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Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
i
RESUMO
Um túnel é uma passagem subterrânea que permite a passagem de vias de comunicação (estradas,
linhas de caminho de ferro, etc.) através de obstáculos naturais, como montanhas e rios.
O presente trabalho respeita aos principais métodos de construção e reabilitação de túneis, aos
processos construtivos mais utilizados na reabilitação de túneis, mais propriamente no Túnel
Ferroviário do Rossio, incluindo as funções e o contributo que a Fiscalização pode dar nas
empreitadas de obras públicas.
Nesta tese descrevem-se os métodos de construção mais usuais na execução de túneis, tais como: a
metodologia de NATM (New Austrian Tunneling Method), de TBM (Tunnel Boring Machine), de
construção a fogo, a céu aberto e com pré-corte. Descrevem-se também técnicas de reabilitação de
túneis, quer a nível estrutural (pregagens, jet grouting, congelação, injecção, entre outras), quer não
estrutural (limpeza, tratamento de juntas, processos químicos, etc.).
O trabalho desenvolvido na presente dissertação teve como principal objectivo abordar os principais
processos construtivos do Túnel Ferroviário do Rossio, designadamente, as metodologias de
execução de pregagens, enfilagens, montagem de cambotas com a respectiva aplicação de betão
projectado, microestacas, soleiras e betonagem dos hasteais e abóbadas com moldes metálicos pré-
fabricados.
Neste trabalho, é dada especial atenção às funções da Fiscalização e ao modo como esta pode
contribuir para aumentar os padrões de qualidade da obra e os rendimentos das actividades.
ii
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
iii
ABSTRACT
A tunnel is an underground route (road, railway, etc.) through a natural barrier, such as mountains or
rivers.
The current study focuses on the main construction methods most used in tunnel reconstruction, more
specifically at the Rossio Railroad Tunnel, as well as on the role and contributions of Inspections to
public works’ contracts.
In this thesis it will be described the most common construction methods in the excavation of tunnels,
such as: the NATM procedure (New Austrian Tunneling Method), the TBM (Tunnel Boring Machine),
construction through fire, open cut excavation and pre-cutting. It is also described several
rehabilitation techniques, in both a structural perspective (soil nails, jet grouting, freezing, injection,
among others) and a non structural perspective (cleaning, joint treatment, chemical methods, etc).
The covered areas are the main methods of construction of the Rossio Railroad Tunnel, in particular,
the methodology of making soil nails, forepoling, steelarchs and the respective use of shortcrete with
steel fibre, micropiles, inverts and concrete pouring of the poles and vaults with pre-fabricated metallic
formwork.
Special attention is paid to the role of inspections and how they may contribute to an increase in
quality and productivity.
iv
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
v
PALAVRAS-CHAVE
Túnel
Reabilitação
Túnel Ferroviário do Rossio
Fiscalização
KEY WORDS
Tunnel
Rehabilitation
Tunnel of the Rossio
Inspection Services
vi
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
vii
AGRADECIMENTOS
A presente dissertação resultou de um trabalho em que intervieram várias pessoas, de diferentes
níveis, às quais agradeço a sua colaboração e disponibilidade demonstrada. Não sendo possível citar
todos os nomes dos intervenientes, começo por lhes dirigir os meus sinceros agradecimentos.
• Aos meus pais e à minha irmã, agradeço de uma forma muito especial, o amor e o carinho
que incondicionalmente me dedicam, a compreensão que sempre demonstraram e o
permanente incentivo nos momentos mais difíceis.
• Ao meu orientador, Prof. João Ferreira, agradeço com amizade, os constantes ensinamentos
que me deu na licenciatura, e a confiança que depositou neste trabalho, bem como as
sugestões que tanto contribuíram para uma orientação adequada do meu estudo.
• Ao Eng.º José Marreiros Leite (Director da Fiscalização), manifesto os meus agradecimentos
pela forma como me transmitiu os conhecimentos técnicos e pessoais, necessários para
desempenhar as funções, e pela oportunidade que me deu de fazer um estudo sobre a obra.
• À entidade Rede Ferroviária Nacional - REFER EP, com particular agradecimento à Eng.ª
Fernanda Pinto pela disponibilidade e abertura demonstrada no desenrolar do estudo, e pelos
dados fornecidos.
• À entidade DHV FBO Consultores S.A., uma palavra de apreço pelo apoio que me concedeu
na integração na equipa de Fiscalização e pela colaboração no estudo.
• Aos fiscais da minha equipa, Sr. Fernando Bastos, Sr. José Valadas e Sr. Fernando Branco,
um especial agradecimento pela forma como me receberam, incentivaram e ajudaram no
desenrolar da obra, pelos ensinamentos práticos de vários processos constritivos, e pelo
companheirismo nos momentos mais difíceis da obra.
• Aos colegas de trabalho, Eng.º Luís Jorge, Eng.º Carlos Pedro, manifesto o meu
agradecimento pela ajuda facultada no decorrer do estudo, bem como pela amizade
construída ao longo destes anos.
• Ao meu amigo, Rui Fragoso, o meu especial agradecimento, pelo constante apoio e incentivo
no desenrolar da tese, como também pela sua amizade em todos nos momentos mais
delicados.
viii
• À Carla Figueira, manifesto o meu agradecimento, pelo apoio e motivação que me tem
dedicado ao longo destes anos.
• Aos meus colegas de curso e actualmente amigos engenheiros: Mário Arruda, Miguel Branco,
Miguel Lopes, Nuno Colaço, Pedro Bispo, Pedro Peniche, Daniel Luís, Carlos Bhatt e Marcos
Esteves agradeço o apoio demonstrado na realização deste estudo, e pela amizade
depositada na minha pessoa.
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
ix
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 1
1.1 Preâmbulo .............................................................................................................................. 1 1.2 Conteúdo do Trabalho .......................................................................................................... 3
2 TÚNEIS – ESTADO DA ARTE ....................................................................................................... 5 2.1 Métodos construtivos ........................................................................................................... 5 2.1.1 Introdução ........................................................................................................................ 5
2.1.2 Construção sequencial (NATM - New Austrian Tunneling Method) ................................ 6
2.1.3 Construção com escudo (TBM - Tunnel Boring Machines) ............................................ 8
2.1.4 Construção a fogo ......................................................................................................... 14
2.1.5 Construção a céu aberto (cut-and-cover) ...................................................................... 15
2.1.6 Pré-corte mecânico ....................................................................................................... 16
2.1.7 Análise comparativa ...................................................................................................... 17
2.2 Técnicas de reabilitação ..................................................................................................... 17 2.2.1 Reabilitação não estrutural ............................................................................................ 17
2.2.2 Reabilitação estrutural (reforço e consolidação) ........................................................... 19
3 INFORMAÇÃO GERAL SOBRE A OBRA REALIZADA ............................................................ 25 3.1 Informação geral sobre a obra existente .......................................................................... 25 3.1.1 Características da Obra ................................................................................................. 25
3.1.2 Caracterização física da obra – zonamento .................................................................. 27
3.2 Descrição do problema ...................................................................................................... 28 3.3 Descrição das soluções de reabilitação ........................................................................... 31 3.4 Zona de Secção Nova ......................................................................................................... 33 3.4.1 Escoramento provisório do revestimento de alvenaria ................................................. 33
3.4.2 Demolição da alvenaria existente .................................................................................. 34
3.4.3 Suporte Primário ............................................................................................................ 34
3.4.4 Revestimento Definitivo ................................................................................................. 41
3.5 Zona de Alvenaria a Manter ............................................................................................... 43 4 DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS .................................................................... 45
4.1 Zona de Secção Nova ......................................................................................................... 45 4.1.1 Colocação do suporte provisório (cambotas metálicas provisórias) ............................. 47
4.1.2 Pregagens ..................................................................................................................... 51
4.1.3 Enfilagens ...................................................................................................................... 56
4.1.4 Desmontagem do Suporte Provisório ........................................................................... 61
4.1.5 Escavação, Demolição, Cambotas Definitivas e Betão Projectado .............................. 61
4.1.6 Microestacas e Vigas de Reacção ................................................................................ 65
4.1.7 Soleiras .......................................................................................................................... 69
4.1.8 Revestimento Definitivo da Abóbada ............................................................................ 79
x
4.2 Zona de Alvenaria a Manter ............................................................................................... 89 4.2.1 Soleiras .......................................................................................................................... 89
4.2.2 Limpeza da alvenaria .................................................................................................... 89
4.3 Síntese dos Processos Construtivos ............................................................................... 91 5 FISCALIZAÇÃO DA EMPREITADA ............................................................................................ 95
5.1 Introdução ............................................................................................................................ 95 5.2 Funções da Fiscalização .................................................................................................... 95 5.2.1 Arranque, Planeamento e Controlo da Empreitada ...................................................... 95
5.2.2 Gestão de Informação da Empreitada ........................................................................ 101
5.2.3 Controlo de Quantidades e Custos ............................................................................. 102
5.2.4 Controlo de Planeamento e Avanços dos Trabalhos .................................................. 104
5.2.5 Gestão da Qualidade em Obra .................................................................................... 107
5.2.6 Gestão da Segurança em Obra ................................................................................... 109
5.2.7 Gestão Ambiental em Obra ......................................................................................... 113
5.3 Fiscalização da obra do Túnel Ferroviário do Rossio ..................................................114 5.3.1 Introdução .................................................................................................................... 114
5.3.2 Controlo de parâmetros geométricos .......................................................................... 115
5.3.3 Análise dos processos construtivos ............................................................................ 119
6 CONCLUSÕES ........................................................................................................................... 125 7 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................... 129 ANEXOS.............................................................................................................................................. 135
Anexo I - Execução de Soleira – Faseamento .........................................................................137 Anexo II - Plano de Betonagem de Abóbadas .........................................................................139 Anexo III - Glossário de definições relativas à área da fiscalização .....................................141
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
xi
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2.1 – Princípios de escavação do método NATM ....................................................................... 7
Figura 2.2 – Esquema dos diversos métodos de escavação com escudo .......................................... 10
Figura 2.3 – Tuneladora com escudo aberto ....................................................................................... 11
Figura 2.4 – Funcionamento teórico do escudo com confinamento a líquidos .................................... 12
Figura 2.5 – Tuneladora com escudo de confinamento líquido ........................................................... 13
Figura 2.6 – Funcionamento teórico do escudo com confinamento por contra-pressão ..................... 13
Figura 2.7 – Esquema de tuneladora com escudo com confinamento por contra-pressão ................ 14
Figura 2.8 – Tuneladora de escudo com confinamento contra-pressão .............................................. 14
Figura 2.9 – Consolidação vertical de abóbadas de túneis ................................................................. 22
Figura 2.10 – Consolidação sub-horizontal de abóbadas de túneis .................................................... 22
Figura 2.11 – Contenção lateral de escavações e combate à sub-pressão de água .......................... 23
Figura 3.1 – Representação em planta do traçado do Túnel ............................................................... 25
Figura 3.2 – Tipo de Intervenção ......................................................................................................... 27
Figura 3.3 – Abóbada entre o Pk [1+064 ; 1+135] ............................................................................... 29
Figura 3.4 – Abóbada entre o Pk [1+324 ; 1+344] ............................................................................... 30
Figura 3.5 – Abóbada entre o Pk [1+494 ; 1+534] ............................................................................... 30
Figura 3.6 – Deformação na abóbada entre o Pk [1+564 ; 1+594] ...................................................... 30
Figura 3.7 – Outra vista da deformação na abóbada entre o Pk [1+564 ; 1+594] ............................... 31
Figura 3.8 – Desplacamento de blocos de alvenaria com o martelo de geólogo ................................. 31
Figura 3.9 – Esquema sequencial da solução de reabilitação da Secção Fechada ............................ 32
Figura 3.10 – Secção com Escoramento Provisório (cambotas) entre os Pk [0+194 ; 0+221] ............ 33
Figura 3.11 – HEB de geometria variável ............................................................................................ 34
Figura 3.12 – Suporte Primário entre os Pk [0+197 ; 0+305] ............................................................... 35
Figura 3.13 – Suporte Primário entre os Pk [0+360 ; 0+610] ............................................................... 36
Figura 3.14 – Pregagens fibra de vidro ................................................................................................ 36
Figura 3.15 – Outra representação de pregagens de fibra de vidro .................................................... 36
Figura 3.16 – Suporte Primário entre os Pk [0+305 ; 0+317] ............................................................... 37
Figura 3.17 – Pregagem de fibra de vidro FLY35 ................................................................................. 38
Figura 3.18 – Suporte Primário entre os Pk [0+869 ; 0+934] ............................................................... 38
Figura 3.19 – Pregagens do tipo Swellex ............................................................................................. 39
Figura 3.20 – Suporte Primário entre os Pk [1+294 ; 1+454] ............................................................... 39
Figura 3.21 – Esquema de funcionamento das pregagens do tipo Swellex ......................................... 40
Figura 3.22 – Suporte Primário entre os Pk [2+050 ; 2+124] ............................................................... 40
Figura 3.23 – Secção TIPO S1 ............................................................................................................ 42
Figura 3.24 – Secção TIPO S2 ............................................................................................................ 42
Figura 4.1 – Corte longitudinal de uma secção do túnel ...................................................................... 48
xii
Figura 4.2 – Segmentos da montagem de uma cambota .................................................................... 48
Figura 4.3 – Contraventamento das Cambotas .................................................................................... 49
Figura 4.4 – Pormenor do contraventamento das Cambotas .............................................................. 49
Figura 4.5 – Pormenor dos calços (de madeira) entre as cambotas e o revestimento ....................... 50
Figura 4.6 – Calços de betão sob os pés das cambotas para posicionamento destas ....................... 50
Figura 4.7 – Pormenor dos calços de betão sob os pés das cambotas para posicionamento ............ 51
Figura 4.8 – Trialeta .............................................................................................................................. 52
Figura 4.9 – Furação com a TAMROCK ............................................................................................... 53
Figura 4.10 – Sistema de injecção (armadura, tubo de PVC e 2 tubos de polietileno) ........................ 53
Figura 4.11 – Centralizador ................................................................................................................... 54
Figura 4.12 – Colocação da armadura no furo...................................................................................... 54
Figura 4.13 – Injecção da pregagem ..................................................................................................... 55
Figura 4.14 – Reinjecção das manchetes ............................................................................................ 55
Figura 4.15 – Pregagem de fibra de vidro depois da injecção .............................................................. 56
Figura 4.16 – Esquema da sequência de execução das enfilagens .................................................... 57
Figura 4.17 – Vista da execução de vários lances de enfilagens ........................................................ 58
Figura 4.18 – Furação de enfilagens com Posicionador ....................................................................... 58
Figura 4.19 – Coroa de furação ............................................................................................................ 59
Figura 4.20 – Furação de enfilagens ..................................................................................................... 60
Figura 4.21 – Válvula de injecção da enfilagem ................................................................................... 60
Figura 4.22 – Roçadora ......................................................................................................................... 62
Figura 4.23 – Escavação da alvenaria de tijolo .................................................................................... 62
Figura 4.24 – Martelo Pneumático acoplado à Giratória ....................................................................... 63
Figura 4.25 – Jacto de água para evitar a excessiva propagação de poeiras ...................................... 63
Figura 4.26 – Multifunções .................................................................................................................... 64
Figura 4.27 – Posicionamento da cambota com a Multifunções ........................................................... 64
Figura 4.28 – Betão projectado com fibras metálicas ........................................................................... 65
Figura 4.29 – Furação das microestacas a trado contínuo ................................................................... 66
Figura 4.30 – Colocação da armadura .................................................................................................. 67
Figura 4.31 – Viga de reacção com as microestacas ........................................................................... 67
Figura 4.32 – Sequência de vigas de reacção soldadas, com as microestacas .................................. 68
Figura 4.33 – Central de bombagem ..................................................................................................... 68
Figura 4.34 – Fluxograma da execução de soleiras ............................................................................. 70
Figura 4.35 – Escavação do troço de soleira ........................................................................................ 71
Figura 4.36 – Retirada das terras provenientes da escavação do troço de soleira .............................. 71
Figura 4.37 – Limpeza após a escavação e aplicação de bitolas ......................................................... 72
Figura 4.38 – Gunitagem da soleira ...................................................................................................... 72
Figura 4.39 – Manta geotêxtil ................................................................................................................ 73
Figura 4.40 – Geomembrana impermeabilizante .................................................................................. 74
Figura 4.41 – Manta em polipropileno ................................................................................................... 74
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
xiii
Figura 4.42 – Cofragem em aço-nervurado perpendicular ao eixo do túnel ......................................... 75
Figura 4.43 – Montagem de armadura .................................................................................................. 75
Figura 4.44 – Vista geral da malha de armadura executada ................................................................ 76
Figura 4.45 – Aplicação de betão estrutural (descarga directa) ........................................................... 76
Figura 4.46 – Aplicação de betão estrutural (conclusão da betonagem) .............................................. 77
Figura 4.47 – Montagem da cofragem e do tubo colector .................................................................... 77
Figura 4.48 – Montagem da cofragem e do tubo colector (vista final) .................................................. 78
Figura 4.49 – Aplicação de betão de enchimento C12/15 .................................................................... 78
Figura 4.50 – Finalização da betonagem com betão de enchimento C12/15 ....................................... 79
Figura 4.51 – Fixação do geotêxtil com pregos de disparo .................................................................. 81
Figura 4.52 – Soldadura da geomembrana às arandelas ..................................................................... 81
Figura 4.53 – Soldadura de sobreposição da geomembrana ............................................................... 82
Figura 4.54 – Trompete no sistema de impermeabilização .................................................................. 82
Figura 4.55 – Vista do sistema de impermeabilização executado ........................................................ 83
Figura 4.56 – Montagem de armaduras nos hasteais e abóbada realizada em andaimes .................. 83
Figura 4.57 – Finalização da montagem de armaduras nos hasteais e abóbada ................................ 84
Figura 4.58 – Cofragem dos arranques ................................................................................................ 85
Figura 4.59 – Betonagem dos arranques dos hasteais ........................................................................ 85
Figura 4.60 – Esquema das várias fases (revestimento definitivo) da secção do túnel . ..................... 86
Figura 4.61 – Montagem de cofragem nos topos do molde .................................................................. 87
Figura 4.62 – Betonagem do molde ...................................................................................................... 87
Figura 4.63 – Descofragem do molde (picagem dos topos) ................................................................. 88
Figura 4.64 – Descofragem do molde (abertura das abas) .................................................................. 88
Figura 4.65 – Betonagem (C12/15) do troço de soleira da secção de alvenaria a manter .................. 89
Figura 4.66 – Limpeza de alvenaria a jacto por via húmida .................................................................. 90
Figura 5.1 – Articulação entre as diversas entidades ......................................................................... 112
Figura 5.2 – Assentamentos verticais das réguas topográficas entre os Pk [0+250;0+260] .............. 116
Figura 5.3 – Assentamentos verticais das réguas topográficas entre os Pk [0+320;0+360] .............. 116
Figura 5.4 – Localização dos alvos topográficos ................................................................................ 117
Figura 5.5 – Convergências dos alvos ao Pk 0+325 .......................................................................... 117
Figura 5.6 – Convergências dos alvos ao Pk 0+345 .......................................................................... 118
Figura 5.7 – Perfis UNP duplos solidarizados às pregagens – 1 ....................................................... 118
Figura 5.8 – Perfis UNP duplos solidarizados às pregagens – 2 ....................................................... 118
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 2.1 – Vantagens e desvantagens do método NATM .................................................................. 8
Tabela 3.1– Tabela com as diferentes secções (S1 e S2) ................................................................... 41
xiv
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 Preâmbulo
Um túnel é uma passagem subterrânea que tem como objectivo facilitar a passagem de algo para
outro lugar. Os túneis podem ser artificiais ou naturais. Os túneis artificiais são feitos pelo homem
para transportar algo, os naturais são feitos obviamente pela natureza através de acções naturais.
Com esta simples definição de túnel, apercebemo-nos que a construção destes, hoje em dia, é
extremamente útil, limitando a construção de infra-estruturas à superfície em meio urbano (neste caso
particular), minimizando o impacto visual na paisagem, como também minorando os impactes que
estas têm no quotidiano da sociedade no decorrer da obra. Assim, este tipo de obras nas grandes
cidades é bastante vantajoso, fazendo face às necessidades impostas pelos altos índices
demográficos, que gera e precisa de diversos meios, serviços e equipamentos.
De acordo com o descrito no ponto anterior, e pelo facto de o autor ter trabalhado numa obra como a
de Consolidação, Reforço e Reabilitação do Túnel Ferroviário do Rossio, influenciou
peremptoriamente a escolha do tema do trabalho, devidamente enquadrado na temática do mestrado.
A obra em estudo possui características muito singulares, nomeadamente por ser o primeiro túnel em
Portugal a sofrer uma reabilitação tão profunda, tendo um impacto muito mediático na comunicação
social e na sociedade ao nível das dificuldades impostas à população que frequentava a Linha de
Sintra.
É importante deixar claro desde já que, com este trabalho, se pretende dar apenas um pequeno
contributo no esclarecimento dos processos construtivos e na reflexão sobre o papel da fiscalização
numa obra desta envergadura, com base num conjunto de ideias, recolha de informação e análises,
reflectidas e perfeitamente exequíveis, na área da Fiscalização.
Pretende-se justificar a importância desta obra, que contribuiu decisivamente para a defesa,
protecção, conservação, restauro e valorização do património cultural que, até aos dias de hoje, ainda
não tem sido convenientemente explorado e dinamizado.
INTRODUÇÃO
2
Esta empreitada consistiu:
• Na intervenção estrutural por construção de uma secção fechada no interior do túnel, numa
extensão de cerca de 1.226 metros, em quatro frentes, mantendo o actual gabarito de
circulação;
• Construção em toda a extensão (2.613 metros) de uma plataforma de via contínua em betão,
com via embebida, viabilizando um acesso rodoviário em caso de necessidade, constituindo
igualmente um elemento de rigidez importante para a estabilidade estrutural do Túnel;
• Instalação de um sistema de monitorização automática com transmissão remota de dados,
permitindo o controlo permanente de medição das deformações e aberturas de fendas do
Túnel;
• E instalação de novos equipamentos de segurança passiva: coluna seca em toda a extensão
do Túnel, sistemas de ventilação e desenfumagem verticais e longitudinais e uma
escapatória vertical situada a meio do Túnel.
Na Prestação de Serviços na Assessoria Técnica e Fiscalização das Empreitadas desta obra, o autor
da dissertação, desempenhou inicialmente as funções de Técnico de Planeamento e Controlo de
Custo, passando posteriormente a Engenheiro de Infra-estruturas e Construção Civil (como chefe de
equipa) e acabei a obra como Engenheiro de Infra-estruturas e Construção Civil (como responsável
de gabinete).
Na Área do Planeamento e Controlo de Custo, as principais funções recaíram sobre o levantamento e
registo das quantidades de trabalho realizadas em obra; Controlo do plano de trabalhos através de
monitorizações das actividades realizadas, com base na determinação dos rendimentos efectivos
obtidos; Controlo das actividades inerentes à Empreitada, incluindo o controlo dos materiais e
equipamentos a aplicar para a realização dos autos de medição mensais, efectuando um
acompanhamento diário da obra; Aplicação dos conhecimentos adquiridos de modo a verificar o
cumprimento do Projecto de Execução (faseamento construtivo).
Mais tarde, aquando da mudança de funções, estas vieram incidir sobre a análise do projecto e do
caderno de encargos, com o seu cumprimento na frente de obra; métodos de execução e materiais
utilizados. Outras das tarefas, incidiu sobre o acompanhamento diário da obra em colaboração
estreita com os fiscais e encarregados, nomeadamente no controlo e fiscalização da execução do
projecto, análise da qualidade dos trabalhos e dos materiais, bem como no controlo do plano de
trabalhos. Foi também realizado um estreito contributo no controlo do plano de trabalhos através de
monitorizações das actividades realizadas. Similarmente, na fase final da obra, contribuiu-se por
analisar e dar conhecimento de toda a documentação aos restantes Engenheiros Chefes de
Equipa/Turno, e fazer a interligação com o Director da Fiscalização e o Engenheiro Coordenador.
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
3
1.2 Conteúdo do Trabalho
A dissertação apresentada, além deste primeiro capítulo introdutório, encontra-se estruturada em
mais seis capítulos, num total de sete.
O segundo capítulo aborda e descreve os processos construtivos mais utilizados na execução de
túneis, bem como técnicas de reabilitação dos mesmos, tanto a nível estrutural, como não estrutural.
O terceiro capítulo descreve as características e localização da obra, relacionando o zonamento do
túnel, com as características geológicas do terreno e as dimensões dos recobrimentos. Neste capítulo
descreve-se ainda o comportamento e os problemas verificados ao longo dos anos, que conduziram
a esta intervenção, e as soluções adoptadas na intervenção, quer na zona da secção nova, quer na
zona da secção a manter, e em que critérios se basearam estas soluções.
O quarto capítulo descreve minuciosamente os processos construtivos das secções a intervir. Na
zona de secção nova, a descrição incide sobre a execução de: colocação do suporte provisório;
pregagens; enfilagens; desmontagem do suporte provisório; escavação, demolição, montagem de
cambotas e aplicação de betão projectado; microestacas e respectivas vigas de reacção; soleiras e
revestimento definitivo da abóbada. Na zona de alvenaria a manter descrevem-se os processos da
execução das soleiras e da limpeza da alvenaria.
No quinto capítulo apresenta-se uma descrição das funções da Fiscalização, particularmente em
obras públicas, a sua influência no andamento da obra, mencionando-se alguns exemplos desta
influência ao nível da análise das técnicas construtivas, da avaliação dos materiais e equipamentos
utilizados; na análise e controlo do planeamento, na ponte de interligação entre o Empreiteiro, o Dono
de Obra e o Projectista.
No sexto capítulo são apresentadas as principais conclusões do trabalho realizado.
INTRODUÇÃO
4
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
5
2 TÚNEIS – ESTADO DA ARTE
Os túneis são um dos mais antigos tipos de construção exercidos pelo homem, existindo registos que
indicam a existência há milhares de anos.
Desde o antigo Egipto, são conhecidos túneis com cerca de 150 metros de comprimentos. A sua
técnica consistia em realizar escavações, simultaneamente, nos dois extremos, encontrando-se no
meio da montanha.
Os romanos tal como os gregos usaram os túneis, para ligar as suas redes de aquedutos. Estas
civilizações, criaram técnicas de trabalho, tal como a aplicação de calor, baseado no princípio de que
uma rocha aquecida, quando arrefecida rapidamente, se fissura numa certa extensão, tornando-se
mais fácil de ser escavado.
