AcTC_Erro

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/18/2019 AcTC_Erro

    1/6

    RIBUNAL COMPETÊNCIA JUÍZES CONSTITUIÇÃO LEGISLAÇÃO PARTIDOSJURISPRUDÊNCIABIBLIOTECA INTERVENÇÕES COMUNICADOS

    C > Jurisprudência > Acordãos > Acórdão 452/1999

    ÁGINA INICIAL

    EM-VINDOSNSTRUMENTOS DE GESTÃOONTACTOSIGAÇÕES

    NFORMAÇÃO LEGAL

    nferê nc ias

    ACÓRDÃO N.º 452/99Proc. n.º 228/99

    Plenário

    Cons. Vítor Nunes de Almeida

    ACORDAM NO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL:

    1. – A. veio recorrer para este Tribunal da condenação que, em processo de contraordenaçlhe foi aplicada pelo Presidente da Comissão Nacional de Eleições, devendo pagar a coima no montansalário mínimo mensal nacional (61.300$00), acrescida de custas.

    A condenação referida adveio do facto de a recorrente ter sido a primeira proponente dade cidadãos eleitores – "Independentes por Soutelo", concorrente à freguesia de Soutelo, município de Verde, nas eleições autárquicas de 14 de Dezembro de 1997, sem que, decorrido o respectivo prazo lelista tenha efectuado a prestação das contas da respectiva campanha eleitoral, nos termos previstos no20º, n.º1, da Lei n.º72/93, de 30 de Novembro.

    Levantado o respectivo auto de notícia, foi A. A. notificada para os efeitos do artigo 50º-A doDecreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro, para se pronunciar sobre a contraordenação imputada, dizetextualmente o seguinte:

    " [...] a falta de conhecimento na realidade não impede ninguém de ser punido... mas, simplicidade de homens de bem, sem saber se nos podiam conceder verbas para gasta

    fazem os partidos, partimos para a regra - de quem não tem dinheiro não tem vícios - alguns tostões do nosso bolso, entre todos, lutamos com as poucas «armas» que possu

    A conclusão é que sem apoio de ninguém, na realidade não temos despesas a apresentnunca tivemos durante 12 anos, ou seja, foi a 3ª vez que surgiu a mesma lista e a mesmcandidata.

    Pedimos imensas desculpas e compreensão de Vª. Exª. porque não era do nosso conhetermos de prestar tal informação."

    2. - Julgada verificada a contraordenação, no despacho de condenação, o Presidente daComissão Nacional de Eleições disse:

    "[...] 5. -Refere a arguida, na sua resposta que desconhecia a obrigatoriedade de prestcontas.

    Houve a preocupação desta Comissão de fazer chegar ao conhecimento de todos os intervenientes a necessidade de cumprimento deste dever. Nomeadamente, antes de in

    prazo de apresentação de candidaturas, enviou para os Tribunais onde elasse verificariam um

    folheto explicativo da necessidade de serem prestadas contas, ainda que não tivessemmovimentadas verbas de receitas e despesas, com o pedido de esses tribunais entregaruma das candidaturas, cópias desses folhetos.

    De resto, nunca poderá ser censurável o desconhecimento da lei para quem se preparaintervir num acto eleitoral e se limita a assinar documentos que outros lhe apresentamcuidar de se inteirar do seu conteúdo e das responsabilidades em que poderia incorrer

    http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/pgr.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/pgr.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/contas.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/contas.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/contas.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/contas.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/19990452.html#http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/competencia.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/en/home.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/home.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/home.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/home.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/home.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/home.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/ctceu.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/ctri.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/pgr.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/contas.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/ebook/http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/legislacao0306.htmlhttp://w3.tribunalconstitucional.pt/acessoexterno_ws/http://www.tribunalconstitucional.pt/visita.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/content/files/tc_ebook_30anos/#ebook30anoshttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/content/files/tc_ebook_relactiv2015/#ebookrelactividadeshttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/infolegal.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/ligacoes.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/contactos.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/gestaotribunal.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/apresentacao.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/home.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/en/home.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/home.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/19990452.html#http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/19990452.html#http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/19990452.html#http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/19990452.html#http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/19990452.html#http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/19990452.html#http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/19990452.html#http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/19990452.html#http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/competencia.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/19990452.html#

  • 8/18/2019 AcTC_Erro

    2/6

    6 - Nestes termos, julga-se verificada a contra-ordenação ao art. 20º da Lei 72/93, de novembro.

