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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO LEVANTAMENTO DE ESPÉCIES DE FORMIGAS URBANAS EM UM HOSPITAL NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO ABNER LUIS OLIVEIRA DOS SANTOS NUNES Rio Claro - SP 2008

ABNER LUIS OLIVEIRA DOS SANTOS NUNESib.rc.unesp.br/Home/Pesquisa58/CEIS-CentrodeEstudosdeInsetosSocia... · Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO

LEVANTAMENTO DE ESPÉCIES DE FORMIGAS URBANAS

EM UM HOSPITAL NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

ABNER LUIS OLIVEIRA DOS SANTOS NUNES

Rio Claro - SP 2008

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO

LEVANTAMENTO DE ESPÉCIES DE FORMIGAS URBANAS

EM UM HOSPITAL NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

ABNER LUIS OLIVEIRA DOS SANTOS NUNES

Monografia apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana.

Rio Claro - SP 2008

Orientadora: Dra. ANA EUGÊNIA DE C. CAMPOS-FARINHA

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO

LEVANTAMENTO DE ESPÉCIES DE FORMIGAS URBANAS

EM UM HOSPITAL NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

ABNER LUIS OLIVEIRA DOS SANTOS NUNES

Monografia apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana.

Rio Claro - SP 2008

Comissão examinadora

______________________________________

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AGRADECIMENTOS

A minha esposa, pela dedicação, carinho e companheirismo, principalmente

nas horas mais difíceis.

Aos meus sogros, pelo apoio, atenção, carinho.

Aos meus familiares pelo apoio e paciência nas horas de ausência, durante o

decorrer do curso.

Aos amigos e funcionário do hospital Dr. Badim, pela colaboração no acesso

aos setores hospitalares.

A professora Dra. Ana Eugênia de Carvalho Campos-Farinha, pela

orientação, ensinamentos e auxílio no desenvolvimento do trabalho.

Ao professor Odair Correa Bueno pela colaboração, amizade, ensinamentos e

correção da monografia.

Aos demais colegas de curso, pela amizade, colaboração, convívio,

momentos de alegria e ensinamentos.

A empresa Núcleo Saúde Ambiental e Agropecuária pela compreensão nos

dias de ausência da empresa.

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ÍNDICE

Página

1. RESUMO................................................................................... 1

2. ABSTRACT............................................................................... 2

3. INTRODUÇÃO.......................................................................... 3

4. OBJETIVOS.............................................................................. 7

5. MATERIAL E MÉTODOS..........................................................

8

6. RESULTADOS E DISCUSÕES................................................

10

7.CONCLUSÃO..............................................................................

13

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................

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1. RESUMO

As formigas quando presentes nos hospitais podem ser responsáveis por sérios

agravos à saúde, atuando como vetores de microrganismos patogênicos, que

podem causar infecções hospitalares. O trabalho foi realizado com o objetivo de

identificar espécies de formigas que ocorreram em um hospital do município do Rio

de Janeiro, RJ, relacionando-as com a idade da construção, características físicas

da estrutura e o período de limpeza dos setores hospitalares. O levantamento foi

realizado através da colocação de iscas não tóxicas composta de: fígado de boi

desidratado, bolo de abacaxi e mel. As iscas foram colocadas em alguns setores do

hospital e coletadas duas vezes por semana entre os meses de junho e agosto de

2008. No total de 1600 pontos de coleta, ocorreram presença de formigas em 440

pontos, gerando um índice de ocorrência de 27,5%. Registraram-se 7 espécies de

formigas, sendo elas: Tapinoma melanocephalum, Paratrechina longicornis,

Pheidole sp, Camponotus spp, Brachymyrmex sp, Dorymyrmex sp, Atta sexdens. As

espécies de maior incidência foram a Tapinoma melanocephalum e a Paratrechina

longicornis. O número de pessoas que circulam no hospital, a idade da construção,

as características físicas da estrutura, a proximidade de residências e o período de

limpeza / higienização, justificam a maior ou menor abundancia, tanto de espécies

como de espécimes nos locais amostrados.

PALAVRAS-CHAVE: hospitais, formigas urbanas, manejo, controle

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2. ABSTRACT

Ants in hospitals are responsible for serious diseases once they are mechanical

vector os pathogenic microorganisms, which cause hospital infections. This work had

the aim at identifying ant species in a hospital in the city of Rio de Janeiro, Brazil

relating them with the age of the structure, as well as with its physical characteristics.

