15
193 ( A A CO-COMPOSICIONALIDADE E A ALTERNANCIA CAUSATIVO-REFLEXIVA 5 - 15h30 - S.8 Paulo Chagas de SOUZA (PG-USP) Esta comunicação tem o objetivo de examinar mais de perto como os argumentos podem influir na possibilidade de ocorrência da alternância causativo-reflexiva no Português do Brasil, como no caso do verbo 'quebrar( -se)'. Tradicionalmente, os estudos das alternâncias em geral, e mais especificamente da alternância causativa (inclusive a ocorrência da forma reflexiva), têm tratado esse tipo de fenômeno como algo determinado lexicalmente. Há, no entanto, dois obstáculos a uma visão estritamente lexical da determinação dessa alternância: o primeiro é o fato de o 'campo semântico' influir na possibilidade da ocorrência da alternância com um mesmo verbo; o segundo é o fato de os argumentos dos verbos também a afetarem. O primeiro fator requer um aprofundamento do tratamento dado por Levin e Rappaport-Hovav a essa alternância em seu estudo da inacusatividade. Como já tem sido extensamente demonstrado em seus trabalhos, a subdivisão dos verbos em subclasses de comportamento semelhante com base em critérios semânticos é muito importante para motivar o seu comportamento sintático. É necessário, contudo, determinar quais são os traços semânticos relevantes de fato. O que parece ser um único grupo de verbos, por exemplo, o de verbos que exprimem processos corporais, deve na verdade ser dividido de acordo com a causa da mudança que expressam: interna ou externa. O segundo fator requer uma abordagem semelhante à de Pustejovsky, que tem proposto que a semântica lexical seja tratada como uma estrutura muito mais rica do que se costuma fazer. Em sua abordagem, a composicionalidade das expressões lingüísticas não é baseada apenas em funtores e argumentos nitidamente distintos. O procedimento mais adequado de análise seria a co-composicionalidade. Aparentemente, o que ocorre é que um certo grau de sub-especificação está presente nos verbetes do léxico que têm que interagir com seu complemento ou sujeito, para que possamos determinar a sua gramatical idade ou agramaticalidade. ASPECTOS DA FONOLOGIA DO MATlS (PANO) II 25 - l4hOO - ClNE II Vitória Regina SPANGHERO (PG-UNlCAMP) Os falantes da língua Matis, pertencentes à família lingüística Pano, formam um grupo de aproximadamente 138 pessoas, que vivem na região do Amazonas, Brasil. A área usada pelos Matis é uma faixa que se estende do médio Itui, passando pelo alto Coari até o médio rio Branco. Nessa língua encontramos, no nível fonológico, 13 consoantes e seis vogais, que compõem a estrutura silábica CVc. correspondendo aos tipos silábicos V, VC, CV, CVc. Encontramos, ainda, os tipos CVV e CVVc. que compõem ditongos, como por exemplo Ituita! 'reme' e I kuesta! 'matar'. Com relação aos tipos silábicos há algumas restrições quanto à ocorrência e à co-ocorrência entre consoantes e vogais. Por exemplo, somente as vogais li! e Ia! juntamente com as consoantes Ik/, Isl e ISI é que formam o tipo v C. No tipo V ocorrem somente as vogais lil, lal e 101. Algumas regras de realização são pertinentes para o andamento da análise lingüística: a) a não-plosão das oclusivas surdas no final de palavras: ltõsorap/-+[tüsorap ] 'rio'; b) . a fricatização da oclusiva bi labial sonora entre vogais: /abu/-»] aBu] 'céu'; c) a nasalizacão das vogais orais antes de consoante nasal, em fronteira silábica: ItSiben/-+[tSiBeâ n] 'útero'. Estes aspectos serão discutidos na presente comunicação, levando-se em consideração, para as vogais nasalizadas, as propostas da Fonologia Não-Linear.

ACO-COMPOSICIONALIDADE ( E ALTERNANCIAA … · lexicais estrangeiros de uma língua ~ para língua y (mecanismos alogenéticos). Os dois tipos de processos Os dois tipos de processos

  • Upload
    vannhan

  • View
    219

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ACO-COMPOSICIONALIDADE ( E ALTERNANCIAA … · lexicais estrangeiros de uma língua ~ para língua y (mecanismos alogenéticos). Os dois tipos de processos Os dois tipos de processos

193( A

A CO-COMPOSICIONALIDADE E A ALTERNANCIA CAUSATIVO-REFLEXIVA5 - 15h30 - S.8

Paulo Chagas de SOUZA (PG-USP)

Esta comunicação tem o objetivo de examinar mais de perto como os argumentos podem influir napossibilidade de ocorrência da alternância causativo-reflexiva no Português do Brasil, como no caso doverbo 'quebrar( -se)'. Tradicionalmente, os estudos das alternâncias em geral, e mais especificamente daalternância causativa (inclusive a ocorrência da forma reflexiva), têm tratado esse tipo de fenômeno comoalgo determinado lexicalmente. Há, no entanto, dois obstáculos a uma visão estritamente lexical dadeterminação dessa alternância: o primeiro é o fato de o 'campo semântico' influir na possibilidade daocorrência da alternância com um mesmo verbo; o segundo é o fato de os argumentos dos verbos tambéma afetarem. O primeiro fator requer um aprofundamento do tratamento dado por Levin e Rappaport-Hovava essa alternância em seu estudo da inacusatividade. Como já tem sido extensamente demonstrado em seustrabalhos, a subdivisão dos verbos em subclasses de comportamento semelhante com base em critériossemânticos é muito importante para motivar o seu comportamento sintático. É necessário, contudo,determinar quais são os traços semânticos relevantes de fato. O que parece ser um único grupo de verbos,por exemplo, o de verbos que exprimem processos corporais, deve na verdade ser dividido de acordo coma causa da mudança que expressam: interna ou externa. O segundo fator requer uma abordagemsemelhante à de Pustejovsky, que tem proposto que a semântica lexical seja tratada como uma estruturamuito mais rica do que se costuma fazer. Em sua abordagem, a composicionalidade das expressõeslingüísticas não é baseada apenas em funtores e argumentos nitidamente distintos. O procedimento maisadequado de análise seria a co-composicionalidade. Aparentemente, o que ocorre é que um certo grau desub-especificação está presente nos verbetes do léxico que têm que interagir com seu complemento ousujeito, para que possamos determinar a sua gramatical idade ou agramaticalidade.

ASPECTOS DA FONOLOGIA DO MATlS (PANO)

II 25 - l4hOO - ClNE IIVitória Regina SPANGHERO (PG-UNlCAMP)

Os falantes da língua Matis, pertencentes à família lingüística Pano, formam um grupo deaproximadamente 138 pessoas, que vivem na região do Amazonas, Brasil. A área usada pelos Matis é umafaixa que se estende do médio Itui, passando pelo alto Coari até o médio rio Branco. Nessa línguaencontramos, no nível fonológico, 13 consoantes e seis vogais, que compõem a estrutura silábica CVc.correspondendo aos tipos silábicos V, VC, CV, CVc. Encontramos, ainda, os tipos CVV e CVVc.que compõem ditongos, como por exemplo Ituita! 'reme' e I kuesta! 'matar'. Com relação aos tipossilábicos há algumas restrições quanto à ocorrência e à co-ocorrência entre consoantes e vogais. Porexemplo, somente as vogais li! e Ia! juntamente com as consoantes Ik/, Isl e ISI é que formam o tipo v C.No tipo V ocorrem somente as vogais lil, lal e 101. Algumas regras de realização são pertinentes para oandamento da análise lingüística:a) a não-plosão das oclusivas surdas no final de palavras: ltõsorap/-+[tüsorap ] 'rio';b) . a fricatização da oclusiva bi labial sonora entre vogais: /abu/-»] aBu] 'céu';c) a nasalizacão das vogais orais antes de consoante nasal, em fronteira silábica: ItSiben/-+[tSiBeân] 'útero'. Estes aspectos serão discutidos na presente comunicação, levando-se em consideração, para asvogais nasalizadas, as propostas da Fonologia Não-Linear.