Hoje em dia, com a evolução do conhecimento e da tecnologia, os meios ao nosso dispor são
efectivamente mais rentáveis e seguros, despontando assim diversas técnicas construtivas de obras
subterrâneas, nomeadamente os túneis.
Assim sendo, descrevem-se de seguida, os métodos construtivos mais usuais na construção de
túneis, bem como técnicas de reabilitação dos mesmos.
2.1 Métodos construtivos
2.1.1 Introdução
A escolha do método de construção de um túnel é baseada, essencialmente, em estudos geológicos
e geotécnicos, de modo a ser possível adequar a definição do traçado, a escolha dos processos
construtivos e o cálculo de dimensionamento às características do maciço.
Enumeram-se alguns dos principais aspectos que podem condicionar a escolha do método na fase
de projecto e construção:
• Espessura reduzida de recobrimento de solo e rocha;
• Nível freático, e zonas de elevadas pressões;
• Tensões naturais instaladas no maciço;
• Maciços constituídos por materiais heterogéneos, com propriedades mecânicas variáveis;
• Maciços constituídos por rochas facilmente deterioráveis e expansivas;
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• Estruturas geológicas, nomeadamente: dobras, estratificações, contactos litológicos, entre
outros.
Os métodos construtivos dependem naturalmente do maciço em que o túnel é aberto. Quando o
maciço é rochoso, a decisão fica entre a escavação a fogo ou TBM (Tunnel Boring Machines). Já
para maciços de solos (predominante em meios urbanos), a decisão fica entre a escavação
sequencial (New Austrian Tunneling Method) e a escavação mecanizada (TBM).
Nos próximos subcapítulos descrevem-se os métodos construtivos mais usuais:
2.1.2 Construção sequencial (NATM - New Austrian Tunneling Method)
O NATM, New Austrian Tunneling Method, é um método que se baseia na escavação terreno,
conduzindo este a uma deliberada estabilização/deformação, de modo a adaptar o maciço ao
contorno escavado, redistribuindo e reduzindo as tensões máximas induzidas, evitando-se assim a
sua desagregação. Este alívio de tensão é controlado através da monitorização das deformações e
convergências do terreno.
Este método assenta nos seguintes princípios:
• O principal suporte de um túnel é o maciço que o circunda;
• As deformações controladas do maciço e dos suportes devem ser rigorosamente observadas
(plano de instrumentação e monitorização);
• Os suportes, que interagem com o maciço devem ser aplicados no tempo correcto, ou seja,
respeitando as características geomecânicas do maciço;
• A extensão do túnel a ser deixada em aberto (sem suporte) durante a construção deverá ser
a menor possível;
• A rigidez dos suportes deve ser compatível com o maciço (estado inicial de tensões e
características geomecânicas do mesmo), de modo a restringir dentro de limites seguros, as
deformações; e
• A geometria da escavação deve ser adequada ao maciço, por forma a evitar
descontinuidades acentuadas, as quais podem induzir elevados esforços de flexão.
Uma das vantagens deste método é a adaptabilidade da secção de escavação, que pode ser
modificada em qualquer ponto, de acordo com as necessidades geométricas e de segmentação da
escavação. Devido à sua versatilidade, tem uma óptima resposta para a construção de túneis curtos,
túneis com mudanças de secção ou inclinados, poços, estações, entre outros.
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È um método que inicialmente era aplicado em túneis abertos em maciços rochosos submetidos a
elevadas tensões in situ. No entanto, na década de 70, começou-se a ter resultados satisfatórios na
construção de túneis em solos e rochas brandas. Vista esta versatilidade e os princípios em que este
método se baseia, ilustram-se de seguida, diferentes sequências de escavação em secção parcial
(Figura 2.1).
Figura 2.1 – Princípios de escavação do método NATM [1]
O faseamento deste método baseia-se, como já anteriormente foi referido, na deformação do maciço
após a escavação, redistribuindo parte das tensões. Assim, e apesar de existir obrigatoriamente o
plano de instrumentação e monitorização (acompanhamento e análise das deformações), após a
escavação é executado um suporte, que normalmente assenta na aplicação de betão projectado
(com fibras metálicas ou rede electrossoldada). No entanto, nas situações em que a aplicação deste
suporte não seja suficiente, de modo a cumprir com os requisitos de segurança, são realizados
tratamentos de melhoria ou de reforço do maciço, nomeadamente, pregagens, enfilagens, jet
grouting, cambotas metálicas, injecções, etc.).
Assim sendo, após a análise do faseamento, verifica-se que este método tem uma vantagem
económica face aos outros métodos, pois para além de não requerer equipamentos muito
sofisticados, também apresenta flexibilidade em termos de geometria e de condições do maciço.
Para melhor percepção, resumem-se de seguida as vantagens e desvantagens deste método (Tabela
2.1):
TÚNEIS – ESTADO DA ARTE
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Vantagens
Desvantagens
• Versatilidade do método, atendendo às
variações de secção, alinhamentos e
inclinações, sem perdas significativas de
rendimentos.
• Necessidade de tratamento do terreno
circundante, para consolidação do mesmo.
• Escavação parcial da secção, conferindo
maior estabilidade à frente de escavação.
• As etapas de escavação manual,
estabilização e revestimento conferem
índices de baixa produtividade.
• Várias frentes de ataque, em simultâneo.
• A instalação imediata e contínua de
suporte no perímetro da escavação, de
modo a minimizar a movimentação do solo
circundante.
• Os poços de ataque são de pequenas
dimensões.
• A frente de escavação não permite tempos
alargados de exposição, requerendo
colocação imediata do suporte primário.
• Revestimento monolítico.
• Mão-de-obra especializada, bem como
técnicos com larga experiência em obras
geotécnicas.
• Facilidade de remoção dos materiais
resultantes da escavação.
• Necessidade de controlar o nível freático,
para evitar a ocorrência de recalques.
• Adaptável da secção do túnel, e podendo
a geometria ser alterada a qualquer
momento.
• A instalação imediata e contínua de
suporte no perímetro da escavação, de
modo a minimizar a movimentação do solo
circundante.
• Versatilidade em mudanças de
alinhamentos e inclinações.
• A frente de escavação não permite tempos
alargados de exposição, requerendo
colocação imediata do suporte primário.
• Baixos custos de investimentos, por não
exigir meios mecânicos sofisticados.
• Mão-de-obra especializada, bem como
técnicos com larga experiência em obras
geotécnicas.
Tabela 2.1 – Vantagens e desvantagens do método NATM
2.1.3 Construção com escudo (TBM - Tunnel Boring Machines)
A construção mecanizada é uma técnica que consiste em efectuar a escavação com um escudo
perfurador (equipamento mecânico metálico de forma cilíndrica com bordos cortantes - tuneladora),
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possuidor de frente aberta ou fechada, para evitar o colapso do maciço até à colocação do suporte
definitivo, garantindo a protecção de homens e máquinas. Imediatamente atrás, é montado o
revestimento segmentado, em aduelas pré-fabricadas em betão, encaixadas umas nas outras. O
avanço da tuneladora é realizado pela reacção dos macacos contra os anéis de revestimento já
executados.
Esta técnica, devido ao seu elevado custo, para ter viabilidade económica, deve ser utilizada em
túneis com extensão superior a 1000 metros.
Devido à diferença dos diâmetros de escavação face ao diâmetro exterior do suporte, originada pela
espessura da cauda do escudo e pela folga interior, que terá que existir entre esta e os anéis, de
modo a facilitar a instalação destes e possibilitar correcção de alinhamento, é gerado um vazio atrás
do escudo durante o seu avanço. A criação destes vazios pode desencadear assentamentos à
superfície, sendo necessário recorrer a injecções de consolidação do maciço à medida que o escudo
avança, com o intuito, de limitar a curto prazos estes assentamentos, e a longo prazo, garantir a
transmissão de esforços entre o maciço e o suporte. De salientar que, para menores recobrimentos
torna-se maior a dificuldade em controlar os assentamentos [1].
Como referido anteriormente, a frente de escavação com escudo, pode ser aberta ou fechada,
consoante as condições do maciço. O escudo aberto é um método que é utilizado quando os fluxos
de água são quase inexistentes e quando a frente de escavação não precisa de suporte, uma vez
que o terreno na frente somente está sujeito à pressão atmosférica. Na situação do escudo fechado,
o facto de se verificarem fluxos de água capazes de criar a instabilidade do maciço, é necessário
recorrer a técnicas de confinamento com ar comprimido, mecânico, líquido ou por contra-pressão de
terras (Figura 2.2).
Suporte natural
Suporte mecânico
TÚNEIS – ESTADO DA ARTE
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Figura 2.2 – Esquema dos diversos métodos de escavação com escudo [2]
O recurso às TBM na execução de túneis tem as seguintes vantagens:
• Largos avanços de execução, devido aos elevados rendimentos das tuneladoras;
• Automatização dos processos, dispensando mão-de-obra especializada;
• Controlo da estabilização do terreno da frente de trabalho;
• Segurança dos trabalhadores, que se encontram protegidos pelo escudo;
• Maior independência dos terrenos a escavar;
• Menor necessidade de realização de tratamentos do terreno, uma vez que a própria máquina
possibilita o avanço em qualquer tipo de situação;
• Os problemas com a água são minimizados.
Da utilização deste método, salientam-se os seguintes inconvenientes:
• Elevado investimento inicial, derivado do custo dos equipamentos;
• Difícil amortização, pelo que a execução de pequenos túneis é desaconselhada;
• Dificuldades no transporte e colocação da tuneladora na frente de ataque;
• A existência de apenas uma frente de trabalho implica a paragem da obra, aquando da avaria
do equipamento, ou de problemas com o terreno;
Suporte por contra-pressão
Suporte por ar comprimido
Suporte com líquidos
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• A variedade e mistura de materiais (duros e brandos) obriga a desenhar e a dimensionar o
equipamento para cortar ambos os materiais, originando problemas de maior desgaste das
peças cortantes;
• Dificuldades na análise do material escavado, e por conseguinte, possíveis problemas de
destruição de restos arqueológicos e/ou de serviços afectados;
• Necessidade de ocupação de grandes estaleiros, para armazenamento de aduelas.
ESCUDOS ABERTOS
Nesta técnica, a frente de escavação processa-se manualmente ou por meio de escavadoras
mecânicas, que desprendem e removem o solo da face (Figura 2.3). É preferencialmente utilizada em
solos coerentes rijos sem grande gradiente hidráulico ou em rochas brandas.
A sua utilização em terrenos com aquíferos também é possível, embora exija que se façam
intervenções para rebaixamento do nível freático, injecções, congelação, etc.
Figura 2.3 – Tuneladora com escudo aberto [3]
ESCUDOS COM CONFINAMENTO A AR COMPRIMIDO
A execução de túneis com escudos com confinamento a ar comprimido é uma técnica que tem vindo
a ser abandonada, por colocar em risco a saúde dos trabalhadores que nela actuam, devido às
elevadas pressões a que estão sujeitos, bem como pelos custos associados às câmaras de
descompressão. Outro dos factores que provoca o seu abandono está relacionado com as perdas de
ar, uma vez que a permeabilidade dos solos ao ar é de cerca 100 vezes mais elevada do que a
permeabilidade à agua, sendo assim somente aplicável a solos finos com permeabilidade inferior a
10-5 m/s e não apresentando heterogeneidades.
TÚNEIS – ESTADO DA ARTE
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Hoje em dia, este método de execução de obras subterrâneas é utilizado, embora raramente em
túneis com diâmetros inferiores a 3-4 metros.
Este método recorre à aplicação de ar comprimido no sentido de estabilizar a frente de trabalho ou de
prevenir fluxos de água e/ou de solos através da face. A utilização do ar comprimido proporciona
também uma pressão uniforme de suporte na frente de escavação, equilibrando a pressão imposta
pela água, e também, melhorando as características resistentes dos solos que se encontram adiante
da face [1].
ESCUDOS COM CONFINAMENTO MECÂNICO
Esta técnica é utilizada em solos muito moles e com resistências drenadas inferiores a 20-30 kPa,
utilizando, para tal, um escudo munido de uma placa com uma abertura, pela qual, parte do solo entra
dentro do túnel já escavado de onde é posteriormente removido.
Como o campo de aplicação deste tipo de escudos é muito limitado, faz com que seja muito pouco
utilizado.
ESCUDOS COM CONFINAMENTO LÍQUIDO
Esta tecnologia permite a execução de túneis com variados diâmetros, e num vasto campo de
aplicação, sobretudo em solos (desde argilas moles, a solos granulares muito permeáveis sujeitos a
elevadas pressões hidráulicas.
A técnica de escudos com confinamento líquido consiste em colocar sob pressão, um fluído numa
câmara, atrás do elemento cortante. Este líquido, que pode ser água (em solos finos) ou bentonite
(solos grossos ou argilas naturais), infiltra-se e/ou deposita-se na zona a escavar, formando uma
película (cake), conferindo uma resistência adequada à frente de trabalho com a redução da
permeabilidade, permitindo que a escavação se realize em condições seguras (Figura 2.4). A
espessura deste cake, depende da permeabilidade do solo, da densidade e da resistência do fluído,
bem como da diferença de pressões entre o fluído, o solo e a água.
Figura 2.4 – Funcionamento teórico do escudo com confinamento a líquidos [3]
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À medida que se realiza a escavação, os materiais resultantes são extraídos, recorrendo-se para tal,
a bombas centrífugas, que encaminham e separam os fluidos dos materiais resultantes da
escavação. No entanto, devido às limitações das estações de tratamento, este processo ainda é
pouco recorrente (Figura 2.5).
Figura 2.5 – Tuneladora com escudo de confinamento líquido [3]
ESCUDOS COM CONFINAMENTO POR CONTRA-PRESSÃO DE TERRAS
Esta técnica, juntamente com a construção sequencial (NATM), é a mais utilizada em Portugal. A
técnica consiste, essencialmente, em utilizar o solo escavado como elemento estabilizador da frente
de escavação. Este solo que está sob pressão, é colocado na câmara que se encontra atrás do
escudo cortante (Figura 2.6).
Figura 2.6 – Funcionamento teórico do escudo com confinamento por contra-pressão [3]
À medida que o avanço dos trabalhos é realizado hidraulicamente, é executado o desmonte do solo
com o escudo cortante, fazendo penetrar os materiais resultantes na câmara, onde posteriormente,
serão encaminhados através de um tubo para a parte traseira da tuneladora (Figura 2.7 e 2.8). O tubo
contém um dispositivo mecânico que regula o volume de massa extraída, bem como a pressão
aplicada na frente de escavação.
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1. Roda de Corte.
2. Comando de manobra 3. Câmara de escavação
4. Sensor de pressão 5. Compressor de ar.
6. Montagem de aduelas 7. Aduelas
8. Cilindros de propulsão 9. Cinta transportadoras 10. Sem fim da extracção
Figura 2.7 – Esquema de tuneladora com escudo com confinamento por contra-pressão [4]
Aquando da execução deste processo em solos não plásticos, como areias e seixos, podem ser
injectados aditivos, nomeadamente lamas densas, que se misturam com os materiais da escavação,
formando uma pasta impermeável na frente de trabalho, evitando-se assim assentamentos por
consolidação do terreno, garantindo uma maior consistência e homogeneidade do mesmo.
Figura 2.8 – Tuneladora de escudo com confinamento contra-pressão [3]
2.1.4 Construção a fogo
Quando as zonas subterrâneas a escavar são essencialmente rochas, um método muito utilizado é a
escavação a fogo. Este processo depende da velocidade de perfuração bem como da potência do
explosivo.
A escavação a fogo consiste em abrir um certo número de furos na frente de escavação, carregando-
os com explosivos, consoante uma determinada área de detonação. Os furos são dimensionados
segundo a localização, direcção, quantidade e sequência de detonação.
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Após a detonação dos explosivos, são retirados os entulhos da secção escavada, estabilizando a
cavidade aberta com betão projectado, de modo a estabilizar a superfície a mesma.
Este metodologia ainda hoje, é utilizada com profusão, podendo-se enumerar diversas vantagens:
Vantagens:
• Versatilidade quanto ao tipo de rochas;
• Flexibilidade na geometria da secção a escavar;
• Baixos investimentos iniciais, comparativamente com o método TBM;
• Mobilidade das equipas;
• Arranque da rocha, facilitando a sua remoção e transporte.
Desvantagens:
• Irregularidade na secção de escavação;
• Vibrações geradas pela denotação podem colocar em risco a integridade das edificações
vizinhas (caso de meios urbanos);
• Vibrações induzidas, os ruídos, os gases, as poeiras, a projecção de material (partículas e/ou
blocos) e a deterioração do maciço remanescente, traduzido em fenómenos de
sobrefracturação e sobreescavação.
2.1.5 Construção a céu aberto (cut-and-cover)
Este método é aplicado quando não há interferência com o sistema viário, ou quando é possível
desviar o tráfego sem causar grandes transtornos. Pode ser utilizado nas diversas condições
geotécnicas e geológicas, podendo ser economicamente vantajoso para recobrimentos até 20 m.
A técnica de construção a céu aberto consiste em abrir valas de grandes dimensões, executando-se
paredes de contenção laterais, escoradas ou em talude. Segue-se o rebaixamento do nível freático,
caso se justifique, passando-se depois para a execução do suporte definitivo. Este processo termina
com a realização de um aterro sobre o suporte definitivo.
A construção a céu aberto primazia pelos seguintes aspectos:
• O tipo de terrenos é pouco relevante para a execução do método;
• Permite a execução do túnel com pequenos recobrimentos de terreno;
• Os custos envolvidos, bem como o prazo de execução da obra são conhecidos;
• Dispensa mão-de-obra especializada;
TÚNEIS – ESTADO DA ARTE
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• Maior segurança dos operários nas frentes de trabalho;
• Permite a abertura de várias frentes de trabalho;
Como inconvenientes, podem-se destacar:
• Desvio do nível freático e de serviços afectados;
• Pode ter uma incidência clara sobre árvores, elementos arquitectónicos históricos e/ou a
superfície;
• Maior incómodo para a população.
2.1.6 Pré-corte mecânico
O pré-corte mecânico consiste em cortar o terreno apenas na parte da abóbada do túnel, com
equipamentos robustos e com a forma da secção do túnel, dotados de sistemas de translação
longitudinais autónomos. Após o corte, aplica-se betão projectado para consolidação da abobada e
posterior escavação da secção interior do túnel. Terminada a escavação da secção interior, executa-
se um anel concêntrico com a anterior aplicação de betão projectado. Os avanços são limitados de 3
a 3,5 m. Com a estabilização da abóbada, procedem-se os trabalhos de escavação dos hasteais e da
soleira, finalizando-se a metodologia com a execução do revestimento final.
Este método tem as seguintes vantagens:
• Limitação as deformações, devido à execução do pré-suporte;
• O acabamento do revestimento inicial é regular, reduzindo o consumo de betão no
revestimento definitivo;
• Sujeito a menores erros humanos, maximizando as condições de segurança de trabalho;
• Quando o terreno coesivo e em rochas brandas, é de simples execução:
• Elimina a necessidade de injecções de consolidação no terreno.
Como desvantagens, salientam-se as seguintes:
• É um método limitado em terrenos arenosos, e com níveis freáticos elevados, podendo
originar problemas de estabilidade durante a escavação, limitando o comprimentos dos
avanços;
• Requer um sistema de drenagem eficaz;
• O alto custo dos equipamentos, inviabiliza haver várias frentes de trabalho, salvo para túneis
de grandes secções.
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2.1.7 Análise comparativa
O aumento da população urbana tem contribuído para um aumento significativo da construção de
túneis, com especial incidência em obras para vias rodoviárias e ferroviárias. No entanto, o elevado
custo associado à sua construção, aliado a aspectos de natureza ambiental e aos custos de
manutenção, tem sido um impedimento para que se tornem mais generalizados.
O cabal conhecimento de todas as variáveis que possam afectar o comportamento dos túneis e das
estruturas vizinhas, é essencial para que as obras se desenvolvam em segurança, atendendo aos
critérios de danos e aos deslocamentos admissíveis.
Comparando a aplicabilidade dos processos construtivos descritos ao longo deste capítulo, constata-
se que o método TBM, apesar de não ser o mais recorrente, é o que possui uma maior margem de
progressão. Possui também a vantagem de ser um método expedito quer em solos quer em maciços
rochosos, com grandes rendimentos de escavação e de colocação do suporte. No entanto, a falta de
flexibilidade ao nível da variação da geometria, converge no sentido de outros métodos, serem
actualmente ainda os mais utilizados (NATM e escavação a fogo).
2.2 Técnicas de reabilitação
2.2.1 Reabilitação não estrutural
A reabilitação não estrutural inclui trabalhos de reparação de anomalias associadas à humidade, sem
cariz relevante para o contributo da instabilidade do suporte.
Destinam-se a eliminar o que seja prejudicial à alvenaria, ou ao betão, minimizando o seu potencial
de degradação. Como técnicas de limpeza e protecção, salientam-se as seguintes:
• Limpeza de alvenaria (pedra ou tijolo);
• Técnicas de protecção e reparação;
LIMPEZA DE ALVENARIA
• Limpeza mecânica: Este processo é moroso e minucioso, que consiste na remoção de
detritos e na limpeza manual da alvenaria (pedra ou tijolo), recorrendo para a tal a utensílios
como, fresas, escovas mecânicas ou outros equipamentos de pequena potência. Esta técnica
é indicada para zonas pontuais e de pequenas dimensões;
TÚNEIS – ESTADO DA ARTE
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• Limpeza com água à pressão: Esta metodologia baseia-se na projecção de água (com adição
ou não de soluções) à pressão, definindo-se 3 tipos de pressão: i) baixa: 700 a 2100 kPa; ii)
média: 2100 a 4850 kPa; iii) e alta: mais de 4850 kPa. A pressão a usar neste tem que ser
criteriosamente estudada, de modo a não remover o acabamento areado ou superficial
existente, resultando numa aparência diferente;
• Jacto de areia por via húmida: Este método de limpeza é particularmente eficiente em
superfícies com ondulações, e consiste na projecção de partículas abrasivas muito finas por
via húmida, controladas por um operador especializado. Face à limpeza com água à pressão,
este processo tem a vantagem de eliminar o problema da reacção química com os sais de
vanádio (no caso de alvenaria de tijolo);
• Vapor pressurizado: Este método consiste em aplicar água vaporizada a baixa pressão (entre
0,30 e 0,40 MPa), tendo a vantagem de não ser um sistema abrasivo para a alvenaria. No
entanto, não deve ser aplicado a alvenarias permeáveis/porosas, ou a superfícies pouco
resistentes à acção solvente da água. O procedimento desta actividade, invoca que os
trabalhos devem ser realizados inicialmente pelos níveis superiores e em bandas verticais, de
modo a proteger-se sempre as aberturas, evitando infiltrações para o interior;
• Químicos: A utilização de produtos químicos na limpeza de alvenaria (quer de pedra, quer de
tijolo) é bastante variável, consoante o tipo de patologia a tratar. Na desinfestação de bolores,
fungos, algas e líquenes, o tratamento baseia-se na limpeza com biocidas solúveis em água,
enquanto a utilização de pastas argilosas absorventes é indicada para o tratamento e
remoção de manchas e sais [5].
TÉCNICAS DE PROTECÇÃO E REPARAÇÃO
• Hidrofugação: Esta técnica consiste na aplicação de uma camada superficial de produtos
acrílicos, silicones ou produtos de protecção aos agentes biológicos, na alvenaria;
• Manutenção: A manutenção periódica é uma técnica de protecção muito eficaz ao nível da
identificação de patologias e anomalias, que possam agravar a vida útil do suporte. Para o
desenrolar destas tarefas, além das inspecções visuais, também a realização de ensaios e de
pequenas tarefas (tais como: tratamento de juntas, tratamentos de protecção, etc.),
contribuem significativamente para a conservação do suporte;
• Tratamento de juntas: Esta solução divide-se em 3 fases: i) remoção de materiais não
funcionais com ferramentas manuais, escopros ou martelos pneumáticos de baixa potência:
ii) limpeza da juntas com ar comprimido ou escovas, e enchimento parcial dos vazios
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existentes com argamassa adequada (idêntica à de assentamento) ao suporte; iii)
refechamento superficial, e limpeza do paramento.
2.2.2 Reabilitação estrutural (reforço e consolidação)
A reabilitação estrutural consiste em melhorar, as características mecânicas e a coesão dos
elementos existentes (suportes), bem como dos terrenos circundantes, evitando e/ou controlando os
fenómenos de instabilidade ou deformações excessivas.
REFECHAMENTO DE JUNTAS
Esta técnica pode ser realizada através da colocação de argamassa ou de armadura. O
refechamento com argamassa consiste na remoção parcial e substituição da argamassa degradada
por outra de melhores propriedades mecânicas e de maior durabilidade. Este processo encadeia
várias etapas: remoção parcial da argamassa das juntas; lavagem das juntas com água a baixa
pressão; reposição e compactação da argamassa.
O refechamento com armadura consiste na consiste na remoção parcial da argamassa das juntas,
seguindo-se a colocação de armaduras de reforço, do tipo de aço laminado ou barras FRP (Fiber
Reinforced Polymer). As argamassas utilizadas são à base de cal hidráulica ou de resinas orgânicas
(epóxi ou de poliéster). Esta técnica, por vezes combina-se com a execução de pregagens (adiante
descrito o processo).
DRENAGEM – REBAIXAMENTO DO NÍVEL FREÁTICO
Quando o nível freático sobe, originando um aumento das pressões hidrostáticas não previstas, a
drenagem por gravidade é o método mais expedito para a resolução. Esta técnica consiste em
realizar furos no maciço, colocando geodrenos sub-horizontais, diminuindo as pressões hidráulicas
actuantes. Estes drenos devem ser executados de forma radial, e em quincôncio.
Este tratamento inicia-se com a execução de uma malha primária, procedendo-se à leitura de
pressão em alguns dos geodrenos (através de manómetros). Caso se verifiquem pressões
indesejáveis, executam-se novos drenos (designados de secundários), nos intervalos dos já
executados, até se atingir a pressão desejada.
TÚNEIS – ESTADO DA ARTE
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INJECÇÕES DE CONSOLIDAÇÃO NO EXTRADORSO DO SUPORTE
A aplicação de injecções de consolidação é uma técnica que se aplica nas zonas onde existem
vestígios de infiltração, e têm por objectivo o preenchimento dos vazios entre o terreno e o
revestimento, melhorando as condições de impermeabilização do próprio revestimento.
A execução das injecções deverá ser iniciada dos hasteais para a abóbada, a pressões de ordem de
0,10 a 0,20 MPa. Nas situações em que se verifique dificuldade em atingir a pressão correcta,
devem-se criar sectores estanques no sentido longitudinal, de maneira que a calda preencha todo o
espaço entre o revestimento e o terreno. A criação destes sectores estanques poderá ser realizada
através da injecção de uma argamassa mais espessa, ou da criação de um tampão betonado através
de um rasgo perimetral no suporte.
