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Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina ACÓRDÃO N. 3 0 9 4 8 PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 1666-73.2014.6.24.0000 - CLASSE 25 - ELEIÇÕES 2014 - DEPUTADO ESTADUAL Relator: Juiz Rodrigo Brandeburgo Curi Requerente: Luciano Roberto Fischer - ELEIÇÕES 2014 - PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CANDIDATO - DEPUTADO ESTADUAL. - INEXISTÊNCIA DE CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DE DOAÇÃO ESTIMÁVEL EM DINHEIRO - FALHA FORMAL - PRECEDENTE. - APLICAÇÃO DE RECURSO PRÓPRIO ESTIMÁVEL EM DINHEIRO - BEM NÃO INTEGRANTE DO PATRIMÔNIO DO PRESTADOR EM PERÍODO ANTERIOR AO DO REGISTRO DE CANDIDATURA - VEÍCULO NÃO DECLARADO NO REGISTRO DE CANDIDATURA - NÃO APRESENTAÇÃO DO TERMO DE CESSÃO E DE PROPRIEDADE - IMPROPRIEDADE NÃO AFASTADA. - DOAÇÃO ESTIMÁVEL EM DINHEIRO - CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO - IRREGULARIDADE INSUBSISTENTE - PRECEDENTE. - DIVERGÊNCIA ENTRE DADOS DE DOADOR DECLARADO NA PRESTAÇÃO DE CONTAS E AQUELES INSERTOS NA BASE DE DADOS DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - ALEGADO EQUÍVOCO NA ANOTAÇÃO DO NOME DO DOADOR - FALTA DE RETIFICAÇÃO DAS INFORMAÇÕES - RECIBO ELEITORAL TIDO COMO CANCELADO UTILIZADO PARA COMPROVAR RECEITA RECEBIDA DE DOADOR DIVERSO - FALHA NÃO RELEVADA. - AUSÊNCIA DE DOCUMENTO FISCAL APTO À COMPROVAÇÃO DE DESPESA - EXIGÊNCIA PREVISTA NO ART. 46 DA RESOLUÇÃO TSE N. 23.406/2014 - GASTO EFETIVADO E QUITADO - DESPESA DE PEQUENO VALOR FRENTE AO TOTAL MOVIMENTADO - DEMONSTRAÇÃO DO TRÂNSITO DOS RECURSOS FINANCEIROS EM CONTA BANCÁRIA ESPECÍFICA DE CAMPANHA - ORIGEM E DESTINO DO RECURSO AFERIDOS - FALHA RELEVADA. - OMISSÃO DO REGISTRO DE DESPESAS NA SEGUNDA PARCIAL DE CONTAS - MERA FORMALIDADE - ART. 36, § 14, DA RESOLUÇÃO TSE N. 23.406/2014 QUE ESTABELECE O REGIME DE COMPETÊNCIA PARA O REGISTRO DAS DESPESAS - IRREGULARIDADE QUE

Ac. TRESC n. 30948/2015

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Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catar ina

ACÓRDÃO N. 3 0 9 4 8 PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 1666-73.2014.6.24.0000 - CLASSE 25 - ELEIÇÕES 2014 - DEPUTADO ESTADUAL Relator: Juiz Rodrigo Brandeburgo Curi Requerente: Luciano Roberto Fischer

- ELEIÇÕES 2014 - PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CANDIDATO - DEPUTADO ESTADUAL.

- INEXISTÊNCIA DE CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DE DOAÇÃO ESTIMÁVEL EM DINHEIRO - FALHA FORMAL -PRECEDENTE.

- APLICAÇÃO DE RECURSO PRÓPRIO ESTIMÁVEL EM DINHEIRO - BEM NÃO INTEGRANTE DO PATRIMÔNIO DO PRESTADOR EM PERÍODO ANTERIOR AO DO REGISTRO DE CANDIDATURA - VEÍCULO NÃO DECLARADO NO REGISTRO DE CANDIDATURA - NÃO APRESENTAÇÃO DO TERMO DE CESSÃO E DE PROPRIEDADE -IMPROPRIEDADE NÃO AFASTADA.

- DOAÇÃO ESTIMÁVEL EM DINHEIRO - CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO - IRREGULARIDADE INSUBSISTENTE -PRECEDENTE.

