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ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS ACADEMIA REAL MILITAR (1810) CAIO FACCHINI RODRIGUES A INFLUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO NO RENDIMENTO DESPORTIVO DOS ATLETAS DE PENTATLO MILITAR DA ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS Resende 2017

ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS...5 RESUMO FACCHINI, Caio Rodrigues. A influência da alimentação no rendimento desportivo dos atletas de Pentatlo Militar da Academia Militar

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ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS

ACADEMIA REAL MILITAR (1810)

CAIO FACCHINI RODRIGUES

A INFLUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO NO RENDIMENTO DESPORTIVO DOS

ATLETAS DE PENTATLO MILITAR DA ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS

NEGRAS

Resende

2017

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CAIO FACCHINI RODRIGUES

A INFLUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO NO RENDIMENTO DESPORTIVO DOS

ATLETAS DE PENTATLO MILITAR DA ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS

NEGRAS

Resende

2017

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Academia Militar das

Agulhas Negras como parte dos

requisitos para a Conclusão do Curso de

Bacharel em Ciências Militares, sob a

orientação do 1º Tenente Thiago

Henrique Alves Machado de Aredes

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CAIO FACCHINI RODRIGUES

A INFLUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO NO RENDIMENTO DESPORTIVO DOS

ATLETAS DE PENTATLO MILITAR DA ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS

NEGRAS

COMISSÃO AVALIADORA

____________________________

THIAGO HENRIQUE ALVES MACHADO DE AREDES – 1º TEN INF

Orientador

__________________________

Avaliador

__________________________

Avaliador

Resende

2017

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Academia Militar das

Agulhas Negras como parte dos

requisitos para a Conclusão do Curso de

Bacharel em Ciências Militares, sob a

orientação do 1º Tenente Thiago

Henrique Alves Machado de Aredes.

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A minha noiva Gabriella, por todo seu carinho e paciência em desprender seu tempo me

auxiliando e compartilhando seus conhecimentos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me dado a oportunidade de concluir com sucesso o curso de formação

de Oficial do Exército.

Aos meus pais, pelo apoio e suporte todo esse tempo, muitas vezes sacrificando seus

próprios interesses em prol dos meus.

Ao 1º Ten Aredes por suas orientações.

Pela paciência nos treinos, pela dedicação e pelo esforço dos Oficiais e Sargentos

treinadores. Aos meus amigos de equipe, pelo apoio nos treinos, pela troca de conhecimento e

companheirismo.

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RESUMO

FACCHINI, Caio Rodrigues. A influência da alimentação no rendimento desportivo dos

atletas de Pentatlo Militar da Academia Militar das Agulhas Negras. Resende: AMAN,

2017. Monografia.

Conseguir alcançar a vitória em competições esportivas ou simplesmente atingir altos índices

individuais do desempenho atlético demandam um correto acompanhamento nutricional, para

que alinhada a um bom treinamento, a alimentação possa fornecer nutrientes e quantidade

energética suficiente para um excepcional funcionamento do organismo. Diante disto, este

trabalho buscou retratar a realidade do treinamento da equipe de Pentatlo Militar da AMAN.

Primeiramente, foi realizada uma revisão literária acerca do tema Nutrição Esportiva. Em

seguida, foi analisada uma semana de treino destes atletas e calculou-se o Gasto Energético

Total (GET) desprendido para a realização completa deste treinamento. Posteriormente, foi

analisada a alimentação provida pelo Setor de Aprovisionamento da AMAN aos Cadetes

atletas, com a intenção de entender o Valor Energético Total (VET) do cardápio da semana em

foco, e se os nutrientes encontrados estariam disponível de forma adequada a possibilitarem o

rendimento desportivo. O objetivo de calcular o balanço energético dos atletas de Pentatlo

Militar da AMAN foi alcançado, e chegou-se à conclusão de que há uma ingestão calórica

suficiente para suprir a demanda dos treinos. Todavia, foi observada uma disposição errada

destes alimentos. Isto porque os atletas ficam muito tempo sem ingestão de qualquer alimento,

permanecendo sem reposição nutricional antes ou depois das atividades físicas.

Palavras-chave: Nutrição Esportiva. Pentatlo Militar.

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ABSTRACT

FACCHINI, Caio Rodrigues. The influence of nutrition on athletic performance of Military

Pentathlon athletes from the Academia Militar das Agulhas Negras. Resende: AMAN,

2017. Monograph.

Achieving victory in sporting competitions or simply achieving high individual indices of

athletic performance requires correct nutritional monitoring, so that in line with good training,

nutrition can provide enough nutrients and energy for an exceptional functioning of the body.

In view of this, this work sought to portray the reality of the training of the Military Pentathlon

team of AMAN. Firstly, a literary review was carried out on the subject of Sports Nutrition.

Next, a week of training of these athletes was analyzed and the Total Energy Spent given for

the complete accomplishment of this training was calculated. Subsequently, it was analyzed the

feeding provided by the AMAN Procurement Sector to Cadets athletes, with the intention of

understanding the Total Energy Value of the menu of the week in focus, and if the nutrients

found would be available in a suitable way to enable the yield Sporty. The goal of calculating

the energy balance of AMAN Military Pentathlon athletes was reached, and it was concluded

that there is sufficient caloric intake to meet the demand for training. However, a misalignment

of these foods was observed. This is because athletes spend a lot of time without the ingestion

of any food, remaining without nutritional replacement before or after physical activities.

Key words: Sports Nutrition. Military Pentatlhon.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 8

2 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO........................ 11

2.1 Revisão da literatura e antecedentes do problema ........................ 11

2.2

2.3

Referencial metodológico e procedimentos ....................................

Calorias ..............................................................................................

13

15

2.4 Carboidratos ..................................................................................... 16

2.5 Proteínas ............................................................................................ 19

2.6 Lipídios .............................................................................................. 21

2.7 O Treinamento Físico Militar (TFM) ............................................. 22

2.8 O Pentatlo Militar ............................................................................ 23

2.8.1 Histórico ............................................................................................. 23

2.8.2 Competições ....................................................................................... 23

2.8.3 Características das provas .................................................................. 24

2.8.3.1 Tiro .................................................................................................... 24

2.8.3.2 Pista de Pentatlo Militar (PPM) ......................................................... 25

2.8.3.3 Pista de Natação Utilitária (PNU) ..................................................... 25

2.8.3.4 Lançamento de Granada .................................................................... 26

2.8.3.5 Corrida (Cross Country) .................................................................... 27

2.9 O treinamento do Pentatlo Militar ................................................ 28

3 RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS .................................. 31

3.1 Resultados ......................................................................................... 31

3.2 Análise dos dados ............................................................................. 35

4 CONCLUSÃO .................................................................................. 38

REFERÊNCIAS ............................................................................... 40

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1 INTRODUÇÃO

Atualmente, a nutrição tem ganhado importância cada vez maior na vida dos atletas,

por exercer papel fundamental no desempenho dos treinos e competições. Com o avanço

tecnológico dos tempos modernos, têm-se produzido conhecimentos significativos para a

melhora da alimentação, aliada aos treinos, como forma de alcançar resultados antes

inimagináveis.

Nas competições, uma dieta equilibrada pode determinar o vencedor. Por isso, o estudo

sobre a nutrição esportiva e a análise da alimentação dos atletas da Academia Militar das

Agulhas Negras (AMAN) é de relevante importância, tendo em vista o objetivo de ganhar

competições, como a NAVAMAER. Essa competição ocorre anualmente e é disputada pelos

Cadetes da AMAN, que representam o Exército, juntamente com a Academia da Força Aérea,

representando a Aeronáutica, e os Aspirantes da Escola Naval, representando a Marinha.

Durante a NAVAMAER diversas modalidades são disputadas tais como Atletismo, Voleibol,

Basquetebol, Futebol, Esgrima, Triátlon e Pentatlo Militar.

Diante disso, a presente pesquisa busca tratar do tema sob a perspectiva da influência

da alimentação no desempenho do atleta de Pentatlo Militar da AMAN. Para isso, o trabalho

busca analisar o treino dos penta-atletas e seu gasto energético, assim como a alimentação

provida pelo setor de aprovisionamento da AMAN.

Delimitou-se o foco de pesquisa nos Cadetes da AMAN, mais especificamente nos

atletas da equipe de Pentatlo Militar da Academia, pois essa modalidade, dentre as presentes

equipes na AMAN, é a que apresenta maior volume e intensidade de treinos e somando-se a

isso as atividades cansativas cotidianas do Cadete, o que levar-se-ia a ter uma maior quantidade

de informações para o estudo e análise a serem realizados por esta pesquisa.

Para uma melhor compreensão desse assunto, faz-se necessário o entendimento de

alguns conceitos básicos, tais como: nutrição, nutrientes e gasto energético.

A nutrição é um estado fisiológico proveniente da ingestão e reação biológica de

energia e nutrientes em nível celular. Ou seja, a nutrição não se resume ao simples ato voluntário

de ingerir um alimento, mas também dos processos involuntários da utilização biológica dos

alimentos, como digestão, absorção, metabolismo e excreção (GLOSSÁRIO TEMÁTICO

ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO, 2008).

