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FÁBIO PINHEIRO DE LEMOS MASSON A IMPORTÂNCIA DO FORTALECIMENTO MUSCULAR, NO TREINAMENTO FÍSICO MILITAR, COMO PREVENTIVO DE LESÕES OSTEOMUSCULARES, APLICADO AO SERVIÇO OPERACIONAL DO CBMGO Artigo Monográfico apresentado em cumprimento às exigências para conclusão do Curso de Formação de Oficiais sob a orientação 1º Ten QOA Leonardo de Castro Oliveira.

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FÁBIO PINHEIRO DE LEMOS MASSON

A IMPORTÂNCIA DO FORTALECIMENTO MUSCULAR, NO TREINAMENTO FÍSICO MILITAR, COMO PREVENTIVO DE LESÕES OSTEOMUSCULARES, APLICADO AO SERVIÇO OPERACIONAL DO CBMGO

GOIÂNIA - GO 2015

Artigo Monográfico apresentado em cumprimento

às exigências para conclusão do Curso de

Formação de Oficiais sob a orientação 1º Ten QOA

Leonardo de Castro Oliveira.

FÁBIO PINHEIRO DE LEMOS MASSON

A IMPORTÂNCIA DO FORTALECIMENTO MUSCULAR, NO TREINAMENTO FÍSICO MILITAR, COMO PREVENTIVO DE LESÕES OSTEOMUSCULARES, APLICADO AO SERVIÇO OPERACIONAL DO CBMGO

Goiânia ____de____________de 2015

APROVADO POR:

______________________________________________________

PRESIDENTE

______________________________________________________

MEMBRO

______________________________________________________

MEMBRO

Artigo Monográfico apresentado em cumprimento

às exigências para conclusão do Curso de

Formação de Oficiais sob a orientação 1º Ten QOA

Leonardo de Castro Oliveira.

GOIÂNIA – GO 2015

A IMPORTÂNCIA DO FORTALECIMENTO MUSCULAR, NO TREINAMENTO FÍSICO MILITAR, COMO PREVENTIVO DE LESÕES OSTEOMUSCULARES, APLICADO AO SERVIÇO OPERACIONAL DO CBMGO

Fábio Pinheiro de Lemos Masson1

RESUMO

A produção científica direcionada desse estudo tem o objetivo de verificar a incidência de lesões osteomusculares provocadas no serviço operacional do CBMGO, assim como, auxiliar na preparação física e prevenção de lesões, devido à fraqueza de certos grupos musculares importantes que levam a um desequilíbrio muscular e alteração na biomecânica articular. O trabalho é estruturado na forma de artigo científico, com base em relatos de 60 militares por questionários e revisões de literatura. Essa profissão requer uma preparação vigorosa e o estresse físico que os bombeiros enfrentam, aumentam os riscos de lesões osteomusculares. Com isso, percebe-se a necessidade do trabalho de fortalecimento muscular como preventivo de lesões. Os exercícios físicos distribuídos adequadamente no Treinamento Físico Militar (TFM) são fundamentais e podem diminuir o número de absenteísmo com afastamentos médicos, repercutindo economicamente nos cofres públicos. Dessa forma, é preciso que o treinamento físico seja orientado com fulcro nos conceitos e princípios científicos da fisiologia muscular, dentro de um planejamento racional, como meio de conduzir o indivíduo à sua plenitude física, técnica e psicológica, visando um nível de desempenho máximo. Assim, com o treino corretamente orientado e executado, proporcionará melhorias no condicionamento físico e à saúde, equilibrando as cadeias musculares e corrigindo o alinhamento articular. O estudo dirigido para o fortalecimento muscular no TFM, direcionado para a funcionalidade, têm elevada importância para o Corpo de Bombeiros do Estado de Goiás, preparando fisicamente os militares da Corporação e auxiliando no aprimoramento dos instrutores da atividade, otimizando qualificação para o desenvolvimento das missões com excelência.

Palavras-chave: Fortalecimento Muscular; Treinamento Físico Militar; Lesões Osteomusculares.

1 Formado em Fisioterapia pela Universidade de Uberaba, Especialização em Neurofuncional pela Universidade Castelo Branco, ex – servidor público como fisioterapeuta pelo GDF, docente pela Unianhanguera – Anápolis, celetista no Crer e Hospital de Doenças Tropicais.

ABSTRACT

The scientific production directed this study aims to verify the incidence of

musculoskeletal injuries caused in operational service CBMGO as well as assist

in fitness and injury prevention, due to the weakness of certain important

muscle groups that lead to muscle imbalance and changes in joint

biomechanics. This respective survey has been brought together with the

accounts of 60 military officers through questionnaires and specific literature.

Being a fireman requires vigorous physical fitness and as they go through a lot

of physical strain the risks of MD increase. Taking these into consideration, the

need of muscle strengthening exercises is suggested in order to prevent further

disorders. It is, therefore, vital that physical training be given out adequately

during TFM with the objectives of reducing the number of sick leave which will,

in turn, affect the state health department economically speaking. Physical

training should be given according to the concepts and scientific principles of

the muscle physiology as well as to a rational planning so as to lead the subject

to his/her full physical, psychological and technical performance. Having a well-

oriented training as well as doing it correctly will provide not only improvements

in the physical condition but also in the health balancing muscle chain and

correcting joint alignment Directed study for muscle strengthening in TFM,

directed to the functionality, have high importance to the Fire Department of the

State of Goiás, physically preparing the Corporation's military and aiding in the

improvement of activity of instructors, optimizing qualification for the

development of the missions with excellence.

