado para testar o conhecimento
desenvolvido sobre um fenômeno, com base em conceitos, modelos teórico-conceituais
e proposições.
A survey foi realizada por meio de uma pesquisa qualitativa, em um grupo de
empresas que constituíram uma amostra não probabilística. A finalidade foi observar o
posicionamento destas instituições quanto às fronteiras organizacionais, relacionadas às
estratégias de crescimento que elas adotaram e às fontes de receita, de redução de custos
e de redução de riscos, que refletem os objetivos desejados pela organização diante de
uma perspectiva de inovação.
O planejamento e realização da survey seguiram as etapas delineadas por Forza
(2002), conforme apresentado na Figura 13.
Figura 13: Processo de execução de uma survey
Fonte: Forza, 2002
Para o levantamento dos dados, foi utilizado um questionário, elaborado
segundo o modelo teórico-conceitual apresentado no item 3.2 (p. 58), que foi testado e
65
depois enviado eletronicamente a empresas produtoras de bens e serviços para
atividades de exploração e produção offshore em águas profundas, no segmento de
petróleo e gás no Brasil. Estas empresas, que constituem a amostra não probabilística
(amostra por conveniência) foco da survey, foram selecionadas por terem sido objeto de
um estudo para o desenvolvimento de uma metodologia visando à obtenção de um
indicador para avaliar o potencial de inovação em tecnologias pioneiras, denominado
Índice de Potencial de Inovação – IPINNOVATION (FONSECA et al., 2014).
No capítulo 4, é apresentado o relatório da survey contendo as informações
relativas à coleta de dados e à análise e interpretação dos resultados.
3.4 ABORDAGEM INTRAEMPRESARIAL
3.4.1 Tipo de estudo de caso mais adequado
O estudo de caso, segundo Yin (2015), pode ser classificado em função da
quantidade de casos que possui, como único ou múltiplo. E em cada uma destas
classificações, ele também os denomina em função da sua abrangência, como: holístico,
quando possui uma abordagem única, global; ou incorporado, quando é realizado sobre
mais de uma unidade de análise. Na Figura 14, é possível observar os quatro tipos de
projetos de estudos de caso definidos por Yin (2015).
Os três tipos de estudo de caso definidos por Stake (2005) são: intrínseco,
instrumental e múltiplo. O primeiro tem como característica a busca pelo conhecimento
aprofundado de uma situação específica e o segundo visa à construção de teorias e de
generalizações de um fenômeno. Para Stake (2005), o estudo de caso múltiplo é a
extensão do estudo de caso instrumental para vários casos e deve ser utilizado quando
há interesse em ampliar a base de análise para a teorização.
Visando os objetivos a serem alcançados por este estudo, e com base nas
classificações realizadas por Yin (2015) e Stake (2005), foi definido para esta pesquisa
um estudo de caso múltiplo holístico, sobre o qual foram abordadas três empresas com
uma unidade de análise em cada uma, configurando, desta forma, uma abordagem
intraempresarial.
66
Figura 14: Tipos de projetos de estudos de caso Fonte: Yin (2015, p. 53)
O estudo de caso múltiplo, ou reunião de casos instrumentais (STAKE, 2005),
conduz à compreensão ou modificação de temas ou generalizações de forma mais
consistente, pois possui uma base de análise ampliada em razão da utilização de mais de
um caso.
O planejamento e realização do estudo de caso múltiplo seguiram as etapas
delineadas por Yin (2015), conforme apresentado na Figura 15.
3.4.2 Planejamento do estudo de caso
Na fase de planejamento, foram selecionadas três empresas para compor o
estudo de caso múltiplo, com base na lógica de replicação e não de amostragem,
conforme preconizado por Yin (2015). Segundo este autor, nesta seleção deve ser
considerada a expansão e a generalização de teorias e, por isso, não deve existir rigor
com a escolha e o tamanho da amostra.
67
Figura 15: Processo de execução do estudo de casos múltiplos Fonte: Yin (2015, p. 64)
Para Miguel e Sousa (2012), o conjunto de elementos sobre o qual será feito o
estudo deve ser definido segundo as bases teóricas conceituais levantadas (amostragem
teórica) e com vistas a atender as características desejáveis para a pesquisa. Do mesmo
modo, Eisenhardt (1989) enfatiza que a amostra não deve ser aleatória, deve conter a
diversidade e a adequabilidade apropriadas à extensão da teoria a outras organizações.
Com base nestas definições conceituais, foram escolhidas, para o estudo de caso,
organizações que pudessem representar empresas de setores diferentes (indústria e
serviços), de portes distintos (grande, pequena) e de atividades diversas em um mesmo
setor, de forma a possibilitar a replicação e a expansão dos estudos e dos seus resultados
a outras empresas. Após a definição das instituições com o perfil mais adequado ao
alcance dos objetivos da pesquisa, foram contatados os respectivos representantes para
obter a autorização para a realização do estudo de caso.
No Quadro 13, são apresentadas as características das empresas que foram
selecionadas e autorizadas a participar da pesquisa, que foi realizada no período de julho
a outubro de 2017.
Após a definição das empresas, foi estruturado o protocolo com a consolidação
das informações relativas ao planejamento para a realização do estudo de caso, pois,
68
segundo Yin (2015), ele é necessário para aumentar a confiabilidade da pesquisa.
EMPRESA SETOR DE
ATIVIDADE
ÁREA DE ATUAÇÃO
(1)
PORTE (2)
NÚMERO DE EMPREGADOS
TEMPO DE ATUAÇÃO
LOCALIZAÇÃO
NÚMERO DE
RESPON-DENTES
1 Indústria
Produção de laminados planos de
aço - CNAE 2422-9
Grande Acima de 500 Acima de 50 anos
RJ (Unidade de pesquisa e
desenvolvimento) 64
2 Serviço
Atividades de serviços de comple-mentação
diagnóstica e terapêutica
- CNAE 8640-2
Média De 50 a 99 De 10 a 19
anos
SP (Diagnóstico Molecular e Genético)
10
3 Indústria
Fabricação de produtos de borracha - CNAE 221
Grande Acima de 500 Acima de 50 anos
RJ (Setor de Comércio e
Marketing de pneus de carga)
17
Quadro 13: Características das empresas selecionadas para o estudo de caso múltiplo Fonte: Elaboração própria
Notas: (1) Área de atuação descrita conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE 2.0 (IBGE, 2016). (2) Porte classificado segundo o número de empregados.
Para Miguel e Sousa (2012), este protocolo deve conter a definição das áreas da
empresa cujos dados serão coletados, as fontes de informação (documentos, observação
direta, pessoas) que serão utilizadas nestas áreas, as questões que serão abordadas e, por
fim, o detalhamento das ações que serão colocadas em prática no levantamento.
Nas grandes empresas que foram escolhidas para compor o estudo de caso
conduzido por esta pesquisa, a coleta de dados foi realizada em uma das suas unidades,
em razão do grande número de colaboradores, a distribuição geográfica destas empresas
e, principalmente, a menor dificuldade em conseguir autorização para a realização da
pesquisa.
Na Empresa 1, a pesquisa foi realizada em uma Unidade de pesquisa e
desenvolvimento, localizada no Rio de Janeiro. Na Empresa 3, o questionário foi
respondido por profissionais do Setor Comercial, distribuídos em unidades diversas
69
neste mesmo estado. Na Empresa 2, do setor de serviços e de médio porte, não foi
necessário determinar uma área específica para a obtenção dos dados, sendo estes
coletados em suas unidades localizadas no estado de São Paulo.
O levantamento tipo survey foi o método definido para a coleta de dados e, para
isto, foram utilizados o modelo teórico-conceitual AFOEC e o questionário empregado
na etapa em que foi feita a abordagem interempresarial desta pesquisa (apresentados no
item 3.2, p. 58). O uso de um instrumento já utilizado anteriormente abreviou o
processo de crítica e validação nesta etapa.
A survey realizada no estudo de caso múltiplo teve como finalidade observar a
percepção dos respondentes quanto às fronteiras organizacionais, relacionadas às
estratégias de crescimento estabelecidas pela empresa e quanto às fontes de receita, de
redução de custos e de riscos, que refletem os objetivos da organização diante de uma
perspectiva de inovação.
Isto significa que, enquanto na abordagem interempresarial buscou-se uma
posição global da empresa em relação às questões levantadas, na abordagem
intraempresarial foi investigado como estas estratégias são percebidas dentro da
instituição por profissionais com nível superior.
Por isto, as pessoas com cargos de gerenciamento, nas organizações pesquisadas,
foram definidas como as fontes de informação mais adequadas à finalidade da survey,
pois os gestores são os atores que devem ter total clareza sobre as estratégias
organizacionais, em razão da importância fundamental que eles têm para o alcance do
sucesso na sua implementação. Além disto, Miguel e Sousa (2012) afirmam que não é
útil para a pesquisa envolver o nível operacional quando o levantamento tem como foco
conhecimentos referentes às estratégias corporativas.
Além da survey, também foram realizadas pesquisas nos sites das empresas
visando à obtenção de dados que pudessem contribuir para o estudo de caso, pois,
segundo Eisenhardt (1989), a utilização de mais de uma fonte de dados pode contribuir
para o enriquecimento das análises a serem feitas sobre os resultados alcançados.
3.4.3 Preparação e coleta
O questionário utilizado para a coleta de dados foi disponibilizado on-line por
meio do software SurveyMonkey (disponível em: https://pt.surveymonkey.com), uma
70
ferramenta tecnológica que também permite a análise de dados, a seleção de amostras, a
eliminação de vieses, entre outras funcionalidades.
A opção pela aplicação do questionário desta forma permitiu maior eficiência na
realização da pesquisa, além de não comprometer os resultados a serem alcançados. O
uso deste método eliminou os deslocamentos decorrentes do distanciamento físico das
empresas, conseguiu ser realizado nas três organizações simultaneamente e, ainda,
permitiu que os participantes respondessem no momento e no local que lhes fossem
mais adequados.
O questionário pôde ser acessado pelos respondentes por meio de um link
disponibilizado em uma carta de apresentação enviada por e-mail ao representante de
cada organização, que foi contatado no momento da autorização para a realização do
estudo de caso na empresa. Nas Figuras 16 a 21, é possível observar a apresentação da
pesquisa no SurveyMonkey e as telas correspondentes às questões que foram
respondidas pelas pessoas que participaram da pesquisa.
Figura 16: Apresentação da pesquisa no software SurveyMonkey Fonte: Elaboração própria
71
Figura 17: Tela contendo a Questão 1 da pesquisa no software SurveyMonkey Fonte: Elaboração própria
Figura 18: Tela contendo a Questão 2 da pesquisa no software SurveyMonkey Fonte: Elaboração própria
72
Figura 19: Tela contendo a Questão 3 da pesquisa no software SurveyMonkey Fonte: Elaboração própria
Figura 20: Tela contendo a Questão 4 da pesquisa no software SurveyMonkey Fonte: Elaboração própria
73
Figura 21: Tela contendo a Questão 5 da pesquisa no software SurveyMonkey Fonte: Elaboração própria
3.4.4 Análise dos dados
A fase de análise do estudo de caso foi realizada em duas etapas (Quadro 14),
conforme previsto por Yin (2015). Na primeira, foi feita a análise aprofundada de cada
caso, com base nas pesquisas bibliográfica e documental realizadas na fase inicial da
pesquisa. Os resultados e análises decorrentes desta etapa são apresentados nos itens
4.2.1, 4.2.2 e 4.2.3 (p. 83-102).
Na segunda etapa, foi realizada a análise cruzada entre os casos por meio da
comparação entre os resultados obtidos em cada caso. Os resultados e análises
decorrentes desta etapa são apresentados no item 4.2.4 (p. 102).
74
ANÁLISE OBJETIVOS INSTRUMENTOS
Análise de cada caso
Analisar a convergência das respostas em relação: - às fronteiras organizacionais que caracterizam as estratégias de crescimento adotadas pela organização; - às fontes de receita, de economia e de redução de riscos que refletem os objetivos atuais da empresa.
- Referencial teórico da pesquisa. - Modelo teórico-conceitual AFOEC. - Estatísticas descritivas: frequências, gráficos e tabelas.
Analisar o alinhamento entre as fronteiras organizacionais e as fontes de receita, de redução de custos e de redução de riscos que foram escolhidas pelos participantes.
- Referencial teórico da pesquisa. - Modelo teórico-conceitual AFOEC. - Estatísticas descritivas: frequências, gráficos, tabelas e tabulação cruzada.
Analisar o quantitativo de respostas que revelam o alinhamento entre as estratégias e os objetivos que resultam na expansão do horizonte organizacional associado à inovação acelerada.
- Referencial teórico da pesquisa. - Modelo teórico-conceitual AFOEC. - Estatísticas descritivas: frequências, tabelas e tabulação cruzada.
Análise cruzada entre
os casos
Analisar as especificidades, convergências e divergências nos casos estudados.
- Referencial teórico da pesquisa. - Modelo teórico-conceitual AFOEC. - Estatísticas descritivas: frequências, gráficos e tabelas.
Quadro 14: Detalhamento das análises realizadas no estudo de caso Fonte: Elaboração própria
A análise dos dados não teve como objetivo obter conclusões sobre uma
amostra, que pudessem ser assumidas por uma população. Até porque a definição dos
elementos a serem estudados seguiu a lógica de replicação e não de amostragem,
conforme as bases conceituais e metodológicas do estudo de caso. Assim sendo, não
houve rigor na escolha e no tamanho da amostra, pois, segundo Yin (2015), o que deve
ser levado em conta são a expansão e a generalização de teorias.
Com isto, o conjunto de elementos sobre o qual foi feito o estudo foi definido de
forma a atender as características desejáveis para a pesquisa (MIGUEL; SOUSA, 2012),
com a diversidade e a adequabilidade apropriadas à extensão da teoria a outras
organizações (EISENHARDT, 1989), sem a intenção de obter uma representatividade
estatística para os resultados.
75
O que se buscou foi o germe de validação de uma tese: o uso do modelo teórico-
conceitual AFOEC como um instrumento para identificar tendências à inovação, a partir
da avaliação dos vínculos entre fronteiras organizacionais, fontes de receita, redução de
custos e riscos, e respectivas associações ao horizonte organizacional direcionado à
inovação.
76
4 RESULTADOS E ANÁLISES
Neste capítulo, são apresentados os resultados e as análises referentes à survey e
ao estudo de caso realizados, respectivamente, nas abordagens interempresarial e
intraempresarial da pesquisa.
Com relação ao estudo de caso, primeiramente houve uma análise individual de
cada caso e, em seguida, foi feita uma análise cruzada de todos eles.
Por fim, foram analisados, conjuntamente, os resultados da survey e do estudo de
caso (triangulação metodológica) para a obtenção das conclusões e recomendações
deste trabalho.
4.1 ABORDAGEM INTEREMPRESARIAL
As trinta e duas empresas que responderam à survey estão localizadas nas
regiões Sul, Sudeste e parte do Nordeste brasileiro, conforme ilustrado na Figura 22
(FONSECA et al., 2014).
As atividades econômicas desenvolvidas pelas empresas pesquisadas foram
identificadas a partir da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), que
é a classificação oficialmente adotada pelo Sistema Estatístico Nacional, sob a
coordenação do IBGE. Neste levantamento, foi verificado que 31% das empresas que
responderam à pesquisa atuam na área de Fabricação de Máquinas e Equipamentos.
Outras atividades com percentuais representativos, que somadas a estas reúnem
64% das empresas, foram: Fabricação de produtos de borracha e de material plástico
(7%); Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (7%); Extração de
petróleo e gás natural (7%); Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e
equipamentos (6%) e Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos
e ópticos (6%).
Os percentuais, correspondentes às fronteiras organizacionais selecionadas em
pares pelas empresas que participaram da pesquisa, podem ser observados no Gráfico 7.
Nos resultados apresentados, as duas fronteiras que juntas obtiveram maior percentual
foram Velocidade e Escala, com 34%. Mas, ao analisar os resultados individualmente, é
possível observar que a fronteira Escala foi a mais selecionada, alcançando 66% das 32
empresas pesquisadas.
77
Figura 22: Localização das empresas que responderam à survey Fonte: Adaptado de Fonseca et al., 2014
Gráfico 7: Fronteiras correspondentes às principais pretensões das empresas pesquisadas Fonte: Elaboração própria
No Gráfico 8, são apresentados os percentuais referentes às fontes de receita que
refletem os objetivos atuais das empresas respondentes. Neste gráfico, destacam-se o
Pioneirismo e Poder de mercado, com 66% das respostas. O Pioneirismo e Ganhos
complementares substitutos, apesar de alcançarem um percentual bem menor, 22%,
também se destacam diante das demais opções que alcançaram apenas 3% das
respostas. Uma análise dos resultados individuais identificou que 91% das empresas
Velocidade e Esfera; 25%
Velocidade e Escala; 34%
Velocidade e Extensão; 0%
Esfera e Extensão; 9%
Escala e Extensão;
13%
Escala e Esfera; 19%
78
pesquisadas selecionaram o Pioneirismo como a principal fonte de receita para a
organização.
Gráfico 8: Fontes de receita que refletem os objetivos atuais das empresas pesquisadas
Fonte: Elaboração própria
Os resultados referentes às fontes de economia (redução de custos) que refletem
os objetivos das empresas pesquisadas são apresentados no Gráfico 9. A Economia de
velocidade, selecionada por 68% das empresas, integra, junto com as Economias de
esfera e de escala, os pares que obtiveram os maiores percentuais, 31% e 28%,
respectivamente.
No Gráfico 10, é possível observar que a Diversificação com a Menor variância
(28%) e com o Desenvolvimento (28%) foram identificadas como as principais fontes
de redução de riscos que correspondem aos atuais objetivos das empresas pesquisadas.
Individualmente, a Diversificação foi selecionada por 62% das 32 empresas que
participaram da pesquisa.
Como foi observado no modelo teórico-conceitual AFOEC, apresentado na
Figura 12 (p. 59), a atuação em cada fronteira – escala, esfera, extensão ou velocidade –
está associada à expansão dos horizontes organizacionais da empresa – em crescimento,
diversificação, integração vertical ou inovação acelerada – e à objetivos organizacionais
relacionados às fontes de receita, de economia e de redução de riscos.
Os resultados obtidos no levantamento feito nas 32 empresas que responderam à
pesquisa revelam posturas no âmbito dos horizontes organizacionais que correspondem
Pioneirismo e Poder de
mercado; 66%
Pioneirismo e Redução de poder dos
fornecedores e clientes; 3%
Ganhos complementares e substitutos e Redução de poder dos
fornecedores e clientes; 3%
Poder de mercado e
Redução de poder dos
fornecedores e clientes; 3%
Poder de mercado e
Ganhos complementares e substitutos; 3%
Pioneirismo e Ganhos
complementares e substitutos;
22%
79
aos principais interesses das empresas pesquisadas e fontes de receita, de economia e de
redução de riscos, gerando leituras peculiares no que tange aos respectivos objetivos
organizacionais.
Gráfico 9: Fontes de economia que refletem os objetivos atuais das empresas pesquisadas Fonte: Elaboração própria
Gráfico 10: Fontes de redução de riscos que refletem os objetivos atuais das empresas
pesquisadas Fonte: Elaboração própria
Economias de Velocidade e Esfera; 31%
Economias de Velocidade e Escala; 28%
Economias de Velocidade e
Sequência; 9%
Economias de Esfera e
Sequência; 6%
Economias de Escala e
Sequência; 4%
Economias de Escala e
Esfera; 22%
Desenvolvimento e Diversificação; 28%
Desenvolvimento e Menor variância; 9%
Desenvolvimento e Coordenação do
processo produtivo; 13%
Diversificação e Coordenação do
processo produtivo; 6%
Menor variância e Coordenação do
processo produtivo; 16%
Menor variância e Diversificação; 28%
80
No Gráfico 7, é possível observar que as fronteiras Velocidade e Escala foram
selecionadas pela maior parte das empresas, 34%. No entanto, as fontes de receita
correspondentes a estas fronteiras não mantiveram correspondência com esses
resultados. As fontes de receita Pioneirismo e Poder de mercado (Gráfico 8) atingiram
66% das empresas; as de redução de custos, Economias de velocidade e Economias de
escala (Gráfico 9), representam 28% das empresas e as de redução de riscos,
Desenvolvimento e Menor variância, 9% (Gráfico 10). Ou seja, empresas que veem o
Pioneirismo como uma importante fonte de receita não enxergam a postura inovadora –
Desenvolvimento – como a melhor fonte de redução de risco! Inicia-se, a partir desse
ponto, a percepção de que a origem dos baixos percentuais de empresas que inovam no
que realmente importa – produto novo para o mercado nacional ou processo novo para o
setor no Brasil – Tabela 1 (p. 6) – pode estar no desconhecimento cultural dos vínculos
estratégicos de uma postura inovadora.
Estas divergências também são observadas para as demais fronteiras
organizacionais, ainda que em menor proporção.
As tabulações cruzadas, apresentadas nas Tabelas 2, 3 e 4, permitem a
observação mais minuciosa do alinhamento entre cada fronteira organizacional
selecionada na pesquisa e cada uma das fontes de receita, de redução de custos e de
redução de riscos indicada pelos respondentes. As células sombreadas de cinza são as
que apresentam o alinhamento que seria o mais adequado, segundo o modelo teórico-
conceitual da AFOEC (Figura 12, p. 59).
Na distribuição de empresas por fronteiras e por fontes de receita, apresentada na
Tabela 2, é possível observar que 65,6% das empresas pesquisadas têm como objetivo o
Pioneirismo e Poder de mercado, mas destas, apenas 38% selecionaram como
estratégias de crescimento as fronteiras Velocidade e Escala. Isto significa que 62% das
empresas que têm este objetivo estão implementando estratégias de crescimento
inadequadas para o que buscam alcançar.
As fontes de receitas Pioneirismo e Ganhos complementares e substitutos foram
aquelas associadas às fronteiras organizacionais de forma mais adequada. Isso porque,
das sete empresas que a selecionaram, três escolheram as fronteiras Velocidade e
Esfera, ou seja, 43%. Entretanto, apenas 22% do total de empresas pesquisadas
selecionaram estas fontes de receitas como objetivos.
81
Tabela 2: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Receitas selecionadas pelas empresas que participaram da pesquisa
FRONTEIRAS
FONTES DE RECEITA
TOTAL Pioneirismo e Ganhos
complementares e substitutos
Pioneirismo e Poder de mercado
Pioneirismo e Redução
de poder dos fornecedores
e clientes
Ganhos complementares e substitutos e Redução de poder dos
fornecedores e clientes
Poder de mercado e
Redução de poder dos
fornecedores e clientes
Poder de mercado e
Ganhos complementares
e substitutos
Velocidade e Esfera 3 4 0 1 0 0 8
Velocidade e Escala 2 8 1 0 0 0 11
Velocidade e Extensão 0 0 0 0 0 0 0
Esfera e Extensão 2 1 0 0 0 0 3
Escala e Extensão 0 4 0 0 0 0 4
Escala e Esfera 0 4 0 0 1 1 6
TOTAL 7 21 1 1 1 1 32
Fonte: Elaboração própria
Na Tabela 3, é apresentada a tabulação cruzada entre as fronteiras e as fontes de
redução de custos selecionadas pelas empresas. Nela, é possível observar que as
Economias de velocidade e de esfera foram as mais escolhidas entre as organizações
pesquisadas (31,3%), mas 60% das empresas que selecionaram estas duas fontes não
escolheram as fronteiras organizacionais correspondentes ao alcance dos objetivos
alinhados com a inovação.
Tabela 3: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Redução de Custos selecionadas pelas empresas que participaram da pesquisa
FRONTEIRAS
FONTES DE REDUÇÃO DE CUSTOS
TOTAL Economias de Velocidade e
Esfera
Economias de Velocidade e
Escala
Economias de Velocidade e
Sequência
Economias de Esfera e Sequência
Economias de Escala e Sequência
Economias de Escala e
Esfera
Velocidade e Esfera 4 1 2 1 0 0 8
Velocidade e Escala 2 5 0 0 0 4 11
Velocidade e Extensão 0 0 0 0 0 0 0
Esfera e Extensão 1 1 1 0 0 0 3
Escala e Extensão 0 1 0 1 1 1 4
Escala e Esfera 3 1 0 0 0 2 6
TOTAL 10 9 3 2 1 7 32
Fonte: Elaboração própria
82
Com relação à mitigação dos riscos, os resultados são ainda piores. As fontes de
redução de riscos com maior incidência na pesquisa são Desenvolvimento e
Diversificação e Menor variância e Diversificação, ambas selecionadas por 28% das
empresas pesquisadas (Tabela 4). Mas apenas duas, entre as nove empresas que
selecionaram estas fontes de redução de riscos, escolheram as fronteiras organizacionais
adequadas ao seu alcance, ou seja, 77,8% das empresas optaram por fronteiras que não
estão alinhadas com as fontes de redução de riscos atreladas à inovação.
