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Política Governo Internet: http//www.partido-socialista.pt/partido/imprensa/as/ E-mail: [email protected] Director Fernando de Sousa SOCIALISTA ~ N”1068 15 JUNHO 2000 SEMANAL 100$ - 0,5 Quem disse ? «Os profissionais liberais continuam a pagar muito menos impostos que os trabalhadores por conta de outrem. E uma grande parte do universo empresarial continua a nªo pagar IRC» Helena Roseta Visªo, 8 de Junho Gama lamenta estratØgia do Governo de Viena `ustria tenta instrumentalizar reuniıes da UE O ministro dos Negócios Estrangeiros, Jaime Gama, aconselhou terça-feira o Governo austríaco a mudar de estratØgia e a deixar de tentar «instrumentalizar» as reuniıes dos Quinze em busca de uma soluçªo para contrariar as sançıes políticas bilaterais tomadas por 14 países da Uniªo Europeia. Jaime Gama teve tambØm a oportunidade de frisar que a questªo das sançıes à `ustria nªo farªo parte da cimeira da Uniªo Europeia na Feira. «Nªo Ø aceitÆvel que (a `ustria) pretenda instrumentalizar todas as reuniıes da Uniªo Europeia, as quais tŒm uma agenda sobrecarregada com esta problemÆtica», lamentou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, durante um intervalo da reuniªo dos chefes da diplomacia dos Quinze, no Luxemburgo. Jaime Gama disse tambØm que, «se a `ustria nªo tivesse esta visªo tªo insistente de querer forçar a mªo da Uniªo Europeia, se calhar jÆ tinha tido um resultado diferente para os assuntos com os quais estÆ preocupada». Jaime Gama acrescentou ainda ter «as maiores dœvidas de que a melhor maneira que a `ustria tem para conduzir este «dossier» para por o levantar sistematicamente nos órgªos da Uniªo». Confrontado com a possibilidade de a questªo austríaca ser abordada na cimeira da Feira, Jaime Gama respondeu: «A matØria nªo estÆ incluída como ponto da ordem de trabalho. A questªo das sançıes nªo Ø para ser tratada ao nível da Uniªo Europeia», mas sim ao nível dos 14 Estados-membros parceiros do Governo de Viena. O ministro dos Negócios Estrangeiros declarou nªo encontrar razıes de fundo para os 14 Estados- membros alteraram as suas sançıes políticas em relaçªo ao governo austríaco, do qual faz parte um partido de extrema-direita. A reuniªo dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Uniªo Europeia, no Luxemburgo, foi a œltima presidida por Jaime Gama no âmbito da presidŒncia portuguesa, que termina no final deste mŒs. Na sessªo solene do dia 10 de Junho, em Viseu, o Presidente da Repœblica defendeu a necessidade de o país debater com seriedade o consumo de algumas drogas e de iniciar uma geraçªo de novas políticas de apoio e de recuperaçªo dos toxicodependentes. Em relaçªo ao narcotrÆfico e aos exploradores da mªo-de-obra clandestina, no entanto, o chefe de Estado insistiu na importância de um combate implacÆvel. Na mesma intervençªo, Jorge Sampaio salientou tambØm a necessidade de a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) dar novos passos, concretizando projectos que lhe dŒem substância e sentido. Fernando Gomes apresentou Relatório de Segurança Interna de 1999 Bons resultados sem violŒncia policial O ministro da Administraçªo Interna, Fernando Gomes, afirmou na sexta-feira, na Assembleia da Repœblica, que Portugal, no quadro da sociedade que possui e com os instrumentos de segurança de que dispıe em meios materiais e humanos, obteve bons resultados no combate à criminalidade. Bons resultados que foram alcançados, sublinhou o mesmo membro do Governo, sem recurso à violŒncia policial, ou da violaçªo dos direitos fundamentais dos cidadªos. Ambiente Opçªo pela co-incineraçªo confirmada O Conselho de Ministros aprovou, na passada quinta-feira, dia 8, uma resoluçªo que confirma a opçªo pela co-incineraçªo como mØtodo de tratamento de resíduos industriais perigosos cujo destino mais aceitÆvel Ø a queima.

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15 JUNHO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA1

Política Governo

Internet: http//www.partido-socialista.pt/partido/imprensa/as/ E-mail: [email protected]

Director Fernando de Sousa

SOCIALISTA

~

Nº1068 � 15 JUNHO 2000 � SEMANAL � 100$ - 0,5

Quem disse ?

«Os profissionais liberaiscontinuam a pagar muito menosimpostos que os trabalhadorespor conta de outrem. E umagrande parte do universoempresarial continua a nãopagar IRC»Helena RosetaVisão, 8 de Junho

Gama lamentaestratégiado Governo de Viena

Áustria tentainstrumentalizarreuniões da UEO ministro dos NegóciosEstrangeiros, Jaime Gama,aconselhou terça-feira o Governoaustríaco a mudar de estratégia e adeixar de tentar «instrumentalizar» asreuniões dos Quinze em busca deuma solução para contrariar assanções políticas bilaterais tomadaspor 14 países da União Europeia.Jaime Gama teve também aoportunidade de frisar que aquestão das sanções à Áustria nãofarão parte da cimeira da UniãoEuropeia na Feira.«Não é aceitável que (a Áustria)pretenda instrumentalizar todas asreuniões da União Europeia, asquais têm uma agendasobrecarregada com estaproblemática», lamentou o ministrodos Negócios Estrangeiros dePortugal, durante um intervalo dareunião dos chefes da diplomaciados Quinze, no Luxemburgo. JaimeGama disse também que, «se aÁustria não tivesse esta visão tãoinsistente de querer forçar a mão daUnião Europeia, se calhar já tinhatido um resultado diferente para osassuntos com os quais estápreocupada». Jaime Gamaacrescentou ainda ter «as maioresdúvidas de que a melhor maneiraque a Áustria tem para conduzir este«dossier» para por o levantarsistematicamente nos órgãos daUnião».Confrontado com a possibilidade dea questão austríaca ser abordadana cimeira da Feira, Jaime Gamarespondeu: «A matéria não estáincluída como ponto da ordem detrabalho. A questão das sançõesnão é para ser tratada ao nível daUnião Europeia», mas sim ao níveldos 14 Estados-membros parceirosdo Governo de Viena.O ministro dos NegóciosEstrangeiros declarou não encontrarrazões de fundo para os 14 Estados-membros alteraram as suassanções políticas em relação aogoverno austríaco, do qual faz parteum partido de extrema-direita.A reunião dos ministros dosNegócios Estrangeiros da UniãoEuropeia, no Luxemburgo, foi aúltima presidida por Jaime Gama noâmbito da presidência portuguesa,que termina no final deste mês.

Na sessão solene do dia 10 de Junho, em Viseu, oPresidente da República defendeu a necessidade deo país debater com seriedade o consumo dealgumas drogas e de iniciar uma geração de novaspolíticas de apoio e de recuperação dostoxicodependentes. Em relação ao narcotráfico e aosexploradores da mão-de-obra clandestina, noentanto, o chefe de Estado insistiu na importância deum combate implacável. Na mesma intervenção,Jorge Sampaio salientou também a necessidade de aComunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP)dar novos passos, concretizando projectos que lhedêem substância e sentido.

Fernando Gomes apresentouRelatório de Segurança Interna de 1999

Bons resultados sem violência policialO ministro da Administração Interna,Fernando Gomes, afirmou na sexta-feira, naAssembleia da República, que Portugal, noquadro da sociedade que possui e com osinstrumentos de segurança de que dispõeem meios materiais e humanos, obteve bonsresultados no combate à criminalidade. Bonsresultados que foram alcançados, sublinhouo mesmo membro do Governo, sem recursoà violência policial, ou da violação dosdireitos fundamentais dos cidadãos.

AmbienteOpção pela co-incineração

confirmadaO Conselho deMinistros aprovou, napassada quinta-feira,dia 8, uma resoluçãoque confirma a opçãopela co-incineraçãocomo método detratamento de resíduosindustriais perigososcujo destino maisaceitável é a queima.

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ACÇÃO SOCIALISTA 2 15 JUNHO 2000

A SEMANA

SEMANAEDITORIAL A Direcção

A cambalhotaA ânsia de poder e os ziguezagues de Durão Barroso não têm limites. Depois debrindar os portugueses com a garantia de aumentos generalizados, se fossegoverno, Durão Barroso e o PSD preparam-se para a maior cambalhota da políticaportuguesa.Durão sabe que tem a cabeça a prémio, que a sua credibilidade política andapelas ruas da amargura, já que, mesmo nos momentos mais difíceis dagovernação socialista, não consegue capitalizar a seu favor a descida nassondagens do Governo. Contrariamente o seu antigo «inimigo político» - PauloPortas -, com quem agora se quer coligar, tem sabido, com a sua permanentedemagogia, ganhar algum espaço e subir nas sondagens.Entretanto, os adversários internos de Barroso «mordem-lhe» constantemente ascanelas, não lhe dando tréguas, obrigando-o a gerir o PSD sentado numa autênticabomba-relógio, pronta para estoirar a qualquer momento.São conhecidas as intenções dos seus opositores em retirarem-lhe o lugar,descontentes que estão com a sua actuação. Desde Marcelo a Santana, passandopor Dias Loureiro ou Marques Mendes, ninguém lhe poupa críticas no estilo e naforma como faz oposição.As lutas fratricidas em que o PSD anda mergulhado não o favorecem é certo,mas a sua intenção em estabelecer convergências com o CDS-PP com vista àconstituição de uma nova AD, não abonam em favor da sua tão ansiadacredibilização.Certamente que não será através de jogadas de estratégia política dificilmenteperceptíveis, como esta, que Durão conseguirá «cair no goto» dos portugueses.Apesar da memória, por vezes, ser demasiado curta, todos nos recordamos daspalavras com que, bem recentemente, mimoseou Paulo Portas. Também ninguémse esquece que Barroso conquistou a liderança do PSD com uma estratégia deafirmação autónoma do partido contra uma liderança protagonizada por MarceloRebelo de Sousa que defendia exactamente uma coligação com o CDS-PP - atal Alternativa Democrática de triste memória.Passados cerca de nove meses sobre as últimas eleições legislativas, em que olíder do PSD atacou duramente Paulo Portas, não só politicamente mas tambémpessoalmente, nada faz compreender a razão que tem levado Durão a procurarPortas para estabelecer a tal «convergência com todas as forças políticas e sociaisda área não socialista».Efectivamente, a Durão resta apenas uma saída: a conquista do poder para poderservir as suas clientelas e calar a oposição interna. Mas esta conquista passa,sobretudo, por apresentar alternativas, projectos, mostrar ideias, arranjar soluçõese isso Durão continua sem saber fazer.

GuterresMensagem do PR é «análise muito lúcida»

O primeiro-ministro, António Guterres,considerou que a mensagem do Presidenteda República, no Dia de Portugal, não foiuma crítica ao Governo mas sim uma«análise muito lúcida».Questionado no domingo, no fim dainauguração da ponte Salgueiro Maia, emSantarém, sobre as afirmações de JorgeSampaio, que referiu, no dia anterior, anecessidade de reforma do País, Guterresconsiderou essa leitura correcta.«Tanto precisa de reformas que estamos afazê-las», declarou, acrescentando que amensagem do Presidente foi «muito lúcidana análise quer dos aspectos que se podemaperfeiçoar quer daqueles que importavalorizar».«Somos um País que muitas vezes nãoacredita em si próprio. Um dos aspectosmais importantes da intervenção de ontemdo Presidente da República foi o dodesenvolvimento da nossa autoestima, doorgulho em nós próprios e naquilo quetemos sido capazes de fazer, apesar de

todas as dificuldades», afirmou.António Guterres desvalorizou ainda notíciassobre a avaliação negativa do Ministério daSaúde por parte do Tribunal de Contas,sublinhando que todos os anos os relatóriosdeste órgão referem problemas que têm queser corrigidos, não havendo nada dediferente em relação a este ano.No entender do chefe do Governo, écompreensível que num sistema muitodescentralizado e tão complexo como é oda saúde possam surgir pontualmentemaiores dificuldades.Quanto às afirmações do líder do PP sobrea necessidade de concretização de umareforma fiscal, o primeiro-ministro disse queum calendário de medidas foi iniciado hámuito, estando prevista a apresentação deum primeiro projecto de lei ainda nestasessão legislativa.«Só espero vir a ter do PP uma atitudeconstrutiva e não demagógica para que sejapossível aprovar várias medidas que vão serapresentadas», afirmou.

Expo-2000: Pavilhão de Portugal aposta na ciência

Uma bengala interactiva para invisuais ou umconjunto de páginas web criadas por jovenssão exemplos de iniciativas na área da ciênciae da tecnologia que os visitantes podemencontrar no pavilhão português, emHannover.Enquadrando-se no tema da Expo-2000, «OHomem, a Natureza e a Tecnologia», oMinistério da Ciência e da Tecnologia, quetutela a presença portuguesa no certame,decidiu apresentar alguns projectosconcretos nesta área.Durante a visita ao Pavilhão de Portugal, quemquiser conhecer um pouco mais sobre o País,a sua história e património, pode fazê-loatravés da consulta de ecrãs tácteis, ondeestão disponíveis as melhores páginasInternet criadas por alunos das escolas detodo o País.O espaço exterior do Pavilhão está tambémequipado com ecrãs tácteis que permitem a

quem espera na fila ter um primeiro contactocom a realidade portuguesa.Outro dos objectos em exposição emHannover é uma cadeira de vidro, projectadapor estudantes do Instituto Superior Técnico,em Lisboa, em colaboração com alunos doMassachussets Institute of Technology, deBoston.No Pavilhão de Portugal estão também emexibição trabalhos na área da robótica, doisveículos preparados para realizar missõescientíficas no mar, em modo completamenteautomático.À saída do Pavilhão de Portugal os visitantespodem testar o sistema de guia ecomunicação para invisuais, criado naFaculdade do Porto por Pedro Teixeira, queconsiste numa bengala ligada a um auricularque emite sons quando em contacto complacas metálicas colocadas no solo parasinalizar os trajectos.

IPJ lança OTL no distrito de ÉvoraJovens com ocupação de tempos livres no Verão

Mais de 1500 jovens do distrito de Évoraparticipam este ano no programa deOcupação de Tempos Livres (OTL) doInstituto Português da Juventude (IPJ).O programa, a decorrer entre 1 de Julho e12 de Setembro, visa promover, de formasaudável, a ocupação dos tempos livres dosjovens, com idades entre os 15 e 25 anos,abrangendo os 14 concelhos do distrito.A iniciativa envolve no distrito de Évora umtotal de 240 projectos, em áreas tão diversascomo o ambiente, cultura, patrimóniohistórico, apoio a idosos e à infância e outrasde interesse social e comunitário.

Os projectos serão desenvolvidos emcolaboração com diversas entidades locais,designadamente autarquia, instituiçõesprivadas de solidariedade social,associações e misericórdias.Segundo o IPJ, o período diário departicipação dos jovens nos diferentesprojectos varia de três a cinco horas, porum período máximo de três semanas, tendodireito a uma bolsa horária de 250 escudos� paga pelo IPJ � e a um seguro deacidentes pessoais, envolvendo um total deencargos no valor de 17 milhões deescudos.

MEMÓRIAS ACÇÃO SOCIALISTA EM 1982

PS PREPARA-SEPARA VENCER A CRISE

O destaque da primeira página da ediçãode 17 de Junho de 1982 do «AS» ia parauma tomada de posição da ComissãoNacional, onde pontificavam camaradasafectos a Mário Soares, sobre a crisenacional, exigindo uma clarificação doentão Presidente Eanes.Para além de uma ampla cobertura daactividade das secções do PS de norte asul do País, o «AS» tinha bastantes artigosde opinião sobre temas da actualidadenacional.Destaque ainda nesta edição, para atranscrição integral de uma entrevistaconcedida pelo então l íder do PS,camarada Mário Soares, à Antena Um.Na entrevista, Soares falava das soluçõesdo PS para a crise económica e social quese vivia no País. J. C. C. B.

17 de Junho

Quem disse?

«Penso, há muito, estar o PS carecido deuma profunda revisão à metodologia dasua actividade»João Gomes

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15 JUNHO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA3

POLÍTICA

DIA 10 DE JUNHO Presidente da República em discurso

O PAÍS DEVE DEBATER E ENCARARDESCRIMINALIZAÇÃO DE ALGUMAS DROGASNa sessão solene do dia 10 deJunho, em Viseu, o Presidente daRepública defendeu a necessidadede o país debater com seriedade oconsumo de algumas drogas e deiniciar uma geração de novaspolíticas de apoio e de recuperaçãodos toxicodependentes. Em relaçãoao narcotráfico e aos exploradoresda mão-de-obra clandestina, noentanto, o chefe de Estado insistiuna importância de um combateimplacável. Na mesma intervenção,Jorge Sampaio salientou também anecessidade de a Comunidade dePaíses de Língua Portuguesa(CPLP) dar novos passos,concretizando projectos que lhedêem substância e sentido.

iscursando na cerimónia do Diade Portugal, de Camões e dasComunidades Portuguesas,perante as mais altas individua-

lidades políticas e judiciais do País, oPresidente da República insistiu nanecessidade de um reforço da repressãode práticas incompatíveis com a defesa doregime democrático e dos direitos doscidadãos, nomeadamente osnarcotraficantes e os exploradores da mão-de-obra clandestina. Tendo também a ouvi-lo o chefe de Estado de Cabo Verde,Mascarenhas Monteiro, Jorge Sampaiofrisou ser preciso uma atitude «implacável»com as redes internacionais de tráfico eexploração de mão-de-obra, «extremandoos limites da lei para que, à sombra desubterfúgios ainda existentes, não seperpetuem as situações de degradaçãohumana que não podemos tolerar.Devemos ser intransigentes com as redesinternacionais de imigrantes ilegais e comos empregadores nacionais que procuramaumentar os seus lucros à custa daexploração inumana da mão-de-obraclandestina», sustentou.Também segundo o Presidente daRepública, «é indispensável que a lei emvigor sobre as condições de trabalho e aqualidade do emprego seja respeitada,reprimindo-se o recurso ao emprego ilegal,ao trabalho clandestino e ao trabalhoinfantil». Por outro lado, adiantou, «tudodevemos fazer para que os traficantessejam severissimamente punidos,tomando-se todas as medidas de combateao branqueamento do dinheiro da droga».Sobre o problema da toxicodependência,o Presidente da República enfatizou que«não é bom conselho fecharmo-nos emideias pré-concebidas. Hoje, a par doreforço das polít icas repressivas decombate ao narcotráfico, que têm de sercada vez mais severas e eficazes, éindispensável encarar com seriedade a

descriminalização do consumo de algumasdrogas e de iniciar uma nova geração depolíticas de apoio a toxicodependentes.Não podemos transformar o combate àdroga e aos traficantes num combate aoscidadãos toxicodependentes», observouJorge Sampaio.

