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18/09/13 Acompanhamento processual e Push — Tribunal Superior Eleitoral www.tse.jus.br/servicos-judiciais/acompanhamento-processual-push 1/25 Acompanhamento processual e Push Pesquisa | Login no Push | Criar usuário Obs.: Este serviço é de caráter meramente informativo, não produzindo, portanto, efeito legal. PROCESSO: Nº 59915 - AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL UF: MA 71ª ZONA ELEITORAL Nº ÚNICO: 59915.2012.610.0071 MUNICÍPIO: AÇAILÂNDIA - MA N.° Origem: PROTOCOLO: 1344752012 - 20/11/2012 18:07 REPRESENTANTE: COLIGAÇÃO "AÇAILÂNDIA É DE TODOS NÓS" REPRESENTADO: SERGIOMAR SANTOS DE ASSIS JUIZ(A): ANDRÉ BOGEÁ PEREIRA SANTOS ASSUNTO: AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL - CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO - PEDIDO DE APLICAÇÃO DE MULTA - PEDIDO DE CASSAÇÃO DE REGISTRO - PEDIDO DE DECLARAÇÃO DE INELEGIBILIDADE LOCALIZAÇÃO: ZE071-71ª ZONA ELEITORAL FASE ATUAL: 18/09/2013 17:28-Ofício expedido Andamento Despachos/Sentenças Processos Apensados Documentos Juntados Todos Visualizar Imprimir Andamentos Seção Data e Hora Andamento ZE071 18/09/2013 17:28 Ofício expedido e recebido em 18.09.2013. ZE071 18/09/2013 15:13 Aguardando publicação no DJE. Data provável: 20.09.2013 ZE071 18/09/2013 14:27 Registrado Sentença de 16/09/2013. Com mérito. Julgado procedente o pedido. ZE071 18/09/2013 14:24 Autos recebidos com sentença. ZE071 15/07/2013 13:59 Autos conclusos em 15.07.2013 ZE071 15/07/2013 13:59 Juntada do documento nº 26.874/2013 em 15.07.2013 ZE071 12/07/2013 17:57 Juntada do documento nº 26.737/2013 ZE071 11/07/2013 13:57 Aguardando vencimento de prazo. ZE071 11/07/2013 13:55 Recebidos do MPE ZE071 11/07/2013 12:47 Vista ao MPE ZE071 11/07/2013 12:47 Audiência marcada realizada ZE071 01/07/2013 14:48 Publicação de intimação realizada no DJE do dia 01.07.2013.

Acompanhamento processual e push — tribunal superior eleitoral 18 09 2013

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Obs.: Este serviço é de caráter meramente informativo, não produzindo, portanto, efeito legal.

PROCESSO: Nº 59915 - AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL

ELEITORAL UF: MA71ª ZONA ELEITORAL

Nº ÚNICO: 59915.2012.610.0071

MUNICÍPIO: AÇAILÂNDIA - MA N.° Origem:

PROTOCOLO: 1344752012 - 20/11/2012 18:07

REPRESENTANTE: COLIGAÇÃO "AÇAILÂNDIA É DE TODOS NÓS"

REPRESENTADO: SERGIOMAR SANTOS DE ASSIS

JUIZ(A): ANDRÉ BOGEÁ PEREIRA SANTOS

ASSUNTO:

AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL -

CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO - PEDIDO DE

APLICAÇÃO DE MULTA - PEDIDO DE CASSAÇÃO DE

REGISTRO - PEDIDO DE DECLARAÇÃO DE

INELEGIBILIDADE

LOCALIZAÇÃO: ZE071-71ª ZONA ELEITORAL

FASE ATUAL: 18/09/2013 17:28-Ofício expedido

Andamento Despachos/Sentenças Processos Apensados Documentos Juntados

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Andamentos

Seção Data e Hora Andamento

ZE071 18/09/2013 17:28 Ofício expedido e recebido em 18.09.2013.

ZE071 18/09/2013 15:13Aguardando publicação no DJE. Data provável:

20.09.2013

ZE071 18/09/2013 14:27Registrado Sentença de 16/09/2013. Com mérito.

Julgado procedente o pedido.

ZE071 18/09/2013 14:24 Autos recebidos com sentença.

ZE071 15/07/2013 13:59 Autos conclusos em 15.07.2013

ZE071 15/07/2013 13:59 Juntada do documento nº 26.874/2013 em 15.07.2013

ZE071 12/07/2013 17:57 Juntada do documento nº 26.737/2013

ZE071 11/07/2013 13:57 Aguardando vencimento de prazo.

ZE071 11/07/2013 13:55 Recebidos do MPE

ZE071 11/07/2013 12:47 Vista ao MPE

ZE071 11/07/2013 12:47 Audiência marcada realizada

ZE071 01/07/2013 14:48Publicação de intimação realizada no DJE do dia

01.07.2013.

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ZE071 27/06/2013 18:15 Publicação de intimação no DJE para a data provável

de 01.07.2013

ZE071 27/06/2013 18:13Registrado Despacho de 27/06/2013. Determinando data

de audiência.

ZE071 27/06/2013 18:11Recebidos com despacho. Designação de audiência para

o dia 11.07.2013 às 08h30min

ZE071 17/01/2013 14:11 Conclusos à (ao) Juiz(a) Eleitoral

ZE071 17/01/2013 14:11 Conclusos à (ao) Juiz(a) Eleitoral

ZE071 08/01/2013 13:27 Recebidos do MM juiz, sem despacho

ZE071 30/11/2012 17:38 Autos conclusos em 30.11.2012

ZE071 30/11/2012 17:37 Juntada do documento nº 139.787/2012 em 30.11.2012

ZE071 23/11/2012 16:03 Aguardando vencimento de prazo.

ZE071 23/11/2012 16:02Juntada de mandado de notificação cumprido em

23.11.2012

ZE071 23/11/2012 16:01 Notificação expedida em 23.11.2012

ZE071 23/11/2012 14:02Registrado Despacho de 23/11/2012. Determinando

notificação.

ZE071 23/11/2012 14:01 Recebido com despacho

ZE071 22/11/2012 14:15 Autos conclusos em 22.11.2012

ZE071 22/11/2012 14:00 Documento registrado

ZE071 22/11/2012 14:00 Autuado zona - AIJE nº 599-15.2012.6.10.0071

ZE071 20/11/2012 18:07 Protocolado

Despacho

Sentença em 16/09/2013 - AIJE Nº 59915 Juiz(a) ANDRÉ BOGEÁ PEREIRA SANTOS

AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL.

Processo nº: 599-15.2012.6.10.0071.

Autora : COLIGAÇÃO AÇAILÂNDIA É DE TODOS NÓS.

Advogado(s) : Eloy Weslem dos Santos Ribeiro e outros.

Réu : SERGIOMAR SANTOS DE ASSIS.

Advogado(s) : Christiano Fernandes de Assis Filho e outros.

