Upload
internet
View
106
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Acesso Aberto: uma introduçãoEloy Rodrigues (Universidade do Minho) – [email protected]
Da publicação científica ao acesso aberto na saúde públicaCurso de formação de formadores. Braga, 15 a 17 de Junho de 2011
Acesso Aberto
Definições e âmbito
As origens
As razões
As duas vias para o Acesso Aberto
Evolução e situação actual do Acesso Aberto
•Origem do Universo: 14 biliões anos
•Origem da Vida na Terra: 4 biliões anos
•Origem da nossa Espécie : 200,000 anos
•Origem da Linguagem: 100-200,000 anos
•Origem da Escrita: 10,000 anos
•Origem da Imprensa: 500 anos
•Origem das Revistas Científicas: 340 anos
•Origem da Internet: 40 anos
•Origem da Web: 20 anos
•Origem da OAI: 12 anos
Evolução e marcos Open Acess
«uma velha tradição e uma nova tecnologia convergiram para tornar possível o aparecimento de um bem público sem precedentes. A velha tradição é a boa-vontade de investigadores e cientistas publicarem os resultados da sua investigação em revistas científicas, sem qualquer remuneração, apenas em prol da investigação e difusão do conhecimento. A nova tecnologia é a Internet. O benefício público que as duas possibilitam é a distribuição electrónica, a uma escala mundial, da literatura científica com revisão pelos pares, de forma gratuita e sem restrições de acesso a investigadores, docentes, alunos e outros indivíduos interessados. A eliminação de barreiras de acesso à literatura científica ajudará a acelerar a investigação, a enriquecer a educação (...)».
Tradução de BUDAPEST OPEN ACCESS INITIATIVE [em linha]. 2002. [Consultado em 21 Nov. 2006]. Disponível em <URL: http://www.soros.org/openaccess/read.shtml>
Introdução
A distribuição mundial da literatura publicada em revistas com peer-review e o acesso completamente livre e irrestrito a essa literatura por todos os cientistas, académicos, professores, estudantes e outras mentes curiosas. A remoção das barreiras a esta literatura acelerará a investigação, enriquecerá a educação, (...), e estabelecerá as fundações para unir a humanidade num comum diálogo intelectual e procura de conhecimento.”
Tradução da Budapest Open Access Initiative
A utopia de Budapeste
Budapest Open Access Initiative – Dezembro 2001
Bethesda Statement on Open Access Publishing – Junho 2003
Declaração de Berlim sobre o Acesso Livre ao Conhecimento nas Ciências e Humanidades– Outubro 2003
As Declarações OA – os 3 B’s
• Uma definição simples:
“Acesso livre” significa a disponibilização livre na Internet de literatura de carácter académico ou científico, permitindo a qualquer utilizador ler, descarregar, copiar, distribuir, imprimir, pesquisar ou referenciar o texto integral dos documentos.
Acesso Livre – O que é?
Online Immediate Free (non-restricted) Free (gratis) To the scholarly literature that authors give away Permanent
(Definição de Stevan Harnad)
Acesso Aberto - o que é?
“Open-access (OA) literature is digital, online, free of charge, and free of most copyright and licensing restrictions”
Definição de Peter Suber, 2006
Acesso Aberto - o que é?
Acesso Livre a quê?Essencial:
Aos cerca de 2.5 milhões de artigos publicados por ano, a
nível mundial, em cerca de 25,000 revistas com peer-review
em todas as disciplinas académicas e cientificas.
Opcional:
A comunicações, teses e dissertações, relatórios, working
papers, artigos não revistos (preprints); monografias;
dados científicos; etc.
Não Aplicável:
O Acesso Livre não se aplica a livros sobre os quais os
autores pretendam obter receitas ou textos não
académicos, como notícias ou ficção.
Duas vias para o Acesso Aberto
Óptima (dourada): Publicar os artigos em revistas de acesso livre sempre que existam revistas adequadas para o efeito (presentemente mais de 6500, 26% - ver ≃www.doaj.org)
Boa (verde): Publicar os restantes artigos nas revistas comerciais habituais (presentemente cerca de 19000, ≃74%) e auto-arquivá-los em repositórios da própria instituição (actualmente mais de 1900 – ver www.opendoar.org e http://roar.eprints.org/).