Sampaiocontra alarmismos

O Presidente da República sublinhoudepois que a indicação que faz dosproblemas que afectam e condicionam asociedade portuguesa decorrem da sua«preocupação com os grandes objectivosestratégicos» do desenvolvimento dePortugal. «O Presidente da República nãoé nem alternativa, nem o substituto dosgovernos ou das oposições», reafirmouJorge Sampaio, para quem «a estabilidadenão se confunde com passividade nemcomo imobilismo» políticos. Quanto àeconomia, há que «saber distinguir o quenão pode ser confundido: uma coisa sãoas dificuldades conjunturais que tornammais vulneráveis as nossas fragilidadesestruturais. Outra coisa bem diferente é avisão catastrófica de um país à beira de umcrise económica, porque essa não é anossa realidade», referiu.Para Jorge Sampaio, «é preciso rigor napreparação do futuro e realismo na gestão

do presente», cabendo aos responsáveispolíticos «apresentar (aos portugueses)com rigor o estado do País, não iludindoas dif iculdades e não adiando asquestões». Esta intervenção do chefe deEstado foi depois muito elogiada peloprimeiro-ministro, António Guterres.Também durante a sessão solene do Diade Portugal, de Camões e dasComunidades Portuguesas, o Presidenteda República considerou que chegou aaltura de a CPLP «dar novos passos» e delhe serem traçados «objectivos de médiosprazo». Fazendo uma «análise positivadestes primeiros anos da CPLP», JorgeSampaio frisou que «agora é chegada ahora de dar novos passos, concretizandoprojectos que dão sentido e substância».Entre esses projectos, adiantou, «está,naturalmente, o de pôr em acção umapolít ica ambiciosa de l íngua, cominstrumentos, como a televisão e as novastecnologias de comunicação, com meiose com uma dinâmica tais que possam darao português a afirmação e a difusão a quetem direito».Insistindo na «evolução progressiva dacomunidade», Jorge Sampaio defendeu anecessidade de «dotar a CPLP de umaplataforma de objectivos a médio prazo,dos recursos financeiros necessários e deum sistema de avaliação rigorosa dos seusresultados». Dirigindo-se em particular ao

Presidente de Cabo Verde, Jorge Sampaioexpressou o seu agradecimento pelocontributo dado ao desenvolvimento dePortugal pela comunidade cabo-verdianaimigrante.O chefe de Estado reafirmou ainda avontade de combater, além da xenofobia edo racismo, «a falta de condições sociais»,as «dificuldades de uma integração queproporcione» e assegure «ao mesmo tempoo respeito pelas identidades culturais ereligiosas» que coexistem no país.

Guterreselogia emigrantes

Antes da sessão solene, o Presidente daRepública participou numavideoconferência com jovens luso-descendentes no pavilhão de Portugal daExpo-2000 em Hanôver, Alemanha. O chefede Estado, que recebera momentos anteso corpo diplomático acreditado em Portugale inaugurara a exposição «32 jovenspintores», insistiu com os jovens numponto: obterem a maior formaçãoacadémica, profissional e técnica possívelpara assim terem sucesso no regresso aPortugal, ou se permanecerem nos paísesde acolhimento. Jorge Sampaio instoudepois os jovens a pedir aos membros doGoverno com quem estavam � o ministroda Ciência e da Tecnologia, Mariano Gago,e os secretários de Estado Ana Benaventee José Lello � para resolverem osproblemas do ensino da língua portuguesae da equiparação dos diplomas obtidos noestrangeiro.Na véspera, em Paris, o primeiro-ministro,António Guterres, afirmou que acomunidade portuguesa em Françadignifica e honra Portugal. António Guterresparticipou na passada sexta-feira no jantarde gala de encerramento do I CongressoEuropeu das Empresas Familiares quedecorreu durante três dias na capitalfrancesa. O primeiro-ministro optou porenviar «uma mensagem muito sentida defraternidade e de solidariedade àcomunidade portuguesa em França». Umacomunidade que «muito nos dignifica, quemuito nos honra, que é a mais importantecomunidade que temos no estrangeiro edá um contributo fundamental para opróprio desenvolvimento da França»,declarou.António Guterres relembrou, aliás, que«esse contributo é sempre referido pelosresponsáveis políticos franceses, de umaforma altamente elogiosa que muito nosorgulha. O Dia 10 de Junho, Dia dePortugal, de Camões e das ComunidadesPortuguesas foi celebrado oficialmente emFrança com uma recepção na Embaixadade Portugal, em Paris, enquanto asassociações realizaram numerosasiniciativas culturais e desportivas.

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ACÇÃO SOCIALISTA 4 15 JUNHO 2000

POLÍTICA

BONS RESULTADOSSEM VIOLÊNCIA POLICIAL

SEGURANÇA INTERNA Fernando Gomes apresentou relatório de 1999

O ministro da AdministraçãoInterna, Fernando Gomes, afirmouna sexta-feira, na Assembleia daRepública, que Portugal, no quadroda sociedade que possui e com osinstrumentos de segurança de quedispõe em meios materiais ehumanos, obteve bons resultadosno combate à criminalidade. Bonsresultados que foram alcançados,sublinhou o mesmo membro doGoverno, sem recurso à violênciapolicial, ou da violação dos direitosfundamentais dos cidadãos.Resultados e conclusões que foramrecentemente reconhecidos peloComité para a Tortura do Conselhoda Europa, pela AmnistiaInternacional e pela maioria doscidadãos portugueses. Do relatóriode Segurança Interna, destaquepara a descida do número departicipações de crimes dehomicídio ou de ofensas corporaisgraves.

nosso projecto actual e o dofuturo vão no sentido de queo país disponha cada vezmais de elevados índices de

segurança, tendo presente que a políciaestá ao serviço das pessoas. Queremosobter os melhores resultados, primeiro naprevenção, depois na investigação, massem esquecer que a eficácia policial deverámanter-se nos limites do respeito pelosdireitos fundamentais dos cidadãos.» Foicom estas palavras que o ministro daAdministração Interna terminou o seudiscurso perante os deputados, no qualprocedeu à apresentação e à explicaçãodos resultados constantes no Relatório deSegurança Interna de 1999.Na mesma ocasião, Fernando Gomesrevelou ter entregue ao presidente daAssembleia da República, Almeida Santos,pareceres dos professores João Campos,Sérvulo Correia e Viera de Andrade, ondese conclui que a proposta do Governo decriação de sindicatos da polícia nãocontraria a Constituição. «A criação dasassociações sindicais de polícia há tantodesejadas não pode deixar de contribuirpara a clarif icação da situação derepresentatividade dos seus profissionais»,contribuindo para «uma mais l inear,transparente e correcta relaçãoconstitucional». Segundo o ministro,«projectos como os da implementação daspolícias municipais, do desenvolvimento davertente civil na PSP, da utilização cada vezmaior dos agentes policiais em acções depoliciamento, do desenvolvimento deprogramas escolares modernos e dautilização das novas tecnologias, comdestaque a para a informatização daactividade policial, para além dos aspectosquantitativos, consubstanciam uma

alteração qualitativa dos resultados daacção policial para o futuro».É precisamente nesse contexto, justificoulogo a seguir, que cabe enquadrar oexercício da «liberdade sindical e os direitosde negociação colectiva e de participaçãopessoal da PSP. Como é hábito, o Governoapresentou uma proposta que pretenderegular estes exercícios e direitos. Sem atéhoje se declararem contrários a taisprincípios, alguns grupos parlamentares(especialmente o PSD) mostram-sereticentes quanto à sua adesão à propostado Governo sob o pretexto de que aConstituição da República não a acolhe»,lamentou o membro do Executivosocialista.

Apelo à seriedadenas oposições

Quanto aos resultados do Relatório deSegurança Interna do ano passado,Fernando Gomes advertiu que os «númerosrelativos à participação de crimes devemser analisados com rigor, sem o que secorre o risco de chegar a conclusõeserradas no plano das polít icas desegurança pública e combate àcriminalidade. A matéria de segurança

interna, pela sua natureza, terá de abordar-se com uma postura de granderesponsabilidade, o que implica o nãoenvolvimento de quem a discute num merodebate estatístico ou contabilístico comoarma de arremesso político», declarou. Pelocontrário, na sua perspectiva, a observaçãodo relatório deve constituir, sobretudo, «uminstrumento de análise para projectos defuturo mais informados e,consequentemente, susceptíveis depermitir melhores ou diferentes soluções».No que respeita ao ano de 1999, a taxa departicipações registadas pela PSP, GNR ePJ aumentou 5,9 por cento relativamente a1998, sendo um crescimento que, emtermos relativos, não é muito significativo.Contudo, «não pode deixar de merecertoda a nossa atenção», referiu, lembrandoque cedo denunciou que o ano passado«representava um crescimento anormal dedois tipos de crimes: o roubo por esticão eo furto na via pública».De acordo com o ministro da AdministraçãoInterna, «o conhecimento de que cerca de60 por cento dos crimes contra as pessoase contra o património tem hoje por base oconsumo de droga, leva-nos à motivaçãoe à procura de melhores soluções para oproblema nas suas raízes; depois, o facto

de este tipo de crimes contribuir fortementepara o sentimento de insegurança doscidadãos, levou-nos a equacionar umconjunto de medidas para os atalhar».

Crimes de homicídiodescem

Um dado importante, segundo o ministroda Administração Interna, é a descida em6,8 por cento do número de participaçõesnos crimes de homicídio, ofensas corporaisgraves e violações». Ora, isto significa que«os mais crimes contra as pessoasregistaram um decréscimo que exprime, aum nível profundo, uma tendência para apacificação da sociedade portuguesa».Esta tendência, como realçou o titular dapasta da Administração Interna, «não épassível de duas leituras, uma vez que oscrimes como o homicídio e as ofensascorporais graves apresentam baixas cifrasnegras, pois são, quase sempreparticipados, ao contrário do que sucedecom os crimes de furto, difamação, injúriaou de ofensas corporais simples, porexemplo, cujas vítimas optam muitas vezespela inércia».Embora o ministro reconheça que adiminuição das participações de crimescontra as pessoas foi acompanhada porum acréscimo das participações doscrimes contra o património ou contra a vidaem sociedade, Fernando Gomes, noentanto, frisou que esses aumentos «nãopodem ser imputados a uma deficienteactuação criminal do Governo, ou a umaineficaz acção da polícia. O aumento departicipação de furtos exprime uma maiorconfiança dos cidadãos nas autoridades,que os leva a denunciar crimes que nopassado omitiam por não acreditarem nasua efectiva perseguição e punição».Segundo o ministro da AdministraçãoInterna, «em todos os domínios, a politicado actual Governo e do anterior (tambémsocialista) orienta-se numa direcção bemdefinida: abertura de novas esquadras epostos de polícia, em vez do seuencerramento (estão em construção 40novos quartéis e esquadras, em lançamentode concurso mais 20 e em execução deprojecto 76); aumento significativo donúmero de agentes dos Serviços deEstrangeiros e Fronteiras (desde 1996formaram-se 10064 agentes e guardas eentram ao serviço este ano mais 2090);reforço dos meios e equipamentos(adquiriram-se desde 1995, 4912 viaturas,sendo 350 para a Escola de Segurança);deram-se os passos que faltava para acriação das polícias municipais, tendo játerminado o prazo para apresentação decandidaturas». Importante, sem dúvida,consagrou-se na prática a ideia dopoliciamento de proximidade e estão emaplicação programas de protecção à vítimaespecialmente carentes, como os jovens eos idosos.

«O

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15 JUNHO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA5

GOVERNO

OPÇÃO PELA CO-INCINERAÇÃOCONFIRMADA

DESTAQUE � CM Ambiente

Conselho de Ministros aprovou,na passada quinta-feira, dia 8,uma resolução que confirma aopção pela co-incineração como

método de tratamento de resíduosindustriais perigosos cujo destino maisaceitável é a queima.Na sequência da resolução n.º 98/97, de 25de Junho, definiu o XIII GovernoConstitucional uma estratégia de gestão dosresíduos industriais, ao abrigo da qual foramaprovados o decreto-lei que estabeleceu asregras a que fica sujeita a gestão de resíduose o diploma que transpôs para o direitointerno as disposições constantes dadirectiva comunitária relativa à incineraçãode resíduos perigosos.Ao abrigo deste dispositivo, iniciou-se oprocesso de avaliação de impacte ambientalde um projecto de tratamento de resíduosindustriais perigosos pelo sector cimenteiro,que culminou com um despacho da ministrado Ambiente de 28 de Dezembro de 1998.Posteriormente, a Assembleia da Repúblicadecretou que as operações de co-incineração de resíduos industriaisperigosos, incluindo a avaliação e selecçãode locais para queima e tratamento dessesresíduos, ficariam condicionadas ao parecerde uma Comissão Científica Independente.Ora, tendo em conta o parecer da ComissãoCientífica Independente, o Executivoentendeu não existirem razões paraintroduzir alterações ao decreto-lei n.º 273/98, de 2 de Setembro, face à inexistênciade matéria susceptível de ser revista.Assim, este diploma acolhe as seguintesdecisões confirma a opção pela co-incineração como método de tratamento deresíduos industriais perigosos cujo destinomais aceitável é a queima; confirma tambéma hierarquia de opções de gestão deresíduos consignada na resolução deConselho de Ministros n.º 98/97, de 25 deJunho, o que significa que só deverão serconduzidos para co-incineração os resíduosque não sejam passíveis de redução,reutilização ou reciclagem; e comete aoInstituto dos Resíduos a elaboração de umalista de resíduos susceptíveis de co-incineração.O diploma aprovado reitera igualmente queas autoridades competentes deverãoatender às recomendações do relatório daComissão Científica Independente nadefinição das condições de autorização doprojecto de co-incineração; e confirma acontinuidade do projecto de co-incineraçãoem cimenteiras, nos termos da legislaçãoem vigor, sob a supervisão da ComissãoCientífica Independente.

Co-incineraçãoem Souselas e Outão

Na mesma reunião os governantes deramluz verde a uma resolução que acolhe apreferência manifestada pela ComissãoCientífica Independente pela localização do

projecto de co-incineração nas unidadescimenteiras de Souselas (Coimbra) e Outão(Setúbal), nos termos e com as limitaçõesali recomendadas.Face à dimensão e gravidade que assumeo problema dos resíduos industriais, emespecial no que respeita às consequênciasambientais emergentes da ausência detratamento adequado e da proliferação delixeiras e locais contaminados existentespor todo o País onde são depositadosclandestinamente, sem qualquer controlo,toda a espécie de resíduos industriais, oExecutivo socialista definiu uma estratégiade gestão dos resíduos industriais capazde conduzir a uma gestão eficiente,moderna e adequada deste t ipo deresíduos, clarificando regras e identificandoas responsabil idades dos diversosintervenientes.De entre os vários princípios orientadoresda estratégia de gestão dos resíduosindustriais, o Governo optou,designadamente, por eleger como princípiofundamental a necessidade de se procederà separação dos resíduos industriais, querem relação aos restantes tipos principais deresíduos (urbanos, hospitalares e outros),quer através da separação, na origem, entreos resíduos industriais perigosos e nãoperigosos, atenta a significativa diferençaexistente quanto aos correspondentesmétodos de gestão a adoptar � formas derecolha e transporte, tipos de valorização,tratamento e destino final.No que diz respeito em especial aosresíduos industriais perigosos, cujaclassif icação resulta de critérios dedistinção objectivos válidos no espaço daUnião Europeia, o Executivo do PS,considerando as vantagens ambientais eeconómicas comprovadas em váriosestudos comparativos, a necessidade deatingir os requisitos ambientais exigidospela legislação nacional e europeia, aexistência de um saldo de custo-benefício

ambientalmente favorável, bem como amaior flexibilidade na implementação efuncionamento deste sistema, optou pelasolução da co-incineração em unidadescimenteiras nacionais, como formapreferencial de tratamento de resíduosindustriais perigosos incineráveis, cujaprodução não possa ser evitada e que nãosejam susceptíveis de reutilização oureciclagem.Nessa conformidade, o Governo chefiadopor António Guterres estabeleceu as regrasa que fica sujeita a incineração de resíduosperigosos por forma a prevenir ou reduzirao mínimo os efeitos negativos noambiente.Na sequência da apresentação de umprojecto de eliminação de resíduosindustriais pelo sector cimenteiro, incluindoo respectivo Estudo de Impacte Ambiental,foi nomeada uma Comissão de Avaliaçãodo Impacte Ambiental e decorreramdiversas audiências públicas, uma em cadauma das potenciais localizações relevantespara a implementação do processo de co-incineração.A comissão concluiu que «não se colocamquestões de carácter técnico inibidoras dalocalização de qualquer das componentesdo projecto» e que os «problemas denatureza técnica suscitados pelas diversaslocalizações das diversas componentes doprojecto são passíveis de ser enfrentadostecnicamente com suficiente eficáciaambiental, uma vez adoptadas as soluçõesque reflictam o estado da arte e asseguradoo cumprimento rigoroso dosprocedimentos legais e a satisfação dascondicionantes constantes deste parecer».Não obstante a possibilidade de qualqueruma das localizações, a Comissão deAvaliação de Impacte Ambiental propôs aslocalizações de Maceira e de Souselas noque respeita à co-incineração.Nos termos do relatório elaborado pelareferida Comissão, e depois de aludir à

necessidade premente de Portugal disporde unidades de queima de resíduosindustriais perigosos, recomendou-se aimplementação do «processo de co-incineração em fornos de unidadescimenteiras por não implicar um acréscimoprevisível de emissões nocivas para asaúde quando comparado com a utilizaçãode combustíveis tradicionais, por termenores impactos ambientais que asincineradoras dedicadas, contribuir paraum decréscimo do efeito de estufa,conduzir a uma maior recuperação deenergia, por não ter impactos ambientaisacrescidos em relação aos da produçãode cimento quando respeitando os limitesfixados, por razões económicas maisfavoráveis em termos de investimentos ede custos de operação, e por se revelarcomo uma solução mais flexível para agestão dos resíduos industriais perigosos,permitindo acompanhar melhor a evoluçãotecnológica».A Comissão recomendou, por outro lado esempre fundamentadamente, que oprocesso de co-incineração fosseimplementado nas cimenteiras de Souselas(Coimbra) e do Outão (Setúbal) e quefossem observadas determinadas regras eprocedimentos destinados a garantir ainexistência de impactes ambientaisacrescidos em relação à produção decimento e a ausência de riscos para aspopulações e a segurança dos operadores.Assim, o diploma aprovado em reunião deConselho de Ministros vem assim acolhera preferência manifestada pela localizaçãodo projecto de co-incineração nasunidades cimenteiras de Souselas e Outão;facultar aos interessados a possibilidadede se pronunciarem por escrito, através doInstituto de Promoção Ambiental (IPAMB),até 15 dias após a publicação daresolução, sobre as medidas decorrentesdo número anterior e constantes doRelatório da Comissão Científ icaIndependente; e remeter para despacho doministro do Ambiente e do Ordenamentodo Território, a conclusão sobre aponderação das recomendações daComissão Científica Independente e dosargumentos aduzidos pelos interessadosquanto à localização do projecto de co-incineração em unidades cimenteiras.O Executivo socialista declarou, pois, paratodos os efeitos legais, que face àpremência em tomar medidas quepermitam resolver o grave problemaambiental do tratamento dos resíduosindustriais, o desenvolvimento do processode co-incineração de resíduos industriaisperigosos nas unidades cimenteirasnacionais e os actos em que o mesmo seconcretize revestem relevante interessepúblico; e reconheceu que prolongar ouagravar a actual situação relativa àinsuficiência do tratamento dos resíduosindustriais perigosos em causa, constituigrave lesão do interesse público.