Os nutrientes, segundo o Glossário Temático Alimentação e Nutrição (2008), são

componentes químicos capazes de produzir energia ou contribuir para o crescimento,

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desenvolvimento, manutenção da saúde e vida. São substâncias essenciais para o sistema

metabólico humano. Os nutrientes são divididos em: macronutrientes (como os carboidratos,

proteínas e gorduras) e micronutrientes (vitaminas e minerais).

O gasto energético pode ser dividido em alguns componentes: dispêndio energético

basal (GEB), que é necessário para a realização das funções vitais do organismo; o gasto

energético da atividade física (GEAF), que pode ser uma simples atividade cotidiana ou um

exercício físico; e o efeito térmico dos alimentos (ETA), que diz respeito aos processos

biológicos do organismo humano. Todavia, o GEAF será o mais abordado neste estudo (MELO,

TIRAPEGUI & RIBEIRO, 2008).

Diante da importância da nutrição no desempenho do atleta e a fim de determinar se

há um correto balanço energético para e equipe de Pentatlo Militar, os objetivos específicos

deste trabalho foram: apresentar de forma sucinta alguns conceitos de nutrição e seus processos

biológicos; descrever as características desta modalidade; analisar o treinamento de um penta-

atleta, calculando-se o gasto energético proveniente de uma semana de treino, juntamente com

suas necessidades nutricionais; e por último, analisar a alimentação dada aos Cadetes atletas.

Devido à complexidade do assunto envolvido, percebe-se muitas vezes divergências

entre autores acerca de um mesmo tema. Por isso, realizou-se uma pesquisa bibliográfica,

buscando fontes confiáveis, dando prioridade para as mais atualizadas e as utilizadas pelo

Exército. Os principais livros que serviram como fontes de estudo foram: Estratégias de

nutrição e suplementação no esporte, de Simone Biesek, Letícia Azen Alves e Isabela Guerra;

o Manual de Alimentação das Forças Armadas (MD42-M-03), do Ministério da Defesa; e

Nutrição Esportiva, de Ronald J. Maughan e Louise M. Burke. Quanto à revistas, utilizou-se o

renomado Journal of Sports Sciences. E por último, os Regulamentos Oficiais de Pentatlo

Militar do International Military Sports Council.

Neste trabalho, ainda estão presentes diversas informações de artigos científicos,

monografias e sites sobre Nutrição Esportiva e Pentatlo Militar. Destacam-se os dados

fornecidos pelo Serviço de Aprovisionamento da AMAN.

A presente monografia está assim estruturada:

No primeiro capítulo, foi explanada a revisão bibliográfica fornecendo conceitos sobre

nutrição, nutrientes, alimentação, Treinamento Físico Militar e de forma detalhada o Pentatlo

Militar, com suas características, peculiaridades e provas.

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No segundo capítulo, este trabalho estimou o valor do gasto energético total de uma

semana de treino da equipe de Pentatlo, a partir de dados coletados da planilha de uma semana

de treino. Em seguida, foi analisada a quantidade energética fornecida aos Cadetes pelo

cardápio acima citado, assim como sua disposição durante o dia para a correta ingestão

nutricional no pós e pré-treino.

Por último, foi feita uma conclusão sobre a importância da alimentação para o

rendimento desportivo, foi determinado o balanço energético dos Cadetes atletas de Pentatlo

Militar da AMAN e uma síntese sobre a análise da alimentação encontrada.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO

O tema de pesquisa deste trabalho insere-se na linha de pesquisa da correta

alimentação dos Cadetes atletas, da equipe de Pentatlo Militar da Academia Militar das Agulhas

Negras, e na área de estudo da Nutrição Esportiva.

2.1 Revisões da literatura e antecedentes do problema

Uma rotina nutricional adequada pode proporcionar disposição para atividades físicas

e reduzir incidências de doenças crônicas. Somam-se a isso fatores extrínsecos e intrínsecos e

pode-se dizer que a saúde mental e sistema cardiovascular serão afetados pela dieta (LEITE E

SILVA, 2006).

Um hábito alimentar sofre diversas interferências de fatores individuais pessoais e

comportamentais. São exemplos disso o sexo, a idade, o estado civil, a prática de atividade

física, horas de sono, consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo (SILVA, 2014).

Mas não é tão fácil falar em hábitos alimentares e rotinas quando se refere a Cadetes

da AMAN. Isto porque não existe rotina na formação do futuro Oficial de carreira da linha

bélica do Exército. Em cada semana são realizadas atividades diferentes e, obviamente, a

alimentação sofre suas modificações. Não se pode dizer que o Cadete se alimenta do mesmo

modo no refeitório, no parque (estrutura destinada às instruções militares de cada curso) e nos

exercícios no terreno (campo). Mas para objeto deste estudo, será considerada e analisada uma

semana em que os atletas de Pentatlo Militar da AMAN consigam realizar seus treinamentos

diários, e suas refeições em sua totalidade nos refeitórios da Academia.

Os profissionais militares como um todo, mas principalmente os Cadetes, não têm

tempo para uma adequada preparação de suas refeições, ficando dependentes do serviço de

aprovisionamento da AMAN.

Segundo Silva (2014), para que o militar cumpra suas funções satisfatoriamente ele

precisa estar com o perfil nutricional adequado e com isso ter uma qualidade de vida melhor.

Para manter o peso corporal e os níveis de desempenho durante os treinamentos, o

atleta precisa manter a proporcionalidade entre o gasto e o consumo energético. Soma-se a isso

a necessidade da correta ingestão dos nutrientes para manter o funcionamento biológico em

melhor estado possível, e obtém-se o objetivo da Nutrição Esportiva.

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Segundo a função que os alimentos possuem, eles são classificados em: energéticos,

ricos em carboidratos e lipídios, os quais fornecem energia para o funcionamento das células;

construtores, ricos em proteínas com função na construção de células e tecidos e também a

reparação do organismo; e reguladores, que são os alimentos ricos em vitaminas, minerais e

fibras, que atuam, por exemplo, na formação dos ossos, formação de substâncias antioxidantes

e outros. Além disso, os alimentos também podem ser classificados conforme os nutrientes

presentes nos mesmos, e assim são classificados em macronutrientes, que contêm energia

(como os carboidratos, as proteínas e os lipídios); e micronutrientes, que não contêm energia

(vitaminas e os minerais) (BRASIL, 2013).

Os nutrientes são as substâncias que compõem os alimentos e são responsáveis por

diversas funções já citadas, como por exemplo, na produção de energia (carboidratos, lipídeos

e proteínas), na construção tecidos (proteínas) e também na regulação de funções orgânicas

(como os minerais, vitaminas e a água) (VILARTA et al., 2007).

Diante disso, considerando que os nutrientes fornecidos pela alimentação geram

energia e também regulam os processos fisiológicos, as modificações dietéticas são

fundamentais para o aperfeiçoamento do desempenho atlético. A nutrição, quando bem

orientada no desporto, pode ser capaz de reduzir a fadiga e com isso permitir que o atleta treine

por mais tempo, além de ajudar na recuperação de lesões e promover aumento de depósitos de

energia (FERREIRA, RIBEIRO, SOARES, 2001). Quando não há manutenção do balanço

energético e a ingestão não é suficiente para atender a demanda energética no exercício físico,

pode haver perda de massa magra resultando, por exemplo, em uma diminuição da força

(AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION,

DIETITIANS OF CANADÁ, 2000).

Através do consumo de uma ampla variedade de alimentos, torna-se possível alcançar

as necessidades energéticas do organismo em carboidratos (3 a 12g/kg peso/dia) (BURKE, et

al. 2011), proteínas (1,2 a 2,5g/kg/dia) (PHILLIPS, 2014; THOMAS, ERDMAN, BURKE,

2016), lipídios (>20% do valor energético total) (THOMAS, ERDMAN, BURKE, 2016), e

também os micronutrientes para o treino e competição (GRAÇA, SOUZA, TEIXEIRA, 2016).

Entretanto, fatores como natureza, intensidade e duração do exercício, além de fatores

individuais como idade, sexo, peso, composição corporal, tipo de fibra muscular predominante,

e outros, podem influenciar sobre o tipo de substrato energético que o organismo irá utilizar

(FERREIRA, RIBEIRO, SOARES, 2001).

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Diante do que encontrou-se na literatura acerca do tema, pôde-se identificar algumas

questões que parecem problemáticas – como explicar a relação da intensidade dos treinamentos

do Pentatlo Militar e sua demanda nutricional com sua adequada reposição energética para um

constante rendimento desportivo. Ou, colocado de outra forma, como uma alimentação bem

planejada pela AMAN pode ajudar os penta-atletas a alcançarem suas performances desejadas.

Dados preliminares apontaram para a possibilidade de a alimentação não ser

totalmente adequada para a população em estudo, devido ao fato de coexistir diversos outros

grupos dependentes de tal planejamento nutricional, inclusive com necessidades energéticas

diferentes. Além disto, as diversas atividades acadêmicas não permitem uma constante ingestão

calórica.