GRÁTIS Eliminam-se as barreiras económicas. O acesso é realizado
sem custos para o utilizador
LIVRE Eliminam-se as barreiras económicas e pelo menos
algumas relacionadas com o copyright (facilitando a re-utilização por humanos e “máquinas”)
http://www.earlham.edu/~peters/fos/newsletter/08-02-08.htm
Acesso Aberto - Grátis e Livre
Acesso Aberto Verde/Dourado Refere-se à forma/local do acesso aberto (repositórios e
revistas) Acesso Aberto pela via verde é geralmente do tipo “Grátis”
mas pode ser “Livre”. Acesso Aberto pela via Dourada é geralmente “Livre” mas
pode ser “Grátis”Acesso Aberto Grátis/Livre
Refere-se às barreiras/restrições que são eliminadas Como existem diversas barreiras de copyright, podem
existir diversos tipos/graus de AA Livre
Tipos de Acesso Aberto
Aumentar a visibilidade, o acesso, a utilização e o impacto dos resultados de investigação.
Acelerar e tornar mais eficiente o progresso da ciência.
Melhorar a monitorização, avaliação e gestão da actividade científica.
Acesso Aberto – Porquê?
Aumentar Ao contrário de outros autores, os investigadores e académicos publicam os resultados do seu trabalho não para obterem rendimentos (direitos de autor, royalties, etc.), mas para obterem outro tipo de recompensa: impacto da publicação.
Os investigadores são recompensados (progressão na carreira, financiamento dos seus projectos, prémios científicos, etc.), pela sua produtividade científica, que é avaliada não apenas pela sua dimensão (quantidade), mas sobretudo pelo seu impacto (qualidade).
Acesso Aberto – Porquê?
Por isso, tornar o trabalho científico publicamente acessível é o principal interesse do investigador.
“From the authors viewpoint, toll-gating access to their findings is as counterproductive as toll-gating access to commercial advertisements.” - Steven Harnad (2001)
Acesso Aberto – Porquê?
Acesso Aberto – Porquê?
0 50 100 150 200 250
BiologiaEconomia
Ciências PolíticasCiên. da Saúde
EducaçãoGestão
Direito
PsicologiaSociologia
Física
% aumento citações com Acesso Livre
Amplitude = 36%-250%(Fonte: Stevan Harnad e colaboradores)
Componentes da vantagem OA
EA: Early Advantage >> Vantagem da Antecipação
QA: Quality Advantage (Seglen 80/20 effect) >> Vantagem da Qualidade
UA: Usage Advantage >> Vantagem do Uso
(CA: Competitive Advantage) >> Vantagem Competitiva
(QB: Quality Bias) >> Propensão para a Qualidade
Um exemplo recente…
Gargouri Y, Hajjem C, Larivière V, Gingras Y, Carr L, et al. 2010 Self-Selected or Mandated, Open Access Increases Citation Impact for Higher Quality Research. PLoS ONE 5(10): e13636. doi:10.1371/journal.pone.0013636
Gargouri Y, Hajjem C, Larivière V, Gingras Y, Carr L, et al. 2010 Self-Selected or Mandated, Open Access Increases Citation Impact for Higher Quality Research. PLoS ONE 5(10): e13636. doi:10.1371/journal.pone.0013636
Estudos sobre o impacto do Acesso Aberto
Já existe uma bibliografia sobre este assunto: The effect of open access and downloads ('hits') on citation impact: a bibliography of studies
http://opcit.eprints.org/oacitation–biblio.html
Acelerar e tornar mais eficiente o progresso da ciência
Courtesy Alma Swan – Key Perspectives
Time taken to be cited for articles in the arXiv database
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
Months from publication
Num
ber
of art
icle
s 1991199319951997199920012003
Acelerar e tornar mais eficiente o progresso da ciência
Uma pausa para um comercial…
Melhorar a monitorização, avaliação e gestão da actividade científica
Avaliação de investigadores, grupos e centros de investigação baseada na análise de citações de artigos individuais (e não no factor de impacto de revistas);
Registo e acompanhamento dos downloads, citações e padrões de uso;
Detecção de tendencias: previsão de impacto, uso, trajectória e influências da investigação;
Desenvolvimento de um “CitationRank” semelhante ao algoritmo “PageRank” do Google;
Latência e longevidade da investigação Avaliação do grau de endogamia/exogamia dos
investigadores e unidades de investigação Detecção de autores/trabalhos não citados/ignorados e
detecção de plágio por análise semântica
Origens do Acesso AbertoHá dezasseis anos atrás... Uma proposta subversiva!
"If every esoteric [read: refereed-journal-article] author in the world this very day established a globally accessible local ftp archive for every piece of esoteric [read: author give-away] writing from this day forward... [and hence] "If all scholars' preprints were universally available to all scholars by anonymous ftp (and gopher, and World-Wide Web, and the search/retrieval wonders of the future), NO scholar would ever consent to WITHDRAW any preprint of his from the public eye after the refereed version was accepted for paper "PUBLICation." Instead, everyone would, quite naturally, substitute the refereed, published reprint for the unrefereed preprint."