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ACÇÃO SOCIALISTA 6 15 JUNHO 2000

GOVERNO

PELO PAÍS Governação Aberta

ADMINISTRAÇÃO INTERNAo secretár io de Estado Adjunto dominist ro da Administ ração Internaanunciou, no dia 11, em Vila Real, que oGoverno está a desenvolver um programapara dotar as cidades com equipamentode prevenção e combate aos incêndiosurbanos.

Manuel Diogo, que presidia à cerimóniade entrega de uma auto-escada e de umpronto socorro urbano aos Bombeiros daCruz Verde de Vila Real, referiu que oExecutivo tem agora como prioridade aprotecção e o combate aos incêndiosurbanos.«Depois da renovação das frotas dosbombeiros no combate aos incêndiosflorestais, verifica-se agora cada vez maisa necessidade de proteger as cidades»,sublinhou.O governante considera que as cidadestêm vindo a crescer de uma forma rápida,não só em comprimento a nível deterritório, mas também em altura, por issoa aposta nas auto-escadas.«Estamos a dotar os centros urbanos comum conjunto de equipamentos,nomeadamente 35 auto-escadas, quevisam resolver com eficácia os problemasque aí possam surgir», salientou.Segundo Manuel Diogo, trata-se de um«grande esforço financeiro que o Governoestá a fazer a nível do equipamento dosbombeiros portugueses, tanto nos meiosde locomoção � carros de pronto socorroe ambulâncias � como também namodernização das instalações e naformação dos agentes».

ADMINISTRAÇÃO LOCALO secretário de Estado da AdministraçãoLocal, José Augusto Carvalho, anunciousegunda-feira, dia 12, em Leiria, que osapoios ao equipamento associativo ereligioso vão aumentar um milhão decontos (cinco milhões de euros) este ano.A verba in ic ia lmente inscr i ta noOrçamento de Estado era de três milhõesde contos (15 milhões de euros), mas oelevado número de candidaturas obrigaa um aumento, reconheceu José AugustoCarvalho, considerando que «há umadescoordenação entre a capacidade

orçamental e o número de candidaturasapresentadas».Desta forma, o programa de equipamentoassociativo e religioso, criado no âmbitoda Secretaria de Estado da AdministraçãoLocal, «vai ter um reforço de um milhãode contos ainda este ano, para poderdescongestionar esta situação».

Assim, «as candidaturas que ainda nãoforam atendidas mantêm-se válidas atéfinal do ano», notou o secretário deEstado.Afirmando que estes subsídios não«benef ic iam dos favores da UniãoEuropeia», mas dependem directamentedo Orçamento de Estado, José AugustoCarvalho explicou que este programa nãoera muito divulgado.Actualmente, «os apoios são maisprocurados pelas associações locais»,referiu.No distrito de Leiria, 137 associaçõescandidataram-se a subsídios de 60 porcento para obras com orçamentos nãosuperiores a dez mil contos, mas apenas15 viram a sua proposta aprovada.

CIÊNCIA«As c iências socia is e humanasquestionam cada vez mais a própria ideiade Ciência», admitiu quinta-feira, dia 8, oministro da Ciência e da Tecnologia,Mariano Gago.Discursando na cerimónia de entrega doPrémio Gulbenkian de Ciência 1999,atribuído a dois investigadores da áreade História, o governante destacou opapel das ciências sociais e humanas,atr ibuindo- lhes uma «granderesponsabilidade» perante o público.Em causa, segundo o ministro, está ofacto de muito do que é produzido nestaárea poder ser lido por especialistas e pornão-cientistas, sendo raras as ciênciasem que isso acontece.O Prémio Gulbenkian de Ciência 1999, novalor de três mil contos, foi entregue aosinvestigadores Cristina Pina e Sousa eSaúl António Gomes, da Faculdade deLetras da Universidade de Coimbra, peloseu trabalho relacionado com o mosteirocisterciense em Santa Maria de Cós,Alcobaça.

O estudo, int i tu lado « Int imidade eEncanto», revela a primeira abordagemem Portugal do que foi a comunidademonástica no feminino, passando poráreas como a história da arte e daalimentação, explicou Saúl Gomes.

Trata-se de uma abordagem global dahistória do mosteiro, do ponto de vistaart ís t ico e da comunidade humanaresidente ou com relações com osreligiosos.O trabalho percorre um período temporalmuito abrangente, que vai desde ostempos medievais até 1834, data daextinção do mosteiro (actualmente emruínas), com particular destaque para osséculos XVI, XVII e XVIII.

DESPORTOA recente recusa do Benfica em assinaro contrato programa referente às obrasnos estádios para o Euro�2004 em futebolcausou «alguma estranheza» ao ministroadjunto, Fernando Gomes.«Causa-me alguma estranheza umaumento de custos que varia entre osiniciais 5,2 milhões de contos e os 11milhões de contos actuais», considerouo ministro, para quem «há regras acumprir, previamente estipuladas noprotocolo que o Benfica assinou».A eventual ausência do Estádio da Luzdo lote de dez estádios inicialmenteprevistos não prejudica, no entanto, aorganização do Europeu nem arealização da final do campeonato.«Inicialmente era complicada a ausênciado Estádio da Luz, porque era o únicoestádio com capacidade para 50 millugares, mas o Sporting alterou o seuprojecto e terá esses lugares disponíveis,assim como o FC Porto. Logo um localrecebe a cerimónia de abertura e outro afinal», referiu Fernando Gomes.Contudo, o governante frisou que asnegociações com o Benfica ainda nãoestão encerradas, havendo também ahipótese de o clube custear a totalidadedas obras e não pretender o subsídioestatal, como tem afirmado o presidente«encarnado», João Vale e Azevedo, quejá anunciou a real ização dosmelhoramentos com verbas próprias.

ECONOMIAO ministro das Finanças e Economiadesmentiu, no dia 9, em Lisboa, queesteja em preparação um orçamentorectificativo, apesar de as receitas doImposto sobre os Produtos Petrolíferos(ISP) estarem nos cinco primeiros meses48 milhões de contos abaixo de períodohomólogo de 1999.Pina Moura, que falava em conferênciade Imprensa no âmbito do Dia Europeuda Concorrência, assinalou que aocontrário do ISP, as receitas de IRS e IVAexcederam as previsões nos primeirosmeses do ano.

O governante observou que a execuçãoestá próxima da percentagem homólogade 1999 no domínio das receitas e temum desempenho mais favorável nadespesa, sendo os valores consistentescom o Orçamento de Estado para 2000(OE 2000).O ministro classificou como um «objectivoirrenunciável» não ultrapassar um déficedo sector público administrativo (SPA) de1,5 por cento do PIB e recordou que oOE 2000 e o decreto de execuçãoorçamental prevêem um congelamentode verbas para acautelar desvios do ladoda receita, designadamente do ISP.

EQUIPAMENTOO ministro do Equipamento Social, JorgeCoelho, inaugurou, no dia 12, a estaçãoterrena de satélite que vai passar aassegurar as comunicações com oexterior a partir das ilhas das Flores eCorvo.O novo equipamento permitirá melhoriasnas comunicações de ambas as ilhas,sendo as ligações do Corvo encaminhaspor feixe para Santa Cruz das Flores,onde foi implantada a estação.Flores e Corvo ficaram de fora do anelde fibra óptica que liga as outras setei lhas do arquipélago, uma opçãojustificada pelos elevados custos queimplicaria a sua inclusão.A inauguração da estação terrena dasFlores inseriu-se no âmbito do programada visita que o Governo Regional iniciousegunda-feira ao grupo ocidental dosAçores, e que se prolonga por cinco dias.

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15 JUNHO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA7

GOVERNO

PELO PAÍS Governação Aberta CONSELHO DE MINISTROS Reunião de 8 de Junho

O Conselho de Ministros aprovou:

� Uma resolução que confirma a opção pela co-incineração como método detratamento de resíduos industriais perigosos cujo destino mais aceitável é a queima;� Uma resolução que acolhe a preferência manifestada pela Comissão CientíficaIndependente pela localização do projecto de co-incineração nas unidades cimenteirasde Souselas (Coimbra) e Outão (Setúbal), nos termos e com as limitações alirecomendadas;� Uma proposta de lei que aprova a Lei da Rádio;� Um decreto-lei que reorganiza sob a forma empresarial a gestão da carteira detítulos do Estado e do património imobiliário público através da criação da Parpública- Participações Públicas (SGPS), SA;� Um decreto-lei que prorroga as medidas preventivas de ocupação do solo na áreapotencial de localização do novo aeroporto da OTA;� Um decreto-lei que cria bonificações de juros para as linhas de crédito destinadasao financiamento complementar dos projectos de investimento de natureza municipale intermunicipal aprovados no QCA 2000-2006;� Uma proposta de resolução que aprova, para adesão, a convenção relativa à criaçãode uma Agência Espacial Europeia (ESA), assinada em Paris a 30 de Maio de 1975;� Um decreto-lei que cria a Agência Nacional para a gestão das segundas fases dosprogramas de acção comunitários «Leonardo da Vinci» e «Sócrates», bem como arespectiva Comissão Nacional;� Um decreto-lei que cria os órgãos consultivos do Ministério da Agricultura, doDesenvolvimento Rural e das Pescas e estabelece os critérios de representatividadedas organizações que integram esses órgãos;� Um decreto-lei que transpõe para a ordem jurídica interna a directiva comunitáriaque fixa métodos de análise para a determinação dos teores de amprolium, do diclazurile do carbadox nos alimentos para animais e nas pré-misturas e revoga métodos deanálise previstos na portaria n.º 816/89, de 14 de Setembro;� Um decreto-lei que transpõe para a ordem jurídica interna a legislação comunitáriaque aprovou o Regulamento da Inspecção de Navios Estrangeiros (RINE);� Um diploma que revê a legislação do Sector Eléctrico Nacional;� Um diploma que altera o n.º 3 do artigo 2º do decreto-lei que estabelece o estatutolegal da carreira de técnico de diagnóstico e terapêutica;� Um decreto regulamentar que revoga a servidão militar do PM 3/Águeda, designadoQuartel de Águeda e anexos, instituída pelo decreto regulamentar n.º 54/91, de 11 deOutubro;� Uma resolução que aprova o projecto de emparcelamento do perímetro de Montemor-o-Velho.

Nas Flores, o Governo Regionalinaugurou, também, o novo matadouroda ilha e o nova estação dos correios deSanta Cruz.

Durante a visita ao Corvo foi igualmenteinaugurado um quiosque multimédia eterminal «Infocid», sendo ainda aberta asede da associação agrícola e do núcleolocal dos Serviços de DesenvolvimentoAgrário.

PLANEAMENTOO secretár io de Estado adjunto daminist ra do Planeamento, RicardoMagalhães, anunciou, no dia 10, que ospr imeiros projectos do I I I QuadroComunitário de Apoio serão aprovadosaté ao fim do mês.

Segundo Ricardo Magalhães, asunidades de gestão dos cinco programasoperacionais regionais começarão afuncionar logo após a sua assinatura, quedecorrerá a 20 de Junho na Fundação deSerralves, no Porto.O secretár io de Estado fa lava emAlfândega da Fé, onde presid iu àinauguração de uma unidade hoteleira evisitou a Festa da Cereja, certame quedecorreu naquela vila.A Estalagem Nossa Senhora das Neves,de cinco estrelas e com 25 quartos e duas

suites , encontra-se a mil metros dealtitude, em plena serra de Bornes.Situada junto da estrada que Macedo deCavaleiros a Alfândega da Fé, de ondedista cerca de uma dezena dequilómetros, é um investimento de 400 milcontos, resultado de uma parceria entrea câmara local e investidores privados.A construção da estalagem beneficiou de275 mil contos de fundos comunitários,originários de um programa de apoio aoinvestimento turístico e do Feder.

TURISMOO secretário de Estado do Turismo, VítorNeto, disse que o Conselho de Ministrosaprovará brevemente o diploma que abreo caminho à consagração dagastronomia como património nacional.Falando sábado, no final da inauguraçãoda V Semana de GastronomiaPortuguesa, que decorreu no ParqueMunicipal de Feiras e Exposições deLagoa, Ví tor Neto, subl inhou que odiploma vai dar valor legal a um trabalhodesenvolv ido na Direcção-Geral deTurismo.

«Entre os princípios definidos para aprovação do diploma consta a criação deum inventário nacional das receitastradicionais portuguesas e os produtosespecíf icos que integram cada umadessas receitas», disse o governante.A criação de uma base de dados nacionalgerida por um organismo, o qual temcomo missão a preservação e defesadesse conjunto de dados, e o lançamentode uma sér ie de concursos degastronomia à escala nacional e regionalpara a promoção da gastronomia sãooutros pontos previstos no futurodiploma.«Os empresár ios do sector darestauração, em todas as regiões do País,desde que acarinhem e tratem comelevada qualidade a gastronomia dassuas regiões, podem fazer bons negócioscom a consagração da gastronomiacomo Património Nacional», declarou.Para Vítor Neto, trata-se de um produtoturístico novo, a gastronomia, sector «ondehá uma vasta experiência em muitasregiões e onde vale a pena investir».

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ACÇÃO SOCIALISTA 8 15 JUNHO 2000

GOVERNO

NOVA ESTRATÉGIA DE GESTÃO

RADIODIFUSÃO TEM NOVA LEI

DESTAQUE � CM Património público

DESTAQUE � CM Media

Executivo socialista deu cartabranca quinta-feira, dia 8, à novaLei da Rádio.A evolução tecnológica e as

novas expectativas sociais e económicasque lhe estão associadas exigem um novoenquadramento jurídico para o exercício daradiodifusão sonora, matéria que seencontra hoje regulada na Lei n.º 87/88, de30 de Julho, alterada pela Lei n.º 2/97, de18 de Janeiro, que fixa as condições doseu exercício, e no decreto-lei n.º 130/97,de 27 de Maio, no que concerne ao acessoà actividade.Assim, projectando o advento dasemissões digitais por via hertziana terrestree assumindo que tal realidade começa porconstituir o natural desenvolvimento daradiodifusão analógica, assume-se desdejá como factor de preferência na atribuiçãode capacidade nas novas redes a detenção

actual de uma licença para o exercício daactividade, tornando-se esta viável atravésde outros modos de distribuição do sinal,fisicamente menos limitados que o espaçohertziano terrestre.Demonstrando a experiência ser urgenteadequar o normativo vigente às finalidadespróprias da actividade de radiodifusão,designadamente de âmbito local, bemcomo às necessidades do auditório a servir,são agora introduzidas algumas alteraçõesconsideradas indispensáveis para o efeito:� Consagra-se o princípio daintransmissibil idade das l icenças eautorizações para o exercício da actividade,de modo não só a conferir sentido útil aoprocesso da sua atribuição como a garantiro envolvimento efectivo dos operadoresnos projectos apresentados;� Salvaguarda-se a pertinência dasemissões fornecidas às populações da sua

área de cobertura, através da clarificaçãodas normas relativas à produção e difusãode programação própria e dos termos emque as rádios podem emitir em cadeia;� Permite-se que as autarquias locais,através de processos sindicáveis etransparentes, celebrem protocolos decolaboração com as rádios dos respectivosconcelhos, contribuindo assim para o seudesenvolvimento.� Com vista a garantir a livre expressão e oconfronto das diversas correntes deopinião, estabelecem-se agora normas quesujeitam as operações de concentração aocontrolo da Alta Autoridade para aComunicação Social;Especial atenção mereceu o exercício dodireito à informação através da actividadede radiodifusão remetendo-se para oregime de protecção do Estatuto doJornalista a questão do acesso a locais

públicos para fins de cobertura informativa;garantindo-se a protecção não só dosdireitos de autor e conexos como dosdireitos dos organizadores de espectáculosem geral; e explicitando-se que o exercíciodo direito à informação sobreacontecimentos desportivos através darádio não pode ser l imitado oucondicionado pela exigência de qualquercontrapartida financeira para o seuexercício.Finalmente, introduzem-se normasreguladoras da prestação do serviçopúblico de radiodifusão e aperfeiçoam-seas regras relativas à transparência dapropriedade, à publicidade e ao direito deresposta e de rectificação, tendo ainda sidorevisto o regime do i l ícito de meraordenação social, por forma a conferir-lheuma força dissuasora verdadeiramenteeficaz.