A injecção pode ser de suspensões, soluções ou emulsões, sendo compostas à base de cimento,
bentonite, areia, aditivos, cinzas ou cal. Um parâmetro a ter em conta na constituição da calda de
injecção, é a viscosidade, sendo determinada pela dimensão dos vazios ou das fracturas existentes
no maciço, e/ou a sua permeabilidade.
INJECÇÕES DE CONSOLIDAÇÃO NA ALVENARIA
Esta técnica consiste em injectar caldas a baixas pressões (0,1 a 0,2 MPa), através de furos
previamente realizados na superfície da alvenaria, para preenchimento de fissuras, vazios, ou
esmagamentos localizados, melhorando as características físicas e mecânicas do material da
alvenaria. As caldas utilizadas são tipicamente à base de cimento estabilizadas por bentonite, cal,
resinas epóxidas ou caldas de silicatos de potássio ou sódio.
BETÃO PROJECTADO
Este técnica é aplicada em na reparação de estruturas de betão armado, ou a consolidação e reforço
de alvenaria. A aplicação de betão projectado dispensa o uso de cofragens e permite a sua aplicação
nas situações de difícil acesso, garantindo uma excelente aderência e durabilidade. De salientar
ainda, que projecção confere ao betão a capacidade de se auto-compactar em sucessivas camadas.
Para conferir uma melhor resistência à tracção ao betão, destacam-se duas soluções:
• Adição de fibras metálicas ao betão;
• Fixação ao suporte de rede electrossoldada ou rede de fibra de vidro.
Esta técnica combina-se frequentemente com a de pregagens.
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PREGAGENS
As pregagens têm por objectivo reforçar o maciço por duas vias: através da inclusão constituída pela
própria pregagem solidária com o terreno, e também da injecção das zonas fissuradas e dos vazios
do maciço. Este método é maioritariamente utilizado, quando se verificam fenómenos de extrusão e
de pré-convergência.
ENFILAGENS
Esta técnica de reforço, embora mais direccionada para a construção de túneis, também se utiliza na
reabilitação dos mesmos. Consiste em colocar tubos metálicos ou varões de aço na abóbada, em
forma de guarda-chuva, de maneira a criar o efeito de arco. As perfurações do maciço são de
pequeno diâmetro, e com um afastamento na ordem dos 20 a 30 cm. As injecções são executadas
com caldas de cimento ou resinas.
PRÉ-ESFORÇO
A técnica de pré-esforço consiste na colocação de cabos de aço de alta resistência, efectuando o seu
esticamento, de forma a introduzir na estrutura um novo sistema de forças. Este reforço permite
melhorar o comportamento das paredes, sob acções no seu próprio plano e sob acções exteriores e
melhorar o comportamento em serviço, ao nível do controle de deformação e fendilhação.
CONGELAÇÃO ARTIFICIAL DE TERRENOS
Este método consiste no congelamento artificial do terreno, convertendo a água intersticial in situ em
gelo (através da injecção de nitrogénio), aumentando as propriedades mecânicas do solo e tornando-
o impermeável. Esta metodologia aplica-se a qualquer tipo de solo, desde que este possua um alto
teor em água (solos não saturados). Tem a particularidade de ser, de rápida execução, sem induzir
perturbações nas infra-estruturas vizinhas (vibrações e ruídos quase inexistentes). No entanto, devido
aos elevados custos, e à necessidade de utilização de equipamentos especializados, esta técnica é
muito pouco utilizada [6].
MICROESTACAS
A execução de microestacas consiste no reforço das fundações face a novas cargas, e/ou no controlo
dos assentamentos das mesmas. Estas são de estacas de pequeno diâmetro, com armadura
TÚNEIS – ESTADO DA ARTE
22
metálica, com ou sem bolbo de selagem. Estas têm a particularidade de poderem ser executadas em
zonas confinadas, zonas com o com pé direito reduzido, e com baixos níveis de ruído e vibrações.
JET GROUTING
O jet grouting consiste na execução de solo melhorado com aglutinante in situ, mediante a introdução
de caldas a grande velocidade (na ordem dos 250 m/s) no terreno, por dispositivos especiais,
formando cilindros de solo-cimento. Os cilindros podem ser verticais, horizontais ou inclinados (Figura
9 e 10). As altas velocidades da injecção promovem o atravessamento das caldas nos orifícios de
pequena abertura, aplicando uma elevada energia cinética na desagregação da estrutura do terreno
natural e na mistura de calda de cimento com as partículas de solo desagregado. Estas injecções
conferem um aumento das características mecânicas do material, diminuindo também a sua
permeabilidade.
Figura 2.9 – Consolidação vertical de abóbadas de túneis [7]
Figura 2.10 – Consolidação sub-horizontal de abóbadas de túneis [7]
Dos vários campos de aplicação, destacam-se os seguintes:
• Consolidação de abóbadas de túneis a partir do seu interior ou a partir da superfície (para
profundidades inferiores a 20 m);
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
23
• Tratamento de camadas muito permeáveis com níveis de água confinados, intersectadas pelo
traçado do túnel e que podem originar carregamentos de solo devido às suas elevadas
pressões;
• Consolidação de frentes de túneis em terrenos constituídos por solos moles e saturados;
• Consolidação da entrada e saída de tuneladoras com escudo;
• Criação de lajes estanques na soleira, e impermeabilização de hasteais e da abóbada (Figura
11);
• Construção de colunas sub-horizontais, em túneis de reduzido recobrimento, em zonas
urbanas.
Figura 2.11 – Contenção lateral de escavações e combate à sub-pressão de água [7]
TÚNEIS – ESTADO DA ARTE
24
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
25
3 INFORMAÇÃO GERAL SOBRE A OBRA REALIZADA
3.1 Informação geral sobre a obra existente
3.1.1 Características da Obra A obra em estudo é a Reabilitação do Túnel Ferroviário do Rossio, construído há mais de cem anos,
e que constitui um elemento essencial do eixo ferroviário Lisboa-Sintra, proporcionando a ligação de
uma área suburbana densamente povoada ao centro de Lisboa.
O Túnel do Rossio foi construído no século XIX, entre 1887 e 1890, tendo custado 730 mil réis
(moeda da época). A inauguração da obra foi no dia 21 de Maio de 1890, pela Companhia Real dos
Caminhos de Ferro Portugueses, tendo sido considerada a maior obra de engenharia do século XIX.
O túnel tem uma extensão de 2613,00 metros, com início no Pk 0+194 do lado do Rossio e fim no Pk
2+807 do lado de Campolide. Este possui um traçado em alinhamento recto em planta, vencendo um
desnível total de 25 metros (Figura 3.1).
Figura 3.1 – Representação em planta do traçado do Túnel [8]
INFORMAÇÃO GERAL SOBRE A OBRA REALIZADA
26
O túnel é de via dupla, com uma entrevia de 3,60 metros. A via assenta sobre balastro, à excepção
dos primeiros metros até ao Pk 0+780, onde as travessas assentam sobre a soleira.
A secção interior do túnel foi projectada com um vão de 8,00 m, constituída por uma abóbada circular
de 4,00 m de raio. O revestimento (secção estrutural) é constituído por alvenaria de tijolo maciço com
espessura de 0,80 m, e pontualmente com 1,00 m. A argamassa utilizada no revestimento foi cal
hidráulica.
Os hasteais são verticais, com 0,80 m de espessura, construídos na sua maioria por alvenaria de
pedra.
Ao longo dos anos, o túnel sofreu diversas intervenções, quer de manutenção, quer de reforço da
estrutura, tais como [8]:
• 1952 − Construção de uma soleira de betão desde a boca do lado da Estação do Rossio até
ao Pk 0+700;
• 1955 − Rebaixamento da plataforma, em 30 a 50 cm, com vista à electrificação;
• 1995 − Reparação da cedência do hasteal direito da via descendente, entre os Pk 1+920 e
1+960, através da reconstrução em betão, do pé-direito, com a espessura necessária para
colmatar a cavidade no terreno;
• 1967 − Construção de um novo dreno, para rebaixamento das águas existentes ao nível da
plataforma;
• 1983 − Reforço do hasteal, lado esquerdo, ao Pk 0+900, com a aplicação de duas fiadas de
ancoragem pré-esforçadas a 200 kN;
• 1987 − Reforço do hasteal, lado direito, ao Pk 0+900, com a aplicação de duas fiadas de
ancoragem pré-esforçadas a 245 kN;
• 1990 − Reforço do hasteal, lado direito, ao Pk 0+900;
• 1991 − Reparação de dois troços experimentais de 200 m, entre os Pk 0+220 e 0+420
respeitante a trabalhos de impermeabilização da abóbada do túnel e entre os Pk 0+780 e Pk
0+980 relativo à execução da soleira em betão;
• 1993 a 1995 − Impermeabilização e reforço, em 200 m, na zona da boca de entrada (lado da
Estação do Rossio);
• 1995 − Reforço do Túnel na zona do atravessamento do Túnel do Metropolitano (Linha
Amarela) com recurso a pregagens, betão projectado, malha metálica e injecção do maciço;
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
27
• 2001 − Ao Pk 0,900 houve a necessidade da demolição das alvenarias dos pés−direitos de
ambos os hasteais, para a execução de contrafortes e instalação de ancoragens com 540 kN
e comprimento total de 15 m.
A 22 de Outubro de 2004, deu-se o encerramento da circulação ferroviária no Túnel do Rossio,
devido a um abatimento de 25 cm na abóbada. Deste modo, foi necessário estudar soluções de
reabilitação, para que se retomasse a circulação, num ponto vital da ligação ferroviária na zona de
Lisboa.
A intervenção no Túnel do Rossio foi dividida em dois tipos:
• Zona de intervenção da plataforma: execução de uma soleira de betão, submetendo os
hasteais e abóbada existentes, somente a uma limpeza da alvenaria;
• Zona de intervenção estrutural: execução de uma nova secção em betão armado (soleira,
hasteais e abóbada).
Apresenta-se na figura seguinte, os tipos de intervenção a realizar na obra de reabilitação do Túnel
Ferroviário do Rossio (Figura 3.2).
Figura 3.2 – Tipo de Intervenção [8]
3.1.2 Caracterização física da obra – zonamento
O túnel apresenta duas zonas distintas, devido às interligações entre o zonamento geotécnico, perfil
longitudinal e a implantação do mesmo nas plantas da cidade.
INFORMAÇÃO GERAL SOBRE A OBRA REALIZADA
28
A primeira zona caracteriza-se por possuir recobrimentos entre os 2,5 e os 25 metros, numa extensão
de aproximadamente 700,00 m, entre a boca do Rossio, ao Pk 0+194, e o Pk 0+900,00. A superfície
é densamente urbanizada, enquanto que ao nível geotécnico apresenta terrenos brandos a rijos do
Miocénico, constituídos por argilas e aréolas com intercalações de calcários fossilíferos [9].
A outra zona (segunda) desenvolve-se a partir do Pk 0+900 até ao Pk 2+807 (fim do túnel). Nesta
zona o recobrimento chega aos 60,00 m, apresentando terrenos calcários e margosos do
Cenomaniano (rochas brandas a rijas).
3.2 Descrição do problema
O Túnel do Rossio é uma obra com mais de cem anos e, não obstante ainda se ter mantido até hoje
sem grandes reparações, têm-se verificado algumas ocorrências que demonstram o comportamento
menos adequado da estrutura [9], tais como:
• Abatimento, de 25 cm, da abóbada ao Pk 2+020. Este foi o factor primordial, que determinou
o fecho do túnel devido à eminente rotura do revestimento, levando à necessidade de
reabilitar o mesmo;
• Abatimento do terreno da soleira na entrevia, dando origem a uma rotura no aqueduto de
alvenaria (1926);
• Problemas de instabilidade da plataforma em consequência da contaminação do balastro
com lamas argilosas e infiltrações de água (a partir, pelo menos, de 1926);
• Abaixamento de 50 cm do plano das vias e recalçamento dos hasteais com uma espessura
de valor idêntico;
• Execução de uma soleira em betão simples entre os Pk [0+194;0+780], devido à
convergência dos hasteais;
• Assentamento do hasteal do lado da via cescendente entre os Pk [1+920;1+960 (lado direito
no sentido Rossio-Campolide) quando se procedia ao recalçamento do mesmo;
Devido a estes comportamentos, foram feitos vários diagnósticos à obra, por construtores
(nomeadamente a Teixeira Duarte S.A.) e pelo LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil) a
pedido do Dono de Obra (Rede Ferroviária Nacional - REFER EP). Após o levantamento in situ,
apresentam-se de seguida as principais patologias [10]:
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
29
• Infiltrações de água através do revestimento;
• Deformações significativas no revestimento existente;
• Instabilidade da plataforma, devido à existência de terrenos brandos amolecidos pelas águas
superficiais;
• Alteração superficial da alvenaria de tijolo e de pedra dos hasteais e da respectiva
argamassa;
• Redução do gabarito, devido a defeitos construtivos ou em consequência das deformações
sofridas pelo revestimento;
• Vazios e degradação dos terrenos envolventes.
As patologias apresentadas anteriormente foram alvo de vários estudos e análises, onde a
metodologia utilizada foi baseada em 2 factores:
• No levantamento estrutural: caracterização do tipo de revestimento existente no túnel, a
natureza e a forma dos blocos de alvenaria, sendo ainda descritos os equipamentos
existentes;
• Na cartografia de anomalias: foram analisadas todas as fissuras e correspondentes
aberturas, o estado de alteração e de erosão das alvenarias e suas juntas, a queda de
elementos do revestimento ou do maciço e as infiltrações existentes.
Após mencionada a metodologia utilizada na análise do comportamento do túnel, apresentam-se
alguns exemplos dos inúmeros problemas detectados:
• Alteração e erosão da superfície da alvenaria, com evidência de quedas de alvenaria em
zonas específicas (Figuras 3.3 e 3.4). As juntas da alvenaria denotam ausência de
argamassa (Figura 3.5).
Figura 3.3 – Abóbada entre o Pk [1+064 ; 1+135] [10]
INFORMAÇÃO GERAL SOBRE A OBRA REALIZADA
30
Figura 3.4 – Abóbada entre o Pk [1+324 ; 1+344] [10]
Figura 3.5 – Abóbada entre o Pk [1+494 ; 1+534] [10]
• Deformações bastante evidentes na zona da abóbada (Figuras 3.6 e 3.7).
Figura 3.6 – Deformação na abóbada entre o Pk [1+564 ; 1+594] [10]
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
31
Figura 3.7 – Outra vista da deformação na abóbada entre o Pk [1+564 ; 1+594] [10]
• Degradação avançada das juntas, evidenciada pela facilidade de abertura com um martelo de
geólogo, devido a vestígios de infiltrações de água na área afecta (Figura 3.8).
Figura 3.8 – Desplacamento de blocos de alvenaria com martelo de geólogo
3.3 Descrição das soluções de reabilitação Após o encerramento à circulação ferroviária no túnel, a 22 de Outubro de 2004, foi feito o
levantamento das condições existentes ao longo deste e avaliados os diferentes tipos de
intervenções possíveis para a sua reabertura em segurança, foram decididas quais as acções de
reabilitação e beneficiação a executar. Assim, nas zonas mais degradadas, perfazendo cerca de 1283
metros, foi decidido executar uma secção fechada em betão armado, mantendo o gabarito de
circulação. Nas zonas que apresentavam um estado considerado de boa conservação decidiu-se pela
realização de uma limpeza do material desagregado. Nos troços onde a intervenção foi executar uma
secção fechada em betão armado procedeu-se à demolição da alvenaria existente, de modo a manter
o gabarito de circulação. Assim, a solução incidiu pela montagem de um escoramento provisório,
INFORMAÇÃO GERAL SOBRE A OBRA REALIZADA
32
demolição da alvenaria existente, execução do suporte primário e, finalmente, a realização do
revestimento definitivo em betão armado (ver Figura 3.9).
Figura 3.9 – Esquema sequencial da solução de reabilitação da Secção Fechada
O suporte primário tem como função garantir a estabilidade do maciço, aquando da execução dos
trabalhos para a secção definitiva (secção fechada). A prossecução do suporte primário focalizou-se
nas características de cada troço do túnel, de modo a fazer face às condições geotécnicas, à
espessura do recobrimento e às interferências localizadas sobre o túnel. Assim, a obtenção da
segurança em obra, limitando ao mínimo as deformações do maciço, e a consequente redução dos
assentamentos à superfície, baseou-se na montagem de cambotas provisórias (perfis metálicos
HEB), na execução de enfilagens e pregagens, montagem de cambotas definitivas com a respectiva
aplicação de betão projectado.
Escoramento provisório
Demolição da alvenaria existente
Execução do suporte primário
Execução do revestimento
definitivo
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
33
3.4 Zona de Secção Nova
3.4.1 Escoramento provisório do revestimento de alvenaria
Tendo como objecto o estudo realizado das condições existentes na zona inicial do túnel (devido ao
reduzido recobrimento) e na vizinhança do Pk 2+000, devido às deformações evidenciadas, e às
condições geotécnicas, optou-se por realizar chapéus de enfilagens, pelo contorno exterior do
suporte primário de betão projectado de modo a impedir deformações do terreno envolvente, [9].
O contorno exterior do suporte primário de betão projectado não é mais do que a “testa” existente
para se iniciar a execução de enfilagens, de modo a permitir a colocação do bit de furação.
Primeiramente executa-se a escavação, seguindo-se a aplicação de betão projectado para permitir
que se trabalhe em segurança, e que não se verifiquem deslocamentos e assentamentos relevantes.
Deste modo, as cambotas de escoramento foram ajustadas ao contorno interior da alvenaria e foram
aplicados entre os Pk 0+194 e Pk 0+221 em HEB 180 com geometria variável (Figura 3.10 e 3.11);
entre os Pk 0+221 e Pk 0+247 em HEB 200 com geometria variável; entre os Pk 0+247 e Pk 0+769,
Pk 1+571 e 1+601 em HEB 200; e entre os Pk 1+860 e Pk 1+970, Pk 1+990 e Pk 2+050 em HEB 200
de geometria variável, (perfis com raio de curvatura variável).
Figura 3.10 – Secção com Escoramento Provisório (cambotas) entre os Pk [0+194 ; 0+221]
INFORMAÇÃO GERAL SOBRE A OBRA REALIZADA
34
Figura 3.11 – HEB de geometria variável [11]
Nota: Para se obter a geometria variável dos perfis metálicos HEB, estes são fabricados com o raio
de curvatura de projecto.
3.4.2 Demolição da alvenaria existente
Esta fase da solução de reabilitação da Secção Fechada consistiu em demolir a alvenaria existente
com o recurso a maquinaria específica (roçadora), possibilitando posteriormente a finalização do
suporte primário (montagem de cambotas metálicas, aplicação de betão projectado e a realização de
microestacas), em virtude das pregagens e enfilagens já terem sido executadas.
3.4.3 Suporte Primário
O tipo de suporte adoptado foi definido tendo em conta as condições apresentadas pelo terreno,
obtendo-se uma combinação de materiais composta por cambotas metálicas, tubos metálicos de
enfilagens, pregagens metálicas e pregagens de fibra de vidro injectadas.
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
35
Uma vez que existia a impossibilidade de tratamento do maciço nas zonas de pior qualidade,
considerou-se que as enfilagens desempenhavam uma função similar, uma vez que funcionaram
como um pré-suporte suficientemente rígido, que limita o desconfinamento do maciço, aquando da
realização da demolição do revestimento e da escavação.
Deste modo, e de acordo com a caracterização geotécnica apresentada no zonamento,
consideraram-se os seguintes tipos de suporte, [9]:
• Entre os Pk 0+194 e Pk 0+305, Pk 0+317 e Pk 0+360, Pk 0+610 e Pk 0+767; os Pk 1+571 e
Pk 1+598; os Pk 1+860 e Pk 1+970, e Pk 1+990 e Pk 2+050; e os Pk 2+764 e Pk 2+773 –
suporte primário constituído por enfilagens em chapéu simples, cambotas metálicas e betão
projectado com fibras metálicas (Figura 3.12);
Figura 3.12 – Suporte Primário entre os Pk [0+197 ; 0+305] [12]
• Entre os Pk 0+360 e Pk 0+610 - suporte primário constituído por enfilagens em chapéu duplo,
pregagens de fibra de vidro FLP20 (elemento de secção rectangular revestido a quartzo,
constituído por um compósito de fibras de vidro, polímeros, aditivos e material de enchimento,
revestido a quartzo), cambotas metálicas e betão projectado com fibras metálicas (Figura
3.13);
INFORMAÇÃO GERAL SOBRE A OBRA REALIZADA
36
Figura 3.13 – Suporte Primário entre os Pk [0+360 ; 0+610] [12]
• Entre os Pk 0+305 e Pk 0+317, Pk 0+767 e Pk 0+779 – suporte primário constituído por
pregagens de fibra de vidro FLP20, cambotas metálicas e betão projectado com fibras
metálicas (Figuras 3.14, 3.15 e 3.16);
Figura 3.14 – Pregagens de fibra de vidro
[13] Figura 3.15 – Outra representação de
pregagens de fibra de vidro [13]
Nota: As pregagens fibra de vidro usadas eram do tipo GFRP (Glass Fibre Reinforced Polymer). O
GFRP é um compósito formado por polímeros, fibras de vidro, material de enchimento e aditivos. A
utilização de fibras de vidro no composto, são responsáveis por grande parte das características
mecânicas do material, conferindo uma maior resistência e rigidez ao material. Já os polímeros têm a
função de agregar os constituintes do compósito, garantindo a transferência de cargas entre as fibras
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
37
e o compósito e entre as cargas aplicadas. A utilização dos aditivos, permite melhorar algumas
propriedades específicas, nomeadamente, a resistência ao fogo.
Enumeram-se de seguida algumas das suas vantagens:
• Características mecânicas excepcionais, fácil e completamente adaptável a inúmeras
finalidades; • Resistências específicas superiores a quase todos os metais e aos demais materiais de
construção (altíssima resistência mecânica).
• Grande flexibilidade de desenho de construção, que permite qualquer forma; • Boa resistência às acções dos produtos químicos e das intempéries, não sendo atacado por
agentes atmosféricos e por micro organismos;
• Elevadas propriedades eléctricas, valorizadas por uma boa estabilidade dimensional, baixa
absorção de água e uma elevada resistência às variações de temperatura;
• Possibilita a obtenção de produtos translúcidos ou em cor; • Baixo custo de transporte, devido ao seu reduzido peso;
• Em situações de reforço de alvenaria para posterior escavação, possibilitam a sua demolição
por meio de equipamentos de baixa potência;
Figura 3.16 – Suporte Primário entre os Pk [0+305 ; 0+317] [12]
INFORMAÇÃO GERAL SOBRE A OBRA REALIZADA
38
• Entre os Pk 0+869 e Pk 0+934 e entre os Pk 1+172 e Pk 1+212 - suporte primário constituído
por pregagens de fibra de vidro FLY35, cambotas metálicas e betão projectado com fibras
metálicas (Figuras 3.17 e 3.18);
Figura 3.17 – Pregagem de fibra de vidro FLY35
Figura 3.18 – Suporte Primário entre os Pk [0+869 ; 0+934] [12]
• Entre os Pk 1+294 e Pk 1+454, Pk 2+702 e Pk 2+764, e Pk 2+773 e Pk 2+792 – suporte
primário constituído por pregagens de aço do tipo Swellex (Figura 3.19) e betão projectado
com fibras metálicas (Figura 3.20);
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
39
Figura 3.19 – Pregagens do tipo Swellex [14]
Figura 3.20 – Suporte Primário entre os Pk [1+294 ; 1+454] [12]
Nota: O Swellex é um tipo de varão que reforça o maciço rochoso através de uma combinação de
atrito e encravamento mecânico contínuo. O uso do sistema Swellex tem crescido rapidamente em
todo o mundo, tendo uma vasta aplicação, não só em rochas duras (alta resistência mecânica, e
elevado módulo de deformação - relação entre a carga aplicada e as consequentes tensões), mas
também em rochas macias (baixa resistência mecânica e baixo módulo de deformação). As
pregagens Swellex são feitas a partir de um tubo de aço de fina espessura, dobrado em forma de
“rim”. Em cada extremidade do varão é colocada sobre pressão, uma buchas, e posteriormente
INFORMAÇÃO GERAL SOBRE A OBRA REALIZADA
40
soldada ao mesmo. A bucha de menores dimensões tem um orifício por onde é injectada água a alta
pressão, originando a expansão do varão. Este processo promove a compressão do terreno em torno
da pregagem, adaptando-se o varão às irregularidades do terreno (Figura 3.21).
Figura 3.21 – Esquema de funcionamento das pregagens do tipo Swellex
• Entre os Pk 1+559 e Pk 1+571, Pk 1+598 e Pk 1+609; Pk 1+844 e Pk 1+860, Pk 1+970 e Pk
1+990, Pk 2+050 e 2+124; e Pk 2+792 e 2+807 – suporte primário constituído por cambotas
metálicas e betão projectado com fibras metálicas (Figura 3.22);
Figura 3.22 – Suporte Primário entre os Pk [2+050 ; 2+124] [12]
Expansão da secção com a injecção da água a pressões elevadas(240 a 300 bar).
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
41
As diferentes soluções foram adoptadas consoante as necessidades de garantir a estabilidade do
maciço (devido ao estado de degradação do mesmo), os recobrimentos existentes e os
deslocamentos verificados através de monitorizações. Quanto menores as evidências ao nível de
instabilidade, “menores e menos resistentes” (menores intervenções) foram as constituições do
suporte primário.
Assim, da análise aos suportes primários mencionados, constatam-se os seguintes aspectos:
• Nas zonas com baixos recobrimentos, e deslocamentos do maciço na zona da abóbada:
execução de enfilagens;
• Nas zonas de instabilidade do maciço (hasteais e/ou abóbada): execução de pregagens;
• Nas zonas em que era possível trabalhar em segurança, ao nível da escavação: cambotas;
• Nas zonas que as fundações tinha evidências de abatimento: microestacas.
Nas situações, em que os problemas se conjugavam, as técnicas de reforço também se combinavam,
de maneira a garantir a estabilidade do maciço, aquando da execução do revestimento definitivo.
Deste modo, verifica-se que nas zonas onde a instabilidade do maciço era maior e o recobrimento
menor, a intervenção realizada foi mais reforçada, o que levou conjugação de enfilagens com
pregagens, para além das cambotas metálicas.