- DIVERGÊNCIA ENTRE DADOS DE DOADOR DECLARADO NA PRESTAÇÃO DE CONTAS E AQUELES INSERTOS NA BASE DE DADOS DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - ALEGADO EQUÍVOCO NA ANOTAÇÃO DO NOME DO DOADOR - FALTA DE RETIFICAÇÃO DAS INFORMAÇÕES - RECIBO ELEITORAL TIDO COMO CANCELADO UTILIZADO PARA COMPROVAR RECEITA RECEBIDA DE DOADOR DIVERSO - FALHA NÃO RELEVADA.

- AUSÊNCIA DE DOCUMENTO FISCAL APTO À COMPROVAÇÃO DE DESPESA - EXIGÊNCIA PREVISTA NO ART. 46 DA RESOLUÇÃO TSE N. 23.406/2014 - GASTO EFETIVADO E QUITADO - DESPESA DE PEQUENO VALOR FRENTE AO TOTAL MOVIMENTADO - DEMONSTRAÇÃO DO TRÂNSITO DOS RECURSOS FINANCEIROS EM CONTA BANCÁRIA ESPECÍFICA DE CAMPANHA - ORIGEM E DESTINO DO RECURSO AFERIDOS - FALHA RELEVADA.

- OMISSÃO DO REGISTRO DE DESPESAS NA SEGUNDA PARCIAL DE CONTAS - MERA FORMALIDADE - ART. 36, § 14, DA RESOLUÇÃO TSE N. 23.406/2014 QUE ESTABELECE O REGIME DE COMPETÊNCIA PARA O REGISTRO DAS DESPESAS - IRREGULARIDADE QUE

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NÃO INFIRMA A CONFIABILIDADE DAS CONTAS -PRECEDENTE - APOSIÇÃO DE RESSALVA.

- EXISTÊNCIA DE DÍVIDA DE CAMPANHA - CHEQUE ESTORNADO - APRESENTAÇÃO DE TERMO DE ASSUNÇÃO DE DÍVIDA FIRMADO PELO PRÓPRIO CANDIDATO - INFRINGÊNCIA AO ART. 30, §§ 1o E 2o, DA RESOLUÇÃO TSE N. 23.406/2014 - IRREGULARIDADE NÃO ESCLARECIDA - FALHA QUE INFIRMA A REGULARIDADE DAS CONTAS - PRECEDENTE.

"A existência de dívida de campanha, sem a apresentação de termo de assunção de divida, com cronograma de pagamento e quitação, e sem a anuência expressa dos credores constitui irregularidade grave, pois infirma a confiabilidade das contas e impede que se conheça a origem dos recursos, que serão utilizados para a quitação do débito" [TRESC. Ac. n. 30.709, de 18.5.2015, rei. Juiz Alcides Vettorazzi],

- DESAPROVAÇÃO DAS CONTAS.

A C O R D A M os Juizes do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, à unanimidade, em desaprovar as contas de campanha de Luciano Roberto Fischer, nos termos do voto do Relator, que fica fazendo parte integrante da decisão. r

Sala de Sessõesháo TritMnal Rxegtà ial Eleitoral.

Florianópolis, 13 d^julhoidè 2015".

CURI

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R E L A T Ó R I O

Trata-se de prestação de contas de campanha apresentada por Luciano Roberto Fischer, candidato ao cargo de deputado estadual, em observância ao disposto no art. 33 da Resolução TSE n. 23.406/2014.

Após a análise dos documentos apresentados, a Coordenadoria de Controle interno (COCIN) deste Tribunal emitiu o relatório preliminar de fis. 27-29, motivando a baixa dos autos em diligência para que o requerente pudesse suprir as incorreções apontadas.

Convertido o feito em diligência, o candidato apresentou a manifestação e os documentos de fis. 33-40 e 44-51.

Emitido o parecer técnico conclusivo, opinou a COCIN pela desaprovação das contas (fis. 53-55).

Às fis. 59-66, no mesmo sentido, manifestou-se a Procuradoria Regional Eleitoral.

Posteriormente, apresentou o requerente novos esclarecimentos e documentos (fis. 71-77), pelo que determinei a remessa dos autos à unidade técnica para reanálise (fl. 70).