Key words: military physical training; muscle strengthening; musculoskeletal

disorder.

DEDICATÓRIA

Dedico meu Trabalho de Conclusão de Curso aos Oficiais do CBMGO,

que participaram diretamente na minha formação, ensinando e sapientemente

colaborando com meu aprendizado.

Com todo fervor dirigo, as minhas palavras a minha família, meus pais

(Dirceu e Maura), meus irmãos (Adriano, Maria das Graças, Andréia e Fabiano)

que sempre foram o alicerce da minha sustentação. Pessoas divinas que me

trazem o amor, o carinho e a união. Eu me sinto iluminado e abençoado por

fazer parte desta família. Pessoas que sempre estiveram ao meu lado em

todos os momentos e naquelas circunstâncias de fraqueza, lá estão eles

formando uma escada humana e me reerguendo. Assim, rezo e agradeço a

Deus todos os dias.

Estendo minha dedicatória aos meus amigos que sempre me trouxeram

o sorriso, o companheirismo e a alegria.

AGRADECIMENTOS

Agradeço à todos Oficiais do CBMGO, que colaboraram nas instruções

ao Curso de Formação de Oficiais, Turma Cruz de Malta, que com todo

profissionalismo e paciência, mediram esforços e dispuseram de tempo para

repassar seus aprendizes e experiências profissionais aos Cadetes e futuros

Oficiais.

Agradeço especialmente ao meu orientador o 1º Ten QOA Leonardo de

Castro Oliveira que abriu mão do seu tempo e me recebeu abertamente,

contribuindo na orientação do meu trabalho de conclusão de curso.

Enfim, encerro meus agradecimentos a todos que de forma direta ou

indireta estiveram comigo participando na minha formação.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 0 – Estrutura da fibra muscular

Figura 1 – Contração concêntrica e contração excêntrica

Figura 2 – Lesão de isquiotibiais

Figura 3 – Compressão de raiz nervosa

Figura 4 – Lombalgia

Figura 5 – Fortalecimento do retroabdominal e transverso

Figura 6 – Fortalecimento de oblíquo internos e externos

Figura 7 – Fortalecimento da região infra-abdominal

Figura 8 – Sobrecarga nas articulações dos joelhos

Figura 9 – Fortalecimento de quadríceps em cadeia cinética fechada

Figura 10 – Fortalecimento de quadríceps em cadeia cinética aberta

Figura 11 – Fortalecimento de isquiotibiais em cadeia cinética fechada

Figura 12 – Fortalecimento de isquiotibiais em cadeia cinética aberta

Figura 13 – Canelite

Figura 14 – Músculo Tibial Anterior

Figura 15 – Fortalecimento do Músculo Tibial Anterior

Gráfico 1 – Idade dos bombeiros e tempo de serviço operacional

Gráfico 2 – Porcentagem entre bombeiros militares que já sofreram algum tipo

de lesão osteomuscular

Gráfico 3 – Porcentagem entre bombeiros com afastamentos médicos e sem

afastamentos

Gráfico 4 – Estatística de 60 militares sobre a especificidade do fortalecimento

muscular como preventivo de lesões

SUMÁRIO

1. Introdução.........................................................................................................9

1.1 Anatomia da fibra muscular e a fisiologia da contração muscular.............9

............................................................................................................................

............................................................................................................................

............................................................................................................................

1.2 A fisiopatologia e a importância do fortalecimento muscular...................12

............................................................................................................................

............................................................................................................................

............................................................................................................................

2. Objetivos, Materiais e Métodos.......................................................................15

3. Resultados e Discussões...............................................................................17

4. Considerações Finais......................................................................................27

Referências Bibliográficas...............................................................................29

Glossário.........................................................................................................33

............................................................................................................................

Anexos............................................................................................................34

............................................................................................................................

............................................................................................................................

............................................................................................................................

10

1. INTRODUÇÃO

As instituições militares, devido à natureza de seus serviços, sempre

possuíram estreita relação com atividades físicas, servindo, inclusive, de base

para a criação de determinados tipos de treinamentos. Para os militares, a

aptidão e os vigores físicos são essenciais para que outras habilidades também

importantes possam ser desenvolvidas, visto que o trabalho realizado por

esses profissionais, geralmente marcados por situações complexas e

inesperadas, traz um desgaste físico e psicológico, exigindo do sistema

muscular eficiência na execução dos movimentos (LESSA, 2006).

1.1 Anatomia da fibra muscular e a fisiologia da contração muscular

Os músculos esqueléticos são os “motores vivos” que proporcionam

movimento ativo para o esqueleto articulado, assim como mantêm sua postura

ortostática (SALTER, 2001).

O músculo estriado esquelético é o mais abundante do organismo

humano, sendo formado por células cilíndricas longas e multinucleadas, com

estriações transversais, possuindo contração voluntária, do tipo rápido ou lento,

dependendo do tipo de fibra muscular. Transmitem seus movimentos aos

ossos, sobre os quais se inserem, formando o sistema ativo do aparelho

locomotor (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2000).

