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Abordagem do modelo transteórico no comportamento alimentar Transtheoretical model approach in eating behavior Natacha Toral 1 Betzabeth Slater 1 1 Departamento de Nutrição, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. Av. Dr. Arnaldo 715, Cerqueira César. 01246- 904. São Paulo SP. [email protected] 1641 TEMAS LIVRES FREE THEMES Abstract The study of eating behavior has been much interest, as this is an essential element for the success of dietary interventions. In view of the complexity of the subject and the countless influ- ences to which it is subject, it is suggested that an in-depth exploration of eating behavior determi- nants enhances the impact of programs promot- ing healthy dietary practices. Increasingly more frequent, the adoption of inadequate diets in Bra- zil and elsewhere in the world leads to questions about the impact of dietary interventions tradi- tionally applied to population groups. Many nu- tritional education strategies are currently de- scribed in the literature; however, motivating people to change their eating habits is still a ma- jor public health challenge. Applying the trans- theoretical model seems to have a promising role for an enhanced understanding of changes in eat- ing habits that are targeted by dietary interven- tions. Strategies that are tailored to each step in these changes, as identified by this theory, can motivate people more effectively to adopt health- ier eating habits. Key words Eating habits, Theories, Transtheo- retical model, Dietary interventions Resumo O estudo do comportamento alimen- tar tem despertado grande interesse por se tratar de um elemento importante para o sucesso de intervenções nutricionais. Considerando-se a complexidade do tema e as inúmeras influências a que está submetido, sugere-se que o aprofun- damento de pesquisas sobre os determinantes do comportamento alimentar possibilite maior im- pacto nas ações de promoção de práticas alimen- tares saudáveis. A adoção cada vez mais freqüente de uma alimentação inadequada no Brasil e no mundo leva a um questionamento sobre o im- pacto das intervenções nutricionais tradicional- mente utilizadas em âmbito populacional. Di- versas estratégias de educação nutricional são atualmente descritas na literatura; contudo, al- cançar a motivação da população para uma mudança efetiva do padrão alimentar ainda é um dos grandes desafios para a saúde pública. A aplicação do modelo transteórico parece ter um papel promissor em relação à melhor compreen- são da mudança de comportamento alimentar, almejada nas intervenções nutricionais. Estra- tégias que envolvam o direcionamento para cada estágio de mudança de comportamento, identi- ficado segundo essa teoria, podem ser mais efica- zes quanto à motivação dos indivíduos a adotar práticas alimentares mais saudáveis. Palavras-chave Comportamento alimentar, Teorias, Modelo transteórico, Intervenções nu- tricionais

Abordagem Do Modelo Transteórico - Natacha (Artigo)

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O Modelo transteórico

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  • Abordagem do modelo transtericono comportamento alimentar

    Transtheoretical model approach in eating behavior

    Natacha Toral 1

    Betzabeth Slater 1

    1 Departamento deNutrio, Faculdade deSade Pblica,Universidade de So Paulo.Av. Dr. Arnaldo 715,Cerqueira Csar. 01246-904. So Paulo [email protected]

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    Abstract The study of eating behavior has beenmuch interest, as this is an essential element forthe success of dietary interventions. In view of thecomplexity of the subject and the countless influ-ences to which it is subject, it is suggested that anin-depth exploration of eating behavior determi-nants enhances the impact of programs promot-ing healthy dietary practices. Increasingly morefrequent, the adoption of inadequate diets in Bra-zil and elsewhere in the world leads to questionsabout the impact of dietary interventions tradi-tionally applied to population groups. Many nu-tritional education strategies are currently de-scribed in the literature; however, motivatingpeople to change their eating habits is still a ma-jor public health challenge. Applying the trans-theoretical model seems to have a promising rolefor an enhanced understanding of changes in eat-ing habits that are targeted by dietary interven-tions. Strategies that are tailored to each step inthese changes, as identified by this theory, canmotivate people more effectively to adopt health-ier eating habits.Key words Eating habits, Theories, Transtheo-retical model, Dietary interventions