SENTENÇA

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Trata-se de ação de investigação judicial eleitoral, de partes as acima mencionadas. Como

argumentos, os seguintes: a) a parte ré incorreu na prática de captação ilícita de sufrágio,

mediante abuso de poder econômico e político, nas eleições de 2012; b) a parte ré distribuiu

dinheiro durante a campanha eleitoral visando a conquista de votos; c) houve a apreensão de

santinhos, camisetas e dinheiro pela polícia nas dependências de uma empresa (Terramata

Ltda) ligada ao grupo político da parte ré; e d) cometido o crime previsto no art. 299 do

Código de Eleitoral, foi lavrado auto de prisão em flagrante. Anexos, documentos.

Notificada (f. 79), a parte ré apresentou contestação (ff. 81/85), na qual deduz: a) ausência

de prova de seu envolvimento na captação ilícita de votos; b) sequer mandou confeccionar

camisas para sua equipe de trabalho, o que é permitido pela legislação; c) não tem qualquer

envolvimento com a empresa TERRAMATA; d) soube do ocorrido pelos meios de

comunicação. Pede, pois, a improcedência dos pedidos dispostos na petição inicial.

Designada audiência de instrução (f. 88).

Realizada audiência de instrução (ff. 98/102), em que foram ouvidas testemunhas. Nada foi

requerido a título de diligências complementares. Foi encerrada a instrução.

Alegações finais do Ministério Público Eleitoral (ff. 103/109) põem-se pelo reconhecimento

da prática ilícita prevista no art. 41-A da Lei n.º 9.504/1997, para que sejam aplicadas as

sanções legais.

Alegações finais da parte ré (ff. 111/114) reiteram os termos da contestação e pedem a

improcedência dos pedidos da petição inicial.

Alegações finais da parte autora (ff. 115/122) tecem considerações sobre ação de

investigação judicial eleitoral e representação por captação ilícita de sufrágio. Também

trazem os seguintes argumentos: a) a parte ré incorreu em esquema criminoso de distribuição

de camisetas, santinhos e dinheiro a eleitores; b) a empresa Terramata, à época, tinha

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ligações contratuais com o Município de Açailândia, e, portanto, com o grupo político da

parte ré; c) há prova nos autos da ocorrência do ilícito; d) para a caracterização do ilícito,

não é necessária prova da potencialidade lesiva ao resultado do pleito; e) devem ser

anulados os votos concedidos à parte ré, para que seja calculado novo cociente eleitoral. Por

fim, pede a cassação do diploma de vereador da parte ré.

Nova manifestação da parte ré (ff. 123/124) noticiando julgamento de recurso contra

expedição de diploma envolvendo as mesmas partes e o mesmo objeto da vertente

demanda, o que pede seja considerado, além de que sejam julgados improcedentes os

pedidos da parte autora.

É o relatório. Passo a decidir.

I. Da Ação de Investigação Judicial Eleitoral / Representação por Captação Ilícita de Sufrágio.

Não cabe, neste momento, ser feita qualquer retificação acerca da nomenclatura da

demanda.

Primeiro, porque, desde o início, a lide teve como um de seus argumentos a prática, pela

parte ré, da conduta prevista no art. 41-A da Lei n.º 9.504/1997, precisamente a captação

ilícita de sufrágio, traduzida na compra de votos. Fato, aliás, não desconhecido da parte ré,

que produziu sua defesa considerando tal circunstância, referindo-se e contrapondo-se à tese

da ocorrência do ilícito, com menção expressa ao art. 41-A da Lei n.º 9.504/1997 (ff. 82 e

84). De qualquer forma, no processo eleitoral, a defesa é construída com olhar na atribuição

de práticas descritas na petição inicial. Não simplesmente considerando as subsunções

produzidas pela parte contrária. A propósito, a doutrina:

"Por fim, as sanções e consequências mencionadas (multa e cassação do registro ou do

diploma) podem ser aplicadas ainda que não requeridas expressamente na petição inicial,

uma vez que o representado se defende dos fatos que lhe são imputados e os limites do

pedido são demarcados segundo os fatos imputados à parte passiva. Tratando-se de processo

eleitoral, o pedido deve ser sempre interpretado como solicitação da aplicação das sanções

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legais, independentemente de maior rigor quanto à especificidade de qualquer uma delas."

(ESMERALDO, Elmana Viana Lucena. Processo eleitoral: sistematização das ações eleitorais. 2ª

ed. Leme/SP: 2012, pp. 128 e 129)

Segundo, ainda que se adote a diferenciação apontada, o procedimento legal previsto para

ambas as demandas é um só, disposto no art. 22 da Lei Complementar nº 64/1990, a teor do

que dispõe o mesmo art. 41-A, caput, parte final, da Lei nº 9.504/1997:

Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio,

vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o

fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego

ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena

de multa de mil a cinqüenta mil Ufir, e cassação do registro ou do diploma, observado o

procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990.

O mesmo estabeleceu o TSE, em sua Resolução n.º 23.370/2011, por seu art. 77, de teor

seguinte:

Art. 77. Ressalvado o disposto no art. 26 e incisos da Lei nº 9.504/97, constitui captação ilegal

de sufrágio o candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor, com o fim de

obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou

função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de

multa de R$ 1.064,10 (mil e sessenta e quatro reais e dez centavos) a R$ 53.205,00 (cinquenta

e três mil duzentos e cinco reais) e cassação do registro ou do diploma, observado o

procedimento previsto nos incisos I a XIII do art. 22 da Lei Complementar nº 64/90 (Lei nº

9.504/97, art. 41-A).

§ 1º Para a caracterização da conduta ilícita, é desnecessário o pedido explícito de votos,

bastando a evidência do dolo, consistente no especial fim de agir (Lei nº 9.504/97, art. 41-A,

§ 1º).

§ 2º As sanções previstas no caput aplicam-se contra quem praticar atos de violência ou grave

ameaça a pessoa, com o fim de obter-lhe o voto (Lei nº 9.504/97, art. 41-A, § 2º).

§ 3º A representação prevista no caput poderá ser ajuizada até a data da diplomação (Lei nº

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9.504/97, art. 41-A, § 3º).

Terceiro, ainda que ambas as demandas - AIJE e Representação - partilhem do mesmo rito, a

primeira é dotada de elementos procedimentais que, ao fim, proporcionam oportunidades de

defesa mais ampliadas. Lição doutrinária:

"Na dúvida quanto ao enquadramento dos fatos como abuso do poder (art. 22 da LC n.º

64/90), condutas vedadas (arts. 73/77 da Lei n.º 9.504/97), captação ilícita de sufrágio (art.

41-A da Lei n.º 9.504/97) ou captação e gastos ilícitos em campanha (art. 30-A da Lei n.º

9.504/97), sugere-se, [...], que seja proposta a AIJE com pedido alternativo ou cumulativo,

requerendo a aplicação do rito do art. 22 da LC n.º 64/90, por ser mais amplo, uma vez que,

neste caso, a competência é sempre do Juiz Eleitoral."