The survey was conducted using bovine liver, pineapple cake and honey in equal

parts and mixtured as baits. Such baits were set twice in a week from June to August

2008.A total of 1,600 baiting sites were set and ants were collected in 440 of them,

with an occurrence index of 27.5%. Tapinoma melanocephalum, Paratrechina

longicornis, Pheidole sp, Camponotus spp, Brachymyrmex sp, Dorymyrmex sp, Atta

sexdens rubropilosa were identified. The most common species were T.

melanocephalum and P. longicornis. The number of people working and using the

hospital, the age of the construction, its physical and structural characteristics,

besides its proximity with residences and systematic cleaning justify the great of less

ant abundance.

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3. INTRODUÇÃO

A vida em sociedade favorece a luta pela sobrevivência, pois facilita a busca

do alimento, melhora as oportunidades de defesa contra os predadores e

competidores e facilita o cuidado com a cria e construção de refúgios (Bueno &

Campos-Farinha, 1999).

As formigas são insetos sociais e ocorrem praticamente, em todos os

ambientes terrestres, exceto nos pólos e como qualquer ambiente natural, os

ambientes artificiais podem ser colonizados e explorados por várias espécies de

formigas (Bueno & Campos-Farinha, 1999) e algumas se encontram associadas aos

homens e convivem em suas residências.

Estima-se que existam cerca de 18.000 espécies de formigas no mundo. No

Brasil, já estão catalogadas mais de 2.000 espécies (Campos-Farinha & Bueno,

1998). Do total existente, cerca de 1% das espécies pode ser considerada praga

por causar conflito com os interesses do homem e menos de 50 espécies estão

adaptadas ao ambiente urbano.

Várias espécies de formigas tiveram sucesso adaptativo ao colonizarem e

explorarem esses ambientes artificiais, onde as condições para à sua sobrevivência

foram favorecidas de tal modo que elas têm causados sérios problemas em

residências, hospitais, fábrica de alimento, apiários e cabinas de eletricidade (Fowler

& Bueno, 1998). A formação de populações unicolaterais e as altas taxas de

reprodução e poliginia associadas à variabilidade das espécies contribuem para

dificultar seu controle (Bueno & Campos-Farinha, 1999).

As formigas pertencem ao grupo de insetos sociais, juntamente com todos os

cupins e parte das abelhas e vespas; portanto vivem em colônias, sendo todas as

espécies de formigas conhecidas são altamente eusociais.

Uma colônia de formiga é formada de indivíduos adultos e em

desenvolvimento ou cria, constituída de ovos, larvas e pupas. Os adultos, com raras

exceções são fêmeas e estão divididas em pelo menos duas castas: as fêmeas

férteis ou rainhas, cuja função primordial é a postura de ovos e as fêmeas estéreis

ou operárias que realizam todas as demais atividades da colônia, tais como: coleta

de água e alimento, alimentação da cria e da rainha, construção e defesa do ninho.

As operárias, por sua vez, podem apresentar formas diferentes, duas ou mais, fato

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denominado de polimorfismo, que está relacionado com a realização de tarefas

distintas (Bueno & Campos-Farinha, 1999).

As operárias não apresentam asas e as formas aladas correspondem aos

sexuais: rainhas e machos. Estes, geralmente, aparecem apenas uma vez por ano

na época de acasalamento, que se dá através da realização do vôo nupcial.

Conseqüentemente, uma colônia de formigas é constituída exclusivamente de

fêmeas ápteras (Bueno & Campos-Farinha,1999).

É importante ressaltar que no máximo 30% da população adulta de uma

colônia pode exercer atividades externas ao ninho ao mesmo tempo. Geralmente,

este valor não ultrapassa 5 à 10% (Campos-Farinha & Bueno, 1998).

As colônias, nas várias espécies, podem ter uma única rainha, fenômeno

denominado de monoginia, ou várias rainhas funcionais, poliginia. Em geral, as

rainhas de uma espécie poliginica vivem menos do que aquelas das espécies

monogínicas. Em compensação, a capacidade da colônia em produzir novas rainhas

é maior e ocorrem várias vezes por ano.

Como são insetos holometabólicos, todos os indivíduos da colônia passam

por três estágios de desenvolvimento até atingir a fase adulta. São eles: ovo, larva e

pupa. O adulto imago é o quarto estágio.

