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A CONSOLIDAÇÃO DO JAPÃO
� Compreender a afirmação do Japão como potência financeira e comercial após a
II Guerra mundial.
� Caracterizar o território japonês do ponto de vista natural.
� Justificar as soluções encontradas pelo Japão para superar os condicionalismos
do pós – guerra.
� Relacionar a progressiva adopção de inovações tecnológicas com a rápida
modernização da economia japonesa.
� Explicar a interdependência da economia japonesa com as outras economias do
Pacífico.
AS CONDIÇÕES NATURAIS
� O Japão é um arquipélago constituído por cerca de 4000 ilhas, alinhadas no sentido Norte – Sul, ao longo de cerca de 2000 km.
� O clima apresenta alguns contrastes, o Norte é mais frio e o Sul é mais húmido e periodicamente afectado por tempestades tropicais violentas.
� O Japão situa-se numa zona vulcânica e sísmica activa. Em cada ano são sentidos mais de 1000 sismos.
� É um país montanhoso ( devido à insularidade) cerca de 85% do território apresenta fortes declives e apenas 15% pode ser considerado solo arável.
� O Japão é um país pobre em recursos naturais e energéticos.
A CONSOLIDAÇÃO DO JAPÃO
CONTEXTO SÓCIO-CULTURAL
� Com 126 milhões de pessoas é o 8º país mais populoso do mundo
� Grande parte da população concentra-se nas grandes cidades, localizadas no litoral o que as coloca nas regiões mais densamente povoadas do mundo.
� A nação japonesa é uma das mais antigas do planeta e viveu fechada ao exterior até ao século XIX. Na era MEIJI (1868-1912) lança-se numa política expansionista para superar a falta de recursos naturais.
� A II guerra mundial pôs fim ao imperialismo nipónico. O Japão sai derrotado perdendo as colónias que havia conquistado
A COESÃO SOCIAL E AS CARACTERÍSTICAS CULTURAIS DA SOCIEDADE JAPONESA SÃO CONSIDERADAS AS RESPONSÁVEIS PELA PROSPERIDADE ECONÓMICA DO PAÍS.
OS ANOS DE CRISE
Após a II guerra mundial ¼ das cidades encontravam-se destruídas, a produção agrícola
tinha diminuído 60%, o consumo 55% e a produção industrial 65%.
Apesar das baixas sofridas durante a guerra a população aumentou devido ao
repatriamento de 6,2 milhões de japoneses e devido ao baby boom provocado pelo
regresso dos soldados a casa
A penúria, a miséria e desemprego aumentaram.
A moeda nacional – iene – deixou de ser cotado no mercado mundial
O Japão vai ter de pagar indemnizações de guerra encontrando-se à mercê dos
vencedores.
COMO SE PODERÁ EXPLICAR A RÁPIDA EXPANSÃO ECONÓMICA DO JAPÃO, PAÍS DESPROVIDO DE MATÉRIAS PRIMAS E DENSAMENTE POVOADO.
De facto a expansão económica que o Japão começou a sentir a partir da década de 50 só foi possível porque…
A AJUDA AMERICANA
� Os EUA vão proteger militarmente o Japão e prestar-lhe auxilio económico
� a Reconstrução do Japão passou por várias tarefas:
� O desarmamento
� A democratização da sociedade japonesa
� A reforma agrária (entregando as terras a quem as produzia com cultivo intensivo de cereais, o uso de adubos e crescente mecanização)
� A eliminação de alguns ZAIBATSU ( grupos económico financeiros pertencentes a famílias tradicionais)
?
A POLÍTICA ANTINATALISTA
A escassez de recursos levaram o Japão a desenvolver uma política antinatalista que assentou essencialmente:
� Na legalização do aborto (1948)
� Na distribuição de contraceptivos.
� Na intensa propaganda a favor do planeamento familiar
Com estas medidas o “baby boom” foi controlado e o crescimento demográfico diminuiu.