As fibras musculares ficam paralelas umas às outras e a força de

contração é dirigida ao longo do eixo longitudinal da fibra (McARDLE, KATCH,

KATCH, 1998). Na maioria dos músculos, as fibras se estendem por todo o

comprimento da musculatura (GUYTON & HALL, 2002).

Cada fibra muscular é composta de várias unidades pequenas

denominadas miofibrilas, que estão agrupadas em feixes e seguem a extensão

da fibra muscular, ocupando a maior parte do seu volume (cerca de 85%)

(WEINSTEIN & BUCKWALTER, 2000). Cada uma dessas miofibrilas é

composta por sarcômeros ligados em série, que são constituídos por filamentos

protéicos grossos e finos, denominados miosina e actina (McARDLE, KATCH,

KATCH, 1998; GUYTON e HALL, 2002). A actina e a miosina são os elementos

11

contráteis do músculo esquelético (WILMORE e COSTILL, 2001). A estrutura

muscular conforme foi mencionado acima, esta exemplificado na figura 0.

Figura 0 – estrutura muscularFonte: https://www.treinoemfoco.com.br/musculacao/producao-de-forca-e-recrutamento-de-unidade-motora.html

A propriedade básica do músculo esquelético é a contratibilidade do seu

sarcoplasma, a qual possibilita a um determinado músculo se encurtar

(contração concêntrica), quanto resistir ao alongamento (contração excêntrica),

ou manter a contração sem arco de movimento (contração isométrica)

(SALTER, 2001). A figura 1 demonstra, sequencialmente, a contração

excêntrica e a contração concêntrica.

Figura 1 – contração excêntrica e contração concêntricaFonte: https://www.fisioex2013a.blogspot.com/2013/06/contração-muscular.html

12

A quantidade de força, que pode ser gerada pelo sistema

musculoesquelético, depende da integridade dos elementos contráteis e não-

contráteis (endomísio, epimísio e perimísio) das unidades motoras

(FRONTERA, DAWSON, SLOVIK (2001). Todas as fibras musculares

inervadas pelo mesmo nervo motor se contraem e relaxam ao mesmo tempo,

funcionando como uma unidade (SMITH, WEISS, LEHMKUHL, (1997); FOX &

MATHEWS,1983)).

Para GUYTON & HALL (2002), cada fibra nervosa em geral ramifica-se

e estimula centenas de fibras musculares esqueléticas. A terminação nervosa

forma uma junção, chamada de placa motora ou junção neuromuscular, onde

nessa junção que ocorre a comunicação entre o sistema nervoso e muscular. O

potencial de ação na fibra muscular se propaga nas duas direções, dirigindo-se

para as suas extremidades (WILMORE & COSTILL, 2001).

No processo de despolarização da fibra muscular, preconiza-se que o

impulso elétrico se propague através da fibra muscular, despolarizando o

túbulo T do reticulo sarcoplasmático, desencadeando a liberação de cálcio

(McARDLE, 1998). O cálcio liberado une-se aos filamentos de troponina -

tropomiosina nos filamentos de actina, permitindo a ligação da miosina à

actina, formando as pontes cruzadas e iniciando o processo da contração

muscular (GUYTON & HALL, 2002).

O fato de o músculo contrair-se ou relaxar-se depende do somatório de

impulsos nervosos, onde os impulsos excitatórios provocam a contração e os

impulsos inibitórios, o relaxamento (MELLEROVICZ & MELLER, 1979).

O processo é propriamente iniciado por um impulso motor originário do

cérebro ou da medula. Quando um impulso nervoso gera um potencial de ação

que alcança a junção neuromuscular, vesículas de acetilcolina (Acth)

(localizadas dentro do terminal axônico) são liberadas dos terminais para o

espaço sináptico (fenda sináptica) (POWERS & HOWLEY,2000).

Os tipos de fibras musculares podem ser classificados através de suas

características histológicas, contráteis e metabólicas, em duas categorias

principais: fibras do tipo I (denominadas fibras de contração lenta) e fibras do

13

tipo II (denominadas fibras de contração rápida) (SCOTT, STEVENS,

MAcLEOD (2001); MAcARDLE, 1998)).

As propriedades bioquímicas e fisiológicas relacionadas com essa

dinâmica contrátil, estão diretamente interligadas com as atividades da miosina

ATPase, sua velocidade de liberação e captação do cálcio a partir do retículo

sarcoplasmático. Lembrando que a miosina ATPase é a enzima que degrada o

ATP produzindo ADP (adenosina difosfato), fosfato inorgânico e energia para a

contração (WILMORE e COSTILL, 2001). Essas propriedades são mais nítidas,

dentro das fibras contração rápidas do que nas fibras de contração lenta (FOX

& MATHEWS, 1983)

As características de contração lenta e contração rápida das fibras

musculares são determinadas precocemente na vida, talvez nos primeiros anos

de vida. Após o estabelecimento da inervação, nossas fibras musculares

diferenciam-se (tornam-se especializadas) de acordo com o tipo de neurônio

que as estimulam (WILMORE & COSTILL, 2001).