A dieta das formigas é muito variada. A maioria é onívora, isto é, alimenta-se

do que encontra, seja doce, animal, vegetal. Algumas espécies são carnívoras e

alimentam-se de outros animais (mortos ou vivos), principalmente de outros insetos

e de suas secreções, enquanto outras se alimentam de seiva ou néctar de plantas

ou de fungos. Conhecer o hábito alimentar de uma dada espécie de formiga é muito

importante para um controle efetivo. Além disso, a observação dos carreiros (trilhas)

formados pelas formigas durante o forrageamento é uma ótima pista para localizar o

ninho. A simples eliminação, ou melhor, proteção de um dado alimento pode evitar a

atração de formigas para aquele local (Bueno & Campos-Farinha, 1999).

A presença de formigas em residências, apesar de causar bastante

incômodo, não é considerada, um perigo à saúde, a menos que os moradores sejam

alérgicos à sua saliva ou ao veneno daquelas formigas que apresentam o ferrão.

Nos prédios elas podem invadir e causar danos a equipamentos eletro-eletrônicos,

tais como: aparelhos de som, televisores, máquinas de lavar roupa, vídeo-cassete,

telefones e fiação elétrica. Elas podem causar problemas mais sérios quando

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ocorrem em fábricas de alimento, escritórios, instituições de pesquisa, biotérios,

zoológicos, museus, cabines de eletricidade e centrais telefônicas.

Também se tornam uns perigos potenciais à saúde publica quando a

infestação se dá em hospitais, pelo fato de terem a capacidade de transportar

microrganismos patogênicos, atuando como vetor mecânico (Bueno & Campos –

Farinha, 1999).

Estudos realizados em hospitais brasileiros (Bueno & Fowler, 19994;

Peçanha, 2000) demonstram que a diversidade de espécies de formigas é alta

quando comparada a mimercofauna, nos mesmos ambientes, em países de clima

temperado como nos Estados Unidos, países da Europa e Chile.

Segundo (Bueno & Campos-Farinha, 1999), alguns fatores facilitam o

aumento e a disseminação das espécies urbanas como o intenso tráfico de

mercadorias, as estruturas construtivas, o uso freqüente de inseticidas, além das

seguintes características:

a) Associação com o homem: Preferência por áreas modificadas

ou perturbadas pela atividade humana, com facilidade em encontrar

locais para construção de ninhos.

b) Migração: Devido a atração por ambientes perturbados e

instáveis ligados a atividade humana elas apresentam forte tendência a

mudar constantemente o ninho de lugar, o que lhes confere ninhos

poucos estruturados com pequena defesa.

c) Populações unicoloniais: Espécies unicoloniais são

caracterizadas pela baixa agressividade intraespecífica, com ausência

de comportamentos agressivos entre indivíduos de diferentes ninhos

que ocorrem numa mesma área, permitindo troca de indivíduos entre

os diferentes ninhos.

d) Agressividade interespecífica: Apresentam uma alta

agressividade intraespecífica, onde espécies exóticas deslocam

espécies nativas. Entre elas, formigas urbanas podem conviver, sendo

uma dominante e a outra subdominante, podendo ainda haver uma

forte competição.

e) Poliginia: São espécies verdadeiramente poligínicas, sem

agressão entre as rainhas e sem a tentativa de dominância de uma

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delas. O número de rainhas residentes é alto sendo difícil quantifica-las

devido a ausência de limites claros entre as colônias e muitas vezes,

devido à uma variação sazonal na produção de novas rainhas.

f) Reprodução: Há ausência de vôo nupcial e o acasalamento

ocorre na entrada ou no interior do ninho. A reprodução ocorre com a

fragmentação da colônia (fenômeno denominado sociotomia), com ou

sem rainhas, estabelecendo novos ninhos alguns metros adiante.

g) Tamanho e forma: As operárias são muito pequenas e

apresentam operárias monomórficas. As rainhas por outro lado, são

bem maiores, porém raramente excedem 6 mm de comprimento.

h) Longevidade da rainha: Em geral rainhas de espécies

polgínicas têm vida mais curta que as espécies monogínicas. No caso

das formigas domésticas, a longevidade das rainhas é extremamente

curta, variando de vinte semanas a um ano. Esse período de vida é

compensado pela grande capacidade de produzir novas rainhas.

I) Operárias estéreis: É uma característica comum entre essas

espécies, onde as operárias não desenvolvem ovários.