Tabela 4: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Redução de Riscos selecionadas pelas empresas que participaram da pesquisa
FRONTEIRAS
FONTES DE REDUÇÃO DE RISCOS
TOTAL Desenvolvimento e
Diversificação Desenvolvimento e Menor variância
Desenvolvimento e Coordenação do
processo produtivo
Diversificação e Coordenação
do processo produtivo
Menor variância e
Coordenação do processo produtivo
Menor variância e
Diversificação
Velocidade e Esfera 2 1 2 0 0 3 8
Velocidade e Escala 2 1 2 1 2 3 11
Velocidade e Extensão 0 0 0 0 0 0 0
Esfera e Extensão 2 0 0 0 0 1 3
Escala e Extensão 0 0 0 1 3 0 4
Escala e Esfera 3 1 0 0 0 2 6
TOTAL 9 3 4 2 5 9 32
Fonte: Elaboração própria
O posicionamento das empresas em relação às fronteiras organizacionais, por
meio da percepção dos seus gestores, revela que uma grande parte das organizações
possuem estratégias que as distanciam de um perfil inovador.
Na visão das pessoas que deveriam ser os guardiões da estratégia empresarial –
os gestores –, o hiato cultural dos vínculos entre inovação, fontes de receita, redução de
custos e redução de riscos é visível e traz à tona a falta das competências gerenciais
necessárias à cultura de inovação.
Desta forma, é possível representar percentualmente a quantidade de empresas
potencialmente inovadoras e, também, começar a compreender os baixos percentuais de
empresas que inovam para o mercado nacional, pois são estas inovações que contribuem
para o aumento da competitividade das organizações e do país.
83
4.2 ABORDAGEM INTRAEMPRESARIAL
4.2.1 Caso 1 – Empresa 1
A Empresa 1 é uma organização de grande porte que atua no setor industrial,
com a produção e comercialização de produtos siderúrgicos diversificados. Ela está
presente em mais da metade dos estados brasileiros e também em outros países.
Possui mais de 50 anos de atuação e, atualmente, conta com um efetivo de mais
de 500 colaboradores.
O seu faturamento é superior a R$ 15 milhões, e 20% da sua receita é
proveniente de produtos novos ou aprimorados, em sua maioria, desenvolvidos em
cooperação com clientes para atender a demandas específicas.
O questionário foi respondido por 64 profissionais do Centro de Pesquisas de
uma das suas unidades industriais, localizada no estado do Rio de Janeiro.
As respostas provenientes desta empresa revelam que os respondentes divergem
significativamente sobre as fronteiras organizacionais que caracterizam as estratégias de
crescimento adotadas pela organização.
Entre os 64 respondentes, os pares de fronteiras mais selecionados foram Escala
e Extensão; e Escala e Esfera, ambos com 28%, conforme pode ser visto no Gráfico 11.
Os 25% restantes, que selecionaram duas fronteiras, distribuíram-se nas demais opções,
com exceção do par Velocidade e Extensão, que não obteve nenhuma seleção.
Gráfico 11: Fronteiras correspondentes às principais pretensões da Empresa 1, segundo a
percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa Fonte: Elaboração própria
Velocidade e Esfera; 8%
Velocidade e Escala; 13%
Velocidade e Extensão; 0%
Esfera e Extensão; 4%
Escala e Extensão; 28%
Escala e Esfera; 28%
Escolheram apenas 1 fronteira
organizacional; 19%
84
Cabe ressaltar os baixos percentuais alcançados pelas fronteiras que
caracterizam as estratégias de crescimento relacionadas à inovação: Velocidade e
Esfera, Velocidade e Escala e Velocidade e Extensão, que alcançaram 8%, 13% e 0%,
respectivamente.
Na consolidação dos resultados, foi observado que 19% dos respondentes,
diferente do que foi solicitado, selecionaram apenas uma fronteira. Ao analisar estas
respostas, foi verificado que, destes respondentes, apenas 17% escolheram a fronteira
Velocidade, ou seja, em valores absolutos, dos doze respondentes que escolheram uma
única fronteira, apenas dois selecionaram a fronteira que está associada à inovação.
Com relação às fontes de receita selecionadas, também não houve consenso
entre os respondentes. Pioneirismo e Poder de mercado foram as que obtiveram o maior
percentual, com 31%; seguidas pelas fontes Poder de mercado e Ganhos
complementares e substitutos, com 23% (Gráfico 12).
Gráfico 12: Fontes de receita que refletem os objetivos atuais da Empresa 1, segundo a
percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa Fonte: Elaboração própria
No Gráfico 12, também é possível observar que alguns respondentes novamente
selecionaram apenas uma resposta (12%), mas, entre estes, nenhum selecionou a fonte
Pioneirismo e Ganhos
complementares e substitutos; 13%
Pioneirismo e Poder de mercado; 31%
Pioneirismo e Redução de poder dos fornecedores e
clientes; 2%
Ganhos complementares e
substitutos e Redução de poder dos
fornecedores e clientes; 8%
Poder de mercado e Redução de poder dos fornecedores e
clientes; 11%
Poder de mercado e Ganhos
complementares e substitutos; 23%
Escolheram apenas 1 fonte de receita; 12%
85
de receita Pioneirismo, que, segundo o modelo teórico-conceitual AFOEC (Figura 12, p.
59), é a correspondente à fronteira Velocidade, associada à inovação.
Quanto às fontes de redução de custos, as Economias de Escala e Esfera foram
as que atingiram maior percentual, com 33%. As Economias de Escala e Sequência
ficaram em segundo lugar, mas com um percentual bem menor, 19% (Gráfico 13).
Entre os sete respondentes que escolheram apenas uma fonte de redução de
custos (11%), apenas dois (29%) selecionaram a fonte de economia que está associada à
inovação (Economias de Velocidade). Todos os demais (71%) escolheram a Economia
de Escala.
Gráfico 13: Fontes de economia que refletem os objetivos atuais da Empresa 1, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
Fonte: Elaboração própria
Desenvolvimento e Coordenação do processo produtivo foram as fontes de
redução de riscos que obtiveram maior percentual de resposta (35%), seguidas pelas
fontes Menor variância e Coordenação do processo produtivo, com 22% (Gráfico 14).
Entre os seis respondentes (9%) que escolheram apenas uma fonte de redução de
custos, apenas um (17%) escolheu o Desenvolvimento como sendo a fonte associada
aos objetivos da organização. As demais respostas apresentaram grande dispersão, não
caracterizando convergência para qualquer uma das outras opções.
Economias de Velocidade e Esfera; 3%
Economias de Velocidade e Escala; 17%
Economias de Velocidade e
Sequência; 6%
Economias de Esfera e Sequência;
11%Economias de
Escala e Sequência; 19%
Economias de Escala e Esfera;
33%
Escolheram apenas 1 fonte de redução
de custos; 11%
86
Com base no modelo teórico-conceitual AFOEC (Figura 12, p. 59) e nas
respostas obtidas com os participantes da Empresa 1, é possível observar que, além de
não ocorrer consenso sobre as estratégias de crescimento adotadas pela empresa, não há
alinhamento entre as fronteiras organizacionais e as fontes de receita, de redução de
custos e de redução de riscos que foram escolhidas pelos participantes.
Gráfico 14: Fontes de redução de riscos que refletem os objetivos atuais da Empresa 1, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
Fonte: Elaboração própria
Conforme observado nas respostas obtidas, 31% associaram as fontes de receita
Pioneirismo e Poder de mercado aos objetivos organizacionais (Gráfico 12), no entanto
apenas 13% escolheram as fronteiras organizacionais Velocidade e Escala (Gráfico 11,
p. 83), que seriam aquelas que viabilizariam o alcance dos objetivos desejados.
Da mesma forma, 35% dos respondentes enxergam o Desenvolvimento e
Coordenação do processo produtivo como fontes de redução de riscos associadas aos
objetivos organizacionais (Gráfico 14), mas nenhum colaborador (Gráfico 11, p. 83)
selecionou as fronteiras Velocidade e Extensão!
Diante destas divergências e visando analisar mais detalhadamente as respostas
fornecidas pelos colaboradores da Empresa 1, nas Tabelas 5, 6 e 7 são apresentadas as
tabulações cruzadas dos dados levantados, onde é possível observar quais as fontes de
receita, de redução de custos e de redução de riscos foram selecionadas entre as
Desenvolvimento e Diversificação; 17%
Desenvolvimento e Menor variância;
14%
Desenvolvimento e Coordenação do
processo produtivo; 35%
Diversificação e Coordenação do
processo produtivo; 3%
Menor variância e Coordenação do
processo produtivo; 22%
Menor variância e Diversificação; 0%
Escolheram apenas 1 fonte de redução de
riscos; 9%
87
fronteiras organizacionais escolhidas. As células sombreadas de cinza são as que
apresentam o alinhamento que seria o mais adequado ao modelo teórico-conceitual
AFOEC (Figura 12, p. 59).
Na Tabela 5, é possível observar que dos 19 respondentes que selecionaram as
fontes de receita Pioneirismo e Poder de mercado, juntamente com um binômio das
fronteiras organizacionais, apenas quatro conseguiram alinhar adequadamente esta
seleção, ou seja, 21%.
Também, na Tabela 5, é possível observar que, dos 51 respondentes que
selecionaram as duas fronteiras organizacionais e as duas fontes de receitas, apenas 12
(4 + 2 + 6) conseguiram o alinhamento adequado entre estas duas seleções. Ou seja,
76% dos que responderam à pesquisa, seguindo as orientações fornecidas, não
associaram adequadamente os objetivos que poderiam ser alcançados a partir das
estratégias (fronteiras) adotadas.
Tabela 5: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Receitas selecionadas pelos colaboradores da Empresa 1 que participaram da pesquisa
FRONTEIRAS
FONTES DE RECEITA
TOTAL Pioneirismo e
Ganhos complementares
e substitutos
Pioneirismo e Poder de mercado
Pioneirismo e Redução
de poder dos fornecedores
e clientes
Ganhos complementares e substitutos e Redução de poder dos
fornecedores e clientes
Poder de mercado e
Redução de poder dos
fornecedores e clientes
Poder de mercado e
Ganhos complementares
e substitutos
Velocidade e Esfera 0 4 0 0 0 1 5
Velocidade e Escala 1 4 0 0 1 2 8
Velocidade e Extensão 0 0 0 0 0 0 0
Esfera e Extensão 2 0 0 0 0 1 3
Escala e Extensão 2 7 0 3 2 3 17
Escala e Esfera 2 4 1 2 3 6 18
TOTAL 7 19 1 5 6 13 51
Fonte: Elaboração própria. Nota: Entre os 64 respondentes, 51 selecionaram as duas fronteiras organizacionais e as duas fontes de receitas que permitissem a tabulação cruzada dos dados, conforme já detalhado nos Gráficos 11, 12, 13 e 14 (pp. 83-86).
Apenas 50, dos 64 colaboradores da Empresa 1 que responderam à pesquisa,
selecionaram duas fontes de redução de custos e duas fronteiras organizacionais,
88
conforme solicitado nas orientações fornecidas (Tabela 6). Destes, somente 26%
fizeram a associação que permitiria que os objetivos organizacionais fossem alcançados
pelas estratégias estabelecidas.
Na Tabela 6, é possível observar que 36% dos respondentes selecionaram as
fronteiras Escala e Esfera, mas apenas 14% enxergaram que as fontes de redução de
custos decorrentes de economias de escala e esfera estariam entre os objetivos a serem
alcançados com a escolha destas fronteiras.
No caso da Escala e Extensão, selecionadas por 32% dos respondentes, o desvio
ainda é maior, pois apenas 4% perceberam os objetivos que poderiam ser alcançados
com estas fronteiras (Tabela 6).
Tabela 6: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Redução de Custos selecionadas pelos colaboradores da Empresa 1 que participaram da pesquisa
FRONTEIRAS
FONTES DE REDUÇÃO DE CUSTOS
TOTAL Economias de Velocidade e
Esfera
Economias de Velocidade e
Escala
Economias de Velocidade e
Sequência
Economias de Esfera e Sequência
Economias de Escala e Sequência
Economias de Escala e
Esfera
Velocidade e Esfera 0 0 1 1 1 2 5
Velocidade e Escala 1 2 2 0 1 2 8
Velocidade e Extensão 0 0 0 0 0 0 0
Esfera e Extensão 0 0 0 2 0 1 3
Escala e Extensão 0 6 1 1 2 6 16
Escala e Esfera 1 2 0 2 6 7 18
TOTAL 2 10 4 6 10 18 50
Fonte: Elaboração própria Nota: Entre os 64 respondentes, 50 selecionaram as duas fronteiras organizacionais e as duas fontes de redução de custos que permitissem a tabulação cruzada dos dados, conforme já detalhado nos Gráficos 11, 12, 13 e 14 (pp. 83-86).
Apenas 18% dos respondentes, que selecionaram os pares das fronteiras e das
fontes de redução de riscos, conseguiram associar adequadamente os objetivos que
poderiam ser alcançados a partir das estratégias de crescimento adotadas (Tabela 7).
As percepções divergentes dos profissionais de P&D da Empresa 1, em relação
às fronteiras organizacionais, revelam a falta de uma cultura organizacional capaz de
89
promover a disseminação e a compreensão das estratégias da empresa, de forma que
todos possam contribuir para alcançá-las.
Tabela 7: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Redução de Riscos selecionadas pelos colaboradores da Empresa 1 que participaram da pesquisa
FRONTEIRAS
FONTES DE REDUÇÃO DE RISCOS
TOTAL Desenvolvimento e Diversificação
Desenvolvimento e Menor variância
Desenvolvimento e Coordenação do
processo produtivo
Diversificação e Coordenação
do processo produtivo
Menor variância e
Coordenação do processo produtivo
Menor variância e
Diversificação
Velocidade e Esfera 1 1 3 0 0 0 5
Velocidade e Escala 1 1 3 1 2 0 8
Velocidade e Extensão 0 0 0 0 0 0 0
Esfera e Extensão 2 0 1 0 0 0 3
Escala e Extensão 2 5 4 0 7 0 18
Escala e Esfera 2 2 10 0 3 0 17
TOTAL 8 9 21 1 12 0 51
Fonte: Elaboração própria Nota: Entre os 64 respondentes, 51 selecionaram as duas fronteiras organizacionais e as duas fontes de redução de riscos que permitissem a tabulação cruzada dos dados, conforme já detalhado nos Gráficos 11, 12, 13 e 14 (pp. 83-86).
O hiato cultural dos vínculos entre inovação, fontes de receita, redução de custos
e redução de riscos, nítido na visão dos profissionais de P&D da Empresa 1, traz um
grande comprometimento para a capacidade de inovação da empresa, pois estes
profissionais, em razão da área em que atuam, são, exatamente, os que mais deveriam
estar inseridos em uma cultura de inovação e criatividade.
Desta forma, é possível identificar o percentual correspondente às empresas
potencialmente inovadoras, como também surgem novas contribuições para a
compreensão dos baixos percentuais de empresas que inovam para o mercado nacional.
4.2.2 Caso 2 – Empresa 2
A Empresa 2 é uma empresa de médio porte que atua no setor de serviços,
fornecendo complementação diagnóstica e terapêutica de ponta. Com mais de dez anos
90
no mercado, está situada em um dos estados do sudeste brasileiro, com o efetivo de
mais de 50 colaboradores.
A empresa possui um departamento de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
(PD&I) responsável por desenvolver inovações no seu setor de atuação.
As dez respostas provenientes desta empresa revelaram que apenas as duplas
formadas pelas fronteiras organizacionais Escala e Esfera (40%) e Velocidade e Esfera
(30%) foram selecionadas pelos respondentes, conforme pode ser observado no Gráfico
15. Apesar das respostas ficarem restritas a estes dois pares, os percentuais obtidos
indicam que os respondentes não possuem uma percepção homogênea sobre as
fronteiras organizacionais que caracterizam as estratégias de crescimento estabelecidas
pela empresa.
Também é possível observar que, nessa empresa, três entre os dez respondentes
da pesquisa (30%) selecionaram apenas uma fronteira. Entre estes três, dois (67%)
escolheram a fronteira Velocidade, fazendo com que os percentuais individuais das
fronteiras Esfera, Velocidade e Escala fossem de 70%, 50% e 50%, respectivamente.
Além das divergências, as respostas revelaram que a fronteira que estaria
associada à inovação (Velocidade), conforme o modelo teórico-conceitual AFOEC
(Figura 12, p. 59), não é percebida pela maior parte dos respondentes como uma
estratégia para o crescimento organizacional.
Gráfico 15: Fronteiras correspondentes às principais pretensões da Empresa 2, segundo a
percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa Fonte: Elaboração própria
Velocidade e Esfera; 30%
Velocidade e Escala; 0%
Velocidade e Extensão; 0%
Esfera e Extensão; 0%
Escala e Extensão; 0%
Escala e Esfera; 40%
Escolheram apenas 1 fronteira
organizacional; 30%
91
Segundo as pessoas que responderam ao questionário, Pioneirismo e Poder de
mercado são as fontes de receita que mais se associam aos objetivos da empresa, com
70% das respostas (Gráfico 16). Este percentual significativo, diante das demais
respostas que alcançaram no máximo 10%, evidencia que os respondentes conseguem
perceber a existência de fontes de receita associadas à inovação, que refletem os
objetivos organizacionais.
Um dos respondentes selecionou apenas uma fonte de receita, Poder de
Mercado. Com isto, o percentual de seleção individual desta fonte alcançou 90%,
superando em 10% o valor correspondente da fonte Pioneirismo, que atingiu 80%.
Os resultados obtidos demonstram que, segundo a percepção das pessoas que
responderam ao questionário, existe falta de alinhamento entre as estratégias de
crescimento da organização e os objetivos organizacionais. Isso porque as fronteiras
adequadas ao alcance dos objetivos que tiveram maior incidência de respostas, segundo
o modelo teórico-conceitual AFOEC (Figura 12, p. 59), seriam a Velocidade e Escala,
que não foram selecionadas por nenhum respondente.
Gráfico 16: Fontes de receita que refletem os objetivos atuais da Empresa 2, segundo a
percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa Fonte: Elaboração própria
Por meio do Gráfico 17, é possível observar que, entre os pares de fontes de
redução de custos selecionados pelos respondentes, todos são relacionados à inovação,
Pioneirismo e Ganhos complementares e substitutos; 10%
Pioneirismo e Poder de mercado; 70%
Pioneirismo e Redução de poder dos
fornecedores e clientes; 0%
Ganhos complementares e
substitutos e Redução de poder dos
fornecedores e clientes; 0%
Poder de mercado e Redução de poder dos
fornecedores e clientes; 0%
Poder de mercado e Ganhos
complementares e substitutos; 10%
Escolheram apenas 1 fonte de receita; 10%
92
pois possuem a Economia de Velocidade como um de seus elementos. O par composto
por Economias de Velocidade e Escala é o mais selecionado entre eles, com 40% das
respostas.
Entretanto, entre os três respondentes que selecionaram apenas uma fonte de
redução de custos (30%), nenhum elegeu a Economia de Velocidade; dois escolheram
Economia de Escala e um optou pela Economia de Esfera.
Gráfico 17: Fontes de economia que refletem os objetivos atuais da Empresa 2, segundo a
percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa Fonte: Elaboração própria
Nas respostas apresentadas no Gráfico 18, é possível perceber que não há
consenso entre os respondentes sobre as fontes de redução de riscos que estão
associadas aos objetivos da organização, mas é perceptível a maior concentração de
respostas nos pares que possuem o Desenvolvimento como um de seus elementos.
A fonte de redução de riscos Coordenação do processo produtivo foi selecionada
pelo respondente que escolheu apenas uma fonte, fazendo com que o seu percentual de
seleção individual passasse de 50% para 60%.
A partir das respostas apresentadas pelos gestores da Empresa 2, é possível
perceber a falta de alinhamento entre as estratégias de crescimento da organização e os
objetivos organizacionais a serem alcançados pela empresa. As fronteiras adequadas à
obtenção de receitas provenientes de Pioneirismo e Poder de mercado, com 70% das
Economias de Velocidade e Esfera;
10%
Economias de Velocidade e Escala;
40%
Economias de Velocidade e
Sequência; 20%
Economias de Esfera e Sequência; 0%
Economias de Escala e Sequência; 0%
Economias de Escala e Esfera; 0%
Escolheram apenas 1 fonte de redução de
custos; 30%
93
respostas, seriam Velocidade e Escala, que não foram selecionadas por nenhum
respondente. Do mesmo modo, seriam estas mesmas fronteiras que permitiriam a
obtenção de redução de custos por Economias de Velocidade e Escala, que foram as
fontes de economia associadas aos objetivos organizacionais por 40% dos respondentes.
Gráfico 18: Fontes de redução de riscos que refletem os objetivos atuais da Empresa 2, segundo
a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa Fonte: Elaboração própria
Nas tabelas apresentadas a seguir (Tabelas 8, 9 e 10), é possível observar mais
detalhadamente estas interseções e verificar o quanto elas estão adequadas (ou não) ao
alcance dos objetivos organizacionais.
Na Tabela 8 é possível observar que na tabulação cruzada entre as fronteiras
organizacionais e as fontes de receita selecionadas pelos gestores da Empresa 2 que
participaram da pesquisa, apenas um respondente conseguiu o alinhamento adequado
nas suas respostas. Como já observado nas análises feitas nas respostas de cada
pergunta, Pioneirismo (que está associado à inovação) e Poder de mercado foi o par de
fontes de receita mais selecionado pelos participantes, mas, segundo as respostas
apresentadas, nenhum conseguiu perceber na empresa as fronteiras adequadas para que
este objetivo seja alcançado.
Desenvolvimento e Diversificação; 40%
Desenvolvimento e Menor variância; 0%
Desenvolvimento e Coordenação do
processo produtivo; 30%
Diversificação e Coordenação do
processo produtivo; 10%
Menor variância e Coordenação do
processo produtivo; 10%
Menor variância e Diversificação; 0%
Escolheram apenas 1 fonte de redução de
riscos; 10%
94
Tabela 8: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Receitas selecionadas pelos colaboradores da Empresa 2 que participaram da pesquisa
FRONTEIRAS
FONTES DE RECEITA
TOTAL Pioneirismo e
Ganhos complementares
e substitutos
Pioneirismo e Poder de mercado
Pioneirismo e Redução
de poder dos fornecedores
e clientes
Ganhos complementares e substitutos e Redução de poder dos
fornecedores e clientes
Poder de mercado e
Redução de poder dos
fornecedores e clientes
Poder de mercado e
Ganhos complementares
e substitutos
Velocidade e Esfera 0 3 0 0 0 0 3
Velocidade e Escala 0 0 0 0 0 0 0
Velocidade e Extensão 0 0 0 0 0 0 0
Esfera e Extensão 0 0 0 0 0 0 0
Escala e Extensão 0 0 0 0 0 0 0
Escala e Esfera 1 2 0 0 0 1 4
TOTAL 1 5 0 0 0 1 7
Fonte: Elaboração própria. Nota: Entre os 10 respondentes, apenas sete selecionaram as duas fronteiras organizacionais e as duas fontes de receitas que permitissem a tabulação cruzada dos dados, conforme já detalhado nos Gráficos 15, 16, 17 e 18 (p. 90-93).
Na Tabela 9, é possível observar o cruzamento das respostas relativas às
fronteiras e às fontes de redução de custos. Nestes resultados, também pode ser
verificado que apenas um respondente conseguiu o alinhamento adequado ao alcance do
objetivo desejado.
Tabela 9: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Redução de Custos selecionadas pelos colaboradores da Empresa 2 que participaram da pesquisa
FRONTEIRAS
FONTES DE REDUÇÃO DE CUSTOS
TOTAL Economias de Velocidade e
Esfera
Economias de Velocidade e
Escala
Economias de Velocidade e
Sequência
Economias de Esfera e Sequência
Economias de Escala e Sequência
Economias de Escala e
Esfera
Velocidade e Esfera 1 1 0 0 0 0 2
Velocidade e Escala 0 0 0 0 0 0 0
Velocidade e Extensão 0 0 0 0 0 0 0
Esfera e Extensão 0 0 0 0 0 0 0
Escala e Extensão 0 0 0 0 0 0 0
Escala e Esfera 0 2 2 0 0 0 4
TOTAL 1 3 2 0 0 0 6
Fonte: Elaboração própria Nota: Entre os 10 respondentes, apenas seis selecionaram as duas fronteiras organizacionais e as duas fontes de redução de custos que permitissem a tabulação cruzada dos dados, conforme já detalhado nos Gráficos 15, 16, 17 e 18 (p. 90-93).
95
Na Tabela 10, na qual é apresentada a tabulação cruzada entre as fronteiras
organizacionais e as fontes de redução de riscos selecionadas pelos respondentes, é
possível observar que apenas dois gestores da Empresa 2 conseguiram alinhar
adequadamente as suas respostas. Apesar de ser um pouco melhor do que os resultados
apresentados nas Tabelas 8 e 9, ainda está muito aquém do necessário para o alcance
dos objetivos da empresa.
Tabela 10: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Redução de Riscos selecionadas pelos colaboradores da Empresa 2 que participaram da pesquisa
FRONTEIRAS
FONTES DE REDUÇÃO DE RISCOS
TOTAL Desenvolvimento e Diversificação
Desenvolvimento e Menor variância
Desenvolvimento e Coordenação do processo produtivo
Diversificação e Coordenação
do processo produtivo
Menor variância e
Coordenação do processo produtivo
Menor variância e
Diversificação
Velocidade e Esfera 2 0 1 0 0 0 3
Velocidade e Escala 0 0 0 0 0 0 0
Velocidade e Extensão 0 0 0 0 0 0 0
Esfera e Extensão 0 0 0 0 0 0 0
Escala e Extensão 0 0 0 0 0 0 0
Escala e Esfera 1 0 2 0 1 0 4
TOTAL 3 0 3 0 1 0 7
Fonte: Elaboração própria Nota: Entre os 10 respondentes, apenas sete selecionaram as duas fronteiras organizacionais e as duas fontes de redução de riscos que permitissem a tabulação cruzada dos dados, conforme já detalhado nos Gráficos 15, 16, 17 e 18 (p. 90-93).