3.4.4 Revestimento Definitivo
Dada a geometria do contorno interior e a espessura do revestimento, uma vez que esta é variável,
foi necessário considerar secções distintas de revestimento (Tabela 3.1):
Troço
Secção Pk Inicial Pk Final
0+194 1+294 S1 1+294 1+454 S2 1+454 2+702 S1 2+702 2+769 S2 2+769 2+778 S1 2+778 2+792 S2 2+792 2+807 S1
Tabela 3.1– Tabela com as diferentes secções (S1 e S2)
• Secção Tipo S1: quando a geometria do contorno interior varia de forma contínua com
espessuras de 0,50 m (Figura 3.23);
INFORMAÇÃO GERAL SOBRE A OBRA REALIZADA
42
Figura 3.23 – Secção TIPO S1 [15]
• Secção Tipo S2: quando a geometria do contorno interior varia de forma contínua com
espessuras de 0,40 m (Figura 3.24);
Figura 3.24 – Secção TIPO S2 [16]
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
43
• Secção S1 de espessura variável: secção onde a geometria do contorno se mantém
constante, variando a espessura por razões construtivas (nomeadamente, no caso das zonas
com enfilagens);
• Secção Tipo S2 de espessura constante: secção onde a geometria do contorno se mantém
constante, variando a espessura, somente num pequeno trecho sobre o poço VI (poço de
ventilação situado ao Pk 2+655, para extracção e ventilação do ar do túnel);
Ao suporte primário, para efeitos de cálculo do revestimento definitivo, foi-lhe atribuído uma
contribuição nula, na resistência às cargas impostas pelo maciço. Este suporte primário foi objecto de
dimensionamento para a fase construtiva face às características do maciço constituído por solos ou
rochas brandas.
3.5 Zona de Alvenaria a Manter Na zona de alvenaria a manter, os trabalhos realizados foram os seguintes:
• Recalçamento dos hasteais e execução da soleira em betão;
• Injecções de impermeabilização nas zonas com vestígios de infiltrações e aplicação de
geodrenos na base dos hasteais;
• Tratamento dos elementos cerâmicos e de pedra do revestimento a manter.
44
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
45
4 DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS Este capítulo pretende, tal como o nome indica, descrever os processos construtivos da intervenção a
que o túnel está sujeito. A definição dos processos construtivos e da ordem em que são realizados
surgem após uma análise cuidada das características da obra e do maciço, do tipo de equipamento a
utilizar e também dos prazos de execução.
4.1 Zona de Secção Nova
De uma forma genérica a sequência construtiva do revestimento definitivo é a que a seguir se
apresenta. Nas secções seguintes, os processos construtivos são descritos de forma pormenorizada
[9].
• Suporte Primário constituído por enfilagens, cambotas e betão projectado:
1. Aplicação de cambotas metálicas HEB de escoramento provisório do revestimento
existente;
2. Execução de um ou dois chapéus (chapéu simples ou duplo) de enfilagens (conforme o
projecto e a zona a intervir);
3. Demolição do revestimento de alvenaria e escavação pelo novo contorno até à rasante;
4. Aplicação de microestacas de fundação (para fundação das cambotas);
5. Aplicação de cambotas metálicas HEB revestidas com betão projectado;
6. Aplicação de camadas de betão projectado com fibras metálicas até completar a
espessura de projecto;
7. Execução da soleira;
8. Aplicação do sistema de impermeabilização;
9. Betonagem do revestimento definitivo;
10. Execução de caleiras;
11. Assentamento da via, de montagem de equipamentos e acabamentos.
Nota: As actividades 1 a 6 repetem-se até execução do suporte primário da abóbada e hasteais,
numa extensão definida em projecto.
• Suporte Primário constituído por enfilagens, pregagens fibra de vidro, cambotas e betão
projectado:
1. Aplicação de cambotas metálicas HEB de escoramento provisório do revestimento
existente;
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
46
2. Execução de pregagens de fibra de vidro, em avanço;
3. Execução de um chapéu duplo de enfilagens;
4. Demolição do revestimento de alvenaria e escavação pelo novo contorno até à
rasante;
5. Aplicação de microestacas de fundação;
6. Aplicação de cambotas metálicas HEB revestidas com betão projectado;
7. Aplicação de camadas de betão projectado com fibras metálicas até completar a
espessura de projecto;
8. Execução da soleira;
9. Aplicação do sistema de impermeabilização;
10. Betonagem do revestimento definitivo;
11. Execução de caleiras;
12. Assentamento da via de montagem, de equipamentos e acabamentos.
Nota: As actividades 1 a 7 repetem-se até execução do suporte primário da abóbada e hasteais,
numa extensão definida em projecto.
• Suporte Primário constituído por pregagens de fibra de vidro, cambotas e betão projectado:
1. Execução de pregagens de fibra de vidro, em avanço;
2. Demolição do revestimento de alvenaria e escavação pelo novo contorno até à rasante;
3. Aplicação de microestacas de fundação;
4. Aplicação de cambotas metálicas HEB a revestidas com betão projectado;
5. Aplicação de camadas de betão projectado com fibras metálicas até completar a
espessura de projecto;
6. Execução da soleira;
7. Aplicação do sistema de impermeabilização;
8. Betonagem do revestimento definitivo;
9. Execução de caleiras;
10. Assentamento da via de montagem, de equipamentos e acabamentos.
• Suporte Primário constituído por cambotas e betão projectado com fibras metálicas:
1. Aplicação de cambotas metálicas HEB de escoramento provisório do revestimento
existente;
2. Demolição do revestimento de alvenaria e escavação pelo novo contorno até à rasante;
3. Aplicação de cambotas metálicas HEB a revestidas com betão projectado;
4. Aplicação de camadas de betão projectado com fibras metálicas até completar a
espessura de projecto;
5. Execução da soleira;
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
47
6. Aplicação do sistema de impermeabilização;
7. Betonagem do revestimento definitivo;
8. Execução de caleiras;
9. Assentamento da via de montagem, de equipamentos e acabamentos.
• Suporte Primário constituído por pregagens Swellex, cambotas e betão projectado:
1. Aplicação de cambotas metálicas HEB de escoramento provisório do revestimento
existente;
2. Demolição do revestimento de alvenaria e escavação pelo novo contorno até à rasante;
3. Execução de pregagens Swellex;
4. Aplicação de cambotas metálicas HEB a revestidas com betão projectado;
5. Aplicação de camadas de betão projectado com fibras metálicas até completar a
espessura de projecto;
6. Execução da soleira;
7. Aplicação do sistema de impermeabilização;
8. Betonagem do revestimento definitivo;
9. Execução de caleiras;
10. Assentamento da via de montagem, de equipamentos e acabamentos.
Após este resumo elaborado por tópicos, descrever-se de seguida, e de uma forma detalhada cada
actividade em particular.
4.1.1 Colocação do suporte provisório (cambotas metálicas provisórias)
A colocação do suporte provisório (sempre que mencionado no projecto) foi a metodologia
encontrada para executar a obra em condições de segurança, tendo o objectivo de limitar ao mínimo
as deformações do maciço e os danos nas construções existente sobre o túnel, antes de se proceder
à realização do reforço do chapéu da abóbada do terreno (execução de enfilagens, com as
respectivas operações: perfuração e injecção), e da escavação da nova secção. Este suporte
consiste em colocar perfis HEB 180 ou HEB 200, espaçados entre si 0,80 ou 1,00 m consoante a
zona afectada, ver Figura 4.1.
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
48
Figura 4.1 – Corte longitudinal de uma secção do túnel [17]
As cambotas são segmentos de perfis metálicos HEB aparafusados entre si, de modo a perfazer a o
contorno da secção do túnel (Figura 4.2).
Figura 4.2 – Segmentos da montagem de uma cambota [18]
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
49
Entre as cambotas são colocados varões de contraventamento, de modo a permitir que o conjunto de
cambotas funcione como um bloco (Figura 4.3).
Figura 4.3 – Contraventamento das Cambotas
Apresenta-se de seguida um pormenor do travamento das cambotas metálicas (Figura 4.4).
Figura 4.4 – Pormenor do contraventamento das Cambotas [19]
Como a superfície do túnel não é regular, são aplicados calços de madeira entre a cambota e o
contorno interior, de modo a que os esforços existentes possam ser transferidos (Figura 4.5).
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
50
Figura 4.5 – Pormenor dos calços (de madeira) entre as cambotas e o revestimento [19]
Sob os pés das cambotas são colocados calços de betão C20/25 ou superior, de modo a que o banzo
exterior dos perfis encoste à abóbada, com o intuito de os esforços serem distribuídos directamente
da estrutura a demolir, às cambotas (Figura 4.6 e 4.7). No entanto, face às eventuais diferenças entre
a posição do contorno interior existente e teórico do túnel, o projecto prevê, para as zonas com folga,
a colocação de calços de madeira rija entre a alvenaria e o banzo exterior do perfil e, para as zonas
de invasão, um pequeno desbaste da alvenaria a fim de encaixar o banzo exterior do perfil.
Figura 4.6 – Calços de betão sob os pés das cambotas para posicionamento destas [19]
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
51
Figura 4.7 – Pormenor dos calços de betão sob os pés das cambotas para posicionamento [19]
4.1.2 Pregagens
Pregagens são elementos estruturais utilizados para melhoramento das ligações estruturais e para
reforço da alvenaria, através de 2 vias: inclusão constituída pela própria pregagem solidária com o
terreno e também através da injecção das zonas fissuradas e dos vazios do maciço.
As pregagens em fibra vidro reforçam essencialmente o terreno, tendo um efeito mínimo a
desprezável na alvenaria. Este reforço actua de modo a impedir eventuais descompressões e
movimentos do terreno na envolvente do túnel, mobilizando o maciço à pregagem e contrariando
essas forças. Assim, se houver uma descompressão, esta irá ocorrer em primeiro lugar junto aos
hasteais do túnel, propagando-se à posteriori para o interior do maciço. Deste modo, a pregagem
transferirá a carga das zonas propícias à descompressão, para aquelas em que o terreno ainda está
intacto e com capacidade resistente.
A aderência ao terreno é feita pela calda cimentícia, e como são realizadas com relativa pressão, irão
também preencher eventuais fissuras e vazios do maciço, na envolvente da pregagem, constituindo
assim um pequeno tratamento nessa envolvente.
Neste caso especifico, as pregagens serão passivas e serão constituídas por varões de aço (Swellex)
ou barras de fibra de vidro (FLP20 e FLY35) com as características indicadas no projecto, seladas em
todo o comprimento com calda de cimento através de tubos com manchetes acoplados à própria fibra
de vidro, introduzidos em furos previamente abertos no maciço.
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
52
Neste estudo, irá apenas se abordar a execução das pregagens de fibra de vidro (FLP20 e FLY35),
em detrimento da execução das pregagens em aço (Swellex – ver figura 3.21), em virtude dos
métodos de execução ao nível da furação e colocação de pregagem serem semelhantes.
A execução de pregagens pode ser em 3 fases distintas:
• Furação: A furação para as pregagens, no caso em estudo, pregagens de fibra de vidro (tipo
Sireg FLP20 e FLY35), foi executada com o diâmetro de 102 mm. Para a execução do furo
correspondente ao comprimento da pregagem, torna-se necessário escolher o método de
furação mais adequado às características dos terrenos a atravessar e, deste modo, adequar
os meios para a execução desses furos. Assim sendo, neste caso, foi utilizado o método de
furação à rotação com recurso a trialetas (Figura 4.8).
Figura 4.8 – Trialeta
Esta técnica é utilizada em diversos tipos de solos, podendo a sua aplicação ser alargada a
maciços constituídos por rochas brandas ou muito alteradas e fracturadas. Após a
implantação topográfica do furo, a estabilização do equipamento e o seu posicionamento,
segundo a orientação de projecto, inicia-se a perfuração através da acção rotativa transmitida
pela cabeça do equipamento de perfuração (TAMROCK, ver Figura 4.9) à coluna de
perfuração (conjunto constituído pelas varas e trialetas). A progressão do furo faz-se à
medida que o material desagregado pelas trialetas é expulso para o exterior. Isto consegue-
se introduzindo água (neste caso; em outros tipos de terrenos opta-se por outros fluidos de
circulação) no sistema e com uma dupla funcionalidade: para além da limpeza do furo,
também o arrefecimento da coluna de perfuração, [20]. O furo executado à rotação com
recurso a trialetas é considerado terminado e aceite quando é garantida a profundidade
prevista em projecto (8 metros), após garantida a limpeza do furo de modo a conseguir-se
introduzir a armadura.
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
53
Figura 4.9 – Furação com a TAMROCK
• Preparação e colocação da armadura: A preparação da armadura consiste na
solidarização, através de acopladores, do sistema de injecção à fibra de vidro (Figura
4.10). Os varões de fibra de vidro FLP20 apresentam dimensões da secção transversal
de 20 mm x 5 mm e as FLY35 um diâmetro de 35 mm, tendo ambos um comprimento de
8 metros. O sistema de injecção é constituído por um tubo de PVC com válvulas
manchete, para injecções selectivas e repetitivas, e dois tubos de polietileno (ver
injecção), sendo um curto (aplicação de argamassa para vedar o furo) e outro com o
comprimento total da furação, solidarizados à armadura através de fita adesiva. Com a
montagem de centralizadores, a cada 2 m da pregagem, com o propósito da armadura
se manter coaxial relativamente ao furo, garantindo-se um recobrimento homogéneo e
uniforme pela calda, termina a preparação da armadura passando-se, agora, à
introdução desta no furo, o que deverá ser feito a ritmo lento e constante evitando
encurvaduras da armadura que possam danificar o sistema de injecção (Figuras 4.11 e
4.12), [20].
Figura 4.10 – Sistema de injecção (armadura, tubo de PVC e 2 tubos de polietileno)
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
54
Figura 4.11 – Centralizador
Figura 4.12 – Colocação da armadura no furo
• Injecção: A tarefa de injecção inicia-se com o fabrico da calda de cimento (Figura 4.13).
A água, o cimento e os aditivos químicos, quando for o caso, após doseados, conforme o
projecto, são introduzidos numa misturadora de alta turbulência, sendo misturados
durante 3 ou 4 minutos, [20]. Após a mistura, a calda passa para o misturador-agitador no
qual é mantida em agitação até ser injectada. A quantidade de calda fabricada deve ser
compatibilizada com o ritmo de injecção de modo que esta não fique no agitador por um
período superior a uma hora.
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
55
Figura 4.13 – Injecção da pregagem
A injecção de selagem será executada através de um dos dois tubos de polietileno,
servindo o outro de purga. No caso dos furos ascendentes, a injecção será realizada
através do tubo mais curto, servindo o mais comprido de purga. No caso do furo
descendente o procedimento será o inverso (esta relação é somente para identificação
dos tubos). A injecção de selagem dá-se por concluída quando após o aparecimento de
calda no tubo de purga, este é fechado, e continuando a injecção, se obtém uma pressão
constante de 2 bar durante 30 segundos. Nos casos em que a calda não apareça no tubo
de purga, ou mesmo que aparecendo, não se consiga estabilizar a pressão nos valores
definidos em projecto, após se gastar mais do que 30% da quantidade de calda do
volume teórico, faz-se a injecção às manchetes (Figura 4.14).
Figura 4.14 – Reinjecção das manchetes [20]
A injecção das manchetes deve ser executada entre 1 hora e 24 horas após a conclusão
da injecção de selagem, de modo a que a calda obtenha resistência suficiente para
consolidação do maciço, permitindo no entanto a abertura das manchetes. Se passadas
5 horas da injecção de selagem não for possível injectar as manchetes, estas deverão
ser abertas com recurso a água de forma a possibilitar a reinjecção com calda de
2bar 4bar 6bar 8bar 10bar 10bar 10bar
Revestimento do
túnel Pregagem
Válvula
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
56
cimento. A injecção das manchetes será executada, uma a uma, com obturador duplo
(com excepção da primeira, lado oposto ao emboquilhamento) que será injectada com
obturador simples, visto ser) do tipo bimbar (insuflável), com a pressão mínima de 2 bar
e máxima de 10 bar (pressão definida em projecto), acima da pressão necessária para
abrir a respectiva manchete. A injecção será iniciada da manchete mais próxima do
revestimento para a mais afastada, de modo a formar um “escudo” à volta do
revestimento, garantindo a segurança para o acréscimo de tensões originado pela
injecção das manchetes seguintes, a pressões mais elevadas. O aumento das pressões
de injecção com o afastamento do revestimento está relacionado com a necessidade de
preenchimento das fissuras mais pequenas, sendo essencial forçar a abertura das
mesmas. A injecção de cada manchete é dada por terminada após se atingir a pressão
definida.
De seguida apresenta-se uma pregagem fibra de vidro após todo o processo de furação,
colocação da armadura e injecção (Figura 4.15)
Figura 4.15 – Pregagem de fibra de vidro depois da injecção
4.1.3 Enfilagens
As enfilagens funcionam como suporte primário do túnel na travessia de zonas de fraca cobertura ou
de zonas do maciço de má qualidade. Serão constituídas por tubos de aço da classe S355JO com
um diâmetro de 114,3 mm com válvulas espaçadas no máximo de 1,0 metro.
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
57
As enfilagens são realizadas em leque, de modo a permitir que a execução seja um arco, permitindo
trabalhar em segurança na frente de trabalho, garantindo a estabilidade do maciço, com a ausência
de assentamentos e deformações acentuados. De projecto, o espaçamento das enfilagens é de 30
cm (Figura 4.16). O espaço entre a parede do furo e o diâmetro exterior da enfilagem é preenchido
com a calda injectada.
O objectivo da injecção é solidarizar as enfilagens ao maciço, e fazer com que elas trabalhem em
conjunto. Este sistema, é semelhante ao das pregagens, no que concerne à realização das injecções
a pressões elevadas, de modo a preencher eventuais fissuras e vazios na envolvente da armadura,
constituindo um tratamento do maciço nessa envolvente.
Figura 4.16 – Esquema da sequência de execução das enfilagens - [21] adaptado para o trabalho
Nota: A calda injectada irá preencher os vazios entre as enfilagens, se houver fissuras (quase
sempre se verifica), vazios ou comunicação entre furos.
Para uma melhor percepção da execução dos vários lances de enfilagens, apresenta-se de seguida
uma figura que ilustra esse pormenor (Figura 4.17).
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
58
Figura 4.17 – Vista da execução de vários lances de enfilagens [22]
A execução de enfilagens compreende duas fases:
• Furação: Na actividade de furação há que definir em primeiro lugar, o tipo de método a
adoptar e o tipo de fluido de limpeza a aplicar, isto em função dos terrenos a atravessar. Na
furação pode, então, optar-se pela furação à rotação com o recurso a trialetas (em terrenos
brandos) ou furação à rotopercussão sem revestimento (em terrenos rijos). No caso em
estudo foram aplicados os dois métodos alternadamente consoante o terreno a atravessar.
Para realização da furação, foi utilizado um Posicionador (Figura 4.18).
Figura 4.18 – Furação de enfilagens com Posicionador
Na generalidade dos casos foi utilizado o próprio tubo metálico da enfilagem como vara de
perfuração (sistema auto-perfurante), em outros o furo foi executado com recurso a varas e
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
59
bit de perfuração até ao comprimento desejado e depois introduzido o tubo metálico após a
conclusão da limpeza do furo. No procedimento do sistema auto-perfurante, os tubos de
enfilagem que constituem a armadura, servem também de varas de furação, uma vez que a
armadura vai sendo introduzida no furo à medida que a furação vai sendo executada. À ponta
dos tubos de enfilagem está acoplada uma trialeta, que fica perdida com a aplicação da
armadura (Figura 4.19).
Figura 4.19 – Coroa de furação
Em um e outro caso, e após a marcação topográfica dos furos na secção, inicia-se a
actividade com o posicionamento do equipamento e orientação da coluna de perfuração
através de um sistema de gabarito composto por uma régua com a projecção em planta de
cada enfilagem (direcção), e a altura relativamente a essa régua a que a coluna de furação se
deverá encontrar para cada enfilagem do chapéu (inclinação). Após se ter verificado o
correcto posicionamento da coluna de perfuração, inicia-se a furação até atingir o
comprimento desejado e o furo se encontrar limpo, isto obtido através da introdução do fluído
de circulação, que tem a dupla acção de limpeza e arrefecimento do bit de perfuração.
Concluído este ciclo reinicia-se o processo para a aplicação de outra enfilagem, obedecendo
a uma esquema predefinido de furação/injecção, uma vez que a actividade de injecção não é
executada de imediato. Deve-se assim, executar a furação da enfilagem seguinte com um
certo afastamento de modo a que os furos tenham a menor probabilidade possível de
contacto, o que iria colocar em causa o sucesso de um bom envolvimento da injecção (ver
Figura 4.20). O faseamento de execução é efectuado por sequências de furos: primários (1
sim, 3 não); secundários (1 sim, 1 não); e terciários (restantes furos). O objectivo desta
sequência é não interferir com a furação dos furos vizinhos, realizando-se assim, um
tratamento progressivo.
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
60
Figura 4.20 – Furação de enfilagens
• Injecção: Terminada a furação, a boca do furo será munida de duas pontas de tubo de
polietileno e devidamente selada. A injecção será executada pelo interior da armadura,
através de uma válvula colocada na extremidade do tubo de enfilagem que fica de fora do
maciço (Figura 4.21).
Figura 4.21 – Válvula de injecção da enfilagem
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
61
A calda de cimento é baseada na junção da água, cimento e eventualmente aditivos químicos
numa misturadora de alta turbulência na proporção em peso água / cimento predefinida no
projecto, sendo misturados durante 3 a 4 minutos. O controlo do cimento é executado pelo
doseamento do número de sacos com peso conhecido. A quantidade de água utilizada é
controlada através de um depósito de dimensões conhecidas. Os aditivos químicos são
doseados através de um recipiente graduado. Feita a mistura, a calda passa para o
misturador-agitador, no qual é mantida em agitação até ser injectada. A calda a injectar é
fabricada em quantidades que permitem a sua rápida injecção, de modo a evitar que se
mantenha no agitador por períodos inferiores a uma hora. Quando a calda de injecção chegar
aos tubos de polietileno, com boa qualidade, fecham-se os mesmos e injecta-se mais alguma
calda a baixa pressão de modo a garantir o perfeito preenchimento do espaço anelar.
4.1.4 Desmontagem do Suporte Provisório
Esta operação consiste em desmontar uma cambota de cada vez, para permitir um avanço de
escavação até ao contorno exterior teórico da nova secção. Solta-se a cambota através da remoção
dos calços e dos distanciadores, escora-se a mesma e se necessário, desapertam-se os seus
parafusos de ligação antes de a transferir, desmontada, para o futuro troço a proteger.
4.1.5 Escavação, Demolição, Cambotas Definitivas e Betão Projectado
Esta actividade, que se pode subdividir em subactividades, consiste em executar por avanços
sucessivos a escavação do maciço segundo o contorno teórico, montar a cambota definitiva,
finalizando-se com a aplicação de betão projectado.
• Escavação/Demolição: A escavação é realizada com uma roçadora (equipamento giratório
de lagartas, que na lança tem acoplado uma cabeça com bits de corte de tungsténio, que
através do seu movimento rotativo, desbasta o terreno) pelo contorno teórico ou até ao limite
do chapéu de enfilagens (Figuras 4.22 e 4.23). Em alguns casos, tal como a demolição de
lajes de betão ou de contrafortes, foi necessário recorrer ao auxílio de uma giratória com
martelo pneumático acoplado (Figura 4.24). A escavação é realizada por avanços sucessivos
compreendidos entre 0,80 m ou 1,00 consoante a localização definida por projecto. À medida
que se executa a escavação, carregam-se para vazadouro licenciado todos os escombros
dela provenientes com camiões.
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
62
Figura 4.22 – Roçadora
Figura 4.23 – Escavação da alvenaria de tijolo
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
63
Figura 4.24 – Martelo Pneumático acoplado à Giratória
A escavação com roçadora é um processo que gera muitas poeiras, sendo necessário mitigar
a sua propagação, recorrendo-se a uma rega (Figura 4.25).
Figura 4.25 – Jacto de água para evitar a excessiva propagação de poeiras
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
64
• Montagem de Cambotas Definitivas: A montagem de cambotas é executada com o auxílio
de uma giratória ou de uma multifunções (Figura 4.26), de maneira a se poder interligar os
perfis que são aparafusados entre si. Este processo inicia-se com a sua montagem no solo,
sendo depois içada a cambota e colocada na posição correcta, recorrendo-se aos serviços
topográficos, (Figura 4.27). Os pés das cambotas são apoiados sobre placas de betão pré-
fabricado, e procede-se também à colocação de varões de travamento entre cambotas,
através de soldadura.
Figura 4.26 – Multifunções
Figura 4.27 – Posicionamento da cambota com a Multifunções
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
65
• Betão Projectado: Esta subactividade consiste em projectar por via húmida, betão C25/30
com fibras metálicas contra o contorno da escavação, embebendo a cambota anteriormente
montada (Figura 4.28). A aplicação do betão projectado é executada faseadamente em
camadas de 5 cm (no máximo), até atingir a 25 cm de espessura, completando o enchimento
da alma das cambotas. Para a execução desta tarefa o betão aplicado provém de uma
central de betão industrial localizada fora da obra. Em obra, depois de executado o ensaio de
abaixamento do betão, são adicionadas as fibras metálicas (em quantidades controladas).
Seguidamente, o betão com fibras metálicas é descarregado lentamente na central de
bombagem, para se dar início à projecção por via húmida. Durante esta operação geram-se
muitas poeiras (partículas em suspensão), sendo necessário o bom funcionamento da
ventilação de modo a assegurar a protecção dos trabalhadores.
Figura 4.28 – Betão projectado com fibras metálicas
4.1.6 Microestacas e Vigas de Reacção
As microestacas são elementos de fundação de elevada esbelteza que fazem parte da estrutura e
que transmitem ao solo, fundamentalmente por efeito de ponta mas também por atrito lateral, as
solicitações que lhe são impostas.
Em relação ao túnel, esta solução foi bastante vantajosa uma vez que as microestacas são
excelentes no controlo de assentamentos, com perturbações mínimas no terreno e onde puderam ser
executadas em espaços exíguos.
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
66
Neste caso particular, serviram essencialmente como recalce e reforço da fundação, transmitindo os
esforços provenientes das cambotas ao solo.
A execução das microestacas é constituída por 3 fases: furação, injecção e colocação da viga de
reacção.
• Furação: A execução da furação de diâmetro 110 mm é realizada por um processo de
rotação com trado contínuo, até se atingir a profundidade definida em projecto.
Posteriormente à execução do furo, procede-se à colocação da armadura (varão de aço
roscado em todo o seu comprimento, 4,0 m, com furo central de diâmetro exterior de 52 mm e
interior de 26 mm) seguindo-se a montagem da viga de reacção (Figuras 4.29, 4.30, 4.31 e
4.32). Esta viga é metálica sendo soldada contra o banzo interior dos pés das cambotas.