    Não estão apuradas circunstâncias que agravem ou atenuem a sua responsabilidade, ainvocada de não terem sido movimentadas verbas em dinheiro durante a campanha elque nitidamente reduz muitíssimo a ilicitude do facto.

    Por isso, fixando o montante no seu mínimo legal, aplico à Sra. AA. a coima do valor dsalário mínimo nacional.

    [...]."

    3. -É contra esta decisão que AA . se insurge, recorrendo para este Tribunal.No requerimento de recurso, alega-se essencialmente que:

    o o a recorrente é pobre, não tendo bens ou rendimentos próprios, vivendo a expensas dopais;

    o o não sabia que o seu contributo para a democracia lhe podia acarretar prejuízos mater

    o o desconhecia a obrigatoriedade de apresentar contas que eram inexistentes;

    o o actuou com manifesta falta de intencionalidade, não lhe podendo ser assacada qualquresponsabilidade por negligência, mera culpa e muito menos dolo;

    o o não existe, assim, qualquer ilicitude na sua conduta, sendo certo que a sua punição irafastar cidadãos da vida participativa;

    o o a sua conduta, por falta de consciência da ilicitude não é grave e, não havendo negligculpa e muito menos dolo, não tendo decorrido qualquer vantagem patrimonial da infracpara si própria, não deve ser aplicada qualquer coima, a qual, com a forma que reveste vprincípio de justiça e da proporcionalidade;

    o o ou, quando muito, poderia aplicar-se a pena de admoestação, essa sim, já adequada pconduta da recorrente.

    Cumpre apreciar e decidir.

    4. - A Lei n.º 72/93 de 30 de Novembro sobre financiamento dos partidos políticos e dascampanhas eleitorais estabelece efectivamente no seu artigo 20º que"no prazo máximo de 90 dias a partir da data da proclamação oficial dos resultados, cada candidatura presta contas discriminadas da sua campanha eleitoral à Com

    Nacional de Eleições".

    Para a não prestação de contas rege o artigo 25º da Lei, onde se estabelece que "Os candidatos e primeiros proponentes de grupos de cidadãos eleitores que não prestem contas eleitorais nos termos do artigo 20º e d21º são punidos com a coima mínima no valor de um salário mínimo mensal nacional e máxima no valor de 10 salárimensais nacionais".

    A proclamação oficial dos resultados da eleição em causa foi feita através do Diário daRepública, n.º 51, Iª Série-B Suplemento, de 2 de Março de 1998, distribuído em 29 de Abril de 1998.

    Não tendo sido as contas apresentadas dentro do período de 90 dias referido, consumou-comportamento contra-ordenacional.

    5.- Nos termos do regime geral das contra-ordenações, que é aplicável no presente caso, sem culpa quem actua sem consciência da ilicitude do facto, se o erro lhe não for censurável (artigo 9ºse o erro lhe for censurável, a coima pode ser especialmente atenuada (n.º2 do mesmo artigo 9º, do DeLei n.º 432/82, de 27 de Outubro, na redacção do Decreto-Lei n.º 2444/95, de 14 de Setembro).

    Em face desta norma, pergunta-se se a não apresentação de contas por alegadodesconhecimento de um tal dever implica um juízo de reprovação, tendo em conta a pessoa da recorrecontexto sócio-económico em que se insere, designadamente no plano da não exigibilidade do conhec

    desso dever. Certo é que a Comissão Nacional de Eleições fez chegar ao conhecimento de todos osintervenientes a necessidade de cumprir o dever de prestação de contas."Nomeadamente, antes de iniciado o prazo dapresentação de candidaturas, enviou para os tribunais onde elas se verificariam um folheto explicativo da necessidad

    prestadas contas, ainda que não tivessem sido movimentadas verbas de receitas e despesas, com o pedido de esse triba cada uma das candidaturas, cópias desse folheto" , conforme se lê no despacho recorrido que aplicou a coima. Trase de uma matéria fáctica que não é infirmada pela recorrente.

    http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/cjcplp.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/cmjc.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/cibero.html

  • 8/18/2019 AcTC_Erro

    3/6

    Por outro lado, os autos não fornecem elementos que permitam concluir pelo nãoconhecimento, por parte da primeira proponente da lista, da obrigação que sobre ela impendia.