As percepções divergentes dos profissionais da Empresa 2, em relação às
fronteiras organizacionais, revelam a falta de uma cultura organizacional que promova a
disseminação e a compreensão das estratégias da empresa, de forma que todos possam
contribuir para que elas sejam alcançadas. Ainda que as respostas tenham se dividido
em dois grupos, muito provavelmente em razão do tamanho da empresa, o alcance das
estratégias fica comprometido.
Mesmo considerando uma empresa de menor porte, onde a proximidade dos
profissionais com os gestores é maior (o que facilitaria a disseminação e a troca de
informações), percebe-se um hiato cultural dos vínculos entre inovação, fontes de
receita, redução de custos e redução de riscos, na visão dos profissionais da empresa, o
que demonstra a falta de cultura de inovação na organização.
96
Com isto, é possível identificar o percentual correspondente às empresas
potencialmente inovadoras, como também surgem novas contribuições para a
compreensão dos baixos percentuais de empresas que inovam para o mercado nacional.
4.2.3 Caso 3 – Empresa 3
A Empresa 3 é uma empresa de grande porte que atua no setor industrial, como
fabricante de produtos de borracha. É uma empresa transnacional, com mais de 50 anos
no Brasil, presente em três estados brasileiros e com mais de 500 colaboradores. Possui
uma unidade de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em um destes estados e o grupo a
que pertence investe, mundialmente, 3,4% das vendas em P&D.
O questionário foi respondido por 17 gestores do Setor Comercial da empresa,
fisicamente distribuídos nas suas diferentes unidades.
Nas respostas desta empresa (Gráfico 19), é possível observar que as fronteiras
Velocidade e Escala foram as mais selecionadas, com 29% das respostas obtidas.
Entretanto, é visível a divergência sobre as fronteiras que são percebidas pelos
respondentes como estratégias de crescimento da organização.
Isto ocorre de tal forma que os pares contendo a fronteira Escala superam, em
percentagem de respostas, os que possuem Velocidade, que é a fronteira, segundo o
modelo AFOEC (Figura 12, p. 59), que está associada à inovação.
Gráfico 19: Fronteiras correspondentes às principais pretensões da Empresa 3, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
Fonte: Elaboração própria
97
Os percentuais individuais, incluindo as respostas nas quais houve a escolha de
apenas uma fronteira (18%), reforçam ainda mais o domínio da fronteira Escala, com
71%, contra os 65% alcançados pela fronteira Velocidade.
O percentual de 40% alcançado pelo par formado pelas fontes de receita
Pioneirismo e Poder de Mercado (Gráfico 20), assim como os percentuais alcançados
individualmente por cada uma delas (70%), revelam que boa parte dos respondentes tem
percepções convergentes sobre as fontes de receitas que estão relacionadas com os
objetivos organizacionais.
Mas estes percentuais revelam que ainda não existe uma convergência
significante para que a organização possa alcançar estes objetivos, que estariam
associados à inovação por meio do Pioneirismo.
Gráfico 20: Fontes de receita que refletem os objetivos atuais da Empresa 3, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
Fonte: Elaboração própria
No Gráfico 21, é possível observar que não existe entre os respondentes
convergência de percepções sobre as fontes de redução de custos que estão relacionadas
aos objetivos organizacionais. Mais da metade das pessoas que responderam à pesquisa
98
ficaram divididas entre as fontes Economias de Velocidade e Escala e Economias de
Escala e Esfera, com 29% das respostas para cada par.
Entretanto, ao observar individualmente estes dados, é possível perceber que
70% das respostas associaram a fonte de redução de custos Economias de Escala aos
objetivos organizacionais. Em contrapartida, a fonte Economias de Velocidade, que
estaria associada à inovação, segundo modelo AFOEC (Figura 12, p. 59), alcançou o
mesmo percentual da fonte Economias de Esfera, 47%.
Gráfico 21: Fontes de economia que refletem os objetivos atuais da Empresa 3, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
Fonte: Elaboração própria
A maior parte dos respondentes (35%) selecionaram o par Desenvolvimento e
Coordenação do processo produtivo como as fontes de redução de risco que estão
relacionadas aos objetivos organizacionais, mas é possível observar (Gráfico 22) a
significativa divergência nas respostas obtidas.
Individualmente, a fonte de redução de risco Desenvolvimento, que está
relacionada à inovação, obteve percentual de 65%, abaixo da fonte Coordenação do
processo produtivo, que alcançou 70% das respostas.
99
Gráfico 22: Fontes de redução de riscos que refletem os objetivos atuais da Empresa 3, segundo
a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa Fonte: Elaboração própria
A partir das respostas apresentadas pelos gestores da Empresa 3, é possível
perceber que a falta de convergência nas respostas sobre as fronteiras organizacionais e
as fontes de receita, de redução de custos e de redução de riscos dificulta o alinhamento
entre as estratégias de crescimento da organização e os objetivos organizacionais a
serem alcançados pela empresa.
Nas tabelas apresentadas a seguir (Tabelas 11, 12 e 13), é possível observar mais
detalhadamente estas interseções e verificar o quanto elas estão adequadas (ou não) ao
alcance dos objetivos organizacionais. Nestas tabelas, são apresentadas as tabulações
cruzadas entre as fronteiras organizacionais e as respectivas fontes de receita, de
redução de custos e de redução de riscos selecionadas pelos gestores da Empresa 3 que
participaram da pesquisa e escolheram duas opções em cada questão.
Na Tabela 11, em que é apresentada a tabulação cruzada entre as fronteiras
organizacionais e as fontes de receita, é possível observar que apenas quatro
respondentes (29%) conseguiram o alinhamento adequado nas suas respostas, segundo o
modelo teórico-conceitual AFOEC (Figura 12, p. 59). Mas entre estes quatro
respondentes, apenas três (21% do total) apresentaram respostas contendo fronteiras e
fontes de receitas relacionadas à inovação.
100
Tabela 11: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Receitas selecionadas pelos colaboradores da Empresa 3 que participaram da pesquisa
FRONTEIRAS
FONTES DE RECEITA
TOTAL Pioneirismo e Ganhos
complementares e substitutos
Pioneirismo e Poder de mercado
Pioneirismo e Redução
de poder dos fornecedores
e clientes
Ganhos complementares e substitutos e Redução de poder dos
fornecedores e clientes
Poder de mercado e
Redução de poder dos
fornecedores e clientes
Poder de mercado e
Ganhos complementares
e substitutos
Velocidade e Esfera 1 0 0 0 0 2 3
Velocidade e Escala 2 2 0 0 1 0 5
Velocidade e Extensão 0 1 0 0 0 0 1
Esfera e Extensão 0 0 0 0 0 0 0
Escala e Extensão 0 0 0 0 0 1 1
Escala e Esfera 0 3 0 0 0 1 4
TOTAL 3 6 0 0 1 4 14
Fonte: Elaboração própria Nota: Entre os 17 respondentes, apenas 14 selecionaram as duas fronteiras organizacionais e as duas fontes de receitas que permitissem a tabulação cruzada dos dados, conforme já detalhado no Gráfico 19 (p. 96).
Tabela 12: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Redução de Custos selecionadas pelos colaboradores da Empresa 3 que participaram da pesquisa
FRONTEIRAS
FONTES DE REDUÇÃO DE CUSTOS
TOTAL Economias de Velocidade e
Esfera
Economias de Velocidade e
Escala
Economias de Velocidade e
Sequência
Economias de Esfera e Sequência
Economias de Escala e Sequência
Economias de Escala e
Esfera
Velocidade e Esfera 1 0 1 1 0 0 3
Velocidade e Escala 0 2 1 0 1 1 5
Velocidade e Extensão 0 0 0 1 0 0 1
Esfera e Extensão 0 0 0 0 0 0 0
Escala e Extensão 0 1 0 0 0 0 1
Escala e Esfera 0 1 0 0 0 3 4
TOTAL 1 4 2 2 1 4 14
Fonte: Elaboração própria Nota: Entre os 17 respondentes apenas 14 selecionaram as duas fronteiras organizacionais e as duas fontes de receitas que permitissem a tabulação cruzada dos dados, conforme já detalhado no Gráfico 19 (p. 96).
101
Na Tabela 12, é apresentada a tabulação cruzada entre as fronteiras
organizacionais e as fontes de redução de custos. O cruzamento dos dados revelou que
apenas seis respondentes (43%) alinharam estas duas variáveis conforme a adequação
prevista no modelo teórico-conceitual AFOEC (Figura 12, p. 59), bem como evidenciou
que apenas três respostas (21%) apresentaram o alinhamento adequado entre fronteiras e
fontes de redução de custos associados à inovação.
Na Tabela 13, é apresentada a tabulação cruzada entre as fronteiras
organizacionais e as fontes de redução de riscos. Nesta tabela, é possível observar que
apenas dois (14%) respondentes alinharam adequadamente estas duas variáveis,
conforme o modelo teórico-conceitual AFOEC (Figura 12, p. 59). E entre estas duas
respostas, apenas uma (7% do total) apresenta o alinhamento adequado à inovação.
Tabela 13: Tabulação Cruzada entre as Fronteiras Organizacionais e as Fontes de Redução de Riscos selecionadas pelos colaboradores da Empresa 3 que participaram da pesquisa
FRONTEIRAS
FONTES DE REDUÇÃO DE RISCOS
TOTAL Desenvolvimento e Diversificação
Desenvolvimento e Menor variância
Desenvolvimento e Coordenação do
processo produtivo
Diversificação e Coordenação
do processo produtivo
Menor variância e
Coordenação do processo produtivo
Menor variância e
Diversificação
Velocidade e Esfera 1 1 1 0 0 0 3
Velocidade e Escala 1 0 3 0 1 0 5
Velocidade e Extensão 0 1 0 0 0 0 1
Esfera e Extensão 0 0 0 0 0 0 0
Escala e Extensão 0 0 0 0 1 0 1
Escala e Esfera 1 0 1 0 2 0 4
TOTAL 3 2 5 0 4 0 14
Fonte: Elaboração própria Nota: Entre os 17 respondentes, apenas 14 selecionaram as duas fronteiras organizacionais e as duas fontes de receitas que permitissem a tabulação cruzada dos dados, conforme já detalhado no Gráfico 19 (p. 96).
As percepções divergentes dos profissionais do setor comercial da Empresa 3,
em relação às fronteiras organizacionais, revelam a falta de uma cultura organizacional
que promova a disseminação e a compreensão das estratégias da empresa, de forma que
todos possam contribuir para que elas sejam alcançadas.
102
Mesmo se tratando de uma tradicional empresa transnacional, o hiato cultural
dos vínculos entre inovação, fontes de receita, redução de custos e redução de riscos é
presente no olhar dos profissionais da ponta da cadeia – marketing e comercial. O perfil
de compreensão da interdependência entre inovação-receita-custos-risco deixa a desejar
em pessoas que profissionalmente interagem com o ambiente externo da organização,
podendo comprometer as ações de cooperação que poderiam ser realizadas em prol da
inovação.
Desta forma, é possível identificar o percentual correspondente às empresas
potencialmente inovadoras, como também surgem mais algumas contribuições para a
compreensão dos baixos percentuais de empresas que inovam para o mercado nacional.
4.2.4 Análise entre os casos
Nesta seção, é apresentada a análise comparativa dos três casos analisados nas
seções anteriores, em relação ao direcionamento das empresas à inovação a partir do
alinhamento adequado de estratégias e objetivos organizacionais. Segundo Eisenhardt
(1989), o objetivo desta etapa da pesquisa é identificar diferenças e similaridades entre
os casos.
A análise foi realizada com base na consolidação dos dados referentes à
percepção dos responsáveis por implementar os sistemas de atividades, interfaces e
ações de diferentes setores em cada organização. Tal percepção refere-se às fronteiras
organizacionais adotadas como estratégias de crescimento pela empresa e às fontes de
receita, de redução de custos e de redução e riscos que estariam associadas aos objetivos
da instituição, com base no modelo teórico-conceitual AFOEC (Figura 12, p. 59).
Os dados apresentados na Tabela 14 permitem a comparação da percepção dos
responsáveis por implementar os sistemas de atividades, interfaces e ações de diferentes
setores em cada empresa em relação às fronteiras organizacionais que estão associadas
às estratégias de crescimento adotadas pela organização.
Por meio dos resultados obtidos, é possível perceber que não existe uma
uniformidade sobre a percepção das fronteiras organizacionais adotadas como
estratégias de crescimento pelas empresas. Esta divergência de percepções por parte dos
colaboradores das empresas traz enormes dificuldades para a expansão dos horizontes
organizacionais direcionados à inovação.
103
Isto é agravado pelo fato destes colaboradores serem os responsáveis por
implementar os sistemas de atividades, interfaces e ações de diferentes setores das
organizações e que, por esse motivo, deveriam ser as pessoas com conhecimento e
entendimento claros das estratégias e objetivos organizacionais.
Tabela 14: Fronteiras correspondentes às principais pretensões da empresa, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
FRONTEIRAS – PAR SELECIONADO EMPRESA
1 EMPRESA
2 EMPRESA
3
Velocidade e Esfera 8% 30% 18%
Velocidade e Escala 13% 0% 29%
Velocidade e Extensão 0% 0% 6%
Esfera e Extensão 4% 0% 0%
Escala e Extensão 28% 0% 6%
Escala e Esfera 28% 40% 23%
Escolheram apenas uma fronteira organizacional 19% 30% 18%
Fonte: Elaboração própria
Cabe destacar que, apesar das respostas provenientes dos profissionais da
Empresa 2 terem ficado restritas a apenas duas duplas de fronteiras organizacionais, o
percentual alcançado por cada uma revela a existência de dois grupos, cada um com
uma percepção diferente sobre estratégias que estão sendo adotadas pela empresa.
Isto é prejudicial para o desempenho da organização porque, enquanto um grupo
enxerga as estratégias organizacionais voltadas para a inovação e a diversificação
(Velocidade e Esfera), o outro grupo as enxerga com foco na quantidade produzida e na
diversificação (Escala e Esfera).
Na Tabela 14, é possível observar, principalmente nas empresas 1 e 2, os baixos
percentuais de seleção das fronteiras Velocidade e Esfera, Velocidade e Escala, e
Velocidade e Extensão.
Estes resultados revelam a falta de uma cultura de inovação nas empresas, pois
segundo o modelo teórico-conceitual AFOEC (Figura 12, p. 59), estas fronteiras são as
104
que levam a empresa à expansão dos horizontes organizacionais por meio da inovação
(SPULBER, 1999; FONSECA, 2003).
Esta constatação é reforçada pelos percentuais individualizados por fronteira,
apresentados na Tabela 15. Estes valores foram obtidos a partir da quantidade de
respondentes que escolheram cada fronteira, inclusive aqueles que selecionaram apenas
uma, sobre o total de respondentes. Nesta Tabela 15, é possível perceber que a fronteira
Velocidade, que estaria associada à cultura de inovação na empresa, não é a mais
percebida pelas pessoas com cargo de nível superior que responderam à pesquisa.
Os dados da Tabela 15 foram levantados com o intuito de descartar a
possibilidade de algum viés na análise dos dados, decorrente da existência de respostas
com a seleção de uma única fronteira.
Tabela 15: Percentuais individualizados das fronteiras selecionadas na pesquisa
FRONTEIRA EMPRESA 1 EMPRESA 2 EMPRESA 3
Velocidade 23% 50% 65%
Escala 81% 50% 71%
Esfera 44% 70% 47%
Extensão 33% 0% 12%
Fonte: Elaboração própria
Quanto às fontes de receita, fontes de redução de custos e fontes de redução de
riscos, vistos pelos respondentes como objetivos organizacionais (Tabelas 16, 18 e 20),
também é perceptível a falta de convergência nas respostas dos gestores das três
empresas.
Na Tabela 16, é possível observar que, entre as três organizações, a Empresa 2 é
a que apresenta maior concentração nos pares de fontes de receita que estão associados
à inovação. Entretanto, na Tabela 17, onde são computadas as frequências individuais
de cada fonte de receita, incluindo os respondentes que selecionaram apenas uma delas,
é verificado que, tanto para a Empresa 2, como para as demais, o percentual referente ao
Pioneirismo não superou o valor alcançado pela fonte Poder de Mercado.
105
Tabela 16: Fontes de receita que refletem os objetivos atuais da empresa, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
FONTES DE RECEITA - PAR SELECIONADO
EMPRESA 1
EMPRESA 2
EMPRESA 3
Pioneirismo e Ganhos complementares e substitutos
13% 10% 24%
Pioneirismo e Poder de mercado 31% 70% 40%
Pioneirismo e Redução de poder dos fornecedores e clientes
2% 0% 6%
Ganhos complementares e substitutos e Redução de poder dos fornecedores e clientes
8% 0% 0%
Poder de mercado e Redução de poder dos fornecedores e clientes
11% 0% 6%
Poder de mercado e Ganhos complementares e substitutos
23% 10% 24%
Escolheram apenas uma fonte de receita 12% 10% 0%
Fonte: Elaboração própria
Tabela 17: Percentuais individualizados das fontes de receita selecionadas na pesquisa
FONTE DE RECEITA EMPRESA 1 EMPRESA 2 EMPRESA 3
Pioneirismo 45% 80% 71%
Poder de mercado 77% 90% 71%
Ganhos complementares e substitutos 45% 20% 47%
Redução de poder dos fornecedores e clientes 20% 0% 12%
Fonte: Elaboração própria
A distribuição percentual dos resultados referentes às fontes de redução de
custos, apresentada na Tabela 18, segue o comportamento apresentado pelos dados
referentes às fontes de receita selecionadas (Tabela 16). Ou seja, maior dispersão nas
Empresas 1 e 3 e maior concentração de pares associados à inovação na Empresa 2.
Tais resultados reforçam a inexistência de uma cultura de inovação nas empresas
pesquisadas, capaz de uniformizar a percepção dos profissionais quanto ao alinhamento
de estratégias e objetivos organizacionais em prol da inovação. Esta constatação é
106
corroborada pelos dados da Tabela 19, que incluem as respostas que apresentaram
apenas uma fonte de redução de custos.
Tabela 18: Fontes de redução de custos que refletem os objetivos atuais da empresa, segundo a
percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
FONTES DE REDUÇÃO DE CUSTOS - PAR SELECIONADO
EMPRESA 1
EMPRESA 2
EMPRESA 3
Economias de Velocidade e Esfera 3% 10% 6%
Economias de Velocidade e Escala 17% 40% 29%
Economias de Velocidade e Sequência 6% 20% 12%
Economias de Esfera e Sequência 11% 0% 12%
Economias de Escala e Sequência 19% 0% 12%
Economias de Escala e Esfera 33% 0% 29%
Escolheram apenas uma fonte de redução de custos 11% 30% 0%
Fonte: Elaboração própria
Tabela 19: Percentuais individualizados das fontes de redução de custos selecionadas na pesquisa
FONTE DE REDUÇÃO DE CUSTOS EMPRESA 1 EMPRESA 2 EMPRESA 3
Economia de Velocidade 30% 70% 47%
Economias de Escala 77% 60% 71%
Economia de Esfera 47% 20% 47%
Economias de Sequência 36% 20% 35%
Fonte: Elaboração própria
Na Tabela 20, são observados os percentuais referentes às fontes de redução de
riscos associadas aos objetivos organizacionais, segundo a percepção dos respondentes
das três empresas. Os dados mostram, assim como nas tabelas anteriores, que é nítida a
divergência nas respostas de cada empresa, revelando a falta de uniformidade na
percepção dos profissionais e a falta de uma cultura que traga consonância e
direcionamento para a inovação.
107
A inclusão das respostas constituídas apenas por uma fonte de redução de riscos,
na Tabela 21, não trouxe nenhuma alteração significativa para a análise dos resultados,
apenas reforçou o que já havia sido observado com a tabela anterior.
Tabela 20: Fontes de redução de riscos que refletem os objetivos atuais da empresa, segundo a percepção dos colaboradores que responderam à pesquisa
FONTES DE REDUÇÃO DE RISCOS - PAR SELECIONADO
EMPRESA 1
EMPRESA 2
EMPRESA 3
Desenvolvimento e Diversificação 17% 40% 18%
Desenvolvimento e Menor variância 14% 0% 12%
Desenvolvimento e Coordenação do processo produtivo
35% 30% 35%
Diversificação e Coordenação do processo produtivo
3% 10% 6%
Menor variância e Coordenação do processo produtivo
22% 10% 29%
Menor variância e Diversificação 0% 0% 0%
Escolheram apenas uma fonte de redução de riscos
9% 10% 0%
Fonte: Elaboração própria
Tabela 21: Percentuais individualizados das fontes de redução de riscos selecionadas na pesquisa
FONTES DE REDUÇÃO DE RISCOS EMPRESA 1 EMPRESA 2 EMPRESA 3
Desenvolvimento 69% 70% 65%
Menor variância 38% 10% 41%
Diversificação 22% 50% 24%
Coordenação do processo produtivo 66% 60% 70%
Fonte: Elaboração própria
108
5 DISCUSSÃO E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Reconhecidos esforços metodológicos e empíricos vêm sendo empreendidos
para a realização de pesquisas econômicas e sociais que objetivam fornecer indicadores
de inovação para subsidiar o direcionamento de incentivos e o estabelecimento de
estratégias no Brasil.
Apesar da grande importância dessas pesquisas, estudos revelam que existe
carência de informações estratégicas necessárias para avaliar e compreender o
comportamento de algumas variáveis, que podem impactar no desenvolvimento da
inovação no Brasil (SALAZAR; HOLBROOK, 2004).
Além disso, os dados obtidos nessas pesquisas, ao contrário do que é
preconizado por Kaplan e Norton (2014), referem-se apenas ao passado,
impossibilitando a composição de indicadores que permitam a identificação de
tendências (leading).
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2014a, 2014b), é
essencial a identificação dos aspectos que podem impactar o desenvolvimento de
inovações nas empresas brasileiras e, consequentemente, na competitividade do país.
Desse modo, obtém-se o direcionamento adequado dos recursos necessários ao alcance
dos resultados desejados, principalmente em tempos de restrições econômicas, quando
eles são mais escassos.
Os dados levantados, no período de 1998 a 2014, pela Pesquisa de Inovação
(PINTEC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
revelam o baixo desempenho das empresas brasileiras em inovações de produtos novos
para o mercado nacional e de processos novos para o setor nacional. E, segundo
Christensen e Bever (2014), são justamente estas inovações que contribuem para a
obtenção de diferenciais competitivos e para o crescimento e desenvolvimento de uma
nação.
O agravante é que estes resultados não se restringem a tempos de instabilidade,
pois mesmo em períodos de crescimento econômico, de estabilidade econômica e
política e de incentivos financeiros à inovação no Brasil (ANPEI, 2009), os resultados
obtidos pelas empresas brasileiras ficaram muito aquém do desejado.
Diante destas constatações, foi percebida a necessidade de identificar as
organizações potencialmente inovadoras para o mercado e de compreender o que leva as
109
empresas a terem um desempenho inovativo insatisfatório, tendo em vista que este
conhecimento pode subsidiar a definição de ações que modifiquem a atual realidade.
Em face da relevância e da importância destas questões, este estudo foi
desenvolvido com o objetivo de propor um modelo teórico-conceitual que contribuísse
para a identificação das organizações potencialmente inovadoras para o mercado, a
partir da visão dos horizontes organizacionais como estratégia de inovação, de modo
que ele pudesse colaborar para a compreensão das baixas taxas de inovação para o
mercado nacional alcançadas pelas empresas brasileiras e para a obtenção de dados que
pudessem subsidiar a definição de ações e políticas públicas em prol da inovação.
O entendimento do “por que somos o que somos” e “estamos onde estamos”
teve, como proposição orientadora, o olhar sobre a visão dos horizontes organizacionais
como estratégia de inovação, a partir da percepção das estratégias de crescimento e
objetivos organizacionais – por parte de empresas e profissionais – quando se pensa em
inovar.
Para isto, foram realizadas as pesquisas bibliográfica e documental, em busca de
referenciais que embasassem a proposição deste modelo teórico-conceitual e que
trouxessem à luz os conceitos referentes à inovação e aos processos inovativos. Do
mesmo modo, desenvolveu-se a pesquisa descritiva, com vistas a identificar as
características das empresas brasileiras que inovaram para o mercado nacional, bem
como a survey e o estudo de caso, com objetivo de avaliar a validade da proposição a
partir dos resultados obtidos.
O alcance dos objetivos específicos, estabelecidos para este estudo, aconteceu à
medida que estas pesquisas foram sendo realizadas. Com isto:
• foram identificados os aspectos que influenciam a capacidade inovativa nas
empresas;
• foi identificada a relação entre os horizontes organizacionais e a inovação
nas empresas;
• foi obtido o conhecimento das métricas, os modelos e os critérios utilizados
nacionalmente e internacionalmente para a medição da inovação;
• foi obtido o conhecimento das estatísticas sobre inovação produzidas pelos
institutos oficiais de estatística, em países que se destacam como inovadores;
• foram identificadas as características das empresas brasileiras inovadoras
para o mercado, a partir dos dados obtidos nas publicações da PINTEC.