Em parecer pós-conclusivo, a COCIN ratificou seu posicionamento anterior pela desaprovação das contas (fis. 79-80), no que foi acompanhado pela Procuradoria Regional Eleitoral (fis. 81-82).

É o relatório.

V O T O

O SENHOR JUIZ RODRIGO BRANDEBURGO CURI (Relator): Sr. Presidente, remanescem irregularidades, as quais serão devidamente apreciadas.

1. Ausência de critério de avaliação de doação estimável em dinheiro

No que concerne à ausência de avaliação das doações estimáveis em dinheiro pelo preço praticado no mercado, esta falha, por si só, não possui gravidade suficiente para ensejar a rejeição das contas, conforme entendimento assente desta Corte [Precedente Ac. n. 28.494, de 19.8.2013, Rei. Juiz Luiz Cezar Medeiros].

2. Aplicação de recurso próprio estimável em dinheiro referente a veículo que não restou declarado por ocasião do registro de candidatura

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Destacou-se a utilização de recurso próprio estimável em dinheiro não integrante do patrimônio do candidato por ocasião do registro de candidatura, conforme quadro ilustrativo a seguir reproduzido:

BENS INFORMADOS NO REGISTRO DE CANDIDATURAS DESCRIÇÃO VALOR (R$)

DISPONIBILIDADE EM MÃO 178.500,00 NA RUA SEGUNDO DALLA COSTA, COM 425 M2 116.000,00 PEUGEOT 406, VERMELHO, PLACA ITC 1608 45.000,00 SPACE FOX, COR BRANCA, PLACA DIL 9256 43.000,00

RECURSOS PRÓPRIOS ESTIMÁVEIS EM DINHEIRO INFORMADOS NA PRESTAÇÃO DE CONTAS

DESCRIÇÃO VALOR (R$) 55 DIAS DE CESSÃO GRATUITA DE DIREITO SOBRE O VEÍCULO GOL 1.0-ANO/MOD 2007- PLACA DYJ7105

2.530,00

Tocante a esse item, aduziu o prestador que até a data do registro de candidatura não teria contado com a cessão de veículo para uso em sua campanha, razão pela qual não teria sido informado à época à Justiça Eleitoral (fl. 33).

O requerente deixou efetivamente de apresentar termo de cessão de veículo, certificado de propriedade do automóvel e o correspondente recibo eleitoral, inviabilizando, dessa forma, a comprovação da origem da receita.

No caso, a impossibilidade de se atestar a autenticidade das informações declaradas leva à rejeição das contas, a teor de recente julgado desta Corte, verbis:

PRESTAÇÃO DE CONTAS - ELEIÇÕES 2014 - CANDIDATO - CARGO -DEPUTADO ESTADUAL.

[...]

- EXISTÊNCIA DE DESPESAS REALIZADAS COM COMBUSTÍVEIS SEM O CORRESPONDENTE REGISTRO DE LOCAÇÃO, CESSÃO DE VEÍCULO OU PUBLICIDADE COM CARRO DE SOM - INÉRCIA DO PRESTADOR EM ESCLARECER E SANAR A IRREGULARIDADE - FALHA GRAVE -DESAPROVAÇÃO.

[...]

- DESAPROVAÇÃO DAS CONTAS DO CANDIDATO [Acórdão n. 30.502, de 25.3.2015, rei. Juiz Hélio do Valle Pereira].

Referida irregularidade é de natureza grave, pois o valor supostamente omitido, de R$ 20.242,03, representa 28,50% do total de recursos de campanha movimentados, R$ 71.004,67, fato que inviabilizou o adequado controle das fontes de financiamento da campanha eleitoral.

3. Omissão quanto ao recebimento de recursos estimáveis em dinheiro

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referente à contratação dos serviços de advocatícia

No que concerne aos gastos realizados nessa rubrica, este Tribunal tem firme o entendimento de que a falta de anotação do eventual recebimento de recursos estimáveis em dinheiro para a contratação desse prestador de serviço não configura irregularidade, por não constituir despesa de campanha. Nesse sentido, cita-se:

- PRESTAÇÃO DE CONTAS - ELEIÇÕES 2014 - CANDIDATO.