EM 4 DÉCADAS O JAPÃO TRANSFORMOU-SE NA SEGUNDA POTÊNCIA ECONÓMICA DO MUNDO
Este forte crescimento ficou a dever-se:
� às alterações estruturais verificadas na economia – empresas inovadoras e competitivas
� à ajuda norte americana
� à capacidade do povo em superar a destruição da guerra e a falta de recursos.
A necessidade de cobrir as importações obrigou a alterar a estrutura das exportações que passaram a ser constituídas por aço, navios e máquinas.
Afirmação do poderio económico, comercial e financeiro do Japão só foi possível pela conjugação de factores que actuaram simultaneamente:
� O papel da Estado
� Uma base industrial sólida e variada, orientada para os sectores de ponta.
�As características dos recursos humanos.
� O estado fomentou uma política de obras públicas que chegou a representar 20% do PNB.
� Desenvolveu uma planificação indicativa, incentivou a inovação, limitou os factores de
risco de certas actividades consideradas importantes apoiando as reestruturações
industriais, controlando o volume das importações e protegendo as empresas da
concorrência.
�O peso da indústria (sectores de ponta) na economia japonesa é essencial contrastando com os EUA e o Reino Unido onde os serviços são o sector mais importante.
� A indústria japonesa atravessou várias fases começando pelo algodão até à II guerra mundial sendo ultrapassada pelas indústrias pesadas orientadas para a utilização do aço –indústria de bens de equipamento como a construção naval.
� A importação de matérias primas assegurou o funcionamento destas indústrias que levaram o Japão ao grupo das nações mais industrializadas.
�Numa segunda fase o Japão aposta na indústria mecânica e electrónica ( automóveis, electrodomésticos, computadores, etc.)
� Nas últimas décadas o Japão apostou em industrias de alta tecnologia, nomeadamente, nas biotecnologias, nos semi – condutores, na informática, nas telecomunicações e na robótica .
� Ao mesmo tempo promoveu um processo de “deslocalização” industrial para os países asiáticos vizinhos sobretudo os sectores mais consumidores de matéria prima e energia.
OS DIFERENTES CICLOS DE DESENVOLVIMENTO
INDUSTRIAL
1º CICLO – Política orientada para a importação ( matéria
prima para a indústria pesada e energias)
2º CICLO – Caracterizada pelas medidas de protecção à
produção e ao mercado interno.
3º CICLO – Dominado pelas políticas económicas orientadas
para a exportação.
4º CICLO – Caracterizado pela estratégia de “ deslocalização”
das empresas japonesas que localizam no estrangeiro várias
fábricas.
� A população japonesa com um vasto mercado de consumidores e uma mão-de-obra abundante, aceitou os sacrifícios que o estado e as empresas lhe exigiram: devoção ao trabalho, férias limitadas, competição escolar severa e demonstrou um grande espírito empreendedor.
� O povo japonês foi capaz de conciliar no trabalho e na vida quotidiana, um certo equilíbrio entre a tradição e a modernidade.
� A cultura japonesa é alicerçada em valores como a lealdade, a honra, o respeito pela hierarquia, a deferência, a disciplina e a capacidade de organização, responsáveis pela forte coesão social e pela ausência de tensões ou conflitos sociais.
� Para os japoneses os interesses comuns da família, das empresas e do Estado, estão acima das necessidades individuais.
A QUALIDADE DOS RECURSOS HUMANOS JAPONESES BASEIA-SE:
NUM SISTEMA ESCOLAR MUITO COMPETITIVO
NUM NÍVEL DE FORMAÇÃO ELEVADO
No seu modelo económico o Japão associa com sucesso as grandes empresas com as pequenas e médias empresas.
COMO SE ORGANIZA O TECIDO EMPRESARIAL ?
� Os grandes grupos económicos ( antigos ZAIBATSU) associam empresas industriais e comerciais independentes umas das outras, mas muito poderosas, que se reagrupam em torno de um banco do grupo e desenvolvem entre si uma densa rede de relações.
� Estes grandes grupos económicos não realizam todas as etapas do processo produtivo, preferem subcontratar pequenas empresas que lhes garantem o fornecimento de matérias-primas ou efectuam outras fases do processo de fabrico.
