58
Adelza Mendes Dias França ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO UMA EXPERIÊNCIA NA ESCOLA ESTADUAL GENERAL OSWALDO PINTO DA VEIGA CONSELHEIRO LAFAIETE Especialização em Ensino de Artes Visuais Belo Horizonte Escola de Belas Artes da UFMG 2013

ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

Adelza Mendes Dias França

ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO

DESENHO

UMA EXPERIÊNCIA NA ESCOLA ESTADUAL GENERAL OSWALDO PINTO

DA VEIGA – CONSELHEIRO LAFAIETE

Especialização em Ensino de Artes Visuais

Belo Horizonte

Escola de Belas Artes da UFMG

2013

Page 2: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

Adelza Mendes Dias França

ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO

DESENHO

UMA EXPERIÊNCIA NA ESCOLA ESTADUAL GENERAL OSWALDO PINTO

DA VEIGA – CONSELHEIRO LAFAIETE

Especialização em Ensino de Artes Visuais

Monografia apresentada ao Curso de

Especialização em Ensino de Artes

Visuais do Programa de Pós-graduação

em Artes da Escola de Belas Artes da

Universidade Federal de Minas Gerais

como requisito parcial para a obtenção

do título de Especialista em Ensino de

Artes Visuais.

Orientadora: Professora Antônia Dolores

Belico Soares

Belo Horizonte

Escola de Belas Artes da UFMG

2013

Page 3: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

França, Adelza Mendes Dias, 1956 -

Abrindo horizontes para a Arte através do desenho: uma experiência

na Escola Estadual General Oswaldo Pinto da Veiga – Conselheiro

Lafaiete: Especialização em Ensino de Artes Visuais / Adelza Mendes

Dias França. – 2013.

55 f.

Orientador(a): Antônia Dolores Belico Soares

Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Artes

da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais,

como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em

Ensino de Artes Visuais.

1. Artes visuais – Estudo e ensino. I. SOARES, Antônia Dolores

Belico. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Belas Artes.

III. Título.

CDD: 707

Page 4: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

Monografia intitulada Abrindo horizontes para a Arte através do desenho: uma

experiência na Escola Estadual General Oswaldo Pinto da Veiga – Conselheiro

Lafaiete, de autoria de Adelza Mendes Dias França, aprovada pela banca

examinadora constituída pelos seguintes professores:

_______________________________________________________

Professora Antônia Dolores Belico Soares - Orientadora

_______________________________________________________

João Augusto Cristeli de Oliveira

_______________________________________________________

Prof. Dr. Evandro José Lemos da Cunha

Coordenador do CEEAV

PPGA – EBA – UFMG

Belo Horizonte, 2013

Av. Antônio Carlos, 6627 – Belo Horizonte, MG – CEP 31270-901

Universidade Federal de Minas Gerais

Escola de Belas Artes

Programa de Pós-Graduação em Artes

Curso de Especialização em Ensino de Artes Visuais

Page 5: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

AGRADECIMENTOS

A Deus, que me concedeu saúde, entusiasmo e oportunidade de aperfeiçoar

meus conhecimentos pedagógicos neste Curso de Especialização em Ensino

de Artes Visuais.

A meu esposo, pelo incentivo constante e companheirismo em todos os

momentos.

À professora Antônia Dolores Belico Soares, pela excelência de seu esforço e

dedicação, querendo o melhor para nós, incentivando-nos e transmitindo-nos

preciosos conhecimentos acadêmicos.

A Marcella e Letícia, que sempre estiveram ao nosso lado, dispostas com

solicitude a nos esclarecer nas dificuldades. Pela simpatia com que nos

trataram, serão lembradas para sempre.

A meus alunos, que se prontificaram a desenhar com dedicação e prazer,

contribuindo para a execução deste trabalho. Ficarão guardados com carinho

em meu coração.

Page 6: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

RESUMO

O presente trabalho foi realizado na Escola Estadual Oswaldo Pinto da Veiga

(Conselheiro Lafaiete) em uma turma do Projeto Tempo Integral com alunos do

4º e 5º anos. O objetivo da pesquisa era acompanhar o planejamento,

desenvolvimento e conclusão de uma proposta de ensino de Artes Visuais que

teve como referência a técnica desenho. Tal proposta consistiu em apresentar

aos alunos o trabalho de alguns artistas plásticos, desenvolver o pensamento,

a sensibilidade, o sentimento estético, a criatividade e a socialização dos

educandos através dos desenhos. Para a realização do trabalho foram

apresentadas obras de artistas plásticos como Romero Britto (Arte Pop), Carlos

Scliar e Tarsila do Amaral (Modernismo). Os alunos fizeram desenhos à vista

das obras dos artistas escolhidos, que despertaram prazer em desenhar e

também ajudaram a manifestar em alguns alunos a perspectiva de se tornarem

artistas plásticos no futuro. Também foram feitos desenhos de livre-expressão

baseados na experiência de cada aluno, nos quais se revelaram sentimentos e

experiências pessoais diversas.

Palavras-chave: Ensino de Arte. Ensino Fundamental. Desenho. Romero

Britto. Carlos Scliar. Tarsila do Amaral.

Page 7: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01 – Frente da escola .......................................................................... 14

Figura 02 – Parte lateral da escola ................................................................. 14

Figura 03 – Pátio ............................................................................................. 15

Figura 04 – Casinha de Boneca ...................................................................... 15

Figura 05 – Mural permanente ........................................................................ 17

Figura 06 – Mural de datas comemorativas .................................................... 17

Figura 07 – Da poesia “A história da banana” (Aula 1) ................................... 25

Figura 08 – Do Conto do Saci Pererê (Aula 2) ................................................ 25

Figura 09 – Trajeto de casa até a escola (Aula 3) ......................................... 25

Figura 10 – Da poesia “Borboleta” (Aula 4) ..................................................... 26

Figura 11 – Da poesia “Borboleta” (Aula 4) ..................................................... 26

Figura 12 – Aulas de desenho de livre-expressão .......................................... 26

Figura 13 – Aulas de desenho de livre-expressão .......................................... 26

Figura 14 – Aulas de desenho de livre-expressão .......................................... 27

Figura 15 – Aulas de desenho de livre-expressão .......................................... 27

Figura 16 – Aulas de desenho de livre-expressão .......................................... 27

Figura 17 – Aulas de desenho de livre-expressão .......................................... 28

Figura 18 – Aulas de desenho de livre-expressão .......................................... 28

Figura 19 – Aulas de desenho de livre-expressão .......................................... 28

Figura 20 – Aulas de desenho de livre-expressão .......................................... 28

Figura 21 – Aulas de desenho de livre-expressão .......................................... 28

Figura 22 – Aulas de desenho de livre-expressão .......................................... 29

Page 8: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

Figura 23 – Aulas de desenho de livre-expressão .......................................... 29

Figura 24 – Aulas de desenho de livre-expressão .......................................... 30

Figura 25 – Aulas de desenho de livre-expressão .......................................... 30

Figura 26 – Aulas de desenho de livre-expressão .......................................... 30

Figura 27 – Aulas de desenho de livre-expressão .......................................... 30

Figura 28 – Aulas de desenho de livre-expressão .......................................... 31

Figura 29 – Aulas de desenho de livre-expressão .......................................... 31

Figura 30 – Aulas de desenho de livre-expressão .......................................... 31

Figuras 31 a 35 – Aulas sobre as obras do artista plástico Romero Britto –

Pesquisa no Laboratório de Informática .......................................................... 32

Figuras 36 e 37 – Aulas sobre as obras do artista plástico Romero Britto –

Pesquisa no Laboratório de Informática .......................................................... 33

Figuras 38 a 40 – Mural com obras impressas de Romero Britto ................... 34

Figuras 41 e 42 – Alunos desenhando (aula Romero Britto) .......................... 34

Figura 43 – De releitura de Romero Britto do aluno J.F. (5º ano) ................... 34

Figura 44 _ De releituras de Romero Britto dos alunos L.(4º ano), E.A., J.F.,

L.F. e J.V. (5ºano) .......................................................................................... 34

Figuras 45 a 50 – Aulas sobre as obras do artista plástico Carlos Scliar –

Pesquisa no Laboratório de Informática .......................................................... 35

Figuras 51 e 52 – Mural com as obras de Carlos Scliar.................................. 35

Figura 53 – Desenhos dos alunos Mª. E. S, G, J.F, L.F e P (5º ano) .............. 36

Figuras 54 e 55 – Aulas sobre as obras da artista plástica Tarsila do Amaral

– Pesquisa no Laboratório de Informática ....................................................... 36

Figuras 56 a 59 – Mural com as obras de Tarsila do Amaral .......................... 37

Page 9: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

Figuras 60 a 63 – Alunos desenhando (aula Tarsila do Amaral) .................... 38

Figura 64 – Desenhos dos alunos M.W, L.E e L (4º ano) ............................. 39

