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Plano de proteção territorial da terra indígena médio rio negro II
Plano de Proteção Territorial da
Terra Indígena
Médio Rio Negro II
AcirAssociação das Comunidades
Indígenas e Ribeirinhas
ISSN
198
4-37
39
© Equipe de Conservação da Amazônia (ACT Brasil) Edições 2009É permitida a reprodução de parte desta publicação, desde que citada a fonte.1ª Edição. Tiragem: 500 exemplaresFechamento desta edição: Janeiro de 2009Impressão: Gráfica Athalaya
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Conselho Editorial: Almir Narayamoga Suruí, Ana Carolina Kalume, Florence Dravet,Ivaneide Bandeira, Vasco van Roosmalen, Wesley Pacheco.
Coordenação Editorial: Ana Carolina KalumeTextos: Edwilson Pordeus Campos, Luiza Viana, Marcos Sebastião Ataide, Sandro do Carmo Benevides e Thiago Ávila. Edição de Textos: Ana Carolina Kalume e Masanori Ohashy [Idade da Pedra]Revisão e Normalização Técnica: Florence DravetApoio Editorial: Gustavo Aguiar, Renata Carvalho GiglioPlanejamento editorial, Projeto Gráfico e Capa: Masanori Ohashy [Idade da Pedra]Diagramação: João Gonçalves [Estagiário – Idade da Pedra]Fotos: Arquivo ACT Brasil EdiçõesMapas: Laboratório de Geoprocessamento da Equipe de Conservação da Amazônia
Associação das Comunidades Indígenas e Ribeirinhas (Acir)
Presidente: Vamberto Plácido Rodrigues Vice-Presidente: Agripino Lemos Alcântara 1º Secretário: Edenir Silva Brazão 2º Secretátio: Germano Sanches Baltazar
Equipe responsável pelo Projeto “Fortalecendo a Capacidade Indígena para a Conservação Ambiental”
Coordenação Geral: Wesley Pacheco Coordenador das atividades de campo: Edwilson Pordeus CamposEquipe Técnica: Luiza Viana, Marcos Sebastião Ataide, Sandro do Carmo Benevides, Sara Gaya (consultora) e Thiago Ávila.
Apoio ao Projeto “Fortalecendo a Capacidade Indígena para a Conservação Ambiental”, da ACT Brasil e a esta publicação:
Brazil Foundation, Richard & Goldman Fund, The Annenberg Foundation.
Nosso agradecimento especial a todos os autores desta publicação e a todos os membros da Acir, ACT Brasil e Brazil Foundation que, direta ou indiretamente, contribuiram para sua realização. Agradecemos também a Rodrigo Dias e Gilberto Vital, membros do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama/ Unidade de São Gabriel da Cachoeira), Abraão de Oliveira França e Renato Matos, membro da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo de Santa Isabel do Rio Negro (Semat), Manoel Góes (Fundação Nacional do Índio - Funai/ São Gabriel da Cachoeira).
Equipe de Conservação da Amazônia (ACT Brasil)
Presidente: Vasco van RoosmalenVice-Presidente: Almir Narayamoga SuruiCoordenação do Laboratório de Geoprocessamento: Wesley PachecoEquipe do Laboratório de Geoprocessamento: Edwilson Pordeus Campos, Jefferson Velloso Nogueira, Marcos Sebastião AtaideCoordenação de Comunicação Social: Ana Carolina Kalume Coordenação Jurídica: Luiza Viana Técnico Indígena de Campo: José Augusto
Para saber mais sobre a ACT Brasil e fazer o download desta publicação acesse: www.actbrasil.org.br
S.A.S Quadra 03 – Bloco C – Edifício Business PointSalas 301 a 306 Brasília-DF Cep: 70070-934Tel/Fax: 55 61 3323.7863Fax: 55 61 3323.7854e-mail: [email protected]
Ficha Catalográfica Ficha elaborada pela Bibliotecária Paloma Guimarães Corrêa CRB1/DF 1774.
Plano de proteção territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II : Santa Isabel do Rio Negro, Amazonas (AM) / Equipe de Conservação da Amazônia. Brasília : Equipe de Conservação da Amazônia Edições, 2009.
36 p. : il. ; 28 cm
ISSN 1984-3739
1. Meio ambiente. 2. Proteção ambiental. 3. Proteção territorial – Santa Isabel do Rio Negro, Amazonas (AM). I. Equipe de Con-servação da Amazônia.
CDU 574.2
Índice4 INTRODUÇÃO
6 DIAGNÓSTICO
7 Caracterização ambiental da área
8 Ocupação histórica da área
12 Demografia
14 Atividade econômica
16 Plano Estratégico
20 Instituições de apoio
23 Instrumentos jurídicos legais
25 Áreas de fiscalização
26 Riscos e ameaças
28 ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
28 Objetivo
28 Elementos de ação
29 Diretrizes gerais de ação
30 CONCLUSÃO
31 GLOSSÁRIO
32 MAPA DE RISCOS DA TERRA INDÍGENA MÉDIO RIO NEGRO II
34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
35 AGRADECIMENTOS
4 Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
IntroduçãoA Terra Indígena Médio Rio Negro II possui uma área de 316.532
km² e é habitada por nove grupos étnicos distintos – Arapasso, De-sana, Tukano, Baniwa, Baré, Tariano, Piratapuya, Nadeiby e Wereke-na – que moram nas seguintes comunidades: Arurá, Boa Esperança, Boa Vista, Cajuri, Cartucho, Castanheiro, Ilha do Chile, Livramento, Maçarabi, Taiaçu, Taperera, Uábada II, Vila Nova e Wacará.
Através do conhecimento tradicional secular de sua área, esses grupos desenvolveram, durante o projeto “Fortalecendo a Capacida-de Indígena para a Conservação Ambiental”, o mapeamento de risco da Terra Indígena Médio Rio Negro II. Essa etapa do projeto possibili-tou a confecção deste Plano de Proteção Territorial que estabelece e normatiza ações de controle e redução dos riscos em seu território.
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II 5
Área de abrangência: A Terra Indígena Médio Rio Negro II localiza-se entre os municípios de Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira, estado do Amazonas, abrangendo quatorze comunidades indígenas e inúmeros sítios ao longo de sua extensão territorial. A extensão deste plano de proteção territorial inicia-se na comunidade de Aruti e termina na comunidade de Areal.
Diagnóstico
6 Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
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Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II 7
A região do Baixo e Médio Rio Negro apresenta clima do tipo tropical úmido, com a temperatura média acima de 18° C. Situada no bioma amazônico, a vegetação da região é variada e com muita complexidade, apresentando-se em sub-regiões, denominadas de campinarana, floresta de ter-ra firme, igapós (floresta inundada), refúgios ecológicos e áreas de tensão ecológica, guardando cada uma delas suas características peculiares.
A campinarana ou caatinga do Rio Negro existe na maior parte das terras indígenas demarcadas na região e seus solos são extremamente ácidos, arenosos e lixiviados. Apesar de uma diversidade de espécies relativamente baixa, apresenta alto número de espécies endêmicas, cujo recurso genético se adapta a condições adversas extremas.
A região do Alto e Médio Rio Negro caracteriza-se por uma grande diversidade biológica, destacando-se os inúme-ros micro-ecossistemas, bem como por uma escassez gene-ralizada de nutrientes (oligotrofia), característica das bacias de rios com água preta.
