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1ª PROMOT0RIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE MARINGÁ PROTEÇÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO E JUIZADO ESPECIAL CÍVEL - Av. Herval, 171 - sobreloja - Centro - Maringá - PR - CEP: 87.013-230 - fone/fax: (44) 3226-0484 ____________________________________________________________________ ____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 196____________________ pág. 1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE MARINGÁ. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ , por seu Promotor de Justiça infra-assinado, no uso de suas atribuições legais junto à PROMOTORIA ESPECIAL DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO desta Comarca, com fulcro no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal, artigo 25, inciso IV, letras "a" e "b", da Lei 8.625/93, e artigos 1º e 5º, da Lei 7.347/85, e art.17, da Lei 8.429/92, respeitosamente, vem propor e como proposta tem a AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE RESPONSABILIDADE POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA contra: TÂNIA FÁVARO DA SILVA, brasileira, casada, residente e domiciliada à Rua Jurandir Diniz de Souza, n. 136, Jardim Montreal, nesta cidade de Maringá, devidamente inscrita no CPF/MF sob nº 606.752.509-78, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 196____________________ pág. 1

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE MARINGÁ.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO

PARANÁ, por seu Promotor de Justiça infra-assinado, no uso de suas atribuições legais junto à PROMOTORIA ESPECIAL DE DEFESA DO

PATRIMÔNIO PÚBLICO desta Comarca, com fulcro no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal, artigo 25, inciso IV, letras "a" e "b", da Lei 8.625/93, e artigos 1º e 5º, da Lei 7.347/85, e art.17, da Lei 8.429/92, respeitosamente, vem propor e como proposta tem a

AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE RESPONSABILIDADE POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

contra: TÂNIA FÁVARO DA SILVA, brasileira, casada,

residente e domiciliada à Rua Jurandir Diniz de Souza, n. 136, Jardim Montreal, nesta cidade de Maringá, devidamente inscrita no CPF/MF sob nº 606.752.509-78, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:

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________________1. DOS FATOS E DO DIREITO:

O autor, em data de 11 de maio de 2009,

instaurou Inquérito Civil Público – autos n° 37/2009 em anexo – visando

apurar eventual conduta de corrupção passiva e violação dos princípios

da Administração Pública, atribuídos a então servidora pública Tânia

Favaro da Silva, em face do procedimento administrativo levado a efeito

pela Universidade Estadual de Maringá.

Com efeito, apurou-se que a ré Tânia Favaro da

Silva, em face de ter sido aprovada em concurso público, foi nomeada ao

cargo de assistente administrativo na Universidade Estadual de Maringá

a qual tomou posse e exercício no dia 21 de janeiro de 1.997, consoante

se vê do incluso comprovante (Portaria n. 17/97 – fls. 270 do ICP).

Aludida funcionária prestava serviços na

Divisão de Análise e Clínicas da Diretoria de Análise Clínicas e

Farmácia-Hospitalar do Hospital Universitário Regional de Maringá e

em várias oportunidades integrava às Comissões Examinadoras de

Concursos Públicos e Testes Seletivos junto à referida Universidade

Estadual de Maringá, como servidora incumbida de prestar apoio técnico

administrativo [ver Portaria 1937/2005 (11.07.05) para teste seletivo de

Auxiliar de Laboratório; Portaria 1938/2005 (11.07.05) para o teste

seletivo de Bioquímico; Portaria 1943/2005 (11.07.05) para o teste

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seletivo de Técnico em Laboratório- fls. 355/360 do ICP].

Ocorre que a Universidade Estadual de

Maringá, no ano de 2005 e 2006, através dos editais 23/2005 e 13/2006,

desfechou concurso público para o provimento de inúmeros cargos,

dentre os quais, assistente social, enfermeiro, farmacêutico, médicos

nutricionista, técnico administrativo, técnico em enfermagem, técnico em

laboratório, técnico em radiologia (fls. 23/35 e 402/411 do ICP), tendo

nomeado a ré Tânia Favaro da Silva como servidora incumbida de

prestar apoio técnico administrativo para os testes seletivos de Auxiliar de

Laboratório (fls. 355 do ICP), Bioquímico (fls. 357 do ICP) e para o teste

seletivo de Técnico em Laboratório (fls. 359 do ICP).