Figura 65 – Desenhos dos alunos E. (4º ano) I. e H. (5º ano) ....................... 39

Figura 66 – Desenho do aluno J.V. (5º ano) ................................................. 39

Figura 67 – Desenho do aluno L. (4º ano) ...................................................... 39

Figura 68 – Desenho do aluno D. (5º ano) ...................................................... 40

Figura 69 – Desenhos dos alunos L.F., D. e E.A. (5º ano) ............................ 40

Figura 70 – “Carnaval em Madureira” – Desenho do aluno J.H. (4º ano) ..... 40

Figura 71 – “A lua” – Desenhos dos alunos L..E. (4º ano) e G. (5º ano) ........ 40

Figura 72 – Desenhos dos alunos D. e L.F. (5º ano) ..................................... 41

Figura 73 – Desenho da aluna Mª. E. L (4º ano) .......................................... 41

Figura 74 – Desenho do aluno E.A. (5º ano) ................................................ 41

Figura 75 – Desenho da aluna L.F. (5º ano) ................................................. 41

Figuras 76 e 77 – De releitura da obra “Operários” dos alunos de (4ºe 5º

ano) ................................................................................................................ 42

Figura 78 – Desenho da aluna Mª. E. S. (5º ano) ......................................... 42

Figura 79 – Desenho da aluna Mª. E. L. “O lago” (4º ano) ............................ 42

Page 10: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

SUMÁRIO

Introdução ....................................................................................................... 01

1. Considerações sobre o Ensino de Arte ....................................................... 02

1.1. O Ensino de Arte ...................................................................................... 02

1.2. A técnica .................................................................................................. 03

1.3. O artista e sua escola .............................................................................. 10

2. Metodologia ................................................................................................ 14

2.1. A escola e o universo da pesquisa........................................................... 14

2.2. Relato das aulas ...................................................................................... 17

3. Resultados .................................................................................................. 24

Conclusão ....................................................................................................... 45

Referências ..................................................................................................... 46

Page 11: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

1

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem o objetivo de observar o desempenho dos alunos com a

atividade artística do desenho. Para que essa pesquisa se efetivasse,

inicialmente seria importante conversar com os alunos sobre a importância do

desenho e perceber qual a familiaridade deles com esta forma de expressão

artística.

Usando a experiência obtida no Curso de Especialização em Ensino de Artes

Visuais foi possível desenvolver este trabalho com os educandos.

Para que as aulas fossem dinâmicas, era fundamental aproveitar os recursos

que a escola tem, como por exemplo, a utilização do laboratório de informática

para a apreciação das obras dos artistas escolhidos como referência nesta

proposta: Romero Britto (Arte Pop), Carlos Scliar e Tarsila do Amaral

(Modernismo).

A pesquisa foi desenvolvida em três capítulos sendo o primeiro capitulo dividido

em três subtítulos: o ensino da arte; a técnica (do desenho), a qual embasou

esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de

Artes, conforme pode ser verificado nas citações dos autores consultados; na

terceira parte do capítulo um, é apresentada a biografia da artista plástica

Tarsila do Amaral, com a qual as crianças aprofundaram mais nos

conhecimentos.

No segundo capítulo será apresentada a estrutura da escola onde a pesquisa

foi desenvolvida e a metodologia aplicada no decorrer das atividades com os

alunos.

No terceiro capítulo serão apresentados os resultados da pesquisa, analisando-

os à luz do que disseram os autores sobre a importância do desenho e o

conhecimento em arte como a teoria e prática.

Pela importância que tem o desenho no desenvolvimento expressivo de

crianças e adolescentes, as Artes Visuais precisam de maior valorização nas

escolas.

Page 12: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

2

1. CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENSINO DE ARTE

1.1 – O Ensino de Arte

O ensino da Arte passou por várias transformações devido a tantas lutas de

políticos, idealistas e arte-educadores que queriam dar o devido valor à

disciplina Arte, considerando-a como área de conhecimento.

Legislada na Lei n. 9.394/96, aprovada em 20 de dezembro de 1996, no artigo

26, parágrafo 2º, a Arte é considerada obrigatória na educação básica: “O

ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório nos diversos níveis

da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos

alunos”.

Porém a Arte continua a ser ministrada, em várias escolas, incluída em outras

disciplinas, aparecendo como suporte para outras matérias, tendo uma carga

horária menor que as outras disciplinas, não recebendo o valor que a ela é

destinado na lei. O professor regente ainda é o responsável por sua execução,

atuando como um educador polivalente, destinando a Arte a ser desenvolvida

nas atividades relacionadas com as datas comemorativas e como livre

expressão.

Quase nunca há questionamento por parte dos educadores em relação à

situação secundária da Arte. Por vários motivos, principalmente pelas falhas no

planejamento e na prática pedagógica, tantas crianças apresentam dificuldades

na sensibilidade, na criatividade e na habilidade de expressão, benefícios

proporcionados pela arte.

Quem sabe os alunos não se interessariam mais pelos estudos, teriam menos

dificuldades em outras matérias – devido ao desenvolvimento psicológico – e

apresentariam menos distúrbios de comportamento se tivessem aulas de arte

de acordo com o recomendado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais?

Além disso, quantos talentos artísticos poderiam se desenvolver e terem as

suas potencialidades prontas para um futuro promissor nas atividades

artísticas!

Page 13: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

3

Embora a Lei sancionada conceda grande valor à arte como disciplina, na

realidade nem sempre a Arte ocupa o seu espaço devidamente, e permanece

praticamente à margem, não recebendo o valor que lhe é devido nas

determinações e na aplicação do currículo.

Pode-se também atribuir as deficiências no ensino de arte ao despreparo e

falta de especialização de professores para trabalhar com conhecimento

pedagógico e competência na aplicação do conteúdo exigido.

Esperamos que haja cada vez mais comprometimento com o que está exarado

no PCN e os órgãos competentes providenciem condições e recursos diversos

para melhor execução das aulas de Arte. E que os professores se empenhem

em dedicar-se com entusiasmo para atingir o objetivo de levar aos alunos

procedimentos pedagógicos que desenvolvam neles a sensibilidade, a

criatividade, a habilidade de produzir harmonia estética, o senso crítico e o

amor à Arte, que é uma dádiva de Deus à Humanidade.

1.2 – A TÉCNICA

Desenho é espaço na medida do sonho.

Amílcar de Castro

Como o aluno interage no universo do desenho? Para responder a essa

pergunta, é preciso conceituar o que é o desenho e a relação do aluno com

essa Arte, porque o desenho é uma arte. E o que é arte?

A arte é uma das mais importantes manifestações da inteligência humana.

Desde os primórdios da humanidade, o ser humano expressa, através de

símbolos e figuras, a sua realidade interior e o que o cerca e, também, a

relação de seu mundo interior com o mundo exterior. Assim pode ser

identificada como individual e coletiva. No primeiro caso, nas formas com que

se expressa estão refletidos seus encantamentos, seus medos, suas dúvidas,

suas inquietações, enfim, toda uma gama de reconhecimentos, emoções e

sentimentos, atingindo o que há de mais profundo na alma humana; no

Page 14: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

4

segundo caso porque estabelece laços entre os artistas e as pessoas que são

atingidas pelas mensagens que as obras revelam.

A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo e fazer com que os outros o compreendam (RODIN, Auguste).

A arte visual, da qual faz parte o desenho, opera no mundo refletindo e, ao

mesmo tempo, influenciando as épocas. Várias circunstâncias do ambiente

caracterizam o seu modo de se apresentar, como os materiais em que se

manifesta. Exemplificando, o homem da caverna usava as paredes como tela,

usando cores encontradas na terra, ossos como instrumentos, pessoas e

animais que os circundavam.

Considerando o desenho, podemos sentir essa evolução, pois passou por uma

transformação muito grande na era tecnológica. Aumentaram-se os seus

papeis, variaram-se os materiais de apresentação e suas aplicações. Mas o

desenho, em muitas circunstâncias, é uma linguagem universal, reconhecida

em várias épocas e lugares. Além disso, uma característica não mudou,

acompanhando a história da arte no decorrer dos tempos: a emoção que

desperta, estabelecendo uma comunhão entre artista e espectador. Muitas

vezes gera êxtase, outras vezes repúdio. Até mesmo indiferença, diminuindo

essa a força da emoção, mas às vezes servindo-se a interpretações

significativas.

“A ação de desenhar aparece muito cedo e, de modos diversos, está presente

em nossas vidas em várias situações e momentos” (COELHO, 2009). A criança

desde tenra idade gosta de usar o lápis, fazendo suas garatujas não só no

material apropriado como até mesmo nas paredes... Quando entra para o

ensino sistematizado, o educando encontra um dos lugares privilegiados para

desenvolver sistematicamente suas potencialidades, sendo o professor

mediador entre o conhecimento e a técnica e o responsável por estimular a

ação de desenhar.