110
Nos estudos feitos sobre as métricas, modelos e critérios utilizados
nacionalmente e internacionalmente para a medição da inovação, foi observado que
muitas são as perspectivas e formas de abordagem para esta mensuração.
Para Gamal, Salah e Elrayyes (2011), a inovação pode ser visualizada e medida
a partir de muitas perspectivas. Por isso, a sua medição é complexa e de difícil
execução. Pryzant (2014) considera que, apesar dos vários estudos existentes, nenhuma
medição abrange totalmente todos os aspectos que estão associados ao desenvolvimento
da inovação. No Global Innovation Index 2014 (CORNELL UNIVERSITY; INSEAD;
WIPO, 2014), é mencionado que um dos principais desafios é encontrar métricas que
capturem como a inovação realmente acontece no mundo hoje.
Também foi observado que, com a evolução, muitas destas estruturas de
avaliação, tanto nacionais quanto internacionais, passaram a ser compostas por
indicadores que permitem a verificação dos esforços para inovar e não apenas os
resultados. Gamal, Salah e Elrayyes (2011) defendem que as medições sejam
concentradas no processo de inovação, ao contrário do que, segundo eles, é feito nos
países em desenvolvimento.
Outro ponto relevante observado é a definição de métricas que não sejam
restritas à mensuração do que passou, mas que possam contribuir para a percepção de
movimentos futuros, com indicadores de tendência (leading), conforme defendido por
Kaplan e Norton (2004) e Dyer e Gregersen (2015).
O estudo analítico e comparativo realizado sobre as pesquisas de inovação das
estatísticas oficiais de países que se destacam como inovadores revelou que
praticamente todos, inclusive o Brasil, utilizam o Manual de Oslo (OECD;
EUROSTAT, 2005) como referência metodológica e conceitual. Do mesmo modo, estes
países usam o questionário Community Innovation Survey (CIS) (que é adotado pelos
países membros da União Europeia) como padrão para os seus questionários / pesquisas
de inovação. Mas isto não impede que alguns incorporem questões consideradas
relevantes para o tema, tais como a “Característica do mercado de atuação da empresa e
nível de concorrência” incluído na pesquisa de inovação da Suíça, país que tem ocupado
anualmente o primeiro lugar nos principais rankings internacionais de competitividade e
inovação: Global Innovation Index (GII), do Cornell University, INSEAD e World
Intellectual Property Organization (WIPO) (anos 2011 a 2016); European Innovation
Scoreboards, da Comissão Europeia (anos 2010 a 2016); e Global Competitiveness
Index (GCI), do World Economic Forum (anos 2010 a 2016).
111
Por meio dos conceitos e das métricas utilizadas para medir a inovação (em
auditorias, rankings nacionais e internacionais e em pesquisas de inovação realizadas
em outros países), foi possível observar muitos aspectos que influenciam a capacidade
inovativa nas empresas.
Além das condições econômicas, ambientais, políticas, sociais, culturais e de
infraestrutura, necessárias para o sucesso da inovação, identificadas no ambiente
externo à organização, também foram observados internamente outros itens relativos ao
tema. São eles: a cultura organizacional; estratégias organizacionais disseminadas e
direcionadas à inovação; o comprometimento da alta direção e dos gestores com as
estratégias estabelecidas; a incorporação da gestão do conhecimento e do aprendizado
contínuo; a comunicação interna eficaz; a existência das competências organizacionais
necessárias às empresas inovadoras e, por fim, a estrutura organizacional e
infraestrutura tecnológica propícias a um ambiente organizacional dinâmico.
Entre os aspectos internos da organização que influenciam a inovação, a cultura
é a mais enfatizada e considerada entre os fatores que embasam as métricas para a
medição da capacidade inovativa das empresas. Abidin, Mokhtar e Yusoff (2012) a
veem como um fator-chave para a gestão da inovação; Fonseca e Bruno-Faria (2014a) a
relacionam ao incentivo e à criatividade. Naranjo-Valencia e Calderón-Hernández
(2015) a consideram fomentadora de uma série de comportamentos na organização.
Assim sendo, ela pode ser vista como um “guarda-chuva”, sob o qual estão as
ações, comportamentos, conhecimentos, relacionamentos e incorporação de novas
tecnologias e competências, que vão dar o caráter inovador à organização.
Os resultados das empresas brasileiras inovadoras para o mercado, obtidos a
partir de tabulações especiais fornecidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), foram observados, consolidados (Apêndice C) e analisados com a
intenção de identificar características que pudessem contribuir para o delineamento do
perfil da inovação no país e, consequentemente, obter conhecimentos importantes ao
desenvolvimento deste trabalho.
Nestes dados, foi observado que as regiões Sul e Sudeste são as que mais
inovam em produto para o mercado nacional. E, no estado de São Paulo, situado nesta
última região, é onde está localizada a maior parte das empresas que apresentam este
comportamento.
As indústrias de Fabricação de Máquinas e Equipamentos são as que mais têm
inovado em produto para o mercado nacional ao longo das seis publicações da PINTEC.
112
Esta atividade, segundo o IBGE (2017), abrange a fabricação de máquinas e
equipamentos para as atividades industriais, agrícolas, extração mineral e construção,
transporte e elevação de cargas e pessoas, para ventilação, refrigeração, instalações
térmicas ou outras atividades semelhantes.
No setor de serviços, o destaque é para as Atividades dos Serviços de
Tecnologia da Informação, que integram atividades de desenvolvimento de software sob
encomenda, desenvolvimento de software customizável, desenvolvimento de software
não customizável, além de outros serviços relacionados à tecnologia da informação.
Os dispêndios em atividades inovativas são utilizados no cálculo de dois
indicadores utilizados pela União Europeia para avaliar comparativamente o
desempenho, no âmbito da inovação, dos países que a compõem. Neste aspecto, as
empresas industriais brasileiras inovadoras para o mercado nacional vêm, ao longo do
tempo, diminuindo os dispêndios (em relação às receitas líquidas de vendas) em
atividades inovativas, ao contrário do que acontece no setor de serviços.
Além dos investimentos feitos pelas próprias empresas, existem programas de
apoio do governo às atividades inovativas das empresas que abrangem incentivos
fiscais, subvenções, financiamentos, programas públicos voltados para o
desenvolvimento tecnológico e científico, entre outros. Na análise dos dados, foi
possível observar que o apoio do governo às empresas, em prol da inovação, foi
crescente ao longo do período pesquisado pela PINTEC e predominante para as
empresas que não inovaram para o mercado nacional.
Destacam-se também o enfrentamento de obstáculos por um maior número de
empresas inovadoras para o mercado nacional, bem como o percentual de contribuição,
de 10% a 40% nas vendas internas, dos produtos novos nestas empresas.
A relação entre os horizontes organizacionais e a inovação - por meio das
fronteiras organizacionais estabelecidas como estratégias de crescimento pela empresa -
foi explorada em estudos realizados com base em Spulber (1999) e Fonseca (2013). Em
decorrência, foi desenvolvido o modelo teórico-conceitual de Associação das Fronteiras
Organizacionais às Estratégias de Crescimento da empresa (AFOEC), proposto nesta
tese e utilizado na survey e no estudo de caso que foram realizados.
Este modelo e a sua aplicação constituem-se na metodologia proposta para
identificar as organizações potencialmente inovadoras para o mercado e buscar a
compreensão sobre as baixas taxas de inovação para o mercado nacional, alcançadas
pelas empresas brasileiras.
113
A partir da análise dos dados obtidos e dos estudos realizados com base em
Spulber (1999) e Fonseca (2013), foi possível observar que:
• a intenção em inovar, o tipo de inovação – de produto, de processo, de
marketing ou organizacional – e o respectivo grau de novidade estão
associados diretamente às estratégias de crescimento definidas para o alcance
dos objetivos organizacionais;
• as fronteiras estão associadas às estratégias de crescimento estabelecidas, que
vão promover a expansão dos horizontes organizacionais; e as fontes de
receita, de redução de custos e de redução de riscos refletem os objetivos da
organização. Estas associações são a base para o modelo teórico-conceitual
AFOEC proposto;
• a percepção dos respondentes sobre as fronteiras organizacionais e sobre as
fontes de receita, de redução de custos e de redução de riscos revelam as
estratégias e os objetivos organizacionais percebidos e o alinhamento entre
eles, bem como a existência de aspectos internos à organização que
contribuem para a inovação.
A survey, que constitui abordagem interempresarial desta pesquisa, foi realizada
sobre 32 empresas produtoras de bens e serviços para atividades de exploração e
produção offshore em águas profundas, no segmento de petróleo e gás no Brasil.
Na análise dos seus resultados, foi observada a falta de alinhamento entre a
seleção das fronteiras organizacionais (adotadas como estratégias de crescimento pelas
empresas) e as fontes de receita, de redução de custos e de redução de riscos (que foram
selecionadas como objetivos pelas organizações que participaram da pesquisa).
Essa constatação é de grande relevância, pois contribui para a identificação das
empresas potencialmente inovadoras para o mercado e lança luz sobre a compreensão
das baixas taxas de inovação alcançadas pelas organizações brasileiras, em produtos
para o mercado nacional e em processos para o setor no país. Além disso, deve-se
observar que tal fato ocorre mesmo em períodos de crescimento econômico, de
estabilidade econômica e política e de incentivos financeiros à inovação no Brasil.
Com o estudo de caso (abordagem intraempresarial), foi possível imergir nas
organizações em busca por melhor entendimento dos resultados obtidos na survey e,
consequentemente, maior compreensão para as baixas taxas de inovação para o mercado
nacional, obtidas pelas empresas brasileiras.
Ainda que o estudo tenha sido realizado em três empresas com atividades e porte
114
e setores distintos, em todas elas foram observados, por meio do modelo teórico-
conceitual AFOEC, os seguintes resultados:
• as pessoas com cargo de gerenciamento, que participaram da pesquisa, não
possuem percepções convergentes sobre as fronteiras organizacionais que
estão associadas às estratégias da empresa;
• as fronteiras selecionadas pelos respondentes, em sua maioria, não estão
relacionadas ao horizonte organizacional associado à inovação acelerada
(para o mercado);
• os respondentes não possuem percepções convergentes sobre as fontes de
receita, de redução de custos e de redução de riscos que estão associadas aos
objetivos organizacionais;
• as fontes de receita, de redução de custos e de redução de riscos selecionadas
pelos respondentes, em sua maioria, não caracterizam objetivos
organizacionais associados à inovação acelerada;
• é baixo o percentual de respostas que apresentam o alinhamento adequado
entre as estratégias de crescimento (fronteiras) e os objetivos organizacionais
(fontes de receita, de redução de custos e de redução de riscos);
• é muito baixo o percentual de respostas que apresentam o alinhamento
adequado entre as estratégias de crescimento (fronteiras) e os objetivos
organizacionais (fontes de receita, de redução de custos e de redução de
riscos) que estão direcionados ao horizonte organizacional associado à
inovação acelerada (para o mercado).
A falta de convergência na percepção dos respondentes quanto às estratégias
para o crescimento da empresa (fronteiras) e quanto aos objetivos organizacionais
(fontes de receita, de redução de custos e de redução de riscos), bem como a falta de
alinhamento entre as respostas obtidas, dificultam, e em alguns casos até inviabilizam, a
ampliação / modificação / consolidação dos horizontes organizacionais.
Estas constatações ainda são agravadas pelo fato dos respondentes terem cargos
de gerenciamento ou de responsabilidade em implementar ações associadas ao aumento
da competitividade organizacional, pois estas são, justamente, as pessoas que mais
deveriam contribuir para o alcance e direcionamento dos objetivos organizacionais.
As análises das respostas, realizadas com o modelo teórico-conceitual AFOEC,
115
também revelam a inexistência de estratégias estabelecidas e disseminadas, a ausência
de cultura organizacional voltada à inovação, deficiência na comunicação interna e no
compartilhamento de conhecimentos e informações, entre outros aspectos que podem
ser observados.
Os resultados obtidos, tanto na survey, quanto no estudo de caso, mostraram que
é válida a utilização do modelo teórico-conceitual AFOEC para a identificação das
empresas potencialmente inovadoras para o mercado nacional. Também foi possível
observar que o uso desse modelo, que tem como base a visão dos horizontes
organizacionais como estratégia de inovação, contribuiu para a compreensão das baixas
taxas de inovação alcançadas pelas empresas brasileiras.
Desta forma, a proposição de que o olhar sobre a visão dos horizontes
organizacionais como estratégia de inovação, a partir da percepção das estratégias de
crescimento e objetivos organizacionais – por parte de empresas e profissionais –
quando se pensa em inovar, leva ao entendimento do “por que somos o que somos” e
“estamos onde estamos”. E, com isto, reforçam a conclusão de que a metodologia
proposta também traz luz à compreensão sobre as baixas taxas de inovação para o
mercado nacional, alcançadas pelas empresas brasileiras.
Algumas limitações desta pesquisa merecem ser destacadas. As bases
conceituais e metodológicas do estudo de caso não exigem rigor com a escolha e o
tamanho da amostra, pois o que deve ser levado em conta são a expansão e a
generalização de teorias, a partir da lógica de replicação e não de amostragem (YIN,
2015). O conjunto de elementos submetido ao estudo foi definido de forma a atender as
características desejáveis para uma pesquisa de cunho exploratório, sem a intenção de
obter uma representatividade estatística para os resultados.
Apesar disto, a obtenção de um maior número de respondentes em cada caso
resultará em quantidade maior de dados a serem analisados e, consequentemente, em
mais informações para reforçar e validar as conclusões sobre a empresa que constitui o
caso.
Outro aspecto a ser considerado é em relação ao questionário utilizado na
pesquisa. Embora estivesse explícito, no enunciado das questões, que deveriam ser
escolhidas duas opções de resposta para cada pergunta e de todos os participantes da
survey terem respondido conforme as orientações, alguns respondentes do estudo de
caso selecionaram apenas uma resposta para as fronteiras e para as fontes de receita, de
redução de custos e de redução de riscos.
116
Não houve o comprometimento dos resultados, nem das análises realizadas, pois
foram levantadas as estatísticas individuais para cada opção de resposta. Mas, diante
deste fato, é recomendável que o questionário tenha a seguinte condição: só poder
passar para a próxima pergunta se duas opções de fronteiras e de fontes de receita, de
redução de custos e de redução de riscos forem selecionadas em cada pergunta.
Diante do exposto, este trabalho traz como contribuição o modelo teórico-
conceitual AFOEC, que possibilita a identificação das empresas potencialmente
inovadoras e a compreensão da iniciativa inovadora nas organizações, por meio das
análises da visão dos horizontes organizacionais como estratégia de inovação pelas
empresas / gestores / pessoas em cargos estratégicos.
A metodologia proposta vem ao encontro da necessidade de indicadores
relacionados ao futuro (leading) e de instrumentos que possam contribuir para melhorar
o direcionamento de investimentos e políticas públicas em prol da inovação,
principalmente diante da atual conjuntura, de recursos cada vez mais escassos, de
momentos de instabilidade econômica no Brasil e no mundo.
A incorporação das quatro questões que foram propostas na metodologia
apresentada neste estudo às pesquisas de inovação existentes vai permitir a verificação
do alinhamento entre as estratégias e os objetivos organizacionais das empresas
pesquisadas. Com isto, será possível identificar as tendências à inovação, a partir da
identificação das organizações que estão propensas a inovar, possibilitando, desta
forma, a eficiência na gestão de recursos e esforços e a eficácia e a efetividade no
alcance de resultados.
A metodologia apresentada pode ser aplicada a empresas de qualquer porte,
pertencentes aos diversos ramos de atividade e setores industriais abordados pelas
pesquisas de inovação existentes. Por isto, a sua incorporação a estes instrumentos de
investigação poderá contribuir para a obtenção de mais retorno e efetividade nos
investimentos realizados em prol da inovação no Brasil e em outros países.
A compreensão dos vínculos entre inovação e os horizontes organizacionais, e
sua associação aos benefícios relacionados à geração de receita, redução de custos e
redução de riscos, não está consolidada nas empresas. Isso revela que a falta de cultura
de inovação tem grande probabilidade de explicar a baixa taxa de inovação no que
realmente importa – produto novo para o mercado nacional e processo novo para o setor
no Brasil.
Desta forma, são apresentadas algumas sugestões para trabalhos futuros:
117
• Replicar o modelo em outras empresas, de diferentes portes e setores de
atuação, com vistas a ampliar as análises sobre os horizontes organizacionais
e a inovação;
• Utilizar a metodologia proposta em pesquisas de inovação, visando ao
reconhecimento de tendências, a partir da identificação de organizações que
estão propensas a inovar;
• Expandir a pesquisa para pessoas de diversos níveis organizacionais da
empresa para aprofundar a análise intraempresarial e obter informações que
possam contribuir para a melhoria da gestão;
• Utilizar a metodologia como autodiagnóstico em empresas que desejam
avaliar a percepção dos seus colaboradores sobre o alinhamento entre as suas
estratégias de crescimento e os objetivos da organização, e sobre os
horizontes organizacionais estabelecidos.
• Ampliar os estudos visando à identificação dos critérios adequados para
associar as dimensões de sustentabilidade às estratégias de inovação, de
forma a melhor atender as necessidades econômicas, ambientais e sociais do
Brasil.
118
6 CONCLUSÕES
Este estudo teve como objetivo propor um modelo teórico-conceitual que
contribuísse para a identificação das organizações potencialmente inovadoras para o
mercado, de modo que ele pudesse colaborar para a compreensão das baixas taxas de
inovação para o mercado nacional alcançadas pelas empresas brasileiras e para a
obtenção de dados que pudessem subsidiar a definição de ações e políticas públicas em
prol da inovação.
O entendimento do “por que somos o que somos” e “estamos onde estamos” foi
conduzido por meio da análise da visão dos horizontes organizacionais como estratégia
de inovação, quando se pensa em inovar, por parte de gestores e profissionais de
empresas.
A pesquisa também reuniu objetivos específicos que, ao serem alcançados,
contribuíram para o fortalecimento das teorias estudadas e para o alcance do principal
objetivo desta tese.
Entre os aspectos internos da organização que influenciam a inovação, segundo
os referenciais teóricos pesquisados, a cultura é a mais enfatizada e considerada entre os
fatores que embasam as métricas para a medição da capacidade inovativa das empresas.
Assim sendo, ela pode ser vista como um “guarda-chuva”, sob o qual estão as ações,
comportamentos, conhecimentos, relacionamentos e incorporação de novas tecnologias
e competências, que vão dar o caráter inovador à organização.
O conhecimento das estatísticas sobre inovação, produzidas pelos institutos
oficiais de estatística, revelou que já existem países que consideram os dados referentes
às estratégias estabelecidas pelas empresas (relacionadas nesta tese com as fronteiras
organizacionais) relevantes em um inquérito sobre inovação, pois estes podem gerar
indicadores para a identificação de tendências (indicadores leading).
Esta tese também trouxe como contribuição um panorama das características das
empresas brasileiras que inovaram para o mercado nacional, elaborado a partir da
consolidação de dados provenientes de tabulações especiais, fornecidas pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estes dados, apresentados em gráficos no
Apêndice C, são referentes a todas as publicações da PINTEC - 2000, 2003, 2005, 2008,
2011 e 2014.
Dos estudos realizados sobre a relação entre os horizontes organizacionais e a
119
inovação nas empresas, resultou o modelo teórico-conceitual de Associação das
Fronteiras Organizacionais às Estratégias de Crescimento da empresa (AFOEC),
proposto nesta tese e utilizado na survey (abordagem interempresarial) e no estudo de
caso (abordagem intraempresarial), para o levantamento e análise das percepções dos
gestores e profissionais que participaram da pesquisa.
Os resultados obtidos, tanto na survey, quanto no estudo de caso, mostraram que
é válida a utilização do modelo teórico-conceitual AFOEC para a identificação das
empresas potencialmente inovadoras para o mercado nacional, em diferentes tipos de
organizações. Este modelo, que tem como base a visão dos horizontes organizacionais
como estratégia de inovação, também contribuiu para a compreensão das baixas taxas
de inovação para o mercado nacional, alcançadas pelas empresas brasileiras.
Na survey foi possível observar que, em pesquisas entre empresas (abordagem
interempresarial), o modelo teórico-conceitual AFOEC tem aplicabilidade:
• na análise da distribuição das organizações, em relação às fronteiras
assumidas como estratégias de crescimento da empresa;
• na análise da distribuição das organizações, em relação às fontes de receita,
de economia e de redução de riscos assumidas como objetivos da empresa;
• na identificação das empresas com horizontes organizacionais propensos à
expansão / modificação / consolidação, em razão do alinhamento adequado
entre fronteiras (estratégias) e objetivos;
• na identificação das empresas potencialmente inovadoras para o mercado,
em razão do alinhamento adequado entre estratégia e objetivos que estão
associados ao horizonte organizacional a ser ampliado, por meio da fronteira
velocidade (inovação acelerada).
No estudo de caso foi verificado que, em pesquisas realizadas dentro de
empresas (abordagem intraempresarial), o modelo teórico-conceitual AFOEC tem
aplicabilidade:
• na verificação da disseminação e compreensão das estratégias estabelecidas,
por meio da análise da convergência das percepções dos respondentes quanto
às fronteiras assumidas como estratégias de crescimento pela empresa;
• na verificação da disseminação e compreensão dos objetivos organizacionais
estabelecidos, por meio da análise da convergência das percepções dos
120
respondentes quanto às fontes de receita, de economia e de redução de riscos,
assumidas como objetivos da empresa;
• na identificação dos horizontes organizacionais propensos à expansão /
modificação / consolidação na empresa, em razão do alinhamento adequado
entre fronteiras (estratégias) e objetivos, selecionados segundo a percepção
dos respondentes;
• na verificação da facilidade / dificuldade da empresa em inovar para o
mercado, a partir da análise do alinhamento adequado entre estratégia e
objetivos que estão associados ao horizonte organizacional a ser ampliado
por meio da fronteira velocidade (inovação acelerada).
Desta forma, a proposição de que o olhar sobre a visão dos horizontes
organizacionais como estratégia de inovação, a partir da percepção das estratégias de
crescimento e objetivos organizacionais – por parte de empresas e profissionais –
quando se pensa em inovar, leva ao entendimento do “por que somos o que somos” e
“estamos onde estamos”. E, com isto, reforçam a conclusão de que a metodologia
proposta também traz luz à compreensão sobre as baixas taxas de inovação para o
mercado nacional, alcançadas pelas empresas brasileiras.
Por meio do modelo teórico-conceitual AFOEC também foi possível observar
que, na visão dos guardiões da estratégia empresarial – gestores –, o hiato cultural dos
vínculos entre inovação, fontes de receita, redução de custos e redução de riscos é
visível e traz à tona a falta de uma cultura que leve a essas pessoas os conhecimentos
relacionados à inovação.
Na abordagem intraempresarial, as percepções divergentes dos profissionais
dentro de cada empresa, em relação às fronteiras organizacionais, revelam a falta de
uma cultura organizacional que promova a disseminação e a compreensão das
estratégias estabelecidas, de forma que todos possam contribuir para que elas sejam
alcançadas.
Mesmo com as organizações de portes e setores de atuação distintos, vistas no
estudo de caso, o hiato cultural dos vínculos entre inovação, fontes de receita, redução
de custos e redução de riscos é presente na visão dos profissionais de cada empresa. Isso
faz com que sejam colocadas em prática ações que esses colaboradores veem como
sendo alinhadas com os objetivos da empresa. Com isto, cada um direciona a
121
organização conforme o seu entendimento e, desta forma, a empresa não chega ao
destino que deseja.
Assim sendo, a falta de um direcionamento estratégico, conduzido pelos gestores
e compreendido pelos profissionais da empresa, deixa a organização como um barco à
deriva em alto mar, vai onde o vento levar.
A partir dos resultados e entendimentos obtidos com os estudos e análises
realizados, é possível compreender o porquê dos baixos percentuais de inovação para o
mercado nacional pelas empresas brasileiras, mesmo nos momentos de estabilidade
econômica, política e de grandes incentivos às inovações.
Diante do exposto, este trabalho traz como contribuição o modelo teórico-
conceitual AFOEC, que possibilita a identificação das empresas potencialmente
inovadoras e a compreensão da iniciativa inovadora nas organizações, por meio das
análises da visão dos horizontes organizacionais como estratégia de inovação pelas
empresas / gestores / pessoas em cargos estratégicos.
A metodologia proposta vem ao encontro da necessidade de indicadores
relacionados ao futuro (leading) e de instrumentos que possam contribuir para melhorar
o direcionamento de investimentos e políticas públicas em prol da inovação,
principalmente diante da atual conjuntura, de recursos cada vez mais escassos, de
momentos de instabilidade econômica no Brasil e no mundo.
Há de se reconhecer que o desconhecimento dos horizontes organizacionais e
seu vínculo com o desempenho inovativo das empresas pode não ser o único
responsável por terrível desempenho das empresas brasileiras, mas que ele é um dos
pilares que dão sustentação à obtenção de produto novo para o mercado nacional e
processo novo para o setor no Brasil também é incontestável.
