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1 __________________________________________________________________________________________________________________________________ 1 Pós graduanda em Fisioterapia em Dermato-Funcional e graduada em Fisioterapia. 2 Graduada em Fisioterapia; Mestre em Bioética e Direito em Saúde; Especialista em metodologia do Ensino Superior; Doutorando em Saúde Pública. Abordagem fisioterapêutica por meio da corrente russa na diástase do reto abdominal pós-parto Lourdes Lima de Moura 1 [email protected] Dayana Priscila Maia Mejia 2 Pós-Graduação em Fisioterapia em Dermato-Funcional_ Faculdade de Tecnologia IPÊ/FAIPE Resumo A pesquisa refere-se abordagem fisioterapêutica por meio da corrente russa na diástase do reto abdominal pós-parto. A região abdominal é a mais solicitada pelas pacientes como regiões prioritárias a serem tratadas, com o objetivo de minimizar a flacidez muscular e a perda do tônus. Dentre os tratamentos fisioterapêuticos na diástase pós-parto encontra-se a corrente russa, pois estimula os nervos motores, despolarizando as membranas, induzindo assim contração muscular mais forte e sincronizada, resultando em fortalecimento muscular. O presente estudo caracterizou-se por ser de revisão literária de bibliografias publicada entre 2005 a 2015. Observou-se que a eletroestimulação Russa é uma das terapêuticas mais indicada no que se refere diástase do músculo reto abdominal e flacidez no estado puerperal, pois durante a aplicação da terapêutica ocorre a contração da musculatura involuntariamente, permitindo que a paciente permaneça estática durante todo o tratamento, promovendo a regeneração da musculatura e o aspecto da flacidez tecidual sem esforço físico. Palavras-chave: Parto; Abdominal; Tratamento. 1. Introdução De acordo com Leite e Araújo (2012), a gravidez e o parto constituem-se em eventos fisiológicos, caracterizando-se por provocarem variadas alterações físicas e emocionais, com intuito de criar um ambiente ideal para o crescimento e desenvolvimento fetal. As modificações durante a gestação são resultado da interação de quatro fatores: mudanças hormonalmente mediadas no colágeno e no músculo involuntário; fluxo sanguíneo aumentado para útero e rins; ampliação e deslocamento do útero em decorrência do crescimento fetal; aumento do peso corporal e mudanças adaptativas no centro de gravidade e postura. O ganho de peso no final da gravidez tensiona a coluna lombossacra e as articulações sacroilíacas e as transformações na postura não se corrigem espontaneamente após esse período, tornando-se uma postura adquirida após o puerpério (LEITE e ARAÚJO, 2012). Pósparto é um período no qual as modificações locais e sistêmicas provocadas no organismo da gestante retornam ao estado prégravídico. Iniciase após a expulsão da placenta e de membranas ovulares (BORGES, 2010; ZAVANELLI et al., 2012). A diástase dos músculos abdominais é definida como a separação ou afastamento dos feixes desses músculos ao longo da linha alba. Esta condição pode ser observada inicialmente no segundo trimestre de gestação, tendo uma incidência maior nos três últimos meses, em virtude do volume abdominal maior, assim como no pósparto. A diástase dos músculos abdominais é dita fisiológica, quando se apresenta com mais ou menos 3 cm, podendo ser uma situação transitória ou pode permanecer ao longo da vida da mulher (ZAVANELLI et al., 2012).

Abordagem fisioterapêutica por meio da corrente …...3 O músculo reto abdominal é o principal flexor do tronco; os músculos oblíquos internos e externos, além de participarem

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1 Pós graduanda em Fisioterapia em Dermato-Funcional e graduada em Fisioterapia.

2 Graduada em Fisioterapia; Mestre em Bioética e Direito em Saúde; Especialista em metodologia do Ensino Superior; Doutorando em Saúde Pública.