    Resumo O estudo do comportamento alimen-tar tem despertado grande interesse por se tratarde um elemento importante para o sucesso deintervenes nutricionais. Considerando-se acomplexidade do tema e as inmeras influnciasa que est submetido, sugere-se que o aprofun-damento de pesquisas sobre os determinantes docomportamento alimentar possibilite maior im-pacto nas aes de promoo de prticas alimen-tares saudveis. A adoo cada vez mais freqentede uma alimentao inadequada no Brasil e nomundo leva a um questionamento sobre o im-pacto das intervenes nutricionais tradicional-mente utilizadas em mbito populacional. Di-versas estratgias de educao nutricional soatualmente descritas na literatura; contudo, al-canar a motivao da populao para umamudana efetiva do padro alimentar ainda um dos grandes desafios para a sade pblica. Aaplicao do modelo transterico parece ter umpapel promissor em relao melhor compreen-so da mudana de comportamento alimentar,almejada nas intervenes nutricionais. Estra-tgias que envolvam o direcionamento para cadaestgio de mudana de comportamento, identi-ficado segundo essa teoria, podem ser mais efica-zes quanto motivao dos indivduos a adotarprticas alimentares mais saudveis.Palavras-chave Comportamento alimentar,Teorias, Modelo transterico, Intervenes nu-tricionais

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    Introduo

    Uma busca crescente por maior compreenso docomportamento alimentar individual ou de gru-pos populacionais tem sido constantementeobservada na literatura. Este comportamentocorresponde s atitudes relacionadas s prticasalimentares em associao a atributos sociocul-turais, como os aspectos subjetivos intrnsecosdo indivduo ou prprios de uma coletividade,que estejam envolvidos com o ato de se alimen-tar ou com o alimento em si1. Destaca-se que,para o melhor entendimento do tema, indis-pensvel aprofundar o conhecimento dos deter-minantes do comportamento alimentar, os quaisincluem uma complexa gama de fatores nutricio-nais, demogrficos, sociais, culturais, ambientaise psicolgicos.

    O comportamento alimentare seus determinantes

    O peso e a imagem corporal do indivduo sofatores nutricionais que influenciam seu compor-tamento alimentar. Isso porque tanto o excessode peso como a insatisfao com o prprio cor-po podem motivar a realizao de restries ali-mentares. Calderon et al. 2 verificaram que 41,3%dos adolescentes de uma escola pblica america-na afirmaram comer menos do que gostariamde forma consciente para controlar o peso. Des-taca-se que o incio de tais prticas observadocada vez mais precocemente. No mesmo estudo,constatou-se que 15% dos participantes relata-ram ter aderido a dietas restritivas antes dos 11anos e 84% aos 14 anos.

    Alm da idade, outras caractersticas socio-demogrficas so consideradas condicionantesdo consumo alimentar, como sexo, etnia, escola-ridade e estado civil. Um estudo realizado com1.450 adultos americanos demonstrou que, tan-to em homens quanto em mulheres, a escolari-dade apresentava uma associao positiva como consumo de frutas e hortalias3. Da mesmaforma, Havas et al.4 tambm constataram o pa-pel do nvel educacional como preditor do con-sumo desses alimentos. Nesse estudo, que envol-veu 3.122 mulheres, observou-se tambm que ofato de ser negra, estudante, gestante ou lactantee no ser tabagista foi associado a um consumomaior de frutas e hortalias.

    Freqentemente, a renda considerada umdelimitador das escolhas alimentares, no sentidoda escassez de recursos disponveis para permitir

    o acesso aos alimentos. Porm, so observadasoutras implicaes da condio financeira nocomportamento alimentar. Estudo recente reali-zado por Drewnowski e Specter 5 mostrou que asdietas saudveis, caracterizadas pelo maior con-sumo de frutas, hortalias, gros integrais e car-nes magras, so mais caras que as dietas caracte-rsticas do padro ocidental, ricas em alimentosgordurosos e doces. Os autores afirmam que oacesso limitado a produtos de melhor qualidadenutricional pode inclusive ser analisado como umfator causal da obesidade.

    Em relao aos determinantes sociais do com-portamento alimentar, de Castro6 realizou umareviso sobre o impacto de diversos fatores notamanho das refeies consumidas. A presenade outras pessoas proporcionava um aumentosignificativo da quantidade consumida e do teorcalrico total da refeio. O autor levantou duashipteses para explicar esse fato, denominado defacilitao social. Primeiro, a presena de ami-gos ou parentes, principalmente, poderia pro-mover uma desinibio do indivduo, levando-oa comer mais. Em segundo lugar, a maior dura-o das refeies realizadas na presena de ou-tros ocasionaria uma exposio prolongada doindivduo aos alimentos, propiciando tambmum consumo maior. Verificou-se que o nmerode pessoas presentes em cada refeio apresen-tou uma correlao positiva com a quantidadeconsumida, variando entre um aumento de 33%na presena de uma pessoa at 96% quando seteou mais pessoas estavam presentes6.