No decorrer dos certames acima mencionados, a

servidora e ora ré Tânia Favaro da Silva, mais precisamente no dia 13 de

fevereiro de 2006, por volta das 17h30, encontrou-se com a servidora

Mirian Jaqueline Cariani, em frente à biblioteca da Universidade

Estadual de Maringá, local este previamente combinado, a qual de forma

livre e consciente, isto é com dolo, solicitou diretamente e para si,

valendo-se da qualidade de funcionária pública da referida Universidade

Estadual e do acesso aos trabalhos (prova e gabarito) da Comissão

Examinadora do Teste Seletivo para provimento em cargo de Técnico de

Laboratório, vantagem indevida, na quantia de R$ 3.000,00 (três mil

reais), a serem pagos em duas parcelas, sendo R$ 1.500,00 (hum mil e

quinhentos reais) naquela data e, o restante, após à contratação, em

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contra-prestação ao oferecimento da prova e do gabarito referentes ao

mencionado Teste Seletivo (edital 5/2005- DRH).

Apurou-se, também, que a referida ré, em data

em horário não esclarecido do ano de 2006, posterior ao fato acima

narrado, mediante contato telefônico com Élide Aparecida de Oliveira,

dolosamente, isto é, com vontade livre e consciente, valendo-se da

qualidade de funcionária pública da referida Universidade Estadual e do

acesso às provas e aos gabaritos do Concurso Público para provimento

em cargo de Bioquímico, solicitou diretamente e para si, vantagem

indevida, em quantia não especificada, para o fim de fornecer a prova e o

gabarito do referido concurso público.

A Universidade Estadual de Maringá, em face

dos fatos acima mencionados, instaurou processo administrativo1, o qual

ultimado resultou na demissão da referida ré, conforme se vê dos termos

da Portaria n. 836/2006 (fls. 467 do ICP).

As condutas acima narradas, sem maiores

esforços, apontam para a consumação da figura delitiva de corrupção

passiva, prevista na disposição do art. 317, (duas vezes), combinado com

o artigo 69 (concurso material), ambos do Código Penal. Confira:

1 Processo Administrativo n. 408/2006 (fls. 267/469

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“Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem,

direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,

mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal

vantagem:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos,e multa.

O autor desta demanda, em face das condutas

narradas ofereceu a competente denúncia, capitulando os fatos como

corrupção passiva (art. 317 do CP) a qual encontra em trâmite na Justiça

Estadual desta Comarca, esperando seja condenada nas penas da

disposição acima mencionada.

Comentando a mencionada disposição, Nelson

Hungria, em sua obra Comentários ao Código Penal, vol. IX, Rio de

Janeiro: Revista Forense, 1958, pág. 368:

“Trata-se de crime eminentemente formal oi de

consumação antecipada. Basta para sua consumação, como já vimos, a

simples solicitação da vantagem indevida, mesmo que não fosse intenção

do intraneus praticar a ação ou abstenção de que se cogite. Ainda na

hipótese de efetivo recebimento da vantagem ou de aceitação da promessa

de vantagem, não importa que o intraneus, por arrependimento ou

obstáculo superveniente, deixe de cumprir o torpe ajuste: o crime

considerará como levado ad exitum. É indiferente a forma por que este se

realize: se diretamente ou per interpositam personam. O intermediário,

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seja extraneus, seja intraneus, responderá pelo mesmo título de crime...”

A Jurisprudência é assente em confirmar que:

“O delito de corrupção ativa (art. 317, § 1º do CP) é de

mera atividade ou simples conduta, exaurindo-se, portanto, com o simples

fato de o agente solicitar, receber ou aceitar vantagem,

independentemente da co-participação do extraneus, prestando-se ao

desejo do agente” (TJSP –RHC – Rel. Hoeppner Dutra – RT 452/329)

Tipifica o crime do art. 317 do CP solicitar ou receber,

para si ou para outrem, vantagem indevida. Sendo crime formal, basta a

simples solicitação para ficar configurado. Não importa que o ‘pretium’

seja destinado ao corrompido ou a terceiro, por quem aquele se interesse.”

(TJPR – AC – Rel. Luiz Perrotti – RT 465/341).