Abordagem fisioterapêutica por meio da corrente russa na diástase

do reto abdominal pós-parto

Lourdes Lima de Moura1 [email protected]

Dayana Priscila Maia Mejia2

Pós-Graduação em Fisioterapia em Dermato-Funcional_ Faculdade de Tecnologia IPÊ/FAIPE

Resumo A pesquisa refere-se abordagem fisioterapêutica por meio da corrente russa na diástase do reto abdominal pós-parto. A região abdominal é a mais solicitada pelas pacientes como regiões prioritárias a serem tratadas, com o objetivo de minimizar a flacidez muscular e a perda do tônus. Dentre os tratamentos fisioterapêuticos na diástase pós-parto encontra-se a corrente russa, pois estimula os nervos motores, despolarizando as membranas, induzindo assim contração muscular mais forte e sincronizada, resultando em fortalecimento muscular. O presente estudo caracterizou-se por ser de revisão literária de bibliografias publicada entre 2005 a 2015. Observou-se que a eletroestimulação Russa é uma das terapêuticas mais indicada no que se refere diástase do músculo reto abdominal e flacidez no estado puerperal, pois durante a aplicação da terapêutica ocorre a contração da musculatura involuntariamente, permitindo que a paciente permaneça estática durante todo o tratamento, promovendo a regeneração da musculatura e o aspecto da flacidez tecidual sem esforço físico. Palavras-chave: Parto; Abdominal; Tratamento. 1. Introdução

De acordo com Leite e Araújo (2012), a gravidez e o parto constituem-se em eventos fisiológicos, caracterizando-se por provocarem variadas alterações físicas e emocionais, com intuito de criar um ambiente ideal para o crescimento e desenvolvimento fetal.

As modificações durante a gestação são resultado da interação de quatro fatores: mudanças hormonalmente mediadas no colágeno e no músculo involuntário; fluxo sanguíneo aumentado para útero e rins; ampliação e deslocamento do útero em decorrência do crescimento fetal; aumento do peso corporal e mudanças adaptativas no centro de gravidade e postura. O ganho de peso no final da gravidez tensiona a coluna lombossacra e as articulações sacroilíacas e as transformações na postura não se corrigem espontaneamente após esse período, tornando-se uma postura adquirida após o puerpério (LEITE e ARAÚJO, 2012).

Pós‐parto é um período no qual as modificações locais e sistêmicas provocadas no organismo da gestante retornam ao estado pré‐gravídico. Inicia‐se após a expulsão da placenta e de membranas ovulares (BORGES, 2010; ZAVANELLI et al., 2012).

A diástase dos músculos abdominais é definida como a separação ou afastamento dos feixes desses músculos ao longo da linha alba. Esta condição pode ser observada inicialmente no segundo trimestre de gestação, tendo uma incidência maior nos três últimos meses, em virtude do volume abdominal maior, assim como no pós‐parto. A diástase dos músculos abdominais é dita fisiológica, quando se apresenta com mais ou menos 3 cm, podendo ser uma situação transitória ou pode permanecer ao longo da vida da mulher (ZAVANELLI et al., 2012).

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De acordo com Medeiros, Chalegre e Carvalho (2007); Leite e Araújo (2012), no pós-parto imediato é possível evidenciar a diástase dos músculos reto-abdominais com a parede abdominal composta de pele, tecido subcutâneo, fáscia e peritônio. O autor acima relata que a recuperação da tonicidade da musculatura da parede abdominal, distendida pelo útero gravídico, ocorre em média de seis semanas do pós-parto, lenta e às vezes imperfeitamente. De acordo com Borges e Valentin (2005); Palma (2009); Lima e Rodrigues (2012), no contexto da fisioterapia dermatofuncional, a região abdominal é a mais solicitada pelas pacientes como regiões prioritárias a serem tratadas, com o objetivo de minimizar a flacidez muscular e a perda do tônus. Dentre os tratamentos fisioterapêuticos na diástase pós-parto encontra-se a corrente russa, pois estimula os nervos motores, despolarizando as membranas, induzindo assim contração muscular mais forte e sincronizada, resultando em fortalecimento muscular (BORGES et al., 2007). Diante do exposto acima o presente estudo tem o objetivo de descrever a abordagem fisioterapêutica por meio da corrente russa em mulheres com diástase pós-parto.