2.2 Referencial metodológico e procedimentos

Visando a identificar se a realidade apresentada pela literatura é encontrada na AMAN,

foi formulado o seguinte problema de pesquisa: a alimentação fornecida por esta instituição é

adequada e suficiente para os Cadetes atletas de Pentatlo Militar da Academia?

Partiu-se da hipótese de que os Cadetes atletas de Pentatlo Militar, ao realizar seus

treinamentos intensos, necessitam de uma quantidade nutricional maior do que os Cadetes não

atletas. Devido ao fato de estes últimos serem maioria na AMAN, o planejamento do serviço

de aprovisionamento deve basear seus cálculos nos gastos e consumos desta população, e não

da primeira. Portanto, se a alimentação para os dois grupos é a mesma, mas a necessidade de

um é maior do que o outro, os penta-atletas poderiam não ter o balanço energético adequado

para melhorar seu rendimento desportivo.

As variáveis deste trabalho se configuram pelas condições de execução dos treinos e a

quantidade de alimentos que se consome nas refeições. Na AMAN, os tempos destinados aos

treinos dos atletas têm prioridade sobre qualquer outra atividade do Cadete, durante os períodos

que antecedem a principal competição do ano, a NAVAMAER. Então, para este estudo, foi

considerado o total cumprimento da planilha de treinamento em situações normais de execução.

Também para fins deste estudo, a quantidade de alimento colocada nos pratos pelos atletas foi

a mesma que as nutricionistas da AMAN padronizam para seus cálculos. Em relação à

individualidade biológica de cada atleta, a única variável considerada foi o peso, pois este dado

é diretamente proporcional à quantidade energética desprendida no exercício físico. Para esta

realidade, fez-se uma média dos pesos de quatro atletas da equipe, a fim de que não haja

interferência nas relações variáveis citadas acima. Sobre o cardápio diário encontrado nas linhas

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de servir, segundo o Setor de Aprovisionamento, é raro haver diferenças em relação à

quantidade calórica e de macro e micronutrientes.

Os objetivos deste estudo foram analisar a literatura sobre Nutrição Esportiva e

identificar o balanço energético dos atletas de Pentatlo Militar na AMAN.

Visou-se especificamente a ingestão quantitativa de calorias, o consumo qualitativo

dos macronutrientes carboidratos e proteínas, e uma semana de treinamento do Pentatlo Militar.

Com o propósito de operacionalizar a pesquisa, adotou-se os procedimentos

metodológicos descritos abaixo.

Primeiramente, realizou-se uma pesquisa bibliográfica visando a rever a literatura que

fornecesse base teórica para prosseguir na pesquisa. Desse levantamento, destacam-se a

intensidade da atividade física relacionada ao gasto energético, e a importância da correta

ingestão nutricional para um bom rendimento desportivo.

Analisando estas teorias, chegou-se à conclusão de que existem diversos métodos

capazes de estimar o gasto energético de um exercício, sendo normalmente mais utilizada a

calorimetria indireta através da medição consumo de oxigênio (VO2). Entretanto, essa

metodologia requer procedimentos dispendiosos, restringindo-se, quase que exclusivamente, a

sua utilização a ambientes laboratoriais e situações de pesquisa (COELHO-RAVAGNANI,

2013).

Outra forma de se determinar o gasto energético de um determinado exercício, cuja

qual foi aqui trabalhada, é utilizando o equivalente metabólico (MET), que corresponde a um

múltiplo da taxa metabólica basal. Essa taxa metabólica basal é definida como a energia

necessária para que o indivíduo se mantenha em repouso, e é representada na literatura pelo

VO2 de 3,5 mL/kg/min (MCARDLE, KATCH, F., KATCH V., 1998). Portanto, o valor obtido

pelo cálculo utilizando o MET representa o número de vezes pelo qual o metabolismo de

repouso foi multiplicado durante uma atividade (MCARDLE, KATCH, F., KATCH V., 1998;

MONTOYE, 1996).

Segundo Abranches (2015), utilizando o MET, pode-se realizar uma estimativa do

gasto energético, em Kcal, na atividade física, através do cálculo:

𝐾𝑐𝑎𝑙 =𝑀𝐸𝑇𝑆 𝑥 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝐶𝑜𝑟𝑝𝑜𝑟𝑎𝑙 (𝑘𝑔)𝑥 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑎 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑓í𝑠𝑖𝑐𝑎 (min)

60 𝑚𝑖𝑛

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A primeira constatação foi que foram editados, até o momento, muitos títulos sobre o

assunto. Quanto à qualidade das fontes encontradas, pode-se dizer que a maioria é confiável e

atualizada, pelo fato de serem de manuais, artigos científicos, livros de autores renomados na

área e revistas conceituadas. No entanto, durante a pesquisa, percebe-se na internet alguns

autores não pertinentes.

Amparados nessa realidade, foram coletados dados por meio de consultas a

documentos virtuais. Para se alcançar um resultado mais próximo da realidade militar, quando

visto confronto entre informações, deu-se prioridade aos manuais ou documentos usados como

base para o setor de aprovisionamento da Academia.

No tratamento dos dados coletados, trabalhou-se com tabelas e quadros, por

permitirem uma melhor exposição e detalhamento.

Na análise dos dados, efetuou-se a abordagem quantitativa tanto do gasto e consumo

nutricional quanto do volume e da intensidade dos treinos, assim como a abordagem qualitativa

para analisar a ingestão de nutrientes no pós e pré-treino.

2.3 Calorias

Um alimento possui uma energia potencial, que é chamada de quilocaloria. Isto é, um

determinado nutriente produz uma energia quando metabolizado pelo organismo, e a caloria é

justamente a representação métrica disto. As pessoas que possuem um equilíbrio energético, ou

seja, que não ganham e nem perdem peso, apresentam o chamado “balanço energético”. Obtém-

se o balanço energético, calculando-se o saldo proveniente do total de energia ingerida e o total

de energia gasta pelo organismo em suas atividades diárias (BRASIL, 2008).

Como já foi dito, o consumo de energia necessário para manutenção da saúde e da boa

nutrição varia com o sexo, a idade, o nível de atividade física, o estado fisiológico, a presença

ou ausência de doenças e mesmo do estado nutricional atual da pessoa. No entanto, é normal se

basear em uma dieta com ingestão média diária de 2.000 quilocalorias (Kcal) (BRASIL, 2008).

Segundo o Guia Alimentar para a população brasileira:

Se a alimentação fornece mais energia do que é requerida pelo organismo, a

energia excedente é acumulada na forma de gordura corporal. Ou seja, se a

pessoa não ingerir menos alimentos ou aumentar a atividade física, irá ganhar

peso, principalmente pelo acúmulo de gordura, o que poderá levar ao

sobrepeso ou à obesidade, se esse desequilíbrio for mantido por longo tempo

(BRASIL, 2008).

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2.4 Carboidratos

No Brasil, as principais fontes de carboidratos que compõem o cardápio do brasileiro

são os cereais (como arroz, trigo e milho), os tubérculos (principalmente a batata) e as raízes

(como a mandioca), além de outros como a aveia e centeio, que podem ser consumidos de

diversas maneiras (PHILIPPI, 2008).

Em uma dieta equilibrada, os carboidratos, também chamados de glicídios ou hidratos

de carbono, devem representar a maior parte da ingestão energética. Esses nutrientes podem ser

divididos em três categorias principais: monossacarídeos, como a glicose; dissacarídeos, como

sacarose e maltose; e polissacarídeos, que incluem carboidratos complexos como a

maltodextrina (PHILIPPI, 2008; SACKHEIM, LEHMAN, 2001).

Para que os carboidratos sejam absorvidos, é necessário que ocorra sua hidrólise

enzimática. Os monossacarídeos, produtos dessa hidrólise, sofrem absorção intestinal, caem na

corrente sanguínea e são transportados até o fígado para a formação de glicose, a qual pode ser

armazenada no fígado através do glicogênio, ou ir para corrente sanguínea e ser utilizada pelas

células. Além disso, pode ser captada pelos músculos para armazenamento na forma de

glicogênio intramuscular (CHAMPE, HARVEY, FERRIER, 2006; FOSS, KETEYIAN, 2000).

Durante a realização do exercício físico ocorre à entrada da glicose para o interior das

células musculares, e esta é metabolizada por um processo denominado glicólise, que origina

piruvato e adenosina trifosfato (ATP), responsável pela produção de energia nas células. O

piruvato por sua vez, pode sofrer dois processos: um dependente de oxigênio (O2) para

formação de mais moléculas de ATP e produção de energia; e um processo independente de O2

que leva a formação de lactato, que quando presente em níveis elevados na corrente sanguínea

é responsável pela fadiga (LEHNINGER, NELSON, 2006; CHAMPBELL, FARRELL, 2007).

O efeito que os carboidratos exercem sobre a elevação da glicose sanguínea

(determinado pelo seu índice glicêmico) pode ser utilizado como um guia para a seleção do

suporte de carboidratos ideais para esportistas, sendo que quanto mais intenso o exercício for,

maior será sua dependência em relação ao carboidrato como combustível (SACKHEIM,

LEHMAN, 2001; SAPATA, FAYH, OLIVEIRA, 2006; MAUGHAN, BURKE, 2004).