Figura 4.29 – Furação das microestacas a trado contínuo
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
67
Figura 4.30 – Colocação da armadura
A viga de reacção tem como objectivo interligar as sucessivas microestacas às respectivas
cambotas, funcionando assim como um bloco.
Figura 4.31 – Viga de reacção com as microestacas
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
68
Figura 4.32 – Sequência de vigas de reacção soldadas, com as microestacas
• Injecção: Primeiramente, inicia-se o fabrico da calda de cimento na central de bombagem
(Figura 4.33). Após a colocação da mangueira da central de bombagem na extremidade da
armadura, inicia-se a injecção pelo interior da armadura a uma baixa pressão (6 bar), dando-
se como concluída quando aparece à superfície, pelo espaço entre a parede do furo e o
bordo exterior da microestaca, calda de cimento com características idênticas à bombada.
Figura 4.33 – Central de bombagem
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
69
4.1.7 Soleiras
A escavação das soleiras é uma actividade complexa que assenta nos pressupostos do estudo
geotécnico e tem enormes repercussões na eficiência do desenrolar da obra. Esta eficiência está
relacionada com o facto de a soleira ser o contraventamento dos hasteais. Assim, uma
sobreescavação, poderá “descalçar” as cambotas, perdendo estas, os seus apoios. Assim, os
possíveis atrasos nesta frente estão directamente ligados com o tempo da duração da escavação.
O processo construtivo varia das secções de alvenaria a manter, para as secções de betão armado,
podendo ainda existir uma variação da geometria da soleira (comprimento) de cada troço a escavar,
decorrendo da zona geotécnica onde se desenrola a escavação.
O processo construtivo da soleira na nova secção fechada de betão é mais complexo e demorado,
devido à quantidade de subactividades e às condicionantes inerentes a cada uma delas.
A execução da soleira numa secção de betão armado é realizada da seguinte forma, como se pode
ver no seguinte fluxograma (Figura 4.34):
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
70
Figura 4.34 – Fluxograma da execução de soleiras
Dividindo esta actividade em subactividades, descrevem-se as seguintes:
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
71
• Escavação: A execução da soleira inicia-se com a escavação na vertical do terreno numa
primeira fase, seguindo-se uma ligeira pendente nas laterais de modo a permitir a colocação
dos painéis de cofragem, para as futuras betonagens (Figura 4.35). A escavação é realizada
até à profundidade e comprimento definido em projecto, consoante a zona em acção. Esta
execução é realizada primeiramente por metade da largura do túnel, sendo depois mudado o
passadiço metálico de maneira a escavar a outra metade do troço de soleira.
Figura 4.35 – Escavação do troço de soleira
As terras e os escombros resultantes da escavação são levados a vazadouro através de
camiões (Figura 4.36). Nesta subactividade (escavação) recorre-se ao auxílio de uma
retroescavadora, munida por vezes de um martelo pneumático. De salientar a extrema
importância dos passadiços metálicos na escavação da soleira, uma vez que permitem que
se faça sempre a circulação dos mais diversos equipamentos e veículos ao longo do túnel.
Figura 4.36 – Retirada das terras provenientes da escavação do troço de soleira
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
72
Depois de retiradas as terras e os escombros executa-se a aplicação de bitolas, que consiste
na aplicação de varões ao longo da escavação da soleira, delimitando a cota máxima de
betonagem (Figura 4.37).
Figura 4.37 – Limpeza após a escavação e aplicação de bitolas
• Gunitagem (C25/30 – S4): Este processo consiste na aplicação de betão projectado (da
classe C25/30) por via húmida. A projecção é realizada a alta velocidade e com a ponta da
ponteira de projecção a uma distância entre 1,0 a 1,5 m da superfície. A sua execução é feita
em sucessivas camadas até se atingir a espessura definida em projecto, sendo
posteriormente regularizada de forma a permitir o assentamento do sistema de
impermeabilização (Figura 4.38).
Figura 4.38 – Gunitagem da soleira
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
73
A aplicação de betão projectado tem como objectivo, à semelhança das cambotas, suster o
terreno impedindo deformações e trabalhar em condições de segurança.
• Sistema de impermeabilização: Estando a superfície do troço de soleira bem regularizada,
após a gunitagem, dá-se início à aplicação do sistema de impermeabilização (3 fases). A 1ª
fase consiste em aplicar uma manta geotêxtil em toda a largura (para proteger a membrana
impermeabilizante, posteriormente colocada, do punçoamento e do rasgo), de forma contínua
e com uma sobreposição mínima de 0,5 m. Esta manta é fixada por anilhas (arandelas) e
pregos de disparo ao suporte (ver Figura 4.39), [23].
Figura 4.39 – Manta geotêxtil
Prossegue-se com a colocação de uma geomembrana impermeabilizante de PVC (2ª fase),
em que realizam termosoldaduras duplas com uma máquina de cunha quente entre panos
com uma sobreposição mínima de 8 cm (Figura 4.40).
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
74
Figura 4.40 – Geomembrana impermeabilizante
A 3ª fase consiste em revestir a geomembrana com uma manta, que é de polipropileno numa
face e geotêxtil na outra, de protecção à anterior (Figura 4.41).
Figura 4.41 – Manta em polipropileno
• Montagem de painéis de cofragem: A cofragem aplicada é de nervometal (Figura 4.42) até
à cota da betonagem estrutural. O nervometal, é uma malha de aço, que permite executar
com maior rapidez a cofragem, diminuindo os desperdícios, uma vez que as suas
características facilitam a dobragem, o corte e a adaptação a qualquer tipo de forma. Esta
estrutura, apesar de flexível, é rígida o suficiente, para não necessitar de meios auxiliares de
travamento, garantindo uma superfície rugosa de aderência, ao betão da próxima betonagem.
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
75
Figura 4.42 – Cofragem em aço-nervurado perpendicular ao eixo do túnel
• Montagem de armadura: A montagem de armadura é realizada garantido os comprimentos
de amarração e empalmes definidos em projecto. São colocados calços na armadura inferior
para garantir o recobrimento previsto, e os varões são posicionados com “arame de atar” para
evitar que se desloquem aquando da betonagem (Figuras 4.43 e 4.44).
Figura 4.43 – Montagem de armadura
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
76
Figura 4.44 – Vista geral da malha de armadura executada
• Betão Estrutural (C25/30 – S2): Antes da betonagem, procede-se a uma verificação
topográfica para confirmar se a montagem de armaduras foi executada à cota correcta. A
betonagem é realizada por descarga directa, de forma contínua e por camadas de
espessuras distribuídas uniformemente (Figura 4.45). O betão não pode ser descarregado em
queda livre a uma altura superior a 1,5 m. À medida que é feita a descarga, posiciona-se a
agulha vibratória de modo vertical de forma a expulsar o ar existente no betão, por tempo
limitado, de modo a não provocar a sua segregação. A vibração é realizada de forma
uniforme até que a água da amassadura reflua à superfície, e o betão fique homogéneo
(Figura 4.46).
11 Figura 4.45 – Aplicação de betão estrutural (descarga directa)
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
77
Figura 4.46 – Aplicação de betão estrutural (conclusão da betonagem)
• Montagem dos painéis de cofragem e do tubo colector: Os painéis laterais de cofragem
(perpendicularmente ao eixo do túnel) para a aplicação do betão de enchimento (betão este
para nivelamento da soleira) são executados com madeiras lisas e desempenadas, munidas
de óleo descofrante (Figura 4.47). O tubo colector que é inserido nesta camada de betão é
constituído por PVC e tem, de diâmetro, 400 mm, sendo assegurado as pendentes de
projecto (Figuras 4.47 e 4.48). Quando necessário, procede-se à montagem de negativos em
zonas de execução de caixas de visita.
Figura 4.47 – Montagem da cofragem e do tubo colector
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
78
Figura 4.48 – Montagem da cofragem e do tubo colector (vista final)
• Betão de Enchimento (C12/15 – S2): Antes da betonagem procede-se a uma verificação
topográfica. A betonagem é realizada por descarga directa, de forma contínua e por camadas
de espessuras (menores de 50 cm) distribuídas uniformemente (Figura 4.49).
Figura 4.49 – Aplicação de betão de enchimento C12/15
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
79
O método de aplicação é idêntico ao referido na página 74, ver Betão estrutural, (Figura 4.50).
Figura 4.50 – Finalização da betonagem com betão de enchimento C12/15
Para um melhor entendimento do que foi referido anteriormente, apresenta-se em anexo, Anexo A,
uma ilustração de todo este processo.
4.1.8 Revestimento Definitivo da Abóbada
O sistema do revestimento final é implementado para permitir a utilização segura e funcional do túnel,
atendendo aos requisitos de resistência, durabilidade e funcionalidade ao longo da sua vida útil.
Segundo Puebla [24], o revestimento definitivo assenta em quatro objectivos:
• Função Resistente – para assegurar a estabilidade a longo prazo;
• Impermeabilização – impedir fluxo de água para o interior do túnel;
• Estética – conferir ao túnel um aspecto regular e uniforme de acabamento final;
• Funcional – conferir as necessárias características de serviço/utilização para que foi
concebido.
Este revestimento definitivo é efectuado em betão armado (após a execução do sistema
impermeabilizante), localizando-se directamente sobre o suporte primário. As betonagens são
realizadas recorrendo-se a moldes metálicos (cofragem) que se deslocam sobre carris. Esta
cofragem permite um avanço máximo de 6 metros lineares por betonagem.
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
80
As betonagens destes moldes são realizadas de acordo com os procedimentos cedidos pela empresa
fornecedora dos mesmos, CIFA, para que as betonagens se realizassem de uma forma rigorosa,
tanto a nível do fornecimento de betão e a sua cadência entre cada aplicação, como também a nível
de alturas de betonagem. A cadência entre cada aplicação por metro linear de betão em altura é de
30 minutos, perfazendo-se em média, um total de 15 aplicações. Para melhor compreensão deste
ciclo, apresenta-se em Anexo B o Plano de Betonagem das Abóbadas. De forma a existir um maior
rendimento dos moldes, foi posto em execução um plano que permitiu ter 4 moldes metálicos em
obra com 4 equipas de trabalho.
O rendimento com as 4 frentes de trabalho foi bastante superior, mas não de uma forma linear,
devido à limitação do espaço de circulação dentro do túnel. A dificuldade de circulação era bastante
acentuada, devido às inúmeras frentes de trabalho ao longo do túnel, não possibilitando a circulação
do número de camiões-betoneira necessários às 4 betonagens, em consequência do tempo de
espera do betão dentro da betoneira, como da cadência de aplicação do mesmo. Assim, o
rendimento máximo que se atingiu foi de 3 betonagens em simultâneo, sendo uma delas com um
volume razoavelmente inferior (cerca de 40 m3) às outras (aproximadamente 100 m3).
Sendo este processo, execução do revestimento definitivo, complexo, moroso e até mesmo
meticuloso, devido às quantidades de subactividades e às condicionantes inerentes a cada uma
delas, passa-se a descrever de seguida, de uma forma mais detalhada, a sequência de cada uma
das suas subactividades:
Impermeabilização: a impermeabilização na abóbada e nos hasteais tem como objectivo garantir a
estanquicidade, dando continuidade à impermeabilização da soleira. O seu processo de execução
estabelece-se nos seguintes pontos:
• Limpeza do sistema de impermeabilização proveniente das soleiras;
• Montagem da plataforma de trabalho, nomeadamente andaimes, de modo a permitir a sua
aplicação nos hasteais e abóbada;
• Limpeza da superfície de trabalho, designadamente dos hasteais e abóbada, em betão
projectado, de modo a não existirem irregularidades pontiagudas;
• Aplicação da camada de protecção (geotêxtil de 800 g/m2), fixada à superfície de contacto por
meio de pregos de disparo, de maneira a permitir o correcto posicionamento; A fixação desta
camada é reforçada, posteriormente com a aplicação de arandelas (anilhas geotêxtil),
posicionadas 2 a 4 por metro quadrado. Os rolos de geotêxtil que constituem esta camada de
protecção são sobrepostos entre si em 50 cm (Figura 4.51);
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
81
Figura 4.51 – Fixação do geotêxtil com pregos de disparo
• Aplicação da geomembrana impermeabilizante (de material PVC-P), que é solidarizada à
camada de protecção por termossoldadura (com a utilização de aparelhos manuais de ar
quente) às arandelas (Figura 4.52); As diversas geomembranas têm uma sobreposição de
cerca de 10 cm sendo a sua execução efectuada com aparelhos automáticos de dupla
soldadura a jacto de ar quente (Figura 4.53);
Figura 4.52 – Soldadura da geomembrana às arandelas
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
82
Figura 4.53 – Soldadura de sobreposição da geomembrana
• As soldaduras são submetidas a ensaios de pressão de ar a 2 bar, sendo aprovada se
durante cinco minutos o abaixamento da pressão não ultrapassar os 20 %. Para a realização
são colocados manómetros na soldadura, através de agulhas, onde se mede a pressão
instalada na mesma;
• Colocação de peças do tipo trompete, para futura suspensão de armaduras (Figura 4.54);
Figura 4.54 – Trompete no sistema de impermeabilização
Apresenta-se de seguida uma figura que ilustra um troço do túnel com a execução do sistema de
impermeabilização (Figura 4.55).
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
83
Figura 4.55 – Vista do sistema de impermeabilização executado
Armadura: A continuidade da armadura das soleiras é garantida através de empalme regulamentar à
dos hasteais. O processo da montagem de armaduras consiste em:
• Montagem de uma plataforma de trabalho (andaimes), para que o trabalho em altura seja
realizado em segurança (Figura 4.56);
Figura 4.56 – Montagem de armaduras nos hasteais e abóbada realizada em andaimes
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
84
• Ligação da armadura dos hasteais à da soleira, dando-lhe continuidade através do empalme.
O posicionamento dos varões é efectuado com “arame de atar” para evitar que se desloquem
aquando da betonagem;
• Colocação de calços na armadura para garantir o recobrimento (no extradorso de 4 cm e no
intradorso de 3 cm);
• Finalização da montagem de armaduras nos hasteais e abóbada (Figura 4.57).
Figura 4.57 – Finalização da montagem de armaduras nos hasteais e abóbada
Arranque dos Hasteais: esta subactividade é executada com betão C25/30 (S3), e tem como
objectivo garantir o correcto posicionamento dos moldes de cofragem, da seguinte forma:
• Limpeza da superfície a betonar;
• Montagem e posicionamento (verificação topográfica) do molde para os arranques dos
hasteais (Figura 4.58);
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
85
Figura 4.58 – Cofragem dos arranques
• Rega da superfície a betonar, para que esta não absorva em demasia, a água do betão;
• Betonagem dos arranques dos hasteais (Figura 459);
Figura 4.59 – Betonagem dos arranques dos hasteais
Apresenta-se de seguida, uma figura que ilustra as várias fases de execução da secção do túnel
(Figura 4.60).
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
86
Figura 4.60 – Esquema das várias fases (revestimento definitivo) da secção do túnel [22] - adaptado.
Abóbada: A betonagem da abóbada é executada com betão C25/30 (S4). Este processo é realizado
da seguinte forma:
• Colocação do molde do molde através do seu arrasto sobre carris, por intermédio de
multifunções. O seu posicionamento transversal é efectuado pelas abas, munidas de um
sistema hidráulico. Todo este processo de colocação e posicionamento do molde, é auxiliado
por uma equipa de topografia;
• Montagem dos elementos de cofragem em madeira nos topos do molde (Figura 4.61);
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
87
Figura 4.61 – Montagem de cofragem nos topos do molde
• Betonagem do molde com recurso a um sistema de bombagem (Figura 4.62). O sistema de
bombagem é constituído por um compressor munido de mangueiras, que transportam o
betão, desde a central de bombagem até ao molde. O betão bombeado pelas mangueiras é
introduzido no molde pelas janelas existentes na cofragem metálica (tanto ao nível dos
hasteais como da abóbada). A vibração é realizada através dos vibradores instalados na
cofragem metálica;
Figura 4.62 – Betonagem do molde
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
88
• Descofragem do molde, com a picagem dos topos e abertura das abas do mesmo (Figuras
4.63 e 4.64);
Figura 4.63 – Descofragem do molde (picagem dos topos)
Figura 4.64 – Descofragem do molde (abertura das abas)
Nota: As intervenções no revestimento do túnel são realizadas em simultâneo com outras
actividades. Porém, só podem ser efectuadas caso já tenha sido realizada a respectiva soleira.
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
89
4.2 Zona de Alvenaria a Manter
4.2.1 Soleiras
Nas secções de Alvenaria a manter realiza-se a escavação da soleira, seguindo-se a colocação do
betão estrutural C25/30 (S3) e por fim executa-se o enchimento com betão C12/15 (S3), sendo um
processo pouco moroso, ao contrário das soleiras nas secções de betão, dado que não são
efectuadas as subactividades da montagem do sistema de impermeabilização e das armaduras
(Figura 4.65).
A montagem de impermeabilização na zona de alvenaria a manter não é realizada, uma vez que se
admitem que a abóbada e os hasteais estão consolidados e por conseguinte, estanques. Assim, a
drenagem da água seria conduzida para a zona de secção nova, em virtude da execução de
injecções de consolidação, tanto nos hasteais como na abóbada.
Figura 4.65 – Betonagem (C12/15) do troço de soleira da secção de alvenaria a manter
4.2.2 Limpeza da alvenaria
A limpeza de alvenaria, quer de tijolo quer de pedra, é um tratamento que se realiza de uma forma
exaustiva com a projecção por via húmida de uma mistura, cujo raio de acção e distância de
projecção é variável em função do estado de sujidade da secção (Figura 4.66).
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
90
A mistura é obtida numa cuba de pressão com a junção de dois componentes, na proporção de 80%
de abrasivo (Areia SP 49) e 20% água. A esta mistura são adicionados 3 l de água por minuto, de
modo a obter uma mistura de 47% de água e de 53% de abrasivo, [25]. Esta mistura é então
direccionada para a mangueira de jacto de ar comprimido.
Uma vez que cada partícula de abrasivo é encapsulada com uma película de água, denota-se um
menor desenvolvimento de poeiras no momento do impacto com a alvenaria a limpar/decapar, visto
formar-se uma névoa de água na zona a trabalhar. O abrasivo, que fica depositado no local, pode vir
a ser reciclado, no entanto, nesta obra não o foi.
A distância de projecção à superfície a tratar, conforme já foi referido, é variável de acordo com a
sujidade e relevo da mesma, situando-se entre 30 a 50 cm. Deste modo, constata-te que quanto
menor a distância de projecção, menor é a superfície a tratar e maior a intensidade do tratamento. A
pressão da projecção nunca é inferior a 4 bar, nem superior a 7 bar, com o intuito de não se danificar
a superfície em tratamento, garantindo no entanto que as crostas negras, eflorescências e
incrustações, sejam removidas com eficácia e controlo.
A projecção é executada de forma circular e formando um ângulo de 20º a 45º com a superfície.
Figura 4.66 – Limpeza de alvenaria a jacto por via húmida
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
91
4.3 Síntese dos Processos Construtivos
Neste subcapítulo descrevem-se sucintamente os processos construtivos:
• Suporte Provisório: Este suporte, que tem como objectivo limitar ao mínimo as deformações
do maciço e os danos nas construções existentes à superfície, consiste em colocar perfis
metálicos HEB 180 ou HEB 200, com um espaçamento de 80 a 100 cm consoante a zona
afectada, e travados entre si com varões Ø32 mm, tanto nos hasteais como na abóbada. Os
pés das cambotas provisórias (perfis metálicos) estão assentes em calços de betão, de modo
a facilitar o posicionamento destas ao limite interior do túnel;
• Pregagens: São elementos estruturais utilizados para melhoramento das ligações estruturais
e para reforço da alvenaria. Nesta obra, foram utilizadas pregagens Swellex, FLP20 e FLY35.
Nos 3 casos, os métodos de execução são semelhantes só variando a fase da injecção, onde
nas Swellex é injectada água, a uma pressão elevada, de modo à armadura se expandir. Nos
outros 2 casos, a injecção é efectuada com calda de cimento. No entanto, descrevem-se as 3
fases de execução das pregagens FLP e FLY: a) A Furação é efectuada com o recurso a
trialetas, através da acção rotativa pela cabeça do equipamento de perfuração. A progressão
da furação, faz-se à medida que o material desagregado é expulso para o exterior através da
introdução de água; b) A segunda fase consiste na preparação e colocação da armadura no
interior do furo. À armadura é acoplado o sistema de injecção constituído um tubo de PVC
com válvulas manchete, ou por dois tubos de polietileno para injecções selectivas e
repetitivas. c) Por fim, a injecção inicia-se com o fabrico da calda de cimento, onde é
posteriormente injectada por um dos tubos de polietileno (o mais curto), servindo o mais
comprido como tubo de purga (se o furo for descendente, será o inverso). A injecção de
selagem dá-se como concluída quando se atingir uma pressão constante de 2 bar durante 30
segundos;
• Enfilagens: São elementos que funcionam como suporte primário do túnel na travessia de
zonas de fraca cobertura ou de zonas do maciço de má qualidade. As enfilagens são
realizadas em leque, de modo a permitir que a execução seja um arco, permitindo trabalhar
em segurança na frente de trabalho, garantindo a estabilidade do maciço, com a ausência de
assentamentos e deformações acentuados. A execução de enfilagens compreende duas
fases: a) A Furação é realizada à rotação com o recurso a trialetas ou furação à
rotopercussão sem revestimento. Na generalidade dos casos foi utilizado o próprio tubo
metálico (armadura) da enfilagem como vara de perfuração (sistema auto-perfurante), onde à
ponta dos tubos de enfilagem está acoplada uma trialeta, que fica perdida com a aplicação da
armadura. b) A outra fase, Injecção, é executada pelo interior da armadura, através de uma
válvula colocada na extremidade do tubo de enfilagem que fica de fora do maciço.
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
92
• Desmontagem do Suporte Provisório: Consiste em desmontar uma cambota de cada vez,
para permitir um avanço de escavação até ao contorno exterior teórico da nova secção.
Solta-se a cambota através da remoção dos calços e dos distanciadores, escora-se a mesma
e se necessário, desapertam-se os seus parafusos de ligação antes de a transferir,
desmontada, para o futuro troço a proteger;
• Escavação, demolição, cambotas definitivas e betão projectado: Esta actividade consiste
em executar por avanços sucessivos a escavação do maciço segundo o contorno teórico,
montar a cambota definitiva, finalizando-se com a aplicação de betão projectado. a) A
Escavação/Demolição, é realizada com uma roçadora pelo contorno teórico ou até ao limite
do chapéu de enfilagens. A escavação é realizada por avanços sucessivos compreendidos
entre 0,80 m ou 1,00 consoante a localização definida por projecto. À medida que se executa
a escavação, carregam-se para vazadouro licenciado todos os escombros dela provenientes
com camiões. b) A Montagem de Cambotas Definitivas, é executada com o auxílio de uma
giratória e de uma multifunções, de maneira a se poder interligar os perfis que são
aparafusados entre si. Este processo inicia-se com a sua montagem no solo, sendo depois
içada a cambota e colocada na posição correcta, recorrendo-se aos serviços topográficos. Os
pés das cambotas são apoiados sobre placas de betão pré-fabricado, e procede-se também à
colocação de varões de travamento entre cambotas, através de soldadura. c) A aplicação do
betão projectado consiste em gunitar por via húmida betão C25/30 com fibras metálicas
contra o contorno da escavação, embebendo a cambota anteriormente montada. A
gunitagem é executada faseadamente em camadas de 5 cm, até completar o enchimento da
alma das cambotas.
• Microestacas e Vigas de Reacção: São elementos de elevada esbelteza que fazem parte
da estrutura e que transmitem ao solo, fundamentalmente por atrito lateral mas também por
ponta, as solicitações que lhe são impostas. Esta actividade divide-se em 3 fases: a) A
Furação, consistiu na furação à rotação com trado contínuo, com diâmetro de 110 mm, até se
atingir a profundidade definida em projecto. b) Posteriormente à execução do furo, procede-
se à colocação da armadura seguindo-se a montagem da viga de reacção. c) A Injecção,
inicia-se com o fabrico da calda de cimento na central de bombagem, iniciando-se a injecção
após a colocação da mangueira da central na extremidade da armadura. A injecção fica
concluída quando à superfície, aparece calda de cimento com características idênticas à
bombada.
• Soleiras: A execução de soleiras inicia-se pela Escavação do terreno com o recurso a uma
retroescavadora, munida por vezes de um martelo pneumático. De seguida retiram-se as
terras para vazadouro autorizado, seguindo a aplicação de betão projectado, C25/30-S4, até
se atingir a espessura definida em projecto. Segue-se a aplicação do sistema de
impermeabilização, constituído por 3 camadas: manta geotêxtil (com o objectivo de proteger a
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
93
membrana impermeabilizante, do punçoamento e do rasgo); geomembrana
impermeabilizante de PVC; e por último o revestimento da geomembrana com uma manta de
polipropileno. De seguida, executam-se os painéis de cofragem em nervometal para se dar
início à montagem da armadura. Após a malha de armadura estar devidamente colocada,
realiza-se a betonagem com um betão C25/30-S2 por descarga directa. Posteriormente, faz-
se a montagem do tubo colector e dos painéis de cofragem, finalizando-se esta actividade
com a betonagem de enchimento, aplicação de C12/15-S2.
• Revestimento Definitivo da Abóbada: O sistema do revestimento final é implementado para
permitir a utilização segura e funcional do túnel, atendendo aos requisitos de resistência,
durabilidade e funcionalidade ao longo da sua vida útil. Esta actividade divide-se em 4 fases:
a) Impermeabilização – o sistema de impermeabilização é constituída por 3 camadas: manta
geotêxtil (com o objectivo de proteger a membrana impermeabilizante, do punçoamento e do
rasgo); geomembrana impermeabilizante de PVC; e por último o revestimento da
geomembrana com uma manta de polipropileno; b) Armadura – ligação da armadura dos
hasteais à da soleira, dando-lhe continuidade através do empalme. De seguida, procede-se À
montagem da armadura dos hasteias e abóbada. Para o correcto posicionamento dos varões
é efectuado com “arame de atar” para evitar que se desloquem aquando da betonagem; c)
Arranque dos hasteais – esta subactividade, inicia-se com a limpeza da superfície a betonar,
seguindo-se da montagem dos painéis de cofragem. Após a cofragem, realiza-se a
betonagem da peça com C25/30; d) Betonagem dos hasteais e abóbada – colocação e
posicionamento do molde metálico com o auxilio da topografia, seguindo-se da betonagem
com C25/30-S4.