Caracterização ambiental da área
Diagnóstico
8 Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
mento, ou seja, se deslocavam populações indí-genas inteiras para serem aldeadas em conjuntos localizados próximos a fortes sob a coordenação de religiosos. Dessa maneira, além de garantir maior controle sobre os indígenas, liberavam-se terras para serem ocupadas e controladas não mais pelos indígenas, mas sim pelos representan-tes da Coroa portuguesa. Os militares forneciam a força para a aquisição de mão-de-obra para a colônia, enquanto os missionários construíam as bases ideológicas da conquista. Aldeias missio-nárias e fortes militares eram os lados de uma mesma moeda.
As guerras justas, ou seja, aquelas guerras contra gentios que eram contrários à domina-ção pelos portugueses, foram outra instituição importante para o processo de controle territo-rial português sobre o Rio Negro e os povos in-dígenas que lá habitavam. Desde os primórdios da colonização na área, com suas expedições de busca e captura de escravos indígenas, até meados de 1750, o Rio Negro teve como pólo de difusão colonial pequenas povoações contro-ladas por missionários e com grande presença indígena.
Os aldeamentos eram um grande pólo de controle territorial, populacional e econômico já que forneciam mão-de-obra indígena tanto para os missionários como para os pequenos núcleos populacionais que iam se estabelecendo na re-gião. O aldeamento era coordenado pelos mis-sionários carmelitas que tinham nos “principais indígenas” (chefes de grupos nativos aliados dos portugueses) sua interface com o mundo interno
A história de ocupação e colonização do Rio Negro é uma das mais antigas no Brasil e na região Amazônica como um todo. Foi um dos primeiros rios a serem navegados inteiramente pelos portugueses, sendo que as primeiras ex-pedições coloniais portuguesas datam de 1550 a 1650. Seus objetivos eram, além de conhecer melhor a região, organizar a captura de escra-vos indígenas e localizar drogas do sertão para comercializar.
A colonização ganha mais força com a im-plementação de um forte na foz do Rio Negro em 1669, o que garante a segurança para o estabelecimento das primeiras ocupações terri-toriais permanentes nesse rio. O primeiro povo-ado foi Santo Elias do Jaú, fundado em 1694, sob responsabilidade de religiosos Carmelitas e formado pelo aldeamento de indígenas do povo Tarumã, na margem direita do Rio Negro (Leo-nardi, 1999, p. 25). A construção de uma infra-estrutura militar na foz do rio permitiu a entra-da de missionários e militares portugueses em uma região amplamente dominada por povos indígenas de língua Arawak como os Manaos e Tarumã.
Militares, missionários e comerciantes foram os segmentos populacionais que mais contribu-íram para as alterações na estrutura social da região, sobretudo após o século XVIII e para a consolidação dos interesses coloniais portugue-ses sob essa vasta região. Após as primeiras dé-cadas do século XVIII é que ocorrem as grandes transformações na região, com a construção de aldeamentos e a instalação da política de desci-
Ocupação histórica da área
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II 9
das populações indígenas que foram aldeadas e descidas. A comunidade aldeada inicialmen-te ocupava áreas estratégicas do ponto de vista da ocupação colonial como os Tarumã, Manaós, Baré, Baniwa e Tukano.
No Baixo Rio Negro, os povos indígenas mais arredios às incursões colonizadoras dos portu-gueses e que atacavam os aldeamentos e as re-giões dos descimentos eram os Mura, Manaós e os Waimiri Atroari. A década de 1720 foi o perí-odo de longas guerras contra os Manaós, sendo que em 1723 foi capturado o líder Ajuricaba e mais de 2 mil indígenas foram apreendidos. No lugar da aldeia dos Manaós foi criada uma aldeia de Mariuá que, trinta anos depois, foi elevada à categoria de vila, recebendo o nome de Barce-los. Ao longo da década de 1744, aproximada-mente 20 mil indígenas foram escravizados, des-cidos e batizados, passando a compor o cenário interétnico colonial instalado pelos portugueses. Mesmo com a derrota de Ajuricaba, alguns gru-pos Manaós ainda resistiam à colonização, habi-tando em regiões próximas de povoados como Barcelos e Santa Izabel do Rio Negro.
Um outro marco histórico da região é a ins-talação do Diretório dos Índios em 1757 e a conseqüente expulsão dos missionários. Foi um período extremamente violento para as popula-ções indígenas locais, em que houve uma milita-rização da região do Alto Rio Negro por causa da definição dos limites territoriais entre Portugal e Espanha. Um plano laico e não-religioso foi es-tabelecido para a colonização e o controle da re-gião e dos povos indígenas que tradicionalmente ocuparam essa área, sendo intensificada a cap-tura de escravos e sua inserção como mão-de-obra da região. Nesse período, muitos indígenas Baré foram migrando para o Alto Rio Negro e sul da Venezuela, enquanto outros povos passaram por um processo de “tukanização” ao entrarem em contato intenso com as populações Tukano do Alto Rio Negro.
Com o Diretório dos Índios, a presença mis-sionária não era mais tão bem vista pelos co-lonizadores portugueses e agentes da Coroa. A força da conversão indígena e da repressão religiosa provocou sentimentos de revoltas em diversos indígenas aldeados, tendo o exemplo clássico na Revolta de Lamalonga, realizada no mesmo ano em que o Diretório dos Índios foi implantado. Foi certamente um dos movimentos de resistência indígena armada mais intensos na região do Rio Negro.
Os povos indígenas reagiram de diferentes maneiras às incursões coloniais em suas terras, com estratégias diversas para manterem sua cultura e organização social. O ano de 1757 foi representativo dessas estratégias de insatisfação contra os poderes coloniais.
Em 1775, os principais povoados coloniais no Rio Negro eram o Forte da Barra, Carvoeiro, Moura, Barcelos, Tomar (antiga aldeia Bararoa), Poiares (antiga aldeia Cumarú), Moreira (antiga aldeia Cabuquena) e Lamalonga (antiga aldeia Dari). Desses povoados, Barcelos e Tomar eram os que tinham maior presença de brancos, ten-do inclusive forças para punir os indígenas revol-tados contra o regime colonial português que se instalara na região.
Principais grupos étnicos encon-trados nas localidades e povoa-dos no Rio Negro
Vilas Povos
Barcelos Manaós, Baré, Baiani, Bayani e Uariquena
Tomar Manaós, Baré, Yayuana e Passe
Poiares Manaós, Baré e Passe
Moreira Manaós e Baré
Lamalonga Manaós, Baré e Baniwa
Santa Izabel Uaupá
Diagnóstico
10 Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
vação econômica da exploração de borracha e de outras drogas do sertão provocou uma nova leva de migrantes para o Rio Negro, destacando-se as populações oriundas da região nordeste.
Nessa nova onda de exploração comercial da borracha, os principais locais não são mais as an-tigas aldeias indígenas (que viravam aldeamen-tos e, posteriormente, vilas), mas sim os sítios e colocações de seringais. É essa economia da exploração da borracha a responsável por mais uma onda de migração de povos indígenas da região do Alto Rio Negro (rios Içana e Uaupés) para os seringais do Médio Rio Negro.
Ainda que não tenha sido uma região farta em seringais, a demanda mundial por borracha inicia profundas transformações na região ama-zônica como um todo, e o Médio Rio Negro foi certamente um ponto central nesse processo. A organização social da exploração da borracha no Rio Negro era baseada em um regime conhe-cido como aviamento baseado na relação assi-métrica e hierárquica entre sujeição, exploração e proteção.