Alimentos que possuem carboidratos de baixo índice glicêmico (IG) promovem uma

liberação lenta e constante de glicose para o sangue, entretanto alimentos com carboidratos de

elevado IG desencadeiam aumento rápido da glicemia, porém de curta duração (BIESK,

ALVES, GUERRA, 2015).

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Segundo Atkinson et al. (2008) conforme a alteração dos níveis plasmáticos de glicose,

o IG pode ser classificado em: baixo quando a glicose sanguínea é inferior à 55; médio (56-69);

e alto, quando superior à 70. Para se escolher o tipo de carboidrato ideal a ser consumido antes,

durante e após a atividade física, deve-se levar em consideração o IG, objetivando manter o

nível de glicemia elevado durante a realização do exercício, mas evitar a secreção exacerbada

de insulina, e manter as reservas de glicogênio por maior tempo (WU, WILLIAMS, 2006;

JEUKENDRUP, KILLER, 2010).

Devido à limitação corporal nos estoques de glicogênio, que muitas vezes são menores

do que a necessidade do exercício físico, pode ocorrer uma redução acentuada do glicogênio

muscular, tornando-se necessário a sua correta reposição, a depender do tipo de exercício

(HERNANDEZ, NAHAS, 2009; BIESK, ALVES, GUERRA, 2015). Acredita-se que a

ingestão de carboidratos correspondente a 60 a 70% do aporte calórico diário é suficiente para

a demanda durante a atividade física. Para melhorar a recuperação muscular é recomendado o

consumo entre 5 e 8g/kg de peso/dia. Porém, quando os exercícios são de longa duração ou

intensos torna-se necessário o consumo entre 7 e 8g/kg de peso ou 30 a 60g de carboidrato, para

cada hora de exercício, o que evita hipoglicemia, depleção de glicogênio e fadiga

(HERNANDEZ, NAHAS, 2009).

Apesar dos efeitos positivos quanto ao consumo de carboidratos para exercício físico,

segundo Biesk et al. (2015), o consumo dos mesmos 60’ antes do treino pode desencadear um

evento metabólico denominado hipoglicemia de rebote. Esse efeito ocorre, pois, após a ingestão

do carboidrato há uma hiperinsulinemia, que por sua vez desencadeia uma subsequente

hipoglicemia, que pode influenciar no desempenho do atleta. A hipoglicemia também pode

ocorrer devido à uma maior sensibilidade à insulina relacionada às características do indivíduo.

Entretanto, apesar da existência desta hipótese, poucos estudos foram conclusivos em relação

à esse evento metabólico, enquanto a maioria dos estudos demonstrou não haver mudança ou

piora no desempenho atlético. Mas, para evitar uma possível hipoglicemia e seus efeitos

indesejáveis sugere-se então o consumo de alimentos com menores índices glicêmicos antes do

treino (BIESK, ALVES, GUERRA, 2015).

De uma maneira geral, quando ingeridos durante o exercício, os carboidratos podem

contribuir aumentando o rendimento desportivo por ajudar a manter os níveis plasmáticos de

glicose, prevenindo a hipoglicemia, além de poupar o glicogênio hepático e muscular, e ajudar

na reposição das reservas endógenas de carboidratos nas fases finais do exercício

(JEUKENDRUP, 2008; JEUKENDRUP, CHAMBERS, 2010). Além disso, os carboidratos

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consumidos durante o exercício contribuem como um substrato energético para as fibras

musculares que são recrutadas, e também reduzem a fadiga que pode ocorrer nos minutos finais

do treino (BIESK, ALVES, GUERRA, 2015).

O pós treino, pode ser considerado como o período fundamental para ingestão de

carboidratos. Isso ocorre, pois, ao fim de treinamentos extenuantes pode haver um esgotamento

tanto de glicogênio, como também de aminoácidos. Diante disso, os carboidratos podem

contribuir para a restauração das reservas de energia e reposição dos níveis de glicogênio

muscular, visto que nesse período há um maior fluxo de sangue para os músculos e também

maior sensibilidade dos receptores de insulina, gerando maior captação de glicose e síntese do

glicogênio. Após o treino, os carboidratos com maiores índices glicêmicos parecem contribuir

melhor com esta reposição das reservas de glicogênio (BIESK, ALVES, GUERRA, 2015).

Para exemplificar quais alimentos podem ser consumidos antes, durante e depois dos

treinos, Biesk et al (2015) dispõe o seguinte quadro:

Quadro 1 – Alimentos de uso comum e seus respectivos índices glicêmicos

Alimento Alto IG Alimento Moderado IG Alimento Baixo IG

Batata assada 121 Chocolate 84 Maça 60

CornFlakes® 119 Banana 83 Pêra 54

Mandioca 115 Arroz Branco 81 Iogurte 48

Mel 104 Manga 80 Grão de bico 47

Pão branco 101 Müsli 80 Leite

desnatado 39

Pão integral 99 Pipoca 79 Leite integral 39

Bolacha

Cream

Cracker

99 Batata doce 77 Leitilha 38

Fubá de

Milho 98 Feijão cozido 79 Frutose 32

Pão de

cevada 95 Macarrão 64 Nozes 21

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Pão de

centeio 92 Laranja 62

Bolo 87

Fonte: Adaptado de BIESK, ALVES, GUERRA, 2015.

É importante evidenciar também as recomendações de consumo de carboidratos

durante diferentes volumes de exercícios de longa duração (Quadro 2). Isto, pois os treinos do

Pentatlo Militar são, praticamente em sua totalidade, de alta intensidade, superando 4 Kcal/min.

Quadro 2 – Recomendações de consumo de carboidratos durante diferentes volumes de

exercícios de longa duração Tempo de duração Quantidades Recomendação de

consumo

Tipos de Carboidrato

< 30 min - - -

30 – 75 min Bem pequenas Enxaguar a boca Todos

1 – 2 horas Baixas 30 g/h Todos

2 – 3 horas Moderadas 60 g/h Glicose e Maltodextrina

> 2,5 horas Elevadas 90 g/h Glicose e frutose

Fonte: Adaptado de BIESK, ALVES, GUERRA, 2015.

Dessa forma, estratégias que mantenham ou aumentem a disponibilidade de

carboidratos, seja pelo consumo antes, durante ou após o exercício, são fundamentais para o

desempenho do atleta, tornando-os uma das principais recomendações na nutrição desportiva.

2.5 Proteínas

As proteínas são formadas por combinações de aminoácidos, cumprindo diversas

funções estruturais e reguladoras no organismo. Alguns aminoácidos podem ser denominados

essenciais, os quais não podem ser sintetizados pelo organismo e são obrigatoriamente obtidos

por meio da alimentação; e não essenciais, que podem ser sintetizados a partir dos alimentos

ingeridos. A principal função dos aminoácidos é a síntese proteica, porém, alguns desses estão

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relacionados à produção de neurotransmissores. As principais fontes alimentares de proteínas

são de origem animal, como a carne e o ovo, entretanto, a mistura de leguminosas e cereais

também podem fornecer quantidades de aminoácidos suficientes para síntese proteica (BIESK,

ALVES, GUERRA, 2015).

Durante o processo digestivo, as proteínas obtidas dos alimentos sofrem degradação

enzimática e são digeridas em aminoácidos, os quais são absorvidos pelo intestino delgado,

caem na corrente sanguínea e por meio da veia porta alcançam o fígado. O fígado pode atuar

por meio do intercâmbio de aminoácidos do sangue e tecidos corporais, e é um centro

importante para metabolismo dos aminoácidos e síntese de aminoácidos que atendem as

exigências do organismo. No sangue, esses podem ser transportados livres ou por meio de

proteínas plasmáticas, e o organismo não dispões de mecanismos para estoque de aminoácidos

em excesso (GUYTON et al, 2002; WILLIAMS, 2002).

Os aminoácidos, por sua vez, podem apresentar três destinos: anabolismo (síntese de

proteínas e alguns polipeptídeos); catabolismo (para produção de energia) e síntese de

compostos de pequeno peso molecular. Dessa forma, atuam na construção e manutenção de

tecidos, formação de anticorpos, enzimas, hormônios e também no fornecimento de energia e

regulação de importantes processos metabólicos (BIESK, ALVES, GUERRA, 2015).

O exercício físico desencadeia alterações no metabolismo das proteínas,

principalmente no que diz respeito ao turnover de proteínas da musculatura energética, que

consiste no equilíbrio dinâmico dos aminoácidos livres nas células e nos fluidos biológicos,

dependente dos processos de anabolismo e catabolismo (FOSS, KETEYIAN, 2000; BIESK,

ALVES, GUERRA, 2015). Devido à variação na concentração de proteínas, que varia com o

tipo, intensidade e duração da atividade, os músculos tornam-se mais habilitados a realizarem

contrações sucessivas (HIRSCHBRUCH, CARVALHO, 2002).

Muitas vezes, proteínas e aminoácidos são ignorados em discussões sobre

metabolismo, visto que contribuem com uma pequena parte de energia durante o exercício.