[...]

- AUSÊNCIA DE REGISTRO, NA PRESTAÇÃO DE CONTAS, DOS SERVIÇOS PRESTADOS PELO CONTADOR - IRREGULARIDADE QUE NÃO SUBSISTE.

De acordo com precedentes deste Tribunal, os serviços prestados pelo contador não configuram despesas de campanha, pois não visam à promoção do candidato. Logo, não necessitam ser contabilizados nas contas [Ac. n. 30.465, de 11.3.2015, rei. Juiz Alcides Vettorazzi -grifou-se].

Resta, portanto, insubsistente a apontada impropriedade.

4. Divergência entre as informações constantes da prestação de contas e aquelas contidas na base de dados da Secretaria da Receita Federal

Consignou a COCIN divergência entre os dados do doador declarado nesta prestação de contas e aqueles insertos na base de dados da Secretaria da Receita Federal do Brasil (fl. 28): CPF/CNPJ DOADOR CONSTANTE DA

PRESTAÇÃO DE CONTAS DOADOR CONSTANTE DA BASE DE DADOS DA RFB

VALOR (R$)

497.966.589-68 MARCIANO FISCHER ADELMO BORELLA 2.209,83

Afirmou o prestador que teria incorrido em mero equívoco ao efetuar o referido registro, uma vez que o valor doado teria sido recebido de Marciano Fischer (fl. 45), esclarecendo que o recibo eleitoral emitido em nome de Adelmo Borella teria sido cancelado, por não ter sido levado a termo o contrato de cessão pretendido entre as partes.

A inconsistência permanece, no entanto, pois, além de não ter sido efetuada a devida retificação das informações — em consonância com o determinado no art. 50, § 1o, da Resolução TSE n. 23.406/2014 —, constatou-se que o recibo eleitoral de n. 121210700000SC000006 (fl. 47), emitido em nome de Adelmo Borella e supostamente dado como cancelado pelo candidato, já havia sido utilizado para comprovar a doação estimável em dinheiro recebida de Levi Eloi dos Santos, CPF n. 046.240.889-21, registrada no Demonstrativo de Receitas

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Estimáveis à fl. 57, fato que infirma a credibilidade e a confiabilidade das contas, por impedir o efetivo controle dos recursos auferidos.

5. Gasto sem a devida comprovação por meio de documento fiscal idôneo

Em seu relatório conclusivo, a unidade técnica anotou, ainda, a inexistência de documentação fiscal hábil à comprovação de despesa realizada com a Empresa Vanderlei Climaco Varela ME, CNPJ n. 14.425.361/0001-94, no valor de 160,00, referente à produção de material de propaganda, devidamente registrada no Relatório de Despesas Efetuadas.

No ponto, cumpre esclarecer que, apesar de não ter sido exibida a nota fiscal comprobatória da diferença apurada — que pode ser considerada irrisória, diante da soma efetivamente despendida, no montante de R$ 10.350,00, conforme se infere das notas eletrônicas de fls. 74-75 — restou demonstrada a sua quitação por meio do cheque de n. 850009, conforme detalha o extrato bancário de fl. 9, e comprovado o devido trânsito do recurso financeiro em conta bancária específica de campanha, o que permitiu aferir a natureza dos serviços prestados, razão pela qual merece ser afastada a irregularidade [Precedente: TRESC. Ac. n. 30.583, de 15.4.2015, rei. Juiz Carlos Vicente da Rosa Góes].

6. Ausência do registro de despesas na segunda parcial de contas

Na linha dos julgados desta Casa, considera-se superável a ausência de indicação das receitas e das despesas nas parciais da contabilidade de campanha, por ser possível aferir a real movimentação financeira na prestação de contas final protocolizada pelo requerente.

Com efeito, conforme decidido por este Colegiado, em acórdão da lavra do Juiz Sérgio Roberto Baasch Luz, referida omissão não "implica necessário desvirtuamento da finalidade buscada pela lei ao prever o procedimento de prestação de contas, notadamente porque a informação contábil parcial 'expressa dados precários, provisórios, que não refletem a integral e efetiva movimentação financeira do candidato' (TRESC. Ac. n. 24.211, de 30.11.2009, Juiz Newton Trisotto), razão pela qual deve ser considerada mera irregularidade formal" [Ac. n. 30.273, de 26.11.2014], merecendo, portanto, tão somente a aposição de ressalva.