    Do mesmo modo, fatores culturais esto en-volvidos nas prticas alimentares, como o vege-tarianismo e algumas religies, que preconizama seleo de determinados alimentos para o con-sumo. O rigor das leis dietticas judaicas exem-plifica essa questo. Segundo a dieta kasher, proibido o consumo de carne suna e carnes doquarto traseiro, inclusive dos animais puros, almda ingesto de ovos que contenham manchas desangue e a mistura de laticnios com carnes7.

    Alm disso, a poltica de globalizao mundi-al facilitou o comrcio de alimentos entre os pa-ses, internacionalizando prticas alimentares.Uma estratgia utilizada por grandes redes co-merciais de fast foods possibilitar o acesso a ali-mentos com as mesmas caractersticas em diver-sos locais do mundo, de forma a isentar os indi-vduos da necessidade de se realizarem novas es-colhas na sua alimentao8. Entre pases de con-tinentes distintos, so observadas diferenas nasquantidades consumidas, na composio, no fra-cionamento da dieta e no padro de consumo

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    em relao distribuio diurna ou noturna dasrefeies6.

    Diversos estudos tm investigado a influn-cia de aspectos psicolgicos no consumo alimen-tar. Os itens geralmente avaliados incluem o co-nhecimento e as crenas sobre as caractersticasde uma alimentao saudvel, a atitude frente dieta, o reconhecimento dos seus benefcios e dasbarreiras encontradas para adot-la, a disponi-bilidade de um suporte social que favorea prti-cas adequadas e a responsabilidade sobre com-pra e preparo das refeies9,10,11,12.

    Uma pesquisa com amostra representativada Inglaterra mostrou que as atitudes relaciona-das a uma alimentao saudvel eram elementosessenciais na diferenciao entre consumidorescom alta ou baixa ingesto de frutas e hortalias,inclusive mais importantes do que o conhecimen-to dos indivduos sobre as caractersticas de umadieta adequada12. No estudo realizado por Ha-vas et al.4, as variveis psicolgicas associadas sig-nificativamente maior ingesto de frutas e hor-talias foram o conhecimento correto sobre arecomendao de consumo, a menor percepode barreiras para aumentar o consumo, as atitu-des mais positivas frente alimentao e o maiorsuporte social para essa prtica.

    Outro fator psicolgico comumente avalia-do em estudos de comportamento alimentar aauto-eficcia do indivduo. Este termo corres-ponde confiana que ele tem em si mesmo emrelao sua habilidade para fazer escolhas sau-dveis em determinadas situaes, por exemplo,optar por frutas em vez de doces, consumir ali-mentos saudveis quando est fora de casa e co-mer em quantidades moderadas na presena dosamigos.

    Um estudo norte-americano avaliou a auto-eficcia de 242 estudantes adolescentes para a re-alizao de determinadas escolhas alimentaressaudveis13. Foi demonstrado que maiores n-veis de auto-eficcia associavam-se a um consu-mo menor de alimentos ricos em acares emambos os sexos e menor consumo de alimentosgordurosos entre meninos. No estudo de Havaset al. 4, tambm se observou uma associao en-tre a auto-eficcia e as prticas alimentares. Foiverificado que o escore de auto-eficcia das mu-lheres avaliadas relacionava-se de forma signifi-cativa ao consumo de frutas e hortalias.

    O ambiente tem sido considerado como umagrande influncia do comportamento alimentar,principalmente em estudos epidemiolgicos so-bre a obesidade. Na literatura, observa-se inclu-sive a utilizao do termo obesognico na des-

    crio do ambiente promotor da obesidade, isto, aquele que apresenta acesso amplo e facilitadoa alimentos de alta densidade energtica, pobresem micronutrientes, normalmente consumidosem estabelecimentos fora do mbito familiar14.

    Considerando o exposto, possvel afirmarque o comportamento alimentar determinadopor diversas influncias, que incluem aspectosnutricionais, demogrficos, econmicos, sociais,culturais, ambientais e psicolgicos de um indi-vduo ou de uma coletividade. A interao exis-tente entre as dimenses cognitivas e emocionaisque esto envolvidas no comportamento alimen-tar torna-se, portanto, evidente. Verifica-se queos inquritos alimentares utilizados atualmentereferem-se apenas ao primeiro componente dareferida interao, ou seja, restringem-se a umacaracterizao racional da dieta, desconsideran-do os demais componentes de uma prtica tocomplexa como a alimentar. Dessa forma, o es-tudo aprofundado do tema requer uma aborda-gem interdisciplinar, que inclua aspectos prpri-os de diferentes reas do conhecimento cientfi-co, provenientes da Nutrio, Antropologia, Eco-nomia, Sociologia e Psicologia.