Governo chefiado pelocamarada António Guterresaprovou na generalidade, no dia8, em reunião de Conselho de

Ministros, um decreto-lei que reorganizasob a forma empresarial a gestão dacarteira de títulos do Estado e do patrimónioimobiliário público através da criação daParpública � Participações Públicas(SGPS), SA.A continuação do esforço de consolidaçãoorçamental e contenção das despesaspúblicas passa pela adopção de novasformas de gestão do património mobiliárioe imobiliário do Estado, que induza níveisacrescidos de racionalidade e de eficiênciae conduza a uma maior responsabilizaçãoefectiva dos intervenientes.Para além do programa de privatizaçõesexistem empresas e participações que, porrazões de interesse nacional, têm numdeterminado momento de continuarpúblicas. É assim necessário melhorar ascondições para um exercício efectivo eresponsabilizador da tutela financeira sobreas empresas públicas e para oacompanhamento f inanceiro dasconcessões de serviço público, que pesamcrescentemente sobre o orçamento.Para o efeito e considerando exigências deflexibilidade de resposta, elevado níveltécnico e independência dos interessesprivados, optou-se por atribuir a umaSociedade Gestora de ParticipaçõesSociais de capitais exclusivamente públicosa missão de deter as participações doEstado (que não seja consideradoestratégico manter na directa dependênciado Executivo) e de apoiar tecnicamente oministro das Finanças no exercício da Tutela

financeira sobre as restantes e noacompanhamento das concessões.O modelo organizativo de gestão dasparticipações sociais directas ou indirectasdo Estado pelo qual se optou, implica quea mesma seja levada a cabo por umaestrutura empresarial de cúpula destinadaa gerir as participações em empresas deobjecto mais especializado, na área doimobiliário e do mobiliário, as quaisrecebem parte do património que seencontra actualmente sob gestão directada Administração Pública.Assim sendo, este diploma vem criar aParpública � Participações Públicas,(SGPS), SA, através da restruturação da

Partest, passando o capital social da novaempresa para dois mil milhões euros.A Parpública tem por objecto, enquantoestrutura de cúpula, a coordenação gerale o acompanhamento global da gestão dopatrimónio afecto ao conjunto dasempresas cuja criação ora se prevê, tendoparticularmente em vista reforçar aintervenção na alienação das participaçõesnão estratégicas do Estado e maximizar onível de recursos disponíveis para arestruturação dos sectores empresariaispúblicos que fornecem bens ou serviçospúblicos e semi-públicos e para arecuperação económica e financeira dasempresas do sector público.

O diploma define o âmbito de intervençãoda Parpública, por forma a que a suaactuação se estenda a vertentescomplementares da própria gestão directadas participações do Estado,nomeadamente no que respeita àprestação de serviços deacompanhamento das empresas doEstado e apoio ao Governo na tomada dedecisões relacionadas com essasempresas, quer para efeitos deprivatização, quer no domínio dareestruturação e saneamento financeiros.A par da gestão do património mobiliáriodo Estado, também a gestão do patrimónioimobiliário deve ser equacionada, tendo emvista uma maior racionalidade na suautilização e a identificação e alienação dopatrimónio excedentário.Para prosseguir estes objectivos, éconstituída a Sagimo � Sociedade Gestorade Participações Sociais Imobiliárias, SA(com um capital social de 137 milhões deeuros) totalmente participada pelaParpública, que, por sua vez, criará na suadependência sociedades de objectoespecializado no financiamento, na gestãoe na alienação do património imobiliário, emestreita colaboração com a Direcção Geraldo Património, prevendo-se mecanismosespecíficos para a necessária articulaçãoinstitucional.Através desta estrutura empresarial,potenciam-se as capacidades de gestão daquantidade e qualidade dos imóveis doEstado e de alienação dos imóveisexcedentários, promove-se a racionalizaçãodas necessidades dos espaço dos serviçospúblicos e a colocação no mercado dosespaços excedentes.

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PARLAMENTO

PROJECTO LARANJA AGRAVAAINDA MAIS AS INJUSTIÇAS

E A DISCRIMINAÇÃO

REJUVENESCER A DEMOCRACIA

DEPUTADO CARLOS LUÍS Lei da Nacionalidade

O deputado do PS CarlosLuís, numa intervençãono dia 31 de Maio, nasessão plenária daAssembleia da Repú-blica, durante a discus-são de um projecto da

bancada laranja sobre a Lei daNacionalidade, referiu que o diploma doPSD «não resolve nenhum problemacomo, salvo melhor opinião, ainda agravamais as injustiças e a discriminação a quea lei de 1981 conduziu».Lei de 1981, também da responsabilidadedo PSD enquanto Governo, e que foi alvode duras críticas por parte do parlamentarda bancada socialista.Segundo Carlos Luís, «a solução agoraproposta é um remendo que não resolvea tremenda injust iça que a Lei daNacionalidade de 1981 assegurou, emhomenagem à medida de exclusãoimposta pela lei de Salazar».

Importa salientar, referiu o deputadoCarlos Luís, «que a lei nº 37/81, de 3 deOutubro, como o formato que tem (e quelhe foi dado pelo Governo do PSD)mantém em vigor, no que à matériarespeita, o essencial da lei salazarista».É que, adiantou, «a referida lei nº 2098estabelecia que perdia a nacionalidadeportuguesa quem adquir isse outranacionaliddae, mas estabelecia comosendo de registo obrigatório asdeclarações para perda denacionalidade».«Tal lei esteve em vigor de 1959 a 1982,mas tem continuado a ser aplicada, o queconduz a enormes injustiças», disse.Na parte final da sua intervenção, CarlosLuís anunciou que o Governo do PS iráapresentar em breve uma proposta de leisobre esta matéria, que colmatará graveslacunas deixadas em aberto no diplomaapresentado pelo PSD.

J. C. CASTELO BRANCO

DEPUTADA ISABEL SENA LINO Educação

A deputada socialistaIsabel Sena Lino defen-deu, no dia 7, na Assem-bleia da República, aaprovação da resoluçãoque as Comissões Parla-mentares da Educação e

da Juventude preparam no sentido dealargar o âmbito do projecto «A Escola e aAssembleia» até ao ensino secundário,estabilizando-se as condições de apoio aesta iniciativa.Falando sobre a VI Sessão Parlamentar «AEscola e a Assembleia», que decorreu nopassado dia 5, Isabel Sena Lino classificoua iniciativa como «um salutar exemplo decomunicação entre o Parlamento e asescolas portuguesas», num conhecidoquadro de «pouca informação que chegaàs pessoas a propósito do trabalhoparlamentar».«Esta casa rejuvenesceu em plenosentido», afirmou entusiasticamente adeputada do PS, destacando ainda orecurso ao programa Internet na escola eao sistema de vídeoconferência.«Esta primeira experiência, bem sucedida,permitirá a participação de outros jovensportugueses que vivam na emigração, empróximas iniciativas», disse.Referindo-se ao método de eleição dosjovens «deputados», que é decalcado daLei Eleitoral para a Assembleia daRepública, Isabel Sena Lino falou de «umaverdadeira disciplina viva para a

democracia».«É pela vivência de projectos destanatureza, mais que quaisquer discursos deboa retórica, que as crianças e os jovensaprenderão a construir a democracia comoum processo directo e dialógico, umaestrutura cooperante de resolução deproblemas reais», observou.Segundo a deputada do GP/PS, o projectoda escola e do Parlamento cresceu eenraizou-se por mérito próprio nosestabelecimentos de ensino, devendoenquadrar-se também e progressivamentenos diferentes projectos pedagógicos.Mas, «o que se reviveu no passado dia 5não pode permanecer à mercê dagenerosidade e entusiasmo dos seusimpulsionadores e dinamizadores», afirmouIsabel Sena Lino, acrescentando que «aAssembleia da República deverá reforçaresta componente de comunicação com apopulação estudantil, investindo nesteprojecto que demonstrou já as suaspotencialidades».«A democracia, que é o regime daliberdade, da cidadania e daresponsabilidade, tem de ser capaz demobilizar os cidadãos, ultrapassando osriscos da indiferença cívica, e salvaguardaro sentido de comunidade, a solidariedadee coesão social», reiterou a deputadasocialista, para quem «tudo começa naeducação».«Naquele dia, o Parlamento também foiescola», concluiu. MARY RODRIGUES

ESCLARECENDO SUSPEIÇÕESOBSCURAS

DEPUTADO JOSÉ PENEDOS Privatização da EDP

O Grupo Parlamentar doPartido Socialista apoia aautonomização da RedeEléctrica Nacional (REN)da EDP, com a passagemda concessão do trans-porte de electricidade da

EDP para a REN e à compra de 51 porcento da REN à EDP.Os deputados do PS estão convencidosde que «este é o melhor caminho para aeconomia do sector eléctrico e da indústriaem geral» e «a melhor solução para osaccionistas da EDP e para os portuguesesno seu conjunto».Assim o comunicou, no dia 7, à Assembleiada República, o parlamentar socialista JoséPenedos, numa declaração política sobrea matéria.O deputado defendeu que «o Estado temde cuidar de todos os interesses empresença sem esquecer o da sua própriaparticipação accionista a colocar nomercado em futuras operações».Por isso, referiu, «coloca-se a questão emtermos do que pode e do que deve oEstado fazer», e acrescentou: «Aconcessão do transporte de electricidadetem de ser passada da EDP para a REN, oque é equivalente ao resgate da concessãopelo Estado».«As regras para tal operação privilegiam ouniverso dos activos afectos à concessão»,clarif icou ainda, acrescentando que,«enquanto proprietária da REN a 100 porcento, a EDP tem então o direito estrito aser compensada do todo ou da parte queo Estado se propõe adquirir».«É este direito que prevalece no formato dasolução desde que não transporte qualquer

lesão para o interesse público», frisou.Segundo José Penedos, «a EDP deve serconduzida, por imperativos de melhorgarantir a transparência do mercado, acaminhar para uma participação accionistada REN que não exceda a quota homólogade produção alienando o restante aosprodutores, designadamente aosprodutores vinculados que se manifesteminteressados».«A EDP perde um activo empresarial que,em boa verdade, substitui por um activofinanceiro», sublinhou e chamou a atençãopara que, «atendendo à natureza do serviçopúblico a que se associa este activofinanceiro, não é perceptível qualquerprejuízo para a EDP, face ao mercado».Para José Penedos, «a operação é, desteponto de vista, neutra e defende o interesseaccionista do Estado na privatizaçãofutura», ou seja, «faz a elisão de qualquerpresunção de dano para o interessepúblico»O deputado do GP/PS reconheceu nãocompreender que alguém tivesse podidolevar a debate parlamentar «obscurassuspeições de negócios entre o Estado eas suas empresas participadas».«E vamos ver � os tempos se encarregarãode o confirmar � se o Estado tem ou nãovantagem na definição clara da suapreferência por um vector empresarial parao transporte, a interligação e o movimentode energia que funcionará com os seushomólogos no mercado como parte da novaindústria � que é também uma novaoportunidade para as economias e oscidadãos � e que é o transporte deelectricidade no espaço organizado pelomercado interno», terminou. MARY RODRIGUES

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ACÇÃO SOCIALISTA 10 15 JUNHO 2000

PARLAMENTO

CONSTRUIR COLECTIVAMENTEUMA SOCIEDADE SEM TABUS

DEPUTADA JAMILA MADEIRA Juventude

A deputada do PS JamilaMadeira, numa interven-ção na Assembleia daRepública, disse que «anossa jovem democraciaprecisa de cidadãos,precisa de gente com

direitos e deveres que queira construir umasociedade sem tabus. Uma sociedadeonde os seus problemas sejam afrontadose não escondidos».Tendo como pano de fundo o recenteCongresso da JS realizado em Espinho, que,

sublinhou, «foi um congresso disputado,muito participado e que evidenciou a forçada JS e o facto de esta ser a maiororganização de juventude partidáriaportuguesa, a camarada Jamila Madeiraabordou na sua intervenção alguns dosproblemas que se colocam à nossajuventude.«A JS quer fazer evoluir mentalidades, querdiscutindo com os jovens portugueses fazerpolítica, ou seja, fazer política por jovens enão exclusivamente para jovens», disse.Quanto à questão das drogas, onde,

NÃO À DESVIRTUALIZAÇÃO

DEPUTADO MANUEL DOS SANTOS Rendimento Mínimo Garantido

O deputado socialistaManuel dos Santos acu-sou categoricamente, nodia 7, o CDS/PP de querersubverter completamentea fi losofia e os funda-mentos legais do Rendi-

mento Mínimo Garantido (RMG) com aproposta de alteração deste regime.Segundo o parlamentar do PS, o PartidoPopular aproveitou-se de umainterpretação errada da auditoria aossistemas de atribuição e controlo do RMGrealizada pelo Tribunal de Contas paramostrar a sua verdadeira face ideológica.«A face de um partido que não pretendecombater a pobreza nem a exclusão,porque assenta na existência dos pobrese dos excluídos, a sua campanhapartidária, o seu frenesim mediático, ademagogia e o perigoso populismo a querecorrentemente deita mão para atingir osseus objectivos eleitorais», afirmou.

Referindo-se à proposta dos «populares»de alterar a designação do RMG paraRendimento Social Mínimo, Manuel dosSantos destacou que «esta alteração senão reveste natureza meramentenominal ista, antes radica-se numaconcepção da medida social em causaque assume carácter eminentementeassistencialista».Tal concepção, refer iu, «contradiz,frontalmente, a letra e o espírito da Lei nº19-A/96 que concebeu a prestaçãopecuniár ia de Rendimento MínimoGarantido como uma prestação do regimenão contributivo da segurança social e,como tal, garantida como um direitojudicialmente exigível».Assim e no entender do parlamentar doPS, a alteração preconizada pelo CDS/PPrepresentar ia, a ser aprovada, «umretrocesso na política social».A fixação de limites ao número de novosbeneficiários a abranger cada ano pelo

DEPUTADO BRUNO ALMEIDA CCR

PROJECTO DO PCP É INOPORTUNOE DE EXEQUIBILIDADE DUVIDOSA

O camarada deputado Bruno Almeidareafirmou no dia 8, no Parlamento, que «o PSconsidera, como obviamente é sabido portodos, ser imperioso proceder à introduçãode reformas que tragam maior racionalidade,maior transparência e maior eficácia a toda aadministração periférica do Estado».O deputado socialista Bruno Almeida falavadurante a discussão na generalidade de umprojecto do PCP que pretende promover acriação de institutos regionais, substituindoas actuais Comissões de CoordenaçãoRegional (CCR).

No início da sua intervenção em quedesmontou todas as fragilidades do diplomacomunista, o deputado do PS realçou a«disponibilidade permanente» da suabancada para discutir matérias relacionadascom «a descentralização e desconcentraçãodos serviços do Estado».

GP/PS na linha da frente dadescentralização

Reiterou também o «conforto» com que oGP/PS discute estas questões, pois, frisou,

regime � com ligação clara e directa á taxade desemprego e o crescimento �, aconcessão parcial da prestação de RMGem vales sociais e a def inição deacréscimo de subsídio atendendo aoregime contributivo ou não do agregadofamil iar são outras das «alteraçõesdesajustadas e burocrat izantes» daproposta «popular» que, segundo Manueldos Santos dariam corpo a injustiçassociais gritantes e a novas formas demarginal ização e dependência queofenderiam o princípio da igualdade.Para o deputado do GP/PS, o problemareside no facto do CDS/PP nãocompreender verdadeiramente o espíritodo Rendimento Mínimo Garant ido,tentando desvirtuá-lo e minimizá-lo em vezde o aperfeiçoar.«Não se trata de erradicar totalmente apobreza, o que só pode ser feito atravésde um desenvolvimento económico esocial duradouro e sustentado», disse

Manuel dos Santos, acrescentando que aideia baci lar do RMG é «diminuir agravidade ou a severidade da pobreza econtribuir assim para a inserção social doscidadãos desfavorecidos, no respeitopleno da sua dignidade e da suacidadania».Para o deputado socialista, «o que estáverdadeiramente em causa com estainiciativa do CDS/PP é a eliminação doRendimento Mínimo Garantido, enquantoinstrumento de política social que objectivagarantir a dignidade mínima dos cidadãose a sua inserção na sociedade».Ora, «esta atitude é inaceitável para oPartido Socialista e para a populaçãoportuguesa« e por isso foi denunciada.«Mais do que merecer o nosso votonegativo, a estrutura da política social doPP e, nomeadamente, o lamentávelaproveitamento que fazem da desgraçaalheia merece todo o nosso repudio políticoe parlamentar», concluiu. MARY RODRIGUES

recordou, a JS «sempre foi pioneira», referiuser com «grande alegria e satisfação» quevê agora a JSD e o Bloco de Esquerdajuntarem-se aos jovens socialistas nestecombate.

Rasgados elogiosa Sampaio

«Este combate que � frisou � nunca deveser visto como um combate partidário, mascomo um combate geracional».Na parte final da sua intervenção, a

camarada Jamila Madeira elogiou aactuação do Presidente da República, JorgeSampaio, que, salientou, «tem sido umevidente exemplo do exercício dos seuspoderes na defesa do nosso Estado deDireito».«Os jovens socialistas acreditam esustentam o trabalho desempenhado porJorge Sampaio enquanto Presidente daRepública», disse, acrescentando que «osjovens socialistas aguardam serenamentee com expectativa o anúncio natural da suacandidatura». J. C. CASTELO BRANCO

«sempre estivemos na linha da frentedaqueles que defendem efectivamente ecom coerência a necessidade de prosseguiro caminho da descentralização edesconcentração de poderes, assentes noprincípio de subsidariedade, como meioprivilegiado de atingir um desenvolvimentosustentado».Para o deputado do PS, o projecto de lei doPCP «sofre de duas dificuldades que nãopodem nem devem ser escamoteadas».São elas, na sua opinião, em primeiro lugar,«a inoportunidade temporal da sua

apresentação tendo em vista os fins quepretende» e, em segundo lugar, «o projectoé pouco razoável e de exequibilidadeduvidosa».Ainda segundo referiu Bruno Almeida, oprojecto de lei do PCP «está recheado deum número considerável de incoerências,umas mais graves que outras, para poderconcorrer para a criação de condições deuma reforma da administração territorial doEstado, no sentido da sua democratização,descentralização, participação e eficácia».