HARNAD, Stevan - Universal FTP Archives for Esoteric Science and Scholarship: A Subversive Proposal. In: Ann Okerson & James O'Donnell (Eds.) Scholarly Journals at the Crossroads; A Subversive Proposal for Electronic Publishing. Washington, DC., Association of Research Libraries, June 1995. http://www.arl.org/scomm/subversive/sub01.html
Origens do Acesso Aberto
O Movimento de Acesso Aberto
Causas:consciência das limitações e contradições do actual sistema de comunicação científicapossibilidades tecnológicas
ObjectivosMaximizar o impacto da investigação, maximizando o acesso aos seus resultadosReassumir o controlo do sistema de comunicação da ciência
Problemas e contradições no sistema de comunicação da ciência
Segunda metade do século XX:Crescimento acentuado do volume da
literatura científica;“Comercialização” e perda de controlo
académico do sistema de comunicação da ciência;
A função essencial das revistas – divulgação dos resultados da investigação – foi obscurecida e prejudicada por esta “comercialização”
Problemas e contradições no sistema de comunicação da ciência
O mundo académico perdeu o controlo sobre o sistema de comunicação da ciência.
Aumento constante dos preços dos periódicos (custo médio das assinaturas cresceu 215% entre 1986 e 2003, nos EUA, contra 68% de inflação nesse período), acompanha um movimento de grande concentração (quase monopolista) na indústria da informação de Ciência e Tecnologia.
Problemas e contradições no sistema de comunicação da ciência
As barreiras ao acesso traduzem-se numa perda de eficiência do sistema de comunicação da ciência, e em limitações ao impacto e reconhecimento dos resultados alcançados pelos investigadores e as instituições onde trabalham.
Problemas e contradições no sistema de comunicação da ciência
Panorama actual:Cerca de 175.000 publicações periódicas, das quais cerca de 25.000 são revistas com “refereeing”.
Fonte: Ulrich/Bowkers Serials listingEm média cada Universidade dos EUA e Canadá assina 28.454 títulos (do total de 175.000)
Fonte: ARL StatisticsEm Portugal, este número é substancialmente inferior (mesmo com a B-on...)
“O longo caminho para a liberdade...”
A partir de meados dos anos 90, várias iniciativas, movimentos e atitudes expressam uma insatisfação crescente com a situação do sistema de comunicação da ciência:
Demissões de editores e comités editoriais de revistas comerciais, em protesto contra as políticas de preços e condições de licenciamento, e lançamento de revistas em Acesso Livre
“O longo caminho para a liberdade...”
1998 – Criação da Scholarly Publishing and Academic
Resources Coalition (SPARC) pela Association of Research Libraries (ARL). SPARC Europa criada em 2002
Criação do Fórum da American Scientist, também designado September98-Forum. É o mais antigo fórum de discussão sobre Acesso Livre, moderado por um dos principais impulsionadores do movimento, Stevan Harnad.
“O longo caminho para a liberdade...”
1999 – Criação da Open Archives Initiative (OAI), com o objectivo de criar
uma plataforma simples, para a interoperabilidade e a pesquisa de publicações científicas de diversas disciplinas.
Surgida no seio da comunidade dos “eprints”, de forma independente do movimento de Acesso Livre, a abordagem do OAI foi essencialmente técnica. A sua principal realização é o Open Archives Metadata Harvesting Protocol (OAI-PMH).
O protocolo OAI-PMH foi decisivo para o desenvolvimento do movimento de Acesso Livre, constituindo a sua base técnica. O número crescente de servidores OAI contribuiu também para dar maior visibilidade e encorajamento ao movimento de Acesso Livre.
“O longo caminho para a liberdade...”
2000 – Lançamento da PubMed Central, que disponibiliza gratuitamente artigos em texto completo em complemento da base de dados bibliográficos PubMed, e início da publicação de artigos e revistas de acesso livre pela Biomed Central.
2001 – Reunião em Budapeste, promovida pelo Open Society Institute (OSI), da qual resultou um dos mais importantes documentos e iniciativas do movimento do Acesso Livre, conhecida como Budapest Open Access Initiative (BOAI).
37
Cronologia do OA Timeline-Open access directory.http://oad.simmons.edu/oadwiki/Timeline
“O longo caminho para a liberdade...”
2000 – Lançamento da PubMed Central, que disponibiliza gratuitamente artigos em texto completo em complemento da base de dados bibliográficos PubMed, e início da publicação de artigos e revistas de acesso livre pela Biomed Central.
2001 – Reunião em Budapeste, promovida pelo Open Society Institute (OSI), da qual resultou um dos mais importantes documentos e iniciativas do movimento do Acesso Livre, conhecida como Budapest Open Access Initiative (BOAI).