(ESMERALDO, Elmana Viana Lucena. Processo eleitoral: sistematização das ações eleitorais. 2ª

ed. Leme/SP: 2012, pp. 316 e 317)

Quarto, foi determinada a tramitação do feito como ação de investigação judicial eleitoral,

nos precisos termos em que formulada a demanda. Não cabe ao Judiciário escolher, adaptar

ou corrigir postulações das partes, salvo nas situações legais. No caso, não havia lugar para,

de ofício, fazer-se retificação alguma. A parte autora narrou os fatos e pediu o trâmite da

ação de investigação judicial eleitoral, ainda que pedindo o reconhecimento judicial da

conduta de captação ilícita de sufrágio, com a aplicação dos consectários legais.

Logo, nada há a ser retificado no que concerne ao rito da demanda.

II. Da não prejudicialidade do Recurso contra Expedição de Diploma (RCED).

Em manifestação intempestiva (ff. 123/124), a parte ré pede seja considerado o resultado do

julgamento do RCED envolvendo o mesmo fato. Tal recurso teria sido frustrado por ausência

de provas.

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Nada obstante o recurso contra expedição de diploma e a vertente demanda possam envolver

mesmo fato, não guardam entre si relação de prejudicialidade ou de influência. Isso porque

ostentam causas de pedir e consequências jurídicas distintas, o que pode levá-las a decisões

judiciais de resultados distintos, como solidamente pacificado pela jurisprudência (AREsp

26.276/CE, Rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJ de 07.08.2008; REsp 28.015/RJ, Rel. Min. José

Delgado, DJ de 30.04.2008; REsp Eleitoral nº 35.923 ou 43789-31.2009.6.00.0000, TSE/SP, Rel.

Felix Fischer. j. 09.03.2010, unânime, DJe 14.04.2010).

Também não há relação de prejudicialidade entre o RCED e a Representação por Captação

Ilícita de Sufrágio prevista no art. 41-A da Lei n.º 9.504/1997, pelos mesmos motivos acima

delineados. A propósito, o Tribunal Superior Eleitoral:

"RECURSO ESPECIAL. REPRESENTAÇÃO. TRE. REFORMA. SENTENÇA MONOCRÁTICA. CASSAÇÃO

DE DIPLOMAS. MULTA. PREFEITO E VICE-PREFEITO. ART. 41-A DA LEI Nº 9.504/97. RENOVAÇÃO

ELEIÇÕES. ART. 224 DO CE. ALEGAÇÕES. INOBSERVÂNCIA. PRAZO. CINCO DIAS.

AJUIZAMENTO. REPRESENTAÇÃO. CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. INAPLICABILIDADE.

EXCLUSIVIDADE. PRAZO PROCESSUAL. CONDUTAS VEDADAS. ART. 73 DA LEI Nº 9.504/97.

LITISPENDÊNCIA. REPRESENTAÇÃO E RCED. INOCORRÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. AFERIÇÃO.

POTENCIALIDADE. CAPTAÇÃO DE VOTOS. AUSÊNCIA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. CONDUTA

ILÍCITA. DOAÇÃO. DINHEIRO. OBJETIVO. ABSTENÇÃO. EXERCÍCIO. VOTO. COMPORTAMENTO.

SUBSUNÇÃO. ART. 41-A DA LEI Nº 9.504/97. PREVISÃO. CONDUTA. ART. 299 DO CÓDIGO

ELEITORAL. APLICAÇÃO. ANALOGIA. 1 - A representação prevista na Lei nº 9.504/97, a ação

de impugnação de mandato eletivo, a ação de investigação judicial eleitoral e o recurso

contra expedição de diploma são autônomos, possuem requisitos legais próprios e

consequências distintas. [...]"

(Recurso Especial Eleitoral nº 26118, TSE/MG, Rel. José Gerardo Grossi. j. 01.03.2007, DJ

28.03.2007).

Não havendo, pois, prejudicialidade alguma, o feito deve seguir seu regular

desenvolvimento, e ainda sem qualquer relação de dependência com o RCED.

III. Da hipótese legal da ilicitude.

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3.1. Contexto. A Reclamação por Captação Ilícita de Sufrágio (RCIS) é instrumento processual

dedicado a resguardar a liberdade do voto, elemento esse imprescindível para o exercício da

democracia, na qualidade de expressão altiva da soberania popular (art. 14, caput,

Constituição Federal), imanente aos fundamentos que regem o Estado brasileiro (art. 1º, I, II

e IV, CF).

Fruto de intensa e até então rara mobilização popular que aglutinou mais de um milhão de

assinaturas e trouxe a Lei n.º 9.840/1999, que por sua vez alterou a Lei n.º 9.504/1997 (Lei

das Eleições), inserindo-lhe o art. 41-A, as condutas moralmente condenáveis, traduzidas na

comercialização ou mesmo na coerção dirigidas as eleitor, em detrimento da plena liberdade

de votar - e que à época contavam unicamente com sanções previstas nos arts. 222, 243, V, e

299 do Código Eleitoral -, passaram a ser tipificadas como ilícitos capazes de gerar a

cassação do registro de candidatura ou do diploma, além de multa (essa última igualmente

prevista no tipo penal), isso sob contornos normativos mais precisos e eficazes que os

disponíveis até o momento.

Lamentavelmente, o emprego do dispositivo legal mencionado (art. 41-A, Lei das Eleições)

ainda tem sido necessário no País, vez que, com frequência indesejada, episódios

relacionados são relatados à Justiça Eleitoral na forma de demandas judiciais. Como bem

diagnosticou a doutrina, "um dos grandes problemas que historicamente assolou a democracia

brasileira foi a compra de votos, que chega a ser uma prática corriqueira em muitas regiões

do Brasil, realizada pelos detentores do poder econômico e político, que aproveitam a

hipossuficiência das classes menos favorecidas economicamente. Esse poder econômico e

político sempre foi uma condição sine qua non para ganhar uma eleição, deixando de lado os

grandes debates nacionais" (AGRA, Walber de Moura, e CAVALCANTI, Francisco Queiroz.

Comentários à nova lei eleitoral: lei n.º 12.034, de 29 de setembro de 2009. Rio de Janeiro:

Forense, 2010, p. 77).

3.2. Do art. 41-A da Lei das Eleições. Reformulado pela Lei n.º 12.034/2009, o art. 41-A da LE

reza, em sua integralidade:

Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio,

vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o

fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego

ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena

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de multa de mil a cinqüenta mil Ufir, e cassação do registro ou do diploma, observado o

procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990.

§ 1º. Para a caracterização da conduta ilícita, é desnecessário o pedido explícito de votos,

bastando a evidência do dolo, consistente no especial fim de agir.

§ 2º. As sanções previstas no caput aplicam-se contra quem praticar atos de violência ou

grave ameaça a pessoa, com o fim de obter-lhe o voto.

§ 3º. A representação contra as condutas vedadas no caput poderá ser ajuizada até a data da

diplomação.