2. Fundamentação Teórica

2.1 Anatomia 2.1.1 Assoalho Pélvico O assoalho pélvico feminino está dividido em três porções sendo elas: anterior (bexiga e uretra), média (vagina) e posterior (reto). É composto por estruturas de sustentação: fáscias pélvicas (ligamento pubo-vesical, redondo do útero, uterossacro e ligamento cervical transverso), diafragma pélvico (músculo elevador do ânus) e diafragma urogenital (músculo bulbocavernoso, transverso superficial e isquiocavernoso) (GLISOI e GIRELLI, 2011). O autor acima relata que quanto à composição das fibras, 70% são do tipo I (lenta) e 30% do tipo II (rápida). Todas essas estruturas são essenciais no suporte e manutenção dos órgãos pélvicos em suas posições fisiológicas

Fonte: http://www.gvinculo.com.br/2011/03/assoalho-pelvico-no-pre-parto-parto-e.html

Figura 1: Assoalho Pélvico

2.1.2 Músculos abdominais Os músculos abdominais de uma forma geral, contribuem para o suporte da coluna vertebral e da pelve. Porém, especificamente, os músculos abdominais possuem um importante papel na estabilização da coluna lombar e da cintura pélvica (GOUVEIA e GOUVEIA, 2008).

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O músculo reto abdominal é o principal flexor do tronco; os músculos oblíquos internos e externos, além de participarem da flexão, têm funções, de acordo com a orientação de suas fibras, de rotação, inclinação lateral e estabilidade durante o exercício abdominal. O músculo transverso do abdome é circunferencial, localizado profundamente e possui inserções na fáscia tóraco-lombar, na bainha do reto do abdome, no diafragma, na crista ilíaca e nas seis superfícies costais inferiores. Por conta das suas características anatômicas, como a distribuição de seus tipos de fibras, sua relação com os sistemas fasciais, sua localização profunda e sua possível atividade contra as forças gravitacionais durante a postura estática e a marcha, possui uma pequena participação nos movimentos, sendo um músculo preferencialmente estabilizador da coluna lombar (GOUVEIA e GOUVEIA, 2008).

Fonte: http://www.musculacao.net/exercicios-para-os-abdominais/ Figura 2: Músculos Abdominais

2.2 Gravidez Durante a gestação, alterações hormonais provocadas pela relaxina, progesterona e estrógeno, associadas ao crescimento uterino, podem provocar o estiramento da musculatura abdominal, atingindo principalmente os músculos retoabdominais (RETT et al., 2009).

Fonte: http://www.muitochique.com/saude/primeiros-sintomas-da-gravidez.html Figura 3: Gravidez

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Ainda durante a gestação, é comum que haja uma anteversão pélvica acompanhada ou não de uma hiperlordose lombar. Tais alterações posturais podem provocar mudanças do ângulo de inserção dos músculos abdominais e pélvicos, influenciando a biomecânica postural, além de gerar um déficit na função de sustentação dos órgãos pélvico-abdominais. Assim, com a progressão da gravidez e alongamento dos músculos abdominais, há um prejuízo do vetor de forças desses músculos, podendo haver uma diminuição na força de contração (RETT et al., 2009).

Durante a gravidez várias mudanças ocorrem no corpo da mulher, essas alterações podem ser mais bem explicadas dividas nos trimestres gestacionais. Os trimestres são um meio conveniente demedir a gravidez. Entretanto, eles têm durações desiguais, e o terceiro trimestre varia de acordo com o tempo total da gravidez (BOTH, NETO e MOREIRA, 2008).

Primeiro Trimestre - o corpo da mulher faz um grande esforço durante o primeiro trimestre (1-12 semanas) para se adaptar ao embrião e à placenta em desenvolvimento. As fibras musculares do útero ficam rapidamente maiores e mais grossas, os seios tornam-se maiores e mais sensíveis logo nas primeiras semanas de gravidez, surgem novos ductos lactíferos. Segundo Trimestre - Neste trimestre (13ª à 18ª semanas) o útero em expansão ultrapassa a borda da pelve, a musculatura do trato intestinalrelaxa, provocando diminuiçãodas secreções gástricas, diminui a quantidade de evacuação, pois o músculo intestinal está mais relaxado que o habitual. O estiramento da musculatura abdominal é indispensável para permitir o crescimento uterino, ocorrendo, portanto, uma separação dos feixes dos músculos retos abdominais. Terceiro Trimestre - Durante este trimestre (da 29ª semana em diante), o feto em crescimento pressiona e restringe o diafragma fazendo com que a grávida respire mais rápido e profundamente. Os ligamentos inclusive da pelve e dos quadris, ficam distendidos, podendo causar desconforto ao caminhar (BOTH, NETO e MOREIRA, 2008; ROMERO-MORANTE- e JIMÉNEZ-REGUARAB, 2010).