    O conhecimento sobre comportamentoalimentar em pesquisas de nutrio

    O interesse na investigao sobre o comporta-mento alimentar baseia-se na possibilidade deaumentar a efetividade de intervenes nutricio-nais1. Acredita-se que medida que se conhecemmelhor os determinantes do comportamento ali-mentar, seja de um indivduo ou de um grupopopulacional, aumentem as chances de sucesso eo impacto de uma ao de promoo de prticasalimentares saudveis15.

    Segundo Buttriss11, o aspecto mais impor-tante na promoo da sade provavelmente tornar o indivduo capaz de traduzir as inme-ras informaes sobre nutrio a que ele est ex-posto em informaes prticas sobre quais ali-mentos deve escolher para garantir uma alimen-tao saudvel. Da mesma forma, o fornecimentode informaes explicaria apenas racionalmenteuma mudana no comportamento alimentar1.

    Contudo, importante destacar que o forne-cimento de informaes sobre qualquer compor-tamento de sade fundamental nas atividadeseducativas. O conhecimento contribui para sus-tentar ou desenvolver novas atitudes; o com-ponente racional necessrio para motivar umaao desejada. Apesar do fornecimento de infor-

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    maes no ser um motivador incondicional dasaes visadas, no h ao que ocorra sem moti-vao e a motivao no ocorre sem que haja aformao de uma base de experincias prvias,construdas a partir de informaes recebidas16.

    Stables et al.17, de fato, verificaram que a cons-cincia e o conhecimento sobre as recomenda-es dietticas so preditores significativos da mu-dana de comportamento alimentar. Os autoresconduziram um estudo nos Estados Unidos so-bre a influncia do conhecimento do programa5-A-Day for a Better Health no consumo alimen-tar e observou-se que aqueles que conheciam asmensagens veiculadas pelo programa consumi-am em mdia 1,5 pores a mais de frutas e hor-talias quando comparados aos que desconheci-am tais informaes.

    Por outro lado, ressalta-se que o objetivo deuma interveno nutricional no apenas o for-necimento de informaes, mas o alcance de umamodificao no comportamento alimentar18. Esterepresenta o grande desafio a ser enfrentado:transformar o conhecimento cientfico e as reco-mendaes dietticas em mudanas efetivas nocomportamento alimentar19.

    H evidncias de que intervenes nutricio-nais apresentam maior efetividade quando sopautadas no comportamento, nas necessidades ecrenas da populao-alvo. Brug et al. 20 desen-volveram um programa de educao nutricionalindividualizado, por meio da utilizao do com-putador, com o objetivo de melhorar o consumoalimentar de 347 trabalhadores de Amsterd. Odirecionamento das mensagens baseava-se nasinformaes coletadas num processo de triagemsobre o consumo alimentar e em trs fatores psi-cossociais: atitudes, influncia social e auto-efic-cia dos participantes. Observou-se que aquelesque receberam a interveno individualizada apre-sentaram uma reduo no consumo de gordurae demonstraram atitudes e intenes positivasfrente adoo de hbitos alimentares saudveis.

    Para que o indivduo modifique de fato suasprticas alimentares, necessria uma internali-zao da justificativa para uma mudana em seuscostumes1. Esse processo caracterizado pela mo-tivao exigida para adotar uma alimentao sau-dvel. Segundo Buttriss11, quando h uma ten-tativa de mudar prticas alimentares em um de-terminado grupo, essencial o conhecimentosobre os fatores que motivam os indivduos ouevitam que os mesmos realizem modificaes emsuas dietas.

    A motivao refere-se ao processo de esti-mular o indivduo a agir. Assim, so identifica-

    dos dois tipos de motivao para uma mudanade comportamento: a intrnseca e a extrnseca. Amotivao intrnseca aquela que surge do indi-vduo, abrange seus desejos, necessidades e me-tas e estabelecida a partir do desejo de se alcan-ar uma recompensa interna. Exemplos de moti-vaes internas so os desejos de ter uma boasade, de prevenir doenas ou de perder peso. Ja motivao extrnseca uma resposta a recom-pensas ou punies externas ao indivduo e incluio suporte social recebido e possveis recompen-sas materiais. As orientaes mdicas para o con-trole de uma patologia so exemplos de umamotivao extrnseca, bem como as queixas defamiliares em ocasies sociais sobre o consumoalimentar de um indivduo, que podem atuar tan-to de forma positiva como negativa, isto , po-dem estimular ou prejudicar a realizao de mu-danas no comportamento alimentar 3, 21.