Como visto, o Rio Negro foi palco de inúme-ras transformações históricas ao longo dos quase cinco séculos de exploração colonial na região. Os povos indígenas sofreram impactos bastante significativos nesse contexto, sendo que muitos deles foram extintos, outros tiveram sua cultu-ra dilacerada enquanto alguns conseguiram se organizar e manter uma autonomia étnica. Ao mesmo tempo, a região foi palco de profundos processos migratórios com gente vindo de ou-tros países e outras regiões do Brasil, sobretudo a região nordeste. Nesse panorama, é notavel a constante resistência indígena, com as revoltas, como a da Cabanagem, que contribuíram para um fluxo de povoamento e despovoamento que marcou a região.
Ao final do século XVIII, o Rio Negro estava notavelmente despovoado, com sua economia estagnada e com foco de interesse colonial na foz do Rio Negro, no Forte da Barra. Com a defi-nição das fronteiras no noroeste do Brasil, Barce-los perde sua força política e econômica. No co-meço do século XIX, a capital da província muda de Barcelos para Manaus, o que contribui ainda mais para uma estagnação econômica e social no Rio Negro. Essa estagnação acompanha a con-solidação dos interesses portugueses na região. Entre 1800 e 1830, o Rio Negro é bem menos assediado do ponto de vista econômico e dos in-teresses coloniais, permitindo aos indígenas que se reorganizassem. Mas esse movimento de re-organização étnica e social foi interrompido pela Cabanagem que veio a consolidar a decadência de várias vilas e povoados na região, além de ter sido extremamente violento.
A Cabanagem foi um movimento de resis-tência iniciado em Belém e que se espalhou pelo Amazonas, unindo indígenas e classes po-pulares insatisfeitos com o modo como a Coroa Portuguesa dominava a região. A Cabanagem provocou uma nova onda de despovoamento na região amazônica, fortemente sentida no Rio Negro.
Na metade do século XIX, o Rio Negro passa a ser administrado pela Província do Amazonas. Após a Cabanagem, 11 povoamentos foram eli-minados do Rio Negro, entre eles Poaires e La-malonga. O início da navegação a vapor no Rio Negro impulsionou a economia extrativista na região, que ganhou destaque no século XIX e XX. Já em 1861, o comércio do Rio Negro envol-via piaçava, estopa, breu, peixe seco e salsa. A produção de lenha para os barcos a vapor tam-bém movimentava a economia regional, com forte impacto no meio ambiente. Com a moti-
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II 11
Diagnóstico
12 Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
A questão demográfica e dos censos sobre a população indígena é sempre alvo de contro-vérsias e os dados podem ser diferentes de acor-do com as fontes. Muitas vezes, indígenas são contados duas ou mais vezes, por estarem pre-sentes em diferentes comunidades no momento da contagem e realização do censo. Em outros casos, a grande mobilidade espacial dos povos indígenas é motivada pelas relações de deveres e práticas empregados na complexa rede social, econômica, política e cultural presente na orga-nização social destes povos indígenas.
Nesse quesito, o presente Plano de Proteção Territorial optou por escolher e selecionar os dados disponibilizados pela Fundação Nacional de Saúde
Demografia(Funasa), que por meio do Departamento de Saúde Indígena (Desai) e dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei) são responsáveis pela assistência e atenção à saúde dos povos indígenas.
Em contextos multiétnicos como o encontra-do nas Terras Indígenas ao longo do Rio Negro, a situação demográfica por pertencimento étnico torna-se complexa devido a identidades coleti-vas indígenas que são ou foram negadas duran-te muito tempo pelos próprios indígenas, que muitas vezes se identificavam como caboclos. A grande quantidade de casamentos interétnicos e as possibilidades de movimentos de etnogêne-se tornam a questão demográfica e étnica uma tarefa praticamente árdua.
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II 13
Tabela demográficaRegião do Rio Negro
Etnia População
Arapasso 328
Bará 39
Barassana 61
Dessana 1531
Karapanã 42
Kotiria 447
Kubeo 287
Makuna 168
Mirity Tapuya 95
Pira Tapuya 1004
Siriano 17
Taiwano 0
Tariana 1914
Tatuyo -
Tukano 4604
Tuyuca 593
Yuruti 0
Fonte: http://socioambiental.org/pib/epi/uaupes/etnias.shtm
Dados populacionaisTerra Indígena Médio Rio Negro II
Aldeia População
Ilha do Chile 129
Maricota 112
Areial 56
Boa Vista 144
Uacará 63
Cartucho 151
Uabada 78
Castanheiro 115
São João II 49
Massarabi 149
Aruti 66
Plano 50
Livramento 82
Nova Esperança 39
Vila Nova -
Castanheirinho 59
Taperera 150
Mafi 23
Cajuri 60
Tapurucuara Mirim 139
Arurá 162
São Pedro 38
Jupati 72
Curicuruiari 46
São Jorge 87
Mercês 83
Ilha de Camanaus 220
Abianai 30
Tumbira 62
Fonte: Fundação Nacional de Saúde (Funasa)
Diagnóstico
14 Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
A atividade de subsistência na Terra Indígena Médio Rio Negro é a principal fonte econômica, dividindo-se em: agricultura, pesca e caça.Essas atividades são de suma importância para a per-manência das comunidades na região, pois mi-nimizam o êxodo rural para as cidades próximas como Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas.
Sendo base alimentar o pescado e a man-dioca (Manihot Utilíssima Pohl) e seus derivados como: goma para tapioca, farinha, farinha de tapioca, tucupi, biju, paçoca, pé-de-moleque, arubé e bejucica, esses produtos também geram renda, pois o excedente é vendido nas cidades próximas ou serve de moeda de troca entre as comunidades. Quanto ao pescado da região, ele está estritamente ligado ao consumo das famí-lias e moeda de trocas entre as comunidades.
Atividadeeconômica
O cultivo do açaí (Euterpe Oleracea), buri-ti (Mauritia flexuosa L.), abacaba (Oenocarpus bacaba) e patauá (Oenocarpus bataua Mart.) também são boas fontes de recursos financei-ros, pois fornecem o vinho produzido na região, bastante apreciado. Esses tipos de palmácias, es-pécies nativas, são muito abundantes na região. Outra monocultura cultivada é a pimenta, de diversas espécies, transformada em especiaria para o próprio consumo e venda.
Ainda com pouca expressão, o artesanato também fomenta a atividade econômica da re-gião, com a produção de cestarias e objetos em cerâmicas. Existe ainda outra fonte de renda que alcança uma pequena parcela dos indígenas das comunidades formada por funcionários públicos contratados pela Prefeitura Municipal de Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira. Os indígenas compõem o quadro funcional do órgão, em sua maioria, na função de agentes de saúde e professores de ensino fundamental.
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II 15
Diagnóstico
16 Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
O planejamento é de suma
importância em qualquer
atividade, pois seu objetivo é
prever problemas futuros a
curto, médio e longo prazo e
saná-los da melhor forma para
que a execução dos trabalhos
não seja prejudicada. Segue
a descrição dos locais onde
existem infra-estruturas que
auxiliam na execução do Plano
de Proteção Territorial
Articulação – informar as comunidades sobre o início da execução do projeto, ex-pondo seus objetivos em todas as comuni-dades que participam do projeto.
Expedições de fiscalização – serão de-senvolvidas viagens nos limites territoriais e nos lugares onde existem invasões de acordo com as informações que constam no mapa de riscos da Terra Indígena Médio Rio Negro II.
Produção de relatórios – encaminha-mento de relatórios-denúncia para as se-guintes instituições: Foirn, Funai, Ibama e Polícia Federal.