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4. OBJETIVOS Este trabalho teve como objetivo de identificar as espécies de formigas que ocorrem

em um hospital no município do Rio de Janeiro, RJ, relacionando-as com a idade da

construção, características físicas da estrutura e o período de limpeza dos setores

hospitalares.

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5. MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no período de Junho à Agosto de 2008, no Hospital

Dr. Badim, localizado no município do Rio de Janeiro, RJ, com posição geográfica

22º54'23" de latitude sul e 43º10'21" de longitude oeste, no município do mesmo

nome: é a capital do Estado do Rio de Janeiro, um dos componentes da Região

Sudeste do Brasil.

Foram utilizadas iscas atrativas não tóxicas, com fígado desidratado de

bovino, mel e bolo sabor de abacaxi, em partes iguais. A mistura foi acondicionada

em canudos plásticos (como os utilizados para consumo de refrigerantes) cortados

em pedaços de 2cm de comprimento (Figura 1).

Figura 1: Iscas não tóxicas acondicionadas em canudinhos

Os canudos com a isca foram depositados, no chão atrás da porta, colados

com fita adesiva no canto de uma das paredes (a uma altura de aproximadamente 1

metro do solo) e abaixo de janelas (Figura 2). Foram colocadas nos 8 setores do

hospital 100 iscas por dia, totalizando 1600 pontos de coleta (localizados na área

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externa e principalmente na área interna do hospital) (Figura 3). As coletas foram

realizadas duas vezes por semana no período de Junho a Agosto de 2008.

As iscas foram depositadas nos respectivos locais de coleta por volta das 8

horas e retiradas às 14 horas. Não foram realizadas coletas noturnas. Formigas que

estavam fora ou na isca, foram coletadas com o auxílio de um pincel fino embebido

em álcool e posteriormente colocadas em recipientes contendo álcool a 70%,

devidamente etiquetados com a data, local de coleta e coletor. Os espécimes foram

identificados em nível específico, sempre que possível, e depositados na Coleção

Entomológica “Adolph Hempel do Centro de Sanidade Vegetal do Instituto Biológico.

Figura 2: Isca colocada no rodapé, perto do chão

Figura 2: Isca colocada no rodapé, perto do chão

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Figura 3: Isca colocada na área interna

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No total de 1.600 pontos de coletas, foram verificados presença de formigas

em 440 pontos (Figura 4), o que determinou um índice de ocorrência de 27,5%

(Gráfico 1). Foram identificadas 7 espécies de formigas, sendo elas: Tapinoma

melanocephalum, Paratrechina longicornis, Pheidole sp, Camponotus spp,

Brachymyrmex sp, Dorymyrmex sp, Atta sexdens.

Tapinoma melanocephalum e Paratrechina longicornis foram às espécies

mais freqüente no estudo realizado. Os resultados deste trabalho são semelhantes

aos resultados obtidos por (Bueno & Campos-Farinha, 1999) em estudos realizados

em hospitais a sete hospitais no estado de São Paulo.

Paratrechina longicornis são formigas indicativas de deficiência de estrutura,

geralmente quando encontradas em áreas internas do s hospitais, onde fazem seus

ninhos, mas buscam alimento nas áreas externas (Bueno e Fowler,1994).

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Durante o trabalho realizado no hospital, alguns setores passavam por

reformas em algumas estruturas. P. longicornis ocorreu em quase todo o período de

estudo, também relatado por Zarzuela et al (2002).

Foram coletadas principalmente no térreo, na sobreloja e restaurante, sendo

uma espécie comum em quase todos os hospitais brasileiros, como observado por

Bueno & Fowler (1994), Peçanha (2000) e Terossi, (2000). A presença traz riscos de

infecções hospitalares aos pacientes como verificado por Peçanha (2000) que

observou onze bactérias patogênicas sendo vinculadas por esta espécie.

As espécies Tapinoma melanocephalum e Brachymyrmex sp. foram mais

freqüentes nos locais com melhor estado de conservação, coerentes com o hábito

dessas espécies de fazerem os ninhos no interior da construção, utilizando

pequenas cavidades em azulejos, guarnições, janelas e em batentes de portas. A

estrutura física bem conservada das estruturas não impede a construção dos ninhos

dessas espécies (Bueno & Campos-Farinha, 1998).

No levantamento de formigas, a Brachymyrmex sp. ocorreu com maior

freqüência nos locais em melhor estado de conservação.