Page 2: ACO-COMPOSICIONALIDADE ( E ALTERNANCIAA … · lexicais estrangeiros de uma língua ~ para língua y (mecanismos alogenéticos). Os dois tipos de processos Os dois tipos de processos

194DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM: DA CRíTICA À AFÇ~Ã=O=======;

II 27 - 9hOO - S.3

Rita de Cássia da Luz ST ADLER (Centro Federal de Educação Tecnológica/PG-UNESP - Assis)

o presente trabalho é fruto de experiência pedagógica regada com muitos encontros e adubada comleituras. Dessas atividades brotava a mesma problemática: a permanência do discente por 8 a 10 anos nocontexto escolar não lhe possibilita uma aprendizagem/uso adequados de sua Língua. À medida que esseproblema se consolidava em nossa realidade, crescia em nós o desejo de ousar em sala de aula, a fim deamenizar este panorama. Para tanto, destinamos maior espaço para a oral idade, pois essa forma deexpressão há algum tempo vinha, por nós, sendo relegada.Acreditávamos que sevalorizássemos/trabalhássemos a expressão oral, melhoraríamos, conseqüentemente a escrita discente.Com novas atividades que proporcionassem interação, foi necessário reformular o sistema de avaliação:além da palestra sobre tema livre, a produção de um texto escrito, substituímos a prova escrita de análiseliterária por apresentação oral.Essa apresentação origina-se da leitura de uma obra previamente escolhidapelo grupo. Desta leitura, organiza-se a apresentação ( cada grupo tem de 20 a 40 minutos para seapresentar) .Os grupos possuem liberdade para de forma criativa expor o resumo da obra ( através derecursos cênicos): apresentar a ideologia da obra ( análise profunda do problema abordado pela obra); acontcxtualização ( filmes, livros, novela, revistas sobre o tema) e a transposição ( colocar a problemáticana rcalidade/arualidade i.Após um ano desta mudança, uma significativa melhora na produção escrita denossos alunos foi observada. Através de filmagem de alguns trabalhos e filmagem desses mesmos alunosem situações formais ( contando piadas, fazendo depoimentos ), foi-nos possível verificar que o discente écapaz de nivelar sua linguagem dependendo das condições e circunstâncias de seu uso.

A RENOVAÇÃO LEXICAL ATRAVÉS DE EMPRÉSTIMOS EM FASE NEOLÓGICAII 27 - 9h30 - S.5

Isabel Aparecida de Souza STAMATO (PG-UNESP)

() lcx ico de todas as línguas vivas se transforma com o tempo: itens lexicais são criados - os neologismos,c outros deixam de existir - os arcaísmos. A língua possui diversos mecanismos para a criação deneologismos. como: a derivação, a composição, etc. (mecanismos autóctones) e a transposição de itenslexicais estrangeiros de uma língua ~ para língua y (mecanismos alogenéticos). Os dois tipos de processosJ.: formação de itens lexicais novos são muito produtivos. Neste trabalho, derer-nos-ernos no estudo da[as« l1('o/rígicu do ,c:gundo mecanismo: a criação de itens lexicaís por meio da adoção de elementoslcxicais pcrtencctuc-, a outro código lingüístico. A fase neológica do elemento estrangeiro é conhecida por/!L'I"L'gl'llll\lIIlI. ,.:glllldo a terminologia de DEROY (1956), é a fase da instalação, da difusão inicial. Nessafase. o elemento c-irangeiro pode ser ou não aceito pelos falantes. Se aceito, ele passa a integrar a línguareceptara, c não e mais sentido como estrangeiro, não necessitando mais de explicação/tradução. Essa faseposterior do peregrinisrno. que é a fase da adoção do item lexical estrangeiro é chamada de empréstimo. Oitem lexical nessa fase se encontra desneologizado. Para o estudo dos peregrinismos, partimos de umcórpus constituído de vinte e cinco edições de revista "Veja" e vinte e duas de "Isto é", tendo em comuma sineronia (primeiro semestre de 1995) e o conteúdo jornalístico. Selecionamos trezentos itens lexicaisestrangeiros. usando como critério o não registro nos dicionários: AURÉLIO (1986),MELHORAMENTOS (1990) e BIDERMAN (1992). Adotamos para análise desses itens lexicais oscritérios (i) morfossintático. (ii) semântico e (iii) fonológico, de G U ILBERT (1975), a fim deverificarmos se os itens lexicais colhidos são neológicos, i.e., estão em vias de integração/adaptação aosistema lingüístico do português contemporâneo brasileiro.

Page 3: ACO-COMPOSICIONALIDADE ( E ALTERNANCIAA … · lexicais estrangeiros de uma língua ~ para língua y (mecanismos alogenéticos). Os dois tipos de processos Os dois tipos de processos

195A POLlFONIA DE UM TEXTO DE HUMOR POLíTICOiF=========;]

25 - 14hOO - S.5C

Maria Cristina de Moraes T AFFARELLO (PG-UNICAMP)

o humor tem suscitado as mais variadas teorias nos mais diversos campos de estudo: de Platão eAristóteles a Kant, Bergson e Freud. Raskin, enfatizando a necessidade de teses efetivamente lingüísticassobre o assunto. propõe uma teoria semântica baseada na noção de scripl. Seu objetivo é explicar CO/l/O enão po/' que rimos. Possenti, basicamente com o mesmo objetivo, elege os pressupostos teóricos daAnálise do Discurso e analisa várias piadas. Diferentemente da maioria dessas teorias, que. em geral.analisa textos chistosos curtos, ou, mais especificamente, piadas, nosso objetivo é analisar um texto dehumor mais longo, tentando verificar como certos elementos da língua atuam, também neste caso. paraproduzir o efeito de humor. Na verdade, nosso texto se encaixa. em relação aos objetivos do humor. noschamados textos de denúncia e de crítica social, sobretudo política. Nosso procedimento de análiseabrange. além de questões puramente lingüísticas, questões mais amplas, dentro de uma perspectivaenunciativa, sobretudo discursiva e pragmática. São revistos, via Ducrot, os conceitos bakhtinianos dedialogismo e polifonia, ou seja, procuramos ver de que forma o conjunto de vozes significa umamanipulação do texto em direção a uma determinada argumentação. Authier-Revuz, nessa mesma linha.desenvolve a noção que denomina "heterogeneidade mostrada", que é retomada por Maingueneau atravésde seus vários fenômenos, entre os quais nos interessam mais de perto: o discurso relatado (incluindo aintertextualidade) e a ironia. Em suma, assumindo a existência de fatos relativos à enunciação dentro dopróprio enunciado. tentamos demonstrar de que forma rimos, embora isso possa parecer tão sem graça.

Eliza Atsuko TASHIRO (UNESP)

A PESQUISA DOS KIRISHITAN SHIRVÔ (DOCUMENTOS CRFIS;;"T;;,;Ã,;,O;;,S~)~====ilII 27 - 10hOO - S.7

Nos séculos XVI e XVII. os portugueses estiveram presentes em território japonês durante curto espaçode tempo (1543-1639) mas de forma marcante. Segundo Oliveira e Costa, em seu Portugal and Japan -The Natnban Century (1993), a relação mantida pelos portugueses e o Japão deve ser vista sob trêsaspectos: 1- do comércio. que foi a primeira e a mais importante ligação entre os dois povos; 2- daatividade missionária, através da qual se manteve o contato entre os europeus e os japoneses e foi o campono qual houve maior influência sobre a população japonesa; e 3- da introdução da mais avançadatecnologia ocidental até então desenvolvida. A relação de sirnbiose que mantinham os mercadoresportugueses e os missionários impulsionou de forma considerável a atividade mercantilista no ExtremoOriente. No entanto, por terem uma vida fixa na região colonizada, os missionários passaram a ter duasvantagens em relação aos mercadores: o conhecimento da realidade local, principalmente a língua, e apossibilidade de intercâmbio comercial permanente. Os chamados kirishitdn shiryô são os documentosque foram deixados pelos missionários cristãos e que abordam assuntos diversos mas principalmentereligião. literatura e língua japonesa. Os autores eram, na sua maioria, missionários da Companhia deJesus. em destaque os portugueses e espanhóis .. mas também existem documentos de autoria dosdominicanos e dos próprios japoneses convertidos ao Cristianismo. Nesta exposição faremos. primeiro.uma breve apresentação dos kirishitan shiryo, devido considerável quantidade e grande variedade.destacando a sua contribuição para as investigações lingüísticas japonesas. Em seguida, enfocaremos aspesquisas sobre os kirishitan shiryô no Japão e a formação do kirishitan gogaku, isto é, a área dos estudoslingüísticos de documentos cristãos, área que conquistou importante espaço dentro da lingüística da línguajaponesa graças a Tadao Doi, especialista do Pe. João Rodrigues Tçuzzu (1561-1633) e das suas Arte daLingoa de Iapam e Arte Breve da Lingoa lapoa.