    Estudo realizado com 1.700 consumidores doReino Unido constatou que as principais razesque estimulavam a adoo de prticas alimenta-res saudveis eram o desejo de melhorar o esta-do geral de sade (60%), motivos pessoais desade (20%), perda de peso (34%), matrias vei-culadas em revistas (11%), na televiso ou nordio (10%) e a presso exercida pelo cnjuge ouparente (9%)11. Observa-se que h um relatomais freqente de fatores intrnsecos do que ex-trnsecos como motivao para modificaesdietticas.

    Foi observado que as motivaes intrnseca eextrnseca no afetam o comportamento alimen-tar da mesma forma. Verifica-se que apenas amotivao intrnseca um preditor da adoode dietas ricas em fibras, frutas e hortalias epobres em gordura3. Portanto, as estratgias deinterveno nutricional devem focalizar esse tipode motivao para estimular hbitos alimenta-res saudveis.

    A percepo das prticas alimentares

    As dificuldades para se motivar os indivduos aalterar o seu consumo alimentar tm sido muitoestudadas, devendo-se considerar a gama de fa-tores envolvidos nesse comportamento. Uma dasmaiores barreiras para a prtica de mudanasna dieta a crena de que no h necessidade dealterao dos hbitos alimentares, decorrente, namaioria das vezes, de uma interpretao erradado prprio consumo. H uma tendncia dos in-divduos, especialmente entre aqueles com dietasinadequadas, serem muito otimistas quanto aos

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    aspectos saudveis de sua alimentao20. Estudorealizado com 14.331 indivduos a partir de 15anos d idade da Unio Europia mostrou quemais de 70% destes afirmaram no ser necess-rio alterar seu consumo alimentar, tendo em vis-ta que julgavam sua alimentao como suficien-temente saudvel22. Resultados semelhantes fo-ram encontrados na Ucrnia, onde 53% da po-pulao fizeram a mesma afirmao23. Em umaamostra representativa da populao adulta ca-nadense, observou-se que 43% dos entrevista-dos classificaram seus hbitos alimentares comoexcelentes ou muito bons24.

    Contudo, restam dvidas quanto aos reaismeios que a populao dispe para avaliar suaprpria dieta e se as supostas alteraes dietti-cas realizadas para a adoo de hbitos saud-veis correspondem s recomendaes dos guiasalimentares. Tal fato sustentado tambm peloaumento da incidncia e prevalncia de doenascrnicas no-transmissveis associadas alimen-tao, quadro caracterstico da transio nutri-cional que ocorre em todo o mundo25.

    Esses dados representam um desafio para osprofissionais de sade em relao busca de in-tervenes de sucesso, as quais sejam capazes demobilizar os indivduos para a adoo de prti-cas alimentares saudveis. Um dos determinan-tes para que os indivduos levem em considera-o os comportamentos relacionados sade a percepo e a convico do indivduo de que aao recomendada reduziria a ameaa sua sa-de21, 26. Pode-se inferir, portanto, que reconhecera necessidade de alterao dos hbitos alimenta-res um requisito fundamental para iniciar umamudana diettica, o que vlido tanto para adul-tos como para adolescentes.

    Modelos tericospara comportamentos de sade

    Destaca-se a necessidade de incluir dois fatoresimportantes nos programas de interveno nu-tricional que visam mudana do comporta-mento alimentar. O primeiro ponto correspon-de ao treinamento profissional para aquisiode habilidades tcnicas que motivem os indiv-duos no sentido desejado. O segundo aspecto autilizao e integrao de modelos tericos noplanejamento dessas aes 21.

    Uma teoria pode ser definida como um con-junto de conceitos, definies e proposies queapresentam uma viso sistemtica de eventos ousituaes de forma a explic-los ou prediz-los.

    Corresponde a uma base para o planejamento,implementao e avaliao de intervenes, pos-sibilitando respostas ao por qu, o que e comoestas devem ocorrer. Isto , uma teoria deve, porexemplo, orientar a busca pelo por qu das reco-mendaes de sade pblica no estarem sendoseguidas, o que os pesquisadores devem saberantes da organizao dos programas intervenci-onais ou o que devem monitorar, medir ou com-parar na avaliao de programas j existentes ecomo desenvolver estratgias que tenham realimpacto no grupo-alvo. Teorias so, portanto,ferramentas que podem auxiliar na compreen-so de diversos comportamentos de sade e su-gerir meios de alcanar mudanas nos mesmos.Apesar de diversas teorias estarem baseadas nasmesmas idias gerais, cada teoria emprega umvocabulrio nico para articular fatores especfi-cos que so considerados importantes27.