§ 4º. O prazo de recurso contra decisões proferidas com base neste artigo será de 3 (três)

dias, a contar da data da publicação do julgamento no Diário Oficial.

3.3. Dos Requisitos para configuração do ilícito. A captação ilícita de sufrágio, portanto, se

faz configurada quando o candidato incorre na prática de doar, oferecer, prometer ou

entregar ao eleitor, visando-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza.

Para a doutrina, a configuração do ilícito se dá quando convergem três fatores: "(1) a prática

de uma ação (doar, prometer etc), (2) a existência de uma pessoa física (eleitor) e (3) o

especial fim de obter o voto do eleitor." (RAMAYANA, Marcos. Comentários sobre a reforma

eleitoral. Niterói/RJ: Impetus, 2010, p. 85)

O parâmetro jurisprudencial não discrepa na essência. Tem ditado o TSE:

"[...]5 Eleições 2008. Prefeito. Representação. Captação ilícita de sufrágio. Art. 41-A da Lei

9.504/97. Configuração. Conhecimento prévio. Demonstração. Multa pecuniária.

Proporcionalidade e razoabilidade. Não provimento. [...]

2. A caracterização da captação ilícita de sufrágio pressupõe a ocorrência simultânea dos

seguintes requisitos: a) prática de uma das condutas previstas no art. 41-A da Lei 9.504/97; b)

fim específico de obter o voto do eleitor; c) participação ou anuência do candidato

beneficiário na prática do ato.

(Ac. de 1.12.2011 no AgR-REspe nº 815659, rel. Min. Nancy Andrighi.)

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3.4. Do sujeito ativo do ilícito. A norma aponta o candidato como o potencial sujeito ativo

da prática da captação ilegal de votos. De início, houve questionamentos se apenas o

candidato é quem realmente poderia figurar naquela condição ou se terceiro poderia incorrer

na prática.

A divergência trilhou o campo doutrinário e esvaziou-se com o pronunciamento do TSE sobre

o tema, que consolidou interpretação praeter legem. A exemplo:

"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. ELEIÇÕES 2008. PREFEITO.

REPRESENTAÇÃO. CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. ART. 41-A DA LEI 9.504/97.

CONFIGURAÇÃO. CONHECIMENTO PRÉVIO. DEMONSTRAÇÃO. MULTA PECUNIÁRIA.

PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. NÃO PROVIMENTO. 1. A decretação de nulidade de

ato processual sob a alegação de cerceamento de defesa - inobservância do art. 22, I, a, da

LC 64/90 - pressupõe a efetiva demonstração de prejuízo, nos termos do art. 219 do CE, o

que não ocorreu no caso concreto. Precedentes. 2. A caracterização da captação ilícita de

sufrágio pressupõe a ocorrência simultânea dos seguintes requisitos: a) prática de uma das

condutas previstas no art. 41-A da Lei 9.504/97; b) fim específico de obter o voto do eleitor;

c) participação ou anuência do candidato beneficiário na prática do ato. 3. Na espécie, o

TRE/MG reconheceu a captação ilícita com esteio na inequívoca distribuição de material de

construção em troca de votos - promovida por cabos eleitorais que trabalharam na campanha

- em favor das candidaturas do agravante e de seu respectivo vice. 4. O forte vínculo

político e familiar evidencia de forma plena o liame entre os autores da conduta e os

candidatos beneficiários. Na hipótese dos autos, os responsáveis diretos pela compra de

votos são primos do agravante e atuaram como cabos eleitorais - em conjunto com os demais

representados - na campanha eleitoral. 5. A adoção de entendimento diverso demandaria o

reexame de fatos e provas, providência inviável em sede extraordinária, a teor da Súmula

7/STJ. 6. O valor da multa pecuniária foi fixado com fundamento na complexidade do

esquema de aquisição, armazenamento e distribuição de materiais de construção e na

reiterada prática dessa conduta visando à prática da captação ilícita de sufrágio. 7. Agravo

regimental não provido."

(Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 815659, TSE/MG, Rel. Fátima Nancy

Andrighi. j. 01.12.2011, unânime, DJe 06.02.2012).

"[...]. Captação ilícita de sufrágio. Participação direta. Prescindibilidade. Anuência.

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Comprovação. [...]. 1. No tocante à captação ilícita de sufrágio, a jurisprudência desta c.

Corte Superior não exige a participação direta ou mesmo indireta do candidato, bastando o

consentimento, a anuência, o conhecimento ou mesmo a ciência dos fatos que resultaram na

prática do ilícito eleitoral, elementos esses que devem ser aferidos diante do respectivo

contexto fático [...]. No mesmo sentido: Conforme já pacificado no âmbito desta Corte

Superior, para a caracterização da infração ao art. 41-A da Lei das Eleições, é desnecessário

que o ato tenha sido praticado diretamente pelo candidato, mostrando-se suficiente que,

evidenciado o benefício, haja dele participado de qualquer forma ou com ele consentido

[...]. 2. Na espécie, semanas antes do pleito de 2008, eleitores de baixa renda foram

procurados em suas residências por uma pessoa não identificada que lhes ofereceu, em troca

de votos, vales-compra a serem utilizados em supermercado cujo um dos proprietários era o

recorrente Euri Ernani Jung. De posse dos vales, os eleitores eram autorizados a fazer a troca

das mercadorias diretamente com a gerente do estabelecimento. 3. Não se trata, na espécie,

de mera presunção de que o candidato detinha o conhecimento da captação ilícita de

sufrágio, mas sim de demonstração do seu liame com o esquema de distribuição de vales-

compra e troca por mercadorias no supermercado do qual era um dos proprietários. [...]"

(Ac. de 18.2.2010 no AgR-REspe nº 35.692, rel. Min. Felix Fischer; no mesmo sentido do item

1 da ementa o Ac. de 22.4.2008 no AAG nº 7.515, rel. Min. Caputo Bastos.)

"[...]. Investigação judicial. Art. 41-A da Lei nº 9.504/97. [...]. Ilícito eleitoral.

Desnecessidade. Participação direta. Candidato. Possibilidade. Anuência. Conduta. Terceiro.

[...]. 3. Para a caracterização da infração ao art. 41-A da Lei das Eleições, é desnecessário

que o ato de compra de votos tenha sido praticado diretamente pelo candidato, mostrando-

se suficiente que, evidenciado o benefício, haja participado de qualquer forma ou com ele

consentido. [...]" NE: Distribuição de padrão de luz.

(Ac. nº 21.792, de 15.9.2005, rel. Min. Caputo Bastos.)

Ampliando a perspectiva do quadro fático mais comum, Edson de Resende Castro leciona que

"a sanção de cassação do registro ou do diploma é aplicável ao candidato, mesmo quando não

foi ele o agente direto da ` compra de votos¿. Ocorre com frequência que o fato é praticado

por `cabos eleitorais¿, assim orientados pelo candidato, ou às vezes com o conhecimento ou

anuência dele." (Teoria e prática do direito eleitoral. 5ª ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2010,

p. 288).