Page 15: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

5

Também a escola, que é uma construtora da cidadania e promove o

desenvolvimento integral do aluno, tem a incumbência de mudar a concepção

limitada de que a arte é privilegio dos artistas, cabendo ao professor construir

no processo educativo um tempo e espaço para que se efetive a teoria e a

prática de arte. E o desenho é um instrumento essencial no desenvolvimento

cognitivo, sendo não um lazer ou atividade suplementar, mas uma atividade

funcional.

Sendo o desenho uma linguagem que atravessa os tempos históricos, poderíamos concluir que o homem sempre desenhou. E apesar de não termos registros de todas essas produções, crianças sempre existiram e provavelmente sempre desenharam (IAVELBERG, 2008, contracapa).

O educando interage no universo da arte do desenho utilizando essa

linguagem na sua vida cotidiana, contribuindo para o seu desenvolvimento, sua

realização pessoal e sua socialização. Mesmo antes de entrar para a escola, a

criança já faz uso do desenho, o qual vai se aperfeiçoando à medida que os

anos passam. E ao desenhar, quando chega à escola, vai realizar importante

integração com outras disciplinas, o que se acentua a cada ano de sua

escolaridade.

A importância do desenho é inegável, pela integração que propicia entre cognição, ação, imaginação, percepção e a sensibilidade. Por intermédio do desenho, a criança pode expressar seus conhecimentos e suas experiências, colocando sua poética de modo singular. As competências e habilidades aprendidas em desenho servirão para outras áreas de conhecimento (IAVELBERG, 2008, p. 57).

O aluno precisa ser incentivado a desenhar e reconhecer que desenhar traz

prazer e não deve ficar preso a modelos rígidos e estereótipos. Modelos podem

ser apresentados, instruções podem ser passadas, orientação pode ser dada,

mas nada que limite ou aprisione a criatividade do educando. Acima de tudo,

deve aprender a dialogar com a arte. Além disso, o amor às manifestações

artísticas, adquirido na escola, deve extrapolar e atingir a vivência do aprendiz

nos momentos não escolares. Quem sabe atingindo positivamente o meio que

Page 16: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

6

o rodeia. É um processo que desenvolve no aluno autoconfiança, criatividade,

amplia seus horizontes e sua bagagem cultural.

Segundo Barbosa (1991, p.6) “(...) Precisamos levar a arte que hoje está

circunscrita a um mundo socialmente limitado a se expandir, tornando-se

patrimônio da maioria e elevando o nível de qualidade de vida da população”.

Realmente poucas pessoas têm o privilegio de conviver com a arte e, com isso,

não usufruem o prazer e outros benefícios que ela traz. Sobre a afirmação de

Barbosa, comenta Fontes (2011, p. 6): “Diante desta afirmação, acreditamos

que no espaço educativo efetive-se o conhecimento da arte e principalmente o

significado das artes visuais no ensino fundamental, possibilitando o acesso à

arte à maioria das crianças e jovens”.

O professor deve ficar atento para, pelo desenho, conhecer em seus alunos,

além do sentimento que carregam em seu interior, quais são os temas que

interessam a eles, os medos que os perturbam, suas potencialidades ou

dificuldades. Tendo ele sensibilidade, poderá ver nos desenhos de seus

alunos, mesmo simples, às vezes em materiais improvisados, o despertar de

uma sensibilidade para a arte e para o mundo.

A sala de aula deve ser transformada, com as pesquisas e atividades

desenvolvidas, com as técnicas transmitidas, em um atelier de ideias ou em um

laboratório de experimentações. Se o espaço pedagógico se empenhasse,

dando mais oportunidade à criança e ao jovem de expressar seus sentimentos,

emoções, medos e desejos, estimulando experimentações através do desenho,

dando valor à disciplina Arte, poderia desenvolver o pensamento, a

sensibilidade, o sentimento estético, a criatividade, a sociabilidade e, com

essas habilidades, facilitaria a compreensão para atividades em outras áreas.

Uma simples linha sobre o papel funda, desse modo, espaços e volumes, de um lado e do outro. O tratamento aplicado às linhas (hachura, claro-escuro, coloração) serve para esclarecer ou reforçar a aparência das formas, sejam estas figurativas ou não. Enquanto um desenho de poucas linhas produz espaços e volumes, que visualizamos com mais vagar, a multiplicação das

Page 17: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

7

linhas estimula o movimento imprimindo um ritmo acelerado ao desenho e impedindo que a percepção dos espaços perdure (COELHO, 2009, p. 55).

Quando o professor olha com interesse e admiração os desenhos dos seus

alunos, analisando-os em conjunto com a classe, percebe-se um interesse

maior da turma em apreciar e também imitar o trabalho do colega. A arte

colabora também na socialização dos alunos, ajudando-os a ter sociabilidade e

companheirismo com os colegas, compreender melhor a sociedade e o modo

de dialogar e conviver bem em seu meio. Com esse procedimento estratégico

do professor, está sendo seguido o que diz o PCN (p. 100): “O professor

analisa os trabalhos produzidos pelos alunos junto com eles, para que a

aprendizagem também possa ocorrer a partir dessa análise, na apreciação que

cada aluno faz por si do seu trabalho com relação aos dos demais”.

Com essa atitude de socialização pela arte, o professor está sendo mais do

que quem ensina desenho, está sendo um educador. Quem sabe na vida de

muitos jovens faltaram boas aulas de desenho para que desenvolvessem mais

sua sensibilidade, afetividade e criatividade para viver melhor na sociedade?

O ensino do desenho deve ser orientado para a formação cultivada e participativa da sociedade e também possibilitar o desenvolvimento da capacidade de criação cultivada, ou seja, alimentada por diferentes contextos informativos sobre desenho: instituições culturais, mostras, feiras, livros, diferentes mídias, reproduções, trabalhos de crianças etc (IAVELBERG, 2008, p.78).

Há muitos professores que, erradamente, tentam cercear a liberdade da

criança que desenha, impondo excessivas regras e limitando a sua criatividade.

Pablo Picasso, o célebre artista espanhol, tem uma frase que revela a

importância do desenho espontâneo e serve de reflexão para os professores:

"Quando eu tinha 15 anos sabia desenhar como Rafael, mas precisei uma vida

inteira para aprender a desenhar como as crianças" (PICASSO apud

VASCONCELLOS, 2007, p.69).

No Brasil, no ensino do desenho, foi muito utilizada a construção da

Abordagem Triangular, por Ana Mae Barbosa, para quem a arte vai além da

“manipulação de materiais por determinas técnicas.”

Page 18: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

8

O bom ensino de arte precisa associar o "ver" com o "fazer", além de contextualizar tanto a leitura quanto a prática. Essa teoria ficou conhecida como "abordagem triangular". Para se aprender, é preciso ver a imagem e atribuir significados a ela. Contextualizá-la não só do ponto de vista artístico, como também socialmente. Eu tenho testemunhado alguns projetos em escolas que priorizam a análise da obra de arte e deixam de lado o trabalho de organizar suas ideias de maneira a comunicá-las por meio da imagem, o que é um trabalho poderosíssimo de organização dos processos mentais. Tem que haver um equilíbrio entre os três processos. Outro grande problema atual é que contexto? Às vezes vira estudo de vida de artistas, o que nem sempre interessa para entender a obra (BARBOSA, 1997).

Na educação, as atividades artísticas alimentam a criatividade e a força de

expressão o que contribui para o desenvolvimento integral do educando, até

mesmo na organização de seu pensamento e de suas atitudes na vida pessoal.

Também promove o seu autoconhecimento porque descobre, através de seus

trabalhos artísticos, capacidades e potencialidades que antes não havia

reconhecido, pois seu lado emocional, talvez dormente, precise de um

elemento que impulsione suas energias, fazendo-o desabrochar e descobrir

suas aptidões, perceber que é capaz de produzir com características pessoais

sua arte. Esse crescimento de autoconhecimento e autoestima promove a

melhoria de seu psiquismo e o prepara para a vida que cobra essa força

interior do ser humano, principalmente nos atuais tempos exigentes e

competitivos. O professor como facilitador da aprendizagem terá o papel

importante orientando-o nessa tarefa, levando conhecimento, ofertando

incentivo. As habilidades e atitudes que requer o desenho serão aplicadas em

seu futuro, dirigindo suas ações no caminho da realização e do sucesso,

inclusive profissional. Conforme Lowenfeld e Britain,

As artes como o desenho e a pintura possibilitam, portanto, o exercício da auto-expressão, que é uma prática eficiente para o desenvolvimento afetivo e expressivo, propiciando, em certo grau, o autoconhecimento. A produção artística incita a intuição e a criatividade e, ao mesmo tempo, exige planejamento, organização e trabalho, na busca da concretização de um projeto estético, que é proposto pela necessidade de expressão. Ao expressar sentimentos e representar ideias, o sujeito descobre em si competências e habilidades que passam a ser reconhecidas não só por ele, mas também pelo grupo e pelo próprio facilitador, que deverá estar habilitado para exercer um diálogo entre a produção do sujeito e as artes e os

Page 19: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

9

ofícios em geral. O processo de descoberta e trabalho enriquece a auto-estima de quem dele participa, promovendo experiências de criação, organização e produção. Isso reforça confiança e a iniciativa do sujeito e do grupo, colaborando na preparação para outras atividades criativas, produtivas e para o trabalho em geral (1977, p. 54).