Desta forma, a metodologia proposta, com o modelo teórico-conceitual de
Associação das Fronteiras Organizacionais às Estratégias de Crescimento da empresa
(AFOEC) e a sua aplicação, atende ao principal objetivo desta tese, que é contribuir
para a identificação das empresas potencialmente inovadoras para o mercado, a partir da
visão dos horizontes organizacionais como estratégia de inovação, de modo a colaborar
para a compreensão dos baixos percentuais de inovação para o mercado nacional pelas
empresas brasileiras e para subsidiar a definição de ações e políticas públicas em prol da
inovação.
122
REFERÊNCIAS
ABDI. Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Inovação: estratégia de sete de países. ARBIX, G. et al. (Org.). Brasília, DF: ABDI, 2010a. 342 p.: Il (Cadernos da indústria ABDI).
______. Sondagem da inovação: boletim segundo trimestre de 2014. 2014, 62 p. Disponível em: <http://www.abdi.com.br/Estudo/Boletim%20Sondagem%202%20TRI%20%202014%20-%2007112014.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2015.
______. Sondagem da inovação: boletim primeiro trimestre de 2010. 2010b, 38 p. Disponível em: <http://www.abdi.com.br/Estudo/Sondagem%20de%20Inova%C3%A7%C3%A3o%20%E2%80%93%201%C2%BA%20trimestre%20de%202010.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2014.
ABIDIN, S. Z.; MOKHTAR, S. S. B.; YUSOFF, R. Z. B. Review on the role of managerial levers in innovation management. International Journal of Contemporary Business Studies. v. 3, n. 6, pp. 6-14, jun. 2012. Disponível em: <https://www.yumpu.com/en/document/view/31410569/international-journal-of-contemporary-business-studies>. Acesso em: 08 jun. 2015.
AMIRI, B.; WINQUIST, C.; AHNGER, E. Innovation capabilities of finnish companies: best practices and benchmarks in innovation. Final Report, Finland. October 28, 2013. Helsinki: Synergy Group Europe SGE Ltd. 10 p. Disponível em: <http://docplayer.net/19725067-Innovation-capabilities-of-finnish-companies.html>. Acesso em: 26 jan. 2015.
ANPEI. Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras. Os novos instrumentos de apoio à inovação: uma avaliação inicial. Brasília, DF: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos – Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento, 2009. 101 p. Disponível em: <http://www.cgee.org.br/atividades/redirect.php?idProduto=5613>. Acesso em: 20 ago. 2012.
ARUNDEL, A. Innovation survey indicators: any progress since 1996? Paper presented at the Blue Sky II Forum. Ottawa, set. 2006. Disponível em: <http://www.oecd.org/sti/inno/37436234.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2014.
______. Innovation Survey Indicators: what impact on innovation policies? In: OECD. Science, Technology and Innovation Indicators in a Changing World: responding to policy needs. cap. 4, pp. 49-64, 2007. Disponível em: <http://digitalarchive.maastrichtuniversity.nl/fedora/get/guid:64cbc1a6-c4f8-47fc-8df4-a869386ac75a/ASSET1>. Acesso em: 15 jun. 2014.
ARUNDEL, A.; O’BRIEN, K. Innovation metrics for Australia. Australian Innovation Research Centre (AIRC). Report commissioned by the Department of Innovation, Industry, Science and Research (DIISR), Innovation Division, Industry Analysis Branch, Canberra, 2009. 134p. Disponível em: <https://eprints.utas.edu.au/10079/1/InnovationMetricsFramework%5B1%5D.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2014.
ARVANITIS, S.; SELIGER, F.; STUCKI, T. The relative importance of human
123
resource management practices for a firm's innovation performance. KOF Working Papers. KOF Swiss Economic Institute, ETH Zurich. n. 341. September, 2013. Disponível em: <http://www.econstor.eu/bitstream/10419/102970/1/767917138.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2015.
AUSTRÁLIA. Department of Industry. Australian Innovation System Report 2014. 2014. 244 p. Disponível em: <http://www.industry.gov.au/Office-of-the-Chief-Economist/Publications/Documents/Australian-Innovation-System/Australian-Innovation-System-Report-2014.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2015.
______. Department of Innovation, Industry, Science and Research. Australian Innovation System Report 2011. 2011. 168 p. Disponível em: <http://industry.gov.au/innovation/reportsandstudies/Documents/2011-Australian-Innovation-System-Report.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2014.
______. Department of Industry, Innovation and Science. Australian Innovation System Report 2016. 2016. 138 p. Disponível em: <https://industry.gov.au/Office-of-the-Chief-Economist/Publications/Documents/Australian-Innovation-System/2016-AIS-Report.pdf>. Acesso em: 15 maio 2017.
BARBIERI, J. C.; ÁLVARES, A. C. T. Inovações nas organizações empresariais. In: BARBIERI, J. C. (Org.). Organizações inovadoras: estudos e casos brasileiros. 2. ed., cap. 2, pp. 41-63. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.
BERNARDES, R.; BESSA, V.; KALUP, A. Serviços na PAEP 2001: reconfigurando a agenda de pesquisas estatísticas de inovação. São Paulo em Perspectiva, v. 19, n. 2, pp. 115-134, abr./jun. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/spp/v19n2/v19n2a10.pdf>. Acesso em: 15 set. 2014.
BESANKO, D. et al. Economics of Strategy. 6. ed. New York: John Wiley & Sons, 2012. 560 p.
BILOSLAVO, R. Use of the knowledge management framework as a tool for innovation capability audit. International Journal of Innovation and Learning. v. 2, n. 4, pp. 402-424, Jan. 2005. Disponível em: <http://www.inderscience.com/offer.php?id=6663>. Acesso em: 27 jan. 2014.
BOGLIACINO, F. et al. Innovation in developing countries: the evidence from innovation surveys. Paper for the FIRB conference Research and Entrepreneurship in the Knowledge-Based Economy, 7-8 September, 2009. Bocconi University, Milan. Disponível em: <http://www.kites.unibocconi.it/wps/allegatiCTP/Bogliacino_final.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2014.
BREZNIK, L.; HISRICH, R. D. Dynamic capabilities vs. innovation capability: are they related? Journal of Small Business and Enterprise Development. v. 21, n. 3, pp. 368-384, 2014. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1108/JSBED-02-2014-0018>. Acesso em: 15 jul. 2015.
CALDERÓN-HERNÁNDEZ, G.; NARANJO-VALENCIA, J. C. Perfil cultural de las empresas innovadoras: un estudio de caso en empresas metalmecánicas. Cuadernos de Administración. v. 20, n. 34, pp.161-189. Dec. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0120-35922007000200008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 4 ago. 2014.
124
CANADÁ. Investment, Science and Technology Division (ISTD). Statistics Canada. Survey of Innovation and Business Strategy, 2012. Disponível em: <http://www23.statcan.gc.ca/imdb-bmdi/instrument/5171_Q1_V2-eng.pdf>. Acesso em: 16 out. 2014.
CARBONE, P. P. et al. Gestão por competências e gestão do conhecimento, 2. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV. 2006. 172 p.
CARLOMAGNO, M. S.; SCHERER, F. O. Práticas dos inovadores: tudo que você precisa saber para começar a inovar. São Paulo: Atlas, 2013. 176 p.
CARROLL, L. Alice’s adventures in wonderland. BookVirtual Digital Edition, v.1.2, November, 2000. 195 p. Disponível em: <https://www.adobe.com/be_en/active-use/pdf/Alice_in_Wonderland.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2017.
CAVEDON, N. R. Cultura organizacional: gerenciável, homogênea e quantificável? In: Gestão contemporânea de pessoas: novas práticas, conceitos tradicionais. Bitencourt, C. (Org.). 2. ed. Parte V, cap 17, pp. 317-333. Porto Alegre: Bookman, 2010. 442 p.
C&SD. Census and Statistics Department. Hong Kong Special Administrative Region. Hong Kong Innovation Activities Statistics 2015. December 2016. Disponível em: <https://www.censtatd.gov.hk/fd.jsp?file=B11100102015AN15B0100.pdf&product_id=B1110010&lang=1>. Acesso em: 10 abr. 2017.
CHESBROUGH, H.; TEECE, D. J. Organizing for innovation: When is virtual virtuous? Harvard Business Review. v. 80, n. 8, pp. 127-136, Aug. 2002. Disponível em: <https://hbr.org/2002/08/when-is-virtual-virtuous>. Acesso em: 15 dez. 2015.
CHOO, C. W. A organização do conhecimento: como as organizações usam a informação para criar significados, construir conhecimento e tomar decisões. São Paulo: Ed. Senac São Paulo, 2003. 192 p.
CHRISTENSEN, C. M.; BEVER, D. The capitalist’s dilemma. In: Harvard Business Review. v. 92, n. 6, pp. 60-69, jun. 2014. Disponível em: <https://hbr.org/2014/06/the-capitalists-dilemma>. Acesso em: 6 mar. 2015.
CHRISTENSEN, C. M.; DYER, J. H.; GREGERSEN, H. The innovator's DNA. Harvard Business Review. v. 87, n. 12, pp. 60-67, dez. 2009. Disponível em: <https://hbr.org/2009/12/the-innovators-dna>. Acesso em: 16 maio 2014.
CHRISTENSEN, C. M. O dilema da inovação: quando as novas tecnologias levam empresas ao fracasso. São Paulo: Makron Books. 2012. 320 p.
CORRÊA, K. Dificuldades na implementação da estratégia. 2008. Disponível em: <http://www.administracaoegestao.com.br/planejamento-estrategico/dificuldades-na-implementacao-da-estrategia/>. Acesso em: 26 jul. 2013.
CORNELL UNIVERSITY; INSEAD; WIPO. The Global Innovation Index 2013: the local dynamics of innovation. 2013. 417 p. Disponível em: <http://www.wipo.int/edocs/pubdocs/en/economics/gii/gii_2013.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2014.
______. The Global Innovation Index 2014: the human factor in innovation. 2. ed. 2014. 428 p. Disponível em: <https://www.globalinnovationindex.org/userfiles/file/reportpdf/GII-2014-v5.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2015.
125
______. The Global Innovation Index 2015: effective innovation policies for development. 2015. 453 p. Disponível em: <http://www.wipo.int/edocs/pubdocs/en/wipo_gii_2015.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2016.
______. The Global Innovation Index 2016: winning with global innovation. 2016. 451 p. Disponível em: <http://www.wipo.int/edocs/pubdocs/en/wipo_pub_gii_2016.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2017.
CORSO, M. et. al. Knowledge management in product innovation: an interpretative review. International Journal of Management Reviews. v. 3, n. 4, pp. 341-352, dez. 2001. Disponível em: <http://www.researchgate.net/profile/Antonella_Martini/publication/228217310_Knowledge_Management_in_Product_Innovation_An_Interpretative_Review/links/09e41506c5eb75b6e1000000.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2015.
CUTLER, T. (Ed.). Innovation in business: making business innovation a priority. Venturous Australia Report: Building strength in innovation. 2008. 224 p. Disponível em: <https://www.industry.nsw.gov.au/__data/assets/pdf_file/0006/55383/NIS_review_Web3.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2015.
DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, L. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam o seu capital. 3. ed. São Paulo: Campus, 1998. 237 p.
DANMARKS STATISTIK. Forskning, udvikling og innovation i erhvervslivet 2015. 2015. 19 p. Disponível em: <https://www.dst.dk/ext/9410646062/0/serviceit/2015--pdf>. Acesso em: 16 jul. 2015.
______. Innovation og forskning 2017. 2017. 98 p. Disponível em: <https://www.dst.dk/Site/Dst/Udgivelser/GetPubFile.aspx?id=20756&sid=innovation2017>. Acesso em: 22 set. 2017.
DENMARK, Danish Ministry of Economic and Business Affairs. Innovation in Denmark: how danish enterprises convert new ideas and knowledge into value. 2008. 82 p. Disponível em: <https://erhvervsstyrelsen.dk/sites/default/files/innovation-in-denmark.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2015.
DE RÉ, C. A. T. et al. O impacto da cultura organizacional no processo de gestão do conhecimento. In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção, XXVII, 2007, Foz do Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu: ENEGEP, 2007. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2007_tr640477_9186.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2015.
DRUCKER, P. F. Sociedade pós-capitalista. 7. ed. São Paulo: Editora Pioneira, 1998. 186 p.
DUTTA, S.; CAULKIN, S. The world’s top innovators. INSEAD Global Innovation Index 2007. In: World Business. jan./fev. 2007. pp. 26-37. Disponível em: <https://www.globalinnovationindex.org/userfiles/file/GII-2007-Report.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2015.
DYER, J.; GREGERSEN, H. How we rank the world's most innovative companies 2015. Forbes Tech. Aug 19, 2015. Disponível em:
126
<http://www.forbes.com/sites/innovatorsdna/2015/08/19/how-we-rank-the-worlds-most-innovative-companies-2015/#7d84e5e64524>. Acesso em: 18 nov. 2015.
EISENHARDT, K. M. Building theories from case study research. The Academy of Management Review. Stanford, v.14, n. 4, p. 532-550. 1989. Disponível em: <www.jstor.org/stable/258557>. Acesso em: 18 nov. 2015.
EUROPEAN COMMISSION. European Innovation Scoreboard 2016. Belgium: European Union, 2016. 100 p. Disponível em: <http://www.knowledgetransferireland.com/About_KTI/Reports-Publications/European-Innovation-Scoreboard-2016.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2017.
______. Eurostat. Community Innovation Survey (CIS). 2015a. Disponível em: <http://ec.europa.eu/eurostat/web/microdata/community-innovation-survey>. Acesso em: 26 ago. 2016.
______. Eurostat. The Community Innovation Survey 2014. dez. 2014a. 14 p. Disponível em: <https://circabc.europa.eu/sd/a/34c6f294-fa27-4bb1-acf8-89a4b8a152ad/CIS2014_HARMONISED%20SURVEY%20QUESTIONNAIRE_v13.docx>. Acesso em: 26 ago. 2016.
______. Innovation Union Scoreboard 2011. Belgium: European Union, 2012. 100 p. Disponível em: <http://bookshop.europa.eu/en/innovation-union-scoreboard-2011-pbNB3212049/downloads/NB-32-12-049-EN-N/NB3212049ENN_002.pdf?FileName=NB3212049ENN_002.pdf&SKU=NB3212049ENN_PDF&CatalogueNumber=NB-32-12-049-EN-N>. Acesso em: 16 jul. 2015.
______. Innovation Union Scoreboard 2013. Belgium: European Union, 2013. 80 p. Disponível em: <http://bookshop.europa.eu/en/innovation-union-scoreboard-2013-pbNBAY13001/downloads/NB-AY-13-001-EN-C/NBAY13001ENC_002.pdf?FileName=NBAY13001ENC_002.pdf&SKU=NBAY13001ENC_PDF&CatalogueNumber=NB-AY-13-001-EN-C>. Acesso em: 16 jul. 2015.
______. Innovation Union Scoreboard 2014. Belgium: European Union, 2014b. 100 p. Disponível em: <http://bookshop.europa.eu/en/innovation-union-scoreboard-2014-pbNBAY14001/downloads/NB-AY-14-001-EN-C/NBAY14001ENC_002.pdf?FileName=NBAY14001ENC_002.pdf&SKU=NBAY14001ENC_PDF&CatalogueNumber=NB-AY-14-001-EN-C>. Acesso em: 16 jul. 2015.
______. Innovation Union Scoreboard 2015. Belgium: European Union, 2015b. 100 p. Disponível em: <https://www.kowi.de/Portaldata/2/Resources/fp/2015-Innovation-Union-Scoreboard-Report.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2016.
______. Innovation Union Scoreboard (IUS) 2010. PRO INNO Europe paper n ° 18. Belgium: European Union, 2011. 76 p. Disponível em: <http://bookshop.europa.eu/en/innovation-union-scoreboard-ius-2010-pbNBAX11018/downloads/NB-AX-11-018-EN-C/NBAX11018ENC_002.pdf?FileName=NBAX11018ENC_002.pdf&SKU=NBAX11018ENC_PDF&CatalogueNumber=NB-AX-11-018-EN-C>. Acesso em: 16 jul. 2015.
______. IUS 2015 Interactive tool. Summary Innovation Index. 2012. Disponível em: <http://ec.europa.eu/growth/industry/innovation/facts-figures/scoreboards/>. Acesso em: 23 set. 2015.
127
FINEP. Financiadora de Estudos e Projetos. Prêmio FINEP. 2014. Disponível em: <http://premio.finep.gov.br/>. Acesso em: 29 out. 2015.
FONSECA, M. V. A. A inovação brasileira deve fazer diferente. HSM Management. n. 102, pp.72-73, jan./fev. 2014.
______. Inovação nas organizações. Apostila da disciplina: Inovação nas organizações. Rio de Janeiro: UFRJ. 2013.
FONSECA, M. V. A.; BRUNO-FARIA, M. F. Cultura de inovação: conceitos e modelos teóricos. RAC: Revista de Administração Contemporânea. v. 18, n. 4, pp. 372-396, jul./ago. 2014a. Disponível em: <https://dx.doi.org/10.1590/1982-7849rac20141025>. Acesso em: 04 jun. 2015.
______. Medidas de cultura de inovação e de cultura organizacional para análise da associação com inovação. RAI: Revista de Administração e Inovação, v. 11, n. 3, pp. 30-55, nov. 2014b. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rai/article/download/100214/98876>. Acesso em: 8 jul. 2015.
FONSECA, M. V. A.; PINTO, M. C. L. F. P.; ALONSO, P. S. R.; DAN JUNIOR, E. Analysis of the innovation potential of brazillian oil and gas companies. International Business and Management. v. 8, n. 2, pp. 45-64, 2014. Disponível em: <http://www.cscanada.net/index.php/ibm/article/download/4799/pdf_61>. Acesso em: 14 jul. 2015.
FORZA, C. Survey research in operations management: a process based perspective. International Journal of Operations & Production Management, v. 22, n. 2, pp.152-194, 2002. Disponível em: <https://doi.org/10.1108/01443570210414310>. Acesso em: 14 jul. 2015.
FREEMAN, C.; SOETE, L. A economia da inovação industrial. 1. ed. Campinas: Editora da Unicamp. Tradução por: André Luiz Sica de Campos e Janaína Oliveira Pamplona da Costa. Título original (1974): The Economics of Industrial Innovation. 2008. 816 p.
FREITAS, H. et al. O método de pesquisa survey. Revista de Administração da USP, RAUSP. v. 35, n. 3, pp. 105-112, jul./set. 2000. Disponível em: <http://200.232.30.99/download.asp?file=3503105.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2016.
FURTADO, A. et al. Índice Brasil de Inovação (IBI). Manual informativo sobre o procedimento de adesão das empresas. Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Instituto de Geociências (IG). Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) & Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (LABJOR). São Paulo, Campinas. out. 2007. 27 p.
GAMAL, D.; SALAH, T.; ELRAYYES, N. How to measure organization innovativeness? Report: Measuring Organization Innovativeness. Cairo, Egypt, 2011. Disponível em: <http://www.tiec.gov.eg/backend/Reports/MeasuringOrganizationInnovativeness.pdf>. Acesso em: 04 jun. 2013.
GILMOUR, D. How to fix knowledge management. Harvard Business Review. v. 81, n. 10, out. 2003. Disponível em: <https://hbr.org/2003/10/how-to-fix-knowledge-management>. Acesso em: 16 ago. 2013.
GODIN. B. The rise of innovation surveys: measuring a fuzzy concept. In: Canadian
128
Science and Innovation Indicators Consortium (CSIIC). Working Paper, n. 16, 2002. Disponível em: <http://www.csiic.ca/PDF/Godin_16.pdf>. Acesso em: 04 jun. 2013.
HOLBROOK, A.; HUGHES, L. Operationalizing definitions of innovation at the level of the firm. In: Innovations Systems Research Network .Working Paper n.2, 2000. Disponível em: <http://sites.utoronto.ca/isrn/publications/WorkingPapers/Working00/Holbrook00_Definitions.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2014.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa industrial: inovação tecnológica 2000. Rio de Janeiro: IBGE, 2002, 104 p.
______. Pesquisa industrial: inovação tecnológica 2003. Rio de Janeiro: IBGE, 2005, 148p.
______. Pesquisa de inovação tecnológica 2005. Rio de Janeiro: IBGE, 2007, 156p.
______. Pesquisa de inovação tecnológica 2008. Rio de Janeiro: IBGE, 2010, 164p.
______. Pesquisa de inovação 2011. Rio de Janeiro: IBGE, 2013, 227 p.
______. Pesquisa de inovação 2014. Rio de Janeiro: IBGE, 2016, 105 p.
______. Sistema de busca na CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas), 2017. Disponível em: < https://cnae.ibge.gov.br/>. Acesso em: 22 fev. 2017.
IMD. International Institute for Management Development. IMD World Competitiveness Yearbook 2002. Press Release, April 30, 2002. Disponível em: <http://www.cvikorea.net/docs/IMD%202002/IMD2002%20Press%20Release.pdf>. Acesso em: 23 set. 2015.
______. IMD World Competitiveness Online. Custom search view. Brazil. Dataset. 2000-2016. Disponível em: <https://worldcompetitiveness.imd.org/customsearch/BR/wcy>. Acesso em: 16 mar. 2017.
______. IMD World Competitiveness Yearbook 2010. 2010. Disponível em: <http://www.bib.ufro.cl/portalv3/files/ranking-competitibidad-mundial-2007.pdf>. Acesso em: 23 set. 2015.
______. IMD World Competitiveness Yearbook 2011. 2011. Disponível em: <http://verslunarrad.is/files/IMD%202011%20-%20listar_831280280.pdf>. Acesso em: 23 set. 2015.
______. IMD World Competitiveness Yearbook 2012. 2012. Disponível em: <http://allianceau.com/pics/advant/2012_IMD.pdf>. Acesso em: 23 set. 2015.
______. IMD World Competitiveness Yearbook 2013. 2013. Disponível em: <https://www.imd.org/uupload/IMD.WebSite/wcc/WCYResults/1/scoreboard.pdf>. Acesso em: 23 set. 2015.
______. IMD World Competitiveness Yearbook 2014. 2014. Disponível em: <https://www.imd.org/uupload/IMD.WebSite/wcc/WCYResults/1/scoreboard_2014.pdf>. Acesso em: 23 set. 2015.
______. The 2016 IMD World Competitiveness Scoreboard. 2016. Disponível em: <https://www.imd.org/uupload/imd.website/wcc/scoreboard.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2017.
129
INSEAD. The Global Innovation Index 2008/2009. 2009. 208 p. Disponível em: <https://www.globalinnovationindex.org/userfiles/file/GII-2008-2009-Report.pdf>. Acesso em: 28 mar. 2014.
______. The Global Innovation Index 2009/2010. 2010. 456 p. Disponível em: <https://www.globalinnovationindex.org/userfiles/file/GII-2009-2010-Report.pdf>. Acesso em: 28 mar. 2014.
______. The Global Innovation Index 2011: accelerating growth and development. 2011. 381 p. Disponível em: <https://www.globalinnovationindex.org/userfiles/file/GII-2011_Report.pdf>. Acesso em: 28 mar. 2014.
INSEAD; WIPO. The Global Innovation Index 2012: stronger innovation. 2012. 464 p. Disponível em: <https://www.globalinnovationindex.org/userfiles/file/GII-2012-Report.pdf>. Acesso em: 28 mar. 2014.
IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Análise dos dados da PINTEC 2011. Nota Técnica nº 15. DE NEGRI, F.; CAVALCANTE, L. R. Brasília: IPEA. Dez, 2013. 9 p. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/nota_tecnica/131206_notatecnicadiset15.pdf>. Acesso em: 14 out. 2014.
______. Inovações, padrões tecnológicos e desempenho das firmas industriais brasileiras. DE NEGRI, J. A.; SALERNO, M. S. (Org.) Brasília: IPEA, 2005. 728 p. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/Inovacao_Padroes_tecnologicos_e_desempenho.pdf>. Acesso em: 04 jun. 2013.
______. Métodos qualitativos de avaliação e suas contribuições para o aprimoramento de políticas públicas. In: Brasil em desenvolvimento: Estado, planejamento e políticas públicas. Brasília: IPEA, 2010. Seção VIII. Capítulo 25. pp. 661-688. Disponível em: <http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/3806/1/Livro_Brasil_em_desenvolvimento_2010_v_3.pdf>. Acesso em: 04 jun. 2013.
______. O núcleo tecnológico da indústria brasileira. v. 1. DE NEGRI, J. A.; LEMOS, M. B. (Org.). Brasília: IPEA; FINEP; ABDI. 2011a. 656 p. Disponível em: <http://www.abdi.com.br/Estudo/NucleoTecnologicoVolume1.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2014.
______. O núcleo tecnológico da indústria brasileira. v. 2. DE NEGRI, J. A.; LEMOS, M. B. (Org.). Brasília: IPEA; FINEP; ABDI. 2011b. 690 p. Disponível em: <http://www.abdi.com.br/Estudo/NucleoTecnologicoVolume2.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2014.
______. Produtividade no Brasil: desempenho e determinantes. v. 1. DE NEGRI, F.; CAVALCANTE, L. R. (Org.). Brasília: ABDI; IPEA. 2014a. 445 p. Disponível em: <http://ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/livro_produtividade_no_brasil.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2015.