Apesar disso, essa pequena contribuição pode ser fundamental em condições onde há uma

elevada demanda de energia em um tempo prolongado. Estudos demonstraram que durante o

treino há uma redução considerável da síntese proteica. Entretanto, durante o período de

recuperação pós-treino, há uma maior taxa de síntese de proteínas quando comparada a taxa

existente no pré-treino, e a degradação proteica retorna aos valores normais. Essa supressão na

síntese de proteínas, pode ser justificada pela diminuição da energia que seria destinada à

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síntese, que ocorre pela demanda energética para a contrações musculares (BIESK, ALVES,

GUERRA, 2015).

Para que haja um excelente desempenho atlético, é preciso que juntamente com a

ingestão de proteínas ocorra a ingestão de carboidratos, visto que uma ingestão inadequada do

segundo nutriente promove danos aos processos de contração muscular. Além disso, a

disponibilidade de glicogênio é inversamente proporcional à taxa de catabolismo proteico

durante o treino prolongado (BIESK, ALVES, GUERRA, 2015).

No que diz respeito à quantidade de proteínas que deve ser consumida por atletas, é

recomendada a ingestão de 1,2 a 2,0g de proteína/kg de peso corporal por dia (THOMAS,

ERDMAN, BURKE, 2016). Essa recomendação é superior à ingestão necessária para a

população em geral (0,8g/kg/dia), visto que as proteínas desempenham funções importantes,

tais como a reparação e substituição de proteínas danificadas pelo exercício físico ao nível do

musculoesquelético, ossos, tendões e ligamentos; aumento de massa muscular; melhora a

função imunológica, dentre outras (PHILLIPS, DANIEL, JASON, 2007). Entretanto, o

aumento do consumo de proteína além dos valores necessários não promove aumento da massa

magra visto que há um limite de acúmulo de proteínas nos diversos tecidos (HERNANDEZ,

NAHAS, 2009).

Diante das informações apresentadas, pode-se concluir que as proteínas são nutrientes

fundamentais em diferentes estados fisiológicos, porém, é preciso salientar que a proteína

apenas realiza sua função plástica se as necessidades energéticas estiverem conforme com o

gasto energético diário, visto que se o contrário ocorrer, esta será utilizada como substrato

energético, podendo prejudicar alguma função estrutural no organismo, além de também

prejudicar a função renal (BIESK, ALVES, GUERRA, 2015).

2.6 Lípidios

A gordura é um componente necessário de uma alimentação saudável e auxilia na

absorção das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e carotenoides (INSTITUTE OF

MEDICINE OF THE NATIONAL ACADEMIES). Esse nutriente também participa de

diversos processos celulares durante o exercício físico, como o fornecimento de energia para

os músculos em exercício, a síntese de hormônios esteroides e na modulação da resposta

inflamatória. Para atletas as recomendações de lipídeos estão entre 20%-25% da ingestão

energética diária, seguindo as recomendações para a população em geral (DORGAN, et al.,

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1996; MICKLEBOROUGH et al., 2003; AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE,

AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, DIETITIANS OF CANADÁ, 2000)

Juntamente com os carboidratos, constituem os principais substratos energéticos do

organismo durante a prática do exercício. Entretanto, a proporção com que cada um contribui

depende do tipo, intensidade e duração da atividade, bem como características da dieta e

refeição que antecede a atividade física. Esse nutriente, é uma molécula muito energéticas,

capaz de fornecer 9 kcal/g, podendo ser estocado nos adipócitos (quantitativamente mais

importante) e músculos. Além disso, a sua oxidação fornece alto número de ATP, cerca de 147

moléculas (BIESK, ALVES, GUERRA, 2015; JEUKENDRUP, SARIS, WAGENMAKERS,

1998).

Em exercícios de longa duração, os lipídios são o substrato predominante no

fornecimento de energia, visto que como mencionado anteriormente, as reservas de

carboidratos sobre a forma de glicogênio muscular e também de glicose plasmática, são

limitadas e então não são suficientes durante longo tempo de treino (geralmente superior à 90’)

(BIESK, ALVES, GUERRA, 2015).

Apesar da necessidade da ingestão de carboidratos para reposição de reservas, a

ingestão de lipídios não deve ser negligenciada, pois, também são as principais fontes de

vitaminas lipossolúveis e ácidos graxos essenciais (BIESK, ALVES, GUERRA, 2015).

2.7 O Treinamento Físico Militar (TFM)

Entendendo a necessidade e a importância da atividade física na vida militar, o

Exército produziu um Manual de Campanha, o C20-20, que retrata toda a padronização dos

treinamentos da tropa.

Com base nas informações dispostas neste Manual, pode-se dizer que o foco do

treinamento físico não é somente em relação ao combate, mas também para qualquer outra

função administrativa. Isto porque os exercícios objetivam uma melhor qualidade de vida,

trazendo para o trabalho resultados melhores. O Exército entende que deve haver um respeito

à individualidade biológica, e não usar esta atividade como uma forma adestramento militar.

O militar que não pratica o seu TFM regularmente pode estar se sujeitando a vários

riscos para a saúde, como hipocinesia e a um aumento proporcional de moléstias como as

cardiopatias, diabetes, lombalgia, osteoporose, obesidade, hipertensão, hipercolesterolemia,

hipertrigliceridemia, entre outras (BRASIL, 2002).

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O TFM desenvolve ainda atributos da área afetiva (psicofísicos) como: resistência-

tolerância, cooperação, autoconfiança, dinamismo, liderança, espírito de corpo, coragem,

decisão, camaradagem, e equilíbrio emocional (BRASIL, 2002).

2.8 O Pentatlo Militar

2.8.1 Histórico

O Pentatlo Militar foi idealizado por um Oficial Francês, o Capitão Henri DEBRUS, e

homologado pelo Conselho Internacional de Esportes Militares (CISM). Tinha como objetivo

uma competição restrita ao Exército, pois utilizava técnicas treinamentos militares de Unidades

Paraquedistas Holandesas. Era composta, naquela época, por salto de paraquedas, marcha,

travessia de obstáculos e operações de armas de pequenos portes e granadas

(INTERNATIONAL MILITARY SPORTS COUNCIL, 2016).

Hoje, o Pentatlo Militar é um dos esportes integrantes dos Jogos Mundiais Militares

do CISM, e conta com regras adaptadas para as mulheres competirem. Diferentemente daquela

época, a competição é composta por cinco provas: Tiro com Rifle Standard, Pista de Pentatlo

Militar (PPM), Pista de Natação Utilitária (PNU), Lançamento de granadas e corrida através

campo (Cross Country). Cada competidor deve executar todas as cinco provas, e a soma da

pontuação de cada uma resulta na classificação final individual. Existe ainda, o revezamento na

PPM, que ocorre normalmente no dia seguinte ao término das cinco provas. Basicamente, os

quatro competidores representantes de cada país realizam um quarto da Pista. O desempenho

não conta como pontuação para o resultado final (INTERNATIONAL MILITARY SPORTS

COUNCIL, 2016).

2.8.2 Competições

Devido ao crescimento desse esporte, são realizadas várias competições todo ano. Os

maiores são o Campeonato Mundial de Pentatlo Militar e o Campeonato Continental de Pentatlo

Militar, que são organizados pelo CISM e em concordância com o Comitê Esportivo do Pentatlo

Militar do CISM (CSC Military Pentathlon) (INTERNATIONAL MILITARY SPORTS

COUNCIL, 2016).

O Conselho Internacional do Desporto Militar redigiu uma tabela para servir como base

para a programação das competições, que assim se segue:

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Quadro 3 – Programação para competições

Fonte: Adaptado de INTERNATIONAL MILITARY SPORTS COUNCIL, 2016.

2.8.3 Características das provas

2.8.3.1 Tiro

O tiro deve acontecer a 200, 300 ou 50 metros de acordo com o calibre da arma usada

na competição. Primeiramente, é disponibilizado de 5 a 10 minutos para o atirador realizar tiros

ilimitados, não valendo pontuação. Em seguida, já contando pontos, é realizado o Tiro de

Precisão, que consiste em 10 tiros em 10 minutos. Por último, o Tiro Rápido: 10 tiros em 1

minuto (INTERNATIONAL MILITARY SPORTS COUNCIL, 2016).

Segundo Aurélio Morelli Junior (1994), a prova de tiro exige qualidades físicas e

psíquicas como a resistência muscular localizada, a concentração, a coordenação, o

relaxamento, o autocontrole, a autoconfiança e a força de vontade.

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2.8.3.2 Pista de Pentatlo Militar (PPM)

A PPM tem distância total de 500 metros e possui 20 obstáculos.

Como um modelo de Pista, segue a imagem:

Figura 1 – Pista de Pentatlo Militar

Fonte: (INTERNATIONAL MILITARY SPORTS COUNCIL, 2016)

Para Aurélio Morelli Junior (1994), a PPM exige do penta-atleta resistência anaeróbia

e aeróbia, força muscular (potência e força muscular), coordenação (sincronismo),

flexibilidade, coragem e combatividade.