Capacitação Capacitação de seis pessoas em manu-
tenção de motores
Capacitação de seis agentes indígenas de fiscalização em proteção ambiental e territorial
Planejamento EstratégicoDescrição das práticas de fiscalização
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II 17
Equipamentos necessários
Material permanente- Bote de seis metros, motor de popa de 15 Hp
Material de consumo- Gasolina, óleo 2 T, óleo 90, alimentação para a expedição de fiscalização, caixa de saúde (primeiros socorros), uniforme e ma-terial de papelaria
Planejamento Estratégico
Manutenção e abastecimen-to de motor de popa 15 HP
O motor de popa de 15 HP, bem como seu bote de alumínio de seis metros, esta-rão a disposição da comunidade Cartucho, na sede da Associação das Comunidades Indígenas e Ribeirinhas (Acir), responsável pela execução do Plano de Proteção Terri-torial.
Os custos operacionais e de aquisição do equipamento deverão estar relaciona-dos à proposta de projeto de fiscalização da Terra Indígena Médio Rio Negro II.
Diagnóstico
18 Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Posto de Saúde e Pólo Base
Em caso de acidente na execução do Plano de Proteção Territorial, as comunidades que possuem esse tipo de infra-estrutura para prestar os primei-ros socorros são: Mercês, Cajuri, Tapurucuara Mi-rim, Mafi, Castanheirinho, Taperera (Pólo Base), Li-vramento, Aruti, Massarabi (Pólo Base), Cartucho, Boa Vista e Maricota.
Os postos de saúde instalados nesses locais são apenas para atendimentos de baixa complexidade, ou seja, para curativos, coleta de sangue para de-tecção de malária, vacina, dentre outros que não exijam profissionais com maior grau de especialida-des como, por exemplo, médicos e enfermeiros.
Por outro lado, os pólos bases possuem melho-res infra-estruturas para atendimento de primeiros socorros e conta com técnicos de enfermagens e visitas médicas freqüentes de direito, mas não de fato. Nas outras comunidades existem agentes de saúde.
Em caso de acidente que possa ameaçar a vida dos envolvidos no Plano de Proteção, deslocar-se ao pólo base mais próximo para prestar os primeiros socorros e posteriormente à cidade ou diretamente às cidades adjacentes como São Gabriel da Cacho-eira e Santa Isabel do Rio Negro.
Radiofonia
Em caso de denúncia ou solicitação de ajuda dos órgãos responsáveis, tais como polícia federal, ministério público ou aque-les pertinentes à causa indigenista e ao meio ambiente, as comunidades que pos-suem esse tipo de tecnologia são: Aruti, Caauburis, Cartucho, Castanheiro, Mas-sarabi e Taperera. A radiofreqüência de comunicação entre as comunidades é de 6957.0/01 Hz.
Telefone público
Em caso de denúncia ou solicitação aos órgãos de segurança pública ou pertinen-tes à causa indigenista e ao meio ambiente, as comunidades que possuem aparelhos telefônicos são: Arurá, Boa Vista, Cartucho e Taperera.
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II 19
Médico – em geral as comunidades não são vi-sitadas por médicos em períodos recorrentes, e nos últimos tempos (2 a 3 anos) não há relatos da visita de médicos;
Enfermeiro – em geral, a visita desse profissio-nal ocorre no mínimo duas vezes por mês, mas, ultimamente, tem ocorrido uma vez por mês, com a previsão de que a situação se normalize;
Odontologista – a visita desse profissional ocorre uma vez ao ano. Está previsto para 2009 a construção de um consultório odontológico na comunidade de Massarabi;
Nutricionista e farmacêutico – são profissio-nais opcionais no serviço de atendimento às co-munidades oferecido pela Funasa. Não há rela-tos de visitas.
Técnico de enfermagem – esse profissional vi-sita as comunidades duas vezes ao mês;
Agente indígena de saúde – tempo integral. Em geral é um comunitário capacitado;
Agente indígena de saneamento – as co-munidades desconhecem esse tipo profissional, mesmo sendo previsto pela Funasa.
Observação: os informações
acima foram obtidas em
reunião realizada no dia 27
de julho de 2008 por repre-
sentantes de sete comunida-
des da Terra Indígena Médio
Rio Negro II, na 3ª Oficina
do projeto “Fortalecendo a
Capacidade Indígena para a
Conservação Ambiental”.
Uma visão atual da saúde na Terra Indígena Médio Rio Negro II
Diagnóstico
20 Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)Sede Estadual – Manaus/AMRua Ministro João Gonçalves de Souza, s/nº - BR 319 – Km 01 – Distrito Industrial. Cep: 9.075-830Tel: (92) 3613 – 3094 / 3613 - 3080Fax: (92) 3613 – 3095Responsável: Dr. Henrique dos Santos Pe-reira
São Gabriel da Cachoeira/AMEndereço: Dom José n° 51 – CentroCep: 69.750-000Fone fax: (97) 3471-3008E-mail: [email protected] do Parque Nacional do Pico da Ne-blina: Fábio OsolinsChefe Substituto do Parque Nacional do Pico da Neblina: Rodrigo Dias
Fundação Nacional de Saúde (Funasa)Sede Estadual, Manaus-AMEnd: Rua Oswaldo Cruz, s/nº - Bairro: Glória – Pré-dio do Ministério da SaúdeCep: 69.027 – 000Tel: (92) 3301 – 4150 / 3301 – 4131Fax: (92) 3301 – 4144Responsável: Narciso Cardoso Barbosa – Coordena-dor Regional
Departamento de Saúde Indígena – DesaiManaus – AMEnd: Av. Getúlio Vargas, nº 1245 - Bairro: Centro Cep: 69.020 - 011Tel: (92) 3234 – 7909Rádio freqüência: 6957.0Responsável: Pedro Gonçalves do Nascimento
Brasília – DF SAS - Quadra 05 - Bloco “N” - Lote 2 – 12º andar, Ed. OAB.Cep: 70.438-901Brasília/DFTelefone: (61) 3314-6442 / 6356 / 6481 Fax: (61) 3314-6653.
Instituições de apoioOs endereços listados abaixo são exemplos de órgãos que podem
ser acionados por integrantes do projeto e pela comunidade, para
fiscalizar e monitorar seu território ou mesmo fazer valer os direitos
constitucionais dos povos indígenas
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II 21
Fundação Nacional do Índio (Funai)Sede Estadual – Manaus -AMRua Maceió, nº 224 - Bairro: AdrianópolisCep: 69.057 – 010Tel: (92) 3633 – 3132Fax: (92) 3633 – 8668Responsável: Edgar Fernandes Rodrigues
São Gabriel da Cachoeira - AMAv. Dom Pedro Massa n° 263 – CentroCep: 69.750-000 Fone fax (97) 3471-1405 (gabinete) / 3441-1187Rádio freqüência: 6.675,0E-mail: [email protected]: Henrique Veloso VazPresidente Substituto: René Coimbra
Instituto Socioambiental (ISA)Rua Costa Azevedo, nº 272 – 1º Andar Largo do Teatro Amazonas - CentroCep: 69010 – 230Tel: (92) 3633 – 5502Fax: (92) 3631 – 1244Responsável: Marcílio Cavalcante
Secretaria da Cultura do Estado do AmazonasManaus-AMEnd: Av. 7 de Setembro, nº 1546 - CentroCep: 69005 – 141Tel: (92) 3232 – 5550 / 3234 – 2252Fax: (92) 3233 – 9973Responsável: Robério dos Santos Pereira Braga
Secretaria da Cultura do MunicípioManaus-AMEnd: Rua Javari, nº 68 – Nossa Senhora das Gra-çasCep: 69.057 – 510Tel: (92) 3215 – 3120Fax: (92) 3215 – 3760Responsável: Lúcia Cordeiro
Polícia Federal Sede Estadual - Manaus-AMEnd: Av. Domingos Jorge Velho, nº 40 – Bairro: Dom Pedro IICep: 69.402 – 470Tel: (92) 3655 – 1515Responsável: Superintendente Sérgio Lúcio Ma dos Santos Fontes
Polícia Federal – São Gabriel da CachoeiraAvenida 31 de Março, nº 225 – CentroCep: 69.750 – 000Tel: (97) 3471-1432Responsável: Marco Antônio Matos de Oliveira.