______. Produtividade no Brasil: desempenho e determinantes. v. 2. DE NEGRI, F.; CAVALCANTE, L. R. (Org.). Brasília: ABDI; IPEA. 2014b. 563 p. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/150831_livro_produtividade_v2.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2015.
130
______. Trajetória recente dos indicadores de inovação no Brasil. Texto para Discussão nº1659. CAVALCANTE, L. R.; DE NEGRI, F. Brasília. Set. 2011c. Disponível em: <http://ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/TDs/td_1659.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2014.
ISTAT. Istituto Nazionale di Statistica. Rilevazione Statistica Sull’innovazione Nelle Imprese Anni 2012-2014. 2015. 14 p. Disponível em: <http://astat.provincia.bz.it/downloads/03_Facsimile_questionario.pdf>. Acesso em: 28 out. 2015.
JANIUNAITE, B.; PETRAITE, M. The relationship between organizational innovative culture and knowledge sharing in organization: the case of technological innovation implementation in a telecommunication organization. Socialiniai mokslai / Kaunas University of Technology. Kaunas: Technologija. v. 3, n. 69, pp. 14-23. 2010. Disponível em: <http://etalpykla.lituanistikadb.lt/fedora/get/LT-LDB-0001:J.04~2010~1367174881935/DS.002.1.01.ARTIC>. Acesso em: 23 set. 2014.
JARUZELSKI, B.; LOEHR, J.; HOLMAN, R. The Global Innovation 1000: why culture is key. Strategy+business magazine. n. 65. New York: Booz & Company Inc. Winter. 2011. 18 p. Disponível em: <http://www.strategyand.pwc.com/media/file/Strategyand-Global-Innovation-1000-2011-Culture-Key.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2014.
JOHANSSON, F. O Efeito Medici. Tradução de Bruno Casotti e Doralice Lima. Título original: The Medici Effect. Rio de Janeiro: Best Seller, 2008. 280 p.
KANNEBLEY J. S.; PORTO, G. S.; PAZELLO, E. T. Inovação na indústria brasileira: uma análise exploratória a partir da PINTEC. Revista Brasileira de Inovação, v. 3, n. 1, jan./jun. 2004. pp. 87-128. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.20396/rbi.v3i1.8648893>. Acesso em: 12 abr. 2014.
KAO, John. Inovação não é luxo: é uma estratégia nacional, diz guru da inovação. In: Agência de notícias. Confederação Nacional da Indústria (CNI). Entrevista em 15 maio 2015. Disponível em: <http://www.portaldaindustria.com.br/cni/imprensa/2015/05/1,62395/inovacao-nao-e-luxo-e-uma-estrategia-nacional-diz-guru-da-inovacao.html>. Acesso em: 28 out. 2015.
KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. Mapas estratégicos - Balanced Scorecard: convertendo ativos intangíveis em resultados tangíveis. Tradução: SERRA, A. C. C. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 471 p.
KICKINGER, F. C.; ALMEIDA, H. T. V. Reflexões sobre a inovação no Brasil e o papel do BNDES. In: O BNDES em um Brasil em transição. ALÉM, A. C.; GIAMBIAGI, F. (Org.) parte III, cap. 11. pp. 181-194. Rio de Janeiro: BNDES, 2010. 460 p. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/livro_brasil_em_transicao/brasil_em_transicao_completo.pdf>. Acesso em: 16 set. 2014.
KIM, W. C.; MAUBORGNE, R. A estratégia do Oceano Azul. Tradução: SERRA, A. C. C. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 226 p.
KODAMA, M. Knowledge integration dynamics: developing strategic innovation capability. Singapore: World Scientific, 2011. 353 p.
131
KOF-ETH. Konjunkturforschungsstelle, ETH Zürich. Innovationsaktivitäten in der Schweizer Wirtschaft. In: Arvanitis, S. et al. Die Entwicklung der Innovationsaktivitäten in der Schweizer Wirtschaft 1997-2014. Strukturberichterstattung Nr. 55, pp. 34-43, 2017. Disponível em: <https://www.seco.admin.ch/seco/de/home/Publikationen_Dienstleistungen/Publikationen_und_Formulare/Strukturwandel_Wachstum/Innovation/die-entwicklung-der-innovationsaktivitaeten-in-der-schweizer-wir0.html>. Acesso em: 14 abr. 2017.
LEIFER, R. et al. Radical innovation: how mature companies can outsmart upstarts. Boston: Harvard Business School, 2000. 265 p.
MACHADO, D. P. N. Inovação e cultura organizacional: um estudo dos elementos culturais que fazem parte de um ambiente inovador. 2004. 185f. Tese (Doutorado em Administração) ― Escola de Administração de Empresas de São Paulo, Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2004. Disponível em: <http://inovforum.fgv.br/wp-content/uploads/Denise-del-Pr%C3%A1-doutorado.pdf>. Acesso em: 20 maio 2014.
MAHROUM, S.; ALSALEH, Y. Measuring innovation efficacy: an operational framework for mapping and measuring innovation capacity and performance of countries. INSEAD Working Paper n. 2012/05/IIPI, 2012. Disponível em: <https://sites.insead.edu/facultyresearch/research/doc.cfm?did=48992>. Acesso em: 17 abr. 2014.
MAIRESSE, J.; MOHNEN, P. Using innovation surveys for econometric analysis. In: Handbook of the Economics of Innovation. v. 2, cap. 26, pp. 1129-1156, 2010. Disponível em: <http://www.merit.unu.edu/aqsg/docs/Productivity%20and%20innovation%20in%20Africa_Microecometrics%20perspectives_PMohnen.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2014.
MARKIC, M. Process innovation: a precondition for business excellence. Int. J. of Innovation and Learning. v.3, n.5, pp. 455-467, 2006. Disponível em: <http://www.inderscience.com/info/inarticle.php?artid=10483>. Acesso em: 28 mar. 2014.
MCLAUGHLIN, P.; BESSANT, J.; SMART, P. Developing an organizational culture that facilitates radical innovation in a mature small to medium sized company: emergent findings. Cranfield University Working Paper, n. 858, 2005. Disponível em: <http://dspace.lib.cranfield.ac.uk/handle/1826/858>. Acesso em: 30 mar. 2014.
MEI. Mobilização Empresarial pela Inovação. Prêmio Nacional de Inovação. 2017. Disponível em: <http://www.premiodeinovacao.com.br/>. Acesso em: 28 ago. 2017.
MENDONÇA, H. L.; FONSECA, M. V. A. Impactos da inovação radical no índice S&P Global 1200. In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente, XXX., 2010, São Carlos. Anais... São Carlos: ENEGEP, 2010. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2010_TN_STO_119_778_15323.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2014.
MIGUEL, P. A. C.; LEE HO, L. Levantamento tipo survey. In: MIGUEL, P. A. C. (Coord.) Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção e Gestão de Operações. 2. ed. cap. 5, pp. 75-130, Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
MIGUEL, P. A. C.; SOUSA, R. O método do estudo de caso na engenharia de
132
produção. In: MIGUEL, P. A. C (Coord.). Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção e Gestão de Operações. 2. ed, cap. 6. pp. 131-148, Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
MILBERGS, E.; VONORTAS, N. Innovation metrics: measurement to insight. In: National Innovation Initiative 21st Century Innovation Working Group. White Paper v.1.4, 2004. Disponível em: <http://www.innovationmanagement.se/wp-content/uploads/pdf/Innovation-Metrics-NII.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2014.
MONCADA-PATERNÒ-CASTELLO, P.; GRASSANO, N. Innovation, competitiveness and growth without R&D? Analysis of corporate R&D investment - A country approach: Italy. Policy Brief. European Commission, November 2014. 13 p. Disponível em: <https://pt.scribd.com/document/353317063/Innovation-Competitiveness-and-Growth-Without-R-D>. Acesso em: 18 ago. 2015.
MURPHY, M. Boundary jumping: understanding the value of modest anarchy in entrepreneurial networks. Silicon Flatirons. University of Colorado Roundtable. Series on Entrepreneurship, Innovation, and Public Policy. Jan. 2014. Disponível em: <http://www.siliconflatirons.com/documents/publications/report/201401BoundaryJumpingReport.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2015.
NARANJO-VALENCIA, J. C.; CALDERÓN-HERNÁNDEZ, G. Construyendo una cultura de innovación: una propuesta de transformación cultural. In: Estudios Gerenciales. Elsevier. v. 31, n. 135, pp. 223-236, abr./jun. 2015. Disponível em: <http://www.elsevier.es/es-revista-estudios-gerenciales-354-articulo-construyendo-una-cultura-innovacion-una-90411046>. Acesso em: 16 abr. 2016.
NSF. National Science Foundation. 2016 Business R&D and Innovation Survey (BRDIS). Form BRDI-1. EUA, 2016a. Disponível em: <https://www.nsf.gov/statistics/srvyindustry/about/brdis/surveys/srvybrdis-2016-BRDI-1.pdf>. Acesso em: 16 set. 2017.
______. 2016 Business R&D and Innovation Survey (BRDIS). Form BRDI-1(S). EUA, 2016b. Disponível em: <https://www.nsf.gov/statistics/srvyindustry/about/brdis/surveys/srvybrdis-2016-BRDI-1S.pdf>. Acesso em: 16 set. 2017.
______. Business Research and Development and Innovation Survey (BRDIS). EUA, 2017. Disponível em: <http://www.nsf.gov/statistics/srvyindustry/#qs&sd&tabs-1>. Acesso em: 16 set. 2017.
NELSON, R. R.; WINTER, S. G. An evolutionary theory of economic change. Cambridge, Massachusetts: The Belknap Press of Harvard University Press, 1982. 437 p.
NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação e conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1997. 358 p.
OECD. Organisation for Economic Cooperation and Development. Frascati Manual. Proposed Standard Practice for Surveys on Research and Experimental Development. 2002. 254 p. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1787/9789264199040-en>. Acesso em: 04 jun. 2013.
133
_____. Main Science and Technology Indicators. OECD.Stat. 2016. Disponível em: <http://stats.oecd.org/Index.aspx?DataSetCode=MSTI_PUB#>. Acesso em: 15 dez. 2016.
_____. Measuring innovation: a new perspective. 2010. 130 p. Disponível em: <http://www.keepeek.com/Digital-Asset-Management/oecd/science-and-technology/measuring-innovation_9789264059474-en#page1>. Acesso em: 28 mar. 2014.
______. Members and partners. 2014. Disponível em: <http://www.oecd.org/about/membersandpartners/>. Acesso em: 16 jun. 2014.
______. OECD science, technology and industry scoreboard 2015: innovation for growth and society. Paris: OECD, 2015. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1787/sti_scoreboard-2015-en> Acesso em: 26 out. 2016
OECD; EUROSTAT. Oslo Manual. Guidelines for Collecting and Interpreting Innovation Data. 3. ed. Paris: OECD, 2005. 162 p. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1787/9789264013100-en>. Acesso em: 04 jun. 2013.
PELLISSIER, R. A conceptual framework for the alignment of innovation and technology. Journal of Technology Management & Innovation. v. 3, n. 3, pp. 67-77, 2008. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.4067/S0718-27242008000100007>. Acesso em: 04 jun. 2013.
PEREIRA, M. S. A. N. A. Planejamento estratégico. Conteúdo didático da disciplina: Planejamento Estratégico / Gestão Pública. Rio de Janeiro: Editora Universidade Estácio de Sá, 2012. 178 p.
PIANTA, M.; SIRILLI, G. The use of innovation surveys for policy evaluation in Italy. In: Policy evaluation in innovation and technology: towards best practices. Paris: OECD. cap. 19, pp. 357-371, jun. 1997. Disponível em: <http://www.oecd.org/sti/inno/1909745.pdf>. Acesso em: 04 jun. 2013.
PINHEIRO, A. O. M. Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC), inovação e serviços intensivos em conhecimento: o que os indicadores retratam e o que poderiam revelar. Tese (Doutorado em Ciências Econômicas) ― Instituto de Economia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2011. Disponível em: <http://www.ie.ufrj.br/images/pesquisa/publicacoes/teses/2011/Elementos%20textuais%20e%20p%C3%B3s-textuais_primeira%20vers%C3%A3o%20p%20dep%C3%B3sito.pdf>. Acesso em: 04 jun. 2013.
PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Tradução: Elizabeth Maria de Pinho Braga. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus Elsevier, 2004. 376 p.
PRYZANT, L.-K. Measuring innovation. 2014. 64 p. Tese. Kenan-Flagler Business School at the University of North Carolina at Chapel Hill. Disponível em: <https://cdr.lib.unc.edu/indexablecontent/uuid:c05f176e-3c3b-4040-bf59-efd7a3492a83>. Acesso em: 12 jun. 2015.
REMNELAND WIKHAMN, B.; WIKHAMN, W. Structuring of the open innovation field. Journal of Technology Management & Innovation, Santiago, v. 8, n. 3, pp. 173-185, Nov. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0718-
134
27242013000400016&lng=en&nrm=iso&tlng=en>. Acesso em: 14 jul. 2014.
ROTHWELL, R. Towards the fifth-generation innovation process. International Marketing Review, v. 11, n. 1, pp. 7-31. MCB University Press. 1994. Disponível em: <http://www.emeraldinsight.com/doi/pdfplus/10.1108/02651339410057491>. Acesso em: 14 dez. 2014.
SALAZAR, M.; HOLBROOK, A. Innovation surveys: a debate on innovation surveys. Science and Public Policy. v. 31, n. 4, pp. 254-266, ago. 2004. Disponível em: <https://doi.org/10.3152/147154304781779976>. Acesso em: 20 jul. 2015.
SALERNO, M. S. et al. Innovation processes: Which process for which project? Technovation. v. 35, pp. 59-70, jan. 2015. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.technovation.2014.07.012>. Acesso em: 17 set. 2015.
SÁNCHEZ, A. et al. Innovation management practices, strategic adaptation, and business results: evidence from the electronics industry. Journal of Technology Management & Innovation. v. 6, n. 2, pp. 14-39, 2011. Disponível em: <http://www.jotmi.org/index.php/GT/article/viewFile/art192/620>. Acesso em: 26 maio 2013.
SBRAGIA, R.; ANDREASSI, T. Relações entre indicadores de P&D e de resultado empresarial. Revista de Administração, São Paulo v.37, n.1, pp.72-84, jan./mar. 2002. Disponível em: <http://gvpesquisa.fgv.br/sites/gvpesquisa.fgv.br/files/arquivos/andreassi_-_relacoes_entre_indicadores_de_pd_e_de_resultado_empresarial.pdf>. Acesso em: 15 set. 2014.
SCB. Statistiska centralbyrans. Statistics Sweden. Innovationsverksamhet 2012–2014. In: Innovationsverksamhet i svenska företag 2012–2014. pp. 62-73, 2016. Disponível em: <https://www.scb.se/Statistik/_Publikationer/UF0315_2012I14J_BR_00_UF88BR1601.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2016.
______. Så kan statistiken om innovation förbättras. 2017. Disponível em: <https://www.scb.se/innovation/>. Acesso em: 28 ago. 2017.
SCHUMPETER, J. A. Capitalismo, socialismo e democracia. Tradução: Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961. 488 p.
______. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico. Tradução por Maria Sílvia Possas. São Paulo: Editora Nova Cultural Ltda., 1997. 228 p. Disponível em: <http://www.ufjf.br/oliveira_junior/files/2009/06/s_Schumpeter_-_Teoria_do_Desenvolvimento_Econ%C3%B4mico_-_Uma_Investiga%C3%A7%C3%A3o_sobre_Lucros_Capital_Cr%C3%A9dito_Juro_e_Ciclo_Econ%C3%B4mico.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2013.
SCHWAB, K. The Global Competitiveness Report 2014–2015: full data edition. World Economic Forum, 2014. 565 p. Disponível em: <http://www3.weforum.org/docs/WEF_GlobalCompetitivenessReport_2014-15.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2015.
SEADE. Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados. Pesquisa da Atividade Econômica Paulista – Paep. 2016. Disponível em: <http://produtos.seade.gov.br/produtos/paep/>. Acesso em: 20 ago. 2016.
135
SPULBER, D. F. Criadoras de mercados: como as empresas líderes criam e conquistam mercados. São Paulo: Negócio Editora, 1999. 380 p.
STAKE, R. E. Qualitative case studies. In: DENZIN, N.K.; LINCOLN, Y. S. (Eds.).The SAGE handbook of qualitative research. 3. ed. cap. 17, pp. 443-466, India: Sage, 2005. 1213 p.
STATISTICS FINLAND. Innovation. 2014. Disponível em: <http://www.stat.fi/meta/til/inn_en.html>. Acesso em: 29 jun. 2015.
______. Innovation survey. Community Innovation Survey 2014 to 2016. 2017. Disponível em: <http://www.stat.fi/keruu/inno/files/inn_lomake_en.pdf>. Acesso em: 29 Abr. 2017.
STATISTICS NETHERLANDS. ICT, knowledge and the economy 2013. 2013. 255 p.. Disponível em: <http://www.cbs.nl/NR/rdonlyres/D692B6C5-3725-451A-8FF7-161B6B87D8C9/0/2013i79pub.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2015.
STRATEGY&; VALOR ECONÔMICO. Ranking inovação Brasil. 2017. Disponível em: <http://www.strategyand.pwc.com/br/home/no-que-pensamos/estudos/inovacao-brasil/metodologia>. Acesso em: 16 nov. 2017.
TEECE, D. J.; PISANO, G.; SHUEN, A. Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal. v. 18, n. 7, pp. 509-533, 1997. Disponível em: <https://business.illinois.edu/josephm/BA545_Fall%202015/Teece,%20Pisano%20and%20Shuen%20(1997).pdf>. Acesso em: 29 jun. 2015.
TERZIAN, F. 10 empresas mais inovadoras do Brasil em 2015. Forbes Brasil. Listas. 7 Set. 2015. Disponível em: <http://www.forbes.com.br/listas/2015/09/10-empresas-mais-inovadoras-do-brasil-em-2015/>. Acesso em: 16 nov. 2015.
THE ECONOMIST. Catch the wave. The long cycles of industrial innovation are becoming shorter. In: Innovation in Industry. Feb 18th 1999. The Economist Newspaper Limited, London. 1999. Disponível em:<http://www.economist.com/node/186628/print>. Acesso em: 22 ago. 2014.
THOMSON REUTERS. 2015 Top 100 Global Innovators. Honoring the World Leaders in Innovation. Findings and Methodology. Featuring a special supplement on the Top Bay Area Innovators. November, 2015. Disponível em: <http://ip-science.interest.thomsonreuters.com/verify?doc=http://ip-science.interest.thomsonreuters.com/Top100InnovatorsReport-2015&asset=Top%20100%20Innovators%20Report%202015&product=Top%20100%20Innovator&rt=Patents&_ga=1.84709273.1828355951.1460314922>. Acesso em: 16 dez. 2015.
TIDD, J.; BESSANT, J. Developing an organizational culture that facilitates radical innovation in a mature small to medium sized company: emergent findings. Working paper series. February, 2004. Disponível em: <http://www.innovation-portal.info/wp-content/uploads/Cerulean-developing-a-radical-innovation-culture.pdf>. Acesso em: 23 out. 2014.
______. Managing Innovation: integrating technological, market and organizational change. 5. ed. Chichester: Wiley, 2013. 680 p.
TIGRE, P. B. Gestão da inovação: a economia da tecnologia do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. 298 p.
136
UE. União Europeia. Países. Os 28 Estados-Membros da UE. 2016. Disponível em: <http://europa.eu/about-eu/countries/index_pt.htm>. Acesso em: 20 dez. 2016.
UNITED KINGDOM. Department for Business, Innovation & Skills (BIS). Office for National Statistics. UK Innovation Survey 2012 – 2014. 2015. 14 p. Disponível em: <https://www.gov.uk/government/uploads/system/uploads/attachment_data/file/558476/UKIS_2015_Final_version_of_the_questionnaire.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2016.
______. Department for Business, Innovation & Skills (BIS). The UK Innovation Survey 2015 Main Report. Innovation Analysis. jul. 2016. 35 p. Disponível em: <https://www.gov.uk/government/uploads/system/uploads/attachment_data/file/536491/UKIS_2015_Main__report_Final_v.pdf>. Acesso em: 17 nov. 2016.
VAZQUEZ, A. C. S. et al. Ativos de conhecimento e inovação em um serviço hospitalar de cirurgia cardiovascular. In: ENCONTRO DE ESTUDOS EM ESTRATÉGIA, V., 2011, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: EEE, 2011. Disponível em: <http://repositorio.furg.br/bitstream/handle/1/6384/2011_3ES161.pdf?sequence=1>. Acesso em: 13 out. 2014
VELDHOEN, S.; PENG, B.; MANSSON, A. China’s innovation is going global - 2014 China innovation survey (Report). Strategy&, 2014. 28 p. Disponível em: <https://www.strategyand.pwc.com/media/file/Strategyand_2014-China-Innovation-Survey.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2015.
VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em Administração. 14. ed. Rio de Janeiro: Atlas. 2013. 94 p.
VIOTTI, E. B.; BAESSA, A. R.; KOELLER, P. Perfil da inovação na indústria brasileira: uma comparação internacional. In: DE NEGRI, J. A.; SALERNO, M. S. (Orgs.). Inovações, padrões tecnológicos e desempenho das firmas industriais brasileiras. cap. 16, pp. 653 – 687. Brasília: IPEA, 2005. 728 p. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/Inovacao_Padroes_tecnologicos_e_desempenho.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2013.
WORLD ECONOMIC FORUM. The Global Competitiveness Index Historical Dataset. 2005-2015. World Economic Forum. Disponível em: <http://www3.weforum.org/docs/gcr/2015-2016/GCI_Dataset_2006-2015.xls>. Acesso em: 18 out. 2015.
______. The Global Competitiveness Report 2016–2017. Geneva: World Economic Forum, 2016. 400 p. Disponível em: <http://www3.weforum.org/docs/GCR2016-2017/05FullReport/TheGlobalCompetitivenessReport2016-2017_FINAL.pdf>. Acesso em: 14 fev. 2017.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Tradução: Cristhian Matheus Herrera. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015. 290 p.
ZEW. Centre for European Economic Research. Innovation Activities of Firms in Germany – Results of the German CIS 2012 and 2014: background report on the surveys of the Mannheim innovation panel conducted in the years 2013 to 2016. Dokumentation. n. 17-04, 2017. 222 p. Disponível em: <http://ftp.zew.de/pub/zew-docs/docus/dokumentation1704.pdf>. Acesso em: 17 set. 2017.
ZLATKA, M. S. et al. Elements of organizational culture leading. Zb. rad. Ekon. fak. Rij. v. 28. sv. 2. pp. 303-318, 2010. Disponível em:
137
<https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjpmobWpqbJAhWJNJAKHcejAGYQFgggMAA&url=http%3A%2F%2Fhrcak.srce.hr%2Ffile%2F93458&usg=AFQjCNFQgoKt5_pfx5JOaxW645KCYQaTfw>. Acesso em: 29 jun. 2014.
138
APÊNDICE A – A INOVAÇÃO PARA O MERCADO NACIONAL NO BRASIL -
POR SETOR ECONÔMICO E POR REGIÃO (ESTATÍSTICAS OFICIAIS)
As estatísticas oficiais sobre a inovação no Brasil são obtidas por meio da
Pesquisa de Inovação (PINTEC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) a cada três anos, desde o ano 2000 (1998-2000). As empresas de
serviços, nas quais estão incluídas apenas aquelas que são consideradas intensivas em
conhecimento, como serviços de telecomunicações, tecnologia da informação,
arquitetura e engenharia, tratamento de dados, entre outras, passaram a fazer parte
destes levantamentos a partir de 2005 e as de eletricidade e gás, a partir de 2011.
A PINTEC possui duas referências temporais. Os dados qualitativos, com
algumas exceções, são referentes ao período de três anos, o ano de referência da
pesquisa e os dois que o antecedem. Os dados quantitativos (receitas, gastos, impactos
sobre vendas e exportações, entre outros) e os dados referentes ao uso da biotecnologia
e nanotecnologia são correspondentes ao ano de referência da pesquisa.
Inovação para o mercado nacional - por setor econômico
Nos gráficos apresentados a seguir, é possível observar a evolução da inovação
das empresas brasileiras para o mercado nacional, ao longo das seis publicações da
PINTEC (2000 a 2014). Os Gráficos 23, 24 e 25 apresentam, para cada um dos setores
econômicos abordados na pesquisa, os percentuais de empresas que inovaram em
produto para o mercado nacional, em relação ao total de empresas que responderam em
cada ano, por faixa de pessoal ocupado nas atividades da organização. A utilização de
um gráfico para cada setor ocorre em razão da diferença na constituição da amostra da
PINTEC ao longo do tempo, com a inclusão de setores com características distintas, que
poderiam, se representados juntos, distorcer a real evolução da inovação de produto para
o mercado nacional. Da mesma forma, e com a mesma justificativa, são apresentados os
Gráficos 26, 27 e 28, para representar a evolução na inovação de processos.