    Tendo em vista a complexidade da maioriados comportamentos de sade, acredita-se quedificilmente uma nica teoria seja suficiente paraexplic-los. Portanto, so utilizados modelos te-ricos, os quais correspondem a um conjunto deteorias que facilitam o entendimento de um pro-blema especfico em um contexto particular. Ob-serva-se na literatura cientfica um nmero cres-cente de teorias e modelos tericos que envolvemcomportamentos de sade, entre os quais se des-taca a utilizao do modelo transterico21, 27.

    O modelo transterico

    Diversos estudos ressaltam que o modelo trans-terico pode ser considerado um instrumentopromissor de auxlio compreenso da mudan-a comportamental relacionada sade. O mes-mo foi desenvolvido por dois pesquisadores nor-te-americanos, James O. Prochaska e Carlo Di-Clemente, na dcada de 80, mediante estudoscom tabagistas. Na poca, foi observado quemuitos fumantes conseguiam abandonar o vciosem auxlio de psicoterapia, enquanto outrossomente tinham sucesso com esse tipo de trata-mento. O estmulo para as pesquisas que culmi-naram na elaborao do modelo foi a hiptese,posteriormente confirmada, de que existiam prin-cpios bsicos que explicariam a estrutura damudana de comportamento que ocorria na pre-sena ou no de psicoterapia 28.

    Deste ento, o modelo transterico tem sidoaplicado a outros comportamentos alm do ta-bagismo, como alcoolismo, uso de drogas, ma-nifestao de distrbios de ansiedade e pnico,

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    realizao de mamografia, prtica de atividadefsica, modo de exposio solar e para o planeja-mento de estratgias de preveno de diferentestipos de cncer, de gravidez no-planejada, deHIV/AIDS, entre outras situaes29. Mais recen-temente, observa-se sua utilizao na rea damudana alimentar, focalizando diferentes aspec-tos: consumo de gordura, frutas, hortalias, fi-bras e clcio, alm de estratgias dietticas para ocontrole do peso e do diabetes30.

    O modelo transterico utiliza estgios demudana para integrar processos e princpios demudana provenientes das principais teorias deinterveno, o que explica o prefixo trans de suanomenclatura29. Freqentemente, tambm de-nominado modelo de estgios de mudana de com-portamento. De acordo com esse modelo, as alte-raes no comportamento relacionado sadeocorrem por meio de cinco estgios distintos: pr-contemplao, contemplao, deciso, ao emanuteno28. Cada estgio representa a dimen-so temporal da mudana do comportamento,ou seja, mostra quando a mudana ocorre e qual seu grau de motivao para realiz-la31.

    No estgio de pr-contemplao, a mudanacomportamental ainda no foi considerada peloindivduo ou no foram realizadas alteraes nocomportamento e no h inteno de adot-lasnum futuro prximo (considerando-se, geral-mente, seis meses). Tal situao pode ser decor-rente da falta de informaes corretas sobre asconseqncias de seu comportamento ou refere-se situao na qual o indivduo j realizou diver-sas tentativas frustradas de alterar suas atitudes eatualmente no acredita mais em sua capacidadepara modific-las de forma efetiva. Ou seja, osindivduos nesse estgio reconhecem a soluo,mas no reconhecem o problema. Estes tendem aapresentar maior resistncia, pouca motivao eso classificados como no prontos para os pro-gramas de promoo de sade28, 29. Em relaoao comportamento alimentar, este estgio cor-responde queles que no reconhecem suas pr-ticas alimentares inadequadas ou no dispemda motivao necessria para alter-las.

    No estgio de contemplao, o indivduo co-mea a considerar a mudana comportamental.Isto , pretende-se alterar o comportamento nofuturo, mas ainda no foi estabelecido um prazopara tanto. O indivduo, portanto, reconhece queo problema existe, est seriamente decidido asuper-lo, mas ainda no apresenta um com-prometimento decisivo. Nesse estgio, h conhe-cimento dos benefcios da mudana, mas diver-sas barreiras so percebidas, as quais impedem a

    ao desejada29, 32. Refere-se, por exemplo, ao in-divduo que reconhece que tem um padro ali-mentar pouco saudvel, mas acredita que a faltade tempo, o preo ou o sabor desagradvel dealimentos tidos como saudveis no possibili-tam a adoo de uma dieta adequada.

    O indivduo em deciso, estgio tambm de-nominado preparao, pretende alterar seu com-portamento num futuro prximo, como no pr-ximo ms. Geralmente, aps ter superado tenta-tivas anteriores frustradas, so realizadas peque-nas mudanas e um plano de ao adotado,ainda sem assumir um compromisso srio como mesmo29. Considerando-se uma mudana nocomportamento alimentar, sugere-se que umaexpresso caracterstica desse estgio seja mani-festar o seguinte desejo: na prxima segunda-feira, comearei a dieta.