J. C. CASTELO BRANCO

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15 JUNHO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA11

UNIÃO EUROPEIA

GUTERRES ENCERROUCONGRESSO

PIB CRESCEPARA 3,2 POR CENTO

É NECESSÁRIO MOSTRARVANTAGENS DA CONCORRÊNCIA

AOS CIDADÃOS

PARIS Empresas familiares

s empresas familiares são umfactor de identidade e deindependência nacional nestemundo em que tudo se globa-

liza, disse no dia 9, em Paris, o primeiro-ministro português, António Guterres.Guterres participou no jantar de gala queencerrou os trabalhos do I CongressoEuropeu das Empresas Familiares, quedecorreu durante três dias num grandehotel da capital francesa.O Presidente em exercício da UniãoEuropeia fez uma escala em Paris para dara conhecer as decisões tomadas naCimeira de Lisboa, «decisões estruturantesdas novas políticas económicas e sociaisda Europa».«Esta é uma oportunidade de me encontrarcom representantes dos chefes deempresas familiares dos vários paíseseuropeus e de lhes transmitir as conclusõesda Cimeira de Lisboa», explicou.Na Europa, 60 por cento das empresas sãofamiliares, 60 por cento da riqueza é criadapor estas empresas, e 80 por cento dospostos de trabalho são gerados por estetipo de empresas.António Guterres considerou muitoimportante «a existência de empresas quetenham rosto e em que nós tenhamos agarantia de que não desapareçam de um

dia para o outro, por dependerem apenasde uma tecno-estrutura que se podeinstalar em qualquer lugar».As empresas familiares «não são simplesempresas tecnocráticas apenas geridaspelo mercado, que podem desaparecer deum dia para o outro, não tendo a devidaatenção para com os problemas de quemnelas trabalha e para com as comunidadesem que se inserem», referiu.Uma das questões candentes debatidasdurante o I Congresso do Grupo Europeudas Empresas Familiares (GEEF) foi aquestão da fiscalidade que incide sobre a

sucessão das empresas.«É uma questão importante para todos ospaíses. Nós próprios, em Portugal, játomámos este ano uma medida deeliminação do imposto sucessório para atransmissão de empresas para filhosmenores, e temos um conjunto de medidasem perspectiva no sentido de continuaresse caminho», disse António Guterres.«Alguns países já tomaram medidas paraperenizar a transmissão e a sucessãodessas empresas, nomeadamente a Grã-Bretanha, a Espanha e, de uma certamedida, a Alemanha», referiu, por seu turno,Yvon Gattaz, antigo presidente do patronatofrancês, e que dirige a Associação dasMédias Empresas Patrimoniais de França.Para este responsável patronal, a presençade António Guterres no Congresso «ésimbólica, pois enquanto Presidente daUnião Europeia demonstra o interesse quea UE tem pelas empresas familiares, o queé um fenómeno muito recente».Este tipo de empresas «foi, durante muito

tempo, ignorado tanto em Bruxelas comonos seus próprios países», lamentou YvonGattaz.Por isso, considera ser muito importanteuma reforma fiscal que possibil ite asucessão das empresas familiares, paraevitar o desaparecimento de postos detrabalho.Hoje, explicou o dirigente patronal, «quandonão é possível transmitir uma empresa elaé vendida, muitas das vezes a gruposestrangeiros, nomeadamente americanose japoneses».A primeira decisão que tomam «é detransferir para as suas longínquas sedesos serviços estratégicos, ou seja,f inanceiros, gabinetes de estudos,informática, só deixando nos paíseseuropeus empresas de montagens».O I Congresso Europeu das EmpresasFamiliares reuniu em Paris delegados deoito países europeus: França, Alemanha,Portugal, Itália, Suécia, Espanha, Finlândiae Grã-Bretanha.

UE E ZONA EURO Eurostat revela

ECONOMIA Pina Moura salienta

O Produto Interno Bruto (PIB) da UniãoEuropeia (UE) e da zona euro acelerou para3,2 por cento no primeiro trimestre de 2000em comparação com o mesmo período de1999, revelou no dia 9 o Eurostat.Os dados do Departamento de Estatísticasdas Comunidades Europeias (Eurostat)revelam que, face ao trimestre anterior, ariqueza produzida no primeiro trimestrecresceu 0,7 por cento, tanto na UE comona zona euro.Em termos homólogos, as sériesestatísticas do PIB na UE e na zona euromostram que a economia europeia está aacelerar.O crescimento homólogo do PIB de 3,2 porcento nos primeiros três meses dos anosegue-se a uma expansão de 3,1 por centono último trimestre do ano passado (2,0 e2,5 por cento respectivamente nossegundo e terceiro trimestres).Por comparação com o trimestre anterior,o crescimento de 0,7 por cento nosprimeiros três meses do ano ficaligeiramente aquém do ritmo alcançado no

quarto trimestre de 1999, em que o PIBaumentou 0,8 por cento.No primeiro trimestre de 2000, face a igualtrimestre do ano passado, o consumoprivado aumentou 1,8 por cento na UE (1,5por cento na zona euro), o consumo dasadministrações públicas cresceu 1,7 porcento (1,6 por cento na zona euro), aFormação Bruta de Capital Fixo (FBCF,investimento) subiu 5,0 por cento (5,3 porcento na zona euro), as exportaçõesaumentaram 12,2 por cento (12,6 por centona zona euro) e as importações tiveram umacréscimo de 10,2 por cento (10,7 porcento na zona euro).O investimento, as exportações e asimportações aceleraram no primeirotrimestre de 2000, enquanto o consumoprivado abrandou, assinala o Eurostat.O crescimento na Europa, apesar de estara ganhar no momento, compara aindadesfavoravelmente com o desempenhodos EUA, onde o PIB cresceu 1,3 por centoface ao último trimestre de 1999 e 5,0 porcento em termos homólogos.

O ministro das Finanças e da Economia,Joaquim Pina Moura, defendeu no dia 9 anecessidade de se passar da justaposiçãode 15 mercados liberalizados de cadaestado membro para um verdadeiromercado único europeu.Pina Moura falava em Lisboa na aberturada cerimónia do primeiro Dia Europeu daConcorrência, onde participou juntamentecom o comissário europeu do sector.O ministro português, na sua intervenção,sustentou que a defesa da concorrênciaimplica também o aprofundamento domercado interno, que não deve ser umsomatório de mercados.Pina Moura considerou necessário que oscidadãos europeus conheçam ecompreendam melhor a polít ica deconcorrência da União Europeia, queconstitui um motor da economia e assegurao bem-estar dos consumidores, garantindouma oferta de produtos e serviços maisvariada a preços mais baixos.

Aprofundamento da funçãoreguladora do Estado

A retirada do Estado de sectores deactividade económica, com asprivatizações, tem de ser acompanhadapelo aprofundamento da sua função

reguladora, salientou.Referindo-se a Portugal Pina Moura disseque o Governo está a preparar uma leiquadro para as entidades de regulação epretende instituir uma nova autoridadereguladora da concorrência, independentedo Governo, que deverá dar um contributodeterminante no reforço da política deconcorrência em Portugal.Por sua vez, o comissário europeu daConcorrência, Mario Monti, defendeu queé necessário mostrar aos cidadãos daUnião Europeia a importância daconcorrência para a vida quotidiana dandocomo exemplos as telecomunicações, ostransportes aéreos e a distribuição deelectricidade, sectores onde a liberalizaçãopermitiu uma redução de preços.Em conferência de Imprensa que se seguiuà cerimónia de abertura, o comissárioeuropeu assinalou que a UE está atrabalhar para estender as regras daconcorrência às profissões liberais, emboratendo em conta as suas especificidades.Mario Monti e Pina Moura assinalaram quefoi no seu primeiro encontro que ocomissário da Concorrência propôs um diaeuropeu da concorrência, uma propostaaceite de imediato pelo ministro portuguêsem nome da presidência do ConselhoEuropeu.

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ACÇÃO SOCIALISTA 12 15 JUNHO 2000

SOCIEDADE & PAÍS

TRABALHODE ESTRANGEIROS

EM PORTUGAL

NÃO HÁ RUPTURAS

GOVERNADOR CIVILACUSA PCP POR AGRESSÕES

A VEREADOR

SEGURANÇA SOCIAL Ferro Rodrigues categórico

ministro do Trabalho e daSolidariedade, Ferro Rodrigues,desmentiu no dia 10 de Junhonotícias, segundo as quais a

Segurança Social poderá entrar em rupturaem 2006, afirmando que a lei de basesproposta pelo governo prevê o combate aeventuais desequilíbrios financeiros.«O problema que nós temos em Portugalnão é de rupturas, porque essa palavra écompletamente absurda falando-se emmatéria de Segurança Social pública, massim de eventuais desequil íbrios quepossam existir daqui a seis ou sete anos»,afirmou.«Têm que ser resolvidos e ser resolvidosatempadamente. É aquilo que se está afazer no debate da lei de bases daSegurança Social que está na Assembleiada República», considerou ainda.Afirmando que «muitas respostas estãoimplícitas» nessa lei de bases, FerroRodrigues defendeu a necessidade de criaruma Segurança Social «reformada emoderna», rejeitando as sugestões deprivatizar o sector.

Privatização e plafonamentoagravariam a situação

«Julgo que esse estudo mostra quealgumas soluções do tipo de privatizaçãoou de �plafonamento� acentuado nascontribuições da Segurança Social, sóagravariam o problema e tornariam aexistência desses défices basta maiscedo», argumentou.

«Vamos chegar à conclusão que algumassoluções que aparecem como soluçõesradicais e que permitem tudo, como porexemplo a palavra mágica privatização, nãoresolvem nada. Apenas o que resolveriaseria lançar uma profunda crise, aí sim uma

crise estrutural mais cedo», sublinhou.Afirmando ter sempre procurado «umconsenso político amplo entre todos ospartidos para a reforma da SegurançaSocial», Ferro Rodrigues criticou o queconsiderou serem «algumas respostas

CO-INCINERAÇÃO Setúbal SEMINÁRIO José Leitão elogia

Os métodos estalinistas regressaram. Osdirigentes do PCP em Setúbal continuamcom saudades dos tempos de terror etentam recreá-los.Afinal, o «pai dos povos», Estaline,tristemente célebre pelo reinado de terror edepurações, continua a ter seguidores, quenão hesitam a recorrer a métodos nadapacíficos contra todos aqueles que nãoperfilha da mesa cartilha.O governador civil de Setúbal, AlbertoAntunes, responsabilizou no dia 9 o PCPpelas agressões ao vereador socialista daCâmara de Setúbal Soares Feio, durante arealização de um cordão humano contra aco-incineração.

Xutos e pontapés à boa maneiraestalinista

Alberto Antunes proferiu duras acusações

contra os dirigentes locais do PCP e contraos presidentes das câmaras da CDU, queacusou de ainda perfilharem métodos«estalinistas e totalitários».«Os pontapés e as agressões quemandaram dar na manifestaçãodestinavam-se a pessoas que não pensamcomo eles», disse o representante doGoverno no distrito, indignado com o factode nem os dirigentes nem os autarcas doPCP terem apresentado qualquer pedido dedesculpas pelo incidente.Particularmente visado pelos dirigentescomunistas que exigem repetidamente a suademissão, Alberto Antunes responsabiliza ospartidos da oposição pela transferência daco- incineração de Maceira para o Outão.«Se os partidos da oposição não tivessemforçado o Governo a iniciar um novoprocesso, a co-incineração não teria vindopara a cimenteira da Secil», disse.

Nunca como desde há cerca de seis anosfoi dada tanta atenção à situação dosimigrantes e minorias étnicas no nosso país.O alto-comissário para a Imigração e asMinorias Étnicas sublinhou no dia 9 emViseu o contributo «muito Importante» dostrabalhadores estrangeiros para odesenvolvimento de Portugal.José Leitão falava no encerramento doseminário sobre o «Trabalho deEstrangeiros em Portugal», que decorreuem Viseu.O alto-comissário, na sua intervenção,destacou que «o contributo dostrabalhadores estrangeiros não é só peloseus trabalho, mas também pela suacultura e pela sua inteligência».

Circular a informação

«É fundamental criar mecanismos que

permitam fazer circular a informação deforma mais rápida e eficaz» porque,acrescentou, «esses mecanismos são,inclusive, fundamentais para que ostrabalhadores estrangeiros possam usara legislação como instrumento de defesados seus direitos».José Leitão referiu ainda que o semináriorealizado em Viseu revelou a «necessidadede que os debates se multipliquem».Segundo sublinhou o alto-comissário,«ficou claro que ainda existe falta deinformação importante para as pessoasque se encontram nesta situação».Os trabalhos foram abertos com umaintervenção sobre a questão dostrabalhadores estrangeiros em Portugalpelo Presidente da República.Jorge Sampaio encontrava-se em Viseu paraas comemorações do Dia de Portugal, deCamões e das Comunidades Portuguesas.

negativas que são feitas às vezes noParlamento contra a proposta de lei debases».«Mas ainda estou esperançado que hajapossibilidade de um consenso»,acrescentou.Ferro Rodrigues falava a jornalistas em Díli,em reacção a uma notícia divulgada naúltima edição do jornal «Expresso» que citaum estudo de reavaliação de projecçõesfinanceiras do Livro Branco da SegurançaSocial.Segundo o jornal, se medidas não foremtomadas entretanto, as contribuições paraa Segurança Social deixarão em 2006 deser suficientes para os encargos existentesno regime central.«Não há rupturas porque a questãofundamental é que durante muitos anos oorçamento da Segurança Social financioufortemente o Orçamento de Estado», referiu.«Aquilo que acontece é que havendopossibilidades de nós continuarmos adesenvolver as políticas de bons resultadosfinanceiros dos últ imos anos vamosacumular capitalização pública, largascentenas de milhões de contos», sublinhou.Afirmando que o estudo está ainda numa«fase preliminar», Ferro Rodrigues prefereesperar até à sua conclusão, tornando-sedepois público e sujeitando-o a debate noparlamento.O estudo está a ser preparado pela mesmaequipa de técnicos que elaborou asprojecções do Livro Branco a pedido doInstituto de Gestão Financeira daSegurança Social.

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15 JUNHO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA13

SOCIEDADE & PAÍS

GUTERRES QUER AUMENTO DE 30 POR CENTONAS VAGAS

ENSINO Medicina

primeiro-ministro e o ministro daEducação lembraram, na terça-feira, dia 13, a necessidade deaumentar em 30 por cento o

número de vagas para medicina nopróximo ano lectivo, para colmatar odecréscimo dos últimos anos.O assunto foi abordado pelos doisgovernantes na cerimónia de assinatura doContrato de Desenvolvimento daFaculdade de Ciências da Saúde, daUniversidade da Beira Interior, na Covilhã.António Guterres abordou a questão dasvagas com algum humor, fazendo alusãoaos primeiros golos do jogo de futebol quea selecção portuguesa venceu segunda-feira contra a Inglaterra.Segundo o chefe do Governo, 2-0 é arelação existente entre o número deprofissionais de saúde necessários e osexistentes. Para dar a volta a esteresultado, ou seja, combater a falta demédicos, é preciso esforço e dinâmica.Guterres lembrou então a diminuição donúmero de vagas para medicina nos anos80, salientando 1986 como o pior ano,com apenas 190 vagas em todas asfaculdades do País.«Na década de 90, a situação melhorou,

sendo a média anual de 400/500 vagas»,referiu, acrescentando que um aumentode 30 por cento das vagas no próximo anolectivo correspondem a mais 170 vagas.António Guterres defendeu que o acessoa medicina devia ser reformulado de modo

a que a vertente humanista do alunotambém fosse tida em conta.Por seu turno, o ministro da Educação,Guilherme d�Oliveira Martins, que falouantes de Guterres, também referiu anecessidade de aumentar, no próximo anolectivo, as vagas de medicina em 30 porcento, em relação a 1999 (cujo número devagas foi apenas de 70 por cento donúmero de 1980), a part i r de umaaval iação r igorosa da capacidadeinstalada das inst i tuições públ icasexistentes.«Estamos na recta final desse trabalho edesejamos corresponder assim nospróximos anos às necessidades futuras doPaís, não apenas em médicos, masnoutras formações, de que o País é jámuito carente, como enfermagem etecnologias da saúde», disse.O governante garantiu que já «acabou otempo das decisões ditadas menos porcritérios de rigor do que de número» e que«mais profissionais de saúde terão desurgir com cuidados redobrados de rigor� em todos os domínios».Oliveira Martins salientou que a criação danova Faculdade de Ciências da Saúde nãoé uma decisão isolada, mas sim um

processo complexo que liga a criação deuma nova unidade orgânica naUniversidade da Beira Interior a umconjunto de outras medidas estratégicasque têm como object ivo odesenvolvimento dos cidadãosportugueses, com especial incidência nasáreas da saúde.O contrato assinado terça-feira é, segundoo ministro da Educação, exemplo disto.Oliveira Martins realçou ainda a inovaçãoe o pioneirismo deste caso, em que oensino será desenvolvido no quadro deuma rede de centros de educação e deformação que, na área da saúde,envolverão centros de saúde e hospitaisda zona.O contrato assinado tem como objectivoassegurar o ensino e a investigação noâmbito das ciências da saúde e dedomínios afins, em articulação com asrestantes estruturas da universidade.A nova unidade da Universidade da BeiraInterior deverá ministrar o curso delicenciatura em medicina e outros cursosde ensino superior universitário na área dasaúde. Para tal vai receber do Ministérioda Educação mais de quatro milhões decontos.