A porcentagem dos tipos de fibras lentas e rápidas contidas no músculo

esquelético pode ser influenciada pela genética, pelos níveis hormonais no

sangue e pelos tipos de atividade física aeróbica e anaeróbica (POWERS &

HOWLEY, 2000).

1.2 A fisiopatologia e a importância do fortalecimento muscular

Para o bombeiro militar o bom condicionamento físico é imprescindível.

As diversas atividades de resgate, salvamento e combate a incêndio entre

outras, desenvolvidas diariamente no serviço de bombeiro militar exigem uma

considerável capacidade física, sendo esta, o fator determinante para a

qualidade de sua atuação. Cabe ressaltar que, em tais atividades, geralmente,

o bombeiro precisa transportar materiais pesados, utilizar equipamentos de

proteção individual que irão causar desgaste físico e fadiga, levando ao

aparecimento de lesões osteomusculares (LESSA, 2006).

Segundo Lisboa (2011), em situações de salvamento, o Bombeiro Militar

deve realizar atividades com vestimentas e aparatos específicos, que resultam

em alto grau de exigência física, onde o equipamento de proteção individual

14

mais equipamento de proteção respiratória somam aproximadamente 23 kg. As

atividades como subidas e descidas de escadas, transportes de vítima,

içamento de mangueiras e entradas forçadas em ambientes confinados

implicam em alta exigência física, o que requer do bombeiro uma elevada

preparação muscular.

Segundo Kapandji (2000), a musculatura abdominal exerce um papel

importante nos movimentos realizado pelo corpo humano, dando estabilidade e

proteção na coluna lombar. A fraqueza da musculatura abdominal favorece o

aparecimento de lombalgia e disfunções na coluna, por alterar a biomecânica

do movimento, pela falta de estabilização, permitindo o desalinhamento

articular. E de acordo com Wirhed (1986), uma musculatura forte e flexível

sempre oferece maior proteção contra as lesões, repercutindo em todo sistema

locomotor que está sujeito a sobrecargas.

Para Dantas (1995), o treinamento físico é o conjunto de procedimentos

e meios utilizados para se conduzir um atleta à sua plenitude física, técnica e

psicológica dentro de um planejamento racional, visando executar uma

performance máxima num período determinado. Para atingir um bom

condicionamento físico voltado para o fim específico é preciso uma

programação que deverá seguir os princípios científicos do treinamento com

base no fortalecimento muscular. No caso do Bombeiro Militar, cujo padrão de

desempenho físico assemelha ao de um atleta profissional (LESSA, 2006).

O fortalecimento é resultado de uma série de adaptações que ocorrem

no sistema neuromuscular. É através do tecido conjuntivo que a contração

muscular é transmitida a outras estruturas como tendões aponeuroses,

ligamentos e ossos (WEINECK, 2000).

O treinamento de força tem um impacto positivo, não só no músculo

esquelético, mas também na excitação neuromotora, na integridade, na

viabilidade do tecido conjuntivo e inclusive na sensação de bem-estar individual

(FRONTERA, DAWSON, SLOVIK (2001)).

O resultado do treinamento de força é um aumento na capacidade

funcional do músculo em gerar força. Essas alterações são provocadas por

15

uma variedade de efeitos fisiológicos e histológicos na fibra muscular

(CARVALHO, SHIMANO, VOLPON (2002)).

Segundo Fleck e Kraemer (2002), bons índices de força e resistência

muscular auxiliam na prevenção de lesões articulares e musculares.

O treinamento da força muscular é realizado através de uma

potencialização máxima da contração muscular, exigindo a maior capacidade

funcional do músculo. As formas de treinamento anaeróbico aumentam a força

muscular e o volume da fibra muscular (SALE ET al, 1990).

O trabalho de força desenvolve-se em resposta a uma resistência

máxima, onde o atleta realiza contrações musculares com a maior carga

possível. Já a resistência muscular é desenvolvida em resposta a uma série

maior de contrações musculares. Assim, o atleta realiza o maior número de

repetições com uma resistência mais baixa (KISNER & COLBY, 2005).

Diante de tantas opções na preparação física do Bombeiro Militar, nota-

se o aumento considerável da preferência pela corrida. Por ser um esporte

democrático, de baixo custo, de fácil execução e muito benéfico. Essa prática

tem se tornado uma ótima opção para boa parte dos praticantes que quase não

tem tempo para se exercitarem (SALGADO & CHACON-MIKAHIL, 2006).

A corrida é capaz de promover diversos benefícios, tanto em relação ao

físico, quanto emocional e social. Em relação ao físico, tem-se o controle da

pressão arterial; melhora da capacidade pulmonar; melhora da capacidade de

ejeção do coração; controle do nível de colesterol e controle do peso corporal.

Sobre os benefícios emocionais e sociais podem ser citadas a redução do

estresse, da ansiedade, da depressão, melhora do humor, melhora cognitiva e

melhora na socialização em grupo (TRUCCOLO, MADURO, FEIJÓ (2008);

ISHIDA et al, 2013)).