Page 4: ACO-COMPOSICIONALIDADE ( E ALTERNANCIAA … · lexicais estrangeiros de uma língua ~ para língua y (mecanismos alogenéticos). Os dois tipos de processos Os dois tipos de processos

196ENTÃO INFERIDOR COMO MARCA DA CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE NA

ENTREVISTA SOClOLlNGüíSTlCAII 25 - 15h30 - S.8C II

Maria Alice TA VARES (PG-UFSC)

Seguindo o dispositivo teórico da Análise do Discurso de linha francesa. analisamos a relação entre aposição sujeito "entrevistador" (E) e uma marca Iingüistica do discurso. o enleio inferido!". buscandoverificar como esse item constitui-se em marca material da interpelação do E em sujeito. no quadro deinterlocução da entrevista sociolingüística. Extraímos os recortes discursivos analisados de 2..t entrevistasdo Banco de Dados do Projeto VARSUL - Variação Lingüística Urbana da Região Sul. referentes àcidade de Flor ianópolis. Encontramos o então inferidor somente na fala do E Durante a entrevista. seusparticipantes assumem deterrnindas posições. constituindo determinadas subjetividades. A postura de Eem relação a si. a seu locutor e em relação ao objeto do discurso é vinculada a urna prática discursiva aentrevista - e suas implicações. A entrevista sociolingüistica é marcadamcnte assimétrica. pois E 0colocado como o quer saber e o falante (F) é colocado como o que deve falar para fornecer asinformações que E solicita. E é o único a empregar o então inferidor devido ao desnível das posiçõessujeito E/F na interação. Por ser quem pergunta, está autorizado a questionar. Assim. também pode inferira partir do que o outro diz. F. por sua vez. encontra-se numa posição mais passiva. daquele que apenasresponde. e que. conseqüentemente. não infere. não busca uma interação mais simétrica com seuinterlocutor. A posição sujeito do E - e do cientista da linguagem dentro de uma teoria. a sociolingüísucalaboviana - é derivada de uma formação imaginária constituída historicamente: padrões de ver dizer ()mundo ( e a si mesmo) dentro da entrevista. Portanto. a voz que fala não é do E. mas da pesquisa. dainstituição. da formação ideológica que determina a posição sujeito "inferidor" do E.

A REPRESENTAÇÃO DA LINGUAGEM E OS PROBLEMAS DE AQUISIÇÃO DA ESCRITAII 25 - l..thOO - S. 10

Érica Maio TAVEIRA (G-UNESP)

A linguagem humana é uma das funções cognitivas mais importantes. Em vista disso. um estudo deindivíduos que apresentam distúrbios de comunicação. pode revelar novas possibilidades para investigar aestrutura e a dinâmica do processo mental necessário para a elaboração de uma mensagem verbal ouescrita. Ao enfocar a espccificidadc da construção do sistema da escrita como um processo cogniiivo.retletindo sobre suas etapas e explicitando os mecanismos subjacenres, pode-se. muitas vezes. chegar arespostas para problemas reais de alfabetização. Para a seleção de dados pertinentes e significativos épreciso. portanto. acompanhar crianças que man ifestam dificuldades na representação da Iinguagem eobservar especificamente desvios na escrita e na leitura procurando sempre apreender o conjunto dealterações e os diversos mecanismos compensatórios utilizados. O principal pré-requisito para a aquisiçãoda leitura e da escrita corresponde à habilidade de lidar com a scgmentação dos sons e é justamente a faltadessa habilidade que se observa nas crianças que estão sendo estudadas. A avaliação da criança visaprincipalmente conhecer seu comportamento lingüística (suas limitações e suas possibilidades delinguagem) para. então. entender o processo de reeducação. Dessa maneira. é possivel tecer inferências arespeito do fenômeno da linguagem e distinguir observações teoricamente úteis. Observou-se que ascrianças acompanhadas não discriminam as unidades lingüísticas e fazem uma precária vinculação entre apronúncia das partes de uma palavra ou de uma frase e sua escrita. As crianças pronunciam uma palavra eassociam a cada sílaba qualquer letra, ou começam a juntar letras para formar palavras sem preocupaçãocom seus sons específicos. Do ponto de vista da psicogênese, é necessário ressaltar a importância dessesdesvios. uma vez que estes explicitam momentos-chave do processo de aquisição da escrita.

Page 5: ACO-COMPOSICIONALIDADE ( E ALTERNANCIAA … · lexicais estrangeiros de uma língua ~ para língua y (mecanismos alogenéticos). Os dois tipos de processos Os dois tipos de processos

197LÉXICO DAS DOENÇAS POPULARES E DA FLORA MEDICINAL UTILIZADA PARA

CURÁ-LASII 26 - 15h30 - ANf.1

Aparecida De Cássia Moraes TEIXEIRA (l TMS)

A pesquisa em questão propõe-se a registrar e a organizar, em campos lexicais, o léxico das doença,populares mais conhecidas, com as respectivas variantes e os remédios caseiros da flora, empregados paracurá-Ias, sendo estes preparados em forma de chás, xaropes, infusões chapoeiradas ou garrafadas, e comocomplementação, foram registradas também algumas simpatias e benzimentos. Os inquéritos foramrealizados nas localidades de Aquidauana, Anastácio e Miranda, municípios de Mato Grosso do Sul. Paraobtenção dos dados foi elaborado um questionário lexical, que serviu de roteiro, solicitando do informante(pessoas que trabalham com remédios caseiros, raizeiros ou usuários) o nome das doenças conhecidas e o-,remédios extraídos da flora medicinal. As entrevistas foram gravadas em fitas magnetofônicas. que 1'01',1111

transcristas e os dados, organizados em campos lexicais. Pelo material já coletado, pode-se constatar. queo léxico das doenças populares e os remédios da tlora utilizados para curar várias doenças. A medicinapopular. usada nas localidades pesquisadas é uma alternativa empregada com seriedade na cura dedoenças populares.

PIADAS E SEGMENTAÇÃO

II 25 - 14h30 - S.5C IILuciani Ester TENANl (UNESP - S.l.Rio Pretol PG/Unicamp)

As piadas são um bom material de estudo não só por tratarem de temas socialmente controversos,veicularem discursos proibidos e operarem com estereótipos, representações grosseiras de 'problemas'socialmente mal-resolvidos (como infidelidade, homossexualidade, racismo, etc), mas também sãointeressantes para os que estudam a linguagem por serem textos que exigem de seu leitor/ouvinte UI11

domínio de diferentes níveis lingüísticos. Analisaremos piadas que põem a mostra o trabalho desegmentação do material lingüístico e sua complexa relação com as possibilidades de proeminênciasrelativas das sílabas de uma mesma cadeia fônica. Esse trabalho por si só já não é meramente fonológicopor também trazer a baila informações do nível morfológico, como a questão de fronteiras de palavrasquando considerada a modalidade falada da língua. Buscamos explicitar esse jogo morfo-fonológico emostrar que informações sintáticas também são acionadas na interpretação desses pequenos textos, comono exemplo que se segue,- Sahe o que o passarinho disse pra passarinho?- Não.- Qué danoninho?É pondo às claras esse jogo com a linguagem que pretendemos mostrar como o discurso proibido éveiculado pelas piadas e, assim, argumentar que interpretá-Ias exige um sujeito que manipula a linguagem

A AUTO-AVALIAÇÃO EM UM CURSO DE FRANCÊS PARA OBJETIVOS ESPECÍFICOS-PROJETO FORMAÇÃO DE BOLSISTAS VIAJANDO PARA A FRAN A

F~~~====iII 26 - 15h30 - S.13CAna Clotilde THOMÉ (PUC/SP)Heloísa Britode Albuquerque COSTA (PUC'SP)Alexandra F. S. GERALDINI (PUC/SP)

O "Projeto de Formação de Bolsistas Viajando para a França", desenvolvido pelas Professoras doDepartamento de Francês da PUC-SP, tem como meta a constituição de um curso para capacitarlingüisticamente o futuro bolsista, que estará inserido no meio acadêmico de uma Universidade Francesa.A avaliação de um curso como este deverá estar alicerçada em uma situação de comunicação maispróxima possível da realidade em que ele vai viver na França. Essa realidade diz respeito à sua adaptaçãotanto à cultura do país, como à competência em seu 'savoir académique ', sendo sobre essas bases quepretendemos oferecer condições para que o aluno se auto-avalie, O curso divide-se em dois rnódulos.