E, de fato, outro não poderia ser o entendimento prevalente, sob pena de tornar inócuo o

objetivo da norma ante a simples manobra de delegar o aliciamento do eleitor. Aliás, sob a

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perspectiva acadêmica, objetivando classificar as formas de captação ilícita do voto, Márlon

Reis as diferenciou em direta e indireta, ensejo em que, detectando um só vetor, com

identidade na aspiração (obter ilegalmente o voto), leciona que a captação direta se dá

quando "o candidato, diretamente ou valendo-se do concurso de terceiros, dirige ao eleitor

uma oferta deixando claro, ainda que implicitamente, seu desejo de, em retribuição,

receber o seu voto" (Direito eleitoral brasileiro. Brasília: Alumnus, 2012, p. 352).

Portanto, a prática da ilegalidade por terceiro não é caminho para exclusão da

responsabilidade, desde que, como bem salientado, o candidato ostente algum liame de

permissibilidade, de volição positiva ou até de conhecimento em relação à conduta.

3.5. Da pessoa do eleitor e sua identificação. O eleitor representa o cidadão apto a votar

(capacidade eleitoral ativa). Na perspectiva analisada, independe sua condição econômica,

grau de instrução, estado civil, profissão, orientação pessoal etc. Há, portanto, de ser

determinado ou determinável o eleitor.

Por outro lado, sua identificação é prescindível. A propósito, o TSE:

"Investigação judicial. Representação. Art. 41-A da Lei nº 9.504/97. Multa. Inelegibilidade.

Art. 22 da LC nº 64/90. Não-identificação dos nomes dos eleitores corrompidos.

Desnecessidade. 1. Estando comprovada a prática de captação ilegal de votos, não é

imprescindível que sejam identificados os eleitores que receberam benesses em troca de

voto. [...]."

<(Ac. nº 21.022, de 5.12.2002, rel. Min. Fernando Neves, in

http://www.tse.jus.br/jurisprudencia/jurisprudencia-por-assunto)>

¿Este Tribunal já pacificou entendimento de que, para a caracterização do art. 41-A da Lei

das Eleições, não se faz indispensável a identificação do eleitor [...]" .

(REsp. Eleitoral n.º 25.215, j. 4/8/2005, Rel. Min. Caputo Bastos, DJ vol. 1, 09/09/2005, p.

171)

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3.6. Das condutas ilícitas. Os verbos nucleares da norma apontam para condutas variadas,

nada obstante com um só valor para efeito de reconhecimento da ilicitude, e, segundo

Rodrigo López Zílio são os seguintes:

Doar = transmitir gratuitamente;

Oferecer = apresentar ou propor para que seja aceito;

Prometer = obrigar-se a fazer ou dar alguma coisa;

Entregar = passar às mãos ou à posse de alguém.

(Direito eleitoral. São Paulo: Verbo Jurídico, 2008, p. 444)

A melhor compreensão é a de que ¿todas as formas de expressão social da compra de votos"

estejam cingidas pela norma. Ou seja, "todos os sentidos sociológicos emprestados à ação

dirigida a comprar votos são abrangidos e reprimidos pelas normas provenientes da iniciativa

popular que tratam da captação ilícita de sufrágio." (REIS, Márlon. Direito eleitoral brasileiro.

Brasília: Alumnus, 2012, p. 345).

Cumpre notar, como bem assinala Reis (idem, p. 345), que, para configuração do ilícito, a

norma não exige que a oferta seja aceita, que o voto seja concedido, ou mesmo que o

candidato verbalize o pedido de voto.

Sequer explícito o pedido de votos precisa ser, como prevê o art. 41-A, §1º, da LE, e o art.

77, §1º, da Resolução n.º 23.370/2011-TSE. Novamente o TSE:

"[...] Captação ilícita de sufrágio. Pedido expresso de voto. [...] 4. A jurisprudência desta

Corte, antes mesmo da entrada em vigor da Lei nº 12.034/09, já se havia firmado no sentido

de que, para a caracterização de captação ilícita de sufrágio, é desnecessário o pedido

explícito de votos, bastando a anuência do candidato e a evidência do especial fim de agir.

Descabe, assim, falar em aplicação retroativa do novel diploma legal na hipótese. [...]"

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(Ac. de 5.4.2011 no AI nº 392027, rel. Min. Marcelo Ribeiro)

Bem, para a norma, é a expressão patrimonial. Quer significar tanto o móvel (arts. 82 e 83,

Código Civil) - como dinheiro, joias, automóveis etc - quanto o imóvel (arts. 79, 80 e 81,

Código Civil).

A vantagem pessoal, por sua vez, pode ser compreendida como o favor, o benefício, o lucro,

o proveito de qualquer natureza, exemplificando a própria norma que nessa mesma categoria

estão inseridos o emprego e a função públicos.

3.7. Do potencial de lesividade do ilícito. Pela redação do art. 41-A da LE, fica claro que a

potencialidade lesiva da conduta ilegal não se configura requisito para a subsunção da

hipótese fática ao tipo normativo. Por outro lado, o procedimento próprio das

representações, o qual é partilhado pela presente demanda, sofreu inovações trazida pela LC

n.º 135/2010, impondo ao art. 22, XVI, da LC n.º 64/1990 o seguinte texto:

Art. 22. [omissis].

XVI - para a configuração do ato abusivo, não será considerada a potencialidade de o fato

alterar o resultado da eleição, mas apenas a gravidade das circunstâncias que o caracterizam.

Disso resulta que, basta a comprovação de uma só atitude vedada - a compra de um só voto,

por exemplo - para a caracterização do ilícito. A respeito, Roberto Moreira de Almeida

lembra que "a consumação da infração é de natureza formal. Não é necessário, portanto, que

o resultado (obtenção do voto do eleitor) seja alcançado. Destarte, o simples ato de doar,

oferecer ou entregar bem ou vantagem pessoal, inclusive emprego ou função pública, com a

intenção de obter o voto do eleitor, praticado no período entre o registro da candidatura e o

dia da eleição, inclusive, configurará a captação ilegal de sufrágio." (Curso de direito

eleitoral. 6ª ed. Salvador: JusPODIVM, 2012, p. 532)

Mesmo antes da LC n.º 135/2010, o TSE vinha decidindo:

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"[...] Para a incidência do art. 41-A, não é necessária a aferição da potencialidade do fato

para desequilibrar a disputa eleitoral, nos termos da pacífica jurisprudência desta Corte.

[...]."

(Ac. de 17.4.2008 no ARESPE nº 27.104, rel. Min. Marcelo Ribeiro; no mesmo sentido o Ac. de

4.12.2007 no REspe nº 27.737, rel. Min. José Delgado.)

"[...]. 3. É incabível aferir a potencialidade lesiva em se tratando da prática de captação

ilícita de sufrágio. [...]."

(Ac. de 1º.3.2007 no REspe nº 26.118, rel. Min. Gerardo Grossi.)