Apesar de ser um esporte aeróbico e promover diversos benefícios ao

organismo, a corrida também é um esporte de impacto, resistência e força,

tornando-se uma atividade sujeita a lesões agudas ou crônicas. (ISHIDA et al,

2013; HESPANHOL JUNIOR et al, 2012)

16

As regiões mais acometidas nos praticantes de corrida são os membros

inferiores e dentre as lesões estão as tendinopatias, lesões musculares,

artroses e entorses articulares (HESPANHOL JÚNIOR et al, 2012; PILEGGI,

2010). Além disso, outras lesões podem ocorrer por trauma direto, intenso ou

por overuse, como: dor lombar; tensão muscular; fratura por estresse;

síndrome do estresse tibial; síndrome da banda iliotibial; fasciite plantar

(FREDERICSON & MISRA, 2007; STRAKOWSKI & JAMIL,2006).

A corrida gera um impacto sobre a região tibial, provocando o estresse

tibial e o aparecimento de canelites. O tratamento do canelites exige repouso

absoluto para a completa reabilitação e um trabalho adequado de

fortalecimento do músculo tibial anterior, seria importante na readaptação às

atividades de vida diárias e a prevenção de novas lesões (CANAVAN, 2001).

Na marcha no momento do balanço, o tibial anterior gera a única

atividade muscular significativa no tornozelo e pé, mantendo o pé elevado para

que os artelhos não caiam no chão com impacto (DUTTON, 2006).

Segundo Martin e Sanderson (2000), a corrida é uma atividade motora

com uma complexidade que envolve a ação de vários níveis do sistema

nervoso, com a contribuição de grande parte dos músculos do corpo envolvida

no gesto motor da corrida como os extensores de quadril no início do apoio,

plantiflexores de tornozelo no final da fase de apoio, flexores de quadril no final

da fase de apoio e início do balanço, e os músculos que absorvem o

movimento ou desaceleradores como tibial anterior na resposta de carga,

quadríceps na fase de resposta da carga, plantiflexores durante o médio apoio,

isquiotibiais no final da fase de balanço, o que requer coordenação da

amplitude de movimento.

2. OBJETIVOS, MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo sobre a importância do fortalecimento muscular como

preventivo de lesão osteomusculares aplicado ao serviço operacional do

CBMGO foi realizado na Academia Bombeiro Militar, estruturado na forma de

artigo científico, utilizando questionário em uma amostra de 60 militares do

17

CBMGO e aproveitando a revisão de literatura sobre assuntos similares ao

tema, fortalecendo o assunto em questão.

O trabalho foi baseado em consultas pelo Sistema Online de Busca e

Análise de Dados Bibliográficos, através do Medline, Lilacs e Google, buscando

argumentos científicos que comprovam a importância do fortalecimento

muscular na prevenção de lesões osteomusculares, assim como identificando

as lesões cometidas no serviço operacional dos bombeiros.

O questionário foi realizado dentro da Academia Bombeiro Militar,

desenvolvido com 11 perguntas, papel tipo A4, para uma população de 60

militares do CBMGO. A população da amostra exigida para a participação no

estudo como processo de inclusão foi militares da ativa do CBMGO com pelo

menos 10 anos de atividades no serviço operacional. A preferência por

militares com pelo menos 10 anos de serviço operacional foi devido ao fato que

esses militares já têm um desgaste físico maior, repercutindo na precisão dos

resultados em pesquisa. Pela exigência acima escrita como inclusão na

pesquisa e por ter sido realizado na ABM, onde os efetivos em curso estão em

número reduzido, pensando na extensão da Corporação, a população em

estudo foi feita somente com homens.

O objetivo do trabalho é divulgar o estudo no âmbito do CBMGO,

auxiliando as pesquisas no meio científico, visando à evolução e o

desenvolvimento na área, colaborar com a prevenção de lesões

osteomusculares no serviço operacional, aprimorando os instrutores de TFM

através de minicursos, para uma preparação técnica e fisiológica sobre o

fortalecimento muscular funcional e futuramente elaborar um manual de

exercícios preventivos para o serviço operacional dos bombeiros.

O questionário foi realizado pelo próprio autor, constando 11 perguntas,

que segue em anexo neste artigo científico, onde não há identificação do

participante a fim de não mascarar o resultado e nem oprimir nas respostas, a

fim de identificar as lesões osteomusculares, tempo de afastamentos,

articulações cometidas com o trabalho operacional, freqüência de atividades

físicas e conscientização e orientação dos grupos musculares que devem sem

fortalecidos. Foi determinado para os estudados que respondessem as

questões com sinceridade.

18

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Seguindo a linha de raciocínio do contexto introdutório, o treinamento

físico é, portanto, um conjunto de atividades complexas, compreendendo

diversos conceitos e princípios de alta relevância para o planejamento,

direcionamento e estabelecimento da metodologia a ser aplicada.

A maneira de se trabalhar o treinamento físico vem evoluindo muito.

Hoje antes de se pensar no resultado final, fortalecer membros é um trabalho

de base para a evolução física, oferecendo qualidade de vida ao indivíduo. Um

programa de atividades incluindo trabalho de exercícios aeróbico e anaeróbico

fica mais completo pensando em uma melhora global do corpo e da mente.

O significado da palavra prevenção em saúde é mais abrangente do que

simplesmente defini-la como “o ato de evitar que algo aconteça”, mas sim a

ação antecipada, tendo por objetivo interceptar ou anular a evolução de uma

doença.