Page 6: ACO-COMPOSICIONALIDADE ( E ALTERNANCIAA … · lexicais estrangeiros de uma língua ~ para língua y (mecanismos alogenéticos). Os dois tipos de processos Os dois tipos de processos

198com duração de um semestre cada um. O que o aluno será capaz de 'fazer com a língua' após" o primeiromodulo'.' E após o segundo (e último) modulo? Partimos do pressuposto de que ele é completamente (oufalso) 'débutant" em língua francesa e de que tem a necessidade premente de saber utilizar a língua parasobreviver no país e para cumprir tarefas acadêmicas em francês, relacionadas a uma área específica doconhecimento. A auto-avaliação deverá ser uma realidade permanente neste curso, da qual o aluno poderátirar muito proveito ao se conscientizar de seu desempenho nas quatro habilidades (compreensão eexpressão oral e escrita). Tal avaliação permite não apenas que o aluno meça os resultados de suaaprendizagem. como também fornece subsídios fundamentais para a prática pedagógica estabelecida.

A JUSTIÇA DE ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY NUMA PERSPECTIVA LEXICOLÓCICAII 25 - 14h30 - S.14

EUI1I~'cl.opes de Souza TOLEDO (UNESP - Assis)

Desde o, tempos mais antigos. o ser humano demonstrou interesse pelas línguas naturais, seja porconsidcra-las como o melhor veículo de transmissão de conhecimento. seja para entendê-Ias em relação àsua origem. estrutura e funcionamento. Dentre as grandes preocupações despertadas no espírito de quemse dedica ao estudo profundo de uma determinada língua. certamente, estarão aquelas que dizem respeitoao surgimento e/ou criação de novas unidades lexicais responsáveis pela veiculação de novas idéias ouconceitos. assim COIllOas relacionadas ao processo neológico de ampliação semântica das lexias virtuaisdcssa mesma língua. No presente trabalho. interessei-me, especialmente, em pesquisar sobre possíveiselllpl'cgo, neologicos semânticos COIll ampliação de significação da palavra "justiça", registrada pordiversas VeLCS na obra "Cidadela". do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, baseando-me nametodologia e nos pressupostos teóricos da LEXICOLOGIA. importante área do saber que procuraestabelecer uma ligação intima entre a linguagem e o contexto sócio-político-cultural do povo que aprat ica As ocorrências selccionadas para compor o corpus foram categorizadas de acordo com asdcep<;lie, encontradas em três diferentes dicionários, sendo um sobre a língua portuguesa e os demais\l\hre o Ir,lIlcê, - hngua natural do autor estudado. O objetivo central da pesquisa foi depreender osscnudos mais dcterminanrcs da visão do mundo de Saint-Exupéry acerca de Ulll terna bastante questionadoc. muitas vezes. erroneamente praticado pelas sociedades de todos os tempos, COIllOtem sido a noção dejustiça" Através de análises qualitativas das ocorrências selecionadas e de seus contextos mais imediatos,foi-me possl. cl concluir sobre a existência de atualizações próprias da palavra justiça pelo autor, embora,de\ ido a aparente ressonância bíblica detectada na obra. essas atualizações possam estar registradas emdicronanos de t',peu,i1idade bíblica. hipótese que permite dar continuidade à pesquisa.

o TEXTO FALADO: MARCAS DA CORREÇÃO VS. TIPOS DE INADEQUAÇÕES

II 25 - 13h30 - S.2\1<II"i~1[ul~itia Sobral TOSCi\NO (pG-LJSP)

Fsk trabalho parte do pressuposto de que a correção é Ulll fenômeno característico de textos em que osinteracrarues "co-operam" a produção discursiva em condições de quase simult.mcid.«le entreplanejamento e vcrbalização. Situa a correção. a exemplo de GOLlCH &: K( )'iTC 111 (I 0X7) cGAlJl.MYN (19X71. dentre os casos de refonnulacão. definindo-a COIllO o procedimento por mero doqual. no contexto de uma primeira formulação (F I). se realiza uma segunda (1-'2), que m.mtcm com aquelarelações semânticas que variam desde a completa oposição até um grau em que não ha propriamenteoposição. mas. simplesmente. reorientação discursiva. Diferentemente deles. entretanto, nào condiciona aocorrência da correção a "defeitos" detectados na fi, isto é. a existência de problemas de formulação nãoé condição sim! ifllu 171m para a realização da correção. Admite que o trabalho realizado pelo falante,durante o procedimento de correção, deixa marcas que têm por função sinalizar para o interlocutor queurna dada formulação não é a pretendida e que, portanto, deve ser "anulada" ou "posta de lado", atravésda enunciação de uma outra, mais adequada aos propósitos comunicativos do locutor. Objetiva,inicialmente. fazer um levantamento das marcas que operam essa sinalização e, a seguir, verificar se existealguma especificidade entre tais marcas e os diferentes tipos de inadequações, ou seja, investigar se essas

Page 7: ACO-COMPOSICIONALIDADE ( E ALTERNANCIAA … · lexicais estrangeiros de uma língua ~ para língua y (mecanismos alogenéticos). Os dois tipos de processos Os dois tipos de processos

199marcas tendem a alguma especialização conforme seja a inadequação do tipo gramatical.Tnforrnacional oudiscursivo (TOSCANO. 1997). Para isso, foram analisadas cinco conversações, perfazendo um total detrês horas de gravação em fita magnética. É uma pesquisa de base ernpírico-indutiva. uma vez que partede realizações de fato ocorridas, inseri da no campo da Análise da Conversação, numa perspectiva textual-interativa. posto que privilegia o texto enquanto objeto de significação como produto de uma atividadeinteracional do indivíduo.

\lÁRIO DE ANDRADE, ANTROPÓLOGO: O PAPEL DO FOLCLORE NA ELABORAÇÃO DEUMA LITERATURA NACIONAL BRASILEIRA

II 26 - 14h30 - S.7C IICintia Carnargo VIANNA (G-UNESP - SJ.Rio Preto)

hte estudo rem como objetivo apresentar o trabalho de Mário de Andrade sobre o folclore nacional.reconstruindo o caminho que o autor julgava obrigatório para que um elemento estético se tornasseautenticamente brasileiro. Visto isso, é também imperativa a verificação de como deve acontecer ainserção deste folclore na arte erudita. pois dentro do projeto artístico proposto por Mário de Andrade écondição indispensável para nacionalidade da obra de arte que ela seja permeada por elementos retiradosda fonte popular ou folclórica. Mário de Andrade escolhe a música como objeto para exame dos processosde nacionalização do elemento étnico cultural. Esta serve também como fonte para a identificação dequais cinias fornecem elementos para a formação do ser brasileiro. No Brasil, o autor identifica trêsgrandes correntes étnicas que estariam formando a entidade nacional: o branco europeu, o ameríndio e onegro africano. Para o autor o elemento folclórico nasce a partir da miscigenação dos elementos destastrês correntes étnicas e mais a presença de elementos estrangeiros. Na realidade, o caráter nacional dofolclore estaria presente nos processos pelos quais estes elementos tem que passar para tornarem-secaracterísticos. Neste ponto o autor apresenta a oposição entre os conceitos autóctone e autêntico. sendoque é o último deles que marcará a nacionalidade da produção artística. Sendo assim, para o artista fazerarte essencialmente brasileira deve tomar os elementos folclóricos autênticos, ou seja, aqueles que jápassaram pelos processos de deformação e adaptação e que efetivamente podem ser tidos comocaracteristicamente nacionais. Esses elementos - e nisso inclui-se os elementos estrangeiros - sãodeformados. de modo a tornarem-se consoantes com as necessidades psico-fisiológicas do povo. pois, aopassarem para o universo da obra. serão facilmente reconhecidos como expressão de brasilidade.

Silvana Moreli VICENTE (G-UNESP)

JOÃO CABRAL DE MELO NETO: A POESIA NO FEMININOIFI ~2=6 =- =IS=h3=0=-=S=.7C==

A obra poética de João Cabral de Meio Neto é considerada geralmente pela crítica como exemplo máximoda chamada corrente intelecrualista. Esta considera que o fazer poético deve ser um longo processo deconcepção e elaboração, de forma a tornar a obra objetiva e impessoal. A meta é a busca dasingularização, devendo o criador dominar por completo o processo de feitura da obra. Tal concepção dacriação artística contrapõe-se ao lirismo legitimado pela tradição; a defesa do autor possesso implica, defato. na transposição direta da emoção para o poema. A obra poética de Cabral sempre propôs-se comoreação ao lirismo fácil. derramado. Tendo sido recusada enquanto elemento capaz de, na evocação,resultar em sentimentalismo ou complacência carnal, a figura feminina passa a ser objeto de tratamentopoético após Quaderna. cuja focalização. não menos rigorosa e objetiva, parece isenta de complacência.Assim. a lírica-amorosa cabralina difere radicalmente da lírica romântica: a mulher em seus poemasmanifesta-se por meio de imagens concretas, particularmente nas últimas coletâneas Sevilha Andando eAndando Sevilha, nas quais sentimentos primitivos e sensualidade são atualizados por meio demanifestações culturais e pelo andar feminino no espaço. Assim, a arquitetura da cidade de Sevilha estáem confluência. com o feminino que nela transita e, dessa interação, emergem símbolos que Cabral captade forma magistral por meio de uma poesia substantiva e precisa. Nesse contexto, a substância da entidadefeminina veiculada deve ser buscada na configuração poemática como trabalho de linguagem referido à

Page 8: ACO-COMPOSICIONALIDADE ( E ALTERNANCIAA … · lexicais estrangeiros de uma língua ~ para língua y (mecanismos alogenéticos). Os dois tipos de processos Os dois tipos de processos

200interioridade, fazendo emergir uma tensão que aponta para a própria natureza poética. A poesia éatualizada enquanto espaço que engendra forças conflitantes e não antagônicas, não apontandounidirecionalmente para uma forma de fazer complacente. subjetiva ou objetiva, racional ou irracional.

AQUISiÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA E CONSTITUiÇÃO DO ESTILO: ANÁLISE DETEXTOS ESCRITOS ONDE PREDOMINA A ARGUMENTAÇÃO

1I;=O=25=-=J5=h=30=-=A=N=F.=ll"'l

Luciano Novaes VIDON (PG-UNICAMP)

Tento neste trabalho mostrar uma análise parcial dos dados longitudinais que venho investigando noâmbito do projeto integrado de pesquisa Subjetividade, Alteridade e Constituição do Estilo. cujospesquisadores principais são: Maria Bernadete Marques Abaurre (coordenadora): Maria Laura T.Mayrink-Sabinson: e Raquel Salek Fiad. Estou interessado no processo de constituição do estilo ao longoda história de aquisição da linguagem escrita de um sujeito. O ClJrpus por mim selecionado. produçõesescritas onde predomina a argumentação (conforme Koch. 1987). é analisado com base no paradigmaindiciário proposto por Ginzburg (1986), que orienta a metodologia investigativa tanto do P. L. quanto domeu projeto particular. Situo-me no interior de uma concepção sócio-histórica de linguagem (Franchi.1987: Geraldi, 1995) que permite conceber o estilo dentro de uma perspectiva filosófica (Granger, 1968:apud. Possenti, 1988).

Josênia Antunes VIEIRA (UnS)

O DISCURSO FAMILIAR E ESCOLAR NO LETRAMENTO1;==1=25=-=14=h0=0=-S=.3=C='11

A instituição escolar centralizou o papel de responsável pelo desenvolvimento da escrita no letramentoinicial. ao mesmo tempo em que desconsiderou a participação de qualquer outra instituição no projetopedagógico de tornar letrado o iletrado. Assim, relevantes contextos sociais têm sido desconsiderados noletramento inicial, entre eles o contexto comunitário e o familiar. Se o letramento for julgado não apenasum produto da escola. mas sobretudo um produto social em que matrizes socioculturais são repetidas. ainstituição escolar muito perderá por desconhecer as práticas e os eventos de letramento comuns naspedagogias familiares. O conhecimento escolar incorpora o saber institucionalizado pelo Estado. adotandoprocessos pedagógicos escolares diferentes dos familiares. Diante desse fato. tenho estudado o contextofamiliar em pesquisa inédita que visa a identificar as pedagogias familiares adoradas pelas famílias emestudo. A pesquisa envolve cinco famílias da comunidade do Paranoá, cujos filhos freqüentam a EscolaClasse 3 dessa comunidade. A investigação fundamenta-se na perspectiva de Análise do Discurso Crítica.defendida principalmente por Norman Fairclough (1992). O projeto apóia-se também em Barton (1994).Heath (1983) e Street ( 1984). A pesquisa pretende, além de identificar as práticas de letramento uti Iizadaspelas famílias. estabelecer a relação ou a ausência dessas com as práticas de letramenro institucionais emuso pela comunidade escolar.

Lúcia Mosqueira de Oliveira VIEIRA (PG-UFU)

A MODALlZAÇÃO DO DISCURSO EM NARRATIVAS ESCRITASIlr===2==6~-=1=5=h3=O=-=S=A===j

O presente estudo tem como objetivo verificar a incidência dos modalizadores em narrativas escritas nosdois tipos de textos que encontramos no romance "O Falador". ou seja. um texto altamente pcrmeado pelaoral idade e outro dentro dos padrões da escrita: além disso, apontaremos quais as marcas mais comuns dodiscurso oral encontradas no texto escrito. Tannen (1984) mostra a importância do oral na narrativaescrita ao considerar que os traços da oralidade tem a finalidade de envolver o leitor. já que a línguaescrita é caracterizada pelo distanciamento entre o produtor/leitor. A autora sugere que a literatura escritaé uma combinação do envolvimento da Iíngua falada com a integração da escrita. No que se refere ànoção de modalizadores basearemos nos pressupostos teóricos de Koch (1995 e 1996) e Chafe (1985).Para Koch os indicadores modais são igualmente importantes na construção do sentido do discurso e na

Page 9: ACO-COMPOSICIONALIDADE ( E ALTERNANCIAA … · lexicais estrangeiros de uma língua ~ para língua y (mecanismos alogenéticos). Os dois tipos de processos Os dois tipos de processos

201modalizadores. uma vez que a relação entre enunciados de um discurso é freqüentemente projetada ;t

partir de certas relações de modalidade. Chafe aborda a noção de evidencialidade para tratar das atitudedos falantes ou escritores em relação ao que estão comunicando. As atitudes estão relacionadas com .I

vericidade do conhecimento. o raciocínio que o levou a esse conhecimento e o tipo de dados em que ,ebaseia. O autor destaca alguns tipos de evidencialidade. tais como: vericidade. inferências e boatos. Paranossa análise, selecionamos os capítulos 5 e 6. por considerá-Ios mais adequados aos nossos propósito, dl'análise. O capítulo 5 é uma reprodução da fala via escrita, contendo diversos traços da oral idade. Jú II

capítulo 6 representa os padrões convencionais da escrita.

A CONSTRUÇÃO DA LEITURA VÁLIDA - UMA EXPERIÊNCIA CRIATIVA E INOVADORAPARA DESPERTAR O GOSTO PELA LEITURA

26-1-lhOO-AUDA

Rosangela da Silva VILLA (UFMS)

A prática da leitura tem-se mostrado. nas escolas. frustrante para alunos e professores. /\ cada ano quepassa ouvimos sempre as mesmas frases - "nossos alunos não lêem". "o brasileiro nào tem hábito deleitura", "os vestibulandos redigem mal nas provas de redação porque não têm leitura". E. vemos.constantemente, a pirâmide educacional se transformar em "torre de babe!". quando o ápice (a educaçãosuperior) responsabiliza o ensino médio e este o ensino fundamental. que devolve a responsabilidade paraas universidade. pois estas é que preparam os profissionais para atuarem na educação básica. Entretanto.neste caso. especialmente. o vilão da história era outro. Seu nome') robocop. Descobri. então, que sóconseguiria alguma coisa a partir dos alunos e que a leitura teria que ser um processo e Il:1l1um produtoacabado e distante dos mesmos. e isto se torna mais fáci I e mais interessante quando se 10 <obre o que 'l'

gosta. sobre o que nos interessa. sobre a nossa realidade. sobre as coisas que se conhece ou se inten:s,,,em conhecer, mesmo por curiosidade. Nesse caso 'robocop era um mundo a parte. uma ficção que elespassariam a compreender como tal. Percebi qual seria o caminho: a leitura como processo de intcração.como comunicação. onde os alunos tivessem uma participação na escolha do texto a ser lido e não ,elimitassem a reproduzir 40 vezes (essa era a média de alunos por sala) o texto do manual didático. o quese tornava uma tortura para todos nós. Essa iniciativa fez com que os alunos desviassem a atenção da,cobranças da aula de leitura como postura, dicção, tonalidade. entonação, etc. Esses elementos passaram aser vistos em segundo plano para eles, o que pode ser trabalhado com menos pressão e com maior 1<,<'.1-back. Possam todas as crianças ser beneficiadas, aprendendo a ler e aprendendo a utilizar. ao meSI1l0tempo, uma inteligência que se desenvolva e se fortaleça. para o exercício da indeclinável atividade depensar.