3.8. Das Provas. A prova da ocorrência da captação ilícita de sufrágio, definida art. 41-A da

LE, hábil a sustentar condenação, deve ser contundente, forte o bastante para que lhe seja

conferida a qualidade de elemento de convicção no sentido de o julgador poder aferir a real

ocorrência da ilegalidade. Do contrário, recomendável é afastar a ocorrência do ilícito.

Neste sentido, o TSE:

"ELEIÇÕES 2010. REPRESENTAÇÃO ELEITORAL. CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. DEPUTADO

FEDERAL ELEITO E ASSESSOR. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 41-A DA LEI Nº 9.504/97.

CONFIGURAÇÃO. PROMESSA DE EMPREGO. COMPROVAÇÃO. PROVA TESTEMUNHAL UNÍSSONA.

CARACTERIZAÇÃO DO ILÍCITO. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. 1. Para a condenação por captação

ilícita de sufrágio, prevista no artigo 41-A da Lei nº 9.504/97, é indispensável à demonstração

inequívoca da conduta de oferta ou entrega de bem ou vantagem em troca de votos. 2.

Revelando o conjunto das provas existentes nos autos a promessa de emprego pelo candidato

em favor de eleitora, em troca de votos, bem como a promessa, pelos dois representados,

de atendimentos de pedidos de vantagens indevidas, com o fim de obtenção de voto, resta

demonstrada a prática ilícita ensejadora da condenação de multa. 3. Procedência da ação."

(Representação nº 304039, TSE/SE, Rel. José Alcides Vasconcelos Filho. j. 28.11.2012,

unânime, DJe 05.12.2012).

No que concerne às espécies de prova, serão admitidas em Juízo segundo padrão ditado por

lei (art. 332, CPC), sendo todas submetidas à livre apreciação (art. 23, LC n.º 64/1990).

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A demanda contou com prova testemunhal colhida em audiência de instrução, tendo sido

ouvidos em Juízo policiais militares que realizaram as diligências, inclusive as prisões em

flagrante. De tal, inclusive, restou lavrado Auto de Prisões em Flagrante (ff. 37/73), até

porque havia evidências de possível prática do crime previsto no art. 299 do Código

Eleitoral.

Testemunhas, nestes casos, como não poderia deixar de ser, ostentam valor probatório

admissível legalmente, máxime e até porque as ocorrências, via de regra, são movidas pelo

intento de mantê-las invisíveis aos olhos do público em geral e, principalmente, das

autoridades policiais e judiciárias. Essas circunstâncias já são tão conhecidas que a doutrina

chega a descrevê-las:

¿É de se observar que a prova testemunhal, nessa representação, é de extrema relevância,

face a dificuldade de colheita de provas documentais, já que a compra de votos, em regra,

ocorre mediante pacto feito entre o corruptor e o corrompido que silenciam sobre o

acordado e costumam não deixar nada documentado. Assim, os tribunais, muitas vezes,

julgam procedente o pedido, com base em prova exclusivamente testemunhal, se robusta,

convicta e suficiente para provar os fatos alegados."

(ESMERALDO, Elmana Viana Lucena. Processo eleitoral: sistematização das ações eleitorais. 2ª

ed. Leme/SP: 2012, p. 140)

Esse é o mesmo entendimento do TSE:

"REPRESENTAÇÃO. CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. 1. A comprovação da captação ilícita de

sufrágio lastreada exclusivamente em prova testemunhal é perfeitamente admitida, bastando

que ela demonstre, de maneira consistente, a ocorrência do ilícito eleitoral. 2. A

circunstância de cada fato alusivo à compra de voto ter sido confirmada por uma única

testemunha não retira a credibilidade, nem a validade da prova, que deve ser aferida pelo

julgador. 3. O fato de as testemunhas terem prestado depoimento anteriormente no

Ministério Público Eleitoral ou registrado boletins de ocorrência perante delegacia policial,

não as tornam, por si, suspeitas, uma vez que os depoimentos foram confirmados em juízo,

de acordo com os princípios da ampla defesa e do devido processo legal. 4. Para afastar a

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conclusão do Tribunal Regional Eleitoral, de que a prática de captação ilícita de sufrágio

relativa a vários fatos ficou comprovada por meio de testemunhos e que tais depoimentos

não estariam viciados por nenhum interesse e seriam aptos à comprovação do ilícito, seria

necessário o reexame de fatos e provas, o que é vedado nesta instância especial, a teor do

Enunciado nº 279 da Súmula de Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Agravo

regimental a que se nega provimento."

(Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral nº 261-10.2010.6.00.0000, TSE/MT, Rel.

Arnaldo Versiani. j. 20.05.2010, unânime, DJe 23.06.2010).

"Captação ilícita de sufrágio. Prova testemunhal. 1. A captação ilícita de sufrágio pode ser

comprovada por meio de prova testemunhal, desde que demonstrada, de maneira

consistente, a ocorrência do ilícito eleitoral. 2. Assentando o acórdão regional que

testemunha confirmou em juízo as declarações prestadas no Ministério Público no sentido de

que o candidato a prefeito teria diretamente cooptado seu voto, na fila de votação,

mediante pagamento de quantia em dinheiro e oferta de emprego, deve ser reconhecida a

prática do ilícito previsto no art. 41-A da Lei no 9.504/97. [...]"

(Ac. de 21.6.2011 no AgR-REspe nº 29776, rel. Min. Arnaldo Versiani.)

Também constam do acervo probatório dos autos fotografias e as mídias respectivas (CDs).

Tais elementos seguramente também se projetam como provas, aptas a contribuir para o

esclarecimento dos fatos. Aliás, não lhes pesou impugnação alguma.

No que toca ao trato deste tipo de prova, o Código Civil, por ser legislação mais atual e que

incorporou a consideração de novas tecnologias, reconhecendo o uso disseminado das

máquinas digitais, prefere ao Código de Processo Civil, que prevê a reprodução fotográfica

mecânica (art. 383), motivo pelo qual cobra a apresentação de negativo (art. 385, §1º).

Dispõe, pois, o art. 225 do Código Civil:

Art. 225. As reproduções fotográficas, cinematográficas, os registros fonográficos e, em

geral, quaisquer outras reproduções mecânicas ou eletrônicas de fatos ou de coisas fazem

prova plena destes, se a parte, contra quem forem exibidos, não lhes impugnar a exatidão.

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Qualquer outro elemento de prova pode ser admitido, desde que previsto em lei ou

moralmente legítimo, mesmo que não especificado. Assim é que igualmente servem

eventuais objetos apreendidos durante, por exemplo, uma operação policial.

"[...]. Captação ilícita de sufrágio. Prisões em flagrante por compra de votos no dia da

eleição. Apreensão de dinheiro e santinhos. Não é necessária a participação direta do

candidato. [...]. 11. Cooptação de apoio de liderança política. Oferecimento de cargo no

governo e entrega de dinheiro para compra de votos. Caracterização de captação de

sufrágio. 12. Celebração de convênio entre Associação e Secretaria de Estado. Período

Eleitoral. Utilização dos recursos do convênio para compra de votos. [...]"

