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Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro Décima Terceira Câmara Cível
Agravo de Instrumento nº 0047121-63.2016.8.19.0000 FLS.1
B
Secretaria da Décima Terceira Câmara Cível R. Dom Manuel, n.º 37, 3º andar – Sala 335 – Lâmina III
Centro – Rio de Janeiro/RJ – CEP 20010-010
Tel.: + 55 21 3133-6013 – E-mail: [email protected]
Agravante: ESTADO DO RIO DE JANEIRO Agravado: PL BRASIL ASSESSORIA EMPRESARIAL LTDA. Relator: Des. Mauro Pereira Martins
ACÓRDÃO
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO
TRIBUTÁRIO. ICMS. ENERGIA ELÉTRICA.
FATO GERADOR. TUTELA DE URGÊNCIA
DE NATUREZA ANTECIPADA.
SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DE ICMS
SOBRE AS TARIFAS DE USO DO SISTEMA
DE TRANSMISSÃO (TUST) OU
DISTRIBUIÇÃO (TUSD). INCLUSÃO NA
BASE DE CÁLCULO. IMPOSSIBILIDADE.
JURISPRUDÊNCIA DO STJ. FIXAÇÃO DE
ALÍQUOTA GENÉRICA DE 18% NOS
TERMOS DO RICMS. DECISÃO EM ALINHO
AO ENTENDIMENTO FIRMADO PELO E.
ÓRGÃO ESPECIAL DESTE TRIBUNAL DE
JUSTIÇA EM ARGUIÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE Nº
2005.017.00027 E Nº 2008.017.00021.
APLICAÇÃO DO TEOR DA SÚMULA N.º 59
DESTA CORTE. RECURSO DESPROVIDO.
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Agravo de Instrumento nº 0047121-63.2016.8.19.0000 FLS.2
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Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de
Instrumento n.º 0047121-63.2016.8.19.0000, em que é Agravante ESTADO
DO RIO DE JANEIRO e Agravado PL BRASIL ASSESSORIA EMPRESARIAL
LTDA.
A C O R D A M os Desembargadores que compõem a DÉCIMA
TERCEIRA Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro,
por unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos
do voto do Desembargador Relator.
Rio de Janeiro, 01 de fevereiro de 2017.
MAURO PEREIRA MARTINS Desembargador Relator
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Agravo de Instrumento nº 0047121-63.2016.8.19.0000 FLS.3
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RELATÓRIO
Trata-se de Agravo de Instrumento interposto pelo ESTADO DO RIO
DE JANEIRO, contra decisão proferida pelo Juízo da 11ª Vara da Fazenda
Pública da Comarca da Capital que, em ação declaratória c/c repetição de
indébito, deferiu o pedido liminar, suspendendo a exigibilidade do ICMS sobre
as tarifas de uso do sistema de transmissão (TUST) ou distribuição (TUSD),
bem como determinou a aplicação da alíquota genérica de 18%, conforme o
texto que se segue, in verbis:
“Objetiva a autora a concessão de tutela provisória de urgência para suspender a exigibilidade do ICMS sobre as tarifas de uso do sistema de transmissão (TUST) ou distribuição (TUSD) nas contas de energia elétrica, eis que o tributo deve incidir sobre a energia elétrica efetivamente consumida. Pretende, ainda, efetuar o depósito do percentual de 7% da alíquota cobrada nas contas de energia elétrica, visando a suspensão da exigibilidade do mesmo, face a ilegalidade do percentual de 25%, devendo ser aplicada a alíquota genérica de 18% prevista na Lei e RICMS. Ora, para a sua concessão, necessário estarem presentes os seguintes requisitos, saber: 1) Quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito; 2) O perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. Compulsando os autos, verifico que, o caso é conhecido na jurisprudência, no sentido de que não incide ICMS no caso em análise, já que o fato gerador do imposto é a saída da mercadoria, ou seja, no momento em que a
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energia elétrica é efetivamente consumida pelo contribuinte. Neste sentido, aplico o julgado in verbis: (...) No mesmo sentido, o STJ editou o verbete nº 391, o qual dispõe seguinte: “O ICMS incide sobre o valor da tarifa de energia elétrica correspondente à demanda de potência efetivamente utilizada.” O risco de dano está consubstanciado no fato de que a autora vem arcando mensalmente com o tributo também sobre a TUST e TUSD, onerando ainda mais o contribuinte. Ademais, pretende efetuar o depósito judicial das parcelas vincendas a título de ICMS sobre energia elétrica, referente aos valores que excederem a