Situação actual
Crescimento do número de repositórios, e do número de documentos neles depositadosCrescimento do número de revistas em acesso livre
Criação de “opções” de Acesso Livre por vários editores comerciais (com custos significativos)
Políticas e mandatos de Open Access de universidades e organismos financiadores
Mundialmente, já foram implementados um total de 272 mandatos OA.
ROARMAP (Registry of OA Repository Mandates): http://www.eprints.org/openaccess/policysignup/
Políticas e mandatos OA em PortugalInstituição Ano
Universidade do Minho 2005
ISCTE 2007
Universidade do Porto 2008
Universidade Aberta 2010
Instituto Politécnico de Bragança
2010
Universidade de Coimbra 2010
Hospitais da Universidade de Coimbra
2011
Instituto Politécnico de Leiria 2011
As políticas europeias A Comissão Europeia e o Conselho Europeu de
Investigação (European Research Council) pretendem proporcionar uma ampla difusão e acessibilidade aos resultados publicados da investigação por si financiada.
As políticas europeias de Open AccessEm Dezembro de 2007
O Conselho Europeu de Investigação requer aos investigadores o depósito de todas as publicações, resultantes dos projectos de investigação financiados e com revisão por pares (peer-review) num repositório institucional ou disciplinar adequado e, posteriormente, disponibilizá-las em acesso livre num prazo de 6 meses a contar da data de publicação.
Em Agosto de 2008
O Projecto-piloto Open Access do 7º Programa Quadro Projecto-piloto Open Access exige aos investigadores o depósito das publicações num repositório institucional ou disciplinar.
Aplica-se a qualquer artigo que:
possua revisão por pares (peer-review) e tenha sido aceite para publicação;
resulte de investigação financiada numa das sete áreas temáticas designadas: energia, ambiente (incluindo alterações climáticas), saúde, tecnologias da informação e comunicação (sistemas cognitivos, interacção, robótica), infra-estruturas de investigação (e-infraestruturas), ciências na sociedade, ciências socioeconómicas e humanidades;
tenha um acordo de concessão assinado depois de 2008 (cláusula especial 39).
As políticas europeias de Open Access
Mais informação em:
www.openaire.eu
Em 2010…
Dezembro 2010
Seg. Ter. Qua. Qui. Sex. Sáb. Dom.
1 2 3 4 5
6 7 8 9 10 11 12
13 14 15 16 17 18 19
20 21 22 23 24 25 26
27 28 29 30 31
2 de Dezembro de 2010
OpenAIRE Public Event
O OpenAIRE Public Event realizou-se a 2 de Dezembro em Ghent, integrado no programa oficial da presidência belga da União Europeia, visando apresentar os primeiros resultados da infra-estrutura OpenAIRE, que suporta o Projecto-Piloto Open Access do 7.ºPQ da Comissão Europeia (CE). Este evento contou com a presença, da vice-presidente da CE, Neelie Kroes.
“Scientific information has the power to transform our lives for the better - it is too valuable to be locked away.”
Neelie Kroes Vice-President of the European Commission, responsible for the Digital Agenda
Situação actual
Apesar desta evolução muito positiva, calcula-se que apenas pouco mais de 20% da produção científica mundial está disponível em Acesso Livre;
Vivemos ainda um período de transição…
Bjork B-C, Welling P, Laakso M, Majlender P, Hedlund T, et al. (2010) Open Access to the Scientific Journal Literature: Situation 2009. PLoS ONE 5(6)
Incertezas e tuburlências do período de transição
Como se atingirá de forma mais rápida e segura os 100% Open Access?
Via Dourada – Revistas OA Via Verde – Repositórios
Qual o futuro das revistas científicas? Modelo económico Revistas “tradicionais” ou “virtuais”/”federadas” Peer-review “tradicional” ou novas formas (pós-publicação,
pelos leitores,etc.)
As revistas estão mortas!.. Vivam as revistas?
Novos modelos de publicação científica PLoS ONE é uma revista “diferente”, em Acesso
Aberto, que se publica desde 2006. Publica qualquer artigo de qualquer área científica que seja julgado
tecnicamente válido e original (um revisor interno e um externo), sem ter em conta a sua “importância”.
Em 2010 tornou-se na maior revista do mundo, publicando 6749 artigos
Em Janeiro de 2011 a Nature Publishing Group anunciou uma revista concorrente, com o mesmo tipo de publicação, chamada Scientific Reports
Open access is a legal and technical reality today. The question is no longer „if‟ we should have open access. The question is about „how‟ we should develop it further and promote it.
Neelie Kroes Vice-President of the European Commission, responsible for the Digital Agenda
Mas o Open Access fará certamente parte do futuro da comunicação científica…