Prefeitura Municipal de Santa Isabel do Rio NegroAvenida Duque de Caxias, s/nº - Bairro: CentroCep: 69.740 – 000Tel: (97) 3441 – 1005 / 3441 – 1233Responsável: Secretário Rosalino Lima Vascon-celos
Ministério Público do estado do AmazonasAvenida Coronel Teixeira, nº 7995 – Bairro: Nova EsperançaCep: 69.030 – 480Tel: (92) 3655 – 0500 / 3655 – 0555Responsável: Procurador Evandro Paz Farias
Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn)Rua Álvaro Maia, 79 - CentroCep: 69750-000 – São Gabriel da Cachoeira – AMFone fax (97) 3471-1254 / 3471-1632Rádio freqüência: 6957.0E-mail: [email protected]: Domingos BarretoVice Presidente: André FernandoDiretor: Erivaldo Cruz
Diagnóstico
22 Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Sabemos que a colonização do Brasil pelos europeus foi mas-sacrante e terrivelmente danosa para os povos indígenas. Muitas etnias foram exterminadas por aqueles que só queriam retirar as riquezas. O movimento indígena buscou, através da luta política, participação e destaque nos espaços de discussão criados pelos não-indígenas. Desta maneira, conseguiram fazer valer muitos de seus direitos diante da sociedade não-índigena.
A Constituição Federal é a lei mais importante produzida pelo Estado Brasileiro. Com suas regras e princípios, apresenta direitos e deveres tanto para os governantes quanto para os cidadãos. Insere no seu artigo 3° os objetivos que devem ser alcançados:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federa-tiva do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigual-dades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Instrumentosjurídicos legais
A defesa jurídica da terra e dos interesses indígenas
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II 23
Entre os objetivos, observa-se o combate à discriminação, seja ela de qualquer tipo: cor, et-nia, cultura. Ou seja, acabou a idéia de domínio de uma cultura sobre a outra. Acabou a idéia de que a cultura indígena vai desaparecer. Hoje, to-das as pessoas devem respeitar o que as outras têm de diferente ao invés de criticar e ter pre-conceito. Todas devem conviver em harmonia.
Destaca-se ainda que a lei reconhece a situa-ção especial dos povos indígenas e a necessida-de de proteção diante da violência que sofreram. A Constituição afirmou o direito indígena à ter-ra. A terra não tem valor somente de território, é um espaço onde a comunidade manifesta a sua cultura, exercita seus modos de reprodução cultural, física, ambiental e econômica. Defen-dendo o direito à terra, o Estado facilita a busca pelos outros direitos que estão previstos no Ar-tigo 231:
Artigo 231 – São reconhecidos aos índios sua or-ganização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, compe-tindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter per-manente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das rique-zas do solo, dos rios e dos lagos nelas exis-tentes.
Terra indígena é onde os indígenas moram, caçam, pescam, plantam, colhem alimentos, têm filhos, fazem seus rituais, festas, comemo-rações. Isso se chama ocupação tradicional.
Nessa terra somente os indígenas podem uti-lizar as riquezas para atender às suas necessi-dades. Para isso a Constituição dá o nome de usufruto exclusivo, porque os indígenas podem usar à vontade, mas a dona mesmo é a União, ou seja, o Estado Brasileiro. Por isso, a Terra In-dígena não pode ser vendida ou colocada à dis-posição de outras pessoas que não sejam os que moram lá.
Hoje, para fazer uma barragem, pesquisar ou retirar algum minério (por exemplo, ouro ou diamante) na Terra Indígena é necessário que o Congresso Nacional autorize. Mas antes, as co-munidades afetadas precisam ser ouvidas para que possam dizer o que querem. De acordo com o parágrafo 3º do artigo 231, da Constituição Federal:
§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesqui-sa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com au-torização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegu-rada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.
No entanto, se o índio quiser explorar outras riquezas para realizar uma atividade econômica buscando não só o sustento da comunidade, como também dos não-indígenas, ele terá que obedecer a certas regras e vai passar por alguns limites:
Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso co-mum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à co-letividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Diagnóstico
24 Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Todos nós temos obrigação de proteger e de-fender o meio ambiente de qualquer agressão. Para isso, devemos buscar a participação cada vez maior nos debates políticos. Conversar com os governantes e levar os problemas. A Prefei-tura, a Câmara Municipal, o Governo do Esta-do, a Assembléia Legislativa, a Presidência da República, o Congresso Nacional (deputados e senadores) devem estar abertos para a comuni-dade e para todos os cidadãos. Não podem estar distantes. Todos nós podemos ir a esses lugares para tratar dos problemas que estamos vendo. Problemas que ameaçam e afetam as terras indí-genas, o meio ambiente, a saúde, a educação, a alimentação, o trabalho e vários outros direitos. Porque o que é direito tem que ser alcançado:
Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Outra instituição importante e que deve ser procurada é o Ministério Público Federal, res-ponsável pela defesa dos interesses indígenas. O órgão pode levar as demandas para o Poder Judiciário para que o Juiz saiba dos problemas e tome as decisões necessárias
Art. 127 - O Ministério Público é instituição per-manente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos inte-resses sociais e individuais indisponíveis.
A comunidade também pode levar seus proble-mas para o Juiz através das ações judiciais:
Artigo 5°, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administra-tiva, ao meio ambiente e ao patrimônio históri-co e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
Artigo 232 - Os índios, suas comunidades e orga-nizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, in-tervindo o Ministério Público em todos os atos do processo.
A comunidade deve estar amparada pelos re-presentantes do Poder Público, acompanhando seus trabalhos e dando sugestões porque esses têm obrigação de colocar em prática o que está na Constituição.
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II 25
Área de fiscalização diretaA área de fiscalização deve abranger a mar-
gem direita do Rio Negro desde a comunidade de Ilha do Chile até a comunidade de Boa Vista. Da comunidade de Boa Vista até Aruti, as duas margens do Rio Negro devem ser fiscalizadas. A fiscalização compreende as áreas próximas ao Rio Negro e demais áreas definidas como vulne-ráveis no mapa de risco da Terra Indígena Médio Rio Negro II.
Áreas de fiscalização
Atuação direta Recursos humanos Recursos Físicos
Ilha do Chile
Área 1: deve abrangeraté o sítio Bom Jardim
Duas pessoas Dois aparelhos de GPS
Aquisição de equipa-mento de radiofonia
Cartucho Área 2: do sítio Bom Jardimaté o sítio Diga
Duas pessoas Dois aparelhos de GPS
Aruti Área 3: do sítio Digaaté a comunidadede Mercês
Duas pessoas Dois aparelhos de GPS
Área de fiscalização indireta
Para a fiscalização indireta deve ser considerada a área desde a comunidade de Aruti até a comuni-dade de Mercês.