alíquota genérica de 18% prevista no RICMS, acrescida do adicional relativo ao Fundo de combate à Pobreza. O depósito integral do valor devido a título de pagamento do tributo, suspende a exigibilidade do crédito tributário, na forma do art. 151, II do Código Tributário Nacional. Não há prejuízo para o Estado do Rio de Janeiro, pois os valores poderão ser levantados, se julgado improcedente o pedido. Pelo exposto, DEFIRO A TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA, no sentido de suspender a exigibilidade do ICMS sobre as tarifas de uso do sistema de transmissão (TUST) ou distribuição (TUSD), nos termos do artigo 151, inciso V, do CTN. Quanto a alíquota aplicada, após a comprovação de cada depósito integral, defiro a suspensão da exigibilidade do respectivo crédito tributário, nos termos do artigo 151, inciso II, do CTN. Oficie-se à concessionária, determinando que sejam emitidas as contas da seguinte forma: discriminando o valor da tarifa pelo fornecimento de energia elétrica, juntamente com o ICMS, aplicando-se à alíquota de 22%, sendo 18% referente à alíquota genérica prevista no RICMS, acrescida do adicional de 4% relativo ao Fundo de Combate à Pobreza, a ser paga normalmente na rede
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bancária; e discriminando, separadamente, apenas o montante devido à título de ICMS equivalente ao percentual de alíquota de 7%, referente ao excesso indevidamente cobrado, que será depositado judicialmente pelo autor no curso da presente lide.”
Sustentou o agravante que, para o direito tributário, o fornecimento
de energia elétrica caracteriza fato gerador do ICMS, sendo a base de cálculo o
valor total da operação, na forma do art. 13, I, da LC 87/96 e art. 155, § 2º, IX,
b, da CF, pois não há entrega de energia elétrica ao consumidor, sem
utilização dos sistemas de transmissão e distribuição.
Consignou que o uso das linhas de transmissão e distribuição é um
custo necessário para a distribuidora, a fim de exercer sua atividade
econômica, razão pela qual integra o preço da energia elétrica.
Alegou a constitucionalidade da Lei Estadual 2.567/96, que fixa
alíquotas de 25% para as operações com eletricidade, pois a adoção do
princípio da essencialidade seria facultativa no caso do ICMS.
Afirmou que, em atendimento à capacidade contributiva, a carga
tributária incide em maior montante sobre o consumo excedente de energia
elétrica e, eventual, interpretação divergente afrontaria o princípio da
separação dos poderes.
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Por fim, aduziu que eventual valor a restituir deve ser atualizado de
acordo com a Lei Estadual 6.127/2011.
Pugnou pela concessão do efeito suspensivo, e, no mérito, pelo
provimento do recurso para cassar o decisum.
O pedido liminar foi indeferido, conforme decisão a fls. 26/35.
Informações prestadas pelo Magistrado de origem a fls. 48,
ratificando as razões de decidir expostas na decisão agravada.
Sem contrarrazões, conforme certificado a fls. 49.
Manifestação da Procuradoria de Justiça a fls. 55/57, pela ausência
de interesse.
É o breve relatório. Passo ao VOTO.
De início, cumpre ressaltar que estão satisfeitos os requisitos de
admissibilidade do recurso, merecendo, portanto, ser conhecido.
Cuida-se de agravo de instrumento interposto contra decisão que
deferiu o pedido liminar, para suspender a exigibilidade do ICMS sobre as
tarifas de uso do sistema de transmissão (TUST) ou distribuição (TUSD), bem
como determinou a emissão de conta contendo, separadamente, o montante
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devido à título de ICMS equivalente ao percentual de alíquota de 7%, referente
ao excesso cobrado (aplicando-se a alíquota genérica de 18%), a ser
depositado judicialmente pelo agravado no curso do processo.
Pretende o agravante a mutação do decisum.
Sem razão o recorrente, tendo em vista que a decisão vergastada
não se enquadra em nenhuma das hipóteses elencadas na Súmula 59 desta
Corte, in verbis:
Súmula n.º 59 - "Somente se reforma a decisão
concessiva ou não da antecipação de tutela, se
teratológica, contrária à Lei ou à evidente prova dos
autos."