Criando o seu trabalho, o aluno terá o prazer de realizar o que o professor

sugere, mas muito mais que isso, a elaboração e execução terão o seu toque

pessoal. Essa característica que é só dele o fará diferenciado e,

consequentemente, vindo a desenvolver uma aptidão artística especial, poderia

se tornar um artista.

Também se deve considerar a atitude do professor, utilizando técnicas ou

processos que conduzam a uma atividade grupal em que a classe seja levada

a apreciar o trabalho dos colegas e também obras de artistas nacionais e

estrangeiros, de estilos e épocas diferentes. Se o trabalho for bem conduzido,

poderá desenvolver nos alunos o senso crítico e condutas sociais positivas,

cumprindo o que está exarado no PCN:

A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento e da percepção estética, que caracteriza um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana: o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza e nas diferentes culturas (BRASIL, 1997, p. 19).

Para desenvolver o tema deste trabalho, viajou-se na história da arte em geral

e na história do desenho de modo especial: vários pensamentos foram

apresentados como uma linha diretória do assunto abordado, que tinha como

centro a importância do desenho na escola e na vida humana. Arte pedagogos

e cultores da arte aparecem com suas palavras expressando opiniões e

contando experiências. De tudo isso se conclui a profunda significação do ato

de imaginar uma forma, inspirada ou contemplada, e corporificar essa imagem

num papel ou em outro material e, com isso, possibilitar sua permanência pelos

tempos. Muitas dessas imagens que tomaram corpo por meio de um lápis ou

outro instrumento de desenhar foram a gênese de outros frutos da árvore das

Page 20: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

10

artes e marcos na estrada do progresso. Na base de quadros célebres de

pintores, no perfil de arquiteturas projetadas no espaço, de invenções

propulsoras do desenvolvimento está soberano, o desenho.

Muitos desenhistas deixaram sua marca na história, porque souberam criar

obras admiráveis como: Leonardo da Vinci, no Renascimento, que usava o

desenho como forma de compreender a realidade; Rembrant, na época do

Barroco, famoso por seus claros-escuros; Michelangelo Buonarroti, um dos

maiores artistas de todos os tempos; Ingres, que foi o grande mestre do

desenho, na França, no século XIX. E tantos outros poderiam ser citados.

Atualmente, são muito admiradas as obras de desenhistas de quadrinhos, de

tirinhas, charges e outras representações populares, como por exemplo,

Ziraldo e Maurício de Souza, que agradam especialmente as crianças; as que

exploram temas com super-heróis, são as prediletas dos jovens; as charges,

que divertem os adultos.

Esses vultos devem servir de modelo para incentivar aqueles que, hoje nos

bancos escolares, podem - quem sabe? - tornarem-se futuros nomes a

marcarem a trajetória do desenho.

1.3 – O ARTISTA E SUA ESCOLA

ESCOLHA DO ARTISTA

Para escolher o artista que seria o foco de minha pesquisa de campo fiz um

estudo com três pintores brasileiros que tinham alguma identidade no estilo ou

nos temas, embora apresentassem também diversidades. Foram apresentados

Romero Britto, Carlos Scliar e Tarsila do Amaral separadamente. De cada um

os alunos observaram características e fizeram desenhos inspirados em suas

obras. Terminado esta parte, os alunos sabiam identificar facilmente qual deles

seria o autor de imagens que eu apresentava.

Page 21: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

11

Após esse trabalho inicial, perguntei aos alunos, qual desses pintores eles

escolheriam para estudar sua vida e sua obra e fazer desenhos inspirados na

obra dele. A escolha da turma recaiu sobre Tarsila do Amaral, com cujas obras

se identificaram mais. Entre as características que levaram a essa escolha

estão: as cores vibrantes, sendo que houve observações de que, em alguns

quadros, estavam predominantes as cores da bandeira do Brasil; as paisagens

urbanas e do interior com estilo infantil, com o qual se identificaram pela

vivência deles; e a forma curiosa de alguns desenhos, que chamou muito a

atenção e curiosidade deles, estimulando-os a reproduzi suas obras.

BIOGRAFIA DE TARSILA AMARAL

Tarsila do Amaral, artista brasileira do movimento modernista, paulista da

cidade de Capivari, nasceu em primeiro de setembro de 1886, filha do

fazendeiro José Estanislau do Amaral e de Lydia Dias de Aguiar do Amaral.

Estudou no Colégio Sion, em São Paulo, completando seus estudos num

colégio de Barcelona, na Espanha, cidade onde pintou seu primeiro quadro,

Sagrado Coração de Jesus, em 1904 (TARSILA DO AMARAL

EMPREENDIMENTOS, 2013).

Começou a aprender as técnicas de pintura aos 31 anos. Seu professor foi

Pedro Alexandrino Borges (pintor, professor e decorador). Em 1920, em Paris,

estudou na Academia Julien, de artes plásticas, e com Émile Renard. Nessa

época, entrou em contato com a Arte Moderna, conheceu quadros de Pablo

Picasso e Maurice Denis e obras de dadaístas e futuristas, que exerceram nela

um grande fascínio. Enquanto estava em Paris, recebia notícias enviadas por

Anita Malfatti do fortalecimento e progresso do modernismo no Brasil (TARSILA

DO AMARAL EMPREENDIMENTOS, 2013).

Ainda em Paris, estudou com o mestre cubista Fernando Léger, pintando, em

seu ateliê, o quadro “A Negra”, que despertou grande entusiasmo no mestre,

chamando os outros alunos para apreciá-lo. Essa obra tinha grande valor

sentimental para Tarsila porque, na sua infância, conviveu com negras que

eram filhas de escravos que serviam à família. Essa obra fez Tarsila entrar

Page 22: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

12

para a arte moderna no Brasil. Com outros mestres cubistas Tarsila procurou

estudar mais (TARSILA DO AMARAL EMPREENDIMENTOS, 2013).

Um fato marcante em Paris foi uma homenagem a Santos Dumont. Tarsila

compareceu com uma capa vermelha com a qual está no auto-retrato “Monteau

Rouge”, de 1923, e que se tornou emblemático em sua carreira (TARSILA DO

AMARAL EMPREENDIMENTOS, 2013).

Voltando para o Brasil em 1924, interessada pelo que estava acontecendo

culturalmente aqui, foi conhecer o carnaval carioca e as cidades históricas de

Minas, nas quais encontrou as cores que a atraiam na infância. “Encontrei em

Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois que eram feias

e caipiras. Mas depois, vinguei-me da opressão, passando-as para as minhas

telas: azul puríssimo, rosa violácea, amarelo vivo, verde cantante,...” Cores

que adotou como a marca de sua obra, na qual tinha como temática a

paisagem brasileira, fosse urbana ou rural, a flora, a fauna e o folclore de nosso

País (TARSILA DO AMARAL EMPREENDIMENTOS, 2013).

A obra ‘Abaporu’ foi pintada em 1928, como presente para o marido Oswaldo

de Andrade, que ficou muito contente e disse ser o melhor quadro que ela

pintara. O nome Abaporu foi dado porque a figura parecia um indígena

antropófago, daí o nome abaporu, de origem tupi-guarani, e que significa

“homem que come carne humana”. A artista contou que a inspiração do quadro

veio de uma imagem de seu inconsciente, nascido das estórias de infância que

as escravas da fazenda lhe contavam sobre monstros que comiam gente

(TARSILA DO AMARAL EMPREENDIMENTOS, 2013).

O quadro Abaporu levou à criação do Movimento Antropofágico, pelo qual

Oswald de Andrade escreveu o Manifesto Antropófago. A imagem do Abaporu

simbolizava esse movimento que queria deglutir, engolir, a cultura europeia,

que era a cultura da época, transformando-a em manifestação cultural com

características brasileiras. Assim, a arte europeia deveria ser conhecida pelos

artistas brasileiros, porém deveriam criar uma estética nacional, com

Page 23: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

13

características próprias, não copiada, mas apenas inspirada nos modelos

europeus (TARSILA DO AMARAL EMPREENDIMENTOS, 2013).