Diagnóstico
26 Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Os riscos e ameaças identificados
na Terra Indígena Médio Rio
Negro II são conseqüências da
ação do homem. Na maioria
das vezes, esses problemas são
causados por indivíduos que
não pertencem à comunidade
indígena
Pesca predatóriaAqui se aplicam todas as conseqüências
nefastas citadas a respeito da pesca es-portiva, agravadas ainda pelo fato de que nesta modalidade são retiradas do habitat grandes quantidades de pescado, não se respeitam os períodos de reprodução, de-sova e defeso. Além disso, os infratores competem por recursos com as comuni-dades que, devido ao aumento da procura pela pesca, têm sua oferta reduzida, o que lhes demanda mais esforços para obter o pescado, alimento básico e principal fonte de proteínas e renda para as comunidades ribeirinhas as quais têm sua segurança ali-mentar comprometida.
Pesca ornamentalMuitos indígenas são aliciados `a traba-
lhar a serviço dos “piabeiros”, em conse-qüência estabelecem um modus vivendi, onde poucos se beneficiam em detrimento do bem-estar da comunidade.
O peixe ornamental, via de regra, apre-senta-se sempre na base da pirâmide tró-fica, e a redução de suas populações, em virtude da pesca, afeta todas as espécies da teia alimentar.
Riscos e ameaças
Pesca esportivaA prática tem impactos negativos, embora em
primeira análise não cause danos à fauna aquática, uma vez que os peixes são devolvidos ao rio. No estanto, essa atividade acarreta a entrada de pes-soas estranhas na terra indígena, as quais muitas vezes estabelecem contatos com as comunidades tradicionais, oferecem bebidas alcoólicas ou até mesmo drogas, interferindo na cultura local. Para muitos especialistas, o simples fato de fisgar o peixe faz que ele, ao ser devolvido à água, não sobreviva, seja pelos ferimentos causados, seja pelo estresse sofrido. Isso porque pequenos ferimentos servem de porta de entrada para infecções e contamina-ções, causando doenças oportunistas com perdas à diversidade biológica
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II 27
DesmatamentoO desmatamento, uma das maiores ameaças
à diversidade biológica, está intimamente ligado à perda do habitat: aumenta em todos os níveis a pressão sobre os recursos naturais, causa desequi-líbrio, eleva consideravelmente a incidência de do-enças que têm como vetores insetos dípteros, como Leishmaniose e malária, entre outras. A extração ilegal de madeira, além de causar graves conseqü-ências ambientais, está fortemente atrelada a ma-zelas sociais, tais como trabalho escravo, prostitui-ção, uso de álcool, drogas e interferências nocivas na cultura das comunidades.
Invasões de turistas O turismo em terras indígenas, quando feito de
maneira não planejada, traz prejuízos que acarre-tam em diversos problemas sociais relacionados a drogas, álcool e prostituição. Além disso, está inti-mamente ligado à pesca e à caça com todos os seus problemas já citados.
Extração de seixoAlém da entrada de pessoas estranhas em terra
indígena, favorecendo a prostituição, os dragueiros estabelecem contatos com as comunidades tradi-cionais, oferecem bebidas alcoólicas ou até mesmo drogas, interferem na cultura local, utilizam mão-de-obra da comunidade em troca de baixos salários sem quaisquer direitos trabalhistas e expõem estes trabalhadores a riscos de acidentes.
A atividade de extração de seixo é potencial-mente danosa ao meio ambiente, pois os seixos re-tirados do substrato dos rios servem de base para formação de produção primária (zooplâncton, fi-toplâncton, limnoplâncton), base de toda a fauna aquática dos rios. Esse mesmo substrato também é fundamental para a desova de diversas espécies de peixes, entre eles os grandes bagres.
Caça ilegalEssa atividade causa a perda da diver-
sidade biológica, redução dos recursos alimentares das comunidades e oferta de caça reduzida. Assim, as comunida-des necessitam empenhar mais esforços para obter alimentos de origem animal, comprometendo a segurança alimentar. Caçadores estabelecem contatos com as comunidades tradicionais, oferecem bebidas alcoólicas ou até mesmo dro-gas e interferem na cultura local.
Escassez de cipóEssa redução causa o aumento da
pressão sobre os recursos vegetais, onde as comunidades necessitam em-penhar mais esforços para obter essas fibras. Como exemplo de grandes ma-lefícios é possível citar: a mudança no estilo de vida da comunidade e prejuízo do artesanato, pois os utensílios feitos com essas fibras (orgânicas biodegra-dáveis) são substituídos por utensílios artificiais (polímeros), plásticos que são descartados, causando prejuízos ao meio ambiente.
28 Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Estratégias de AçãoElementos de ação
Fiscalização da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Articulação com os atores locais, entre eles: co-munidades, associações, Funai, Foirn, Ibama, Semat, Polícia Federal, Prefeitura Municipal de Santa Isabel do Rio Negro e Organizações não-governamentais
Organização do acesso do turismo às comunida-des da Terra Indígena Médio Rio Negro II. Uma das iniciativas a ser considerada é uma articu-lação com o Ministério do Turismo que possui programas especializados e recursos para o de-senvolvimento de projetos de turismo
Conscientização das comunidades vizinhas quan-to a pesca predatória, ornamental e caça ilegal
Manejo dos recursos naturais
Objetivo
Fortalecer as
comunidades da Terra
Indígena Médio Rio
Negro II através da
valorização cultural
e conservação dos
recursos naturais,
visando sua
sustentabilidade
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II 29
Diretrizes gerais de ação
Fiscalização
Assessoria técnica para a elaboração e o acompanhamento do projeto Fiscalização e Educação Ambiental da Terra Indígena Médio Rio Negro II.
Articulação
Fortalecimento institucional da Acir nas articulações internas e externas.
Organização do acesso turístico às comunidades da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Assessoria técnica para a elaboração e o acompanhamento de projeto turístico e ecológico e etnocultural, buscar informa-ções junto ao Ministério do Turismo.
Conscientização das comunidades vizinhas quanto a pesca predatória, ornamental e caça ilegal
Manejo dos recursos naturais
Identificação dos recursos utilizados pela comunidade e sua disponibilidade, manejando-os em função das necessidades.
Estratégias de Ação
30 Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Conclusão1 O manejo sustentável
dos recursos naturais, a proteção ambiental, a fis-calização territorial e a valori-zação cultural são metas es-senciais para as comunidades, pois visam a segurança de todo o patrimônio natural e cultural indígena em benefício de todos.
3 Os quatro itens mais importantes do plano
de proteção territorial são:
1. Manejo sustentável dos recursos naturais;
2. Proteção ambiental;
3. Fiscalização territorial;
4. Valorização cultural.
2 O plano de proteção territorial é muito
importante para o manejo sustentável dos recursos natu-rais das comunidades para a proteção ambiental, a valori-zação cultural e a fiscalização territorial, pois isso facilitará e aumentará as alternativas de vida dos comunitários.
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II 31
4 A fiscalização territorial é
o mais importante porque protege as áreas contra muitos invasores que podem prejudicar o meio ambiente, como, por exemplo, turistas e pescadores.
5 O plano de proteção ter-
ritorial é importante para manejar, de forma sustentável, os recursos naturais para que as futuras gerações também tenham de onde tirar os seus recursos.
GLOSSÁRIOAmeaças – É a probabilidade de realização de um evento que possa causar perdas significativas, danos, prejuízos ou destruição a um determinado local, comunidade, ou organização.