DESENVOLVIMENTO Tecnologias de ponta

HÁ CONDIÇÕES PARA ACOLHER INDÚSTRIASAEROESPACIAIS EM PORTUGAL

m estudo realizado por consul-tores norte-americanos edivulgado em Lisboa, no dia 8,revela que Portugal reúne

condições para a instalação de empresasna área da indústria aeroespacial.No total, até 2005, o investimentonecessário para a criação destas empresasfoi calculado em 17,5 milhões de contos epermitirá a formação de quase 140 quadrosaltamente qualificados.Na sequência de um projecto para acriação de uma plataforma deindustrialização em Portugal no campoaeroespacial, os grupos Empordef e Efacecencomendaram, com o apoio da AIP(Associação Industrial Portuguesa) e doPEDIP II, um estudo a uma empresa norte-americana de consultoria, ColoradoTechnologies.O objectivo do estudo foi identificar asoportunidades existentes no mercadoaeroespacial internacional que pudessemconduzir a novas actividades industriais aimplementar no nosso país.Por outro lado, o estudo contemploutambém a quantificação económica de taisactividades de modo a garantir a sua auto-

sustentação económica e financeira.Como resultado deste trabalho, foramidentificadas quatro áreas de negócio comoas mais susceptíveis de serem bemsucedidas em território nacional, todas naárea da prestação de serviços, tendo ossatélites e as telecomunicações como infra-estruturas de base.«Indústrias como o lançamento ou o fabricode foguetões exigem uma capacidade edimensão fora do alcance de Portugal»,afirmou Rui Neves, presidente do conselhode administração da Empordef.Assim, o estudo identifica, em concreto,quatro áreas de oportunidade para a criaçãode empresas em Portugal no campo daindústria aeroespacial: a detecção remota,as comunicações em banda estreita, ascomunicações em banda larga e multimédiae a navegação por satélite.No campo da detecção remota por satélite,o objectivo avançado pelo estudo é acriação de um Centro de Excelência emPortugal, com aplicações concretas, porexemplo, na monitorização de catástrofes,na detecção de fogos florestais ou navigilância marítima.O plano de negócio para esta área

determina um investimento de cerca de 2,5milhões de contos, destinando-se aprincipal fatia à formação de pessoaltécnico-científico.Mas é na área das telecomunicações queestá previsto o grosso do investimento: naárea das comunicações multimédia e debanda larga por satélite o plano prevê oinvestimento de sete milhões de contos até2005.Neste campo, destacam-se comoprincipais alvos de mercado osfornecedores de serviços detelecomunicações, que através dodesenvolvimento deste tipo de indústria,poderiam avançar rapidamente comnovos serviços como a Internet de bandalarga, a televisão interactiva ou o video ondemand.O desenvolvimento das telecomunicaçõesem banda larga via satélite tem tambémmuitas outras aplicações: na área militar,na protecção civil ou em tecnologias emdesenvolvimento como a telemedicina, oteletrabalho e o ensino à distância.Outra área de negócio a desenvolver,segundo o estudo, é a oferta de produtose serviços de comunicações em banda

estreita.A monitorização ambiental, de bens fixosou o seguimento de bens móveis são áreasde aplicação deste tipo de serviços, cujoinvestimento previsto ascende aos 6,3milhões de contos.A criação de um Centro de Excelência emPortugal na área da navegação por satéliteconstitui outra janela de oportunidadedeterminada pelo estudo norte-americano,com aplicações práticas como o controlode trafego aeronáutico e marítimo.O estabelecimento de parceriasinternacionais é assumido pelo estudocomo prioritário em todas as áreas denegócio identificadas.De facto, 78 por cento do total doinvestimento previsto destina-se àformação de recursos humanos e aodesenvolvimento de alianças estratégicas.«Neste momento, a fase é a de desenvolvercontactos com vários mercados no sentidode captar parceiros para a criação dasempresas», sublinhou Rui Neves.Segundo o presidente da Empordef, a suaempresa deverá constituir em conjunto coma Efacec uma sociedade para dinamizartodos estes projectos.

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ACÇÃO SOCIALISTA 14 15 JUNHO 2000

AUTARQUIAS

AUTARQUIAS INICIATIVAS & EVENTOS

Albufeira

Polícia municipalpara reforçar a segurança

A Câmara Municipal de Albufeira deliberouno dia 6 aprovar a proposta para criaçãoda polícia municipal e apresentar aoMinistério da Administração Interna acandidatura para celebração de umcontrato-programa com vista à criaçãodesta força municipal de segurança.

Segundo a Câmara de Albufeira, a criaçãoda polícia municipal - numa das principaisestâncias turísticas do país cuja populaçãochega a rondar os 200 mil habitantesdurante o Verão � irá reforçar a segurançados cidadãos, uma vez que para além dasfunções de polícia administrativa, irá,pontualmente, cooperar com as forças desegurança na manutenção da tranquilidadepública.

Mais obras

A Câmara Municipal de Albufeira decidiuno dia 6 adjudicar as seguintes obras:empreita de pintura dos muros do campode futebol de Ferreiras; empreitada deimplantação da via, passeios e arborizaçãoda Rua da Igreja, em Ferreiras; empreitadade execução de muros na estrada dePatroves; e empreitada de construção daEscola Fixa de Trânsito, em Albufeira.

Amarante

Câmara compra adega cooperativa

A Câmara de Amarante vai adquirir oedif íc io da Adega Cooperat iva deAmarante, bem como os terrenos que lhe

estão associados, com uma área de cercade 10 mil metros quadrados.Com esta aquisição, a autarquia pretende,para já, salvaguardar um espaço importanteda cidade da pressão imobiliária,reservando, por outro lado, para o futurouma área que deverá vir a revelar-sefundamental em termos de descompressãourbana e de melhoria de qualidade de vidados amarantinos.

Cascais

Manhãs do Paredão

A Câmara Municipal de Cascais está a realizardesde o dia 10 um programa de animaçãodenominado «Manhãs do Paredão», quepretende promover um conjunto deactividades desportivas, abertas à populaçãoem geral, no passeio marítimo Cascais-Estoril.

Esta iniciativa, que decorre aos sábados,pelas 11 horas, visa sensibilizar as pessoaspara a adesão a práticas sociais e estilosde vida saudáveis, através das actividadesdesportivas como os jogos tradicionais,corrida, xadrez e damas, entre outros, sendotambém possível a obtenção deinformações personalizadas sobre o estadode saúde e da condição física de cada umdos participantes.

Faro

Euro-2000

O presidente da Câmara Municipal de Faro,Luís Coelho, endereçou no dia 9 umamissiva à selecção nacional de futebol, ondeexpressou os votos de sucesso para acampanha da fase final do Euro-2000.

Na carta dirigida ao presidente daFederação Portuguesa de Futebol, o autarcade Faro, na qualidade de presidente de umadas cidades onde se irá disputar o Euro-2004, deseja que «esta geração de ouro dofutebol português possa colher os maissaborosos frutos resultantes do seuempenho».Geração de ouro onde pontificam, entreoutros, jogadores de topo mundial comoFigo, João Pinto, Rui Costa, Vítor Baía, entreoutros.

Guimarães

Centro Históricoenche-se de flores

A Câmara de Guimarães promove duranteeste mês a décima edição de «GuimarãesFlorida», uma iniciativa que pretendeembelezar o Centro Histórico da cidadecom flores e plantas da região.

Trata-se de um concurso/exposição devarandas e janelas decoradas com florese plantas, em todas as ruas, praças e largosdo Centro Histórico da cidade,nomeadamente na Zona Intramuros.A décima edição do concurso «GuimarãesFlorida», que surge no âmbito dascomemorações da Batalha de S. Mamede,teve início no dia 1 e termina a 23 de Junho.Os moradores e os que exerçam a suaactividade profissional na zona participamnesta iniciativa da autarquia, devendo, noentanto, ter os seus imóveis decoradosdurante todo o período do concurso, sobpena de poderem ser desclassificados.Desde o dia 1 e até 16 de Junho osconcorrentes terão acesso ao hortomunicipal, onde lhes serão fornecidas florese plantas, vasos e floreiras.Os cinco primeiros classif icados do«Guimarães Florida» receberão prémiosmonetários no valor de 50 mil escudos (250euros), 40 mil escudos (200 euros), 30 milescudos (150 euros), 20 mil escudos (100euros) e 10 contos (50 euros),respectivamente.

Matosinhos

Câmara promove inserçãode beneficiários do RMG

A Câmara de Matosinhos lançou um curso

de formação que abarca 60 beneficiáriosdo Rendimento Mínimo Garantido tendo emvista melhorar a sua capacidade deintegração profissional.«Quanto melhor formação as pessoastiverem � e estamos a falar de gente queparte de uma fasquia relativamente baixa �mais hipóteses têm de conseguirempregos duráveis e menos sofrem o riscode regressar ao desemprego», salientouManuel Seabra, presidente da Câmara deMatosinhos.

O autarca recordou que a intervenção socialfoi definida como a principal prioridade daCâmara de Matosinhos, considerando que«só faz sentido ter um discurso nessesentido se houver uma acção consequenteno terreno».«Claro que é importante construir novashabitações sociais, remodelar as existentes,renovar urbanisticamente os bairros doconcelho ou apoiar a terceira idade e nóstemos trabalhado nesse sentido. Mas estasacções complementares de formação sãofundamentais para um desenvolvimentosustentado das populações menosfavorecidos, dando-lhes novos instrumentospara enfrentarem as actuais exigências domercado de trabalho», salientou.Manuel Seabra lembrou que este curso nãoé o primeiro promovido junto não só dosbeneficiários do Rendimento MínimoGarantido como também dos moradoresdos bairros em geral, com o objectivo de«estimular o surgimento de alternativas quepermitam às pessoas evoluir de umasituação de subsídiodependência para umade auto-suficiência».O curso, que abarca 60 beneficiários doRendimento Mínimo Garantido, foi lançadoem parceria com o Centro de Emprego deMatosinhos, a Segurança Social, a ADEIMA,Junta de Freguesia e Associação de ApoioSocial de Perafita.Os beneficiários vão dividir-se em doisgrupos distintos, onde receberão formaçãoem acção educativa e em técnicas delimpeza.O projecto incluirá uma primeira fase deformação específica, com uma carga horáriade sete horas por dia durante dois meses,onde os formandos serão alvo de umprograma de desenvolvimento pessoal esocial e formação sociocultural e técnico-prática.Numa segunda fase, que se prolongarádurante um ano, os participantes vãodesenvolver as competências adquiridas emcontexto real de trabalho.

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15 JUNHO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA15

PS EM MOVIMENTO

MORTE Lopes Cardoso

UM SOCIALISTA COERENTECOM PRINCÍPIOS E VALORES

Um pouco menos de esquerda.O PS está de luto com a bandeira ameia haste. O camarada LopesCardoso, 67 anos, engenheiro,insigne democrata e antifascista,uma vida de coerência efrontalidade dedicada à causa daliberdade, um socialista de valorese princípios, faleceu no dia 9, vítimade doença prolongada.

igura ímpar da esquerdaportuguesa, era um políticorespeitado por todos osquadrantes pela sua coerência

em defesa dos valores e princípios dosocialismo democrático.Nascido em 1933 no seio de uma famíliarepublicana com fortes tradições liberais,desde cedo se interessou pela política,tendo sido um tenaz opositor ao EstadoNovo desde os seus tempos de estudanteaté à prisão e ao exílio, em 1962.Participou na campanha de HumbertoDelgado em 1958 e fez parte da revista«Seara Nova».

Intemerato defensordos valores de esquerda

Pertenceu ao PS desde 1973, ondeingressou a convite de Sottomayor Cardia,mas abandonou o partido pela esquerda em1976, por discordar das orientações doGoverno liderado por Mário Soares em

matéria de política agrária. No mesmo crioua Fraternidade Operária, que daria origem àUEDS.Em 1986 a UEDS dissolveu-se e o camaradaLopes Cardoso regressou ao PS, ondevoltou a ocupar altos cargos dirigentesaquando das lideranças dos camaradasVítor Constâncio e Jorge Sampaio.Os valores e princípios de esquerda do PS,partido do punho erguido e de bandeiravermelha, tiveram sempre em LopesCardoso um intemerato defensor.Militante exemplar, dedicado, frontal eíntegro, Lopes Cardoso foi ministro,deputado e dirigente nacional do PS.Lopes Cardoso, uma referência da esquerdaportuguesa, é um exemplo de político quededicou toda a sua vida ao bem público eaos valores da liberdade, igualdade efraternidade.

Centenas de pessoasno último adeus

Centenas de pessoas, na sua maioriamilitantes socialistas, acompanharam nosábado o cortejo fúnebre do ex-dirigentesocialista e assessor presidencial LopesCardoso, cerimónias onde o Presidente daRepública, Jorge Sampaio, se fezrepresentar pelo seu chefe da Casa Civil,António Franco.Tanto o chefe de Estado, como o primeiro-ministro, estiveram impossibilitados demarcar presença no funeral do ex-ministroda Agricultura de Mário Soares e fundador

da União de Esquerda para a DemocraciaSocialista (UEDS) por se encontrarem nascerimónias de comemoração do Dia dePortugal e das Comunidades Portuguesas,em Viseu.O chefe do Governo, António Guterres, fez-se representar pelo ministro da Presidênciae do Equipamento Social, Jorge Coelho.Entre os membros do Executivo socialista,destaque para as presenças do ministro daEducação, Guilherme d´Oliveira Martins, edos secretários de Estado Arnaldo Silva(também fundador da UEDS) e Arons deCarvalho.Pela parte da Presidência da República,acompanharam o cortejo fúnebre do PalácioGalveias até ao cemitério do Alto de SãoJoão os assessores Marques da Costa,Laplaine Guimarães, José Manuel dosSantos e António Manuel.O comissário europeu António Vitorino (outrodos fundadores da UEDS) também esteveimpossibilitado de participar nas cerimónias,tendo enviado uma mensagem decondolências à família de Lopes Cardoso eà sua mulher, Fernanda Lopes Cardoso.No Palácio Galveias, estiveram o presidenteda Câmara Municipal de Lisboa, JoãoSoares, bem como os seus vereadores RuiGodinho e António Abreu.Do PS, estiveram várias dezenas dedestacados militantes, entre os quais os ex-ministros João Cravinho e Vera Jardim,Pereira Marques, e a presidente da CâmaraMunicipal de Sintra, Edite Estrela.

J. C. CASTELO BRANCO

Reacçõesà morte de umsocialista puroe íntegroComissão Permanente do PS:Militante incansável, frontal eíntegroA Comissão Permanente do PS expressouo seu «profundo pesar pelo falecimentodo camarada Lopes Cardoso, ilustremilitante socialista, que muito contribuiupara a dignificação do Partido nas váriasfunções que desenvolveu. Ficará sempreassociado á imagem de um militanteincansável, frontal e íntegro, sempredisponível para os combates partidáriose para a afirmação da democracia».

Jorge Sampaio: Generoso evertical«Era um homem de convicções firmes ede grande coragem» que «não vergava»,salientou o Presidente da República.Numa nota escrita entregue aosjornalistas, Jorge Sampaio - que soube damorte do «amigo de muitas décadas»quando viajava de Lisboa para Viseu -considerou que «o país perde um políticode uma dignidade exemplar».«A sua morte deixa-nos a todos aamargura de uma perda irreparável quepara mim só encontra lenitivo na memóriade tanta coisa vivida em conjunto desdeos anos 60», escreveu o Presidente daRepública.Jorge Sampaio também lembrou o«contributo decisivo» dado por LopesCardoso «para a implantação econsolidação da democracia em Portugal»- que levou o Chefe de Estado a decidirdistingui-lo com a Grã-Cruz da Ordem daLiberdade nas comemorações do 10 deJunho deste ano.

Mário Soares: Profundamentetriste«Sempre tive por ele uma grande amizade,um grande respeito e uma grandeadmiração. Foi sempre um lutadorantifascista e pela liberdade. Era umcidadão de grande rigor ético, um idealistae um tenaz opositor da ditadura, Estouprofundamente triste.»

António Guterres: Vidadedicada ao bem público e àliberdade«Trata-se de um homem que dedicou todaa sua vida ao bem público e à liberdade.»

Almeida Santos: Grandecoragem física e moral«Era um utópico, republicano, laico esocialista. Demonstrou sempre ao longoda sua vida uma grande coragem física emoral.»

Jorge Coelho: Companheirode luta«Um companheiro de luta que pugnousempre pela defesa de valoresdemocráticos.»

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ACÇÃO SOCIALISTA 16 15 JUNHO 2000

PS EM MOVIMENTO

ALTERAÇÕES AO MODELODAS ÁREAS METROPOLITANAS

PORTO Autarcas PS propõem

s 13 deputados da AssembleiaMetropolitana do Porto (AMP)eleitos pelo PS propuseramalterações ao actual modelo das

áreas metropolitanas, preocupados com o«estado de sítio» em que se encontra aportuense.Em conferência de imprensa realizada no dia9. Carlos Lage, José Saraiva e Manuel Seabraapresentaram no Porto uma proposta «aberta»dos 13 socialistas para a revisão do estatutodas áreas metropolitanas, que contemplamudanças no modo de eleição dos órgãos,regime financeiro, competências e atribuiçõese sistema de organização funcional.A proposta mantém em aberto a eleiçãodirecta ou indirecta da junta e da assembleiametropolitanas, mas Carlos Lage reconheceuque a primeira tem «dificuldades reais» deaplicação, por os portugueses se terempronunciado em referendo contra aregionalização.Caso se mantenha a eleição indirecta, ossubscritores do documento defendem queseja repensado «de alto a baixo» o actualsistema, reforçando a legitimidade do

presidente da junta metropolitana e o podervinculativo das decisões dos dois órgãos.O presidente da junta seria eleito pelaassembleia metropolitana.A proposta prevê ainda a utilização domecanismo da dupla maioria simples, peloque «uma decisão só seria vinculativa quandotivesse a seu favor, em simultâneo, mais demetade dos membros da junta e se essamaioria representasse a maioria dos eleitoresda área metropolitana».

Carlos Lage admitiu que este mecanismo, quenão soube dizer se é ou não constitucional,obriga a um maior diálogo entre os váriospartidos no órgão executivo, para que, sempreque possível, a decisão seja consensual.

Fragilidades do actual modelo

José Saraiva destacou como exemplo dasfragilidades do actual modelo a possibilidadede os seis municípios com menor número deeleitores poderem impor decisões contráriasaos três mais populosos, Porto, Gaia eGondomar.Os deputados socialistas defendem tambémque as áreas metropolitanas tenham «umverdadeiro orçamento, não apenas para cobrirdespesas correntes, mas principalmente parainvestimentos», constituído por taxasmunicipais e 10 por cento do somatório dastransferências do Fundo de EquilíbrioFinanceiro (FEF) para os municípios da áreametropolitana.Carlos Lage sublinhou que aquelapercentagem seria «a acrescentar e não adeduzir», adiantando que, pelos seus cálculos,

corresponderia a cerca de 2,3 milhões decontos (11,5 milhões de euros) para a ÁreaMetropolitana de Lisboa e a dois milhões decontos (10 milhões de euros) para a do Porto.O eurodeputado salientou ainda que aeventual revisão da lei poderia estimular outraszonas do país a criarem áreas urbanas, quenão metropolitanas, estatuto que«sociologicamente» - para Carlos Lage - sópoderia ser atribuído às actuais, Lisboa e Porto.O documento foi entregue ao Governo e aospartidos da oposição e foi discutido numareunião da Assembleia Metropolitana do Porto.