� As grandes empresas pagam altos salários aos seus operários em regra muito qualificados ( sindicalizados, com uma forte protecção social e um emprego para toda a vida). As PME`s responsáveis por cerca de ¾ da mão-de-obra pagam salários mais baixos não usufruindo de garantias sociais como os anteriores.
� Quanto ao mercado: o mercado interno assegura o escoamento de uma parte considerável da produção devido ás medidas proteccionistas do Estado e também à preferência dos japoneses pelos produtos nacionais. Quanto ao mercado externo a maioria das empresas entrega os seus produtos aos Sogo Sosha que são sociedades responsáveis por colocar os produtos nos mercados, transportando e distribuindo, assim como, realizam a maioria das importações, exportações e trocas comerciais internas.
JAPÃO
PAÍSES DA ÁREA DO PACÍFICO
PAÍSES OCIDENTAIS
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
DESLOCALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA
� Mão de obra mais barata.
�Maior proximidade das fontes de energia
� Deslocação da poluição
� Controle das matérias-primas
� Investimento directo ou em empresas
� Empréstimos aos governos desses países
� Construção de grandes infra-estruturas
� O Japão passa a ser o maior concorrente
� Aquisição de empresas Norte Americanas
� Maior credor e maior comprador de Títulos do Tesouro Americanos
� Renegociação do plano militar devido aos movimentos militares da China
NOS ANOS 90 O JAPÃO SOFRE PERTURBAÇÕES GRAVES NA ECONOMIA E PASSA POR PERÍODOS DE RECESSÃO
A economia japonesa está muito dependente da conjuntura mundial, para pagar a dependência energética e alimentar tem que exportar grandes quantidades o que conduz à recessão quando a procura mundial diminui.
O sucesso do Japão provocou nas economias concorrentes (EUA e UE) reacções contra a política proteccionista nipónica o que faz valorizar o iene e consequentemente diminuir as exportações.
A posição de potência económica entra frequentemente em contradição com o estatuto político e militar na cena internacional.
O Japão mantém a sua política anti belicista baseada na consciência pacífica ( recordam as bombas do final da guerra) não vendendo armas ao exterior nem intervindo em qualquer conflito, a não ser no âmbito da ONU. Esta situação cria dependência em termos de segurança dos EUA.
A crise asiática gerou um clima de instabilidade económica em consequência:
�Da subida das taxas de juro e da instabilidade do iene
� Das tensões inflacionistas
� Da corrupção e dos escândalos financeiros
�Da falência de grandes sociedades
� Da fuga de capitais especulativos
DENSIDADES POPULACIONAIS E PRESSÃO URBANA MUITO FORTES
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DEVIDO À LOCALIZAÇÃO DAS INDÚSTRIAS PERTO DOS CAMPOS
FORTE LIGAÇÃO ENTRE O PODER POLÍTCO E OS GRUPOS ECONÓMICOS LEVA À CORRUPÇÃO
EMBORA O JAPÃO SEJA UM DOS GRANDES CENTROS DE PODER E DECISÃO DAACTUALIDADE AS CONDIÇÕES E A QUALIDADE DE VIDA NÃO SÃO AS MELHORES
A existência de um modelo económico dualista contribuiu para o aumento das desigualdades sociais:
� O fim do “emprego para toda a vida”.
� As diferenças de salário e de estatuto social entre os trabalhadores das grandes e das pequenas empresas.
� O aumento de trabalhadores em trabalho a tempo parcial.
� Desigualdade social entre sexos – mulheres com salários mais baixos.
� Envelhecimento da população – aumento da esperança média de vida e baixa fecundidade.
� Aumento do número de imigrantes oriundos das regiões vizinhas.
Estes fenómenos conduzem a um aumento:
� Da contestação juvenil contra o sistema escolar muito rígido e as desigualdades que provoca, devido ao elevado custo do ensino superior.
� Das reivindicações sindicais para redução dos horários de trabalho.
� Do número de movimentos a favor da defesa do meio ambiente.
� Da contestação ao modelo de consumo por parte da população mais jovem.