O fortalecimento muscular, no Treinamento Físico Militar, é importante

para prevenir lesões osteomusculares, que podem ser provocadas pelo simples

trabalho aeróbico de condicionamento cardiovascular como a corrida, assim

como trabalho de força e explosão. Durante a corrida praticada por bombeiros

militares a longa distância, a fase de apoio do calcanhar no chão provoca

impacto e transmissão de carga para a tíbia, gerando um estresse tibial e

consequentemente, podendo levar a fratura tibial. Uma forma isolada de

prevenção nos casos de estresse tibial seria o fortalecimento do músculo tibial

anterior.

A cadeia muscular posterior, músculos isquiotibiais e flexores plantares,

é um grande problema para atletas, assim também pode ser enquadrada a

exigência física dos bombeiros, pois, certas atividades dos bombeiros

aproximam desses competidores. O salvamento em ambientes confinados,

com roupa de aproximação, equipamento de proteção respiratória e retirada de

vítimas, gera um esforço e um desgaste muscular grande, podendo gerar

lesões. A cadeia muscular posterior é uma complicação quando se trata de

explosão muscular e encurtamento muscular, por ser mais encurtada e mais

fraca que a cadeia anterior na maioria dos casos. Como o músculo quadríceps,

19

em relação ao isquiotibiais (bíceps femural, semitendinoso e

semimembranoso), onde no momento de tensão máxima de extensão do

joelho, a cadeia mais fraca se rompe, provocando a ruptura de fibras

musculares. Conforme ilustrado na figura 2.

Figura 2 – Lesão de isquiotibiaisFonte: https://www.biossaude.com.br/distensao-muscular

O estudo em questão, desenvolvido com bombeiros militares do

CBMGO, foi desempenhado com uma amostra de 60 militares, com idade entre

31 a 51 anos, todos do sexo masculino, com tempo de serviço desempenhado

na Corporação entre 10 a 29,6 anos (gráfico – 1). As atividades

desempenhadas pelos militares em estudo, dentro da Corporação, englobam,

principalmente, salvamento e resgate. Uma vez que o serviço operacional

desenvolvido durante a carreira, é variável, desempenhando vários tipos de

atividades de acordo com a necessidade do CBMGO, mas com predominância

maior para essas atividades.

20

0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.20

10

20

30

40

50

60

31

51

10

29.6 tempo de serviço (anos)idade (anos)

Gráfico 1 – Idade dos bombeiros e tempo de serviço operacional.Fonte: do autor

Analisando o questionário, 100% dos participantes responderam que o

fortalecimento é essencial no serviço operacional com o objetivo de melhorar a

desenvoltura e a prevenção de lesões osteomusculares. Desses, 56% já

tiveram algum tipo de lesão osteomuscular relacionada à atividade operacional

com sobrecarga maior em joelhos e coluna lombar, conforme mostrado no

gráfico 2.

44%

56%

Porcentagem entre bombeiros mil-itares que já sofreram algum tipo de

lesão osteomuscular

nunca tiveram lesões tiveram lesões osteo-musculares

Gráfico 2 - Porcentagem entre bombeiros militares que já sofreram algum tipo de lesão osteomuscular.

Fonte : do autor

21

Dos militares em estudo, 60% já estiveram afastados das atividades

operacionais com atestado médico, durante dias, semanas ou meses e 40 %

nunca se afastaram. Os militares que ficaram afastados por dias, sendo em

número de 14%, foram classificados como nível leve, 16% ficaram afastados

por semanas, sendo classificados como moderados e 30% ficaram afastados

por meses e foram classificados como nível grave, de acordo com a ilustração

do gráfico 3. A classificação dos níveis foi determinada pelo autor do estudo

como critério de diferenciação do tempo de afastamento, separando em

afastamento por dias (nível leve), semanas (nível moderado) e meses (nível

grave) que pode ser uma equiparação à gravidade da lesão.

40%

14%

16%

30%

Porcentegem em relação aos afastamentos médicos

nunca ficaram afastadosafastamento por dias - nível leveafastamento por semanas - nível moderadoafastamento por meses - nível grave

Gráfico 3 - Porcentagem entre bombeiros com afastamentos médicos e sem afastamentos.

Fonte: do autor

As queixas dolorosas na articulação do joelho e colona lombar foram

relatadas por 80% dos bombeiros em estudo do CBMGO, como as regiões

mais sobrecarregadas devido ao impacto recebido nas atividades operacionais,

com prejuízo maior para a atividade de socorrista,

Os músculos abdominais são formados pelo músculo reto abdominal,

transverso, obliquo interno e obliquo externo, são os maiores protetores da

coluna lombar, que muitas vezes são motivos de afastamentos longos nas

22

instituições militares e civis. A coluna lombar juntamente com a coluna cervical

tem maiores mobilidades e estão propícias às lesões, seja pelo manuseio de

carga excessiva, sem uma preparação estrutural ou postura incorreta adotada

no cotidiano. Estudos realizados com socorristas de via pela Dos Santos,

(2007), pelo Centro Tecnológico da Terra e do Mar, Universidade do Vale do

Itajaí, São José, foram evidenciados queixas álgicas na coluna vertebral,

provocada pelo mau posicionamento e sobrecarga excessiva na coluna. A

sobrecarga é devido à elevação de carga pesada, como colocar a prancha com

a vítima na maca.