Bioma – Grande comunidade, ou conjunto de comunida-des (Ecologia), distribuída numa grande área geográfica, caracterizada por um tipo de vegetação dominante.
Comunidade – 1. Qualquer grupo social cujos membros habitam uma região determinada, tem um mesmo gover-no e estão irmanados por uma mesma herança cultural e histórica. 2. Qualquer conjunto populacional considerado como um todo, em virtude de aspectos geográficos, econômicos e/ou culturais comuns. 3. Grupo de pessoas que comungam uma mesma crença ou ideal.
Comunidade ecológica - Conjunto de populações animais e vegetais em uma mesma área, formando um todo integrado e uniforme; biocenose.
Desmatamento – Ato ou efeito de desmatar; desflo-restamento.
Demografia – Estudo estatístico das populações, no qual se descrevem as características de uma coletividade, sua natalidade, migrações, mortalidade.
Diagnóstico – Coleta e análise de um conjunto de dados que possibilitam conhecer melhor e saber a situação de determinado objeto de estudo.
Emergência - Ocorrência anormal (acidente), em deter-minada atividade ou local, que foge ao controle, podendo ocasionar danos ou prejuízos à comunidade, ao meio ambiente, a instalações, equipamentos ou à sociedade.
Impacto ambiental - Qualquer alteração das proprie-dades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por atividades humanas que, direta ou indireta-mente, afetam: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais.
Manejo sustentável – Forma de manejo capaz de se manter mais ou menos constante, ou estável, por longo período.
Perigo – Fonte ou situação com possibilidade de provo-car danos ou prejuízos às pessoas, ao meio ambiente, a instalações, equipamentos ou à sociedade.
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Nova Esperança
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Tapurucuara Mirim
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Dolfo
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Camundé
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Igarapé Barará
Igarapé Badabadia
Igarapé Caiçara
Igarapé Uarinabe
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Igarapé Grande
Igarapé Parauari
Igarapé Cachimbo
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Igarapé F oibara
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TI MÉDIO RIO NEGRO I
Argentina
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Equador
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Guiana Francesa
30°0'0"W50°0'0"W70°0'0"W
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Área da Terra Índigena Médio Rio Negro II: 323.069,27 haEscala: 1: 600.000
Responsabilidade Técnica:
Antropólogo. Thiago Ávila - ABA/DFEng. Amb. Edwilson Pordeus Campos - CREA 11.763-D/AMEng. Amb. Marcos Sebastião Ataide - CREA 6.635-D/AMTec. Agrim. e Esp. Geoproc. Jefferson Veloso NogueiraTec. Agrim. e Esp. Geoproc. Wesley Luis Pacheco - CREA 8.067-TD/AM
L E G E N D A
T.I. Médio Rio Negro II
BRASIL
Planta de Situação
Símbolos
Posto do Meio Ambiente
Ensino médio
Posto de saúde
Posto telefônico
Invasões deturistas
Desmatamento
Quelônios
Serra
Caranã
Escassez decipó
Extração deminério
Pescaornamental
Pesca predatória
Associação
Ensino fundamental
Posto da FUNAI
Caça ilegal
Barro paracerâmica
Extração deseixo
Piaçava
Pescaesportiva
Arumã
Cipó
Hidrografia
Polo base
Ensino de Jovens e Adultos
Radiofonia
Localidades
!( Comunidade!. Municipio !( Sítio
Mapa elaborado pela Associação das Comunidades Indígenas e Ribeirinhas – ACIR, ACT Brasil – Equipe de Conservação da Amazônia. Com apoio da Brazil Foudation, Fundação Nacional do Índio – FUNAI, Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro – FOIRN, Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Santa Isabel do Rio Negro – AM – SEMAT Este mapa é de propriedade exclusiva dos Povos da Terra Indígena Médio Rio Negro II e todos os direitos autorais de produção e divulgação são reservados a estes povos, ficando proibida qualquer tipo de reprodução total ou parcial. ACT Brasil – Equipe de conservação da Amazônia EQUIPE TÉCNICA Wesley Pacheco – Coordenação Técnica e do Projeto Edwilson Pordeus Campos – Coordenação de Campo Jefferson Veloso Nogueira – Equipe Técnica Luiza Viana Araújo – Equipe Técnica Marcos Sebastião Ataíde – Equipe Técnica Sandro Benevides do Campo – Equipe Técnica Thiago Ávila – Equipe Técnica PESQUISADORES DO MAPEAMENTO DE RISCO Agripino Lemos Alcântara Ediraldo Pinherio Alessandro dos Santos Cruz Elielson Oliveira da Silva Aluísio Melgueiro Xavier Eligelson Oliveira da Silva Arlison Oliveira Silva Germano Sanches Baltazar Aucilene da Silva de Oliveira Ivania melgueiro Baltazar Carlos Alberto Lopes de Souza Jonilson da Silva Oliveira Cleocimara Reis Gomes Jonilton da Silva Oliveira Cleonilde Pinheiro da Silva José Augusto Fonseca Deusimar de Braga José Nildo Carvalho Fonseca Dirceu Monteiro Brazão Luciano Melgueiro Xavier Djalma Braga de Oliveira Márcio Cruz Brazão Dorval Braga Brazão Pedro Brazão de Oliveira Edenir dos Santos Xavier Perpétua Cruz Brazão Edigar dos Santos Xavier Sátiro da Silva Soares Edilson Oliveira da Silva Vamberto Plácido Rodrigues Efraim Pinheiro da Silva
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Ilha de Camanaus
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Ilha do Uruari
Igarapé Iawara
Igarapé Camambuá
Igarapé Manicuá
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Ilha CaraipéIlha do Taciwa
Ilha do cutiaIlha do Taína
Rio Tea
Rio TeaRio Tea Rio TeaRio Tea Rio TeaRio Tea Rio TeaRio Te
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Rio Tea
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Rio Cauaburi
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Rio Aiuanã
Rio Inambu
Igarapé Mafi
Igarapé Castanhal
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Igar apé Ca ça bo
Igarapé Natal
Igarapé Foibará
Igar
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Igarapé Embari
Igarapé Iazinho
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Miu
á
Igarapé Maboabi
Igarapé Pesqueiro
Igarapé Ariada Mirim
Igar
apé
Abac
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Igarapé do Cauará
Igarapé Chibuí
Igarapé Surubim
Rio Guarib
a
Igarapé Baniua
Igarapé Aiari
Igarapé Uneí
Igarapé Jaradi
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Abac
ate
Ilha de Marié
Igarapé do Imutá
Igarapé Barrigudão
Igarapé Branco
Rio C
auburis
Igarapé Tibarrá
Igarapé Tea-Mirim
Igara
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rica
Igarapé Bacuri
Igarapé Barará
Igarapé Badabadia
Igarapé Caiçara
Igarapé Uarinabe
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Igarapé Jararacá