A referida ré também malferiu as disposições da

Lei Estadual 6.174/70 (Estatuto dos Funcionários Civis do Estado do

Paraná), aplicadas aos servidores da Universidade Estadual de Maringá,

a saber:

“Art. 279. São deveres do funcionário:

(...)

IV – discrição;

V – lealdade e respeito às instituições constitucionais e

administrativas a que servir;

(...)

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XII - guardar sigilo sobre a documentação e os assuntos

de natureza reservadas de que tenha conhecimento em razão do cargo ou

função.”

“ Art. 285. Ao funcionário é proibido”

(...)

IV – valer-se do cargo para lograr proveito pessoal em

detrimento da dignidade do cargo ou função;

(...)

X – receber propinas, comissões, presente e vantagem de

qualquer espécie, em razão do cargo ou função;

XI – revelar fato ou informação de natureza sigilosa de

que tenha ciência, em razão do cargo ou função, salvo quando se tratar

de depoimento em processo judicial, policial ou administrativo.”

Também infringiu as disposições do Regimento

Interno da Universidade Estadual de Maringá (Resolução n. 557/2000)2,

saber:

“Art. 5º. São deveres do servidor:

(...)

IV – discrição;

V – lealdade e respeito às instituições constitucionais e

administrativas a que servir;

(...)

XII - guardar sigilo sobre a documentação e os assuntos

de natureza reservadas de que tenha conhecimento em razão do cargo ou

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função.”

“Art. 9º. Ao servidor é proibido:

(...)

X – receber propinas, comissões, presente e vantagem de

qualquer espécie, em razão do cargo ou função;

XI – revelar fato ou informação de natureza sigilosa de

que tenha ciência, em razão do cargo ou função, salvo quando se tratar

de depoimento em processo judicial, policial ou administrativo.”

Todavia, as condutas acima narradas também

configuraram atos de improbidade administrativa, na medida em que, a

ré Tânia Favaro da Silva, atentou contra os princípios da Administração

Pública, notadamente ao princípio da legalidade, ou seja, sabia que sua

conduta era contrária ao Estatuto dos Funcionários Civis do Estado do

Paraná e do regimento interno a que estava submissa; ao princípio da

moralidade, eis que era uma conduta reprimida pelo ordenamento

jurídico criminal e administrativo (art. 317 do Código Penal e 279 e 285

do Lei Estadual 6174/70); ao princípio da impessoalidade porque preferia

beneficiar uma servidora em detrimento dos demais participantes do

concurso ou teste seletivo; ao princípio da eficiência, este configurado na

medida em que as condutas de solicitar valor indevido não estava no rol

das atividades a ser atingido pelo serviço que a ré prestava junto à

Comissão Examinadora de concurso ou teste seletivo e ao princípio da

lealdade a instituição a que servia, Universidade Estadual de Maringá 2 Copia desta Resolução encontra-se às 275/289 do Inquérito Civil Público em anexo.

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(discrição, guardar sigilo e outros do gênero), praticando ato contrário

visando fim proibido em lei e diverso daquele previsto na regra de sua

competência, apontados nas disposições do art. 11, “caput” e inciso I, da

Lei 8.429/92. Confira:

“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa

que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação

ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,

legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

I – praticar ato visando fim proibido em lei ou

regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de sua competência.”

Os princípios acima mencionados decorrem de

previsão na Constituição Federal:

"Art. 37. A administração pública direta e indireta de

qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,

moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:"

No dizer de Paulo Bonavides, "as regras vigem, os

princípios valem; o valor que neles se insere se exprime em graus distintos. Os

princípios, enquanto valores fundamentais, governam a Constituição, o regímen, a

ordem jurídica. Não são apenas a lei, mas o Direito em toda a sua extensão,

substancialidade, plenitude e abrangência" (“in” CURSO DE DIREITO

CONSTITUCIONAL, Malheiros, 5a. ed., 1994, p.260).

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Para CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE

MELLO, “in” Curso de Direito Administrativo, Malheiros, 5ª ed. 1994, p.