• Limpeza de alvenaria: este tratamento da alvenaria, quer de tijolo, quer de pedra, realiza-se
de uma forma exaustiva com a projecção por via húmida de uma mistura, cujo raio de acção
e distância de projecção é variável em função do estado de sujidade da secção.
DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS CONTRUTIVOS
94
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
95
5 FISCALIZAÇÃO DA EMPREITADA
5.1 Introdução
Pode-se definir Fiscalização como uma prestação de serviços que tem como objectivos assegurar a
gestão e a supervisão das actividades relativas à realização de uma obra, de acordo com os
projectos de arquitectura, de engenharia e das especialidades e do Caderno de Encargos, até à
recepção provisória, garantindo a Qualidade e a Segurança dos trabalhos, e proceder ao Fecho
Administrativo das empreitadas.
Nesta prestação de serviços por vezes inclui-se a Assessoria Técnico-Jurídica das empreitadas
previstas no empreendimento, a partir da fase de adjudicação. A Fiscalização também poderá incluir
o acompanhamento da obra no período de garantia até à sua recepção definitiva.
Assim, para uma empreitada ou um conjunto de empreitadas de obras, a fiscalização consiste numa
prestação de serviços contratada pelo Dono de Obra, com o objectivo de garantir o cumprimento do
estipulado no contrato entre o Dono de Obra e o Empreiteiro, devendo, nestes serviços, a fiscalização
desempenhar as seguintes funções:
• Arranque, Planeamento e Controlo da Empreitada;
• Gestão de Informação da Empreitada;
• Controlo de Quantidades e Custos;
• Controlo de Planeamento e Avanço dos Trabalhos;
• Gestão da Qualidade em Obra;
• Gestão da Segurança em Obra;
• Gestão Ambiental em Obra.
No Anexo III indicam-se algumas das definições mais relevantes para a interpretação deste capítulo
relativamente à área da Fiscalização, [26], [27] e [28].
5.2 Funções da Fiscalização
5.2.1 Arranque, Planeamento e Controlo da Empreitada
Este subcapítulo tem como objectivo descrever o processo de arranque, planeamento e controlo das
actividades, [28].
FISCALIZAÇÃO DA EMPREITADA
96
5.2.1.1 Procedimento
Antes da consignação e após a adjudicação do Contrato (da Fiscalização) deverão ser controladas as
actividades que dizem respeito a fases anteriores ao início dos trabalhos de Fiscalização, bem como
preparar as actividades que antecedem o início dos trabalhos da empreitada.
Análise Contratual:
Nesta fase, o director da fiscalização deverá analisar os processos de concurso, propostas e
contratos, quer entre a Fiscalização e o Dono de Obra, quer entre o Empreiteiro e o Dono de Obra.
Consignação e Auto de Consignação:
A consignação do espaço referente ao local onde deverão ser realizados os trabalhos por parte do
Empreiteiro deverá estar de acordo com a legislação em vigor (art.º 152 do DL 59/99 de 2 de Março).
Deverão marcar presença nesse local, um representante do Dono de Obra e do Empreiteiro. Assim,
nesta altura será produzido e assinado o Auto de Consignação de acordo com o art.º 155 do DL
59/99.
Reunião de Arranque com o Dono de Obra:
A Reunião de Arranque com o Dono de Obra baseia-se nos esclarecimentos de projecto por parte do
Dono de Obra face ao Director da Fiscalização, referindo as responsabilidades que o Dono de Obra
terá no decorrer das actividades.
Reunião de Arranque da Empreitada:
A Reunião de Arranque da Empreitada, após análise do projecto por parte do Director da Fiscalização
e após esclarecimentos do Dono de Obra, servirá para discutir todos os aspectos que antecedem as
actividades. Nesta reunião estão presentes, o Director da Fiscalização, o Dono de Obra e o
Empreiteiro.
5.2.1.2 Pré-desenvolvimento
O pré-desenvolvimento induz ao controlo das questões que se relacionam com a produção, por parte
do Empreiteiro, tais como:
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
97
Documentos do Empreiteiro:
O Empreiteiro deverá entregar à Fiscalização os seguintes documentos:
• Plano de Gestão da Qualidade;
• Complementos (caso existam) sobre os processos construtivos e o Plano de Segurança e
Saúde patenteado a concurso e elaborado na fase de projecto, incluindo o respectivo projecto
de estaleiro, de acordo com o Anexo II do Dec. Lei 273/2003 de 29 de Outubro;
• Procedimento do Sistema de Gestão Ambiental;
• Projectos, incluindo Plano de Segurança e Saúde de projecto (no caso de
concepção/construção);
• Outros, que o Dono de Obra e a Fiscalização julguem necessários;
Após a entrega da documentação por parte do Empreiteiro, a Fiscalização, dentro dos prazos
contratuais, analisará e emitirá um parecer sobre a mesma.
Erros e Omissões:
O Empreiteiro deverá entregar, no prazo estabelecido no caderno de encargos e na legislação em
vigor, a lista de erros e omissões para análise da Fiscalização.
Plano de Trabalhos/Cronograma Financeiro:
Elaboração e entrega (após a consignação) do Plano de Trabalhos e do Cronograma Financeiro pelo
Empreiteiro, no prazo vigente no Caderno de Encargos, ou na legislação em vigor.
Plano de Gestão da Qualidade:
Elaboração do Plano de Gestão da Qualidade da empreitada pelo Director da Fiscalização. Caso,
exista um Técnico de Gestão da Qualidade contratado pela Fiscalização, poderá ser este o
responsável pela sua elaboração, ficando no entanto sujeito à aprovação do Director da Fiscalização.
5.2.1.3 Desenvolvimento dos trabalhos
Com o desenrolar da execução das actividades do Empreiteiro, há que controlar os trabalhos,
elaborando um relatório mensal com o registo dos mesmos.
FISCALIZAÇÃO DA EMPREITADA
98
Gestão da Informação da Empreitada:
A informação concebida na Obra deverá ser tratada de acordo com o estabelecido no Procedimento
de Gestão de Informação da Empreitada (ver CAP. 7.2.2).
O Controlo de Alterações ao Projecto é da responsabilidade da Fiscalização, quer no caso do
projecto ser do Dono de Obra ou do Empreiteiro.
No caso do projecto ser da responsabilidade do Empreiteiro, o Controlo de Alterações ao Projecto
deverá estar previsto no Sistema de Qualidade do Empreiteiro.
Controlo de Quantidades e Custos:
O procedimento relativo ao Controlo de Quantidades e Custos deverá ser implementado pelo Director
da Fiscalização, de acordo com o Procedimento de Controlo de Quantidades e Custos (ver CAP.
7.2.3).
Controlo de Planeamento e Avanço dos trabalhos:
O procedimento relativo ao Controlo de Planeamento e Avanço dos Trabalhos deverá ser
implementado pelo Director da Fiscalização, de acordo com o Procedimento de Controlo de
Planeamento e Avanço dos Trabalhos (ver CAP. 7.2.4).
Gestão de Qualidade em Obra:
O Director da Fiscalização deve, em acordo com o Empreiteiro, estabelecer as rotinas e métodos
adequados no âmbito do Controlo da Qualidade. Estes métodos deverão estar de acordo com os
Procedimentos de Gestão da Qualidade, quer da Fiscalização (ver CAP. 7.2.5), quer do Empreiteiro.
Gestão da Segurança em Obra:
A implementação do processo da Gestão da Segurança em Obra estará a cargo do Director da
Fiscalização de acordo com o Procedimento de Gestão de Segurança em Obra (ver CAP. 7.2.6).
Gestão Ambiental em Obra:
A implementação do processo da Gestão Ambiental em Obra estará ao cargo do Director da
Fiscalização de acordo com o Procedimento de Gestão Ambiental em Obra (ver CAP. 7.2.7).
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
99
Reuniões de Obra:
No decurso do desenvolvimento da empreitada serão efectuadas reuniões entre o Dono de Obra, a
Fiscalização e o Empreiteiro. A periodicidade destas reuniões deverá ser semanal em qualquer obra,
tendo que ser acordado o dia da semana, a hora e o local da sua realização, no início dos trabalhos.
5.2.1.4 Encerramento Administrativo das Empreitadas Recepção Provisória:
Quando o Empreiteiro completar todos os trabalhos constantes no contrato e de acordo com o
estabelecido no caderno de encargos e/ou no regime jurídico de Empreitadas de obras públicas,
procede-se à recepção provisória da obra.
Nesta altura, será realizada uma vistoria e, à posteriori, elaborado um Auto, onde irão constar as
deficiências detectadas, sendo dado um prazo ao Empreiteiro para as suas rectificações. De salientar
o facto que, aquando da existência de recepções provisórias parciais serão elaborados, nos mesmos
moldes, Autos para cada uma das recepções.
A recepção provisória só será efectuada após acordo formal do Dono de Obra.
Telas Finais de Projecto:
Nas telas finais elaboradas pelo Empreiteiro deverão constar os seguintes elementos:
• Peças desenhadas "as built";
• Lista de materiais aplicados em Obra, com a identificação do local de aplicação e nome do
fabricante/fornecedor, etc.;
• Manuais de instruções/Operação/Manutenção de equipamentos electromecânicos fornecidos
e instalados no âmbito da Empreitada.
Estes elementos serão elaborados antes da recepção provisória ou nos prazos definidos no Caderno
de Encargos.
Relatório da Conta Final da Empreitada:
A Fiscalização, de acordo com a legislação e após a recepção provisória, emitirá a Conta Final da
Empreitada. Este documento consiste em:
FISCALIZAÇÃO DA EMPREITADA
100
• Criar uma conta na qual deverão constar as verbas globais referentes aos valores de todas
as medições, revisões, eventuais acertos de reclamações, prémios e multas contratuais
aplicadas;
• Elaborar um mapa de todos os trabalhos executados, quer a mais quer a menos do que os
previstos no contrato, indicando os valores dos preços unitários pelos quais se procederá à
sua liquidação;
• Elaborar um mapa de todos os trabalhos e valores sobre os quais haja reclamações.
Inquérito Administrativo:
Após a recepção provisória, é da responsabilidade da Fiscalização a preparação da documentação
necessária para que o Dono de Obra possa comunicar à Câmara Municipal do Concelho (em que foi
executada a obra), a conclusão da empreitada, dando início ao Inquérito Administrativo (processo em
que o Presidente da Câmara, estabelece um prazo, para que sejam apresentadas, por escrito e
devidamente fundamentadas, quaisquer reclamações por falta de pagamento de ordenados, salários
e materiais, ou indemnizações a que se julguem com direito e, bem assim, do preço de quaisquer
trabalhos que o empreiteiro referido haja mandado executar por terceiros e naquela empreitada).
Também concerne à Fiscalização auxiliar o Dono de Obra na análise de eventuais reclamações por
parte do Empreiteiro de acordo com o previsto na legislação.
Recepção Definitiva:
Ainda no período de garantia dos trabalhos, deverá ser solicitada pelo Empreiteiro uma vistoria, de
modo a ser feito o levantamento das correcções a realizar, dentro do prazo acordado entre o Dono de
Obra e o Empreiteiro.
Após a correcção das anomalias identificadas e caso não exista qualquer assunto pendente relativo a
reclamações de parte a parte, deverá ser elaborado o Auto de Recepção Definitiva.
Certificado de Desempenho:
O Certificado de Desempenho, como normalmente é designado, consiste numa declaração,
elaborada pelo Dono de Obra, perante o tipo e a qualidade do trabalho produzido, o montante do
contrato e o prazo de duração.
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
101
5.2.1.5 Responsabilidade
A responsabilidade pela implementação deste procedimento (Processo de Arranque, Planeamento e
Controlo das Actividades) é do Director da Fiscalização.
5.2.2 Gestão de Informação da Empreitada
Este subcapítulo tem como objectivo descrever o circuito de recepção, produção, expedição e arquivo
de correspondência, [28].
Também é neste subcapítulo que se descrevem os processos de controlo e registo de alterações ao
projecto, o controlo do sistema informático em estaleiro de obra e tratamento da documentação
técnica do empreiteiro.
5.2.2.1 Procedimento
Recepção de correspondência:
Toda a documentação recebida estará inicialmente a cargo da secretaria, que após registar a
recepção, entrega ao Director da Fiscalização com o objectivo deste analisar, indicar a pasta de
arquivo e mencionar os destinatários da informação. Deste modo, passarão a existir cópias de
circulação, de maneira a que os destinatários as possam analisar e agir conforme instruções. Após as
acções tomadas, e as folhas rubricadas, estas regressam à secretaria, que dará como finalizada a
acção das mesmas no arquivo.
Expedição de correspondência:
Para a expedição de correspondência, qualquer colaborador da fiscalização poderá dar inicio à
criação de um documento (memorando de obra; não conformidade em obra; aprovação de materiais;
actas de reunião; etc.) que, por sua vez, terá que ser sempre sujeito a aprovação do director da
fiscalização.
Este documento poderá ser emitido via e-mail, fax, carta ou até mesmo guia de remessa. No entanto,
terão sempre que ficar registados os dados do documento, bem como a referência do mesmo.
FISCALIZAÇÃO DA EMPREITADA
102
5.2.2.2 Controlo da documentação produzida pela fiscalização
Todos os colaboradores têm a possibilidade de produzir e assinar/rubricar qualquer documento,
desde que no âmbito das suas funções.
A documentação produzida por um Colaborador deverá ser sempre dirigida ao respectivo superior
hierárquico directo, e toda a documentação deverá ser validada pelo Director da Fiscalização.
5.2.2.3 Arquivo da documentação
A estrutura de codificação do arquivo da documentação encontrar-se-á inserida no Sistema
Informático em vigor no estaleiro da Fiscalização.
Toda a documentação deverá ser arquivada (arquivo físico e/ou informático) de um modo sequencial,
e de acordo com a codificação previamente estabelecida para cada documento.
5.2.2.4 Responsabilidade
A responsabilidade da implementação desta instrução é do Director da Fiscalização e do
Secretariado.
5.2.3 Controlo de Quantidades e Custos
O presente subcapítulo estabelece o processo de controlo de quantidades, custos e facturação dos
trabalhos executados pelo adjudicatário da(s) empreitada(s), [28].
5.2.3.1 Procedimento
De modo a se efectuar o controlo das actividades em causa, a Fiscalização deverá:
• Analisar, verificar e dar parecer conclusivo, dentro dos prazos legais, sobre o processo de
erros e omissões ao Projecto apresentado pelo empreiteiro;
• Controlar as Quantidades e Custos;
• Proceder mensalmente às medições dos trabalhos executados (contratuais e trabalhos a
mais) e elaborar os respectivos Autos de Medição e o Certificado de Pagamento;
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
103
• Analisar todos os Processos de Trabalhos a Mais submetidos pelo Empreiteiro e emitir
parecer para aprovação pelo Dono da Obra;
• Proceder à revisão de preços, e elaborar a conta-corrente;
• Elaborar o quadro e gráfico do Cronograma Financeiro aprovado, da situação prevista e real,
mensal e acumulada.
Erros e Omissões do Projecto
O Empreiteiro deverá apresentar as reclamações quanto a erros e omissões de Projecto, dentro dos
prazos previstos por lei ou nos prazos mencionados no Caderno de Encargos, e a Fiscalização terá
como missão analisar e emitir um parecer ao Dono de Obra sobre as reclamações, dentro dos prazos
legais.
Controlo de Quantidades e Custos
A Fiscalização deverá produzir um mapa, por capítulo, com base na Lista de Medições e Preços
Unitários do contrato, com o registo de todos os artigos e respectivas quantidades, preço unitário e
valor total, previstos. O mapa será utilizado para a elaboração dos Autos de Medição Mensais.
Medição dos Trabalhos Executados
A medição dos trabalhos executados, que é habitualmente realizada mensalmente, deverá ser
efectuada no local da obra por elementos da Fiscalização juntamente com elementos do Empreiteiro.
Os métodos e critérios a adoptar para a realização das medições serão os estabelecidos no Caderno
de Encargos.
Após a realização das medições, é produzido um Auto de Medição para cada actividade, onde
deverão constar os seguintes elementos:
• As quantidades de trabalho de contrato e respectivo preço unitário;
• As quantidades de trabalho executadas no mês e acumuladas;
• Valor de trabalhos realizados por actividade no mês e acumuladas;
• Valor total de trabalhos realizados no mês e acumulados.
Trabalhos a Mais
Estará a cargo da Fiscalização analisar todas as propostas de Trabalhos a Mais apresentadas pelo
Empreiteiro, nas quais deverão constar:
• As justificações para a realização dos Trabalhos a Mais;
FISCALIZAÇÃO DA EMPREITADA
104
• A lista de quantidades e consequentes medições e as justificações dos novos preços
propostos.
A Fiscalização, na análise das propostas do Empreiteiro, deve verificar:
• A necessidade de realização destes trabalhos;
• Se as quantidades apresentadas se coadunam com os trabalhos;
• Se os novos preços estão de acordo com o mercado em vigor;
• Se a execução dos novos trabalhos irá afectar (no aumento ou na diminuição) os futuros
trabalhos;
• O diferencial no prazo da empreitada.
Quaisquer que sejam os Trabalhos a Mais, será sempre da responsabilidade do Dono de Obra a
decisão final, não obstando o parecer da Fiscalização.
5.2.3.2 Revisão de Preços
A Revisão de Preços é uma tarefa da Fiscalização, que permite formular e analisar as propostas
baseadas nas condições existentes à data do concurso, remetendo para a figura da revisão a
compensação a que houver lugar em função da variação dos custos inerentes à concretização do
contrato (revisão contratual). A afectação da revisão é realizada através de fórmulas (previstas no
Caderno de Encargos), da legislação em vigor (DL. Nº 6/2004 de 6 de Janeiro) e índices.
5.2.3.3 Responsabilidade
A responsabilidade da implementação do Processo de Controlo de Quantidades e Custos é do
Director da Fiscalização e dos Responsáveis de área.
5.2.4 Controlo de Planeamento e Avanços dos Trabalhos
Neste subcapítulo descrevem-se os métodos de implementação relativos ao controlo do planeamento
e do avanço dos trabalhos da Empreitada, [28].
5.2.4.1 Procedimento
A Fiscalização, para controlar o planeamento e o avanço dos trabalhos, deve:
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
105
a) Analisar e propor à aprovação do Dono de Obra, o Plano de Trabalhos Definitivo e respectivo Cronograma Financeiro e Plano de Pagamentos
O Plano de Trabalhos, que deverá ser constituído pelos documentos referidos no Caderno de
Encargos, deve conter as seguintes informações:
• Gráfico de barras, distinguindo as fases que se consideram vinculativas no Caderno de
Encargos;
• Definir as datas de início e de conclusão da Empreitada, bem como de todas as actividades;
• Conter uma memória descritiva e justificativa que particularize as actividades programadas e
especifique quaisquer outros recursos, exigidos ou não no Caderno de Encargos;
• O caminho crítico;
• Plano de fornecimento de recursos (equipamentos e mão-de-obra com a quantidade e
qualificação profissional da mão-de-obra);
• Cronograma Financeiro e respectivo Plano de Pagamentos, contendo a previsão,
quantificada e escalonada por mês, dos valores simples e acumulados dos trabalhos a
realizar, de acordo com o plano de trabalhos.
b) Controlar as alterações ao Plano de Trabalhos aprovado
Estará ao cargo da Fiscalização analisar e emitir o parecer sobre as alterações ao Plano de
Trabalhos vigente, face a trabalhos a mais proposto pelo Empreiteiro.
c) Acompanhar o planeamento e o progresso dos trabalhos
A Fiscalização está incumbida, durante a fase de execução dos trabalhos, de fazer o
acompanhamento do planeamento e do desenvolvimento da obra.
O acompanhamento do desenvolvimento da obra e a sua confrontação com o Plano de Trabalhos
aprovado é feito através de:
• Implementação de um Sistema de Recolha, Tratamento e Registo de Informação:
A Equipa da Fiscalização será concebida de tal forma que a informação das frentes de obra seja
obtida, tratada e reportada por forma a viabilizar a correcta integração da informação sobre
Planeamento e a habilitar a Fiscalização a efectuar a análise de conjunto da situação da Empreitada
e a reportá-la ao Dono da Obra. Desta forma, competirá ao Director da Fiscalização implementar um
sistema de recolha, tratamento e registo de informação do progresso dos trabalhos.
Desta forma, será possível a qualquer momento disponibilizar informações sobre:
FISCALIZAÇÃO DA EMPREITADA
106
o A percentagem do trabalho realizado;
o Desvios entre as durações (datas de início e de fim);
o Desvios verificados entre os meios previstos e os recursos efectivamente mobilizados.
o Repercussões, a nível de prazos contratuais e Plano Previsional de Facturação, decorrentes
dos desvios mencionados.
• Identificação e caracterização dos principais desvios verificados:
A identificação dos desvios deverá ser analisada nos seguintes moldes:
o A afectação real de recursos de mão-de-obra e equipamento por actividade e a sua
comparação com o previsto;
o Os rendimentos reais obtidos na execução das actividades e a sua comparação com os
rendimentos previstos; e
o As condições atmosféricas e o seu impacte no progresso dos trabalhos.
Após a identificação e análise dos desvios, e a determinação das suas causas e consequências,
serão propostas, nas reuniões de obra, medidas para minimizar, eliminar ou compensar os desvios
verificados.
• Actualização das estimativas de duração para os trabalhos ainda por realizar:
A Fiscalização deverá proceder à actualização do Plano de Trabalhos em vigor, com base na
informação recolhida na obra, nomeadamente:
o Data real de início da actividade;
o Data real de fim de actividade;
o A percentagem (%) de trabalho realizado por actividade.
Após a recolha da informação anteriormente referida, consegue-se ao longo da obra, com o decorrer
das diversas actividades, obter rendimentos efectivos, de modo a poderem ser comparados com os
teóricos (previstos) do Plano de Trabalhos.
• Acompanhamento da implementação de medidas correctivas:
Na eventualidade de terem sido tomadas medidas correctivas no propósito do aumento dos recursos
de mão-de-obra e equipamento, a verificação da implementação destas medidas estará a cargo dos
elementos da equipa de Fiscalização presentes nas frentes de obra.
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
107
No caso do Empreiteiro não implementar as medidas acordadas ou solicitadas pelo Dono da Obra
e/ou Fiscalização, a Fiscalização poderá proceder ao cálculo das respectivas multas, propondo ao
Dono da Obra a sua aplicação.
5.2.4.2 Responsabilidade
A responsabilidade pela implementação deste procedimento é do Engenheiro Responsável pelo
planeamento e avanço dos trabalhos, que faz parte da equipa de Fiscalização.
5.2.5 Gestão da Qualidade em Obra
Este procedimento tende a descrever os deveres estabelecidos em termos de definição de
responsabilidades, planeamento, gestão e melhoria da Qualidade em obra, [28].
5.2.5.1 Definição de Responsabilidades
• Dono da Obra: é responsável por definir os requisitos mínimos de Gestão da Qualidade que
pretende que sejam implementados na Obra em causa.
• Fiscalização (Gestão da Qualidade): a Fiscalização deverá elaborar o Plano de Gestão da
Qualidade (PGQ) para a empreitada, tendo em consideração, o âmbito da Prestação de
Serviços e os requisitos do Dono da Obra, no que respeita à Gestão da Qualidade. Compete
à Fiscalização a verificação da conformidade dos Planos de Controlo da Qualidade (PCQ) do
Empreiteiro/Consórcio, e também, através de acções sistemáticas de inspecção, acompanhar
e verificar a implementação do PCQ, Planos de Inspecção e Ensaio/Monitorização e Medição,
do Empreiteiro/Consórcio e respectivos registos da qualidade.
• Empreiteiro/Consórcio: O Empreiteiro/Consórcio deverá elaborar o respectivo PCQ, o qual
deverá ir ao encontro das exigências do Dono de Obra e do Caderno de Encargos. Este
Plano será validado pela Fiscalização e aprovado pelo Dono de Obra.
5.2.5.2 Planeamento da Qualidade
O planeamento da Qualidade rege os padrões de qualidade que a obra exige, cruzando-se com os
outros processos de gestão da empreitada, nomeadamente:
FISCALIZAÇÃO DA EMPREITADA
108
• Arranque, Planeamento e Controlo de Empreitada;
• Gestão de Informação da Empreitada;
• Controlo de Quantidades e Custos;
• Controlo de Planeamento e Avanço dos Trabalhos;
• Gestão da Segurança em Obra;
• Gestão Ambiental em Obra.
É nesta fase, de arranque, planeamento e preparação dos trabalhos, que a Fiscalização recebe, para
aprovação, a documentação do Empreiteiro sobre o planeamento e controlo, mais precisamente:
• Plano de Trabalhos;
• Plano da Qualidade;
• Planos de Inspecção e Ensaio / Planos de Monitorização e Medição;
• Plano de Gestão Ambiental;
• Complementos ao Plano de Segurança e Saúde (que deverá ser aprovado pelo Coordenador
de Segurança);
• Listagem dos Processos Construtivos e planeamento da entrega dos mesmos;
• Listagem dos materiais e planeamento da entrega dos processos de aprovação.
5.2.5.3 Gestão da Qualidade
A gestão da qualidade dos trabalhos será assegurada fundamentalmente através do controlo das
seguintes actividades:
• Aprovação e recepção de materiais;
• Aprovação de processos construtivos;
• Não conformidades em obra;
• Controlo dos dispositivos de monitorização e medição (DMM’s);
• Auditorias (externas e internas);
• Controlo de registos;
• Verificação topográfica;
• Controlo de planos de monitorização e medição (PMM’s);
• Controlo de planos de inspecção e ensaio (PIE’s);
5.2.5.4 Melhoria da qualidade
A melhoria da eficácia do sistema de gestão resultará do cumprimento dos pontos anteriormente
abordados, bem como através da análise:
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
109
• De dados;
• Das acções correctivas e/ou preventivas;
• Dos relatórios de auditorias.
5.2.5.5 Recepção provisória
Aquando da Recepção Provisória é realizada uma vistoria para a identificação dos trabalhos ainda
em falta, elaborando-se uma lista para vistoria preliminar da obra, entre a Fiscalização e o
Empreiteiro.
5.2.5.6 Responsabilidade
A responsabilidade de implementação deste procedimento é do Director da Fiscalização e do Técnico
de Gestão da Qualidade.
5.2.6 Gestão da Segurança em Obra
O procedimento de Gestão da Segurança em Obra rege-se pelo DL 273/2003, e visa descrever a
metodologia das medidas de prevenção da segurança em obra a aplicar pela Entidade Executante,
face aos métodos/processos construtivos.
5.2.6.1 Procedimento
As medidas preventivas a adoptar estarão de acordo com os processos construtivos, e serão
implementadas pelo Empreiteiro, sendo, no entanto, sempre submetidas à aprovação do
Coordenador de Segurança em Obra. À posteriori, e se estas reunirem as condições suficientes para
que os trabalhos corram com normalidade, serão aprovadas pelo Dono de Obra.