ESCRITA, TRANSTEXTUALIDADE E SILÊNCIO

Marco Antonio VILLARTA-NEDERII 26 - 14h30 - S I I C II

Pode-se entender o silêncio como constitutivo da linguagem, pelo desejo primordial que homem.enquanto ser "irremediavelmente constituído pela sua relação com o simbólico" (Orlandi. 1992) tem deatribuir significado a tudo. Dessa perspectiva, cabe discutir não só uma tipologia do silêncio (o que vemsendo feito por alguns autores), bem como situar aspectos dessa constitutividade. Em função desseobjetivo foi elaborada uma abordagem inicial a partir da AD francesa, já que a mesma apresenta em seureferencial teórico conceitos úteis a tal abordagem, tais como os de formações discursivas. interdiscurso,heterogeneidade constitutiya e mostrada. Além disso, a partir dos aspectos da discussão sobre as relaçõesentre silêncio e discurso, coloca-se. também, uma preocupação não somente com a interdiscursividadc.mas igualmente com a intertextualidade. Num primeiro esforço, para equacionar essa última. foi utilizadaa teoria de relações intertextuais de Genette. Buscou-se, ainda, uma análise preliminar de alguns rastrosdesses silêncios por intermédio de operações metaenunciativas. O que se pretende discutir. portanto. sãoas possibilidades dessa incursão inicial nesses indícios de silêncio e a operacionalidade que conceitos da

Page 10: ACO-COMPOSICIONALIDADE ( E ALTERNANCIAA … · lexicais estrangeiros de uma língua ~ para língua y (mecanismos alogenéticos). Os dois tipos de processos Os dois tipos de processos

~02..\D francesa c da teoria de texto de Genette podem apresentar para delimitar tipos de silêncio enquanto\ ozes no irucrdiscurso.especificarnente numa análise dentro de textos escritos (literários ejornalísticos).

l.vani VIO rTI (PG-lJSP)

A COMPOSICIONALIDADE NAS SENTENÇAS COM O VERB;;:O~T,,;E;,;R~====;II 25 - 15hOO - S.13

o estudo das sentenças com o verbo TER tem despertado grande interesse dentro do âmbito da TeoriaGerativa. Alguns autores têm tratado o verbo TER não como um primitivo lexical, mas como resultado deuma incorporação sintática de uma preposição ou determinante a uma cópula que seria o spell ou! detlexão. Nessa linha, estão Freeze (1992), Kayne (1993), e Hornstein, Rosen & Uriagereka (1994). Outrosautores rejeitam a idéia de incorporação sintática, tratam TER como um verbo leve, ou seja, um verboesvaziado de conteúdo semântico, mas procuram ainda derivar os vários significados das sentençascontruidas com o verbo TER por meio de operações sintáticas. Dentre esses autores, destaca-se Belvin( 1996). Em trabalhos anteriores (Viotti, 1996 e 1997), eu mostrei que esses dois tipos de abordagensapresentam problemas tanto empíricos quanto teóricos. Neste trabalho, eu gostaria de propor que asintaxe seja mantida como "mínima", dentro do espírito do Programa Minimalista (Chomsky, 1995) e queo estudo dos significados das sentenças com TER seja feito dentro dentro do componente semântico. Ateoria de Predicação de Franchi (Franchi, 1997(a) e (b )), e a teoria do léxico gerativo de Pustejovsky(Pli',Ié,iO\SJ..). 1995). baseadas em um princípio de composicionalidade que leva em conta os efeitos de-cnudo resultantes do fato de dois itens lexicais terem entrado em um tipo particular de relação dão contalia explicação da rnultiplicidade de significados que as sentenças contruídas com o verbo TER podemassuuur.

A ESCRITA E A SUPERAÇÃO DE ETAPAS25-14h30-S.10

vl.ulcne Aparecida VISCARDI (G-UNESP)

A proposta desse trabalho é observar. avaliar e acompanhar crianças que apresentam déficits na aquisrçaoela hngua escrita. O desenvolvimento do trabalho está sendo realizado com quatro alunos do CB de umaEscola Estadual. situada na cidade de Araraquara, Estado de São Paulo. O processo de aquisição dalíngua escrita é complexo, por isso a criança necessita resolver alguns problemas cognitivos para entendercomo funciona a sua dinâmica e seu processamento. No período de alfabetização, a criança faz hipóteses arespeito do sistema da escrita, desde que incentivada a produzir textos espontâneos, pois só assim poderácompreender a sua natureza, os aspectos gráficos e os aspectos construtivos. Há muitos fatores que serelacionam com o estágio de compreensão do caráter simbólico da escrita. Para que a criança entenda oprocesso e adquira a escrita convencional, vivencia várias etapas. No início, as categorias lmgüisticas nãoestão claramente definidas e ela ainda não consegue distinguir as unidades lingüísticas, desvincula apronuncia da escrita. Aos poucos. começa a reconhecer o valor convencional sonoro e distinguir asunidades lingüísticas: letras, sílabas e palavras, internalizando o processo. Detectado os diversos níveis daaquisição da língua escrita de cada criança e utilizando instrumental teórico da Lingüística, são propostasvárias atividades que envolvem a escrita: produção de textos livres ou direcionados, de frases, de palavras,jogos de montagem e desmontagem de palavras a partir das sílabas utilizadas, proporcionando a reflexão eo contlito. o que facilitará a superação das etapas. Esse processo se dá de forma progressiva. A evoluçãodas etapas ocorre à medida que as atividades proporcionam reflexão e questionamento. criação dehipóteses sobre o funcionamento da língua escrita e não apenas reprodução de modelos da cartilha.

Page 11: ACO-COMPOSICIONALIDADE ( E ALTERNANCIAA … · lexicais estrangeiros de uma língua ~ para língua y (mecanismos alogenéticos). Os dois tipos de processos Os dois tipos de processos

203MODALlZADORES DE CERTEZA E OBRIGATORIEDADE NA FALA CULTA DE SÃO

PAULO E DO RIO DE JANEIRO: PROJETO NURClSP NURrr=C,=I=R=J======;J1I 25 - 15h30 - S.2

Ana Lúcia VLACH (G-UNESP)

o objetivo central desta pesquisa é efetuar o levantamento e a classificação dos modalizadores de certezae obrigatoriedade que, figuram em excertos de textos orais representativos da fala culta de São Paulo e doRio de Janeiro. O córpus da pesquisa é constituído pelos inquéritos a seguir:a) Elocuções formais: 377,338,405,124,156,153 (NURC/SP, publicados em Castilho e Preti (1986» e251,356,364,379,341,382 (NURC/RJ, publicados em Callou (1983».b) Diálogos entre informante e documentador: 18,251,208,234,250,242 (NURC/SP, publicados em Preti eUrbano; 1988» e 12,84.135,261,112,373 (NURC/RJ, publicados em Callou e Lopes (1994».Foi extraído de cada inquérito um fragmento correspondente a 40 minutos de gravação, perfazendo,assim. 16 horas de material gravado. O levantamento das ocorrências foi efetuado a partir de tabelasindividuais para cada inquérito analisado, classificando-se .os modalizadores segundo os seguintescritérios:I) Cidade de Origem: S - São Paulo; R - Rio de Janeiro.11)Tipo de Inquérito: E - Elocução formal; D - Diálogo entre informante e documentador.111)Sexo: M - Masculino; F - Feminino.IV) Faixa Etária: I - de 25 de 35 anos; 2- de 35 a 55 anos:3 - de 55 anos em diante.V) Tipo de Modalizador: L - modalidade lexical (expressa por advérbios e auxiliares modais): P -modalidade proposicional (expressa por expressões como: é certo, é lógico);D - modalidade desinencial (expressa por desinências verbais).VI) Valor semântico-pragmático: C - certeza; O - obrigatoriedade.VII) Natureza discursivo-textual do fragmento: N - narrativo; E - expositivo (dissertação ou comentário).VIII) Posição na unidade discursiva: ME - margem esquerda; N - núcleo; MD - margem direita.Os modalizadores de certeza, são principalmente, representados por advérbios de intensidade, como:sempre. bastante. normalmente ou expressões do tipo: é óbvio; é claro etc. Os modalizadores deobrigatoriedade são expressos. principalmente, por verbos modais, como: dever, precisar, ter que ouexpressões do tipo: é necessário que: é preciso que etc. Dados apontam, a maior ocorrência dosmodalizadores. principalmente no núcleo das unidades discursivas e na margem esquerda, enquanto queas ocorrências na margem direita serão substancialmente menores. Percebe-se, então, que o emprego dosmodalizadores depende de variáveis assinaladas e outras, pois eles participam da construção do textofalado. uma vez assinalam a atitude do falante em relação ao conteúdo semântico do enunciado e aosinterlocutores.