Na evolução da inovação de produto, bem como a de processo, nas empresas das
indústrias extrativas e de transformação para o mercado nacional, por faixa de pessoal
ocupado nas atividades da empresa (Gráficos 23 e 26), é possível observar uma
139
tendência à queda no percentual de empresas inovadoras com 500 ou mais pessoas
ocupadas, com uma pequena recuperação em 2014, que não é observada nas demais
faixas. O mesmo comportamento é observado nas inovações de produto e processo para
o mercado nacional pelo setor de serviços (Gráficos 24 e 27), sendo que, nestas últimas,
é possível perceber a mesma tendência nas empresas que estão na faixa de 250 ou mais
pessoas ocupadas. Estes dados trazem um alerta, pois estudos realizados pela academia
revelam que a maior concentração da inovação está nas grandes empresas e são
exatamente estas que estão com o quantitativo de inovações em declínio nos últimos
levantamentos da PINTEC, com grande possibilidade de estarem pior, diante da crise
financeira em que se encontra o país nos últimos meses.
Gráfico 23: Percentual de empresas das indústrias extrativas e de transformação que inovaram em produto para o mercado nacional, distribuído por faixa de pessoal ocupado
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2000 a 2014 (IBGE, 2002, 2005, 2007, 2010, 2013, 2016)
No setor de Eletricidade e Gás, observa-se uma melhora nas inovações de
produto para o mercado nacional (Gráfico 25), inclusive com a ocorrência de inovações
em empresas nas faixas de 50 a 99 pessoas e 250 a 499 pessoas, em 2014, o que não
havia acontecido no período anterior, quando foi iniciada a pesquisa neste setor. No
entanto, na inovação de processos para o mercado nacional (Gráfico 26), este setor não
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
PINTEC2000
PINTEC2003
PINTEC2005
PINTEC2008
PINTEC2011
PINTEC2014
Total
10 a 29
30 a 49
50 a 99
100 a 249
250 a 499
500 ou mais
Faixa de pessoal ocupado
140
teve o mesmo desempenho. Com exceção das empresas que se encontram na faixa de 50
a 99 pessoas, todas as que inovaram em processos no período anterior tiveram enorme
diminuição nos resultados obtidos.
Gráfico 24: Percentual de empresas de serviços selecionados (intensivos em conhecimento) que inovaram em produto para o mercado nacional, distribuído por faixa de pessoal ocupado
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2005 a 2014 (IBGE, 2007, 2010, 2013, 2016)
Gráfico 25: Percentual de empresas do setor de eletricidade e gás que inovaram em produto para o mercado nacional, distribuído por faixa de pessoal ocupado
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados da PINTEC, publicações 2011 e 2014 (IBGE, 2013, 2016)
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
PINTEC 2005 PINTEC 2008 PINTEC 2011 PINTEC 2014
Total
10 a 29
30 a 49
50 a 99
100 a 249
250 a 499
500 ou mais
Faixa de pessoal ocupado
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
PINTEC 2011 PINTEC 2014
Total
10 a 29
30 a 49
50 a 99
100 a 249
250 a 499
500 ou mais
Faixa de pessoal ocupado
141
Gráfico 26: Percentual de empresas das indústrias extrativas e de transformação que inovaram em processo para o mercado nacional, distribuído por faixa de pessoal ocupado
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2000 a 2014 (IBGE, 2002, 2005, 2007, 2010, 2013, 2016)
Gráfico 27: Percentual de empresas de serviços selecionados (intensivos em conhecimento) que inovaram em processo para o mercado nacional, distribuído por faixa de pessoal ocupado
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2005 a 2014 (IBGE, 2007, 2010, 2013, 2016)
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
PINTEC2000
PINTEC2003
PINTEC2005
PINTEC2008
PINTEC2011
PINTEC2014
Total
10 a 29
30 a 49
50 a 99
100 a 249
250 a 499
500 ou mais
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
PINTEC 2005 PINTEC 2008 PINTEC 2011 PINTEC 2014
Total
10 a 29
30 a 49
50 a 99
100 a 249
250 a 499
500 ou mais
Faixa de
pessoal ocupado
Faixa de pessoal ocupado
142
Gráfico 28: Percentual de empresas do setor de eletricidade e gás que inovaram em processo para o mercado nacional, distribuído por faixa de pessoal ocupado
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2011 e 2014 (IBGE, 2013, 2016)
Inovação para o mercado nacional - por região
Nos Gráficos 29 e 30, é possível acompanhar, respectivamente, a evolução da
inovação de produto e de processo para o mercado nacional, nas empresas das indústrias
extrativas e de transformação, no Brasil e em cada uma das suas grandes regiões.
Convém observar que, tanto em um gráfico como no outro, nenhuma região alcançou
um percentual maior do que 5,1% de instituições inovadoras entre as que foram
pesquisadas.
No Gráfico 29, é possível perceber que as regiões Sudeste e Sul são as que mais
inovam em produto para o mercado nacional. A região Centro-Oeste, que teve grande
ascensão no período entre 2005 e 2011, sofreu grande diminuição no número de
inovações desse tipo entre 2011 e 2014, ficando na penúltima colocação entre as regiões
brasileiras, acima apenas da região Nordeste, que apresenta declínio no número de
inovações de produto para o mercado nacional de 2008 até 2014. Neste mesmo período,
a região Norte é a única que apresentou aumento contínuo neste tipo de inovação.
Entre 2008 e 2011, apesar do aumento de inovações de produto para o mercado
nacional nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte, ocorre a redução no total destas
inovações no Brasil, em razão da diminuição ocorrida nas regiões Nordeste e Sudeste.
Isto ocorre porque o Estado de São Paulo, situado nesta última região, é a localização
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
PINTEC 2011 PINTEC 2014
Total
10 a 29
30 a 49
50 a 99
100 a 249
250 a 499
500 ou mais
Faixa de pessoal ocupado
143
que apresenta a maior concentração de empresas inovadoras.
Gráfico 29: Percentual de empresas das indústrias extrativas e de transformação que inovaram em produto para o mercado nacional, por região brasileira
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2000 a 2014 (IBGE, 2002, 2005, 2007, 2010, 2013, 2016)
O percentual das inovações de processo para o mercado nacional não ultrapassou
3,1%, com exceção da região Norte, que atingiu 5,1% na PINTEC de 2000, conforme
pode ser observado no Gráfico 30. A região Norte é a que apresenta o melhor
desempenho nos períodos de 2003 a 2005 e de 2008 a 2011, mas os seus resultados são
instáveis. Ela também é a que obteve o pior desempenho nos períodos de 2005 a 2008 e
de 2011 a 2014, em relação aos períodos antecessores.
As regiões Sul e Sudeste apresentaram resultados mais estáveis e foram as que
obtiveram melhor desempenho no período de 2011 a 2014. Neste mesmo período, a
região Nordeste alcançou 1,5% em inovações de processo para o mercado nacional, um
índice muito baixo, mas foi o melhor desempenho desta região em todo o período
investigado pela PINTEC (2000 a 2014). Numa situação pior, encontra-se a região
Centro-Oeste, pois, neste mesmo período, o maior resultado obtido foi de 1% em
inovações deste tipo.
0%
1%
2%
3%
4%
5%
6%
PINTEC2000
PINTEC2003
PINTEC2005
PINTEC2008
PINTEC2011
PINTEC2014
Brasil
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
144
Gráfico 30: Percentual de empresas das indústrias extrativas e de transformação que inovaram em processo para o mercado nacional, por região brasileira
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2000 a 2014 (IBGE, 2002, 2005, 2007, 2010, 2013, 2016)
0%
1%
2%
3%
4%
5%
6%
PINTEC2000
PINTEC2003
PINTEC2005
PINTEC2008
PINTEC2011
PINTEC2014
Brasil
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
145
APÊNDICE B – A INOVAÇÃO PARA O MERCADO MUNDIAL NO BRASIL -
POR SETOR ECONÔMICO E POR REGIÃO (ESTATÍSTICAS OFICIAIS)
As empresas que inovaram para o mercado mundial fazem parte do conjunto das
que inovaram para o mercado nacional, mas visando identificar algo que merecesse ser
investigado para o melhor entendimento do comportamento destas empresas, foram
reunidos, nos gráficos apresentados a seguir, os dados disponíveis das firmas com maior
grau de inovatividade das duas últimas publicações da PINTEC.
Ao analisar a distribuição das empresas que inovaram para o mercado mundial
nos dados levantados em 2011 e 2014 pela PINTEC, é possível observar que, em
valores absolutos, existe uma concentração maior de organizações no setor de indústrias
extrativas e de transformação, conforme pode ser visto no Gráfico 31. Ao relacionar
estes valores com o total de empresas pesquisadas em cada faixa de pessoal ocupado em
atividades na organização, verifica-se que, em 2011, no setor de serviços, se concentra o
maior percentual das empresas inovadoras, entre as que foram pesquisadas (Gráfico 32).
Gráfico 31: Quantidade de empresas que inovaram em produto para o mercado mundial, por faixa de pessoal ocupado e por setor econômico, segundo a PINTEC
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2011 e 2014 (IBGE, 2013, 2016)
146
Em valores absolutos, o quantitativo de indústrias extrativas e de transformação
que inovaram para o mercado mundial em 2011 (280) é bem superior (mais de seis
vezes) ao número de empresas de serviços que se encontram nesta situação (45). Em
2014, com a diminuição das indústrias neste universo (253) e o aumento de empresas de
serviços (75), esta relação passa para um pouco mais de três vezes.
No setor de Eletricidade e Gás, duas empresas inovaram para o mercado
mundial, ambas com 500 ou mais pessoas ocupadas; em 2014, apenas uma, na faixa de
50 a 99 pessoas.
Ao relacionar as quantidades de empresas inovadoras com o total de empresas
pesquisadas, em cada faixa, é possível observar que o percentual de empresas que
inovaram para o mercado mundial, em 2011 e 2014, respectivamente, por faixa de
pessoal ocupado (Gráfico 32), não passa de 3% e 4%, no setor de indústrias extrativas e
de transformação; de 4,1% e 1,5%, no setor de eletricidade e gás; e de 5% e 2,1%, no
setor de serviços selecionados (serviços intensivos em conhecimento).
Entretanto, é possível observar, por meio do Gráfico 32, que as indústrias
extrativas e de transformação, em 2011, possuem um percentual maior de instituições
que inovaram para o mercado mundial nas faixas referentes às pequenas empresas (30 a
49 e 50 a 99). Em 2014, este setor só supera os demais na faixa de 500 pessoas ou mais.
Gráfico 32: Percentual de empresas que inovaram em produto para o mercado mundial, por faixa de pessoal ocupado e por setor econômico, segundo a PINTEC
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2011 e 2014 (IBGE, 2013, 2016)
147
No caso das inovações de processo para o mercado mundial (Gráfico 33), as
empresas do setor de eletricidade e gás, com 500 ou mais pessoas ocupadas, foram as
que mais tiveram empresas inovadoras em relação ao total existente na própria faixa,
alcançando os percentuais de 12,3% (6 em 49) e 9,9% (5 em 52), em 2011 e 2014,
respectivamente.
Uma análise dos dados da PINTEC, anos 2011 e 2014, foi realizada com o
intuito de identificar os setores das indústrias extrativas e de transformação e de
serviços que apresentaram maior número de inovações de produtos e processos para o
mercado mundial.
Gráfico 33: Percentual de empresas que inovaram em processo para o mercado mundial, por faixa de pessoal ocupado e por setor econômico, segundo a PINTEC
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2011 e 2014 (IBGE, 2013, 2016)
Nas atividades das empresas do setor de indústrias extrativas e de transformação,
distribuídas em 24 setores selecionados, foi possível observar que, em 2011, das 280
inovações em produtos totalmente novos para empresa e para o mercado mundial
(totalmente novos), quase 50% se concentraram em apenas três tipos. São elas:
fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos; fabricação
de produtos químicos; e fabricação de máquinas e equipamentos (ver Gráfico 34).
Observa-se que, apenas neste último, ocorreram 28% das inovações, decorrentes, em
grande parte, de produtos no setor de máquinas e equipamentos para agropecuária.
148
Em 2014, apesar da redução do total de empresas que inovaram para o mercado
mundial para 253 empresas, o percentual referente a estes três tipos de indústria também
foi reduzido. Entretanto, a fabricação de máquinas e equipamentos continua a ser a que
possui maior percentual de inovações para o mercado mundial.
2011
2014
Gráfico 34: Percentual por atividades, do total de empresas das indústrias extrativas e de transformação que inovaram em produto para o mercado mundial, segundo a PINTEC Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2011 e 2014
(IBGE, 2013, 2016)
Na produção de serviços, em 2011, com 45 inovações em produtos totalmente
novos para empresa e para o mercado mundial, a maior concentração foi na produção
dos serviços de tecnologia da informação, com 73% (Gráfico 35). Entretanto, cabe
ressaltar que, dos 33 produtos inovadores neste setor, 29 foram referentes à produção de
softwares por encomenda (51%) e customizados (37%) e nenhuma inovação na
produção de softwares não customizáveis foi realizada. Outra observação importante é
que apenas 10% da produção de serviços inovadores foram referentes à Pesquisa e
Desenvolvimento.
149
Em 2014, com um total de 75 inovações para o mercado mundial e o maior
percentual ainda pertencente aos serviços de tecnologia da informação, com 71%,,
houve a redução dos serviços referentes à Pesquisa e Desenvolvimento (4%) e o
aumento do percentual referente aos serviços de arquitetura e engenharia, testes e
análises técnicas (19%).
2011
2014
Gráfico 35: Percentual por atividades, do total de empresas do setor de serviços que inovaram em produto para o mercado mundial, segundo a PINTEC
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2011 e 2014 (IBGE, 2013, 2016)
Quanto à concentração geográfica, em 2011, das 280 inovações já citadas,
observa-se, no Gráfico 36, que 93% delas são concentradas nas regiões Sul (34%) e
Sudeste (59%). Em São Paulo, foi observada a maior ocorrência da sua região, 75% do
Sudeste, correspondentes a 124 inovações, que constituem 44% do total de inovações
em produtos totalmente novos, ocorridas nas atividades da indústria nacional. Somente
este estado contribuiu para 54% das inovações ocorridas no setor de fabricação de
máquinas e equipamentos. A região Sudeste também teve o melhor desempenho nas
inovações em serviços totalmente novos, com 42% do total, contribuindo com 30% para
atividades dos serviços de tecnologia da informação (10 inovações).
Em 2014, ocorreu um aumento no percentual de inovações para o mercado
mundial nas regiões Sudeste e Norte e uma redução nas demais regiões. O aumento do
150
percentual correspondente à região Sudeste aumentou muito mais pela redução do
percentual da região Sul, pois, em valores absolutos, o quantitativo de inovações para o
mercado mundial na região Sudeste sofreu uma pequena redução (de 165 para 160).
Destacam-se, também, em 2011, as inovações na fabricação de máquinas e
equipamentos no Sul, com 42% do total neste setor, e os 87% do total de inovações na
fabricação de produtos químicos na região Sudeste.
2011
2014
Gráfico 36: Percentual por região brasileira, do total de empresas das indústrias extrativas e de transformação que inovaram em produto para o mercado mundial, segundo a PINTEC Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2011 e 2014
(IBGE, 2013, 2016)
Entre as 100 inovações em processos, para o mercado mundial, nas empresas das
indústrias extrativas e de transformação, 73% ocorreram na região Sudeste e 18% na
região Sul, totalizando 91% nestas duas regiões (Gráfico 37). Apesar de alterado apenas
de 73% para 74% a sua participação nas inovações em processo para o mercado
mundial, de 2011 para 2014, em valores absolutos a Região Sudeste aumentou de 73
para 172 inovações, em um total de 232 inovações de processo para o mercado mundial.
151
2011
2014
Gráfico 37: Percentual por região brasileira, do total de empresas das indústrias extrativas e de transformação que inovaram em processo para o mercado mundial, segundo a PINTEC Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2011 e 2014
(IBGE, 2013, 2016)
Nos Gráficos 38 e 39, é possível observar os percentuais de empresas que
inovaram em processos para o mercado mundial, por atividades, nos setores das
indústrias extrativas e de transformação e no setor de serviços.
Nas 100 empresas que inovaram em processos, no primeiro setor mencionado
(Gráfico 38), 50% se concentram em quatro atividades: fabricação de produtos têxteis
(22%); fabricação de produtos químicos (12%); fabricação de coque, de produtos
derivados do petróleo e de biocombustíveis (8%); e fabricação de artigos de borracha e
plástico (8%).
Em 2014, houve uma modificação substancial na participação percentual de cada
tipo de indústria no total de 232 inovações em processo para o mercado mundial. A
fabricação de produtos alimentícios passou de 2% para 44% do total, dando um salto de
duas para 103 inovações, em valores absolutos. Todas as inovações ocorreram em São
Paulo, na região Sudeste.
152
2011
2014
Gráfico 38: Percentual por atividades, do total de empresas das indústrias extrativas e de transformação que inovaram em processo para o mercado mundial, segundo a PINTEC Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2011 e 2014
(IBGE, 2013, 2016)
Entre as 13 inovações de processos ocorridas no setor de serviços (Gráfico 39),
para o mercado mundial, mais de 50% foram na atividade de pesquisa e
desenvolvimento (52%) e 32% ocorreram nos serviços de arquitetura e engenharia,
testes e análises técnicas, totalizando mais de 80% das inovações somente nestas duas
atividades.
Em 2014, com um total de 23 inovações em processo para o mercado mundial,
houve uma modificação substancial nos percentuais correspondentes a estas inovações,
da mesma forma que ocorreu no setor industrial. O serviço de pesquisa e
desenvolvimento reduziu de 52% para 9% a sua participação e as atividades dos
serviços de tecnologia da informação foram ampliadas de 8% para 52%.
153
2011
2014
Gráfico 39: Percentual por atividades, do total de empresas do setor de serviços que inovaram em processo para o mercado mundial, segundo a PINTEC
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PINTEC, publicações 2011 e 2014 (IBGE, 2013, 2016)
154
APÊNDICE C – A INOVAÇÃO PARA O MERCADO NACIONAL NO BRASIL -
CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS (ESTATÍSTICAS
OFICIAIS)
A observação das características da inovação no Brasil, bem como dos aspectos
que estão associados ao seu processo nas empresas brasileiras que inovam para o
mercado nacional, é de grande importância para identificar a possível existência de um
comportamento específico. Dessa forma, pode-se contribuir para o delineamento do
perfil da inovação no país (KANNEBLEY; PORTO; PAZELLO, 2004) e,
consequentemente, para a obtenção de conhecimentos importantes para o
desenvolvimento desta tese. Os dados referentes a essas empresas, apresentados nos
gráficos a seguir, foram extraídos de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE.
No que tange às atividades da indústria de transformação abordadas pela
PINTEC, é possível observar, no Gráfico 40, que a “Fabricação de Máquinas e
Equipamentos” é a que mais tem inovado em produto para o mercado nacional. Esta
atividade, segundo o IBGE (2017), abrange a fabricação de máquinas e equipamentos
para as atividades industriais, agrícolas, extração mineral e construção, transporte e
elevação de cargas e pessoas, para ventilação, refrigeração, instalações térmicas ou
outras atividades semelhantes.
A “Fabricação de produtos químicos” e a “Fabricação de produtos alimentícios”
revezam-se no segundo lugar em inovação de produto para o mercado nacional, ao
longo do período coberto pelas publicações da PINTEC, mas esta última atividade
reduziu o seu percentual de inovação para o mercado nacional, de tal forma, que passou
a ocupar o sexto lugar em 2014.
Cabe ressaltar que, a partir de 2008, com a nova Classificação Nacional de
Atividades Econômicas (CNAE 2.0), algumas modificações foram feitas na composição
das atividades nos setores econômicos. A Edição, constituinte da atividade “Edição,
impressão e reprodução de gravações”, deixou de integrar o conjunto de atividades das
indústrias de transformação, passando a ser integrante do setor de serviços. A atividade
Reciclagem foi excluída e, no seu lugar, foi incluída a atividade “Manutenção,
reparação e instalação de máquinas e equipamentos”. Houve também reagrupamento de
algumas atividades.
155
Gráfico 40: Percentual de empresas da indústria de transformação que inovaram em produto
para o mercado nacional, em cada atividade, por publicação (1) A Edição deixou de fazer parte desta atividade a partir de 2008.
Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE.
Diante dessas mudanças, os dados referentes às indústrias de transformação, nas
publicações de 2000, 2003 e 2005, foram reorganizados para permitir a comparabilidade
com os dados das demais publicações no Gráfico 40. No setor de serviços (Gráfico 41),
156
cujas mudanças foram mais predominantes, optou-se por manter as atividades
abordadas em cada edição da PINTEC.
Gráfico 41: Percentual de empresas do setor de serviços que inovaram em produto para o mercado nacional, em cada atividade, por publicação
Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE
No setor de serviços, a abrangência da PINTEC restringe-se a serviços
selecionados, considerados de intensivo conhecimento. Neste universo, destacam-se as
“Atividades dos serviços de tecnologia da informação” que integram atividades de
desenvolvimento de software sob encomenda; desenvolvimento de software
customizável; desenvolvimento de software não customizável; além de outros serviços
relacionados à tecnologia da informação. Essas atividades foram as únicas que
aumentaram o seu percentual de inovações para o mercado nacional no período
referente à última publicação da PINTEC (2012 a 2014), conforme pode ser observado
no Gráfico 41.
As atividades inovativas desenvolvidas pelas empresas fazem parte do esforço
realizado por elas em prol da inovação. Entre as que são investigadas pela PINTEC
estão as atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) interno e externo e a
aquisição de conhecimento, máquinas, softwares, entre outras.
Nos gráficos apresentados a seguir, Gráficos 42, 43 e 44, é possível observar,
para cada setor, os percentuais ‒ total e por atividade da receita líquida ‒ de vendas
utilizados pelas empresas brasileiras que inovaram para o mercado nacional, em
157
dispêndios com atividades inovativas. Nos mesmos gráficos, também são apresentadas
as distribuições dos dispêndios realizados pelas demais empresas inovadoras, tendo em
vista a comparação e a verificação de possíveis diferenças de comportamentos em
empresas com graus de novidade distintos.
No Gráfico 42, é possível observar que, em 2000, menos de 6% da receita
líquida de vendas das indústrias extrativas e de transformação foram utilizados em
dispêndios nas atividades inovativas pelas empresas que inovaram para o mercado
nacional. Esta situação piorou nos períodos seguintes e não foi em razão da diminuição
de receitas, pois estas aumentaram a cada ano e, com, exceção de 2003 para 2005, em
proporção bem maior do que o aumento dos dispêndios destinados às atividades
inovativas. Nas demais empresas inovadoras, os investimentos nestas atividades ainda
são menores, não ultrapassando 2,5% da receita em todo o período.
Todas as empresas inovadoras que são indústrias extrativas e de transformação,
de diferentes graus de novidade, apresentaram concentração de dispêndios na aquisição
de máquinas e equipamentos. Entretanto, as empresas inovadoras para o mercado
nacional também investem em atividades internas de P&D e em outras atividades, como
a aquisição de P&D externo e introdução das inovações tecnológicas no mercado que,
em alguns períodos, chegam a ser inexistentes nas demais empresas inovadoras.
Nas indústrias extrativas e de transformação investigadas pelas PINTEC, os
investimentos em atividades inovativas, em relação às receitas líquidas de vendas,
reduziram de 2,4% em 2001 para 2,1% em 2004. Essa diminuição foi amenizada pela
elevação do percentual investido pelas indústrias que inovaram para o mercado
nacional, que passou de 2,5% em 2001 para 2,6% em 2004. Esse aumento é muito
pequeno, mas serviu para, no cômputo geral, compensar parte da redução de 2,2% em
2001 para 1,6% em 2004, ocorrida nas demais empresas industriais inovadoras.
As empresas inovadoras para o mercado nacional do setor de serviços (Gráfico
43) apresentaram percentuais de dispêndios totais em atividades inovativas, em média,
duas vezes maiores do que os realizados pelas demais empresas inovadoras. Outros
resultados que se destacam para estas empresas é o aumento nos dispêndios em
aquisição de máquinas e equipamentos no período de 2012 a 2014 e o investimento em
aquisição de software. Este último, que é praticamente inexistente nas empresas
industriais, é justificado pela sua relação com os tipos de serviços selecionados para
compor a PINTEC.
158
(a) Empresas inovadoras para o mercado nacional (b) As demais empresas inovadoras
Gráfico 42: Percentual de dispêndios realizados pelas empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e pelas demais empresas inovadoras (b), total e por atividade inovativa, em relação
a receita líquida de vendas das empresas das indústrias extrativas e de transformação Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE
(a) Empresas inovadoras para o mercado nacional (b) As demais empresas inovadoras
Gráfico 43: Percentual de dispêndios realizados pelas empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e pelas demais empresas inovadoras (b), total e por atividade inovativa, em relação
à receita líquida de vendas das empresas do setor de serviços Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE
159
No setor eletricidade e gás (Gráfico 44) os dispêndios em atividades inovativas
apresentam percentuais muito baixos e mais incidentes nas atividades internas e
externas de P&D, tendo esta última, em 2011, um percentual menor de investimento nas
empresas que inovaram para o mercado nacional. Tais empresas, assim como nas
indústrias, contribuíram para atenuar o investimento das demais inovadoras, que foi
reduzido de 1,5% em 2001 para 0,2% em 2004.
(a) Empresas inovadoras para o mercado nacional (b) As demais empresas inovadoras
Gráfico 44: Percentual de dispêndios realizados pelas empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e pelas demais empresas inovadoras (b), total e por atividade inovativa, em relação
à receita líquida de vendas das empresas do setor de eletricidade e gás. Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE.