A ocorrência de Camponotus spp no hospital pode também estar relacionada

com as áreas verdes disponível, na qual propiciaria a instalação dos seus ninhos

principais, como foi observado por Oliveira; Campos-Farinha (2005), em Maringá,

PR. Em áreas internas de hospitais, a presença de formigas carpinteiras, como são

conhecidas, indicaria deficiências estruturais, as quais por sua vez, favoreciam

locais para sua nidificação (Bueno e Fowller, 1994).

Em relação à ocorrência de Pheidole sp que se restringiu a locais específicos.

Este faro demonstra ausência de agressividade intraespecífica dessas espécies

nativas, diferente do observado com outras espécies, como no caso da Pheidole

megacephala que possui o hábito de deslocar outras formigas (Piva, 1999; May &

Heterick, 2000).

A presença da espécie Atta sexdens, conhecido gênero de formiga cortadeira,

estaria relacionadas às áreas verdes existentes nas proximidades do local e também

à presença de jardins no hospital.

Em alguns pontos de coleta não ocorreu incidência de formigas, devida

principalmente à variação de temperatura no local e o período de limpeza e

higienização como observado por Silva; Loeck (1999). No nosso caso a limpeza e

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Presença de Formigas no Hospital

Ocorrência

Não ocrrência

27,50%

higienização são quase constantes por se tratar de um hospital particular de classe

média.

Os fatores que podem ter contribuído para o aparecimento das formigas nos

locais foram, a proximidade às residências, as embalagens de certos medicamentos,

embalagem de alimentos que podem servir de esconderijo, além da circulação de

pessoas com roupas e objetos que podem conter ninhos (Zarzuela etal, 2002).

Figura 4: Presença de formigas na isca

Gráfico 1)

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7. CONCLUSÃO

Os resultados obtidos neste trabalho revelam que as espécies de formigas de

maiores incidências nos locais amostrados foram a Tapinoma Melanocephalum na

área interna e Paratrechina longicornis na área externa.

Os resultados também demonstraram que estratégias únicas de controle não

são eficientes para as formigas nos hospitais, uma vez que a diversidade de

espécimes difere em cada um deles.

Para o controle de formigas urbanas é necessária a combinação de

estratégias, o que pode ser facilitada pela identificação correta das espécies,

permitindo conhecer seus hábitos de nidificação e de forrageamento.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BUENO, O.C. & CAMPOS – FARINHA, A.E.C. Formigas urbanas: comportamento

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16, 1998.

BUENO, O.C, & FOWLER, H.G. Exotc ants and native ant fauna of Brazilian

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species, Westview Press, 1994, cap. 16, p. 191-205.

CAMPOS-FARINHA, A.E.C.; BUENO, O.C.; M.C.G. CAMPOS & L.M.KATO. 2002. As formigas urbanas no Brasil: Retrospecto. Biológico 64: 129-133.

FOWLER, H.G.; ANAURAMA FILHO, F.; BUENO, O.C. Formigas nos hospitais.

Ciência Hoje, v.19, n.111, p.12-13, 1995.

FOWLER, H.G. & BUENO, O.C. O avanço das formigas urbanas. Ciência Hoje 23:

73-80, 1998.

OLIVEIRA, M.F. & CAMPOS-FARINHA, A.E.C. Formigas urbanas do município de

Maringá,PR, e suas implicações. Arquivo do Instituto Biológico, São Paulo, v.72, n.1,

p.33-39, 2005.

PEÇANHA, M.P. Formigas como vetor de propagação bacteriana no Conjunto

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PIVA, A. Estrutura de comunidade das formigas urbanas do bairro da Vila Mariana

na cidade de São Paulo, 1999. 35p. [Monografia (Graduação) Instituto Biológico].

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SILVA, E.J.E & LOECK, A.E. Ocorrência de formigas domiciliares (Hymenoptera,

Formicidae) em Pelotas, RS. Revista Brasileira de Agrociência, v.5, n.3, p.220-224,

1999.

TEROSSI, D.A.C. Monitoramento de formigas no Hospital Sociedade Operária

Humanitária, Limeira, SP, 2000, 33p. [ Monografia (Especialização) – Instituto de

Biociências – UNESP.

ZARZUELA, M.F.M.; RIBEIRO, M.C.C.; CAMPOS - FARINHA, A.E.C. Distribuição de

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