UMA ÁLGEBRA DE EVENTOS

Teresa Cristina WACHOWICZ (UFPR)'11 25 - 13h30 - S.9

A semântica dos plurais e dos termos de massa é proposta por L1NK( 1983) como um modelo de conjuntoordenado: o reticulado (matematicamente, um tipo de álgebra). BACH( 1986) sinaliza essa aplicação paraa semântica dos eventos. Seguindo uma classificação de L. CARLSON( 1981), que distingue inicialmenteas "eventualidades" em eventos e processos, Bach propõe uma comparação: os eventos estão para osprocessos assim como os indivíduos estão para a sua matéria. Em L1NK, o conjunto E, o universo dodiscurso. tem um subconjunto A, dos elementos atômicos, com relação de ordem individual :::;i . Osubconjunto A. por sua vez, tem um subconjunto D, das porções de matéria, com relação de ordemmaterial :::;m. Logo: D ç A ç E. A idéia básica aqui é que a relação de ordem prevista para osindivíduos é a mesma relação entre as porções de matéria que os constituem. Finalmente, os indivíduosplurais (anéis). estariam representados semanticamente no subconjunto A; e os termos de massa (ouro),no subconjunto D. Para Bach, esses pontos teóricos sustentam a relação entre eventos e processos.Eventos são expressões verbais do tipo construir lima cabana ou andar até a escola; processos são

Page 12: ACO-COMPOSICIONALIDADE ( E ALTERNANCIAA … · lexicais estrangeiros de uma língua ~ para língua y (mecanismos alogenéticos). Os dois tipos de processos Os dois tipos de processos

204expressões do tipo construir ou andar. No domínio dos eventos. há os seguíntes conjuntos: I) Ee - é oconjunto das eventualidades: 2) Ae - é o subconjunto dos eventos atômícos (assim como para osindivíduos atômicos): 3) De - é o subconjunto dos processos (assim como para as porções de matéria).Logo. os processos são as eventualidades que "constituem" os eventos: e ambos, eventos e processos.estão sob a mesma relação de ordem. Assim. entre as sentenças Samuel construiu a cabana c SWI/ue/nianctou 11 prl'gll. por exemplo. há a seguinte relação: um evento do tipo martelou (I prego é tal que seuprocesso c parte do processo associado ao evento do tipo construiu a cahana.

ESPAÇO TEMPO DISCURSIVOTl - 91100 - S.6C

Cláudia WANDERLEY (PG-UNICAMP)

!\ partir da Análise de Discurso francesa. filiada a Michel Pêcheux e Eni Orlandi. trataremos da questão oespacotempo. Consideramos aqui um tempo que se configura discursivamente em relação com o temporeal. Um posto imaginário onde o sujeito organiza passado e futuro, e esta prática é o que se chama depresente. Em suma. precisamos trabalhar com uma noção temporal discursiva. onde tempo e espaço sepõem de acordo com a posição (velocidade) do sujeito que, sabemos. é uma unidade imaginária. Cremosque ocorre um deslocamento do sujeito para um espaço de percepção da/na língua, que instaura umatemporal idade própria. O que há é a ilusão de unidade do discurso engendrada pelo sujeito, que filiado auma FD. instaura tempo e espaço. deixando esta experiência para trás, como história. Este espaço deintercomunicação humana possui uma certa estrutura. conferida pelos objetos e sujeitos que a ocupamtambém chamado de hiperlíngua (Auroux). Queremos ressaltar que a determinação histórica e amultiplicidade de regiões espaçoternporais de significação historicamente constítuídas são fatosdiscursivos. que rompem com o gesto interpretativo da física newtoniana e que, simultaneamente. estãoancorados no real do tempo através do processo enunciativo. Ou melhor. podemos perceber o efeito desentido entre locutores como um presente. constituído de um agora que se mistura com o agora do real.em que futuro e passado estão constantemente sendo ré-significados pelo sujeito. Esta prática de re-significação é o vértice constitutivo da enunciação; isso não é estático, mas sim um processo, ummovimento, uma "mexida" na rede de significação. Assim, acreditamos que o discurso comporta asimultaneidade temporal. historicamente constituída. Sabemos que a Lingüística nos lega uma noção dehistória cuja temporal idade é linear. Esta noção pode servir ao sujeito tomado pelos esquecimentos dePêcheux. No entanto. no caso do analista do discurso, entendemos que este deve servir-se destas noções enão serví-Ias.

A APRESENTAÇÃO DE EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS EM DICIONÁRIO BILÍNGÜEESPECÍFICO

Cláudia Maria XATARA (UNESP)II 26 - 15h30 - ANF.II II

Um projeto de dicionário. desde o seu nascimento, é marcado por decisões que vão indicar o tema(dicionário de quê?),. o tipo de dicionário (de língua, especial ou especializado: unilíngüe, pluri oubilíngüe), o seu tndex verborum e a sua apresentação a um determinado público. Essa apresentação.porém, implica em mais decisões - são as decisões lexicográficas específicas para se compor suarnicroestrutura: escolhas quanto à diagramação dos verbetes (tipo e tamanho de letra, colunas, maiúsculas.destaque, recuos?) e classificação da nomenclatura (semasiológica, onomasiológica, palavras-chave"),além de informações morfológicas (variações de artigos, pronomes, forma verbal"), sintáticas (restriçõesquanto ao sujeito e objeto"), semânticas (variantes oposicionais enão-oposicionais. remissões") epragmáticas (pejoração. ironia, situações, gestos, contextos. exemplos?). Todas as decisõeslexicográficas, por sua vez, podem ou não ser corroboradas pela editora que, em alguns casos, chega adeterminar inteira e inadequadamente a microestrutura. Os critérios para essas decisões e sua explicitaçãona introdução de um dicionário especial bilíngüe, deveriam, portanto, ser observados com mais atençãopelo dicionarista, pelo editor e pelo público, como, aliás, os critérios para a elaboração de qualquer

Page 13: ACO-COMPOSICIONALIDADE ( E ALTERNANCIAA … · lexicais estrangeiros de uma língua ~ para língua y (mecanismos alogenéticos). Os dois tipos de processos Os dois tipos de processos

20'dicionário. Em nosso projeto, dicionário de expressões idiomáticas, uma vez estabelecido o conceito deexpressões idiomáticas (EI = lexia complexa indecomponível, conotativa e cristalizada em um idioma pC'I"tradição cultural), definidas as características do dicionário bilíngüe a ser elaborado (dicionário dc'decodificação francês da França - português do Brasil) e selecionada sua nomenclatura (corpus retiradode dicionários franceses fraseológicos, de onde se excluíram as expressões não-idiomática ....evidentemente, e, dentre as idiomáticas, as arcaicas. pouco freqüentes. literárias. eróticas. escatológicas eregionais). propomos apresentar uma listagem de aproximadamente cinco mil EI, tendo-se ponderadocom muito cuidado todas essas decisões.

OS DOIS PERFEITOS EM LÍNGUA PORTUGUESA

II 25 - 14hOO - S.K IIVera Lúcia Massoni XA VIER DA SILVA (UNESP - S.J.Rio Preto)

No presente trabalho, examinamos os dois perfeitos em Língua Portuguesa: o Perfeito I e o Perfeito 2. <iluz da proposta de Fiorin (1994), que estabelece dois sistemas temporais: sistema enunciativo e sistemaenuncivo. Sistema enunciativo é aquele que apresenta os acontecimentos relacionados ao momento dereferência (MR) presente, concornitante ao ME. Sistema enuncivo apresenta os acontecimento ...ordenados a partir de MRs instaurados no enunciado. Tais momentos podem ser pretérito e futuro.caracterizando dois subsisternas do sistema enuncivo. Tomando por enfoque o MR presente. haacontecimentos coincidentes, expressos pelo tempo presente; anteriores. explicitados pelo perfeito I eposteriores, manifestados pelo futuro do presente. Em relação ao MR pretérito. há acontecimentosconcornitantes. expressos pelo perfeito 2 e imperfeito. anteriores. pretérito-mais-que -perfeito eposteriores. futuro do pretérito. Analogamente. a partir do MR futuro, observamos uma concomitância(presente do futuro): uma anterioridade (futuro anterior) e uma posterioridade (futuro do futuro). Deacordo com Fiorin (1994), há. portanto dois perfeitos em português: o prefeito I que expressa umaanterioridade do acontecimento em relação ao MR presente e o perfeito 2 que indica acontecimentosconcomiantes ao MR pretérito. não-concomitante ao ME. Consideramos que. além da diferença referenteàs categorias topo lógicas de anterioridade e de concomitância, esses dois perfeitos apresentam umadiferença discursiva. Assim, no emprego do perfeito I, os acontecimentos por ele expressos imprimem nosujeito falante marcas físicas de sua presença, justamente por estarem próximos ao ME. Diferentemente. operfeito 2 expressa acontecimentos concomitantes ao MR, mas distantes do ME, não afetando o sujeito nomomento da fala. pois este apresenta os fatos como testemunha ocular. Nesse sentido, pode-se considerarque o emprego do perfeito I caracteriza uma proximidade do narrador no enunciado. enquanto o empregodo perfeito 2 expressa uma distância do narrador no enunciado.