Dentro do movimento Antropofágico, que recebeu fortes influências do

cubismo, do dadaísmo e do surrealismo, ela pintou outras telas como Sol

Poente, A Lua, Cartão Postal, O Lago e Antropofagia. Nessas obras usou

bichos e paisagens imaginárias usando cores fortes (TARSILA DO AMARAL

EMPREENDIMENTOS, 2013).

A primeira exposição de Tarsila foi em 1929 e houve divisão da crítica, pois

muitos não compreenderam sua arte. Nos anos 30 seus quadros apresentavam

os traços geométricos, mudando-se as cores para porosas e misturadas. A

partir de 1933, suas obras passam a ter aparência mais realista. Também foi

influenciada pela movimentação socialista, pintando quadros, como Operários,

que demonstravam preocupação com os problemas sociais (TARSILA DO

AMARAL EMPREENDIMENTOS, 2013).

Na segunda metade dos anos 40, no período “Pau Brasil”, voltaram os temas

rurais de maneira simples. Telas como Primavera (1946) e Praia (1947)

lembram o período antropofágico com imagens agigantadas, mas com

apresentação mais tradicional e com as cores de tons e a modelação mais

clássica e, em 1950, o retorno da estética Pau Brasil está presente nas telas

Fazenda, Paisagem ou Aldeia e Batizado de Macunaíma (MERCADOARTE,

2012).

Entre tantos outros trabalhos importantes, cumpre ressaltar duas obras de

grande sentido patriótico: o mural Procissão do Santíssimo (terminado em

1954), encomendado para as comemorações do IV Centenário da Cidade de

São Paulo; dois anos depois, ficou concluído outro mural: O Batizado de

Macumaína, para a Editora Martins (MERCADOARTE, 2012).

Tarsila do Amaral, que revolucionou a arte no Brasil, assim se expressou sobre

seu fazer artístico: “Eu invento tudo na minha pintura. E o que eu vi ou senti, eu

estilizo” (MERCADOARTE, 2012).

Page 24: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

14

Faleceu em 17 de janeiro de 1973, em São Paulo, deixando um legado

importantíssimo para a Cultura Artística Brasileira, consagrando-se como um

dos maiores vultos da Pintura em nosso País (TARSILA DO AMARAL

EMPREENDIMENTOS, 2013).

2. METODOLOGIA

2.1 – A escola e o universo da pesquisa

A escola em que trabalho se chama Escola Estadual General Oswaldo Pinto da

Veiga, situada à Rua São José, nº 377, Bairro São Sebastião. Fica numa

região próxima ao centro e isso é um dos motivos que a faz receber alunos

vindos de vários bairros. Nas figuras 1 e 2 observamos a fachada da escola.

Figura 1

Frente da escola1

Figura 2

Parte lateral da escola

1 Todas as fotografias inseridas nesta monografia são de autoria da autora e pertencem a seu

acervo pessoal.

Page 25: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

15

Há dois pátios na escola sendo que o da frente é menor. A figura 3 mostra o

pátio de trás, que é maior e utilizado para organizar a entrada dos alunos em

filas, dar avisos quando for necessário, para realização de festividades,

recreação e aulas de Educação Física.

Na figura 4, o local é utilizado para algumas atividades lúdicas.

Figura 3

Pátio

Figura 4

Casinha de boneca

Há também uma horta, e cada turma do Projeto tem que plantar e cuidar do

canteiro de hortaliça. Possui uma ala central com mesas para refeitório. Temos

também um Laboratório de Informática.

A escola funciona com os anos iniciais, do 1º ao 5º ano, e com o Projeto

Tempo Integral. Possui 14 classes, sendo 3 turmas de cada série. O Tempo

Integral funciona com 6 turmas, sendo 4 de manhã e 2 à tarde.

Leciono à tarde para uma turma do Projeto Tempo Integral. Os alunos

matriculados no Integral estudam nos dois horários: um no Ensino Regular e

um no Integral.

Page 26: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

16

Os projetos trabalhados no Tempo Integral englobam as seguintes atividades:

de Linguagem, de Matemática, Culturais, Esportivas e Motoras, de Formação

Pessoal e Social.

Essas atividades monitoradas e lúdicas permitem ao educando a socialização,

a descoberta de suas criatividades, capacidades e habilidades.

Minha classe é formada por alunos do 4º e 5º anos, sendo no total 20 alunos

com faixas etárias variadas: 04 alunos de 9 anos, 07 de 10 anos e 09 de 11

anos.

Os alunos são criativos, alguns tem mais facilidade de aprendizagem, outros

são imaturos e inquietos, outros são mais lentos para executar as atividades.

Existe também um aluno especial, com dificuldades na aprendizagem. Enfim,

são personalidades e modos de agir diferentes, exigindo saber orientá-los para

ajudá-los a se desenvolverem intelectualmente e socialmente.

A condição social deles é pouco favorável; os pais trabalham, a maioria, em

empreiteiras; 2 alunos recebem Bolsa Família.

Alguns alunos utilizam van como transporte; outros os pais buscam e alguns

vão sozinhos.

As atividades de Arte são bem apreciadas por eles, porque são oficinas que

permitem a interação, descobertas de talento, troca de materiais e satisfação

pelo fazer artístico que nem sempre têm oportunidade de desenvolver no

ensino regular ou com a família.

Muitos alunos apreciam a dança, as músicas contemporâneas e alguns

esportes como futebol, lutas como a capoeira e jiu-jitsu.

A figura 5 mostra um Mural que está localizado dentro da escola do lado

esquerdo à entrada. A figura 6 refere-se a um Mural com a decoração de

Page 27: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

17

acordo com as datas comemorativas, no qual os alunos do Integral colocam

seus trabalhos artísticos.

Figura 5

Mural permanente

Figura 6

Mural de datas comemorativas

2.2 – Relato das aulas

Geralmente as crianças usam a linguagem do desenho, como meio de

expressar o que veem, sentem e desejam, portanto seria um campo fértil para

a pesquisa da monografia, porque o desenho é uma linguagem utilizada pelos

alunos para várias situações.

Para conceituar o desenho falei sobre sua importância em nossa vida como

meio utilizado para exprimir desejos, sentimentos e imaginações também como

base para a realização de projetos em diversas profissões.

Antes de iniciar as atividades preparei o material necessário para as oficinas,

como papéis de gramatura 90, lápis 2B, lápis de cores variadas e outros

materiais, além do mural para a exposição de imagens das obras de artistas e

dos trabalhos feitos pelos alunos.

Page 28: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

18

As oficinas de desenho se concretizaram no período de setembro a novembro

de 2013. Para isso planejei diversas atividades que propiciassem vontade de

fazer arte através de ver, refletir e executar.

Propus que desenhassem o que gostariam de expressar nos desenhos, os

quais seriam realizados através de linhas, formas, traços e cores,

demonstrando as aptidões de cada um, assim como sua criatividade.

Foi surgindo uma variedade de desenhos revelando o que veem na mídia, o

que leem e o que imaginam. Em várias aulas os alunos fizeram desenhos de

livre expressão. Também ilustraram poesia e conto.

Mas era preciso desenvolver conhecimentos em Arte. Desse modo conversei

com os alunos sobre obras de grandes artistas, fazendo uma sondagem sobre

seus conhecimentos a respeito do assunto e se poderiam citar algum artista

que admiravam. Verifiquei que só conheciam artistas por alguma imagem que

haviam visto em livros didáticos. Comecei a pesquisar na internet procurando

obras com temas próximos da vivência dos alunos.

Chamaram-me a atenção as obras do artista plástico Romero Britto e resolvi

focalizá-las nas aulas. O estudo sobre ele e suas obras foi realizado no

Laboratório de Informática, sendo que fiz um mural com imagens para que

ficassem conhecendo o artista. Esse contato despertou neles o interesse e

admiração pela maneira como o artista trabalha.

Em seguida passaram a desenhar inspirando-se nas imagens que viram,

utilizando as cores alegres, as formas geométricas e outros detalhes das obras

de Romero Britto, procurando expressar-se conforme o estilo pop do artista,

desenhando objetos, animais, árvores e a Torre Eiffel.

Resolvi tornar o trabalho mais abrangente imprimindo obras de outros artistas,

para que conhecessem outros estilos, distinguindo as cores predominantes, as

formas, os temas característicos, enfim, o estilo pessoal de cada um. Foram

escolhidos por mim Tarsila do Amaral e Carlos Scliar.

As apresentações dos artistas deram-se primeiramente através da Internet.

Depois foram utilizadas imagens impressas e colocadas no mural.

Page 29: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

19

Apresentei as obras de Carlos Scliar, artista plástico da arte moderna. Em

seguida conheceram a artista plástica Tarsila do Amaral, do Movimento

Modernista. O objetivo foi a identificação e percepção das diferenças entre um

artista e outro observando as formas, cores e objetos.

Percebi que a turma manifestou o interesse em desenhar inspirando-se mais

nas obras de Tarsila. Então planejei aulas com conteúdos e prática sobre

Tarsila do Amaral.