(Ac. de 3.3.2009 no RCED nº 671, rel. Min. Eros Grau.)

IV. Da hipótese fática dos autos.

Ao exame de todo o acervo de provas anexado aos autos, constato que, de fato, houve a

ocorrência da compra de votos, ato esse inclusive surpreendido pela Autoridade Policial,

que, segundo relatam os autos, estava ainda acompanhada do representante do Ministério

Público Eleitoral. Na ocasião, foram presas três pessoas - Luiz Gonzaga Pereira Sousa (ff.

45/50 e 57), Fernando Morais Costa (ff. 51/57) e Luiz da Conceição Melo (ff. 58/63) - e

apreendidas 20 (vinte) camisetas amarelas, 340 (trezentos e quarenta) panfletos/santinhos e

ainda R$ 31.325,00 (trinta e um mil, trezentos e vinte e cinco reais) em dinheiro.

As circunstâncias, em pormenores, foram descritas pelos policiais ouvidos em Juízo. Disse o

policial Sebastião Pereira Filho (ff. 99/100):

"Que participou da prisão em flagrante na empresa TERRA MATA; Que três homens foram

presos, sendo dois do escritório da empresa Terramata e um que estava no portão, também

funcionário da empresa; Que com o primeiro indivíduo, que estava saindo no portão da

empresa, foi apreendida uma camiseta, vários santinhos e a quantia de R$ 30,00 que estava

entre os santinhos; [...] Que se dirigiram para o escritório da empresa, sendo que o sargento

foi à frente; Que nesse momento, viram quando uma pessoa jogou uma sacola para dentro do

escritório; Que o sargento entrou no escritório e pegou a sacola; Que também verificaram

que havia uma pasta com dinheiro; Que havia uma lista de pagamento e lhes foi informado

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que era dia de pagamento dos funcionários; Que indagou dos funcionários se o pagamento dos

salários não era feito por depósito bancário, ao que lhe foi respondido que por incrível que

pareça naquele dia não; Que ficou um impasse porque os funcionários diziam que era dia de

pagamento e havia inclusive uma lista de pagamento; Que tinham uma orientação de

conduzir à delegacia quem, naquela época de eleições, estivesse com dinheiro e material de

campanha; Que foram chamados reforços pois havia muita gente no local; Que no local

chegaram o major Eurico e o promotor eleitoral; Que quando o sargento saiu do escritório

veio com várias camisetas, santinhos e o dinheiro; Que as camisetas eram amarelas e acha

que não tinham inscrições; Que os santinhos eram do candidato a vereador Sergiomar e do

candidato a prefeito que era do mesmo partido do então prefeito Ildemar; Que esse material

e mais as três pessoas foram conduzidas a delegacia, onde foram entregues; [...] Que o

primeiro indivíduo que pegaram estava com os R$30,00 entre os santinhos; Que inclusive o

dinheiro do salário desse indivíduo estava em um bolso e os R$30,00 e os santinhos estavam

em outro bolso; [...] Que perguntou dos R$30,00 ao indivíduo e ele disse que lhe tinham dado

lá dentro do escritório da empresa; [...] Que o rapaz que foi preso quando saía da empresa,

e com quem foi encontrado os R$30,00 e os santinhos, tinha uma camiseta amarela no ombro,

mas essa camiseta não tinha inscrições; Que esse rapaz não disse quem lhe deu os R$30,00, o

santinho e a camiseta; Que viu o material que foi apreendido, inclusive depois que o major e

o promotor chegaram, pois colocaram esse material em cima de um banco para verificação;

Que em seguida o material foi levado a delegacia, onde foi contado o dinheiro e levantado o

resto do material; Que as camisetas outras que foram apreendidas eram amarelas e não

tinham inscrições; [...] Que quando o sargento saiu do escritório da empresa trouxe um saco

plástico cheio de camisetas; Que se recorda que viu quando o promotor eleitoral retirou do

saco plástico algumas camisetas e caiu um dinheiro;"

Declarou em Juízo o policial Abel Rafael de Sousa Neto (ff. 101/102):

"Que participou das prisões em flagrante; Que no dia das prisões recebeu determinação via

rádio para seguir uma caminhonete e atender uma ocorrência; Que no trajeto, ficou sabendo

que na caminhonete que seguia estava o deputado Chiquinho Escórcio; Que chegando ao

local, antes de entrarem na construtora, abordaram um homem que vinha com uma camiseta

amarela, que o depoente entendeu ser de campanha; Que encontraram com esse homem

R$30,00 enrolados em uns santinhos, isso em um bolso; Que em um outro bolso, havia uma

quantia maior em dinheiro, que esse homem alegava ser de seu salário; Que antes, a

denúncia era de compra de votos; Que convidou aquele homem para entrar na viatura; Que o

homem entrou na viatura e seguiram o trajeto; Que chegando na empresa, um funcionário

dela tentou fechar o portão; Que o motorista do deputado forçou o portão, que foi aberto e

então entraram, inclusive a viatura do depoente; Que na verdade, o carro do deputado não

entrou, só a viatura; Que já dentro da empresa, percebeu uma aglomeração de pessoas; Que

também percebeu que uma pessoa jogou um embrulho para dentro do escritório; Que desceu

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rápido da viatura e entrou no escritório, passando a diligenciar dentro do escritório, onde

encontrou uma grande quantidade em dinheiro perto de um funcionário da empresa, além de

uma outra quantidade em dinheiro em uma bolsa com outro funcionário; Que também havia

uma sacola com santinhos e camisetas; Que também encontrou, debaixo de um armário uma

sacola com camisetas; Que não se recorda se havia dinheiro junto com o material de

campanha; Que no entanto, se recorda que dentro de umas sacolas com camisas foi

encontrado R$30,00 enrolada em uma camiseta, mas isso já foi notado só na delegacia; Que

as camisetas eram padrão da cor amarela e não tinham desenhos ou inscrições; Que os

santinhos eram do candidato a prefeito Élson e do candidato a vereador Sergiomar; Que no

total, três pessoas foram presas, sendo uma delas o primeiro a ser abordado e os outros dois,

funcionários da empresa, os que estavam com o dinheiro no escritório; Que apresentou na

delegacia os três presos, as camisas, os santinhos e o dinheiro; [...] Que o primeiro homem

que foi abordado tinha apenas um santinho que envolvia os R$30,00, isso em um bolso; [...]

Que o primeiro homem que foi abordado disse que os R$30,00, o santinho e a camiseta lhe

tinham sido dados na empresa quando foi receber seu pagamento;"

Ficou claro, após a instrução, que o pagamento dos salários dos funcionários da empresa

TERRAMATA foi usado como pretexto para a compra de votos desses mesmos funcionários.

Naquele dia, portanto, além do pagamento dos salários, houve a compra de votos.