2.8.3.3 Pista de Natação Utilitária (PNU)

A PNU tem 50 metros de extensão e quatro obstáculos. A piscina pode ser coberta ou

não, e também pode ser de 25 metros. O tipo de natação aceita é estilo livre, ou seja, o

competidor pode utilizar o estilo que achar melhor (INTERNATIONAL MILITARY SPORTS

COUNCIL, 2016).

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Figura 2 – Pista de Natação Utilitária

Fonte: (INTERNATIONAL MILITARY SPORTS COUNCIL, 2016)

O penta-atleta ao fazer a PNU desenvolve a resistência anaeróbia, a força muscular

(força rápida), velocidade de reação, velocidade, flexibilidade e coordenação (JUNIOR, 1994).

2.8.3.4 Lançamento de Granadas

Esta prova é dividida em duas, que deve ser executada nesta ordem:

- Primeira parte: prova de precisão

- Segunda parte: prova de distância

As granadas devem ser providenciadas pelos competidores – normalmente os países

que os atletas representam as disponibilizam – e devem conter dimensões e pesos padronizados:

Figura 3 - Granadas Masculinas (Peso: 575 gramas; +/- 25 gramas)

Fonte: (INTERNATIONAL MILITARY SPORTS COUNCIL, 2016)

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Figura 4 - Granadas Femininas (375 gramas; +/- 25 gramas)

Fonte: (INTERNATIONAL MILITARY SPORTS COUNCIL, 2016)

A prova de precisão é realizada com total de 16 granadas, sendo quatro para cada

círculo. Cada círculo possui duas zonas concêntricas, ou seja, um círculo exterior de 4 metros

de diâmetro e um interior de 2 metros de diâmetro. Na prova masculina as distâncias desses

círculos são de 20, 25, 30 e 35 metros. Já na prova feminina, as distâncias são de 15, 20, 25 e

30 metros. Cada zona acertada pelo competidor tem uma pontuação, sendo a zona mais interna

a que vale mais pontos, e a exterior, menos. Ainda, essa pontuação é proporcionalmente

crescente de acordo com as distâncias dos alvos. A máxima pontuação obtida na prova de

precisão é de 136 pontos quando o atleta acerta todas as zonas internas de todos os alvos. Para

a prova de distância, o atleta pode lançar até 3 granadas. O lançamento que obter maior distância

é medido em metros, e essa mesma quantidade é convertida em pontos. Para se calcular os

pontos totais do participante, somam-se os pontos das duas provas (INTERNATIONAL

MILITARY SPORTS COUNCIL, 2016).

Não diferente das outras provas do Pentatlo Militar, o lançamento de granada exige do

combatente, ou atleta, a força (rápida e explosiva), a coordenação (técnica), equilíbrio e

concentração (JUNIOR, 1994).

2.8.3.5 Corrida (Cross Country)

A largada da última prova, a corrida, é realizada de acordo com o método Handicap

Starting. Esse método consiste em largar os atletas de acordo com suas pontuações até então,

ou seja, o primeiro a largar, será aquele competidor que liderava a competição até o fim de

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prova de granada. Tal atleta terá o tempo de largada considerado como 0 minutos e 0 segundos.

Já o segundo a largar, terá sua diferença de pontos, em relação ao primeiro colocado, calculada

e transformada em segundos. Somam-se ao tempo do atleta da frente esses segundos e obtém-

se a hora de largada. A distância total da corrida é de 8.000 metros. (INTERNATIONAL

MILITARY SPORTS COUNCIL, 2016).

A resistência aeróbia geral dinâmica de média duração, a resistência muscular

localizada aeróbia, a coordenação e a perseverança são as qualidades físicas e psíquicas

necessárias para o atleta ao realizar a prova de corrida, segundo Aurélio Morelli Junior (1994).

2.9 O treinamento do Pentatlo Militar

Os treinos de um atleta de Pentatlo Militar não tem uma única característica, como por

exemplo, ser um treino de endurance (treinos de longa duração), um treino de explosão (como

os treinos de um atleta de raso do atletismo) ou ainda ser um treino de força (arremesso de

peso). No entanto, o Pentatlo exige todas essas aptidões e mais, por se tratar de provas técnicas

que necessitam concentração como a granada e o tiro. Em um dia, o penta-atleta precisa realizar,

no mínimo, dois treinos diferentes. Muitas vezes, executa um treino de explosão e um de

endurance em curtos períodos de intervalo.

Abaixo, foi registrada uma semana de choque do treinamento do Pentatlo Militar na

AMAN. A semana de choque é a semana em que o atleta é mais exigido, tendo treinos mais

intensos. Assim, pode-se dizer que durante essa semana, teoricamente, seria a semana de maior

gasto energético e consumo de nutrientes.

Quatro 4 - Treino de Segunda-feira da equipe de Pentatlo Militar da AMAN

Segunda-feira

Granada

-Aquecimento

- 2 provas completas com distância

- Medicineball (2 séries de 8: 1 braço/2 braços/giro

para trás)

PPM

- 2 Pistas Completas (um obstáculo sim outro não)

- 1x cada 1/3

- 1x cada ½

- 10’ trote

Musculação

4 séries de 8

- Perna: Extensão

/Flexão/Agachamento/Adutor/Abdutor

- Braço: Supino/Bíceps/Tríceps/Manguito/Puxada

- Abdominal

Fonte: o autor.

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Quatro 5 - Treino de Terça-feira da equipe de Pentatlo Militar da AMAN

Terça-feira

Corrida

- 6x800m (Int. 1’15”)

- Int. 3’

- 6x400m (Int. 1’)

- 10’ trote

- Total: 7.200m

Natação

- 200 Aquecimento

- 4x cada obstáculo

- 2x cada ½ pista

- 200 Educativo

- 4x50m (45" Int.)

- 100m costas

- 400m (R3, R4, R5 e R6)

- 200m solto

- Total: 1500m

Fonte: o autor.

Quatro 6 - Treino de Quarta-feira da equipe de Pentatlo Militar da AMAN

Quarta-feira

Granada

- 1 prova sem distância

Corrida

- Boa Esperança 60min

- Ida: 80% (4’10” – 4’20”)

- Volta 90% (3’40” – 3’55”)

- Abdominal livre

Natação

- 200m solto

- 4x cada ½ pista

- 200 educativo

- 25F/25f

-50F/50f

-75F/75f

-50F/50f

-25F/25f

- 100m

- Total: 1100m

* F: Forte/f:fraco

Fonte: o autor.

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Quatro 7 - Treino de Quinta-feira da equipe de Pentatlo Militar da AMAN

Quinta-feira

Tiro

PPM

- 2x cada ½ pista

- 1x até 2ª escada

- 2x quarto final

- 10’ trote

Musculação

- 4 séries de 8

- Perna: Extensão/Flexão/Panturrilha

- Braço: Puxada/Barra/Bíceps

Fonte: o autor.

Quatro 8 - Treino de Sexta-feira da equipe de Pentatlo Militar da AMAN

Sexta-feira

Tiro

Natação

- 200 solto

- 4x cada ½ pista

- 2x200m educativo

- 4x25

- 2x10x10m perna

- 100m solto

- Total: 1200m

Corrida

- Intervalado: 1Km/2Km/1Km/2Km/3Km

- Intervalos: 1Km-2Km: 1’15”; 2Km-1Km: 2’; 1Km-

3Km: 3’

- 10’ trote

- Total: 9.000m

Fonte: o autor.

Quatro 9 - Treino de Sábado da equipe de Pentatlo Militar da AMAN

Sábado

Corrida

-55min 85%

- Abdominal livre

Natação

- 300m solto

- 2x200m educativo

- 4x25m

- 12x12,5 100% (Soltar 12,5m até 25m)

- 300m (150R3/150R5)

- 100m solto

- Total: 1400m

Fonte: o autor.

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3 RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS

Na busca por uma resposta ao problema que norteou a pesquisa, chegou-se aos

resultados que se seguem.

3.1 Resultados

Com base nos quadros do treinamento da semana de choque visto acima, criou-se um

quadro com os tempos gastos em cada tipo de modalidade. A PPM, por ser uma atividade de

intensidade parecida com o treino de intervalado, teve o tempo computado juntamente com este

tipo de corrida. A musculação e a granada têm basicamente o mesmo tipo de intensidade

também, portanto, os tempos destes dois treinos foram calculados juntos.

Quadro 10 - Tempo dos diferentes tipos de treino separados por intensidades Dia/Treino PPM/intervalado Corrida Trote Natação Musc. /granada

Segunda-feira 12’ - 10’ - 85’

Terça-feira 28’ - 10’ 60’ -

Quarta-feira - 60’ - 40’ 10’

Quinta-feira 14’ - 10’ - 40’

Sexta-feira - 50’ - 40’ -

Sábado - 55’ - 40’ -

Total 54’ 165’ 30’ 140’ 135’

Fonte: o autor.

Como amostra, foi feita uma pesquisa simples com 4 (quatro) atletas titulares da

equipe de Pentatlo Militar da AMAN. As informações requisitadas foram: peso, altura e idade.