Foram realizadas as seguintes atividades:

Apresentação da biografia de Tarsila do Amaral;

Linha do tempo de acordo com as datas de suas obras;

Leitura comentada do livro Tarsila de Lia Zatz e Zeflávio Teixeira;

Desenho do retrato de Tarsila inspirado em seu autorretrato;

Releitura de algumas obras da artista.

Sondagem de experiência sobre o desenho

Conversei com os alunos sobre o desenho sondando a experiência de cada um

nesta área artística. Fiz perguntas se gostavam de desenhar com o objetivo de

saber a frequência com que desenhavam. Investiguei também os tipos de

desenho que gostam de fazer, perguntei para quê servia desenhar. Indaguei se

faziam cópias ou se viam algo que gostavam na televisão e depois criavam

seus próprios desenhos. Ouvi várias respostas e percebi gostos e estilos

variados.

Também apresentei os materiais que seriam necessários para o

desenvolvimento das aulas de desenho: folhas gramatura 90, lápis 2B, lápis de

cor. Pedi para desenharem o que desejassem incentivando-os a não ficarem

desmanchando para que os desenhos não ficassem com a marca da sombra

do lápis.

Page 30: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

20

A seguir serão listadas as atividades propostas e as considerações a respeito

das aulas desenvolvidas tendo o desenho como referência.

Aula 1

Atividade proposta: Ilustrar a poesia “A história da banana” dos autores Lalau

e Laurabeatriz. Instrui que quem quisesse podia desenhar no quadro para

incentivar e dar mais ideias para os outros colegas.

Considerações:

Alguns desenharam no quadro e também no caderno. Depois explicaram para

todos o porquê daquele desenho.

Aula 2

Atividade proposta: Conto do Saci Pererê. O conto foi narrado pela

bibliotecária. Logo após foram feitas diversas perguntas. Em seguida pedimos

aos alunos que desenhassem os personagens, mostrando o que entenderam.

Considerações:

Todos desenharam com uma diferença também de estilos, formas e

habilidades.

Aula 3

Atividade proposta: Pedi para desenharem o trajeto de casa para a escola.

Minha intenção era observar se tinham noção dos locais onde passavam até

chegar à escola.

Considerações: Ao terminarem os desenhos, chamei-os à frente para

explicarem através dos traços como era o trajeto da casa até a escola.

Page 31: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

21

Aula 4

Atividade proposta:

Copiar e ilustrar a poesia “Borboleta” de Vinicius de Moraes. Os educandos

poderiam sentar em grupos para executar esta atividade.

Considerações: Os alunos desenharam e ilustraram com borboletas

diferenciadas em cores, formas e tamanhos. Quiseram mostrar e tirar fotos.

Aulas de desenho de livre-expressão

Tempo: 2 semanas

Atividades propostas:

Os desenhos criativos que surgem da vivência dos alunos são muito

interessantes, revelando maturidade na forma de ver, sentir e expressar.

Através dos meios de comunicação, o aluno tem a oportunidade de conhecer

diversos desenhos, pois a tecnologia nos traz uma gama de informações e

conhecimentos. Propus desenharem o que gostam e o que querem se revelar.

Considerações: As ações dos alunos foram positivas conforme vemos nas

figuras 10 a 30 das páginas de 23 a 29. Os desenhos foram aparecendo nas

aulas que se sucederam e cada aluno tinha o seu estilo próprio, usando o seu

conhecimento visual e sua vivencia. Eles mostravam os desenhos para todos e

usavam o mural para exposição dos exercícios.

Aulas sobre as obras do artista plástico Romero Britto

Tempo: 2 semanas

Inicialmente foi feita uma conversa com a turma a respeito de obras de arte.

Em geral, o conhecimento dos alunos sobre o assunto se dá através de livros

Page 32: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

22

didáticos. Alguns disseram que têm quadros em casa ornamentando as

paredes.

Perguntei se conheciam as obras do artista plástico Romero Britto e a resposta

foi que não conheciam.

Atividades propostas:

Levar os alunos para o Laboratório de Informática para fazer a pesquisa de

obras do artista.

Considerações: Os alunos fizeram as pesquisas e encontraram várias obras

do artista. Comentaram apreciando e observando as imagens. Fui direcionando

com perguntas para despertar a curiosidade e percepção.

Planejamos imprimir as obras e colocá-las no mural.

A exposição seria muito utilizada para que apreciassem e se inspirassem a

fazer a releitura de algumas obras de Romero Britto. Em várias aulas foram

feitos desenhos, como poderá ser visto nas figuras indicadas no capítulo 3.

Aulas sobre o artista plástico Carlos Scliar

Tempo: 1 semana

Atividades propostas:

Resolvi trabalhar com este artista porque seria bom apreciar trabalhos

realizados em outro estilo.

Os alunos foram novamente levados à sala de informática para fazer as

pesquisas. Fizemos um novo mural com imagens impressas das obras de

Carlos Scliar. Em outras aulas, os educandos fizeram desenhos inspirando-se

em algumas obras do artista.

Page 33: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

23

Aulas sobre as obras da artista plástica Tarsila do Amaral

Tempo: 4 semanas

Atividades propostas:

Na primeira semana, foi feita uma conversa com os alunos para que

conhecessem as obras da artista plástica Tarsila do Amaral. Eles foram

levados ao Laboratório de Informática para pesquisarem sobre as obras de

Tarsila.

Ações relativas à 1ª semana: No Laboratório de Informática os alunos fizeram

as pesquisas encontrando muitas obras da artista. Algumas obras lhes

chamaram mais atenção como: “A Negra”, “Abaporu” e “Antropofagia”.

No 2º dia da semana imprimi suas obras e eles ajudaram a colocá-las no

mural. A visualidade das obras serviu para apreciação e interesse para

questionamentos. Entre as perguntas queriam saber os nomes e achavam

engraçadas algumas obras.

Ações relativas à 2ª semana:

Fiz um cartaz com a linha do tempo das obras de Tarsila, que foi afixado perto

do mural onde poderiam apreciar a linha do tempo relacionando-a à obra

realizada em cada época.

Li o livro “Tarsila” dos autores Lia Zatz e Zeflávio Teixeira, o qual conta a

história da visita da filha da Negra (escrava da fazenda) à uma exposição de

Tarsila em Paris. Com essa história eles entenderam porque Tarsila pintou o

quadro “A Negra”. Também compreenderam que a obra “Abaporu” era o

monstro da história que a escrava contava quando Tarsila era criança.

Ações relativas à 3ª semana:

Page 34: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

24

Na 3ª semana foi feito um estudo sobre a biografia de Tarsila do Amaral.

Também observamos as formas geométricas, o que serviu para

compreenderem o conceito de Cubismo. Durante a semana os alunos fizeram

vários desenhos inspirados nas obras da artista.

Ações relativas à 4ª semana:

Durante esta semana a turma foi dividida em equipes que realizaram a

reprodução de obras de Tarsila. Foram feitas apresentações e os alunos

falavam o nome da obra. Fizemos a releitura da obra “Operários”.

Considerações: Cada aluno desenhou um rosto e o aluno Ed. A. desenhou a

fábrica e depois montamos.

3. RESULTADOS

De acordo com as atividades propostas e também as aulas de livre-expressão,

percebi que os desenhos dos alunos revelaram suas atitudes, desejos e

sentimentos.

Na Aula 1, observei que os desenhos ilustravam o contexto da poesia, mas se

diferenciavam no estilo de acordo com as características dos personagens

banana e macaco (figura 7).

Na Aula 2, observei alguns desenhos do personagem Saci e neles os alunos

demonstraram que entenderam o contexto da história.Desenhando com formas

e estilos variados. Eloiza desenhou dois Sacis, representando duas cenas,

Maria Eduarda desenhou um saci bem grande. O desenhou de Lucas mostra o

Saci interagindo com outro personagem (figura 8).

Page 35: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

25

Figura 7

Aula 1 – Poesia “A história da banana”

Figura 8

Aula 2 – Conto do Saci Pererê

Analisando os desenhos resultantes da Aula 3, observei que os alunos que vão

a pé para a escola tiveram mais interesse e condições de fazer o desenho

ilustrando o trajeto de casa até a escola (figura 9).

Page 36: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

26

Figura 9

Aula 3 – Trajeto de casa até a escola

Na atividade proposta durante a Aula 4, embora os alunos tivessem assentado

em grupos, pude observar que cada um tem seu jeito e gosto para desenhar as

borboletas, que apresentaram cores, tamanhos e formas diferentes (figuras 10

e 11).

Figura 10

Aula 4 – Poesia “Borboleta”

Figura 11

Aula 4 – Poesia “Borboleta”

Nas Aulas de desenho de livre-expressão, Letícia (figuras 12 e 13) apresentou

muita habilidade em desenhar rostos.