Fonte: http://revistaglamurosa.com/parto.html Figura 4: Semestre/Gravidez

2.3 Pós-parto O período após o parto, também conhecido como puerpério, é o momento quando as modificações locais e sistêmicas provocadas no organismo da mulher pela gravidez e parto retornam ao estado pré-gravídico. É classificado em pós-parto imediato (1º ao 10º dia), tardio (11º ao 45º dia) e remoto, que vai além dos 45 dias (POWERS E HOWLEY, 2005; RETT et al., 2012)

Durante a gestação ocorrem diversas adaptações fisiológicas e as alterações posturais podem contribuir para a anteversão pélvica acompanhada ou não de uma hiperlordose lombar. Isso, associado ao crescimento uterino e estiramento da linha

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alba, podem interferir na biomecânica dos músculos reto abdominais. As mudanças biomecânicas nos músculos abdominais facilitam o aparecimento da diástase dos músculos reto abdominais, que pode ser definida como o afastamento entre estes dois músculos (RETT et al., 2012).

Fonte: http://bebe.abril.com.br/materia/20-questoes-sobre-sexo-no-pos-parto

Figura 5: Pós-parto

2.4 Diástase A diástase do músculo reto abdominal é definida como a separação ou afastamento dos feixes desses músculos ao longo da linha alba. Esta condição pode ser observada inicialmente no segundo trimestre de gestação, tendo uma incidência maior nos três últimos meses, em virtude do volume abdominal maior, assim como no pós‐parto. A diástase do músculo reto abdominal é dita fisiológica, quando se apresenta com mais ou menos 3 cm, podendo ser uma situação transitória ou pode permanecer ao longo da vida da mulher (SPITZNAGLE et al., 2007; CHIARELLO et al., 2005; KISNER E COLBY, 2005).

Fonte: http://bebe.abril.com.br/materia/20-questoes-sobre-sexo-no-pos-parto

Figura 6: Diástase

2.4.1 Etiologia A etiologia da diástase dos músculos reto abdominais está relacionada às alterações hormonais (relaxina, estrógeno e progesterona) associadas à sobrecarga mecânica pelo crescimento uterino. Assim, todo o tecido conectivo local, incluindo a linha alba, ficam expostos, o que predispõe ao seu aparecimento (RETT et al., 2012).

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Fonte: http://wikibiologiaiesma.wikispaces.com/Sistema+endocrino Figura 7: Hormônios

2.5 Tratamento fisioterapêutico da diástase do reto abdominal pós-parto A atuação da fisioterapia no pós-parto imediato visa melhorar a tonicidade dos músculos abdominais e pélvicos, conscientizar as puérperas sobre a importância da continuidade dos exercícios iniciados neste período e sobre o retorno para o atendimento no pós-parto tardio (ABDALLA et al., 2009).

Outra forma de tratamento que pode ser empregada é a eletroestimulação com corrente de média frequência (corrente russa) que é um técnica de estimulação muscular através de uma corrente, no qual o desconforto pelo qual a puérpera está sendo submetida é sensivelmente diminuído, devido a menor impedância oferecida pela passagem da corrente e a estimulação elétrica é bem mais eficaz, uma vez que recruta um maior número de fibras musculares (ROCKENBACH e WINKELMANN, 2012; PERNAMBUCO et al., 2013).

Fonte: http://www.bioset.com.br/site/default.aspx?pagina=lab14 Figura 8: Hormônios

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2.5.1 Corrente Russa Na década de 1970 trabalhos foram publicados dando conta de que uma corrente interrompida de média frequência (2500 Hz) foi utilizada para prover maior ganho de força muscular que aquela obtida através da contração muscular voluntária (BORGES et al., 2007).