Estará por conta do Empreiteiro transmitir aos trabalhadores as acções a tomar através de
formações, e por conta do Coordenador de Segurança comunicar à Fiscalização as medidas a tomar,
para serem implementadas.
Prevenção de acidentes de trabalho:
Para que as acções preventivas obtenham resultados positivos, deve-se ter em conta:
FISCALIZAÇÃO DA EMPREITADA
110
• Formação e sensibilização;
• Divulgação de normas e procedimentos de segurança;
• Organização da segurança no estaleiro.
Comissão de Segurança em Obra:
A Comissão de Segurança em Obra é chefiada pelo Coordenador da Segurança em Obra (CSO),
designado pelo Dono de Obra, e constituída por representantes do Dono de Obra, da Fiscalização e
do Empreiteiro.
Esta Comissão, através de visitas regulares às frentes de obra, irá verificar, analisar e emitir
pareceres sobre a implementação das medidas preventivas e, caso se detectem falhas, tem como
objectivo definir responsáveis para corrigir ou minimizar as situações de perigo/risco.
A Comissão tem o poder de, a qualquer momento, caso se justifique, suspender imediatamente os
trabalhos até que se reponham as condições de segurança.
Manual de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho (MGSST):
O Manual de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho é o documento no qual se descrevem as
acções a implementar com o intuito de se cumprirem as normas de segurança e os requisitos legais.
Este manual, após analisado por um Técnico de Segurança, será validado pelo Director de
Segurança e submetido à aprovação do Dono de Obra.
O manual poderá ser a qualquer momento rectificado, caso haja alterações ao projecto e
consequentes mudanças nos processos construtivos, e haja alterações nos documentos contratuais.
Medidas a tomar em caso de acidentes de trabalho:
Face a um acidente de trabalho, grave ou mortal, devem de imediato ser tomadas as seguintes
medidas, pelo encarregado da frente de trabalhos (no caso de obras públicas):
• Suspender os trabalhos dessa frente;
• Contactar o seu técnico de segurança, que por sua vez informará o seu superior hierárquico,
Director da Fiscalização e o Coordenador de Segurança em Obra;
• Vedar toda a zona do acidente, garantindo que as condições em que este ocorreu
permaneçam inalteradas;
• Facilitar o acesso de meios de primeiros socorros, ou viaturas de emergência em caso de
necessidade;
• Tomar todas as acções para que situações similares não se repitam;
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
111
• Participação do acidente à IGT num prazo máximo de 24 horas.
5.2.6.2 Índices de sinistralidade
O Empreiteiro, todos os meses, envia à Fiscalização os dados referentes à sinistralidade, tendo esta
como missão calcular os índices de sinistralidade, apresentando-os depois ao Dono de Obra e ao
Coordenador de Segurança em Obra.
5.2.6.3 Controlo diário de segurança em obra e Não Conformidades em Obra
O controlo diário de segurança em obra é da responsabilidade dos técnicos de segurança (quer do
Empreiteiro, quer da Fiscalização), que efectuam visitas diárias às frentes de obra. Quando for
detectada uma situação não conforme, será elaborada uma Não Conformidade em Obra por parte
dos técnicos de segurança da Fiscalização.
5.2.6.4 Interfaces
Para que a segurança em obra se coadune com os níveis pretendidos pelas diversas entidades,
apresenta-se, na Figura 5.1, um esquema representativo de articulação entre as partes envolvidas.
5.2.6.5 Plano de Emergência
O Plano de Emergência é um documento elaborado pelo Empreiteiro, e deverá identificar as
situações de emergência possíveis de acontecer no decorrer da obra e que possam originar
situações de perigo. Este documento também deverá possuir informação relativa a contactos de
emergência, responsabilidades dos intervenientes, o modo de actuar e os equipamentos a utilizar e
terá de ser do conhecimento da Protecção Civil, Bombeiros e PSP/GNR.
5.2.6.6 Responsabilidade
A responsabilidade pelo cumprimento da segurança em obra, encontra-se repartida da seguinte
forma:
FISCALIZAÇÃO DA EMPREITADA
112
• A Fiscalização é responsável pela verificação e implementação das medidas preventivas,
sendo a responsabilidade pelo cumprimento deste procedimento do Director da Fiscalização
e dos Técnicos de Segurança da Fiscalização.
• As obrigações do Coordenador de Segurança em Obra encontram-se descritas no art. 19º do
DL 273/2003 de 29 de Outubro, [69].
• As responsabilidades incumbidas ao Empreiteiro encontram-se descritas no art. 20º do DL
273/2003 de 29 de Outubro, e no art. 120º Lei 99/2003 de 27 Agosto – Código do Trabalho,
[69].
• As obrigações do Dono de Obra encontram-se descritas no art. 17º do DL 273/2003 de 29 de
Outubro, [69].
Figura 5.1 – Articulação entre as diversas entidades
Dono de Obra
Coordenador de Segurança em obra
Projectista
Fiscalização
(Técnico de Segurança em Obra)
Entidade Executante
(Direcção da Obra)
Sub empreiteiros
Relatórios de segurança, Comunicações e informações
Recomendações
Informação das anomalias detectadas. Alertar para situações de insegurança.
Informação ao D.O. da validação técnica pelo C.S.O. dos procedimentos de segurança
Informação da aprovação pelo D.O. dos procedimentos de segurança
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
113
5.2.7 Gestão Ambiental em Obra
A Gestão Ambiental tem como objectivo definir e implementar os processos de planeamento,
execução e conclusão da obra relativamente a aspectos ambientais, [28].
5.2.7.1 Procedimento
Manual de Gestão ambiental:
O Manual de Gestão Ambiental consiste no documento que tem por base implementar na empreitada
os processos adequados segundo a legislação, a Norma NP EN ISO 14001 (caso a empresa seja
certificada) e os requisitos do Dono de Obra.
A elaboração deste manual estará ao cargo do Técnico Ambiental da Fiscalização (aprovado pelo
Dono de Obra) e deverá ser aprovado pelo Director da Fiscalização, sendo posteriormente submetido
à aprovação do Dono de Obra (de acordo com o Caderno de Encargos).
Este manual poderá ser alterado se um dos seguintes itens o exigir:
• Alteração ou adaptação dos procedimentos ou dos métodos de trabalho;
• Alteração do âmbito dos serviços a prestar;
• Alterações aos documentos contratuais;
• Alterações decorrentes da evolução do projecto.
Inspecção Ambiental:
As inspecções ambientais são da inteira responsabilidade do Técnico Ambiental, sendo sempre
comunicadas ao Empreiteiro com uma antecedência mínima de 48 horas.
Após a inspecção, se forem detectadas situações não conformes, será elaborada uma Não
Conformidade em Obra.
5.2.7.2 Responsabilidade
A responsabilidade pelo cumprimento deste procedimento é do Director da Fiscalização e do Técnico
Ambiental.
FISCALIZAÇÃO DA EMPREITADA
114
5.3 Fiscalização da obra do Túnel Ferroviário do Rossio
5.3.1 Introdução A Fiscalização teve um contributo bastante importante no desenrolar da obra, uma vez que permitiu
melhorar e acelerar o ritmo da mesma, e optimizar a produção com altos níveis de qualidade.
A evolução positiva do controlo da qualidade observada teve por base os seguintes aspectos:
• Estudos e análises sobre as técnicas construtivas, com o intuito de serem utilizados os
processos construtivos mais adequados, tendo em conta a constituição dos terrenos no
sentido de se optimizarem os índices de rendimento dos trabalhos;
• Avaliação exaustiva dos materiais e equipamentos utilizados: através de uma alocação
minuciosa e cuidada dos equipamentos, conseguiu-se verificar em que frentes se estavam a
utilizar de um modo eficaz os mesmos, colmatando desvios ao nível do uso destes, tanto a
nível de custos como a nível de má gestão dos recursos, permitindo minimizar perdas de
tempo, bem como ganhar terreno para possíveis contratempos; a correcta escolha dos
materiais permitiu, com a conjugação do projecto, que a execução em obra fosse bem
efectuada, garantindo-se, assim, que a realização dos trabalhos fosse cumprida conforme o
planeado;
• Análise e controlo do planeamento: esta ferramenta foi bastante útil, uma vez que através
dela se conseguiu verificar em que frentes e em que actividades se estava a perder e ganhar
tempo face ao previsto, permitindo, assim, gerir melhor o tempo, ou seja, o tempo perdido em
algumas actividades pôde ser recuperado em outras actividades; esta ferramenta facilitou
também a análise exaustiva e comparativa dos rendimentos teóricos e reais do desenrolar
das diversas actividades nas diversas frentes de trabalho, conseguindo-se, assim, saber
quais as equipas de acordo com o número de mão-de-obra, recursos de equipamentos e tipo
de terreno estavam a avançar de um modo positivo, de maneira, a se tirar conclusões para se
corrigir os locais com menores rendimentos;
• Ponte de interligação entre o Empreiteiro, Dono de Obra e Projectista sobre alterações ao
projecto, ou modificações nos processos construtivos e alteração de materiais: este item é
bastante importante, porque nem tudo em obra decorre conforme o esperado, devido às
análises dos terrenos serem efectuadas em amostras e não na globalidade, e por os
materiais que se julgam ser os mais adequados, por vezes, não serem os que oferecem
melhores tratamentos; assim, conforme o avanço dos trabalhos e todas as análises já
referidas anteriormente, a Fiscalização serviu de interligação entre o Empreiteiro e o
Projectista, de modo a se chegar a acordos ao nível de possíveis alterações de materiais ou
de processos construtivos, com o objectivo do cumprimento dos prazos da obra, sem que
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
115
nunca se colocasse em causa os níveis de qualidade que a obra exigia, bem como os
respectivos custos. Como exemplo desta interligação, foi a alteração ao projecto ao nível da
montagem e colocação das vigas de reacção (ver página 121).
Após os aspectos referidos anteriormente, passa-se a mencionar alguns casos práticos sucedidos na
obra, que demonstram que se a Fiscalização, Empreiteiro, Projectista e Dono de Obra trabalharem
em harmonia, os níveis de qualidade da obra melhoram, bem como o andamento da mesma.
5.3.2 Controlo de parâmetros geométricos
À medida do decorrer da obra, foram feitos levantamentos e efectuadas monitorizações periódicas
(diárias), tanto à superfície como nos hasteais e abóbada.
Estes levantamentos permitiram estudar o comportamento do túnel ao nível das deformações e das
convergências.
Com estes procedimentos, e após análises dos dados resultantes, foram tomadas medidas de
prevenção, nomeadamente injecções de consolidação de terreno (assentamentos) e travamentos de
soleiras através de pregagens ou aplicação de betão ao nível da soleira (convergências).
Para dar maior expressão ao referido anteriormente, apresentam-se de seguida alguns exemplos:
• Pk [0+250 ; 0+260]
Analisaram-se os assentamentos verificados à superfície nas réguas topográficas, de modo a
controlar os riscos para os edifícios localizados sobre o túnel, devidos aos trabalhos efectuados
no seu interior.
No troço em estudo, os assentamentos verificados começaram a ter importância relevante,
quando atingiram os 17 mm, no dia 12 de Abril aproximadamente, uma vez que o valor de alerta
de projecto era de 20 mm [30]. Assim sendo, foi necessário recorrer a técnicas de consolidação
para o maciço, de modo a inverter a tendência dos assentamentos. A solução adoptada recaiu
sobre injecções de consolidação com calda de cimento. Estas injecções realizaram-se entre os
dias 18 de Abril e 9 de Maio. Após a realização das injecções, o maciço continuou a movimentar-
se, situação previsível, uma vez que o mesmo tem sempre um tempo de adaptação às novas
condições. Uma semana depois do término deste tratamento, os assentamentos começaram a
diminuir, constando-se assim, que as injecções tiveram um efeito positivo no assentamento do
maciço (Figura 5.2).
FISCALIZAÇÃO DA EMPREITADA
116
Figura 5.2 – Assentamentos verticais das réguas topográficas entre os Pk [0+250;0+260]
• Pk [0+320 ; 0+360]
Entre os dias 14 de Junho e 19 de Julho, sensivelmente, o assentamento máximo verificado foi
da ordem dos 45 mm. Uma vez que o recobrimento neste troço é relativamente superior, faz com
que o nível de alerta para os assentamentos seja menos conservativo (face à situação anterior -
Pk [0+250 ; 0+260]), fixando-se nos 44 mm [30]. Assim sendo, apenas a 24 de Julho se deu início
aos trabalhos de injecções de consolidação do maciço, terminando a 29 de Julho. Constata-se
através do gráfico, Figura 5.3, que após o tratamento os assentamentos começaram a diminuir,
embora a um ritmo lento, devido ao ajustamento do mesmo às novas condicionantes.
Figura 5.3 – Assentamentos verticais das réguas topográficas entre os Pk [0+320;0+360]
Intervalo de tempo, da execução das injecções de consolidação
-40,0
-35,0
-30,0
-25,0
-20,0
-15,0
-10,0
-5,0
0,0
14-03
-2007
21-03
-2007
28-03
-2007
04-04
-2007
11-04
-2007
18-04
-2007
25-04
-2007
02-05
-2007
09-05
-2007
16-05
-2007
23-05
-2007
30-05
-2007
06-06
-2007
Dias
Ass
enta
men
to (m
m)
0+249.40+250.50+251.60+2570+262.5
Intervalo de tempo, da execução das injecções de consolidação
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
14-Jun 21-Jun 28-Jun 4-Jul 10-Jul 16-Jul 22-Jul 28-Jul 1-Ago 3-Ago 6-Ago 9-Ago 11-Ago
Dias
Ass
enta
men
to (m
m) 0+317.4
0+327.20+336.10+336.80+346.10+355.50+364.20+371.6
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
117
• Pk [0+325 ; 0+345]:
Neste troço, as leituras foram realizadas no interior do túnel, medindo-se os deslocamentos,
tanto dos hasteais (alvo 0 e 1) como da abóbada (alvo 2). Deste modo, foi possível fazer um
acompanhamento das convergências das paredes do interior do túnel (Figura 5.4).
Figura 5.4 – Localização dos alvos topográficos
Nos gráficos das Figuras 5.5 e 5.6 estão representados os deslocamentos entre os hasteais e
a abóbada, juntamente com os níveis de alerta (15 mm) e de alarme (20 mm).
Como se pode verificar através dos gráficos, os deslocamentos a partir do dia 1 de Julho,
aproximadamente, começaram a atingir valores próximos do nível de alerta (aumento da
distância entre os hasteais, e entre a coda hasteal/abóbada), sendo necessário se solucionar
este problema de modo a inverter esta tendência.
Figura 5.5 – Convergências dos alvos ao Pk 0+325 [31]
Realização do travamento de soleira
FISCALIZAÇÃO DA EMPREITADA
118
Figura 5.6 – Convergências dos alvos ao Pk 0+345 [31]
A solução preconizada incidiu sobre a realização de pregagens nos hasteais, solidarizadas
através de soldadura a perfis duplos UNP, e aplicação de betão ao nível da soleira (Figura 5.7
e 5.8). A solidarização das pregagens aos perfis duplos UNP teve como função de fazer com
que todos os elementos funcionassem em bloco, ou seja, como um todo.
Figura 5.7 – Perfis UNP duplos solidarizados às pregagens - 1
Figura 5.8 – Perfis UNP duplos solidarizados às pregagens - 2
Realização do travamento de soleira
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
119
Este tratamento foi efectuado entre os dias 8 e 11 de Julho, e teve um efeito bastante
positivo, permitindo conter os deslocamentos, tal como se pode verificar através do gráfico a
partir do dia 15 de Julho (os deslocamentos mantiveram-se praticamente constantes).
5.3.3 Análise dos processos construtivos
Com o decorrer da execução da obra, foi possível através da percepção diária do funcionamento das
diversas actividades, juntamente com as análises dos rendimentos e quantidades executadas do
departamento do planeamento, analisar os processos construtivos em curso.
Deste modo, foi possível realizar alterações de forma a que determinadas actividades fossem
realizadas com uma maior qualidade, optimizando o tempo de execução, custos e recursos afectados
às mesmas.
Para que estas observações fossem efectuadas em harmonia, o know-how dos empreiteiros, os
equipamentos/recursos de mão-de-obra e a vigilância da fiscalização foram preponderantes.
Com base nos pressupostos referidos anteriormente, referem-se de seguida algumas situações em
que considerando as condições específicas em obra, disponibilidade de equipamento e know-how do
empreiteiro, se tentou rentabilizar ao máximo as actividades:
• Enfilagens
Nos avanços de enfilagens do Pk 0+350 em direcção ao Rossio, houve uma grande
dificuldade na colocação do Posicionador, devido à “cabeça” deste ser muito alta,
embatendo no cima da abóbada, inviabilizando a execução da furação com o ângulo
correcto definido em projecto. Para resolver este problema, surgiram 2 soluções: i)
utilizar um outro Posicionador que estava destacado noutra frente de ataque; ii)
redefinir o ângulo de furação. A primeira solução foi claramente a mais viável,
trocando os Posicionadores nas frentes de trabalho. No entanto, houve uma
determinada altura, em que se encontrou este problema em duas frentes em
simultâneo. Assim, foi necessário recorrer à análise da fiscalização (a nível
construtivo), juntamente com o projectista (recalcular os esforços com o novo
ângulo), para que o ângulo de furação fosse alterado, de modo a não haver frentes
de trabalho paradas.
Em alguns troços, na execução da furação, verificou-se a existência de grandes
vazios no terreno, o que inviabilizou a continuidade desta actividade, uma vez, que a
enfilagem não ficaria na localização prevista, “mergulhando” então no terreno. Assim,
FISCALIZAÇÃO DA EMPREITADA
120
enquanto não fossem realizadas injecções de enchimento dos vazios não foi possível
dar continuidade a este processo nesta frente de trabalho (entre os Pk 0+367 e Pk
0+573).
Inicialmente, a injecção das enfilagens seria efectuada manchete a manchete, no
entanto, devido às dificuldades encontradas foi alterado para a injecção directa
(válvula na extremidade da armadura). As contrariedades encontradas foram: i) Em
virtude da furação ter sido efectuada com o recurso ao próprio tubo metálico munido
de uma trialeta na extremidade, originou menores diâmetros de furacão (armadura
assenta directamente no maciço), e em consequência, menores recobrimentos.
Deste modo, para que se pudesse injectar às manchetes, seria necessário aplicar
uma pressão relativamente maior, o que poderia provocar deformações no maciço; ii)
A difícil centralização do obturador face a localização das manchetes no tubo
metálico originou que estas nem sempre fossem abertas, impossibilitando a injecção
da calda. Com a execução da solução adoptada, injecção de forma directa, o
preenchimento do “cake” foi minimizado.
Através das análises dos mapas de balizamentos, dos rendimentos e quantidades
executadas, o empreiteiro decidiu trazer para a obra mais um Posicionador de modo
a aumentar o número de frentes de ataque na execução de enfilagens, e
consequentemente recuperar os tempos perdidos de várias equipas nas actividades
intrínsecas a esta, nomeadamente a montagem de cambotas, aplicação de betão
projectado, execução de microestacas e vigas de reacção. Assim, além de recuperar
os atrasos que existiam nas diversas frentes, conseguiu-se reordenar as equipas, de
forma a não haver “tempos mortos” e a aumentar os rendimentos das mesmas.
• Pregagens
Após uma análise na frente de obra por parte do empreiteiro, este sugeriu que nas
pregagens que intersectassem argilas muito compactas e onde não se conseguisse
injectar as manchetes, se realizasse apenas a injecção de selagem, mas a uma
pressão mais elevada, máximo de 6 bar, de maneira a que a calda não criasse
grande tensão nas fendas existentes, por forma a não originar a percolação de água
pelo maciço. Esta observação teve a aceitação da Fiscalização e do Projectista,
desde que fosse garantida a carga de serviço prevista em projecto.
Em alguns troços, na execução da furação, verificou-se a existência de grandes
vazios no terreno (tanto ao nível dos hasteais como da abóbada) que inviabilizou a
continuidade desta actividade, uma vez que a pregagem não tomava a inclinação
devida. Assim, enquanto não fossem realizadas injecções de enchimento dos vazios
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
121
não foi possível dar continuidade a este processo nesta frente de trabalho (entre os
Pk 0+367 e Pk 0+573).
O planeamento, uma vez mais, foi bastante útil para rentabilizar e optimizar os
processos e os equipamentos afectos a esta actividade. Inicialmente, existiam 2
TAMROCK (equipamento de furação de pregagens), e após várias análises,
constatou-se que seria necessário mais um equipamento de furação de modo a
retirar a maior eficiência das equipas afectas ao processo construtivo das pregagens
(o aumento do número de equipamentos e de recursos nem sempre origina
acréscimos significativos nos rendimentos e minimização de prazos).
• Montagem de Cambotas
Ao longo da aplicação de betão projectado para preenchimento dos espaços entre as
cambotas, o empreiteiro, pela sua experiência em outras obras e por vários
problemas nos robots de projecção, sugeriu que a adição das fibras metálicas ao
betão fosse realizada na central, de modo a proporcionar uma melhoria da
homogeneização do betão e prevenindo o entupimento dos equipamentos de
projecção. Este procedimento foi aprovado pela fiscalização, em virtude do mesmo
aumentar os rendimentos (o tempo perdido na adição in situ seria anulado) e a
qualidade do betão seria melhor. Este processo seria também proveitoso, por evitar
os inúmeros casos de paragens da actividade já verificados por avarias do robot de
projecção.
• Roçadora
O facto de a roçadora ser um equipamento bastante invulgar no mercado, tornou
complicado fazer a manutenção da mesma, principalmente, quando as peças eram
danificadas: correias, o turbo, etc. Esta dificuldade advinha das peças serem oriundas
de Espanha, o que originava sempre um tempo de espera de 2 a 3 dias, ficando este
equipamento inutilizado.
• Soleiras
Na montagem de armaduras, na execução das soleiras, o empreiteiro optou pela
elaboração de cavaletes para delimitar a localização dos varões, à medida que o
topógrafo fazia a análise. Esta solução acabou por não ser a mais eficiente a nível da
qualidade da montagem da armadura (porque os varões por vezes soltavam-se dos
cavaletes aquando da betonagem, além de não serem moldados convenientemente).
No entanto, verificou-se que era mais viável ao nível da duração da sua montagem,
FISCALIZAÇÃO DA EMPREITADA
122
uma vez que a outra solução (moldar a armadura no estaleiro, e pintar nos varões a
sua localização na soleira) seria inviabilizada através do transporte da armadura para
dentro do túnel nas frentes de ataque, devido à falta de espaço de movimentação dos
camiões que as transportavam.
O empreiteiro, em diversas ocasiões, optou por enviar mais equipas de trabalho e, sobretudo, mais
equipamentos, para que houvesse menos tempos “mortos” nas diversas frentes de trabalho,
aumentando os rendimentos e, assim, a rapidez de execução dos troços. Estas situações verificaram-
se sobretudo ao nível de:
• Enfilagens: 1 Posicionador (total de 3) e uma equipa completa relacionada com a actividade;
• Pregagens: acréscimo de uma TAMROCK (total de 3) e uma central, um manobrador e uma
equipa de injecção;
• Cambotas: 1 Roçadora (existia inicialmente apenas uma); as equipas mantiveram-se, uma
vez que já havia 2;
• Soleira: mais equipas relacionadas com a aplicação do sistema de impermeabilização,
montagem de armaduras e betonagem.
As soluções de projecto nem sempre são as mais exequíveis em obra, devido a diversos factores.
Esses factores estão normalmente relacionados com os meios e equipamentos disponíveis em obra,
condições do terreno, condições climatéricas e atmosféricas, bem como com as consequências e
evoluções da execução dos trabalhos.
Assim, por vezes foi necessário proceder-se a alterações, algumas vezes definitivas, outras vezes
pontuais, tanto a nível da execução dos processos construtivos, como ao nível dos equipamentos
afectos à obra.
Deste modo, enumeram-se alguns dos problemas encontrados no desenrolar da obra, em que existiu
a necessidade de alterar algumas das soluções:
• No projecto, inicialmente, estava previsto que todas as enfilagens fossem injectadas
manchete a manchete após a injecção de selagem (envolvimento do tubo de enfilagem com
calda), de modo a garantir que a o bolbo de injecção fosse garantido. No entanto, em virtude
do longo tempo de execução de processo (dia e meio), fizeram-se ensaios prévios, com o
intuito de se saber se apenas a injecção de selagem garantia as condições de segurança
exigidas. Uma vez que esta alteração reunia as condições de segurança (enfilagem
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
123
totalmente envolvida em calda), o processo da injecção das enfilagens foi alterado, tornando-
se assim muito menos moroso (cerca de 40 minutos).
• Em determinadas zonas do maciço (exemplo: Pk 0+573), aquando da realização de
enfilagens, deparou-se com a existência de vazios na abóbada, com um grande volume.
Após uma análise da fiscalização, juntamente com o projectista, ficou acordado fazerem-se
injecções de enchimento dos vazios. Posteriormente à injecção do enchimento dos vazios,
retomaram-se os trabalhos de execução de enfilagens, tendo sido estes, novamente
suspensos, em virtude do bit de furação que vinha a ser utilizado não se adaptar à resistência
da calda injectada anteriormente. Assim, foi necessário, readaptar-se o bit de furação, de
modo a se obterem os rendimentos desejados.
• Na montagem de cambotas, segundo o projecto, está intrínseco que estas devem ser
posicionadas de modo a encostarem às enfilagens, permitindo a transmissão dos esforços.
No entanto, nem sempre as enfilagens ficaram correctamente posicionadas, devido a
problemas com os desvios na furação, tanto por se encontrarem vazios, como por vezes
existir erro no ângulo de furação aplicado. Como o contacto físico da enfilagem com a
cambota não se podia realizar devido à cota da enfilagem estar abaixo do previsto, surgiu a
necessidade de se efectuarem cortes no tubo metálico da enfilagem, de modo, a permitir que
a cambota fosse devidamente posicionada.
• Como já referido anteriormente, a qualidade, a manutenção ou a existência do número de
equipamentos em obra nem sempre se coaduna com as necessidades da mesma. Este tipo
de problemas, sobretudo as avarias dos equipamentos, foi várias vezes verificado e alertado
pela Fiscalização, com o objectivo de existirem equipamentos de reserva nas frentes de obra.
Após alguma relutância por parte do empreiteiro face a estas questões, este acabou por
enviar para a frente de obra equipamentos sobressalentes, diminuindo assim os tempos
perdidos. Estas avarias deram-se sobretudo nos equipamentos de projecção e nos
vibradores.