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apé
Jac i
tara
Igarapé Destacamento
Igarapé Caiary Mirim
Igarapé Ecu
ari
Igarapé Preto
Igarapé Grande
Igarapé Parauari
Igarapé Cachimbo
Lago do Licuba
Igarapé F oibara
Ilha do Maburina
Igarapé Acuá
Rio Aiuanã
Rio Ai
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Rio Tea
Igarapé Abuará
Igarapé Abacate
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Rio Tea
Rio Maiá
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Igarapé Abuará
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65°0'0"W
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1°0'
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TI MÉDIO RIO NEGRO II
TI RIO TEA
SÃO GABRIEL DACACHOEIRA
SANTA ISABEL DO RIO NEGRO
µMAPA DE RISCOS DA TERRA INDÍGENA MÉDIO RIO NEGRO II
TI MÉDIO RIO NEGRO I
Argentina
Peru
Bolivia
Colombia
Chile
Paraguay
Equador
Uruguay
VenezuelaGuyanaSuriname
Guiana Francesa
30°0'0"W50°0'0"W70°0'0"W
0°0'
0"10
°0'0
"S30
°0'0
"S
Área da Terra Índigena Médio Rio Negro II: 323.069,27 haEscala: 1: 600.000
Responsabilidade Técnica:
Antropólogo. Thiago Ávila - ABA/DFEng. Amb. Edwilson Pordeus Campos - CREA 11.763-D/AMEng. Amb. Marcos Sebastião Ataide - CREA 6.635-D/AMTec. Agrim. e Esp. Geoproc. Jefferson Veloso NogueiraTec. Agrim. e Esp. Geoproc. Wesley Luis Pacheco - CREA 8.067-TD/AM
L E G E N D A
T.I. Médio Rio Negro II
BRASIL
Planta de Situação
Símbolos
Posto do Meio Ambiente
Ensino médio
Posto de saúde
Posto telefônico
Invasões deturistas
Desmatamento
Quelônios
Serra
Caranã
Escassez decipó
Extração deminério
Pescaornamental
Pesca predatória
Associação
Ensino fundamental
Posto da FUNAI
Caça ilegal
Barro paracerâmica
Extração deseixo
Piaçava
Pescaesportiva
Arumã
Cipó
Hidrografia
Polo base
Ensino de Jovens e Adultos
Radiofonia
Localidades
!( Comunidade!. Municipio !( Sítio
Mapa elaborado pela Associação das Comunidades Indígenas e Ribeirinhas – ACIR, ACT Brasil – Equipe de Conservação da Amazônia. Com apoio da Brazil Foudation, Fundação Nacional do Índio – FUNAI, Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro – FOIRN, Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Santa Isabel do Rio Negro – AM – SEMAT Este mapa é de propriedade exclusiva dos Povos da Terra Indígena Médio Rio Negro II e todos os direitos autorais de produção e divulgação são reservados a estes povos, ficando proibida qualquer tipo de reprodução total ou parcial. ACT Brasil – Equipe de conservação da Amazônia EQUIPE TÉCNICA Wesley Pacheco – Coordenação Técnica e do Projeto Edwilson Pordeus Campos – Coordenação de Campo Jefferson Veloso Nogueira – Equipe Técnica Luiza Viana Araújo – Equipe Técnica Marcos Sebastião Ataíde – Equipe Técnica Sandro Benevides do Campo – Equipe Técnica Thiago Ávila – Equipe Técnica PESQUISADORES DO MAPEAMENTO DE RISCO Agripino Lemos Alcântara Ediraldo Pinherio Alessandro dos Santos Cruz Elielson Oliveira da Silva Aluísio Melgueiro Xavier Eligelson Oliveira da Silva Arlison Oliveira Silva Germano Sanches Baltazar Aucilene da Silva de Oliveira Ivania melgueiro Baltazar Carlos Alberto Lopes de Souza Jonilson da Silva Oliveira Cleocimara Reis Gomes Jonilton da Silva Oliveira Cleonilde Pinheiro da Silva José Augusto Fonseca Deusimar de Braga José Nildo Carvalho Fonseca Dirceu Monteiro Brazão Luciano Melgueiro Xavier Djalma Braga de Oliveira Márcio Cruz Brazão Dorval Braga Brazão Pedro Brazão de Oliveira Edenir dos Santos Xavier Perpétua Cruz Brazão Edigar dos Santos Xavier Sátiro da Silva Soares Edilson Oliveira da Silva Vamberto Plácido Rodrigues Efraim Pinheiro da Silva
0 20 4010Km
34 Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II
Referências bibliográficasARNS, José Fernando – Gestão Territorial Participativa. Paraná: PUCPR,
2000.
BRASÍLIA. Grupo Executivo Interministerial. Plano de desenvolvimento territorial sustentável do arquipélago de Marajó. Distrito Federal: Presidência da República, 2006.
FIORILLO, C. A. – Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008.
LEONARDI, Victor – Historiadores e os rios: Natureza e ruína na Amazônia brasileira. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1999.
MAGALHÃES, E. D. (Org.) – Legislação Indigenista Brasileira e Normas Correlatas. Brasília: CGDOC, 2003.
MATO GROSSO – Resumo Executivo do Relatório Final, in Plano de proteção das altas cabeceiras do rio Paraguai. Cuiabá: FEMAT-MT, 2003.
PEREIRA, Ricardo Neves – “Comunidade Canafé: história indígena e etno-gênese no médio Rio Negro”. Dissertação de mestrado. Departamen-to de Antropologia – UnB, 2007.
SILVA, J. A. – Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2004.
WRIGHT, Robin – História indígena do noroeste da Amazônia : hipóteses, questões e perspectivas, in CUNHA, Manuela Carneiro da (Org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras; Fapesp, 1992.
Plano de Proteção Territorial da Terra Indígena Médio Rio Negro II 35
Agradecemos a todos os alunos que partici-param das aulas e foram fundamentais para a realização do projeto “Fortalecendo a Capaci-dade Indígena para a Conservação Ambiental”:
Agripino Lemos Alcântara (Tariano); Alessan-dro dos Santos Cruz (Baré); Aluísio Melgueiro Xavier (Baniwa); Arlison Oliveira da Silva (Baré); Carlos Alberto Lopes de Souza (Baré); Cleoci-mara Reis Gomes (Piratapuia); Cleonilde Pinhei-ro da Silva (Dessana); Deusimar de Braga (Baré); Dirceu Monteiro Brazão (Baré); Djalma Braga de Oliveira (Baré); Dorval Braga Brazão (Baré); Edenir Silva Brazão (Baré); Edigar dos Santos
Xavier (Baniwa); Edilson Oliveira da Silva (Des-sana); Ediraldo Pinheiro (Baré); Elielson Olivei-ra da Silva (Dessana); Eligelson Oliveira da Silva (Dessana); Germano Sanches Baltazar (Baré); Ivania Melgueiro Baltazar (Baré); Jonilson da Silva Oliveira (Piratapuia); Jonilton da Silva Oli-veira (Piratapuia); José Nildo Carvalho Fonseca (Arapasso); Luciano Melgueiro Xavier (Baniwa); Márcio Cruz Brazão (Baré); Pedro Brazão de Oli-veira (Piratapuia); Perpétua Cruz Brazão (Baré); Sátiro da Silva Soares (Dessana); Vamberto Plá-cido Rodrigues (Baré).
Agradecimentos
Associação das Comunidades Indígenas e Ribeirinhas (Acir)Terra Indígena Médio Rio Negro IIComunidade CartuchoSanta Isabel do Rio Negro (AM)
Equipe de Conservação da Amazônia (ACT Brasil - Sede Brasília)SAS, Quadra 03, Bloco CEd. Business Point – Salas 301 a 306Brasília/DFCep: 70.070-934Tel/Fax: +55 (61) 3323.7863www.actbrasil.org.br
(ACT Brasil - Escritório Regional)Avenida Djalma Batista, nº 1661- Edifício Millennium Center Torre Business Tower 13º andar, sala 1308, Bairro Chapada - Manaus/ AM CEP:69.050-010Fone: +55 (92) 3659-3443