A HOMONÍMIA E O COMPUTADOR

Cláudia ZA VAGLlA (PG-UNESP)25 - 15h30 - S.7

o fenômeno da homonímia das línguas naturais tem sido motivo de vanos empecilhos para odesenvolvimento do Processamento Automático das Línguas Naturais - PALN - em Lingüísticacomputacional para o qual um dos grandes desafios é tentar trasportar para a máquina as suasdelimitações. O presente trabalho objetiva demonstrar tal dificuldade. através de exemplos homonímicosconflitantes, em análises de textos escritos realizadas por revisores gramaticais existentes para a línguaportuguesa do Brasil, no caso, aquele elaborado pelo convênio USP-São Carlos e Itautec-Philco S/A. Orepertório lexical, que é a base lingüística de tal revisor, contém diversos homônimos classificados a partirde um critério morfológico que contempla as suas várias classificações em uma mesma entrada ou ementradas diferentes, tal como a forma "fala", categorizada como substantivo feminino singular. presente

indicativo, 3a pessoa do singular e imperativo afirmativo, 2a pessoa. do singular. A partir de um corpus deaproximadamente 10.000 ocorrências entre textos literários, jornalísticos e técnicos foram realizadostestes, visando qualificar a performance do software, e detectados diversos falsos erros, ou seja. correçõesindevidas realizadas pelo revisor, causados pela ambigüidade interpretativa da ferramenta em deteminadasfrases contextuais gerada pela homonímia, como por exemplo na frase "Seus dois fundos de renda fixa

Page 14: ACO-COMPOSICIONALIDADE ( E ALTERNANCIAA … · lexicais estrangeiros de uma língua ~ para língua y (mecanismos alogenéticos). Os dois tipos de processos Os dois tipos de processos

206foram os que mais renderam no ano", em que o revisor recomenda a verificação da concordância verbalentre as palavras "fundos" e "fixa", uma vez que "fixa" encontra-se categorizada como forma verbal dopresente do indicativo e imperativo afirmativo do verbo "fixar" na base lingüística. Tendo em vista talabordagem classificatória para as formas hornógrafas, os resultados obtidos pelo revisor gramatical nãoforam satisfatórios. Almeja-se encontrar condições lingüísticas que possam oferecer caminhos para otratamento da homografia em textos, dicionários e revisores computacionais através de buscas de palavrashomógrafas e da freqüência de ocorrências das mesmas.

A GRAMATlCALlZAÇÃO DO TEMPO NO MODO INDICATIVO DO PORTUGUÊS DO'BRASIL E SUA TRADUÇÃO PARA O FRANCÊS

II 25 - 13h30 - S.13C.vdri.ma l/I. V,\(jLlA (PG-UNESP)

CorÔ,1 (19X5). fundamentando-se nos pressupostos teoncos de Reichenbach, simulou formalmente agr.unaticalização do tempo nos verbos do português a partir de três elementos temporais: o momento dafala (MF). da referência (MR) e do evento (ME). Da mesma forma que esses três elementos sãoessenciais para se distinguir um tempo verbal de outro numa mesma língua, eles também permitem que sediferencie ou aproxime tempos verbais entre diferentes línguas naturais, pois a grarnaticalização do tempo\ aria de língua para língua. Assim sendo. resolvi confrontar o indicativo português ao indicativo francêspara detectar diferenças e semelhanças temporais e flexionais. esboçar um esquema de possibilidadestradutórias de uma língua para a outra, além de verificar se os dois sistemas lingüísticos em questão secomporta, am da mesma maneira em relação aos três momentos temporais do verbo, o que foi ilustradopor meio de exemplos colhidos em obras literárias e suas respectivas traduções. Verificou-se, entre outros,que al~un~ dos tempos analisados não fazem parte de um sistema único, mas se distribuem por doissislémas diferentes: () plano enunciativo da história e o do discurso (Benveniste. 1(76). Assim, emboraalguma« formas do passado possuam a mesma temporal idade (ME-MR-MF, para o "plus-que-parfait' e o"pretérito mais-que-perfeito simples e composto". e ME-MF,MR para o "passe simple/passé cornposé' eo "pretérito perfeito simples"). elas são distintas no plano da enunciação. O "passe anrérieur" e o"pretérito perfeito composto" não se verificam formalmente em português e em francês, respectivamente,cuja tradução temporal dependerá do contexto em que ocorrem. Da análise realizada e das comparaçõesfeitas. verificou-se que o modelo proposto por Corôa para o modo indicativo do português é em gerala!ustá\ el ,'1 realidade dos tempos verbais em francês, em que se mantêm as relações entre os momentos doevento. da rerercncia e da tala,

ANÁLISE OE ENCONTROS VOCÁLlCOS EM PORTUGUÊS ARCAICO ATRAVÉS DE UMACANTIGA DE D. DINIS

lemanda IJias IIJC ARELLI (G-UNESP)II 25 - 15h30 - S.6C II

Para analisar os encontros vocálicos em Português Arcaico foi feito um estudo prévio dos sistemas deescrita esclarecendo. assim. as diferenças nas representações de consoantes e vogais , ou seja, asdiferenças entre a escrita atual e a do português da referida época. Depois, baseando-se nas teoriasfonológicas não-lineares (particularmente. na idéia de hierarquização dos constituintes da sílaba) foi feitauma análise de todos os encontros vocálicos, que ocorreram no interior das palavras, na cantiga 555, deautoria de D. Dinis. do Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa. , definindo assim se se tratava deditongos ou de hiatos. Como referência, foi utilizada a versão da cantiga em questão contida na ediçãotac-similada (reprodução fotográfica) do Cancioneiro daBiblioteca Nacional de 1982. Além disso, essemapeamenro e classificação dos encontros vocálicos foram respaldados por pistas obtidas através daanálise da métrica da cantiga. o que ajudou no esclarecimento de dúvidas acerca da estruturação silábica.Como resultado. é apresentada uma lista dos tipos de ditongos e hiatos encontrados no texto e aconseqüência que esta análise pode trazer para a história da estruturação silábica da Língua Portuguesa edos fenômenos como hiatização e ditongação.

Page 15: ACO-COMPOSICIONALIDADE ( E ALTERNANCIAA … · lexicais estrangeiros de uma língua ~ para língua y (mecanismos alogenéticos). Os dois tipos de processos Os dois tipos de processos

207SER E NÃO TER: EIS O CAOS EM QUE ESTÃO

26 - 15h30 - S.2SUJ:e S. OLIVEIRA (PG-USP)

Fundados em pesquisas da Sociossemióticaé que conseguimos propor um modelo de leitura daatual conjuntura em nível nacional e internacional. Fatos recentes têm colocado em evidência a naturezaanimal e (autojagressora da espécie humana em virtude do caos que se instala a toda crise econômica eque conflui à crise de valores morais e religiosos. A descrença do homem no homem e por conseguinte, adescrença na própria vida: uma tensão conflitiva entre os valores aprendidos e apreendidos em família eem sociedade. Em todo o mundo. o caos se instala: crianças matando crianças. suicídio coletivo deadolescentes. pai que queima filhos por causa de um lugar no sofá. De tempos em tempos. em virtude dasmudanças político-econômicas buscadas pelo próprio homem enquanto Ser Histórico. mudanças decomportamento são registradas em diversas camadas e grupos sociais: novas maneiras e hábitosalimentares. de se vestir. de falar. de pensar. de perceber fatos. coisas e pessoas. Senão novas as maneirasem sua totalidade. pelo menos o são em parte porque para que a mudança se faça é preciso que. por outrolado. algo se conserve porque é sobre a díade Tradição X Modernidade (1997. Pais) que se sustentam osnovos hábitos e costumes de um determinado grupo social. Ainda que divergentes r diferentes os estágiosde desenvolvimento histórico. político e econômico dos diversos segmentos sociais pudemos detectar queum só foi e continua sendo o fator gerador e desencadeador das crises e insatisfações de cada indivíduocujos modelos de sucesso e realização concebidos pela sociedade capitalista estão introjetados nasrelações do homem X o outro (homem). alterando estas seja no trabalho. no lazer e até mesmo em seurelacionamento familiar: não-Ser X não-Ter = Indivíduo Não-Realizado.