Relata uma das testemunhas ouvidas em Juízo (Sebastião Pereira Filho, ff. 99/100) que

funcionários da empresa TERRAMATA foram indagados sobre o motivo pelo qual o pagamento

dos salários não foi feito pela rede bancária naquela véspera de eleição, ao que responderam

evasivamente, apenas dizendo que "por incrível que pareça" , não houve depósito bancário

dos salários. Tal, ainda que possível, se mostra de extrema, improvável e, portanto, nada

crível coincidência, particularmente em razão dos demais elementos de prova dos autos.

Os objetos dados em troca de voto eram dinheiro - precisamente R$30,00 - e uma camiseta,

essa última um material que qualquer candidato está proibido por lei de fabricar e distribuir a

eleitores (art. 39, §6º, Lei n.º 9.504/1997).

A instrução processual também revelou que parte do dinheiro destinado à compra dos votos

estava envolvido no material de propaganda eleitoral, nos santinhos. Assim é que, junto com

o dinheiro e as camisetas, foi distribuído material de propaganda eleitoral, precisamente

santinhos, dos quais constavam fotografias do representado (na condição de candidato a

vereador) e do candidato a prefeito municipal por sua coligação, além de seus nomes e

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números de votação. Tal caracteriza explícito pedido de voto. Não houve apenas a entrega

ilícita de dinheiro e camisetas. Houve, conjuntamente, a entrega de instrumento de

propaganda eleitoral, cujo fim, indene de dúvida, é justamente obter o voto do eleitor.

Portanto, ocorreu a troca de bens por votos, o que subsume a hipótese fática à hipótese

normativa da captação ilícita de sufrágio.

Inconcebível, aqui, admitir que foram entregues dinheiro, camisetas e propaganda política,

mas não havia pedido/compra de votos. Tanto assim o é que a defesa do representado é

centrada no argumento de que o fato lhe era desconhecido.

A consciência da prática da ilegalidade, aliás, foi externada pelas tentativas tanto de deter o

ingresso da Polícia nas dependências da empresa - fechando o portão -, quanto de esconder o

dinheiro, jogando a sacola que o continha para dentro do escritório, ato último esse

percebido pelos policiais, que, segundo seus próprios relatos em Juízo, adotaram medidas

rápidas e apreenderam aquela sacola. Ficou claro, ainda, que havia basicamente duas partes

de dinheiro separadas, sendo uma aparentemente destinada ao pagamento de salários e a

outra dirigida à compra de votos, tanto que essa última parte estava acondicionada em um

saco/sacola, que ainda continha alguns santinhos/panfletos.

No que concerne ao vínculo do representado com a captação ilícita de sufrágio, tenho-o

como comprovado. Isso porque, muito embora o representado não tenha sido surpreendido

pela Polícia desempenhando pessoalmente o ilícito, o panfleto/santinho da sua propaganda

eleitoral era entregue junto com o dinheiro e as camisetas, revelando uma atuação, ainda

que não pessoal, pelo menos direita em seu benefício, praticada por terceiros ligados ao

grupo político do representado e, portanto, ao próprio representado. A prática do ilícito,

inclusive, se deu nas dependências da empresa TERRAMATA que, como provado nos autos, era

contratada do Município de Açailândia (f. 77), à época, gerido pelo grupo político do

representado.

V. Do dispositivo decisório.

Do exposto, julgo procedente o pedido da presente representação para: A) cassar o diploma

de Vereador do representado SERGIOMAR SANTOS DE ASSIS pelo Município de Açailândia,

referente às últimas eleições de 2012; e B) condenar o representado ao pagamento de multa

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no valor R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Não há previsão legal para condenação em ônus de sucumbência.

Tendo havido cassação do diploma, os votos conferidos ao representado são considerados

anulados (art. 222, Código Eleitoral). Contudo, não será realizado novo pleito, pois o

conjunto dos votos recebidos pelo representado não consistiram em mais da metade do total

de sufrágios da eleição proporcional (art. 224, CE).

Os votos conferidos ao representado, no entanto, serão contabilizados em favor do

partido/coligação a que pertence (art. 175, §4ª, CE) , devendo ser convocado o respectivo

primeiro suplente.

Os efeitos da presente sentença são imediatos, vez que, embora o feito adote o rito previsto

no art. 22, I a XIII, da LC n.º 64/1990 (art. 77, Resolução n.º 23370/2011-TSE), não houve

declaração de inelegibilidade (art. 22, XIV, LC n.º 64/1990), precisamente porque não há

previsão normativa para tanto. Sendo assim, deverá ser cumprida imediatamente, conforme

orientação jurisprudencial do TSE.

Oficie-se, portanto, à Mesa Diretora da Câmara de Vereadores de Açailândia, para,

imediatamente, adotar as providências necessárias no sentido de convocar e dar posse ao

primeiro suplente de vereador no lugar do representado.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Remetam-se os autos ao Ministério Público Eleitoral (art. 22, XIV, LC n.º 64/1990).

Arquivem-se, com o trânsito em julgado.

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Açailândia, 16 de setembro de 2013.

André B. P. Santos

- Juiz da 71ª Zona Eleitoral -

Despacho em 27/06/2013 - AIJE Nº 59915 Juiz(a) ANDRÉ BOGEÁ PEREIRA SANTOS

DESPACHO

Para audiência de oitiva das testemunhas, designo o dia 11/07/2013, às 08h30min, a se

realizar na sala de audiências do Fórum local.

Intimem-se as partes, bem como seus advogados.

Ciência ao Ministério Público Eleitoral.

As testemunhas arroladas pelas partes na petição inicial e na defesa deverão comparecer à

audiência independentemente de intimação (art. 22, V, LC n.º 64/1990).

Açailândia, 27 de junho de 2013.

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André B. P. Santos

- Juiz da 71ª Zona Eleitoral -

Despacho em 23/11/2012 - AIJE Nº 59915 Juiz(a) ANDRÉ BOGEÁ PEREIRA SANTOS

AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL.

Registro n.º 599-15.2012.6.10.0071.

Representante : COLIGAÇÃO AÇAILÂNDIA É DE TODOS NÓS.

Advogado(s) : Idelmar Mendes Sousa e outros.

Representado : SERGIOMAR SANTOS DE ASSIS.

DESPACHO

Não há pedido de liminar.

Notifique-se a parte representada, entregando-lhe cópia da petição inicial e dos anexos

(documentos, CDs, DVDs etc) que eventualmente a acompanhem, a fim de que, no prazo de

05 (cinco) dias, apresente sua defesa, na forma e extensão definidas pelo art. 22 da Lei

Complementar n.º 64/1990.

Após, com ou sem manifestação, concluam-se os autos.

Açailândia, 23 de novembro de 2012.

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André B. P. Santos

- Juiz Eleitoral da 71ª Zona -

Documentos Juntados

Protocolo Tipo

26.737/2013 PET

26.874/2013 PET

139.787/2012 CONT