Estado de sítio laranja

Os subscritores do documento socialistaconsideram «urgente» a reformulação doactual modelo, de forma a terminar com o«bloqueio» e o «estado de sítio» a que chegoua JMP desde que o PSD e Vieira de Carvalhoassumiram a liderança.Para Carlos Lage, a JMP transformou-se numa«plataforma de ataque ao Governo« e, paraManuel Seabra, não passa de um «albergueespanhol para as sensibilidades do PSD».

O deputado socialista Francisco Valente considera «incompreensível» que a Câmara deOliveira de Azeméis não tenha pedido a instalação de uma polícia municipal.Francisco Valente, deputado à Assembleia da República e que já foi candidato à Câmarapelo PS, criticou a autarquia durante um encontro sobre segurança, organizado pelaconcelhia socialista, em Cucujães.«Não existe incompreensivelmente pedido para a polícia municipal, o que teria interessesobretudo para a área urbana de Oliveira de Azeméis», disse.Apesar de tudo, o deputado considerou que o concelho não tem uma situaçãopreocupante em matéria de segurança e houve investimentos recentes nessa área, como novo quartel da GNR de Oliveira de Azeméis, além de estarem previstos novosaquartelamentos em César e Cucujães.

Ciclo de encontros da Concelhia

Além de Francisco Valente, participaram na sessão outros deputados socialistas comoRui Marqueiro e José Junqueiro, no âmbito de um ciclo de encontros que a ComissãoPolítica Concelhia do PS está a organizar, para mobilizar independentes locais, napreparação das autárquicas.«A ideia é fazer uma espécie de estados gerais à dimensão de Oliveira de Azeméis»,disse o presidente da Concelhia, camarada Ricardo Bastos, justificando o tema por ser oprimeiro apontado pelas pessoas nos inquéritos de rua.

OLIVEIRA DE AZEMÉIS PS critica Câmara

A Federação do PS na Alemanha, num comunicado, aborda arecente visita do camarada Carlos Luís, eleito deputado pelocírculo da Europa, à cidade de Kaiserslautern.Do exaustivo programa da visita, realce para a auscultação dosproblemas, ansiedades e aspirações da comunidade portuguesadaquela cidade, que teve o seu ponto alto na visita de CarlosLuís à Associação Portuguesa de Kaiserslautern.O camarada Carlos Luís manteve ainda contactos com asentidades oficiais da cidade, nomeadamente com o presidenteda Câmara, polít icos do SPD local e organizações ecolectividades portuguesa e luso-alemãs.A Federação do PS na Alemanha recorda ainda, no comunicado, que já foi iniciado umprocesso de geminação entre Kaiserslautern e Guimarães, pelo que esta visita docamarada Carlos Luís «representa um passo em frente para a sua concretização econsolidação dos laços de amizade entre os dois povos».

ALEMANHA Comunicado da Federação ESTREMOZ Secção elogia Governo

A Secção do PS/Estremoz, num comunicado, salienta que «foi assinado mais um apoiodo Governo à pretensão de mais uma obra em instalações sociais do concelho deEstremoz, desta feita o Clube de Futebol de Estremoz e a construção da sede social noespaço da Esplanada-Parque».Os socialistas de Estremoz sublinham que «com o PS no Governo, o apoio à construção,beneficiação e ampliação de espaços associativos que servem as comunidades ondese inserem e contribuem para a melhoria da qualidade de vida das populações do nossoconcelho atingiram uma dimensão sem paralelo com o passado, tendo sido umaconstante».O PS/Estremoz lembra ainda no comunicado as dezenas de obras em curso ou jáconcluídas nas colectividades do concelho.

O Secretariado da Federação de Bragada JS visitou a delegação regional deBraga do IPJ, para apresentarcumprimentos ao novo delegadoregional do IPJ, Manuel Barros.Na ocasião, a delegação da JS/Braga,que se fazia acompanhar por jovenspertencentes ao movimentoassociativo juvenil do distrito,manifestou ao novo delegado a suavisão dos problemas que afectamdirectamente as associações juvenisdo distrito e expressou algumaspreocupações sentidas por todosaqueles que directamente seempenham e participam no movimentoassociativo.

BRAGA JS e o associativismo

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15 JUNHO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA17

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

DIMINUIR A SINISTRALIDADEPARA NÍVEIS EUROPEUS

SEGURANÇA RODOVIÁRIA Luís Patrão

política de Segurança Rodoviá-ria adquiriu em todos os paísesdesenvolvidos foros deverdadeira política de Estado,

na medida em que enfrenta o problemacausador de maiores efeitos sobre a vidae a integridade física dos cidadãos, aomesmo tempo que está na origem dedanos e prejuízos materiais tão pesadoscomo os de uma guerra localizada.Por isso mesmo se entende dever tratar àescala europeia as questões relacionadascom a sinistralidade rodoviária. Os carrossão idênticos, as regras de circulação sãomuito parecidas e podem ainda ser objectode harmonização (com a notável excepçãoda condução pela esquerda, vigente noReino Unido), as estradas são cada vezmais parecidas.Só os condutores permanecem diferentes,no comportamento, na formação e nosentido de responsabilidade.Mas, também aí, os níveis de comparaçãopara que se tende devem ser os mesmos,pelo que só o esforço continuado naformação e o permanente progresso socialpoderão trazer rápidas novidades e umanova consciência cívica.Logo, tudo aponta para a vantagem em irconstruindo, progressivamente, umapolítica europeia de segurança rodoviáriao que constituiu, al iás, tónica daPresidência Portuguesa da União, oraprestes a chegar ao fim.Destacam-se, desses esforços, áreas depreocupação como:- Desenvolvimento do Programa EuroNCAP,sistema de segurança de veículos baseadoem resultados de «crash tests»;- Intensif icação do controle e dascampanhas de comunicação sobre o usode cinto de segurança;- Divulgação insistente e fiscalizaçãosistemática das normas sobre sistemas detransporte e retenção de crianças nosautomóveis;- Condução sob influência de álcool, quese prevê venha até a justif icar umarecomendação do Conselho Europeu e queapresenta um panorama extremamentepreocupante- Estudo de aplicação de limitadores develocidade a todos os veículos pesadosSão, como se vê, áreas de preocupaçãocomum que devem merecer soluçõestecnicamente sustentadas e aplicáveis emtodo o espaço europeu.Para além da sintonia da actuação dosEstados membros, resulta daí umavirtualidade que, em campos como este,não é de ignorar: a facil idade doconhecimento das regras, iguais em todaa Europa, facilitará a sua divulgação e, logo,o seu cumprimento por todos os cidadãoscondutores da União, cada vez maishabituados a circular nos seus automóveisou em carros alugados fora das fronteirasdo seu País.Leva-me isso a sublinhar o interesse que

vejo em, ao mesmo tempo que me declaroadepto da regulamentação comunitária,defender estratégias nacionais deconcretização e aplicação prática dessasmedidas.Vejamos o exemplo português:Temos em Portugal um panoramapreocupante em matéria de segurançarodoviária, com um «ratio» de mortos naestrada por 100.000 habitantes equivalente,em 1997, ao dobro da média comunitária.Para fazer face a esse problema, lançou-se a iniciativa «Segurança Máxima-Tolerância Zero», aplicável nas estradas queapresentavam maiores índices desinistralidade.Só nos primeiros três meses deste ano,registaram-se menos 23 acidentes (- 15 porcento), menos oito mortos (- 14,5 por cento)e menos 31 feridos graves (- 21,3 por cento)do que em igual período do ano passado.Isto só nas ditas estradas abrangidas pelaTolerância Zero.Isto num contexto de contínuo aumento doparque automóvel (mais 400 mil veículosem 1999 na Direcção-Geral de Viação) ede utilização de viaturas (medida peloconsumo de combustível).A eficácia da medida fala, pois, por si, ehoje os inquéritos de opinião mostram que86 por cento dos portugueses concordamcom o programa Tolerância Zero e 87 porcento concordam com o seu alargamentoa novas vias.Por isso continuámos com a vigilânciareforçada, com carros patrulhaidentif icados e não identif icados;melhorámos a sinalização das estradas eestamos a promover a progressivaeliminação dos pontos de acumulação deacidentes, através de obras demelhoramento; aumentámos a informaçãoao automobilista, através de folhetos ecartazes de grande formato, espalhadas aolongo da estrada; introduzimos

helicópteros como factor suplementar devigilância rodoviária.Isso demonstra, na prática, a aplicação doque defendemos:Pensar globalmente (à escala comunitária,tentando definir regras comuns, testadase unanimemente conhecidas) e agirlocalmente (escolhendo a melhor forma detrabalhar sobre o condutor, a via e o veículoe incidindo sobre os items em que sejamais previsível a obtenção de resultados).Mas não chega definir e executarprogramas pontuais, ainda que bemfundamentados e consequentes. Há queplanear com conhecimento da realidade,ter em conta o que fazem todos osintervenientes no processo da circulaçãoautomóvel, negociar prioridades que sejamcompreensíveis e bem assumidas portodos.Foi isso que fizemos, em Portugal, atravésde um instrumento chamado PISER � PlanoIntegrado de Segurança Rodoviária.É a execução prática das orientaçõesanuais desse Plano que tem permitidobaixar de forma sustentada as vítimas danossa estrada. De 96 para 99, o númerode mortos baixou 17 por cento e o deferidos graves representou menos 30 porcento.Mas, para tal, foi preciso agir em todas asfrentes, como estamos a fazer.No veículo, intensificando e credibilizandoo sistema de inspecções periódicas,fiscalizando o cumprimento das regrassobre uso de cintos de segurança ecadeiras para criança; lançando, comofaremos até final do ano, um programa deincentivos ao abate de veículos em fim devida.Na rodovia, lançando o Programa «Sinaisde Vida», que implica a remodelaçãocompleta de sinalização das nossasestradas, área em que somos talvez menoseuropeus; introduzindo sistemas de painéiselectrónicos de alerta e encaminhamentode tráfego; realizando auditorias desinalização e segurança de certas vias maisperigosas; melhorando os sistemasintegrados de assistência a acidentados,com a colaboração do INEM � InstitutoNacional de Emergência Médica e dosBombeiros de todo o país.Finalmente no condutor, dado comoresponsável, segundo alguns estudos, por95% dos acidentes de viação, exclusiva oucumulativamente com outros factores.Por isso, estamos a alterar profundamenteo sistema de ensino e de exames decondução, tornando-o mais sério e fiávele, ao mesmo tempo, mais efectivamentecapacitador para a condução; lançámos ainiciativa 2000 � Ano da EducaçãoRodoviária, dirigida a jovens em idadeescolar, visando despertá-los para aSegurança Rodoviária e chamar a atençãopara o número catastrófico deatropelamentos e acidentes com veículosde duas rodas verificado em Portugal, cada

um deles responsável por cerca de 25 porcento do total de vítimas da estrada;teremos pronto, até final do ano, Parquesde Manobras em todo o País, para nelesse realizarem aulas e exames de condução,e até sessões de Educação Rodoviária;intensificámos a fiscalização à conduçãosob efeito do álcool, conscientes comoestamos de que mais de metade doscondutores detectados com álcool nosangue o tinham em quantidade superiora 1,2 g por litro, ou seja estavam já debaixoda alçada penal por prática de um crime.Quantos dos acidentes das nossasestradas serão devidos a cada uma dascausas apontadas? Não sabemos bem,nem nunca tal se saberá com absoluto rigor.Mas sabemos que, agindoconcertadamente sobre todos e cada umdesses factores, obteremos êxito, efaremos com que menos pessoas morramou fiquem feridas.E isso traz-me á última questão que queriadeixar à consideração particular dosprofissionais de seguros aqui presentes:A diminuição dos acidentes e da suagravidade só será obtida se,conjugadamente, soubermos encontrar ajusta bissectriz entre o interesse geral e ointeresse especial de cada um de nós.As companhias de seguros, desde sempreentidades muito empenhadas naSegurança Rodoviária, nomeadamente noseio dessa «joint-venture» entre o Estado eas empresas que é a PRP � PrevençãoRodoviária Portuguesa, devem intensificaro seu esforço de envolvimento conjuntocom a Administração Pública, nesta guerracom o acidente.Isoladamente ou, de preferência, emcolaboração com a Direcção-Geral deViação, hoje profundamente modernizadae preparada para a dureza desse combate,que surjam iniciativas de todo o tipo visandomelhorar o estado de coisas que nessamedida ainda reina no nosso País.Só isso permitirá o nosso optimismo aodefinir o prazo desta legislatura, ou seja,até 2003, para atingir a média da UniãoEuropeia, no que respeita a mortos eferidos na estrada.»De Janeiro a Maio do ano passado tinhammorrido 631 pessoas. No fim de Maio desteano, foram 541. São números pesados,mas a evolução é no bom sentido.Noventa mortos a menos, em cinco meses,dão-nos a confiança de trabalhar por umacausa nobre. Muitas e muitas famíliasganharão com esse esforço, sem nuncachegarem a saber se não teriam sidotambém elas a ser atingidas por esseflagelo.Entendam, portanto, o nosso pedido decolaboração como um imperativo demobilização geral. Os resultados traduzirãoo efeito desse esforço comum.

Intervenção efectuada pelo secretário de Estado daAdministração Interna na sessão de abertura do colóquio franco-português sobre a Segurança Rodoviária.

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ACÇÃO SOCIALISTA 18 15 JUNHO 2000

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

PERSPECTIVA Helena Roseta

O PS E A CONSCIÊNCIA SOCIALprimeiro mandato do Governoliderado por António Guterres foimarcado pelo rigor económicoaliado à consciência social, na

fórmula do então ministro das Finanças.Foi possível, ao contrário das previsõescatastrofistas do PSD, integrar Portugal naprimeira fase do euro, com os benefícios quedaí advieram, sobretudo em termos da baixasucessiva das taxas de juro. Entretanto, jáneste Governo, os dados alteraram-se. Oeuro tem dificuldade em opor-se face aodólar, as taxas de juro sobem, o preço dopetróleo também. Apesar dos fundoscomunitários continuarem a representar umaentrada substancial de recursos, há sinaisde preocupação. E persistemdesigualdades que interpelam a nossaconsciência.

António Guterres está prestes a terminar assuas funções na Presidência da UniãoEuropeia, que aliás cumpriu comreconhecido brilho. É chegada a altura deretomar em tempo inteiro a liderança doGoverno do Partido Socialista. Ocasião,também, para reflectir sobre as razões deuma certa perda de popularidade que setem vindo a manifestar, apesar de não seregistar subida simétrica nas oposições. Umdos aspectos que julgo mais importante é anecessidade de dar sinais claros de que oGoverno do PS não desiste de combater asdesigualdades sociais e de implementar asolidariedade na sociedade portuguesa. Épreocupante, por exemplo, verificar quenuma sondagem publicada no «Expresso»o líder do PP, Paulo Portas, é tido como maispróximo dos desfavorecidos do que o

secretário-geral do PS.O Presidente da República, na grandeentrevista que deu ao jornal «Público», alertoupara as disparidades fiscais que subsistementre nós e que são reveladoras da urgênciade uma reforma fiscal que reponha algumaequidade. Profissionais liberais continuam apagar muito menos impostos que ostrabalhadores por conta de outrem. E umagrande parte do universo empresarialcontinua a não pagar IRC. O ministro PinaMoura já deu conhecimento das etapasreformadoras que quer implementar. Mas nãosão visíveis, por enquanto, os resultados quepodemos esperar dos objectivosanunciados. Ora este é um dos grandestemas em que António Guterres pode retomaro discurso da consciência social. A reformafiscal não deve quedar-se por uma série de

medidas técnicas, só descodificadas pelosconhecedores das questões tributárias. Énecessário que ela seja uma verdadeirabandeira do PS, em torno da ideia-chave,também formulada por Sampaio, de quealguns terão de pagar mais para que muitospossam pagar menos. Portugal deveprosseguir o esforço de melhorar o nível dasprestações sociais, ainda inferiores às médiaseuropeias. Mas é preciso que, ao mesmotempo, o esforço fiscal seja mais bemredistribuído.O problema do Governo, em minha opinião,não está no excesso de diálogo, comoalguns querem fazer crer: está na falta dearticulação e, sobretudo, na falta devisibilidade de medidas justas que mereçamo apoio generalizado dos portugueses.In «Visão»

POLÍTICA SOCIAL Pedro Adão e Silva

DEVE EXISTIR UM RENDIMENTOMÍNIMO GARANTIDO?

