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Aconteceu em 1958. Nós morávamos no subúrbio, num bairro operário, onde reinava a miséria: tudo era muito difícil, muito duro, principalmente no findar

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Aconteceu em 1958. Nós morávamos no subúrbio, num bairro operário, onde reinava a miséria: tudo era muito difícil, muito duro, principalmente

no findar das quinzenas semanais. Ora, naquela noite - 12 de julho -, a tristeza invadiu meu lar.

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Eu havia colocado minhas duas filhinhas para dormir: Jeannine, então com 28 meses, já havia adormecido. Suzy, apenas com 17 meses, apesar da hora tardia, ainda não dormira. Estava muito agitada... De repente, o drama; a pequenina começou a ter convulsões. Seu corpo, inteiramente desconjuntado, tornou-se irreconhecível, retesado. Não parecia um ser

humano. O que fazer?...

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Chamamos o médico, que constatou a gravidade do caso e passou a noite conosco, tentando, sem sucesso, todos os

possíveis recursos e expedientes da ciência. Eu queria pedir a intercessão da Santíssima Virgem, mas não ousei. Blasfemara

tanto contra ela ao longo da minha vida!...

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Pois, fizera parte de uma seita que proibia que Maria fosse honrada, que se fizesse o sinal da Cruz e que se entrasse numa Igreja católica.

Contudo, eu havia frequentado uma escola paroquial durante um ano e lá havia aprendido algo da religião. Mas, pouco esclarecido, eu me

interrogava onde estaria a verdade.

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Dirigi-me, então, a Deus: "Tu que fizeste o Céu e a Terra..., desculpa, mas só conheço uma oração para aqueles que estão para morrer. É a 'Ave Maria'. Será que estou errado de rezar para Aquela que os católicos

chamam de 'A Virgem'? Tem piedade, Senhor!..."   

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E eu comecei a recitar, a "Ave Maria", sem parar, no início, interiormente, em seguida, à meia-voz, sob extrema angústia. Minha filhinha colocada

sobre a mesa, rígida, imóvel, "pregada". Então, meu espírito se transportou para o Crucifixo, enquanto eu pensava: "ela está pregada,

como Jesus na Cruz..."

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3:15h - O doutor me disse que estava na hora de preparar a roupa para vestir a filhinha. Eu me encontrava em tal estado de angústia

que não conseguia articular nenhum som, a não ser as "Ave Marias", entrecortadas de trechos do "Pai Nosso" e invocações:

"Salvem a minha filhinha!"

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Mostrei à minha mãe onde se encontrava a roupinha da menina, agarrando-me às "Ave Marias", como única bóia de salvação.

Foi, neste momento, que, em espírito, segui o caminho da Cruz, a Via Sacra (que havia me tocado muito, nas aulas de catecismo). Eu via Jesus

flagelado, golpeado, caindo sobre o caminho pedregoso.

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Meu pensamento estava tão concentrado que parecia estar a ouvir a voz de uma mulher a chorar. E me perguntava: quem pode estar soluçando

desta forma, a não ser uma mãe, diante do filho a morrer? Revivendo em pensamento, naquele instante, a cena do Calvário, compreendi a dor de Maria, crucificada, junto a Seu Filho, mas aceitando aquele sofrimento, o

de doá-Lo à morte, para a salvação do mundo.

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Eu não teria dado a minha filha para salvar uma vida sequer.

Compreendi, assim, que Maria chorava por mim, por minha filhinha, por todos nós, e que ela intercedia com a força de suas lágrimas. Então, esqueci o meu próprio sofrimento para dizer a Jesus: "Senhor, tem

piedade da tua Mãe."

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Éramos quatro em volta da criança moribunda. O doutor contava os imperceptíveis batimentos do pulso que baixavam, mais e mais. De

repente, tivemos a impressão de um sopro, de uma presença vivificante: nada de exterior, mas a certeza de uma intervenção sobrenatural.

Eu gritei para o meu marido: "Se você acredita em alguma coisa, diga apenas 'Ave Maria'", pois tudo parecia terminado.

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Meu marido juntou as mãos, sem nada dizer. Mas, de repente, nossa pequena recobrou os sentidos, recuperando o aspecto humano; seus

membros crispados se relaxaram, voltando ao lugar sem nenhum comando externo. Os olhos revulsivos se abriram, cheios de vida, e o

médico, sem deixar o pulso de nossa filha, gritou: "Milagre! Milagre! Ela renasceu! A vida voltou."

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Lembrava-me... Quando as convulsões haviam surgido, eu fora buscar com a vizinha, uma estatueta da Virgem Milagrosa e a apoiara sobre a nuca da pequena. A crise havia passado. Nossa filha, arrancada dos

braços da morte, estava sendo curada. Após este acontecimento, colocamos uma estátua de Nossa Senhora na sala de estar.

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Abandonei a seita que frequentava e, pouco a pouco, encontrei o caminho da Igreja Católica e a fé verdadeira, na qual educo meus filhos. Sinto os benefícios

do terço, principalmente depois de ter conhecido os mistérios do Santo Rosário.

Eu gostaria de proclamar, divulgar, clamar a todos o poder da Mãe de Deus, e o poder da Ave Maria diante de seu materno e dilacerado coração. Este coração é

tão poderoso e nos socorre, sempre, nos sofrimentos e nas angústias!

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22/08/2009