Como é cediço, o fato gerador do ICMS, na forma do artigo 155, II,
da Constituição, é a ocorrência de “operações relativas à circulação de
mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se
iniciem no exterior”.
Nessa linha, a jurisprudência do colendo Superior Tribunal de
Justiça tem sido firme no sentido de afastar a incidência do ICMS sobre as
Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) e de Uso do Sistema de
Distribuição (TUSD), haja vista que o fato gerador do ICMS ocorre apenas no
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momento em que a energia elétrica sai do estabelecimento do fornecedor,
sendo efetivamente consumida. Melhor explicitando, incabível a tributação nas
operações de produção e de distribuição de energia, por se tratarem dos meios
necessários à prestação de tal serviço.
Confiram-se os arestos:
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. OMISSÃO
INEXISTENTE. LEGITIMIDADE ATIVA. ICMS
SOBRE "TUSD" E "TUST". NÃO INCIDÊNCIA.
SÚMULA 83/STJ. 1. Não há a alegada violação do
art. 535 do CPC, ante a efetiva abordagem das
questões suscitadas no processo, quais seja,
ilegitimidade passiva e ativa ad causam, bem como
a matéria de mérito atinente à incidência de ICMS. 2.
Entendimento contrário ao interesse da parte e
omissão no julgado são conceitos que não se
confundem. 3. O STJ reconhece ao consumidor,
contribuinte de fato, legitimidade para propor ação
fundada na inexigibilidade de tributo que entenda
indevido. 4. "(...) o STJ possui entendimento no
sentido de que a Taxa de Uso do Sistema de
Transmissão de Energia Elétrica - TUST e a Taxa de
Uso do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica -
TUSD não fazem parte da base de cálculo do ICMS"
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(AgRg nos EDcl no REsp 1.267.162/MG, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 16/08/2012, DJe 24/08/2012.). Agravo
regimental improvido. (AgRg no AREsp 845353/SC –
Min. Humberto Martins - Segunda Turma – DJe
13/04/2016)
PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO DO
ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. ICMS
SOBRE "TUST" E "TUSD". NÃO INCIDÊNCIA.
AUSÊNCIA DE CIRCULAÇÃO JURÍDICA DA
MERCADORIA. PRECEDENTES. 1. Recurso
especial em que se discute a incidência de Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços sobre a
Taxa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD). 2.
Inexiste a alegada violação do art. 535 do CPC, pois
a prestação jurisdicional foi dada na medida da
pretensão deduzida, conforme se depreende da
análise do acórdão recorrido. 3. Esta Corte firmou
orientação, sob o rito dos recursos repetitivos (REsp
1.299.303-SC, DJe 14/8/2012), de que o consumidor
final de energia elétrica tem legitimidade ativa para
propor ação declaratória cumulada com repetição de
indébito que tenha por escopo afastar a incidência
de ICMS sobre a demanda contratada e não
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utilizada de energia elétrica. 4. É pacífico o
entendimento de que "a Súmula 166/STJ reconhece
que 'não constitui fato gerador do ICMS o simples
deslocamento de mercadoria de um para outro
estabelecimento do mesmo contribuinte'. Assim, por
evidente, não fazem parte da base de cálculo do
ICMS a TUST (Taxa de Uso do Sistema de
Transmissão de Energia Elétrica) e a TUSD (Taxa
de Uso do Sistema de Distribuição de Energia
Elétrica)". Nesse sentido: AgRg no REsp
1.359.399/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,
SEGUNDA TURMA, julgado em 11/06/2013, DJe
19/06/2013; AgRg no REsp 1.075.223/MG, Rel.
Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA,
julgado em 04/06/2013, DJe 11/06/2013; AgRg no
REsp 1278024/MG, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em
07/02/2013, DJe 14/02/2013. Agravo regimental
improvido. (AgRg no REsp 1408485/SC. Relator
Ministro HUMBERTO MARTINS. SEGUNDA
TURMA. Data do Julgamento: 12/05/2015. Data da
Publicação/Fonte: DJe 19/05/2015).
Nada obstante, no que tange à controvérsia acerca da alíquota de
ICMS incidente nas operações relativas à energia elétrica e telecomunicações,
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previstas no art. 14, VI, “2” e VIII, “7”, do Decreto nº. 27.427/2000, e,
posteriormente, pela Lei 4.683/2005, que alterou o art. 14, VI, “b”, da Lei
2.657/96, a questão foi apreciada pelo Egrégio Órgão Especial deste Tribunal
de Justiça na arguição de inconstitucionalidade nº 2005.017.00027, na qual foi
declarada a inconstitucionalidade do artigo 14, VI, item 02 do Decreto
27.427/2000, cuja ementa a seguir se transcreve, decisão essa que é de
aplicação obrigatória para todos os órgãos do Tribunal de Justiça, nos termos
do artigo 103 do Regimento Interno.