Muito por força do relatório do Tribunal deContas relativo à avaliação do RendimentoMínimo Garantido e da proposta de lei que,na sequência deste, o CDS-PP apresentouna AR, foi relançada a discussão sobre aprópria legitimidade do direito de todos oscidadãos a um mínimo de recursos materiais.As recentes declarações do Dr. DurãoBarroso («Público», 21 de Maio), em Fronteira,em que este afirmou que o RMG estimula apreguiça e cria a necessidade de aumentara imigração, são apenas mais um exemplo,aliás inaceitável, do actual clima de opinião.Três anos após o lançamento do RMG, é poisnecessário reafirmar algumas das principaisrazões que justificam a existência deste novodireito social.Em primeiro lugar, porque a ausência derecursos materiais é, nas sociedadesdemocráticas ocidentais, a forma mais brutalde privação da liberdade e,consequentemente, um problema público epolítico e não apenas da esfera privada.Em segundo lugar, porque a garantia de ummínimo social de cidadania, que se corporizano RMG, é um mecanismo, ainda queimperfeito, de partilha do nível civilizacionalque as nossas sociedades já alcançaram e,ao mesmo tempo, uma forma colectiva desolidariedade.Em terceiro lugar, porque ter um mínimo derecursos, com estabilidade e previsibilidade,que, ainda que não libertando da pobreza,atenuam a sua severidade, é um factordecisivo para a diminuição dasdesigualdades, e também, por si só, umpoderoso instrumento e factor de inserçãosocial.Em quarto lugar, e aqui reside a grandeinovação da medida, porque o facto de sefazer depender a atribuição da prestaçãopecuniária da disponibilidade por parte dobeneficiário para aceitar um acordo deinserção, que pode assumir diversas formas

e que não se limita à inserção no mercadode trabalho, é um meio particularmente eficazde luta contra a exclusão social.Em quinto lugar, porque a responsabilidadeque o Estado assume, no sentido deencontrar respostas e oportunidades deinserção para os excluídos, implica,inevitavelmente, uma activação dos serviçospúblicos.Mas, se é verdade que deve existir nasnossas sociedades o direito a um rendimentomínimo, fora de uma lógica de seguro sociale associado à disponibilidade para ainserção, não é menos verdade que naoperacionalização deste direito se colocamimportantes e exigentes desafios a todos osque participam nas parcerias locais. Contudo,inserir todos, ainda que seja uma ambiçãodas democracias avançadas, não deixa deser um objectivo difícil de concretizar. Afinal,o que caracteriza, muitas das vezes, osbeneficiários da medida são vidas inteiras dedesestruturação, que tornam os processosde inserção complexos, criando,consequentemente, problemas que não seresolvem por magia e muito menos em doisanos. Não perceber as dificuldades ao nívelda inserção social dos grupos sociaisdesfavorecidos, que resultam também dofacto de, ainda há cinco anos, esta não seruma preocupação central das políticaspúblicas, é não compreender a própriaessência do RMG e, porque não dizê-lo, danoção de cidadania social.Aliás, muitas das afirmações que vêm sendofeitas em torno da dimensão de inserçãosocial do RMG e das quais decorre, em largamedida, a necessidade de revisão da leiproposta pelo CDS-PP, não deixam de serestranhas.Na verdade, quando um sem número deestudos sobre as políticas de rendimentomínimo, feitos por toda a Europa, reflectesobre o estigma social que pode estar

associado às políticas com condição derecursos e com uma componente decontratualização � nomeadamente por forçado acentuar de dualismo entre os «bons» eos «maus» pobres que daí pode decorrer �é significativo que o CDS-PP, na exposiçãode motivos do seu projecto de lei, afirme quecom o RMG se corre «o risco de incentivar afalta de inserção social e prolongar umestado de carência que, em alguns casos,mais do que resultante de um qualquerdesarranjo estrutural do agregado familiar,resulta de uma escassa cultura deresponsabilidade individual« ou, ainda, que«esta medida (...) promove e intensifica acarência em que algumas famílias seencontram, dotando-as de meios desustentabilidade de comportamentos quesão a causa da mesma«, aliás,«dependências que a sociedade não devesubsidiar como o álcool, a droga ou aociosidade» (sic).E o que é que o CDS-PP propõe, nasequência do tom simplista adoptado? Entreoutras coisas, por um lado, «a possibilidadede parte da prestação ser recebida atravésdo sistema de vales sociais» � o que, nassociedades avançadas, em que o dinheiro éum mecanismo importante de estruturaçãodas relações sociais e da identidade pessoal,é, claramente, uma limitação ao exercício dacidadania e um atestado de menoridade, decariz caritativo e inconsequente para o cortecom a reprodução geracional da pobreza. Poroutro lado, um impedimento, puro e simples,dos infractores de apresentação de novascandidaturas ao RMG, uma ideia inaceitávelque é bem reveladora da abordagem doCDS-PP. Seria, aliás, interessante que estaproposta não fosse exclusiva para os pobrese que fosse prevista a inibição, por exemplo,às empresas que cometem fraudes no IRCde voltarem a exercer actividade. Afinal, o«dinheiro dos contribuintes», tão

frequentemente invocado, é ameaçado deforma muito mais intensa neste último caso.Mas qual é então a intenção subjacente a estaproposta? Votar ao degredo social os pobresque se portam mal? O que é que ganham asnossas sociedades com a estigmatizaçãosocial dos excluídos?Rigorosamente nada, é a resposta. Pedir aosbeneficiários do RMG para secomprometerem com um acordo deinserção é, inevitavelmente, uma tarefaárdua, feita de avanços e recuos e quecoloca desafios muito grandes � como bemo sabem as muitas centenas de assistentessociais que, por todo o país, desempenhamum trabalho exemplar, de uma dedicaçãoextrema, na aplicação desta medida. Nofundo, trata-se de exigir a indivíduos emsituação de exclusão social que tenham umprojecto de vida consistente, algo que amaior parte dos que estão socialmenteintegrados têm dificuldade em ter. É por issoque a resposta aos problemas que,naturalmente, se levantam não pode passarpor um aumento das sanções sociais emateriais para aqueles que não cumpremou não iniciam processos de inserção social,mas, sim, por optimizar a fiscalização e criarmais e melhores oportunidades de inserçãopara todos. Fazê-lo é contribuir para oprogresso social e para a corporização daideia de cidadania.Na verdade, quando se questiona o RMG nosmoldes referidos, considerando-o umincentivo à preguiça e à malandragem, nãose está a adoptar, como se quer fazer crer,uma postura construtiva, criticando estalegislação específica para a melhorar, está-se, sim, a pôr em causa a própria filosofia damedida, questionando o progresso socialque resulta deste novo direito, criado comassinalável sucesso por toda a UniãoEuropeia.In «Público»

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15 JUNHO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA19

CULTURA & DESPORTO

SUGESTÃO

POEMA DA SEMANASelecção de Carlos Carranca

QUE SE PASSA Mary Rodrigues

Jogos em Abrantes

Amanhã começa o III Torneio Juvenil Festasda Cidade em Ténis. O evento decore nosCampos de Ténis do Alto de Santo Antónioe Encosta da Barata, ao longo de três dias,terminando domingo.Também amanhã, o Sport Clube de Abrantespromove, a partir das 21 e 30, o I PasseioTT Rota da Água Abrantes 2000, quepercorrerá vários pontos do concelho.No fim-de-semana, os Jogos Radicaisacontecerão no Parque Radical da cidade,junto ao Castelo.Ainda sábado, dia 17, o Clube Náuticopromove, no Pavilhão Municipal, o Torneiode Basquetebol Cidade de Abrantes.No domingo, a terminar as Festas da Cidade,haverá «Bailados de Água». Trata-se de umgrande espectáculo que surpreenderá pelabeleza dos efeitos especiais preparados paraa última noite de festa.

Música em Albufeira

A Igreja Matriz será palco, amanhã, pelas21 e 30, do concerto dos The King�s Consort,um evento integrado no 24º FestivalInternacional de Música do Algarve.A arruada da Banda da SociedadeFilarmónica Silvense passará, este sábado,a partir das 20 horas, pela Rotunda doMontechoro, seguindo pela AvenidaFrancisco Sá Carneiro e terminando na Praiada Oura.Também no dia 17, mas às 22 horas, o LargoDuarte Pacheco foi reservado para acolhera actuação do agrupamento musicalMarfados Foles.A banda da Sociedade Musical e RecreioPopular de Paderne actuará, no MercadoMunicipal dos Caliços durante a Feira domesmo nome que decorrerá domingo, dia18, a partir das 10 e 30.

Lançamentos em Coimbra

Às 21 e 30 de hoje, na Casa Municipal daCultura, assista ao concerto de saxofonepromovido pelo Conservatório de Música eintegrado na Semana Cultural que decorreaté ao dia 17.Também hoje, na Praça 8 de Maio, poderáver e ouvir o Septeto Habanero e Vitorino,num espectáculo marcado para as 22 horas.No mesmo horário, mas amanhã, vá até àPraça Velha e desfrute da actuação do grupofolclórico Os Camponeses de Vila Nova.Na Casa da Cultura, este sábado, pelas 11e 30, Maria Aparecida Ribeiro apresentapublicamente a obra mais recente do autormoçambicano Mia Couto � «O Último Voodo Flamingo».A exposição evocativa de uma confeitariahistórica da cidade � «As Mijadinhas» �encontra-se patente ao público, até ao dia30, na Galeria do Jardim.Ainda na Casa da Cultura, na quarta-feira,dia 21, a partir das 18 e 30, acontecerá olançamento do novo cd de Victor Almeida eSilva � «Coimbra� enCanto e Poesia», umtrabalho que reúne alguns dos temas mais

populares da canção conimbricence e queconta com a participação especial do poetaAureliano Costa, declamando ManuelAlegre, Ary dos Santos e Luís de Camões.

Convívio em Fafe

«Bach em Todos os Tons» é uma festa-convívio de fim de ano lectivo comprofessores e alunos que decorrerá napróxima quarta-feira, dia 21, a partir das 21e 30, no Estúdio Fénix.

Teatro em Guimarães

«A Gaivota» é o nome da peça teatral quepoderá ver no palco do Paço dos Duquesde Bragança, numa representação a cargoda Companhia de Teatro de Braga marcadapara as 22 horas.Amanhã e no sábado, à mesma hora, aTrupe da Vila apresenta a peça «O Auto doFidalgo Aprendiz», no Auditório daAssociação Humanitária dos BombeirosVoluntários de Caldas das Taipas (Junta deFreguesia Selho São Jorge � Pevidém).Na segunda-feira, dia 19 e na terça, dia 20,participe dos «Encontros de História Local»,um evento que decorrerá no Museu AlbertoSampaio.A Feira da Pequenada começa no dia 21,às 18 horas, prolongando-se até ao dia 25.

Dança em Lisboa

Amanhã, sexta-feira, poderá assistir àprimeira exibição nas salas de cinemalisboetas das fitas «As Aventuras do Tigre»;«Here On Earth», de Mark Piznask; «Le VentNous Emportera», de A. Kiarostami; «ArmaEnvergonhada», de Eric Blakeney; e «Stir OfEchoes», de David Koepp.«Um Tempo para a Paz» é o título genéricodo espectáculo que a Companhia deBailado Contemporâneo estreia amanhã,pelas 22 horas, no Grande Auditório doCentro Cultural de Belém, e repete, um diadepois, no mesmo horário e local.O cantor João Pedro Pais actua este sábado,dia 17, na Praça Sony, a partir das 18 e 30.Para quem prefere a lusitana paixão, oColiseu dos Recreios acolhe, tambémsábado, às 21 e 30, um Noite de Fado.

Mostraem Macedo de CavaleirosNo Auditório do Bloco B do Instituto SuperiorJean Piaget encontra-se patente ao público,durante o dia de hoje, uma mostra detrabalhos dos alunos das escolas primáriasdo concelho referentes aos projectos«Contos de Levar e Trazer» e «Com Imagense Memórias se Contas as Histórias».

Animaçãoem Montemor-o-Velho

O programa de animação do Casteloprossegue este domingo, pelas 18 horas,

com a actuação do Rancho Infantil daAssociação Cultural Desportiva e Social daEreira.

Vozes no Montijo

No sábado, dia 17, às 21 e 30, passe pelaPraça da República e aprecie a actuaçãodas Vozes da Rádio, um quinteto vocal quese dedica a transformar êxitos da músicaportuguesa e a executá-la de forma muitoprópria, introduzindo alguma dose dehumor.

Livro em Portimão

O livro «Stuart Carvalhais � O DesenhoGráfico e a Imprensa», da autoria de JoséPacheco, será apresentado ao público, hoje,às 18 e 30, na Biblioteca Municipal ManuelTeixeira Gomes.Quarta-feira, dia 21, o Largo Gil Eanes serápalco para um espectáculo de variedadesque promete muita animação.A exposição colectiva de pintura «Art África»está aberta ao público, de segunda a sexta-feira, das 14 e 30 às 19 horas, na Casa-Museu Manuel Teixeira Gomes.

Concerto no Porto

As obras de Franco Donati e CésarCamarero serão recriadas num concerto,este sábado, dia 17, pelas 21 e 30, noAuditório Serralves, um espectáculo dirigidopor Miguel Bernat, que conta com aparticipação do grupo de percussãoDrumming e do músico Henri Bok.

Descoberta em Sintra

A Biblioteca Municipal de Agualva-Cacémacolhe, até ao dia 30, uma exposição de 23cartazes intitulada «O Descobrimento doBrasil».A mostra poderá ser visitada de segunda asexta-feira, das 10 às 20 horas, ou aossábados, entre as 15 e as 20 horas.

Gigantones&

CabeçudosGrupos de Portugal e Espanhaparticipam este fim-de-semana, emBraga, no XI Encontro Internacional deGigantones e Cabeçudos, que farádesfilar pelas ruas da cidade mais deum milhar e meio de participantes.O encontro terá o seu ponto alto nodesfi le, ao princípio da tarde dedomingo, que percorrerá as principaisartérias do centro histórico bragantino.A edição deste ano, para além de meiacentena de grupos ligados a escolas einstituições de vários pontos do País,reúne a participação de quatro gruposespanhóis.A grande aposta da edição deste ano éa animação de rua, que seráintensificada, quer durante o desfile querna noite de sábado, com umespectáculo na Avenida Central.No desfi le deste ano, além degigantones, cabeçudos e outras figurasanimadas, como pequenos dragões,serão apresentados dois «marotes»,uma espécie de fantoches gigantes,com cerca de três metros de altura.O programa da XI Encontro Internacionalde Gigantones e Cabeçudos incluitambém uma exposição fotográfica,patente na Casa dos Crivos.

A Poesiatem pés de terra.

Quando a atiramos para o céufica só e transidano meio das estrelas- a chorar com saudades dos homense da morte.

José Gomes Ferreira

Tenor

Carmela Remiggio SopranoLeone Magiera Maestro

21 de Junho, 21h30

Estádio Municipal de São LuísFARO

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ACÇÃO SOCIALISTA 20 15 JUNHO 2000

OPINIÃO DIXIT

Ficha Técnica

Acção SocialistaÓrgão Oficial do Partido SocialistaPropriedade do Partido SocialistaDirectorFernando de SousaRedacçãoJ.C. Castelo BrancoMary RodriguesColaboraçãoRui PerdigãoSecretariadoSandra AnjosPaginação electrónicaFrancisco SandovalEdição electrónicaJoaquim SoaresJosé Raimundo

RedacçãoAvenida das Descobertas 17Restelo1400 LisboaTelefone 3021243 Fax 3021240Administração e ExpediçãoAvenida das Descobertas 17Restelo1400 LisboaTelefone 3021243 Fax 3021240Toda a colaboração deve ser enviada para oendereço referidoDepósito legal Nº 21339/88; ISSN: 0871-102XImpressão Imprinter, Rua Sacadura Cabral 26,Dafundo1495 Lisboa Distribuição Vasp, Sociedade deTransportes e Distribuições, Lda., Complexo CREL,Bela Vista, Rua Táscoa 4º, Massamá, 2745 Queluz

ÚLTIMA COLUNA Joel Hasse Ferreira«Sempre pensei que a política se fazcom causas, com convicções, comideais e com princípios»Jorge SampaioViseu, 10 de Junho

«É indispensável encara anecessidade de debater comseriedade a descriminalização oconsumo de algumas drogas e iniciaruma nova geração de políticas deapoio a toxicodependentes»Idem, ibidem

«A reforma fiscal não deve quedar-sepor uma série de medidas técnicas, sódescodificadas pelos conhecedoresdas questões tributárias»Helena RosetaVisão, 8 de Junho

«Portugal deve prosseguir o esforçode melhorar o nível das prestaçõessociais, ainda inferiores às médiaseuropeias. Mas é preciso que, aomesmo tempo, o esforço fiscal sejamais bem distribuído»Idem, ibidem

«O problema do Governo, em minhaopinião, não está no excesso dediálogo, como alguns querem fazercrer: está na falta de articulação e,sobretudo, na falta de visibilidade demedidas justas que mereçam o apoiogeneralizado dos portugueses»Idem, ibidem

«Sócrates foi corajoso, combativo edemonstrou dominar aquilo sobre quefalava, sem nunca se refugiar emchavões ou generalidades»Cáceres MonteiroVisão, 8 de Junho

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SOC IAL ISTA

FISCALIDADE, FINANÇAS RELIGIOSASE POLITICAS AGRÁRIAS

As alterações que têm vindo aser publicamente referidascomo integrando as transfor-mações do sistema fiscal

merecem toda a nossa atenção. Asmodificações efectuadas durante alegislatura anterior no sistema do IRS, porum lado, aliviaram de certa forma apressão exercida sobre os estratossociais economicamente mais débeis e,por outro, criaram condições para umamaior equitatividade de critérios nasdeduções a efectuar nas despesas decarácter social. Nesta legislatura,começando ainda nesta sessãolegislativa pelo IRS, avançar-se-àprogressivamente com a aplicação demedidas de reforma fiscal em diversosdomínios.

2 A divulgação pública das contas doSantuário de Fátima relativas ao anotransacto, evidenciou uma preocupação

de autoridades religiosas que evidencia,no plano financeiro, uma transparêncianecessária. Quer por parte deorganizações da Igreja Católica comrelevante movimento financeiro, quer porparte de outras Igrejas vai ganhandoconsistência a necessidade e exigênciade uma maior transparência financeira. Oque também facilita a aplicação derelevante legislação recentementeaprovada ou reformulada nos domínios domecenato cultural, social e religioso.

3 A morte de António Lopes Cardoso paraalém da tristeza que nos provoca , traz-nos a lembrança de uma figura digna,solidária e politicamente brilhante, vindotambém sublinhar a necessidade deconduzir políticas agrícolas coerentes eque contribuam para o desenvolvimentodo País. É o que se tem procurado, nosúltimos tempos, com as restrições e osapoios advenientes da nossa participação

na União Europeia, mas quelamentavelmente durante muitos anos nãofoi possível ou não se pretendeu levar acabo. Os erros do salazarismo na políticaagrícola (como as campanhas do trigo)as hesitações e contradições domarcelismo (por exemplo no domínio doemparcelamento) os excessos do PCP noperíodo revolucionário, algumastergiversações na fase que antecedeu aentrada de Portugal na União Europeia,chamam a atenção para uma propostaagrária coerente (discutível, obviamente)como a que Lopes Cardoso procuroulevar à prática. E cuja concretizaçãointerrompeu, verificando não ter condiçõespara o seu avanço. Mantendo com MárioSoares uma elevadíssima relação deamizade e consideração que demonstrousempre, em quaisquer circunstâncias eum apego permanente aos ideais dosocialismo democrático, na teoria e naprática.

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