• A escavação dos hasteais e abóbada, consoante as zonas, tinha avanços diferentes (0,80 m
e 1,00 m). Nas zonas onde o avanço fosse de 80 cm, o manobrador da roçadora tinha
grandes dificuldades em escavar o avanço definido em projecto devido às dimensões da
ponteira da roçadora. Deste modo, foi necessário aumentar para 1,50 metros o avanço de
escavação, de modo a permitir que o equipamento operasse.
• As vigas de reacção, segundo o projecto, eram posicionadas entre as cambotas e a ligação
destas às microestacas era efectuada por um sistema de porcas. Devido às dificuldades
encontradas, e ao facto de o processo ser demorado, o novo posicionamento das vigas de
FISCALIZAÇÃO DA EMPREITADA
124
reacção passou a ser feito na zona do banzo da cambota (na frente dos perfis metálicos
HEB), e a ligação às microestacas fez-se por soldadura.
• A escavação da soleira, em termos médios, era de 3,0 metros. No entanto, isto implicava um
avanço efectivo na ordem de 2,0 metros. No entanto, este pormenor não foi tido em conta,
levando a que se realizassem mais ciclos de execução de soleira. Desta forma, foi necessário
rectificar o avanço autorizado para 4 metros, de modo a ficarem disponíveis 50 cm para cada
lado da escavação, por forma a permitir a colocação dos painéis de cofragem. Outra das
vantagens desta alteração foi também facilitar a acção do manobrador da retroescavadora,
que antes tinha grandes dificuldades em escavar sem danificar o sistema de
impermeabilização.
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
125
6 CONCLUSÕES
O presente trabalho pretende contribuir para um melhor conhecimento dos processos construtivos
utilizados na execução de túneis, nomeadamente, as metodologias aplicadas à reabilitação do Túnel
Ferroviário do Rossio. Tem também como objectivo abordar as funções da Fiscalização, e o papel
que esta mesma entidade teve no desenrolar desta obra.
Dado que, hoje em dia, a área da construção civil em Portugal é um dos sectores de actividade com
maior peso na economia nacional, realizando-se avultados investimentos para a modernização do
país, é necessário a existência de entidades que fiscalizem a qualidade das obras executados, e que
procedam ao controlo dos investimentos, de modo a não existir derrapagens.
A obra de Consolidação, Reforço e Reabilitação do Túnel Ferroviário do Rossio foi alvo de um
investimento muito grande, sendo essencialmente de carácter geotécnico. Assim sendo, para que a
obra fosse realizada de acordo com os pressupostos do projecto, existiu uma equipa de Fiscalização
que desempenhou, de um modo genérico, as seguintes funções:
• Arranque, Planeamento e Controlo da Empreitada;
• Gestão de Informação da Empreitada;
• Controlo de Quantidades e Custos;
• Controlo de Planeamento e Avanço dos Trabalhos;
• Gestão da Qualidade em Obra;
• Gestão da Segurança em Obra;
• Gestão Ambiental em Obra.
Vistas as funções da Fiscalização, salienta-se de seguida os aspectos em que esta foi importante no
decorrer da obra:
• O principal papel da Fiscalização foi o de controlar os trabalhos desenvolvidos durante a
obra, de modo a fazer cumprir o projecto de execução com os níveis de qualidade desejados;
• Encontrar e/ou debater soluções juntamente com o Empreiteiro para situações imprevistas,
foi outro factor relevante no âmbito das funções da Fiscalização na empreitada. Conjunturas
CONCLUSÕES
126
inesperadas alvo de análise foram, por exemplo, as sobreescavações de hasteais, abóbada e
soleiras; enfilagens mal posicionadas, em virtude de vazios existentes no maciço ou de
terrenos diferentes dos espectáveis;
• A análise aos rendimentos das equipas (mão-de-obra e equipamentos) das várias frentes
também foi um factor muito valorizado, tendo permitido cumprir os prazos da empreitada.
Estes estudos dos índices de produtividade das equipas foram efectuados nas várias frentes
de trabalho, comparando-se os rendimentos previstos com os reais, de modo a rectificar as
cargas de pessoal e/ou equipamentos, bem como a alteração de processos construtivos
menos adequados para as actividades em curso;
• A Fiscalização analisou os dados recolhidos no decorrer da obra pelo programa de
instrumentação e monitorização, executado pelo Empreiteiro. Controlou-se, assim, os
assentamentos e deslocamentos, por forma a que os trabalhos de reabilitação, reforço e
consolidação fossem realizados com segurança, tendo também a preocupação com os
edifícios existentes à superfície;
• Outro aspecto importante foi o controlo para a prevenção de acidentes de trabalho, lesões e
doenças relacionadas com o mesmo. Este factor de prevenção é relevante no sentido em
que, além de se reduzirem os custos, também se contribui para o aumento do desempenho e
produtividade dos trabalhadores da empreitada;
• A realização de vistorias aos equipamentos e o estudo destes face ao ambiente de trabalho,
foi de cariz marcante, de modo a adequar convenientemente estes às necessidades dos
processos construtivos, assegurando-se assim, não só a manutenção dos equipamentos,
bem como a laboração, aumentando consequentemente os rendimentos.
Durante o decorrer da obra foram evidenciadas diversas dificuldades de execução de alguns dos
processos construtivos, que tiveram que ser ou corrigidos, ou precedidos de outros trabalhos de
modo a poder dar o melhor seguimento aos mesmos. Das contrariedades que ocorreram destacam-
se as seguintes:
• Na execução de pregagens, encontrou-se muitas vezes vazios no maciço, levando a que a
inclinação das pregagens fosse alterada. Deste modo, foi necessário recorrer a injecções de
consolidação no maciço, para enchimento do mesmo, por forma a se realizar as pregagens
conforme preconizado no projecto;
• Inicialmente, a injecção das enfilagens seria efectuada manchete a manchete. No entanto,
devido às dificuldades encontradas, o processo foi alterado para a injecção directa (válvula na
extremidade da armadura). As contrariedades encontradas foram: i) Em virtude da furacão ter
sido efectuada com o recurso ao próprio tubo metálico munido de uma trialeta na
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
127
extremidade, originou menores diâmetros de furação (armadura assenta directamente no
maciço), e em consequência, menores recobrimentos. Deste modo, para que se pudesse
injectar as manchetes, seria necessário aplicar uma pressão relativamente maior, o que
poderia provocar deformações no maciço; ii) A difícil centralização do obturador face a
localização das manchetes no tubo metálico originou que estas nem sempre fossem abertas,
impossibilitando a injecção da calda. Com a execução da solução adoptada, injecção de
forma directa, o preenchimento do “cake” foi minimizado.
• Na aplicação de betão projectado com fibras metálicas, no processo de montagem de
cambotas metálicas definitivas, verificou-se, por vezes, dificuldade em se preencher a alma
dos perfis com betão, bem como o espaço entre a cambota e a abóbada. Para a execução
deste tipo de trabalho, a única solução seria arranjar cambotas metálicas treliçadas (varão de
aço), de modo à projecção de betão poder se espalhar de um modo mais simples. No
entanto, a utilização deste tipo de peças, além de ser menos económicas, exige maiores
tempos de mão-de-obra para a sua materialização;
• As vigas de reacção, inicialmente, eram para ser materializadas entre as cambotas metálicas.
No entanto, devido à morosidade e dificuldade do processo, foi adoptada a solução de as
colocar no banzo interior do perfil HEB (virado para o centro do túnel), soldadas a este
através de esquadros (ver Figura 6.31);
• Com a monitorização do túnel, foram detectados assentamentos verticais na abóbada,
levando que se tomassem precauções. A solução preconizada foi de se realizar injecções de
consolidação com calda de cimento que, posteriormente, se provou que foram eficazes;
• Outro aspecto importante do plano de instrumentação e observação, foi o facto de se poder
controlar as convergências. Assim sendo, foi necessário executar pregagens nos hasteais,
solidarizadas a perfis UNP de modo a funcionar como um bloco, e de aplicação betão para
travamento da soleira.
Com base nos pressupostos atrás descritos, afirma-se que a existência de uma equipa de
Fiscalização na coordenação e no acompanhamento dos projectos elaborados por um leque de
diversos especialistas é, cada vez mais, solicitada e justificada, sobretudo em grandes obras com
prazos limitados e que, de uma maneira geral, vêem as suas consequências remetidas para a fase de
construção. Há, portanto, que minimizar os problemas em fases posteriores, nomeadamente através
de uma coordenação prévia e eficiente dos projectos. A probabilidade de coincidência destes
factores, e da ocorrência de imprevistos é ainda maior quando se trata de obras de reabilitação e/ou
geotécnicas, pelo facto de se trabalhar com o material “solo”, que não é fabricado por nós, que é
heterogéneo e cuja caracterização não é simples.
CONCLUSÕES
128
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
129
7 BIBLIOGRAFIA
[1] – ALMEIDA E SOUSA, Jorge N. Veiga de (1998); “Túneis em maciços terrosos – comportamento
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[6] – ALMEIDA, Nuno Gonçalo M. de (2003); “Técnicas de melhoramento de solos. Parte 1,
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Estudos e Projectos de Engenharia Lda.: Abril de 2005.
[12] – BARRETO, J.; “Projecto de Consolidação, Reforço e Reabilitação do Túnel Ferroviário do
Rossio – Desenho TUN-54: Suporte primário tipo – secções”; GRID, Consultas, Estudos e Projectos
de Engenharia Lda.: Abril de 2005.
[13] – Site: www.sireg.it; 22 de Fevereiro de 2008;
BIBLIOGRAFIA
130
[14] – Site: www.swellex.com; 22 de Fevereiro de 2008;
[15] – BARRETO, J.; “Projecto de Consolidação, Reforço e Reabilitação do Túnel Ferroviário do
Rossio – Desenho TUN-56: Revestimento Definitivo – Dimensionamento”; GRID, Consultas, Estudos
e Projectos de Engenharia Lda.; Abril de 2005.
[16] – BARRETO, J.; “Projecto de Consolidação, Reforço e Reabilitação do Túnel Ferroviário do
Rossio – Desenho TUN-58A: Revestimento Definitivo – Dimensionamento Secção S2”; GRID,
Consultas, Estudos e Projectos de Engenharia Lda.; Abril de 2006.
[17] – BARRETO, J.; “Projecto de Consolidação, Reforço e Reabilitação do Túnel Ferroviário do
Rossio – Desenho TUN-30: Escoramento provisório – montagem – tipo 5”; GRID, Consultas, Estudos
e Projectos de Engenharia Lda.; Abril de 2005.
[18] – BARRETO, J.;“Projecto de Consolidação, Reforço e Reabilitação do Túnel Ferroviário do
Rossio – Desenho TUN-31: Escoramento provisório – pormenores – tipo 5”; GRID, Consultas,
Estudos e Projectos de Engenharia Lda.; Abril de 2005.
[19] – BARRETO, J.;“Projecto de Consolidação, Reforço e Reabilitação do Túnel Ferroviário do
Rossio – Desenho TUN-29A: Escoramento provisório tipo 4, 4ª, 6 e 7 – montagem e pormenores”;
GRID, Consultas, Estudos e Projectos de Engenharia Lda.; Setembro de 2005.
[20] – Procedimento específico aprovado pela Fiscalização (DHVFBO Consultores S.A.); “Processo
Executivo – Pregagens”; Tecnasol FGE; Janeiro de 2007.
[21] – BARRETO, J.;“Projecto de Consolidação, Reforço e Reabilitação do Túnel Ferroviário do
Rossio – Desenho TUN-35: Zona de Enfilagens – “Guarda-chuva” simples – corte longitudinal e
secções”; GRID, Consultas, Estudos e Projectos de Engenharia Lda.; Abril de 2005.
[22] – BARRETO, J.;“Projecto de Consolidação, Reforço e Reabilitação do Túnel Ferroviário do
Rossio – Desenho TUN-32: Zona de Enfilagens – “Guarda-chuva” simples – perspectivas”; GRID,
Consultas, Estudos e Projectos de Engenharia Lda.; Abril de 2005.
[23] – Procedimento Operacional - Impermeabilização; Sotecnisol; Abril de 2007;
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Engil/Zagope/Ferrovias; Junho de 2007.
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
131
[26] – Decreto-Lei Nº 59/99, de 2 de Março – Novo regime das Empreitadas de Obras Públicas.
[27] – Decreto-lei Nº 6 / 2004, de 6 de Janeiro – Novo regime de revisão de preços das empreitadas
de obras públicas e de obras particulares e de aquisição de bens e serviços.
[28] – Plano de Qualidade – Túnel do Rossio, DHVFBO, Consultores SA; 2005.
[29] - Decreto-Lei Nº 273/2003, de 29 de Outubro – Diploma de segurança e saúde no trabalho em
estaleiros temporários ou móveis.
[30] - “Projecto de Consolidação, Reforço e Reabilitação do Túnel Ferroviário do Rossio – Projecto de
Instrumentação e Observação”; Junho de 2007; GRID, Consultas, Estudos e Projectos de Engenharia
Lda.
[31] – “Instrumentação - Leituras diárias” ; Tecnasol FGE; Setembro de 2007.
[32] – Procedimento específico aprovado pela Fiscalização (DHVFBO Consultores S.A.); Processo
Executivo - Enfilagens; Tecnasol FGE; Janeiro de 2007.
[33] – Procedimento Operacional - Soleiras; Mota-Engil/Zagope/Ferrovias; Maio de 2007.
[34] – Procedimentos específicos aprovados pela Fiscalização (DHVFBO Consultores S.A.).
[35] – Processo Executivo - Microestacas; Tecnasol FGE; Janeiro de 2007.
[36] – Processo Executivo – Escavação, demolição, cambotas e betão projectado; Tecnasol FGE;
Janeiro de 2007.
[37] – REFER (2007). Caderno de Encargos – Cláusulas Jurídicas e Particulares – Condições
Técnicas Particulares – Caixa 01 – Processo de Consulta e Anexos – Projecto de Execução
“Reabilitação do Túnel do Rossio”.
[38] – REFER (2007). Caderno de Encargos – Condições Técnicas Especiais – Caixa 06 –
Construção Civil Túnel e Saída de Emergência – Projecto de Execução “Reabilitação do Túnel do
Rossio”.
[39] – Plano de Qualidade – Projecto Barcarena-Cacém, Ferbritas, Empreendimentos Industriais e
Comerciais, SA; 2008.
BIBLIOGRAFIA
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[40] – LÓPEZ JIMENO, C.; GALERA FERNADEZ, José Miguel (1997); “Cap. 4 - Influencia de las
condiciones geológicas del terreno en el diseño y construcción de túneles”. Manual de túneles y obras
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[41] – LÓPEZ JIMENO, C.; DÍAZ MÉNDEZ, Beatriz (1997); “Cap. 5 – Clasificación de los terrenos
según su excavabilid”. Manual de túneles y obras subterrâneas; Ed. C. López Jimeno. Entorno
Grafico, S. L. Madrid. pp183-210.
[42] – TRABADA GUIJARRO, Jesús (1997); “Cap. 6 – Excavación en terrenos blandos”. Manual de
túneles y obras subterrâneas; Ed. C. López Jimeno. Entorno Grafico, S. L. Madrid. pp239-262.
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Manual de túneles y obras subterrâneas; Ed. C. López Jimeno. Entorno Grafico, S. L. Madrid. pp239-
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[44] – FERNÁNDEZ GONZÁLEZ, Ramón (1997); “Cap. 8 – Excavación com máquinas integrales:
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L. Madrid. pp265-286.
[45] – LÓPEZ JIMENO, C. (1997); “Cap. 10 – Métodos de excavación con perforación y voladura”.
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maciços rochosos”. Tese de mestrado – Instituto Superior Técnico; Lisboa; Portugal.
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
133
[51] – GUIZART, Moustafa Hamze (2003); “Metodologia para a interpretação do monitoramento de
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[53] – BRANCO, Fernando; BRITO, Jorge de; “Curso de Inspecção e reabilitação de construções em
alvenaria de tijolo”; FUNDEC – IST.
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[69] - APPLETON, João A.S (2003); “Reabilitação de Edifícios Antigos – Patologias e Tecnologias de
Intervenção”. Edições Orion, 1º Edição; Setembro de 2003.
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
135
ANEXOS
Anexo I – Execução de Soleira – Faseamento.
Anexo II – Plano de Betonagem de Abóbadas.
Anexo III – Glossário de definições relativas à área da fiscalização.
ANEXOS
136
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
137
Anexo I - Execução de Soleira – Faseamento
ANEXOS
138
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
139
Anexo II - Plano de Betonagem de Abóbadas
ANEXOS
140
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
141
Anexo III - Glossário de definições relativas à área da fiscalização
ANEXOS
142
Acidente de trabalho: evento brusco produzido no local de trabalho, durante a realização ou
preparação dos trabalhos e na deslocação de meios humanos e materiais e que produz directa ou
indirectamente lesão corporal, funcional ou doença de que resulte a morte ou redução na capacidade
de trabalho ou de ganho.
Adicional: o conjunto de trabalhos a realizar, da mesma natureza ou de natureza diferente, que não
tenham sido previstos no contrato inicial, necessários à realização da empreitada, e que resultem da
aprovação de uma alteração ao contrato.
Adjudicação: é a decisão pela qual o dono da obra aceita a proposta do concorrente preferido,
escolhido, tende por base a avaliação da proposta a nível técnico, e a nível de custo da empreitada.
Ambiente: envolvente na qual uma organização opera incluindo ar, água, solo, os recursos naturais, a
flora, a fauna, os seres humanos e suas inter-relações.
Aspecto ambiental: elemento das actividades, produtos ou serviços de uma organização que possa
interagir com o ambiente.
Autor do projecto da obra: a pessoa singular, reconhecida como projectista, que elabora ou participa
na elaboração do projecto da obra.
Caderno de Encargos: é o documento que contém, ordenadas por artigos numerados, as cláusulas
jurídicas e as técnicas gerais e especiais a incluir no contrato a celebrar. Poder-se-á dizer que,
enquanto o programa de concurso regulamenta a fase de concurso da obra, o caderno de encargos
regulamenta a fase de execução dessa mesma obra.
Consignação: acto através do qual é formalmente entregue o espaço onde irão decorrer os trabalhos.
Normalmente marca o início da contagem do prazo para a execução dos trabalhos.
Coordenador de segurança em obra (CSO): pessoa singular ou colectiva que executa, durante a
realização da obra, as tarefas de coordenação em matéria de segurança e saúde, devendo
estabelecer, manter, implementar, auditar o Sistema da Gestão de Segurança em obra. Em obras
públicas o CSO nunca pertence ao empreiteiro.
Coordenador de segurança em projecto: a pessoa singular ou colectiva que executa, durante a
elaboração do projecto, as tarefas de coordenação em matéria de segurança e saúde, podendo
também participar na preparação do processo de negociação da empreitada e de outros actos
preparatórios da execução da obra, na parte respeitante à segurança e saúde no trabalho.
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
143
Correspondência expedida pela fiscalização: cartas, faxes, e-mails, memorandos de obra,
autorização de trabalhos, não conformidades em obra e actas de reuniões.
Correspondência Recebida pela Fiscalização: cartas, faxes, e-mails, Comunicações de Obra, guias
de remessa e Documentação Técnica.
Director da Fiscalização (DF): técnico designado pelo adjudicatário referente ao concurso de
Fiscalização da Empreitada aceite pelo Dono de Obra, para assegurar a execução do projecto dentro
dos bons níveis de qualidade exigidos, de acordo com o prazo e o valor estabelecido na proposta de
adjudicação.
Director técnico da empreitada: técnico designado pelo adjudicatário da obra pública e aceite pelo
dono da obra, nos termos do regime jurídico das empreitadas de obras públicas, para assegurar a
direcção técnica da empreitada.
Documentação Interna pela Fiscalização: notas internas, actas de reuniões internas e e-mails.
Documentação Técnica: documentos técnicos que se referem a aspectos de concepção e execução
da Empreitada.
Dono da obra: a pessoa singular ou colectiva por conta de quem a obra é realizada, ou o
concessionário relativamente a obra executada com base em contrato de concessão de obra pública.
Empregador: a pessoa singular ou colectiva que, no estaleiro, tem trabalhadores ao seu serviço,
incluindo trabalhadores temporários ou em cedência ocasional, para executar a totalidade ou parte da
obra; pode ser o Dono da Obra, a Entidade Executante ou sub Entidade Executante.
Entidade Executante: a pessoa singular ou colectiva que executa a totalidade ou parte da obra, de
acordo com o projecto aprovado e as disposições legais ou regulamentares aplicáveis; pode ser
simultaneamente o dono da obra, ou outra pessoa autorizada a exercer a actividade de Entidade
Executante de obras públicas ou de industrial de construção civil, que esteja obrigada mediante
contrato de empreitada com aquele a executar a totalidade ou parte da obra.
Equipa de projecto: conjunto de pessoas reconhecidas como projectistas que intervêm nas definições
de projecto da obra.
Estaleiros temporários ou móveis: os locais onde se efectuam trabalhos de construção de edifícios ou
trabalhos (referidos no n.º 2 do artigo 2.º do Dec. Lei 273/2003), bem como os locais onde, durante a
obra, se desenvolvem actividades de apoio directo aos mesmos.
ANEXOS
144
Fiscal da obra: a pessoa singular ou colectiva que exerce, por conta do dono da obra, a fiscalização
da execução da obra, de acordo com o projecto aprovado, bem como do cumprimento das
disposições legais e regulamentares aplicáveis; se a fiscalização for assegurada por dois ou mais
representantes, o dono da obra designará um deles para chefiar.
Incidente de trabalho: evento brusco produzido no local de trabalho, e que produza directa ou
indirectamente danos nos materiais ou equipamentos, afectando assim a capacidade de produção de
um determinado equipamento ou instalação.
Índice de duração: factor de sinistralidade, que indica quantos dias se perdeu por acidente ocorrido.
ID = Nº dias perdidos / Nº acidentes
Índice de incidência: factor de sinistralidade, que indica o número de lesões com baixa por cada mil
trabalhadores, traduzindo a ideia de extensão do risco, ou seja, do volume da população afectada.
II = Nº acidentes x 103 / Nº de trabalhadores
Índice de frequência: factor de sinistralidade, que representa o número de lesões com baixa por
milhão de horas trabalhadas e, por ser um padrão de medida que melhor exprime a probabilidade do
risco ocorrido, permite monitorizar se a sinistralidade está ou não sob controle.
IF = Nº acidentes x 106 / Nº horas trabalhadas
Índice de gravidade: factor de sinistralidade, que representa o número de dias perdidos por milhão de
horas trabalhadas, proporciona ao impacto que a sinistralidade tem na vida da sociedade ou da
empresa, designadamente na perda da capacidade produtiva, ou seja, de um padrão de medida da
severidade do dano.
IG = Nº dias perdidos x 106 / Nº horas trabalhadas
Nota: em caso de acidente mortal contabilizar 7500 dias de trabalho perdidos.
Inspecção ambiental: processo de verificação sistemático executado para obter e avaliar, de forma
objectiva, evidências que determinam o desempenho de uma actividade ou conjunto de actividades
em matéria de Ambiente.
Não conformidade (NC): acção escrita quando detectada uma situação não conforme o projecto ou
com a qualidade exigida;
Manual de Gestão Ambiental (MGA): documento que tem por base implementar na empreitada os
processos adequados sobre o ambiente, segundo a legislação, a Norma NP EN ISO 14001 (caso a
empresa seja certificada) e os requisitos do Dono de Obra;
Túnel Ferroviário do Rossio – Acompanhamento e Análise das Obras de Reabilitação
145
Participação de acidente: acção escrita a desenvolver no momento imediatamente a seguir à
ocorrência pelo superior hierárquico do(s) acidentado(s).
Plano Global do Empreendimento: é o plano de trabalhos que inclui a fase de elaboração dos
projectos, as fases de concurso e contratação e a fase de execução das Empreitadas que integram o
empreendimento.
Plano de Trabalhos da Proposta: é o plano de trabalhos apresentado pelo Empreiteiro em fase de
Proposta e que faz parte do contrato da Empreitada;
Plano de Trabalhos Definitivo: é o plano de trabalhos apresentado pelo Empreiteiro, após a
consignação da Empreitada e no prazo previsto no Caderno de Encargos ou no Regime Jurídico das
Empreitadas de Obras Públicas (RJEOP) que, após aprovação pelo Dono da Obra, fixa a sequência,
prazo e ritmo de execução de cada uma das espécies de trabalho que constituem a Empreitada e os
meios com que o Empreiteiro se propõe executá-los;
Recepção Provisória: acto através do qual a Obra é formalmente entregue ao Dono de Obra para o
seu usufruto. Marca normalmente o fim dos trabalhos.
Recepção Definitiva: acto através do qual a Obra é entregue em definitivo ao Dono de Obra,
cessando as obrigações do Empreiteiro perante o Dono de Obra, com excepção de situações
devidamente salvaguardadas.
Relatório Mensal: é o relatório periódico elaborado pela Fiscalização, em que é analisado o
desenvolvimento da Empreitada e a sua confrontação com o previsto no Plano de Trabalhos em
vigor.
Representante dos trabalhadores: a pessoa, eleita pelos trabalhadores, que exerce as funções de
representação dos trabalhadores nos domínios da segurança, higiene e saúde no trabalho.
Responsável pela direcção técnica da obra: o técnico designado pela entidade executante para
assegurar a direcção efectiva do estaleiro.
Sistema de Gestão Ambiental (SGA): tem como objectivo definir e implementar os processos de
planeamento, execução e conclusão da obra relativamente a aspectos ambientais.
Sub Entidade Executante: a pessoa singular ou colectiva autorizada a exercer a actividade de
Entidade Executante de obras públicas ou de industrial de construção civil que executa parte da obra
mediante contrato com a entidade executante.
ANEXOS
146
Técnico Ambiental (TA): técnico responsável pela elaboração do Manual de Gestão Ambiental, e pela
implementação do Sistema de Gestão Ambiental;
Técnico Superior de Segurança em obra: a pessoa singular que durante a realização da obra,
monitoriza o Sistema de Gestão de Segurança em vigor, na empreitada.
Trabalhos Contratuais: Trabalhos cuja natureza e respectiva quantidade está prevista no contrato
inicial.
Trabalho a Mais da mesma natureza: São Trabalhos cuja natureza esteja prevista no contrato da
Empreitada mas cuja realização não estava prevista. A execução destes trabalhos obriga à
elaboração de uma alteração ao contrato inicial.
Trabalho a Mais de natureza diferente: São Trabalhos cuja natureza não esteja prevista no contrato
da Empreitada pelo que não existe preço unitário para a sua execução. A execução destes trabalhos
obriga à elaboração de uma alteração ao contrato inicial.
Trabalhos a Menos: Trabalhos previstos no contrato inicial, suprimidos em consequência da
implementação de uma alteração ao contrato.