451:

"Violar um princípio é muito mais grave que transgredir

uma norma qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não

apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de

comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou de

inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque

representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores

fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão

de sua estrutura mestra. Isso porque, com ofendê-lo, abatem-se as vigas

que o sustêm e alui-se toda a estrutura nelas esforçada"

Referidos princípios são reproduzidos na

Constituição Estadual (art. 27), não havendo razão para que a ré pudesse

à época dos fatos alegar ignorância ou qualquer outra circunstância para

descumprí-lo.

No tocante ao princípio da legalidade

desrespeitado pela ré, CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, em

magistral lição diz:

"... o princípio da legalidade é o da completa submissão

da Administração às leis. Esta deve tão somente obedecê-las, cumpri-las,

pô-las em prática. Daí que a atividade de todos os seus agentes, desde o

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que lhe ocupa a cúspide, isto é, o Presidente da República, até o mais

modesto dos servidores, só pode ser a de dóceis, reverentes, obsequiosos

cumpridores das disposições gerais fixadas pelo Poder Legislativo, pois

esta é a posição que lhes compete no direito brasileiro" (ob. cit., p. 48).

Quer significar que, o ato de todo o servidor

público; de todo o agente público; deve ser realizado nos termos da Lei.

Enquanto para o particular o que não é proibido é permitido; ao

administrador e à própria Administração somente é permitido fazer o que

a lei expressamente autoriza, ou seja, o que não é permitido pela lei é

proibido.

O sempre lembrado DIÓGENES GASPARINI,

em seu "Direito Administrativo", aponta que:

"O princípio da legalidade, resumido na proposição

suporta a lei que fizeste, significa estar a Administração Pública, em toda

a sua atividade, presa aos mandamentos da lei, deles não se podendo

afastar, sob pena de invalidade do ato e responsabilidade de seu autor.

Qualquer ação estatal, sem o correspondente calço legal ou que exceda o

âmbito demarcado pela lei, é injurídica e expõe-se à anulação. Seu campo

de ação, como se vê, é bem menor do que o do particular. De fato, este

pode fazer tudo o que a lei permite, tudo o que a lei não proíbe; aquela só

pode fazer o que a lei autoriza e, ainda assim, quando e como autoriza

[Na seqüência arremata dizendo] A este princípio também se

submete o agente público. Com efeito, o agente da Administração Pública

está preso à lei e qualquer desvio de suas imposições pode nulificar o ato e

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tornar seu autor responsável, conforme o caso, disciplinar, civil e

criminalmente" (Direito Administrativo, 4ª ed. Saraiva, 1995, p. 6

- riscamos).

Vislumbra, outrossim, ter a ré contrariado o

princípio da moralidade administrativa, princípio pelo qual, segundo

DIÓGENES GASPARINI "o ato e a atividade da Administração Pública devem

obedecer não só à lei mas a própria moral, porque nem tudo que é legal é honesto,

conforme afirmavam os romanos”. (“in” Direito Administrativo, 4ª ed.

Saraiva, 1995, p. 7).

Referido autor, ainda comentando o princípio da

moralidade administrativa, ensina que:

"Para Hely Lopes Meirelles, apoiado em Manoel

Oliveira Franco Sobrinho, a moralidade administrativa está intimamente

ligada ao conceito de bom administrador.

Este é aquele que, usando de sua competência,

determina-se não só pelos preceitos legais vigentes mas também pela

moral comum, propugnando pelo que for melhor e mais útil para o

interesse público. A importância desse princípio já foi ressaltada pelo

Tribunal de Justiça de São Paulo (RDA 89/134), ao afirmar que a

moralidade administrativa e o interesse coletivo integram a legalidade do

ato administrativo" (ob. cit. p. 7)

Discorrendo sobre o tema, CELSO ANTÔNIO

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BANDEIRA DE MELLO assevera que:

"... compreendem-se em seu âmbito, como é evidente, os

chamados princípios da lealdade e da boa-fé, tão oportunamente

encarecidos pelo mestre espanhol Jesus Gonzales Peres em monografia

preciosa. Segundo os cânones da lealdade e boa-fé, a Administração

haverá de proceder em relação aos administrados com sinceridade e

lhaneza, sendo-lhe interdito qualquer comportamento astucioso, eivado de

malícia, produzido de maneira a confundir, dificultar ou minimizar o

exercício de direitos por parte dos cidadãos" (“in” CURSO DE

DIREITO ADMINISTRATIVO, 5ª ed., 1994, Malheiros

Editores, pp. 59/60).

MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO,

citando Manoel de Oliveira Franco Sobrinho, de modo mais radical

enfatiza que:

"Mesmo os comportamentos ofensivos da moral comum

implicam ofensa ao princípio da moralidade administrativa" (“in”

Direito Administrativo, 8a. ed., 1997, Atlas, p. 71).

E mais adiante sentencia:

"Em resumo, sempre que em matéria administrativa se

verificar que o comportamento da Administração ou do administrado que

com ela se relaciona juridicamente, embora em consonância com a lei,

ofende a moral, os bons costumes, as regras de boa administração, os

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princípios de justiça e de eqüidade, a idéia comum de honestidade, estará

havendo uma ofensa ao princípio da moralidade administrativa" (ob. cit.

p. 71).

Como se vê a ré ao inobservar as regras

constitucionais malferiram os princípios de legalidade e moralidade

administrativa, merecendo, pois as sanções pertinentes.

A ré Tânia Favaro da Silva infringiu o princípio da impessoalidade que na apreciação de Maria Sylvia Di Petro "Significa que a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, uma vez que é sempre o interesse público que tem que nortear o seu comportamento". (ob. cit., p. 64).

Wolgran Junqueira Ferreira, comentando sobre

o princípio da impessoalidade diz que:

"Trata este princípio, que obriga a administração

pública a que pratique seus atos não em benefício desta ou daquela

pessoa, desta ou daquela empresa [E na seqüência, citando Diógenes Gasparini pontua que] A atividade administrativa deve ser

destinada a todos os administrados, dirigida aos cidadãos em geral, sem a

determinação de pessoa ou discriminação de qualquer natureza. É o que

impõe ao Poder Público este princípio. Com ele quer se quebrar o velho

costume de atendimento do administrado em razão de seu prestígio ou

porque a ele o agente público deve alguma obrigação". (“In” Princípios da Administração Pública - Legalidade -

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 196____________________ pág. 15

Impessoalidade - Moralidade - Publicidade - Art. 37 - Constituição Federal, Edipro, 1996, p. 53).

Finalmente, a ré infringiu o princípio da

eficiência, que na avaliação de ALEXANDRE DE MORAIS3 alega que:

“O administrador público precisa ser eficiente, ou seja,

deve ser aquele que produz o efeito desejado, que dá bom resultado,

exercendo suas atividades sob o manto da igualdade de todos perante a

lei, velando pela objetividade e imparcialidade.

Assim, o princípio da eficiência é aquele que impõe à

Administração Pública direta e indireta e a seus agentes a persecução do

bem comum, por meio do exercício de suas competências de forma

imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e

sempre em busca da qualidade, primando pela adoção dos critérios legais

e morais necessários para a melhor utilização possível dos recursos

públicos, de maneira a evitar-se desperdícios e garantir-se uma maior

rentabilidade social. Note-se que não se trata da consagração da

tecnologia, muito pelo contrário, o princípio da eficiência dirige-se para a

razão e fim maior do Estado, a prestação dos serviços essenciais à

população, visando a adoção de todos os meios legais e morais possíveis

para satisfação do bem comum”.

Resta claro e evidente a ocorrência de atos

atentatórios aos princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade e

eficiência praticadoS pela ré em face do que dispõe a legislação

3 Direito Constitucional, 6ª ed., Atlas, 1999, p. 297-8.

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 196____________________ pág. 16

pertinente (Lei Federal 8.429/92) que não permitia a solicitação dos

valores anteriormente noticiados, considerados atos de improbidade

administrativa.

A irregularidade e ilegalidade nas condutas da

ré ressaltam cristalinamente. Basta uma leitura nas peças que integram o

presente INQUÉRITO CIVIL PÚBLICO para concluir pela ilicitude dos fatos

investigados.

Dentre os deveres do servidor público, ressai o

dever de probidade, que segundo Hely Lopes Meirelles "está

constitucionalmente integrado na conduta do administrador público, como elemento

necessário à legitimidade de seus atos" (ob. cit. p. 91)

Discorrendo sobre o dever de probidade,

DÍOGENES GASPARINI pondera que:

"Esse dever impõe ao agente público o desempenho de

suas atribuições sob pautas que indicam atitudes retas, leais, justas,

honestas, notas marcantes da integridade do caráter do homem. É nesse

sentido, do reto, do leal, do justo e do honesto que deve orientar o

desempenho do cargo, função ou emprego junto ao Estado ou entidade

por ele criada, sob pena de ilegitimidade de suas ações (ob. cit. p. 51).