Esta forma de corrente foi denominada de corrente russa, e sua técnica terapêutica foi chamada de estimulação russa. Tudo isso justificado pelo fato do seu uso ter sido investigado por um pesquisador soviético chamado Yakov Kots. Seu uso notabilizou-se por ter sido empregado na equipe olímpica russa, associada ao treinamento clássico, com muito sucesso. Kots defendeu um regime de trabalho para aumento de força muscular que podia aumentar a Contração Voluntária Máxima (CVM) dos atletas de elite por até 40% . Mas, infelizmente, os únicos detalhes dos trabalhos de Kots foram breves notas de conferência, traduzido do idioma russo e não prontamente acessíveis. A partir daí surgiram outros trabalhos empregando acorrente russa na busca de reproduzir os resultados soviéticos. Entretanto o que se viu foram conflitos entre os diversos resultados alcançados, não deixando muito claro a forma ideal de se trabalhar com esta forma de corrente com o objetivo de se alcançar os melhores resultados (BORGES et al., 2007).

Fonte: http://www.bioset.com.br/site/default.aspx?pagina=lab14 Figura 9: Aparelho corrente russa

3. Metodologia

O presente estudo caracterizou-se por ser de revisão bibliografica publicadas nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs). Foram utilizados os descritores: “Parto”, “Abdominal” e “Tratamento”. Foram incluídos estudos que demonstrassem a abordagem fisioterapêutica por meio da corrente russa em mulheres com diástase pós-parto, ou que contribuíssem para o objetivo do presente estudo, publicados entre 2005 a 2015 na língua portuguesa. Foram excluídos os estudos que não atendiam ao período do estudo e publicações que não tratavam de pesquisa científica.

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E para atender aos objetivos da pesquisa, foram selecionados cerca de 50 artigos para compor o trabalho, sendo que apenas 23 foram incluídos por cumprirem as exigências dos fatores de inclusão. 4. Resultados e Discussão Os artigos escolhidos foram criteriosamente analisados extraindo informações primordiais relacionadas ao tipo de estudo (Tabela 1).

De acordo com Beleza e Carvalho (2007), a fisioterapia é de suma importância para uma melhor recuperação no pós-parto; seu papel consiste na recuperação, prevenção e tratamento de alterações em todos os sistemas além das orientações gerais. A atuação fisioterapêutica durante o pós-parto pode ser iniciada logo após o parto, respeitando apenas um período de repouso de seis horas para o parto normal e doze horas para o parto cesárea. O atendimento é iniciado com a coleta de dados, da história da gestação e parto. Na avaliação são observados os dados vitais e realizado o exame físico, deve-se verificar o padrão respiratório, a mobilidade diafragmática e a expansibilidade torácica. O autor acima relata que com relação ao abdome é realizada a palpação, dois dedos acima do umbigo, pedindo a flexão anterior de tronco da puérpera, para verificar a presença de diástase do músculo reto abdominal, onde segundo os critérios de Noble uma diástase de dois dedos, mais ou menos três centímetros supra-umbilicais são considerados normais com recuperação espontânea sem complicações. A musculatura abdominal nesta fase deve iniciar sua atividade a partir da posição em decúbito dorsal com quadril e joelhos fletidos através da propriocepção e da contração isométrica principalmente do transverso abdominal, visando à recuperação da tonicidade da musculatura abdominal que se encontra flácida e muito fraca. Com o uso da eletroestimulação russa, a recuperação pode ser mais rápida e eficaz quando comparada a recuperação fisiológica, com melhora da tonicidade muscular, flacidez, redução de medidas, e redução da diástase do músculo reto-abdominal. Segundo Borges et al., (2007), o termo Corrente Russa foi aplicado aos eletroestimuladores com uma saída de corrente de onda senoidal com uma frequência portadora de aproximadamente 2.500 a 5.000 Hz, modulada de forma a produzir 50 bursts por segundo (bps). Essa forma de estimulação foi promovida comercialmente como "estimulação russa".

Autor/Ano

Resultados

Beleza e Carvalho (2007)

A fisioterapia é de suma importância para uma melhor recuperação no pós-parto; seu papel consiste na recuperação, prevenção e

tratamento de alterações em todos os sistemas além das orientações gerais.