    J os indivduos em ao correspondem que-les que alteraram de fato seu comportamento,suas experincias ou seu ambiente de modo asuperar as barreiras antes percebidas. Tais mu-danas so visveis e ocorreram recentemente,como nos ltimos seis meses. Trata-se de umestgio que exige grande dedicao e disposiopara evitar recadas29. Por exemplo, um indiv-duo que reduziu seu consumo de alimentos gor-durosos, visando melhora do perfil lipdico, epassa a reconhecer os primeiros benefcios damodificao de suas prticas anteriores poderiaser classificado em ao.

    No estgio de manuteno, o indivduo jmodificou seu comportamento e o manteve pormais de seis meses. O foco daqueles assim classi-ficados prevenir recadas e consolidar os gan-hos obtidos durante a ao. Cabe ressaltar queno se trata de um estgio esttico, tendo emvista que h uma continuao da mudana decomportamento iniciada no estgio anterior28.Em relao alimentao, poderia correspondera um adulto que passou por uma reeducaoalimentar e adotou uma dieta saudvel h maisde um ano.

    H uma tendncia de analisar os estgios demudana de comportamento como uma seqn-cia esttica e linear. Contudo, observa-se quefreqentemente indivduos classificados em aono conseguem manter suas estratgias na pri-meira tentativa, o que promove uma nova classi-ficao do indivduo em estgios anteriores. Isto, a ocorrncia de recadas comum e leva a umaevoluo dinmica e a um delineamento em espi-ral do modelo de estgios de mudana 28.

    A classificao dos indivduos nos estgiosde mudana de comportamento realizada por

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    um algoritmo, um questionrio que compreen-de um nmero limitado de perguntas reciproca-mente exclusivas. Apesar das diferenas entre osalgoritmos aplicados em diferentes pesquisas, foiobservado que os indivduos classificados nosestgios mais avanados apresentavam um con-sumo menor de gordura e maior de frutas, hor-talias e fibras32, 33.

    Trudeau et al.3 demonstraram que indivduosno estgio de manuteno consumiam 0,99 e 0,68pores dirias a mais de frutas e hortalias res-pectivamente em comparao com aqueles nosestgios de mudana alimentar anteriores ao daao. Outro estudo realizado entre chineses mo-radores de Singapura investigou os fatores queinfluenciavam o consumo de cereais e constatou-se que 89% da amostra que apresentava consu-mo inadequado de cereais foram classificados nosestgios anteriores aos de ao e 75% dos queapresentavam consumo adequado de gros esta-vam nos estgios de ao ou de manuteno34.

    Na Unio Europia, 52% dos indivduos fo-ram classificados no estgio de pr-contempla-o, o que, segundo de Graaf et al.32, revela que amaioria dos europeus no considerava a possi-bilidade de alterao dos seus hbitos alimenta-res para adotar prticas mais saudveis. Nomesmo estudo, observou-se que as mulheres eos indivduos de nvel educacional mais elevadotendiam a ser classificados no estgio de manu-teno, enquanto que os homens e os indivduosde baixa escolaridade apresentavam uma tendn-cia maior de estar nos estgios mais precoces.

    Limitaes do uso do modelo transtericono comportamento alimentar

    importante destacar as dificuldades encontra-das na aplicao do modelo transterico, devido complexidade que o tema envolve. Sabe-se queo comportamento alimentar consiste no consu-mo de no mnimo centenas de alimentos e bebi-das. Por outro lado, o tabagismo, comportamen-to no qual se baseou o desenvolvimento da teo-ria em questo, envolve o consumo de apenasum item, o cigarro15, 32. Alm disso, deve-se con-siderar que o tratamento do tabagismo preconi-za o abandono do vcio, isto , a eliminao dedeterminada prtica. Contudo, uma interven-o nutricional no pode eliminar a prtica ali-mentao. Deve-se, obviamente, mant-la, masmodific-la, de modo a que esta se torne maissaudvel e adequada para o indivduo.

    Outra limitao importante corresponde ao

    fato do modelo ter sido delineado visando inter-pretao e interveno sobre o comportamentode indivduos; esse fato pode ser considerado umentrave para a aplicao do mesmo em atividadesde educao nutricional destinadas a coletividades.Porm, estudos de interveno baseados no mo-delo transterico realizados em grupos populaci-onais tm mostrado resultados satisfatrios15, 35.