Page 37: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

27

Figura 12

Aulas de desenho de livre-expressão

Figura 13

Aulas de desenho de livre-expressão

Marlon (figura 14) ficava calmo e concentrado. Criou seu próprio estilo

colocando E.V.A. e papeis nos desenhos.

Figura 14

Aulas de desenho de livre-expressão

Page 38: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

28

As (figuras 15 a 18) mostram estilos próprios. Percebi que os alunos mais

agitados estavam concentrados ao desenhar.

Figura 15

Aulas de desenho de livre-expressão

Figura 16

Aulas de desenho de livre-expressão

Figura 17

Aulas de desenho de livre-expressão

Figura 18

Aulas de desenho de livre-expressão

Observei nas figuras 19 a 23 um estilo semelhante ao cartum. Nestes

desenhos, há traços que mostram a expressão e a fisionomia das pessoas. Na

figura 23, o aluno Lucas disse que são seus pais. Então um garoto disse que a

“mãe dele tem cabelo diferente” e ele disse que a “vê assim”. Mostrei os

desenhos para duas artistas plásticas da cidade e elas disseram que ele está

”pronto” seus desenhos são expressivos.

Page 39: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

29

Figura 19

Aulas de desenho de livre-

expressão

Figura 20

Aulas de desenho de livre-

expressão

Figura 21

Aulas de desenho de livre-

expressão

Figura 22

Aulas de desenho de livre-

expressão

Figura 23

Aulas de desenho de livre-expressão

O aluno Júlio Henrique expressa o que vê e imagina. Interpretou o desenho

dizendo que o lagarto cuspidor de fogo pisou no carro vai entrar no posto e

explodir tudo. No desenho em que há dois personagens lutando jiu-jitsu, disse

que o esportista de faixa preta é ele (figura 24).

Page 40: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

30

Eu e a professora do ensino regular observamos que o aluno mudou muito o

seu comportamento. Sempre aprecio seus desenhos e ele demonstra muita

vontade de desenhar, por muitas vezes solicita material lápis e papel para

desenhar (figura 24 a 27).

Na (figura 27) estão os retratos que ele desenhou de mim e Tarsila. A princípio

ele não apresentou seu desenho, apenas o colocou sobre a mesa. Ao verificar

outros desenhos percebi que era o meu retrato. A mudança de comportamento

é notável a todos os funcionários da escola. Está mais social e com interesse

nos estudos.

Figura 24

Aulas de desenho de livre-expressão

Figura 25

Aulas de desenho de livre-expressão

Page 41: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

31

Figura 26

Aulas de desenho de livre-expressão

Figura 27

Aulas de desenho de livre-expressão

O aluno Luis Antônio desenha homens com espada lutando (figuras 28 e 29).

Perguntei sobre os desenhos e disse que “gosta de desenhar ninja”.

Figura 28

Aulas de desenho de livre-expressão

Figura 29

Aulas de desenho de livre-expressão

Page 42: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

32

O aluno Matheus Wendell sempre vê os colegas me pedirem material para

desenhar e também quis desenhar. Ilustrou o que viu no filme e também fez o

contorno das mãos e coloriu (figura 30).

Figura 30

Aulas de desenho de livre-expressão

Durante essas aulas de desenho percebi a conduta de alguns alunos em

relação ao desenho que faziam. Alguns demonstravam satisfação em mostrar

sua competência ao retratar através de linhas e cores fatos vivenciados e

imaginários. Outros procuravam concluir o desenho buscando aperfeiçoá-lo.

Nas semanas que sucederam essas aulas houve um desabrochar de talentos e

respeito pelos trabalhos realizados.

Os desenhos foram apreciados por mim, que valorizei e demonstrei para a

turma passando incentivo e sensibilizando-os a apreciar tanto os seus

trabalhos quanto dos colegas.

Nas aulas sobre as obras do artista plástico Romero Britto, os alunos ficaram

entusiasmados com as imagens de suas obras. Descobriram nas imagens

pessoas famosas, objetos e animais. Apreciaram as cores e formas

geometricas (figuras 31 a 37).

Page 43: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

33

Figura 31

Figura 32

Figura 33

Figura 34

Figura 35

Figura 36

Figura 37

Figuras 31 a 37 – Aulas sobre as obras do artista plástico Romero Britto

Pesquisa no Laboratório de Informática

O mural com obras impressas de Romero Britto (figuras 38 a 40) foi

importante para que os alunos pudessem apreciar e se inspirar para a releitura

das obras do artista (figuras 41 e 42).

Page 44: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

34

Figura 38

Figura 39

Figura 40

Figuras 38 a 40 – Mural com obras impressas de Romero Britto

Figura 41

Alunos desenhando (aula Romero Britto)

Figura 42

Alunos desenhando (aula Romero Britto)

Os desenhos realizados em sala de aula demonstram que os alunos

apreciaram e reproduziram usando a criatividade ao desenhar objetos de seu

cotidiano, o beija-flor, árvores, corações, e também temas que não faziam parte

do dia-a-dia deles, como a Torre Eiffel. Eles desenharam e coloriram

procurando fazer a releitura das obras de Romero Brito (figuras 43 e 44).

Page 45: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

35

Figura 43

Figura 44

Releitura de aluno J. F. (5º ano) Releituras de alunos L. (4º ano), E.A., J.F. L.F., e J.V. (5º ano)

Nas aulas sobre o artista plástico Carlos Scliar, durante a pesquisa feita pelos

alunos no laboratório de informática, eles observaram formas, cores, objetos e

casas (figuras 45 a 50). A aluna Lara analisou que as casas não tinham

janelas nem portas. Montamos um mural com as obras impressas do artista

(figuras 51 e 52). Nas aulas seguintes, os alunos fizeram desenhos inspirados

em algumas de suas obras (figura 53). As imagens que eles mais apreciram e

que inpiraram seus desenhos relacionavam-se a objetos de seu cotidiano.

Page 46: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

36

Figura 45

Figura 46

Figura 47

Figura 48

Figura 49

Figura 50

Figuras 45 a 50 – Aulas sobre as obras do artista plástico Carlos Scliar

Pesquisa no Laboratório de Informática

Figura 51

Figura 52

Figuras 51 e 52 – Mural com as obras de Carlos Scliar

Page 47: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

37

Figura 53

Desenhos dos alunos Mª E. S., G., J.F., e P. (5º ano)

Os alunos observaram que em várias obras do artista Carlos Scliar aparecem

pinturas de objetos de casa como: jarras com flores, bules, taças. E também

casas mostrando os telhados. Então foi observado que não apareciam portas

nem janelas, somente as paredes e telhados e as formas geométricas retas.

Nas aulas sobre as obras da artista plástica Tarsila do Amaral, inicialmente os

alunos fizeram pesquisas no Laboratório de Informática (figuras 54 e 55), e em

seguida apreciaram as obras da artista a partir do mural montado com imagens

impressas de seus trabalhos (figuras 56 a 59).

Figura 54

Figura 55

Figuras 54 e 55 – Aulas sobre as obras da artista plástica Tarsila do Amaral

Pesquisa no Laboratório de Informática

Page 48: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

38

Figura 56

Figura 57

Figura 58

Figura 59

Figuras 56 a 59 – Mural com as obras de Tarsila do Amaral

Durante a apreciação do mural, os alunos olharam, trocaram ideias; a arte

propicia esses momentos de interação, fazendo-os mais sociáveis.

Enquanto os alunos faziam exercícios inspirados nas obras de Tarsila, tirei

algumas imagens do mural para eles olharem (figuras 60 a 63). Percebi neles a

atitude de companheirismo e interesse em realizar as tarefas. Os alunos se

Page 49: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

39

reuniram em grupos, demonstrando interesse em fazer os desenhos a partir da

apreciação das obras impressas.

Figura 60

Figura 61

Figura 62

Figura 63

Figuras 60 a 63 – Alunos desenhando (aula Tarsila do Amaral)

Dessas aulas surpreendi-me com os desenhos, que os alunos fizeram com

muita dedicação. Cada aluno(a) dedicou-se em desenhar e também aprendeu

os nomes das obras da artista Tarsila do Amaral. A seguir serão apresentados

alguns desenhos e também depoimentos dos alunos sobre a experiência do

fazer, contextualizar e apreciar as obras de Tarsila.

Page 50: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

40

Figura 64

Desenhos do aluno M.W., L.E.e .L de (4º ano)

Figura 65

Desenhos dos alunos E.(4ºano), I. e H.(5º

ano)

Figura 66

Desenho do aluno J.V. (5º ano)

Figura 67

Desenho do aluno L.(4º ano)

Page 51: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

41

Figura 68

Desenho do aluno D. (5º ano)

Figura 69

Desenhos dos alunos L.F., D. e E.A., (5º ano)

Figura 70

“Carnaval em Madureira” do aluno J.H. (4º

ano)

Figura 71

“A lua” desenhos dos alunos L.E (4º ano) e G.