Na lição do insigne administrativista,

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"os atos de improbidade praticados por qualquer agente

público, servidor ou não, contra a Administração direta, indireta ou

fundacional de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito

Federal, dos Municípios, de empresa incorporada ao patrimônio público

ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou

concorra com mais de 50% do patrimônio ou receita anual, serão punidos

com base na Lei federal n° 8.429/92" (ob. cit. p. 7).

Com efeito, a Lei 8.429/92, cujo teor do art. 1º é

acima reproduzido pelo ilustre jurista, estabelece no que consistem os

atos de improbidade administrativa, qual é a sua punição e quais são seus

responsáveis, legitimando o Ministério Público, em seu artigo 17, à

propositura de ação cível, com rito ordinário, contra estes últimos.

Os atos de improbidade administrativa estão

previstos no "caput" dos artigos 9º, 10 e 11 da sobredita lei. Dispõem,

respectivamente, sobre os atos de improbidade administrativa que

importem em enriquecimento ilícito, sobre os atos que causem prejuízo

ao erário público e sobre os atos que atentam contra os princípios da

Administração Pública.

Os incisos de cada artigo trazem enumeração

exemplificativa do que seja ato de improbidade administrativa, ou seja, o

ato de improbidade administrativa consiste na prática da conduta descrita

no caput de cada artigo. Os incisos apenas reforçam a idéia contida no

cabeço, exemplificando quais são as condutas que podem caracterizar a

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ocorrência de ato de improbidade, sem, no entanto, excluir outro tipo de

ação que se amolde à previsão do caput.

__________________3. DO PEDIDO ATINENTE A

ESPÉCIE:

Tendo a ré incorrido no ato de improbidade

administrativa, previstos no art. 11, “caput” e inciso I, ambos da Lei

8.429/92, sujeita-se a aplicação das sanções previstas no artigo 12 da

multifalada lei, cujo teor é o seguinte:

“Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e

administrativas, previstas na legislação específica, está o responsável pelo

ato de improbidade administrativa sujeito às seguintes cominações:

I (...)

II - (...)

III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do

dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos

de 3 (três) a 5 (cinco) anos, pagamento de multa civil de até 100 (cem

vezes) o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de

contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais

ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de

pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 3 (três)

anos.”.

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 196____________________ pág. 19

A aplicação das medidas preconizadas na lei se

impõe. A punição do agente público que viola deliberadamente os

princípios basilares da Administração Pública é absolutamente

necessária e exemplar, ainda mais em um momento que se busca o

resgate da seriedade com o trato da coisa pública, em que se objetiva a

probidade no serviço público e a responsabilização dos funcionários

descumpridores de seus deveres.

Como diria Leonardo da Vinci:

"Quem não pune o crime está

ordenando que se o cometa".

Demais disso, segundo o preceito contido no

artigo 21, inciso I, da Lei 8429/92, a aplicação das sanções previstas

nesta Lei independe da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público.

Basta, para tanto, a existência de DANO MORAL,

de ofensa aos PRINCÍPIOS constitucionais da ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

_________________4. REQUERIMENTOS PRELIMINARES:

O Órgão do MINISTÉRIO PÚBLICO em face

dos fatos acima articulados requer, PRELIMINARMENTE:

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4.1. seja oficiado o Magnífico Reitor da

Universidade Estadual de Maringá, afim de que remeta a

relação dos subsídios mensais percebidos pela ré no período de

01.01.2006 até sua efetiva demissão dos quadros da referida

Universidade, para o fim de em sendo procedente esta

demanda, possibilitar o Juízo aplicar a cominação prevista no

art. 12, III, da Lei 8429/92;

4.2. sejam notificados o Estado do Paraná e a

Universidade Estadual de Maringá para, nos termos do art. 17,

§ 3º, da Lei 8.429/92, na condição de pessoas jurídicas

interessadas, para integrar a lide (querendo).