O movimento de flexo-extensão associados aos movimentos de

inclinação com rotação da coluna podem provocar hérnia de disco e

compressão de algum nervo do plexo lombossacral, levando as queixas álgicas

na região. Conforme ilustrado na figura 3 e 4.

Figura 3 - Compressão de raiz nervosaFonte: https://www.dorcoluna.com.br/entendadoresiraddiadas.htm

Figura 4 – lombalgiaFonte: https://www.pm.se.gov.br/policia-militar/dicas-de-saude

23

O trabalho de fortalecimento da musculatura abdominal realizado com

eficiência e orientação diminui o número de lesões na coluna lombar por ser

estabilizador e protetor da coluna lombar. Segue abaixo, ilustrados nas figuras

5,6 e 7 exemplos de fortalecimentos.

Figura 5 – fortalecimento do retoabdominal e transversoFonte: https://www.prozis.com/blog/pt-pt/tag/aumento-muscular

Figura 6 – fortalecimento de oblíquos internos e externosFonte: https://www.dicademusculacao.com.br/treinar-abdominal

Figura 7 – Fortalecimento da região infra-abdominalFonte: https://www.brunafsiolee.blogspot.com/2011/05/como-fortalecer--os-musculos-adbominais.html

24

Nota-se claramente, fato observado nas respostas do questionário, a

falta de consciência dos bombeiros quanto ao preparo intelectual sobre a

incidência e prevenção de lesões osteomusculares. As lesões que podem ser

evitadas com um programa de fortalecimento muscular específico e um

trabalho bem orientado. Isso repercute nos gastos públicos e na preocupação

do Comando do CBMGO quanto ao número de absenteísmo e efetivos

afastados por licenças médicas.

De acordo com o gráfico - 4, todos os bombeiros em estudo, acham que

o fortalecimento contribui na prevenção de lesões osteomusculares, mas 65%

desses, não tem consciência de quais grupos musculares específicos devem

ser fortalecidos para prevenir lesões ligada ao serviço operacional.

65%

35%

Estatística de 60 militares do CBMGO sobre a especificidade do fortalecimento como

prevenção de lesões

Bombeiros que não tem consciência do fortaleci-mento muscular Bombeiros que tem consciência do fortalecimento muscular

Gráfico 4 - Estatística de 60 militares sobre a especificidade do fortalecimento muscular como preventivo de lesões.

Fonte: do autor

O fortalecimento muscular feito de forma despreparada e inconsciente

pode provocar um desequilíbrio de cadeias musculares e uma

descompensação no alinhamento articular. O processo de lesão pode ser

potencializado pela ausência de uma programação especializada. A frequência

de lesões provocadas pelo desequilíbrio de cadeias musculares devido à

prática irregular de exercícios físicos, sem um acompanhamento profissional

nos treinos, é alta.

25

Foi identificado na pesquisa que 30% dos entrevistados não fazem

nenhum tipo de fortalecimento muscular.

Fisiologicamente é comprovado que as atividades físicas quando

submetidas a uma carga moderada a alta, provoca microlesões na musculatura

após ou durante a atividade, requerendo tempo para recuperação e

regeneração do músculo. O trabalho muscular exigido no serviço operacional

em um resgate e salvamento, através do uso de EPI, onde a carga é acrescida

em 23 Kg aproximadamente, exige uma preparação eficiente e eficaz da

musculatura para o bom desenvolvimento das missões. Segundo relatos da

população em estudo, o serviço operacional sobrecarrega as articulações dos

joelhos (figura 8), pela exigência da atividade de salvamento e resgate, que

podem ser amenizadas com um bom trabalho de fortalecimento muscular nas

regiões dos joelhos. Conforme ilustrado na figura 9, 10, 11 e 12.

Figura 8 – sobrecarga nas articulações dos joelhosFonte: https://www.runnersworldtr.com/kosmak-ve-diz

Figura 9- fortalecimento de quadríceps em cadeia cinética fechadaFonte: https://www.nutriworksuplementos.worldpress.com/category/artigos/page/2

26

Figura 10 - fortalecimento de quadríceps em cadeia cinética abertaFonte: https://www.receitaanabolica.com

Figura 11 – fortalecimento de isquitibiais em cadeia cinética fechadaFonte: https://www.blogpossivel.com/tag/membros-inferiores

Figura 12 - fortalecimento de isquiotibiais em cadeia cinética abertaFonte: https://www.facafisioterapia.net

27

A corrida que é uma atividade realizada com freqüência no Treinamento

Físico Militar como forma de condicionamento cardiovascular pode provocar

desgaste nas articulações dos joelhos, provocando futuramente artroses e

estresse tibial, provocando as caneites. Um trabalho dirigido para os grupos

musculares específicos diminui consideravelmente o impacto sobre as

articulações e o número de lesões. Tornando uma solução fácil nas atividades

comuns de bombeiros militares. Conforme foi comentado na introdução, o

impacto da corrida é transmitido dos pés diretamente para a região tibial,

provocando o aparecimento de canelites (figura 13), que produz uma dor

intensa e exige um bom tempo de repouso. Essa sobrecarga na região tibial

pode ser evitada com um simples trabalho de fortalecimento do músculo tibial

anterior. Exemplificado nas figuras 14 e 15.