Os dispêndios em atividades inovativas são utilizados no cálculo de dois
indicadores utilizados pela União Europeia para avaliar comparativamente o
desempenho, no âmbito da inovação, dos países que a compõem. Um desses indicadores
é obtido a partir da relação entre o total de dispêndios empresariais em P&D interno e
externo com o Produto Interno Bruto (PIB). O outro relaciona o total de gastos pelas
empresas em atividades inovativas, sem os gastos em P&D interno e externo, com o
total da receita líquida de vendas (EUROPEAN COMMISSION, 2016, p. 91).
Os índices obtidos, neste primeiro indicador, por países da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) e da União Europeia (15 países), e
160
também por países selecionados segundo a posição obtida em rankings internacionais
de inovação, estão sendo utilizados no Gráfico 45 como referenciais para avaliação da
evolução dos dispêndios em P&D em relação ao PIB nas empresas brasileiras.
(a) Índices de referência (b) Índices obtidos pelas empresas brasileiras
Gráfico 45: Evolução do total de dispêndios empresariais em P&D, em relação ao PIB, realizados por referenciais selecionados (a) e pelas empresas brasileiras (b).
(1) Disponíveis apenas os dados referentes a 2000 e 2008. (2) Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Grécia,
Hungria, Irlanda, Itália e República Checa. Fonte: Elaboração própria com base em dados da OECD.Stat. (OECD, 2016) e de tabulações
especiais da PINTEC, fornecidas pelo IBGE.
Apesar de os índices obtidos pelas empresas brasileiras ainda estarem muito
abaixo daqueles utilizados como referência, é possível perceber que o total de
dispêndios em P&D em relação ao PIB nas empresas brasileiras evoluiu conforme a
maioria dos referenciais adotados. Com exceção da China e da União Europeia, que
apresentaram crescimento após 2005, o Brasil e as demais referências tiveram declínio
entre 2008 e 2011, período que coincide com a crise econômica enfrentada
mundialmente. Após 2011, com exceção da Suécia, todos retomaram a trajetória de
crescimento destes investimentos em relação ao PIB.
O aumento de 0,2% nos dispêndios em P&D das organizações brasileiras em
relação ao PIB, em 2005, deve-se, exclusivamente, aos valores investidos por empresas
que inovaram para o mercado nacional do setor de serviços, que passou a fazer parte do
universo de investigação da PINTEC, no referido ano. No entanto, no período entre
2008 e 2011, estes investimentos diminuíram, causando redução no total investido, que
foi compensado, em parte, pelas empresas do setor de Eletricidade e Gás, que passaram
a fazer parte da PINTEC neste período e, mesmo com poucas inovações para o mercado
nacional, contribuíram para amenizar este declínio.
161
No Gráfico 46, é apresentada a evolução dos investimentos em atividades
inovativas, sem o que foi investido em P&D interno e externo, em relação à receita
líquida total das vendas das empresas brasileiras pesquisadas pela PINTEC. É possível
perceber que estes investimentos vêm diminuindo ao longo do tempo, com uma breve
interrupção deste declínio em 2005, quando o setor de serviços foi incorporado ao
universo de investigação da PINTEC.
A partir de 2005, as empresas que inovaram para o mercado nacional passaram a
investir cada vez menos nas atividades inovativas, caindo a patamares inferiores aos que
existiam antes da entrada do setor de serviços. Estas empresas apresentaram uma
pequena recuperação em 2014, mas não o suficiente para recuperar o índice referente ao
total de empresas pesquisadas, em razão das demais empresas inovadoras ainda estarem
em queda.
Gráfico 46: Evolução do total de dispêndios empresariais em atividades inovativas, exceto P&D interno e externo, em relação à Receita líquida de vendas, realizados pelas empresas brasileiras
investigadas pela PINTEC Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais da PINTEC, fornecidas
pelo IBGE
Nos dispêndios realizados nas demais atividades inovativas, em relação à receita
líquida de vendas (Gráfico 46), o Brasil apresenta resultados bem acima dos valores
médios alcançados pelas empresas dos 28 países que compõem a União Europeia, que
foram de 0,60%, 0,70% e 0,57%, nos anos 2008, 2011 e 2014, respectivamente
162
(EUROPEAN COMMISSION, 2016). Ao contrário dos investimentos em P&D em
relação ao PIB, vistos no Gráfico 45, onde as empresas brasileiras se posicionaram bem
abaixo dos referenciais utilizados.
Além dos investimentos feitos pelas próprias empresas, existem programas de
apoio do governo às atividades inovativas que abrangem incentivos fiscais, subvenções,
financiamentos, programas públicos voltados para o desenvolvimento tecnológico e
científico, entre outros.
No Gráfico 47, é possível observar que o apoio do governo às empresas, em prol
da inovação, foi crescente ao longo do período pesquisado pela PINTEC e
predominante para aquelas que não inovaram para o mercado nacional, exceto para as
do Setor de Eletricidade e Gás, em 2014, que registraram o apoio de 22,6% às empresas
inovadoras para o mercado nacional, contra 14,4% destinados às demais inovadoras.
Gráfico 47: Percentual de empresas que receberam apoio do governo, estratificados por grau de novidade, por setor econômico.
Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais da PINTEC, fornecidas pelo IBGE.
163
Os aspectos relacionados à execução das atividades de P&D interno, mesmo
sendo estas pouco utilizadas pelas empresas brasileiras investigadas pela PINTEC,
podem revelar características do comportamento das empresas brasileiras que inovaram
para o mercado nacional em relação a estas atividades.
No Gráfico 48, é possível observar que as empresas brasileiras que inovam para
o mercado nacional realizam atividades contínuas de P&D interno em maior proporção
do que as demais empresas inovadoras. Apesar da redução destas atividades ao longo do
tempo, em 2014, estas empresas aumentaram em mais de 60% a execução ocasional
destas atividades em relação ao que era realizado em 2011.
(a) Empresas inovadoras para o mercado nacional (b) As demais empresas inovadoras
Gráfico 48: Percentual de empresas inovadoras para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), com atividades de P&D interno, contínuas e ocasionais, por setor econômico. Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE.
Quanto às pessoas ocupadas nas atividades internas de P&D, observa-se, no
Gráfico 49, que o percentual das que possuem pós-graduação nas empresas que inovam
para o mercado nacional é maior do que nas demais empresas inovadoras. Tal fato
levaria a associar maior nível de formação com maior grau de inovação. No entanto, a
proporção de pessoas com nível médio ou fundamental em relação às pessoas com
graduação, no setor de serviços, na maioria dos períodos investigados pela PINTEC, é
maior nas empresas inovadoras para o mercado.
O percentual de pessoas ocupadas nas atividades internas de P&D, com
dedicação exclusiva, é maior nas empresas que inovam para o mercado nacional, com
destaques para o setor de serviços, que chegou a ter 90,5% das pessoas que realizavam
164
P&D interno com dedicação exclusiva, em 2008. Já o setor de Eletricidade e Gás
apresenta um comportamento totalmente inverso, com mais de 80% das pessoas em
dedicação parcial, tanto nas empresas inovadoras para o mercado nacional, como nas
demais inovadoras. Cabe ressaltar que, a partir de 2011, os percentuais relativos às
pessoas com dedicação exclusiva vêm caindo, enquanto aumentam os percentuais
relativos à dedicação parcial, conforme pode ser visto no Gráfico 50.
(a) Empresas inovadoras para o mercado nacional (b) As demais empresas inovadoras
Gráfico 49: Percentual de pessoas ocupadas nas atividades de P&D interno nas empresas inovadoras para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), por nível de
qualificação e por setor econômico. Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE.
(a) Empresas inovadoras para o mercado nacional (b) As demais empresas inovadoras
Gráfico 50: Percentual de pessoas ocupadas nas atividades de P&D interno nas empresas inovadoras para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), por nível de
dedicação e por setor econômico Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE
165
Além das atividades inovativas, as fontes de informações utilizadas e as
cooperações realizadas pelas empresas são elementos impulsionadores da inovação, que
podem caracterizar o perfil das empresas inovadoras. Em função disto, nos Gráficos 51
a 56, foram reunidos os dados referentes ao comportamento das empresas inovadoras
para o mercado nacional, em relação a estes aspectos, em cada um dos setores
abordados pela PINTEC.
Em torno de 70% das empresas inovadoras para o mercado nacional (Gráfico
51) vêm, ao longo do tempo, utilizando as “Outras áreas da empresa” como fontes de
informação, enquanto as demais empresas inovadoras têm optado por utilizar os
“Fornecedores”. O “Departamento de P&D”, apesar de não ser uma das fontes mais
requisitadas, é utilizado por uma média de 34,6% das empresas com maior grau de
inovatividade, enquanto apenas 6,8%, em média, das demais empresas inovadoras o
utilizam.
(a) Empresas inovadoras para o mercado nacional (b) As demais empresas inovadoras
Gráfico 51: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), que utilizam fontes de informação, consideradas como de alta e média
importâncias, nas indústrias extrativas e de transformação Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE
166
A partir de 2005, os “Clientes” passaram a ser utilizados como fonte de
informação por um percentual maior de empresas industriais que inovaram para o
mercado nacional.
A utilização da “Rede de informações informatizadas” vem, ao longo do tempo,
aumentando a sua utilização como fonte de informação, chegando a ser a mais utilizada,
em 2014, por todas as empresas inovadoras das indústrias extrativas e de transformação.
Entre as fontes de informação mais empregadas pelas empresas inovadoras do
setor de serviços, destacam-se os “Clientes” e a “Rede de informações informatizadas”,
que são utilizados por mais de 80% das empresas inovadoras para o mercado nacional
(Gráfico 52). O percentual de utilização destas fontes também vem aumentando, ao
longo do tempo, nas demais empresas inovadoras. Tal comportamento pode ser
associado aos serviços que fazem parte do universo de investigação da PINTEC, que,
em grande parte, são compostos por serviços customizados.
(a) Empresas inovadoras para o mercado nacional (b) As demais empresas inovadoras
Gráfico 52: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), que utilizam fontes de informação, consideradas como de alta e média
importâncias, no setor de serviços Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE.
167
No setor de Eletricidade e Gás (Gráfico 53), observa-se o alto percentual de
empresas que inovaram para o mercado nacional que se utilizam das fontes de
informação investigadas pela PINTEC. Entre elas, destacam-se a fonte “Universidades
ou outros centros de ensino superior”, com quase 100% de utilização em 2014, e
“Institutos de pesquisa ou centros tecnológicos” com percentual bem próximo. Nas
demais empresas inovadoras deste setor, os maiores percentuais são das fontes
“Fornecedores” e “Outras áreas da empresa”.
(a) Empresas inovadoras para o mercado nacional (b) As demais empresas inovadoras
Gráfico 53: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), que utilizam fontes de informação, consideradas como de alta e média
importâncias, no setor de eletricidade e gás Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE
No Gráfico 54, é possível observar que o percentual de participação das
empresas que inovaram para o mercado nacional não chega a 10% em quase todas as
relações de cooperação existentes. As cooperações com “Clientes ou consumidores” e
“Fornecedores” são as mais incidentes, mas são realizadas por menos de 25% das
empresas com maior grau de inovatividade. A situação é ainda pior nas demais
empresas inovadoras, cujas relações de cooperação são praticamente inexistentes.
168
No setor de serviços (Gráfico 55), o percentual de empresas inovadoras para o
mercado nacional, com relações de cooperação, vem diminuindo ao longo do tempo
enquanto nas demais empresas inovadoras, vem ocorrendo o contrário. A partir de 2011,
as empresas com maior grau de inovatividade apresentaram percentuais de participação
em relações de cooperação inferiores aos alcançados pelas demais empresas inovadoras,
na maior parte das cooperações investigadas pela PINTEC.
(a) Empresas inovadoras para o mercado nacional (b) As demais empresas inovadoras
Gráfico 54: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), com relação de cooperação, considerada como de alta e média
importâncias, nas indústrias extrativas e de transformação Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE
(a) Empresas inovadoras para o mercado nacional (b) As demais empresas inovadoras
Gráfico 55: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), com relação de cooperação, considerada como de alta e média
importâncias, no setor de serviços Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE
169
O percentual de empresas inovadoras para o mercado nacional que possuem
relação de cooperação, no setor de Eletricidade e Gás (Gráfico 56), é bem maior do que
o alcançado pelas demais empresas inovadoras deste setor. As empresas com maior grau
de inovatividade chegam a alcançar um percentual de 95% de empresas com relação de
cooperação com “Universidades e institutos de pesquisa”.
(a) Empresas inovadoras para o mercado nacional (b) As demais empresas inovadoras
Gráfico 56: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), com relação de cooperação, considerada como de alta e média
importâncias, no setor de eletricidade e gás Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE
É fundamental a identificação dos obstáculos que podem fazer com que a
inovação não aconteça ou que tragam dificuldades para o seu desenvolvimento. O
reconhecimento desses entraves é extremamente importante para o delineamento do
perfil das empresas brasileiras que inovaram para o mercado nacional, da mesma forma
que são o conhecimento das atividades inovativas desenvolvidas, as fontes de
informações utilizadas e as relações de cooperação realizadas.
No Gráfico 57, é possível realizar uma comparação do percentual de empresas
que enfrentaram obstáculos, entre as que inovaram com diferentes graus de
inovatividade, em cada setor e em cada período de investigação da PINTEC.
Por meio do Gráfico 57, é possível observar que as empresas que inovaram para
o mercado nacional vêm enfrentando mais obstáculos dos que as demais empresas
inovadoras, com exceção das que integraram os setores de serviços e de eletricidade e
gás, no período de investigação da PINTEC 2011 (2009 a 2011). Também é visível o
aumento substancial do percentual de empresas que enfrentaram obstáculos, em todos
170
os setores, no período de investigação da PINTEC 2014 (2012 a 2014).
Gráfico 57: Percentual de empresas que enfrentaram obstáculos, entre as que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), por publicação da PINTEC e por setor
econômico Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE
Visando conhecer melhor estes obstáculos, nos Gráficos 58, 59 e 60 são
apresentados, respectivamente, para os setores das indústrias extrativas e de
transformação, de serviços e de eletricidade e gás, os percentuais correspondentes às
empresas inovadoras, estratificadas por grau de inovatividade, que enfrentaram cada um
dos obstáculos investigados pela PINTEC em todas as suas publicações.
Os percentuais correspondentes às empresas industriais (Gráfico 58) e de
serviços (Gráfico 59) com obstáculos à inovação vêm se mantendo elevados ao longo
do tempo, tanto para as empesas que inovaram para o mercado nacional como para as
demais empresas inovadoras. O obstáculo “Centralização da atividade inovativa em
outra empresa do grupo” é uma exceção a esse comportamento, pois apresenta baixo
171
percentual de empresas nestes dois setores. No entanto, no setor de eletricidade e gás
(Gráfico 60), este obstáculo apresentou um aumento considerável no seu percentual, no
período de 2012 a 2014.
(a) Empresas inovadoras para o mercado nacional (b) As demais empresas inovadoras
Gráfico 58: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), por tipos de obstáculos enfrentados, considerados como de alta e
média importâncias, nas indústrias extrativas e de transformação Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE
Os obstáculos “Riscos econômicos excessivos” e “Elevados custos da inovação”
são os mais incidentes nas empresas inovadoras do setor industrial, independente do
grau de inovatividade existente. Já no setor de serviços, além destes dois obstáculos,
também ocorre grande incidência do obstáculo “Escassez de fontes apropriadas de
financiamento” nas empresas inovadoras para o mercado nacional.
172
(a) Empresas inovadoras para o mercado nacional (b) As demais empresas inovadoras
Gráfico 59: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), por tipos de obstáculos enfrentados, considerados como de alta e
média importâncias, no setor de serviços Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE
No setor industrial, o percentual de empresas inovadoras que enfrentam o
obstáculo “Falta de pessoal qualificado” aumentou, consideravelmente, no período de
2009 a 2011. Apesar da redução que ocorreu no período seguinte, ele ainda se mantém
acima dos percentuais observados nos períodos anteriores a 2008. No setor de serviços,
o percentual de empresas inovadoras para o mercado nacional, que se confrontam com
este obstáculo, vem aumentando a cada edição da PINTEC. No setor de Eletricidade e
Gás, este obstáculo é o mais incidente nas empresas com maior grau de inovatividade,
apesar da redução ocorrida no período de 2012 a 2014 (Gráfico 60).
A “Fraca resposta dos consumidores quanto a novos produtos” é outro obstáculo
que também se destaca, não só pelo crescimento do percentual de empresas que o
173
enfrentam, mas também por ser o único que reflete a aceitação das inovações no
mercado.
(a) Empresas inovadoras para o mercado nacional (b) As demais empresas inovadoras
Gráfico 60: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), por tipos de obstáculos enfrentados, considerados como de alta e
média importâncias, no setor de eletricidade e gás Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE
Os resultados e impactos decorrentes da inovação em empresas que inovaram
para o mercado nacional, associados ao conhecimento dos aspectos relacionados ao
esforço realizado por estas empresas para inovar, e à identificação das características do
processo inovativo, podem reunir informações que contribuem para o delineamento do
perfil destas empresas.
No Gráfico 61, são apresentados os percentuais correspondentes à quantidade de
174
empresas com produtos novos, em cada faixa de contribuição destes produtos nas
vendas internas (até 10%, de 10% a 40%, ou mais de 40%), em relação ao total de
empresas que inovaram em produto em cada período, dentro de um mesmo setor. Com
este gráfico, é possível observar com qual proporção os produtos novos, das empresas
inovadoras para o mercado nacional e das demais empresas inovadoras, colaboraram
com as vendas destas empresas ao longo do tempo.
(a) Empresas inovadoras para o mercado nacional (b) As demais empresas inovadoras
Gráfico 61: Percentual de empresas com inovação de produto, que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), distribuídas por faixa de contribuição destes
produtos no total das vendas internas, por publicação da PINTEC e por setor econômico Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE
No setor industrial, as empresas inovadoras para o mercado nacional
apresentaram, ao longo do tempo, predominância em produtos novos que contribuíram
com 10% a 40% das vendas internas. No setor de serviços, não ficou caracterizada uma
tendência para as empresas com maior grau de inovatividade, tendo em vista que não
houve predominância em nenhuma faixa de contribuição. O mesmo ocorre com o setor
de Eletricidade e Gás, mas, nas empresas denominadas como “demais inovadoras” deste
setor, 85,6% dos produtos novos contribuíram com mais de 40% nas vendas de 2014.
Nos Gráficos 62, 63 e 64 são apresentados os impactos causados pelas inovações
no desempenho das empresas inovadoras para o mercado nacional e demais inovadoras
nos setores industriais, de serviços e de Eletricidade e Gás, respectivamente.
No setor industrial (Gráfico 62) e no setor de serviços (Gráfico 63), os impactos
175
decorrentes das inovações considerados mais relevantes pelas empresas que inovaram
para o mercado nacional foram: “Melhoria da qualidade dos produtos”, “Ampliação da
gama de produtos ofertados”, “Manutenção da participação da empresa no mercado” e
“Ampliação da participação da empresa no mercado”.
Já para as empresas com maior grau de inovatividade do setor Eletricidade e Gás
(Gráfico 64), os impactos mais relevantes estão relacionados com a qualidade,
produtividade e eficiência na produção. São eles: “Melhoria da qualidade dos produtos”,
“Aumento da capacidade produtiva”, “Redução dos custos do trabalho” e “Redução dos
custos de produção”.
(a) Empresas inovadoras para o mercado nacional (b) As demais empresas inovadoras
Gráfico 62: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), por impacto causado, considerados como de alta e média
importâncias, nas indústrias extrativas e de transformação Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE
A diferença entre os efeitos da inovação que são considerados mais relevantes
no setor de Eletricidade e Gás e os que são vistos com maior relevância pelos demais
176
setores é decorrente dos diferentes tipos de inovações que se mostraram mais incidentes
nos levantamentos feitos pela PINTEC. No setor de Eletricidade e Gás, foi observada
que a maior incidência de inovações para o mercado nacional é em processo. Já nos
setores industrial e de serviços, as inovações de produto são as que ocorrem em maior
quantidade, entre as inovações com maior grau de inovatividade.
Nos três setores pesquisados pela PINTEC, é possível observar que os impactos
“Ampliação da gama de produtos ofertados”, “Ampliação da participação da empresa
no mercado” e “Abertura de novos mercados”, que são relacionados à melhoria do
posicionamento das empresas no mercado e à busca por novos mercados, são
considerados mais relevantes pelas empresas que inovaram para o mercado nacional do
que para as demais empresas inovadoras.
(a) Empresas inovadoras para o mercado nacional (b) As demais empresas inovadoras
Gráfico 63: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), por impacto causado, considerados como de alta e média
importâncias, no setor de serviços Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE
177
(a) Empresas inovadoras para o mercado nacional (b) As demais empresas inovadoras
Gráfico 64: Percentual de empresas que inovaram para o mercado nacional (a) e demais empresas inovadoras (b), por impacto causado, considerados como de alta e média
importâncias, no setor de eletricidade e gás Fonte: Elaboração própria com base em dados de tabulações especiais fornecidas pelo IBGE
Neste apêndice, os gráficos permitiram a observação dos aspectos que pudessem
diferenciar as empresas que inovaram para o mercado nacional das demais empresas
inovadoras, que, segundo o Manual de Oslo (OECD; EUROSTAT, 2005), são aquelas
que inovaram porque passaram a fazer algo que antes não era feito por elas próprias.
As atividades que apresentaram melhor desempenho em inovação para o
mercado nacional foram: a “Fabricação de Máquinas e Equipamentos”, na indústria, e
as “Atividades dos serviços de tecnologia da informação”, em serviços.
A aquisição de máquinas e equipamentos é a atividade inovativa que apresenta o
maior percentual de dispêndios, na indústria ou no setor de serviços, em relação à
receita líquida de vendas das empresas pesquisadas pela PINTEC, independente do grau
de novidade que a empresa possui. No entanto, aquelas que inovaram para o mercado
nacional apresentaram maiores dispêndios em atividades internas de P&D do que as
demais empresas inovadoras.
178
Estes dispêndios vêm crescendo ao longo do tempo, em relação ao PIB, apesar
de serem bem inferiores aos que são realizados por nações que se destacam em rankings
internacionais de inovação e competitividade. Em sentido inverso estão os dispêndios
em outras atividades inovativas, que vêm decrescendo durante o mesmo período.
Os dados ainda revelam a valorização das atividades em P&D por parte das
empresas que inovaram para o mercado nacional, com o uso de mais atividades
contínuas do que ocasionais, com o emprego de pessoal com maior formação acadêmica
e com dedicação exclusiva.
Todos estes investimentos não conseguem melhorar as taxas de inovação para o
mercado nacional das empresas brasileiras, pois, conforme destacado por Biloslavo
(2005), as despesas realizadas em P&D não são suficientes para garantir o
desenvolvimento da inovação. O referido autor afirma que existem fatores mais
importantes, tais como: pessoas, processos de gestão de conhecimento, informação,
cultura, estrutura organizacional, tecnologia de comunicação, entre outros. Tais fatores
foram abordados nesta tese, na seção referente aos aspectos que interferem na
capacidade inovativa das organizações (2.5, p. 46).
Segundo os dados levantados pela PINTEC, as empresas brasileiras inovadoras
utilizam-se de diversas fontes de informação, sendo a “Rede de informações
informatizadas” a mais utilizada, independente do grau de novidade da organização. As
empresas que inovaram para o mercado nacional ‒ na indústria, em serviços ou no setor
de eletricidade e gás ‒, se diferenciam pela maior utilização de fontes de informações
provenientes de universidades e centros de pesquisa.
As relações de cooperação são mais utilizadas pelas empresas inovadoras para o
mercado nacional do que pelas demais inovadoras. Entre elas, destacam-se as realizadas
com clientes e fornecedores, na indústria e no setor de serviços, e com universidades e
institutos de pesquisa no setor de eletricidade e gás.
Nos dados levantados, é possível observar que a quantidade de empresas
brasileiras que enfrentaram obstáculos foi maior nas que inovaram para o mercado
nacional do que nas demais empresas inovadoras. Mas estas, apesar de estarem em
menor quantidade, tiveram que enfrentar um número maior de obstáculos.
Além dos “Riscos econômicos excessivos” e dos “Elevados custos da inovação”,
que são obstáculos que têm apresentado alta incidência durante todo o período de
publicação da PINTEC, observa-se o crescimento, ao longo do tempo, de dificuldades
relacionadas ao ambiente interno, como “Rigidez organizacional” e “Falta de pessoal
179
qualificado”, que estão diretamente associadas à falta de cultura inovadora nas
organizações.
Entre os impactos decorrentes da inovação que tiveram maior incidência nas
empresas que inovaram para o mercado nacional, destacam-se a “Ampliação da gama
de produtos ofertados”, a “Ampliação da participação da empresa no mercado” e a
“Abertura de novos mercados”. Além disto, a contribuição dos produtos novos nestas
empresas é, em sua maioria, de 10% a 40% das suas vendas.
Estes resultados associam o aumento das taxas de inovação para o mercado
nacional à existência de estratégias de crescimento estabelecidas para a empresa e à
presença de uma cultura inovadora que permita que elas sejam disseminadas e
implementadas para o alcance dos objetivos.