“Arguição de Inconstitucionalidade. Artigo 2, inciso I
do Decreto nº 32.646 do ano de 2003 do Estado do
Rio de Janeiro, que regulamenta a Lei Estadual nº
4.056/2002 que instituiu o Fundo Estadual de
Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais.
Superveniência da Emenda Constitucional n. 42, de
19/12/2003, que validou, em seu Artigo 4º, os
adicionais criados pelos Estados em função da EC
n. 31/2000, mesmo aqueles em desconformidade
com a própria Constituição. Impossibilidade de se
reconhecer a inconstitucionalidade do Decreto nº
32.646 de 2003. Precedente do STF. Artigo 14, VI,
item 2, e VIII, item 7 do Decreto nº 27.427 do ano de
2000 do Estado do Rio de Janeiro, que fixa a
alíquota do ICMS incidente sobre os serviços de
energia elétrica e telecomunicações. Desatenção
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aos princípios constitucionais da seletividade e
essencialidade, dispostos no Artigo 155, § 2º da
CRFB. Inconstitucionalidade reconhecida. Argüição
parcialmente procedente. (Argüição de
Inconstitucionalidade 2005.017.00027, Órgão
Especial, Rel. DES. ROBERTO WIDER, julg.
27/03/2006)”.
Cumpre, ainda, assinalar que o Egrégio Órgão Especial, na Arguição
de Inconstitucionalidade nº 2008.017.00021, também reconheceu a
inconstitucionalidade do artigo 14, inciso VI, alínea b da Lei Estadual 2657/96
quanto à alíquota do ICMS sobre energia elétrica, ratificando julgado anterior,
conforme se verifica na ementa a seguir transcrita:
ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE, EM
SEDE DE MANDADO DE SEGURANÇA. ART. 14,
VI, "B", DA LEI Nº 2.657/96, DO ESTADO DO RIO
DE JANEIRO, COM A NOVA REDAÇÃO DADA
PELA LEI 4.683/2005, QUE FIXA EM 25% (VINTE E
CINCO POR CENTO) A ALÍQUOTA MÁXIMA DE
ICMS SOBRE OPERAÇÕES COM ENERGIA
ELÉTRICA. ANTERIOR DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDE DO ART. 14, VI, ITEM 2 E
VIII, ITEM 7, DO DECRETO ESTADUAL Nº
27.427/2000, REGULAMENTADOR DAQUELA LEI,
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NA ARGUIÇÃO Nº 27/2005 JULGADA PELO
ÓRGÃO ESPECIAL DESTE EG. TRIBUNAL DE
JUSTIÇA. LEI IMPUGNADA QUE ADOTA
IDÊNTICOS FUNDAMENTOS DO DECRETO,
VIOLANDO OS PRINCÍPIOS DA SELETIVIDADE E
DA ESSENCIALIDADE ASSEGURADOS NO ART.
155, § 2º, DA CARTA MAGNA DE 1988.
PROCEDÊNCIA DA ARGÜIÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 14, VI, "B",
DA LEI 2.657/96, DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO. DECISÃO UNÂNIME. (ARGUIÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE nº 2008.017.00021 -
Relator: DES. JOSE MOTA FILHO - Julgamento:
20/10/2008 - ÓRGÃO ESPECIAL).
Dessa forma, tendo sido reconhecida a inconstitucionalidade dos
dispositivos do Decreto 27.427/2000 e da Lei 2657/96 que previam a alíquota
do ICMS no percentual de 25% para energia elétrica, por não observar os
princípios da seletividade e da essencialidade consagrados no artigo 155, § 2º,
inciso III da Constituição Federal, deve ser afastada a sua exigibilidade, e
aplicada a alíquota genérica de 18%, o que não ofende o princípio da
separação dos poderes, uma vez que se trata apenas de aplicar a lei,
buscando-se a alíquota que deve incidir na hipótese.
Nesse sentido, são os precedentes desta Corte de Justiça:
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APELAÇÃO CÍVEL. OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C
REPETIÇÃO DE INDÉBITO. ICMS.