(5º ano)

Page 52: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

42

Figura 72

Desenhos dos alunos D. e L.F. (5º ano)

Figura 73

Desenho da aluna Mª. E. L. (4º ano)

Figura 74

Desenho do aluno E. A. (5º ano)

Figura 75

Desenho da aluna L. F. (5º ano)

Page 53: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

43

Figura 76

Figura 77

Figuras 76 e 77 – Releitura da obra “Operários” dos alunos de (4º e 5º ano)

Finalmente todos os alunos ajudaram a colar os rostos que haviam feito.

Figura 78

Desenho da aluna Mª.E.S. (5º ano)

Desenhos feitos a partir do livro “Tarsila”, de

Lia Zatz e Zeflávio Texeira.

Figura 79

“O lago” Desenho da aluna, Mª.E.L. (4º ano)

Page 54: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

44

Comentários dos alunos a respeito dos desenhos:

Tarsila do Amaral me inspirou a desenhar melhor. Eu achei que as obras dela

são tão bacanas!

Mª. E.L _ 9 anos

Quando desenho fico calma, minha letra melhora e aprendo outros modos de

arte. E cada uma delas me inspira a fazer mais. Para eu desenhar tenho que

ter inspiração, mas é fácil porque sempre que revejo minhas artes tenho novas

ideias e é sempre assim. Eu me chamo Letícia, tenho 11 anos e gostei das

artes da Tarsila do Amaral.

L.F._ 11 anos

Eu aprendi a desenhar melhor.

A arte me fez ficar calmo.

Ela me fez parar de gritar.

E a Tarsila me fez gostar mais de desenhar.

A Tarsila ficou com saudade da infância e se lembrou de uma Negra que ficava

cuidando das crianças de lá da fazenda, então ela fez um quadro com o retrato

dela.

J.H._ 9 anos

Eu aprendi com a Tarsila que podemos fazer arte e ficar famosos pintando

coisas simples da rua ou até de casa. E também aprendi que desenhando nos

expressamos.

E.A. _11 anos

Bem eu me inspirei nela e em seus desenhos porque achei muito bacanas.

Achei mais bacana foi a obra A Negra, ela foi mais interessante. Eu comecei a

desenhar mais os desenhos dela e eu aprendi que a gente tem que desenhar

mais, por isso eu desenho mais agora.

L.E._9 anos

Page 55: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

45

Das imagens das obras que ficaram no Mural, a de que mais gostei foi a obra

do Abaporu. O Abaporu foi uma obra pintada em 1928. Quando Tarsila pintou a

Abaporu estava se lembrando das histórias que as negras da fazenda

contavam.

Gostei da obra porque tem cores vivas e me trouxe incentivo de desenhar.

G. 11anos

Eu aprendi que as artes dela são bonitas e a de que eu mais gostei foi da obra

Sagrado Coração de Jesus. Ele é mais bonito e me inspirou a fazer o desenho.

J.V. 11anos

A Tarsila do Amaral é uma mulher brasileira e nasceu em São Paulo, na cidade

de Capivari, no ano de 1886. Das obras de Tarsila a que mais me interessou foi

A Negra. A Negra contava histórias de monstros e Tarsila pintou o Abaporu

como ela imaginava que era o monstro.

E. 10 anos

Gosto muito de desenhar, gosto não adoro, e o que mais gostei de desenhar

até hoje foi o rosto de Tarsila do Amaral.

Ed. A._ 11 anos

Percebi que os alunos desenharam as obras de Tarsila e aprenderam noções

de Cubismo e das cores caipiras citadas em suas obras.

Page 56: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

46

CONCLUSÃO

Esta pesquisa me propiciou momentos de interação com as artes visuais na

atividade de desenho junto com meus alunos.

Observei que ao desenhar o aluno se posiciona a riscar o papel e somente

para quando conclui o que pensou. Neste momento os alunos ficam

concentrados, olhando com atenção a folha à frente. Mesmo quando interagem

com os colegas para trocar algum material o seu sentido está no desenho a

concluir.

Portanto é importante que o professor leve a arte para dentro da sala de aula,

tanto em teoria quanto na prática, porque o aluno é receptivo e sabe reagir com

interesse quando percebe que o conteúdo está bem fundamentado.

Aprendi que as aulas de Arte devem ser bem elaboradas usando uma

metodologia dinâmica com atividades de acordo com o nível da classe.

Percebi que os alunos reagem de acordo com o que lhes é proposto e cabe ao

professor dinamizar suas aulas.

Enriqueci meus conhecimentos ao fazer as pesquisas referentes aos autores

que embasaram minha monografia, assim como foi ao pesquisar a biografia de

Tarsila do Amaral.

Os exercícios de desenho dos alunos foram motivos de surpresa e emoção ao

ver que alunos de classe social simples souberam aproveitar os ensinamentos

e fazer os desenhos.

Observei que houve mudanças de comportamento e mais aprendizagem

porque se envolveram com as artes visuais, incitando a intuição e buscando a

realização do trabalho.

Senti que ao serem elogiados e admirados por mim e pelos colegas os alunos

se sentiam valorizados e a autoestima se revelava em outras ações.

Este trabalho realizado com a participação efetiva dos alunos me marcou

positivamente como docente. Pretendo fazer das aulas de arte um trabalho

produtivo com o qual os alunos serão beneficiados com uma aprendizagem

eficaz, na qual o apreciar, o contextualizar e o fazer sejam as bases para a

construção de conhecimentos nas diversas formas de expressão em Artes

Visuais.

Page 57: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

47

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Ana Mae Tavares Bastos. A imagem no ensino da arte: anos

oitenta e novos tempos. São Paulo: Perspectiva, 1991. 134p.

BARBOSA, Ana Mae Tavares Bastos. Entrevista. Revista Educação. São

Paulo: Editora Segmento, 1997. n. 97.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e

bases da educação nacional. Brasília, 1996. Disponível em:

<http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf>. Acesso

em: 04 dez. 2013.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares

nacionais: arte / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF,

1997. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/arte.pdf. Acesso

em: 30 de out. 2013.

COELHO, Rodrigues Borges. O desenho ou a vontade do seguinte. In:

PIMENTEL, Lucia Gouvêa et al. Curso de especialização em ensino de artes

visuais. Belo Horizonte: Escola de Belas Artes da UFMG, c2009.

FONTES, Layne Chaves Domingos. Significado da Arte Visual no Ensino

Fundamental: um estudo sobre o desenho em sala de aula. 2011. 41 f.

Monografia (Licenciatura em Arte e Educação) – Faculdade Integrada da

Grande Fortaleza – FGF/Núcleo de Educação à Distância – NEAD, Fortaleza,

2011. Disponível em:

http://www.nead.fgf.edu.br/novo/material/monografias_arte_educacao/LAYNE_

CHAVES_DOMINGOS_FONTES.pdf. Acesso em 05 dez. 2013.

IAVELBERG, Rosa. O Desenho Cultivado da Criança. 2. ed. Porto Alegre:

Editora Zouk, 2008.

LOWENFELD, Victor; BRITAIN, W. Lambert. O desenvolvimento da

capacidade criadora. São Paulo: Mestre Jou, 1977.

MERCADOARTE. Tarsila do Amaral. Mercadoarte. 2012. Disponível em:

http://www.mercadoarte.com.br/artigos/artistas/tarsila-do-amaral/tarsila-do-

amaral/. Acesso em 05 dez. 2013.

Page 58: ABRINDO HORIZONTES PARA A ARTE ATRAVÉS DO DESENHO€¦ · esta pesquisa, sendo uma técnica básica e fundamental para o ensino de Artes, conforme pode ser verificado nas citações

48

MORAIS, Frederico. Cildo Meireles: algum desenho (1963-2005) – Catálogo

da exposição realizada no Centro Cultural Banco do Brasil. Rio de Janeiro,

2005.

RODIN, Auguste. Site CONTADORA DE HISTÓRIAS. Disponível em:

. Acesso: 30 de out. 2013.

TARSILA DO AMARAL EMPREENDIMENTOS. Biografia resumida. TARSILA

- SITE OFICIAL. Disponível em: http://www.tarsiladoamaral.com.br/biografia

resumida.html. Acesso em: 05 dez. 2013.

VASCONCELLOS, Marina da Costa Manso (org.). Quando a Psicoterapia

Trava. São Paulo: Ágora, 2007.

WIKIQUOTE. Pablo Picasso. Wikiquote é uma coletânea de citações livres

que está sendo escrita através da colaboração de seus próprios leitores. 2013.

pt.wikiquote.org/wiki/Pablo_ . Acesso: 30 de out. 2013.

ZATZ, Lia; TEIXEIRA, Zeflávio. Tarsila. São Paulo: Paulinas, 1995.