Chegou-se à seguinte tabela:

Quadro 11 - Dados dos Atletas do Pentatlo Militar Da AMAN Atleta Peso (kg) Altura (m) Idade (anos)

A 81 1,77 23

B 74 1,77 22

C 78 1,79 22

D 76 1,78 23

Média 77,25 1,78 22,5

Fonte: o autor.

Para obtenção dos valores de MET das modalidades do Pentatlo Militar, foi utilizado

o Compêndio de Atividades Físicas (CAF), proposto por Ainsworth e colaboradores em 1993,

e atualizado em 2000. Esse compêndio traz uma padronização e estimativa do gasto energético

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32

de mais de 600 atividades, incluindo atividades cotidianas, de lazer, laborais e desportivas,

executadas em diferentes intensidades (FARINATTI, 2003). Esses dados estão dispostos no

quadro 6:

Quadro 12 - Modalidades do Pentatlo Militar e seus respectivos METs Modalidade MET

PPM/intervalado 18

Corrida 15

Trote 9

Natação 11,0

Musculação/Granada 5,5

Fonte: o autor.

*Considerou-se a velocidade aproximada da corrida de 15 km/h, e a velocidade do trote de

aproximadamente 8,3 km/h. A PPM e o intervalado foram considerados como uma corrida com

ritmo de 3,4 min/km.

O cálculo do gasto energético, em Kcal, na atividade física, foi determinado pela

fórmula abaixo:

𝐾𝑐𝑎𝑙 =𝑀𝐸𝑇𝑆 𝑥 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝐶𝑜𝑟𝑝𝑜𝑟𝑎𝑙 (𝑘𝑔)𝑥 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑎 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑓í𝑠𝑖𝑐𝑎 (min)

60 𝑚𝑖𝑛

Para o peso corporal, foi considerado o peso médio dos atletas, e para tempo da

atividade física, foi considerado o tempo total semanal de cada modalidade.

De posse desses procedimentos, alcançou-se os resultados registrados no quadro

abaixo:

Quadro 13 - Gasto energético das diferentes modalidades do Pentatlo Militar

Modalidade MET Tempo (min) Gasto energético (kcal)

PPM/intervalado 18 54’ 1251,45

Corrida 15 165’ 3186,56

Trote 9 30’ 347,62

Natação 11 140’ 1982,75

Musculação/Granada 5,5 135’ 955,96

Total 7.724,34

Fonte: o autor.

Em contrapartida, o consumo energético deve ser calculado pela ingestão dos

alimentos fornecidos pelo serviço de aprovisionamento. Abaixo, pode-se fazer a leitura do

cardápio encontrado na AMAN na mesma semana referida de treino.

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33

Quadro 14 - Alimentos fornecidos no café da manhã pelo setor de Aprovisionamento da

AMAN DIA/REFEI

ÇÃO (2ª feira) (3ª feira) (4ª feira) (5ª feira) (6ª feira) (Sábado) (Domingo)

CAFÉ DA

MANHÃ

Banana/

Mamão

Banana/

Melão Melancia

Banana/

Melão

Banana/

Melancia

Banana/

Mamão

Banana/

Melão

Achocolata

do/ Cereal

de

Chocolate

Achocolata

do/ Aveia

Achocolata

do/ Cereal

de Milho

Achocolat

ado /

Aveia

Achocolata

do/

Granola/Ca

fé/ Leite/

Chocolate/A

veia

Chocolate/Ce

real Milho

Café/ Leite/

Café/

Leite/

Café/

Leite/

Café/

Leite/

Café/

Leite/

Pão sal/

Margarina Café/ Leite/

Pão sal / Pão

Careca

Pão Sal/

Pão Careca

Pão de Sal

/Pão

Careca

Pão Sal /

Pão

Ccareca

Pão de Sal

/Pão

Careca

Iogurte Pão sal/ Pão

Careca Margarina

Margarina Margarina Margarina Margarina Margarina Geleinha

Biscoito

Recheado Mortadela

Cachorro-

Quente

(Sch cat.

Maio,

most)

Polenguin

ho Requeijão

Xarope

Guaraná

Fonte: Adaptado de Setor de Aprovisionamento da AMAN ,2017.

Quadro 15 - Alimentos fornecidos no almoço pelo setor de Aprovisionamento da AMAN

DIA/REFEIÇÃO (2ª feira) (3ª feira) (4ª

feira) (5ª feira) (6ª feira) (Sábado)

(Domingo

)

ALMOÇO

Saladas e

Entradas

Sal

Acelga c/

Tomate

Sal Alface

c/

Cenoura

c/ Pepino

Salpicão

de

Repolho

c/ Alface

Sal

Acelga/

Chicória

c/ Pepino

Sal Alface

/Acelga c/

Tomate c/

Pepino

Sal Acelga

c/ Tomate

/Cebola

Sal

Chicória

c/ Cenoura

/Tomate

Molho

Rosê

Molho

Mostarda

Molho

Rosé

Molho

Mostarda Molho Rose

Molho

Vinagrete

Molho

Rose

Prato

Proteico

Frango

ao M.

Concassê

Bife

Acebolad

o

Peixe a

Dorê c/

Molho

de

Moquec

a

Frango

Assado ao

Alho

Filé de

Frango ao

Creme de

Milho

Almôndeg

a Frita

Alcatra ao

Forno

Guarniçã

o e

Acompa-

nhament

os

Macarrã

o Alho e

Ó leo

Purê de

Legumes Pirão

Farofa de

Abobrinh

a

Purê de

Batata

Macarrão

c/

M.Branco

Farofa c/

Dendê

Arroz /

Feijão

Arroz /

Feijão

Arroz /

Feijão

Arroz /

Feijão

Arroz/Feijã

o

Arroz /

Feijão

Arroz/

Feijão

Sobreme

sa e

Bebida

Doce

Cremoso

Flan c/

Calda

Fruta

Melanci

a

Gelatina Doce

Cremoso

Fruta-

Abacaxi

Doce

Tablete

Suco Suco Suco Suco Suco Suco Suco

Fonte: Adaptado de Setor de Aprovisionamento da AMAN ,2017.

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34

Quadro 16 - Alimentos fornecidos no jantar e na ceia pelo setor de Aprovisionamento da

AMAN

DIA/REFEIÇÃO (2ª feira) (3ª feira) (4ª feira) (5ª feira) (6ª

feira)

(Sábado

)

(Domingo

)

JANTA

R

Saladas e

Entradas

Sal

Acelga

c/ Feijão

Fradinho

Sal Alface

c/ Pepino

Sal Chicória

c/ Beterraba

Síria

Molho

Mostarda

Sal

Alface c/

Tomate

Molho

Vinagrete

Sal

Acelga

c/

Cenoura

Sal

Alface c/

Pepino

Molho

Mostarda

Sal Acelga

c/Tomate

Molho

Vinagrete Molho

Vinagrete

Molho

Rose

Molho

Rose

Prato

Proteico

Torta

Mexicana

Frango

Xadrez c/

Grão de

Bico

Hamburgue

r Acebolado Goulash

Quibe de

Forno

Frango a

Caçadora

Arroz

Mexicano

Guarnição

e Acompa-

nhamento

s

Arroz /

Feijão

Canjiquinh

a

Macarrão

Ao Sugo

Polenta c/

Queijo

Legume

s Sauté

Repolho

Salteado Feijão

Arroz /

Feijão

Arroz

/Feijão

Arroz/

Feijão

Arroz/

Feijão

Arroz /

Feijão

Sobremes

a e Bebida

Fruta-

Melancia

Doce

Cremoso

Doce

Tablete

Fruta-

Melancia

Doce

Tablete

Doce

Cremoso

Fruta-

Melancia

Suco Suco Suco Suco Suco Suco Suco

CEIA

Suco Chocolate Suco Chocolat

e Suco Suco

Pão com

margarin

a

Pão com

margarina

Pão com

margarina

Pão com

margarin

a

Pão com margarina Pão com

margarina

Fonte: Adaptado de Setor de Aprovisionamento da AMAN ,2017.

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35

3.2 Análise dos dados

O treinamento exposto de uma semana de choque da equipe de Pentatlo Militar da

AMAN pode mostrar uma imagem da dedicação dos atletas em alcançar um excelente

desempenho físico e técnico, com a intenção de se conquistar o melhor resultado na

NAVAMAER. Diante disto, viu-se um trabalho exaustivo, que exige não só disposição física,

mas também motivação e concentração.

Pode-se, então, observar que o gasto energético da atividade física (GEAF), baseado

em um peso corporal médio de quatro atletas titulares da equipe, foi de 7.724,34 kcal para uma

semana de treinamento dos atletas de Pentatlo Militar da AMAN. Este número foi resultado de

uma divisão do treino, organizando-o por intensidades segundo o Compêndio de Atividades

Físicas (CAF), proposto por Ainsworth e colaboradores em 1993. Julga-se esse resultado

seguro, mas não tão preciso, afinal, para um cálculo exato, seriam precisos métodos de

laboratório, máquinas e exames.