TELECOMUNICAÇÕES. ALÍQUOTA DE 25%.
ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO
CONSTITUCIONAL DA SELETIVIDADE, DIANTE
DA ESSENCIALIDADE DO SERVIÇO. Legitimidade
passiva do Estado do Rio de Janeiro, eis que é o
sujeito ativo da relação jurídico tributária, ficando
com todo produto da arrecadação do tributo, ao
passo que a autora é a contribuinte de fato, arcando
com toda carga tributária, sendo, portanto, parte
legítima para ajuizar a demanda.
Inconstitucionalidade dos dispositivos da lei e do
decreto estadual, que fundamentam a alíquota do
ICMS incidente sobre o serviço de energia elétrica e
telecomunicações, afirmada pelo Órgão Especial do
TJRJ, com efeito vinculante. Aplicação da alíquota
de 18%, até que o legislador estadual indique nova
alíquota. Precedentes desta Corte e do STF.
RECURSO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO, NA
FORMA DO ART. 557, CAPUT DO CPC.” (0150489
32.2009.8.19.0001 - APELACAO - DES. ANDRE
RIBEIRO - Julgamento: 18/08/2015 - VIGESIMA
PRIMEIRA CAMARA CIVEL)
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“APELAÇÃO CÍVEL. Ação pelo procedimento
comum ordinário, com pedidos de declaração de
inexigibilidade da alíquota de 25% (vinte e cinco por
cento) sobre o fornecimento de energia elétrica e
telecomunicações, bem como de repetição do
indébito. Sentença de parcial procedência fixando a
alíquota em 18% (dezoito por cento) acrescida de
5% (cinco por cento) relativo ao fundo de combate à
pobreza, enquanto este perdurar. Afastada a
preliminar de ilegitimidade ativa, eis que o
condomínio é o contribuinte final do tributo.
Declarada a inconstitucionalidade da cobrança da
alíquota de 25% (vinte e cinco por cento), pelo
Órgão Especial deste Tribunal de Justiça, na
Argüição de Inconstitucionalidade nº
002136890.2001.8.19.0000, correta, portanto, a
sentença. Necessidade de observância da
seletividade em função da essencialidade do produto
ou serviço para incidência do ICMS, e não em razão
do consumidor ou da quantidade consumida.
Descabimento do pedido de compensação do
crédito tributário do autor, pois depende de expressa
autorização legal. Inteligência do artigo 170 do
Código Tributário. Correta observância do prazo
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prescricional quinquenal, nos termos do Decreto
20.910/1932. Sentença escorreita quanto à
aplicação dos juros de mora e correção monetária,
bem como quanto ao reconhecimento da
sucumbência recíproca. Precedentes. RECURSOS
A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.” (0047403 -
11.2010.8.19.0001 - APELACAO / R E E X A M E N
E C E S S A R IO - D E S . P A T R IC I A S E R R A
V I E I R A - Julgamento: 08/07/2015 - DECIMA
CAMARA CIVEL).
“AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. Energia elétrica. ICMS.
Inconstitucionalidade de alíquota. Pleito de tutela
antecipada deferido, em ação declaratória cumulada
com repetição do indébito. Arguição, pelo Estado, de
ilegitimidade ativa do usuário. Entendimento firmado
pela Câmara no sentido de vincular-se à decisão do
Órgão Especial, que declarou a inconstitucionalidade
da alíquota imposta, ostentando o usuário
legitimidade para suscitá-la e postular a restituição
dos valores pagos. Precedentes. Recurso a que se
nega provimento.” (0061260 93.2011.8.19.0000 -
AGRAVO DE INSTRUMENTO - 2ª Ementa - DES.
Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro Décima Terceira Câmara Cível
Agravo de Instrumento nº 0047121-63.2016.8.19.0000 FLS.17
B
Secretaria da Décima Terceira Câmara Cível R. Dom Manuel, n.º 37, 3º andar – Sala 335 – Lâmina III
Centro – Rio de Janeiro/RJ – CEP 20010-010
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JESSE TORRES - Julgamento: 01/02/2012 -
SEGUNDA CAMARA CIVEL).
Nessa ordem de ideias, não se vislumbra qualquer mácula na
decisão agravada, razão pela qual deve ser prestigiada.
Ante o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao
recurso.
Rio de Janeiro, 01 de fevereiro de 2017.
MAURO PEREIRA MARTINS
Desembargador Relator