Figura 13 – Canelite Fonte: https://www.saude.culturamix.com/doencas/como-evitar-a-periostite

Figura 14 – músculo tibial anterior (esquerda)Fonte: https://www.falafisio.com.br/fisioterapia/tendinopatia-do-tibial-anterior

28

Figura 15 – fortalecimento do músculo tibial anteriorFonte: https://www.cto-am.com/rhb_tobillo.htm

A oscilação entre atividades aeróbicas e anaeróbicas é importante para

a prevenção de lesões, uma vez que a musculatura Tipo I, vermelha, resistente

a fadiga é explorada nas atividades aeróbicas. E a musculatura tipo II, branca,

geradora de força, é explorada nas atividades anaeróbicas. Sabendo que todo

músculo é composto por fibras do Tipo I e II, mesmo com predominância de um

grupo característico, cabe ressaltar que um treinamento eficiente é aquele onde

é explorado os dois tipos de atividades para uma otimização dos dois tipos de

fibras musculares.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observando os relatos dos bombeiros militares em estudo, percebe-se

que muitos sabem da importância do fortalecimento muscular como fonte de

prevenção de lesão, mas não o pratica e quando exercita é sem uma

preparação consciente e profissional de quais grupos especificamente devem

ser fortalecidos para melhorar o desempenho muscular e se prevenirem de

lesões.

O trabalho de fortalecimento muscular aproveitado dentro do

Treinamento Físico Militar impõe aos militares um compromisso de se

exercitarem dentro da Organização Militar, preocupando - se com a saúde e

com o rendimento físico nas atividades operacionais.

29

O militar preparado e fortalecido fisicamente nos grupos musculares

propícios às lesões osteomusculares, repercute diretamente na gestão do

Comando, uma vez que os números de absenteísmo por afastamentos

médicos poderão ser reduzidos e os gastos financeiros do Governo com a

saúde do servidor público consequentemente também poderão sofrer redução.

Um trabalho de preparação técnica e fisiológica para os instrutores de

TFM e CFO através de minicursos de 16 horas, discorrendo conteúdo de 4

horas de fisiologia do exercício, 4 horas de fisiopatologia e 8 horas prática de

fortalecimento muscular funcional colaboraria na capacitação qualitativa dos

militares à frente da atividade, para a prevenção de lesões musculares, assim

como a evolução do CBMGO na profissionalização da instrução.

Portanto, é de extrema importância uma preparação eficiente para os

bombeiros, uma vez que equiparam a um atleta, para uma alta produção no

serviço operacional e o cumprimento das missões com excelência.

30

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34

GLOSSÁRIO

Osteomusculares : relativo aos ossos e músculos.

TFM : treinamento físico militar

Preventivo : utilizado para prevenir, evitar

Vigores:característica do que possui energia física ou moral; força.

Desgaste : gasto pelo uso ou atrito

Ortostática: à posição vertical

Locomotor: relativo a movimento

Miofibrila: filamentos da fibra muscular; unidade da fibra muscular

Actina: componentes dos filamentos finas da fibra muscular

Miosina: componentes dos filamentos grossos da fibra muscular

Contração concêntrica: tipo de contração onde há encurtamento da fibra

muscular

Contração excêntrica: contração com resistência ao alongamento

muscular

Despolarização: entrada de íons de Na (sódio) na célula

Acetilcolina: neurotransmissor do sistema colinérgico

CBMGO: Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás

Tendinopatias: patologia dos tendões

Overuse: usar em excesso

Canelites: inflamação da tíbia

Isquiotibiais: grupo muscular localizado na região posterior da coxa,

responsável pela flexão do joelho e extensão do quadril.

Absenteísmo: prática ou costume de se ausentar onde seria obrigatória

sua presença

35

ANEXOS

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA E ADM. PENITENCIÁRIA

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

ACADEMIA BOMBEIRO MILITAR – ABM

Cadete Lemos – CFO III

Questionário de Trabalho de Conclusão de Curso

Idade: _______

Tempo de serviço no CBMGO: _______

1. Qual a sua atividade operacional no

CBMGO?.....................................................................................................

2. Voce acha que o fortalecimento muscular é essencial no serviço

operacional do CBMGO? ( ) sim ( ) não

3. Você acha completo o programa de atividades físicas praticado no

CBMGO? ( )sim ( ) não

4. Já teve alguma lesão osteomuscular relacionada às atividades

operacionais? ( ) sim ( ) não

5. Quais lesões?

Especifique..................................................................................................

6. Quanto tempo ficou afastado pela lesão?.................................................

7. Qual articulação é mais sobrecarregada na sua atividade

operacional?................................................................................................

.....................

36

8. Faz algum trabalho de fortalecimento muscular? ( )sim ( ) não

9. Faz atividade física quantas vezes por semana?.......................................

10.Tem consciência de quais grupos musculares devem ser fortalecidos

como preventivos de lesão? ( ) sim ( ) não

11.Você acha que o fortalecimento muscular contribui na prevenção de

lesões osteomusculares? ( ) sim ( ) não