Borges et al., (2007) Produz 50 bursts por segundo (bps)

Lima e Rodrigues (2012)

Estimula os nervos motores, despolarizando as membranas, induzindo assim contração muscular mais forte e sincronizada, resultando em

fortalecimento muscular.

Rockenbach e Winkelmann (2012) O atendimento fisioterápico no puerpério imediato contribui

positivamente para a redução da diástase muscular do reto abdominal mais precocemente.

Klefens; Deon e Medeiros (2013) A eletroestimulação Russa é uma das terapêuticas mais indicada no que se refere diástase do músculo reto abdominal e flacidez

no estado puerperal,

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De acordo com Lima e Rodrigues (2012), no pós-parto imediato é possível evidenciar a diástase dos músculos reto-abdominais com a parede abdominal composta de pele, tecido subcutâneo, fáscia e peritônio. A recuperação da tonicidade da musculatura da parede abdominal, distendida pelo útero gravídico, ocorre em média de seis semanas do pós-parto, lenta e às vezes imperfeitamente. Na estimulação elétrica neuromuscular de média frequência (2.500Hz) a corrente russa é a mais utilizada, estimula os nervos motores, despolarizando as membranas, induzindo assim contração muscular mais forte e sincronizada, resultando em fortalecimento muscular. O autor acima relata ainda que no contexto da fisioterapia dermatofuncional, a região abdominal é a mais solicitada pelas pacientes no pós-parto como regiões prioritárias a serem tratadas, com o objetivo de minimizar a flacidez muscular e a perda do tônus. Segundo Rockenbach e Winkelmann (2012), a eletroestimulação com corrente de média frequência (corrente russa) é uma técnica de estimulação muscular através de uma corrente, no qual o desconforto pelo qual a puérpera está sendo submetida é sensivelmente diminuído, devido a menor impedância oferecida pela passagem da corrente e a estimulação elétrica é bem mais eficaz, uma vez que recruta um maior número de fibras musculares. O atendimento fisioterápico no puerpério imediato contribui positivamente para a redução da diástase muscular do reto abdominal mais precocemente. De acordo com Klefens; Deon e Medeiros (2013), a eletroestimulação russa se torna uma opção para o tratamento da diástase do músculo reto-abdominal, principalmente no pós-parto imediato, período este que é contra-indicado à realização de atividades extenuantes sendo contra-indicada inclusive a flexão de tronco. Neste contexto, somente os exercícios isométricos tem indicação clinica para se trabalhar esta musculatura no estado puerperal, sendo também uma excelente opção para recuperação da flacidez abdominal. Sendo assim, a eletroestimulação Russa é uma das terapêuticas mais indicada no que se refere diástase do músculo reto abdominal e flacidez no estado puerperal, pois durante a aplicação da terapêutica ocorre a contração da musculatura involuntariamente, permitindo que a paciente permaneça estática durante todo o tratamento, promovendo a regeneração da musculatura e o aspecto da flacidez tecidual sem esforço físico. 5. Conclusão Neste estudo, observou-se que a fisioterapia é de suma importância para uma melhor recuperação no pós-parto. Foi evidenciado que a região abdominal é a mais solicitada pelas pacientes no pós-parto como regiões prioritárias a serem tratadas, com o objetivo de minimizar a flacidez muscular e a perda do tônus, com isso, a atuação fisioterapêutica durante o pós-parto pode ser iniciada logo após o parto, respeitando apenas um período de repouso de seis horas para o parto normal e doze horas para o parto cesárea. Com o uso da eletroestimulação russa, a recuperação pode ser mais rápida e eficaz quando comparada a recuperação fisiológica, com melhora da tonicidade muscular, flacidez, redução de medidas, e redução da diástase do músculo reto-abdominal. O presente artigo pôde demonstrar que a eletroestimulação Russa é uma das terapêuticas mais indicada no que se refere diástase do músculo reto abdominal e flacidez no estado puerperal, pois durante a aplicação da terapêutica ocorre a contração da musculatura involuntariamente, permitindo que a paciente permaneça estática durante todo o tratamento, promovendo a regeneração da musculatura e o aspecto da flacidez tecidual sem esforço físico. Sugere-se que novos estudos sejam realizados a partir da temática do presente estudo com o objetivo de fornecer tratamento individualizado as mulheres no pós-parto.

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