7. Existência de dívida de campanha

Constatou a unidade técnica, por fim, o estorno, por insuficiência de fundos, do cheque de n. 0850011, no valor de R$ 1.300,00, ainda pendente de quitação, o que caracterizaria a existência de dívida de campanha (fl. 55).

Dispõe o § 2o do art. 30 da Resolução TSE n. 23.406/2014 que os eventuais débitos remanescentes de campanha, não quitados até a data de entrega da prestação de contas final, podem ser quitados pelo partido político.

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Tocante a este item, apresentou o requerente Termo de Assunção de Dívida (fl. 72), no qual se compromete pessoalmente em saldar a dívida remanescente, contudo, este procedimento não se coaduna com aquele expressamente estabelecido na normativa de regência, que prevê a necessidade de apresentação do referido termo pelo diretório partidário — de modo a torná-lo solidariamente responsável pela obrigação —, do correspondente cronograma de pagamento e quitação, bem como da anuência expressa dos credores.

A falha em questão compromete a confiabilidade das contas, sobretudo por ser insanável e por inviabilizar a aferição da origem dos recursos que deveriam ser destinados à quitação do débito e à adequada fiscalização do cumprimento dos termos pactuados por esta Justiça Especializada.

Nesse sentido, cita-se precedente recente desta Casa:

PRESTAÇÃO DE CONTAS - ELEIÇÕES 2014 - CANDIDATO.

[...]

- EXISTÊNCIA DE DÍVIDA DE CAMPANHA, SEM A APRESENTAÇÃO DE TERMO DE ASSUNÇÃO DE DÍVIDA, COM CRONOGRAMA DE PAGAMENTO E QUITAÇÃO, E SEM A ANUÊNCIA EXPRESSA DOS CREDORES - IRREGULARIDADE GRAVE - DESAPROVAÇÃO.

A existência de dívida de campanha, sem a apresentação de termo de assunção de dívida, com cronograma de pagamento e quitação, e sem a anuência expressa dos credores constitui irregularidade grave, pois infirma a confiabilidade das contas e impede que se conheça a origem dos recursos, que serão utilizados para a quitação do débito.

[...] [Ac. n. 30.709, de 18.5.2015, rei. Juiz Alcides Vettorazzi - grifou-se].

Ante o exposto, nos termos do art. 54, III, da Resolução TSE n. 23.406/2014, e do parecer da Procuradoria Regional Eleitoral, voto pela desaprovação das contas de campanha de campanha do candidato Luciano Roberto Fischer.

É como voto.

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TRESC

Fl.

EXTRATO DE ATA

PRESTAÇÃO DE CONTAS N° 1666-73.2014.6.24.0000 - PRESTAÇÃO DE CONTAS - DE CANDIDATO - DEPUTADO ESTADUAL - SUPLENTE - ELEIÇÕES - (2014) - 1a PARCIAL - 2a

PARCIAL - FINAL

RELATOR: JUIZ RODRIGO BRANDEBURGO CURI

REQUERENTE(S): LUCIANO ROBERTO FISCHER ADVOGADO(S): JOÃO FÁBIO SILVA DA FONTOURA; NESTOR CASTILHO GOMES PRESIDENTE DA SESSÃO: JUIZ VANDERLEI ROMER PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL: MARCELO DA MOTA

Decisão: à unanimidade, desaprovar as contas de campanha do requerente, nos termos do voto do Relator. Foi assinado o Acórdão n. 30948. Presentes os Juízes Vanderlei Romer, Antonio do Rêgo Monteiro Rocha, Vílson Fontana, Bárbara Lebarbenchon Moura Thomaselli, João Batista Lazzari, Hélio David Vieira Figueira dos Santos e Rodrigo Brandeburgo Curi.

SESSÃO DE 13.07.2015.

R E M E S S A

Aos dias do mês de de 2015 faço a remessa destes autos para a Coordenadoria de Registro e Informações e Processuais - CRIP. Eu,

, Coordenador de Sessões, lavrei o presente termo.