    Ressalta-se tambm que o modelo transte-rico engloba a avaliao de outras dimenses docomportamento, alm dos estgios de mudana,tais como os processos de mudana, o equilbriode decises e a auto-eficcia do indivduo. Os pro-cessos de mudana possibilitam a compreensosobre como a mudana de comportamento ocor-re entre os estgios. medida que o indivduomodifica seu comportamento, so identificadosdez processos de mudana, a saber: aumento daconscincia, alvio dramtico, auto-reavaliao,autolibertao, relacionamentos de auxlio, con-dicionamento contrrio, administrao de con-tingncias, controle dos estmulos e liberao so-cial. No equilbrio de decises, o indivduo avaliaos prs e os contras da mudana de comporta-mento. A auto-eficcia envolve a confiana que oindivduo tem em si mesmo para superar situa-es de desafio em sua mudana comportamen-tal e a habilidade de enfrentar as tentaes con-trrias a uma modificao saudvel28,29,30.

    Contudo, observa-se que a maioria dos es-tudos que utilizam o modelo transterico nocomportamento alimentar no incluem as di-menses citadas acima, restringindo-se apenas classificao dos estgios de mudana32,33,34. Issose deve dificuldade de integrao de todos oscomponentes entre os estgios29. Alm disso, noforam desenvolvidos at o momento instrumen-tos capazes de avaliar com preciso tais compo-nentes do modelo quanto s diferentes prticasalimentares. Acredita-se tambm na influncia dofato de que a aplicao deste no comportamentoalimentar relativamente recente, o que exige oaprofundamento de pesquisas no tema.

    Intervenes nutricionaise o uso do modelo transterico

    De Graaf et al.32 avaliaram as principais influn-cias na escolha alimentar entre consumidores daUnio Europia e observaram que os indivduosno estgio de pr-contemplao consideravam osabor dos alimentos como o fator mais impor-tante, enquanto que no estgio de manutenoos indivduos consideravam a sade como fator

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    principal. Isso sugere que aqueles em pr-con-templao podem ser beneficiados principalmen-te com mensagens educativas que demonstrem aimportncia de uma dieta saudvel; j para aspessoas no estgio de manuteno, a estratgiapode ser o fornecimento de informaes maisdetalhadas e prticas, como receitas saudveis econhecimentos especficos sobre nutrio.

    As intervenes nutricionais tradicionalmen-te utilizadas partem do pressuposto de que osindivduos esto prontos para a ao, isto , parauma mudana do seu comportamento alimen-tar, o que tem se mostrado insustentvel na mai-oria das situaes. Acredita-se que os progra-mas de educao nutricional possam ser benefi-ciados caso considerem os diferentes estgios demudana comportamental, tendo em vista quecada um deles corresponde a diferentes atitudese percepes perante a nutrio e a sade. Dessaforma, o desenvolvimento de intervenes espe-cficas para cada estgio de mudana de com-portamento alimentar pode proporcionar mai-or eficcia quanto motivao dos indivduos aadotar e manter o comportamento alterado.

    Concluso

    A avaliao do consumo alimentar, bem como osguias alimentares atuais, no contempla as di-menses cognitiva e emocional que esto envolvi-das no comportamento alimentar. Uma aborda-gem holstica imprescindvel para enfrentar odesafio de motivar os indivduos para a adoode uma alimentao saudvel. Portanto, a ampli-ao do conhecimento sobre os inmeros deter-minantes do comportamento alimentar umaimportante ferramenta para superar o desafio detransformar informaes cientficas de nutrioem mudanas reais das prticas alimentares.

    Considerando-se o impacto do comporta-mento alimentar na sade, verifica-se a necessi-dade do desenvolvimento de estratgias de inter-veno nutricional de sucesso para a adoo deprticas alimentares saudveis em nvel popula-cional. Sugere-se que a identificao dos diferen-tes estgios de mudana de comportamento sejao passo inicial para tanto. Tal classificao possi-bilita a formulao e aplicao de programas deeducao nutricional especficos, de modo a pro-mover maior estmulo e motivao para a mu-dana de prticas alimentares inadequadas e pro-piciar uma qualidade de vida adequada em lon-go prazo.

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    Sade Coletiva, 12(6):1641-1650, 2007

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    Colaboradores

    N Toral realizou a reviso bibliogrfica e redigiua verso inicial do artigo, que se refere a parte desua dissertao de mestrado, intitulada Estgiosde mudana de comportamento e sua relao como consumo alimentar de adolescentes, defendidaem maro de 2006, na Faculdade de Sade Pbli-ca da Universidade de So Paulo. B Slater contri-buiu com a concepo e a reviso crtica do arti-go, alm de ter orientado a referida dissertao.

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