Essa quantidade é, exclusivamente, em referência aos treinos dos seis dias

considerados. É preciso, no entanto, considerar o gasto calórico para as demais atividades do

dia. Como já visto na literatura acima, é estimada uma média de consumo de 2.000 kcal para

um indivíduo sedentário exercer suas atividades rotineiras. Considera-se, portanto, esta média

como referência para completar o gasto energético diário total. Portanto, durante os seis dias de

treino avaliados, tem-se 12.000 kcal destas condições.

Se, 12.000 kcal é a quantidade calórica estimada desconsiderando o treino, e 7.724,34

kcal é a quantidade calórica somente para o treino, pode-se concluir que a soma dos dois, que

é 19.724,34 kcal é o gasto energético total que os atletas de pentatlo militar da AMAN

consomem nestes seis dias de treinamento.

Para determinar o Valor Energético Total(VET) – quantidade de calorias presente em

uma determinada refeição - dessas porções, as nutricionistas da AMAN utilizam a Tabela

Brasileira de Composição de Alimentos(TACO), que contém discriminadas as quantidades

nutricionais para cada alimento. Todavia, para agilizar os procedimentos, não são realizados

cálculos todos os dia. O que se faz é um cardápio base com a quantidade calórica já determinada,

em que são feitas mudanças nos tipos de alimentos, porém com propriedades energéticas

similares. Este procedimento é realizado com base nas Listas de substituições dos alimentos,

disponíveis no Manual de Alimentação das Forças Armadas (BRASIL, 2010). Desse modo,

cria-se uma variedade em relação à linha de servir, mas não ao VET.

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36

O VET Diário foi desenvolvido com base nas atividades desempenhadas pelos

Cadetes, e foi assim determinada: Desjejum: 760 kcal; Almoço: 1.330 kcal; Jantar: 1.330 kcal

e Ceia: 380 kcal. Estes dados foram retirados de documentos do planejamento de produção do

serviço de aprovisionamento.

Diante destes dados, a ingestão calórica constatada foi de 3.800 kcal por dia, o que

fornece em seis dias o VET de 22.800 kcal.

Apesar da quantidade de energia disponibilizada ser suficiente, os treinos realizados

pela equipe de Pentatlo, geralmente ocorrem nos horários que sucedem o café da manhã, e

também no período da tarde, cerca de 3 (três) horas após o almoço. Levando em consideração

o cardápio anteriormente apresentado e os valores de índices glicêmicos dispostos no Quadro

1, pode ser observado que geralmente no café da manhã apesar de serem consumidos alimentos

com elevados índices glicêmicos (como pão branco, por exemplo) que poderiam desencadear

uma hipoglicemia cerca de 60’ após o consumo, também são consumidos alimentos de baixos

e moderados índices glicêmicos, que também são compostos de fibras alimentares (leite e

banana) importantes para a manutenção dos níveis plasmáticos de glicose que contribuem para

a reposição dos estoques de glicogênio intramuscular e hepático.

Além dos carboidratos, no café da manhã também são disponibilizados para consumo

alimentos ricos em proteínas, como leite e iogurte, que contribuem para a função estrutural do

organismo, bem como a reparação e substituição de proteínas de ossos e tendões, que podem

ser danificadas durante a realização de exercícios intensos, como musculação, PPM e corrida,

além de contribuir para a saúde do atleta na cicatrização de lesões, visto que está relacionada

diretamente a funções imunológicas.

Entretanto, após os treinos da manhã, observa-se que a próxima refeição

disponibilizada pelo Setor de Aprovisionamento, é o almoço. Portanto, há um grande espaço

de tempo entre a ingestão de alimentos pelo atleta.

Além disso, os treinos realizados no período da tarde também ocorrem após um longo

período de tempo sem a ingestão de nutrientes, visto que, a última refeição disponibilizada foi

o almoço. Apesar desta última refeição fornecer alimentos com excelentes valores nutricionais,

com alimentos ricos em proteínas (como a carne), foi demonstrado pela literatura a importância

do consumo de carboidratos, por exemplo, nos minutos que antecedem o treino.

Em contrapartida, diferentemente dos treinos da manhã em que há consumo adequado

de alimentos no pré-treino, porém há um déficit no pós-treino, o treino da tarde ocorre de forma

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37

contrária, pois janta que o sucede, contribui para a correta reposição nutricional, suprindo a

demanda energética e nutritiva dos treinos. Isto pois, na janta, são consumidos alimentos que

possuem carboidratos com maiores índices glicêmicos, como doces e algumas frutas, que

melhor colaboram para a reposição das reservas de glicogênio.

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38

4 CONCLUSÃO

A presente pesquisa teve como objetivos: analisar a literatura acerca da Nutrição

Esportiva para entender como uma alimentação correta e balanceada pode auxiliar no

rendimento desportivo; analisar o treinamento da equipe de Pentatlo Militar da AMAN para

calcular o Gasto Energético Total(GET) dos Cadetes integrantes desta modalidade; analisar o

Valor Energético Total(VET) que a alimentação do setor de aprovisionamento da AMAN

proporciona; bem como avaliar de forma geral os alimentos que compõem o cardápio semanal

da AMAN e sua influência nos treinamentos a este universo amostral.

Mostrou-se que uma dieta equilibrada e orientada pode gerar vários benefícios além

de uma vida saudável. Observou-se que o treinamento da equipe de Pentatlo Militar é volumoso

e intenso, exigindo do atleta diversos atributos e consumo de uma quantidade calórica e

nutricional considerável. Este estudo também demonstrou que a alimentação provida pela

AMAN é diversificada e baseadas em evidências teóricas.

Entretanto, apesar desse embasamento, nesse trabalho pode ser observado que as

refeições disponibilizados ao longo do dia não acompanham os horários de treinamento.

Tornando-se necessário, que o próprio atleta faça a complementação alimentar, em horários

alternativos, para que ocorra um melhor equilíbrio nutricional que interfere diretamente em

maior rendimento desportivo.

Todavia, para que se consiga o melhor efeito da nutrição no rendimento desportivo, é

importante um trabalho adequado e sério de profissionais da área, para que não haja excessos

ou déficits. Pois, como já visto, um inadequado balanço energético pode proporcionar doenças

graves, sobrepeso ou lesões ao atleta, que por sequência traria prejuízos aos treinos.

Neste patamar, destaca-se o trabalho feito pelo setor de aprovisionamento, que conforme

a realidade dos Cadetes, conseguiu redigir documentos e conduzir planejamentos nutricionais

capazes de sustentar as necessidades energéticas desta seleta população. Fruto deste

profissionalismo, é a observada adequabilidade do VET do cardápio em relação ao GET dos

atletas. O primeiro em 22.800 kcal e o segundo em 19.724,34 kcal. Desse modo, percebe-se

somente uma quantidade superior calórica em torno de 500 kcal, por dia. O que pode ser

entendido como uma margem segura para o balanço energético, tendo em vista os possíveis

desvios nos cálculos aqui registrados e pelo fato destes terem sidos feitos a partir de uma média

de peso corporal.

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39

Portanto, a hipótese de que a alimentação fornecida pelo setor de aprovisionamento da

Academia não fornece a quantidade energética suficiente para os atletas de Pentatlo foi refugada

parcialmente, pois, no que diz respeito ao consumo total de energia a disponibilidade foi

satisfatória. Mas, no que diz respeito a forma de como esses alimentos são fornecidos ao longo

do dia, não foi condizente com a literatura descrita, pois, como dito anteriormente é preciso

consumo de alimentos complementares durante os tempos que sucedem o treino da manhã, e

que antecedem o treino da tarde.

Os resultados dessa pesquisa aplicam-se parcialmente ao ramo da Nutrição Esportiva,

tendo em vista a especial condição de que os atletas em foco são Cadetes, e vivem em regime

de internato. Isto causa efeitos nas limitações, nas variáveis e nos métodos considerados para o

desenvolvimento do presente estudo. Todavia, os conceitos que orientaram os procedimentos

podem ser generalizados para qualquer outro tipo de trabalho na área de nutrição, porque são

independentes da situação descrita acima.

Considerando que a avaliação nutricional é de grande relevância, visto que permite

auxiliar diretamente na avaliação do desempenho esportivo, o presente trabalho pôde contribuir

para avaliação do plano alimentar disponível aos atletas da modalidade esportiva de Pentatlo

militar na AMAN, demonstrando que um melhor planejamento pode contribuir para as

necessidades dos atletas e fornecimento de nutrientes adequados.

Conclui-se então, que há uma quantidade energética diária suficiente para atender as

necessidades dos penta-atletas, mas é preciso que o Cadete atleta ou o Setor de

Aprovisionamento faça a complementação alimentar para os atletas, após o treino da manhã,

com alimentos que contenham carboidratos de alto índice glicêmico, como pão branco e mel,

bem como a complementação antes do treino da tarde, com alimentos contendo carboidratos de

baixos índices glicêmico, como frutas e iogurte.

O Oficial subalterno/intermediário, pode realizar práticas profissionais nas

Organizações Militares referente ao presente estudo, contribuindo junto com o Setor de

Aprovisionamento para uma correta alimentação dos militares.

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