_________________ 5. REQUERIMENTOS FINAIS:

Diante do exposto, o Órgão do MINISTÉRIO

PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, com base nas disposições legais

apontadas, requer seja a presente ação autuada e em seguida ordenando

a notificação da ré preambularmente qualificada e endereçada para, no

prazo legal, querendo, oferecer a sua manifestação por escrito a respeito

dos fatos articulados na presente ação (art. 17, § 7°, da Lei 8.429/92) e

posteriormente sejam atendidos os pleitos abaixo especificados:

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____________________AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 196____________________ pág. 21

5.1. PELAS CONDUTAS QUE MALFERIRAM OS

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E VIOLARAM OS

DEVERES DE HONESTIDADE, LEGALIDADE, MORALIDADE,

EFICIEÊNCIA, LEALDADE A INSTITUIÇÃO MUNICÍPIO DE

MARINGÁ, NOTADAMENTE PELA PRÁTICA DE ATO VISANDO

FIM PROIBIDO EM LEI PREVISTO NO ART. 11, INCISO I C/C ART.

12, INCISO III, AMBOS DA LEI 8429/92:

____________________5.1.1. - seja julgada procedente a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA, para em reconhecendo o cometimento de atos de improbidade administrativa, ou seja, a violação aos princípios da Administração Pública (art. 37, "caput" da CF), bem como pela violação dos deveres de honestidade, legalidade, moralidade, impessoalidade, eficiência e lealdade às Instituições Universidade Estadual de Maringá e Estado do Paraná, notadamente, pela prática de ato visando fim proibido em lei, previsto no art. 11, “caput” e inciso I, da Lei 8.429/92 da ré Tânia Favaro da Silva, em face dos fatos anteriormente e exaustivamente narrados e de conseqüência condenanda-a nas sanções descritas no art. 12, inciso III, da Lei 8.429/92, a saber:

a) perda da função pública, se ainda estiver

exercendo em qualquer dos Poderes Públicos:

b) suspensão dos direitos políticos pelo prazo de

03 anos;

c) pagamento da multa civil de até 100 vezes o

valor da remuneração percebida na Universidade Estadual de

Maringá;

d) proibição de contratar com o Poder Público

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ou receber benefício ou incentivo fiscal ou creditício, direta ou

indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da

qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 05 anos

____________________5.2. Requer-se, outrossim:

5.2.1. a citação da ré Tânia Favaro da Silva,

preambularmente qualificada e endereçada, para, querendo, contestar os

termos da presente, sob pena de revelia;

5.2.2. a produção de todos os tipos de provas em

direito admitidas, testemunhal, documental e pericial, esta última, se

necessária, bem como a juntada de documentos superveniente, na

medida do contraditório;

5.2.3. requer seja tomado o depoimento pessoal

da ré Tânia Favaro da Silva;

5.3.4. a condenação da ré Tânia Favaro da Silva

nas custas processuais e honorários advocatícios [art. 118, inciso II

(parte) da Constituição Estadual]4, a ser recolhida ao Estado do Paraná;

4 O inciso II, do art. 118 da Constituição Estadual prescreve: “Lei Complementar, cuja iniciativa é facultada ao Procurador Geral de Justiça, estabelecerá a organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público, observadas, quanto a seus membros: i (omissis); II - as seguintes vedações: a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais, sendo a verba honorária decorrente da sucumbência recolhida ao Estado, como renda eventual, à

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5.3.5. a concessão de Justiça Gratuita.

5.3.6. Requer, por derradeiro, seja o titular da

Promotoria de Defesa do Patrimônio Publico junto a esta Comarca,

intimado pessoalmente para todos os atos e audiências a serem realizados

no trâmite da presente ação.

Dá-se à causa, para fins de alçada, o valor de R$

20.000,00 (vinte mil reais)

Termos em que, com os inclusos documentos

Pede e Espera Deferimento.

MARINGÁ-PR, 01 de outubro de 2009

Manoel Ilecir Heckert

Promotor de Justiça

Designado

conta da Procuradoria-Geral de Justiça, para o seu aperfeiçoamento, o de seus integrantes e o de seus equipamentos.” (nosso grifo)

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DOCUMENTOS ANEXOS:

Inquérito Civil Público nº 37/2009.