    Entende assim o Tribunal que a recorrente teve oportunidade de conhecer os deveres decorrentes dacandidatura de que foi primeira proponente, tanto mais que se trata de deveres específicos dirigidos apcidadãos que pretendem exercer actividade política. A recorrente, apesar de tal oportunidade, veio a aldo cumprimento daquela obrigação de, no prazo máximo de 90 dias a contar da data da proclamação odos resultados das eleições autárquicas, prestar contas à CNE.

    Isto, sem embargo de a própria"falta de consciência da ilicitude" - que nos termos do regime geral das contra-ordenações justifica a especial atenuação da coima, segundo o nº 2 do artigo 9º do Decreto-Lei nº 433de Outubro, na redacção do Decreto-Lei nº 244/95, de 14 de Setembro - lhe continuar a ser censurável

    em conta as acrescidas responsabilidades cívicas em que incorre alguém que assume, voluntariamenteestatuto de primeiro subscritor de uma lista de cidadãos eleitores.

    6.- Isto posto, na apreciação e graduação da responsabilidade que impendem sobre a arguida, importa conta que no despacho em apreciação a coima foi fixada no seu mínimo legal de um salário mínimo mse ter atendido a que " Não estão apuradas circunstâncias que agravem ou atenuem a sua responsabilidade, além da inde não terem sido movimentadas verbas em dinheiro durante a campanha eleitoral, que nitidamente reduz muitíssimo

    facto" .

    Por outro lado, aceita-se que a recorrente"é pobre, não possui quaisquer bens ou rendimentos, vivendo a expensas d pais" , conforme veio dizer nos autos .

    Acresce ainda que é esta a primeira vez em que receberam aplicação as normas que impõem a obrigaçapresentação de contas nas eleições para os órgãos autárquicos. Tal circunstância alguma influência tecomportamento dos proponentes de candidaturas de cidadãos eleitores, que ainda não teriam apreendi íntegra as consequências das suas omissões, e alguma relevância há-de merecer.

    Aceite o circunstancialismo descrito nos presentes autos, entende o Tribunal que tudo aconselha a queindependentemente do uso da faculdade prevista no nº2 do artigo 18º do Decreto-Lei nº 433/82, de 27Outubro, de que o Tribunal se poderia servir, se lance mão do poder de dispensar a aplicação da pena, termos que se encontram prescritos no nº1 do artigo 74º do Código Penal, até porque, em medida signno caso em apreciação, se verifica a concorrência das situações indicadas nas alíneas desta última disp

    DECISÃO

    Em face do exposto, ponderando o que se prescreve nos artigos 1º, 9º, n.º 2, e 32º, todos do Decreto-L433/82, de 27 de Outubro, na redacção do Decreto-Lei n.º 244/95, de 14 de Setembro, e 74º, n.º 1, do Penal, concedendo-se em parte provimento ao recurso, considera-se a recorrente A. A. autora do ilícito previsto epunido pelas disposições conjugadas dos artigos 20º, n.º 1, 19º, n.º 1, e 25º, n.º 1, todos da Lei n.º 72/9de Novembro, mas, dispensando-se a aplicação de coima.

    Custas pela recorrente, fixando a taxa de justiça em1UC UC (artigo 87º, n.º1, alínea c), do Código das Custas Judiciais).

    Lisboa, 8 de Julho de 1999

    Vítor Nunes de Almeida Alberto Tavares da Costa

    Paulo Mota Pinto

    Bravo Serra

    Luís Nunes de Almeida

    Maria Helena Brito

    Artur Maurício

    Messias Bento

    José de Sousa e Brito

    Guilherme da Fonseca (vencido, conforme declaração de voto da Consª Maria Fernanda Palma

    Maria Fernanda Palma (vencida, nos termos da declaração de voto junta).

  • 8/18/2019 AcTC_Erro

    4/6

    Declaração de voto

    Votei vencida o presente Acórdão pelos fundamentos seguintes:

    A

    Os fundamentos da decisão recorrida e os factos provados

    1. A recorrente nos presentes autos foi a primeira subscritora da lista de cidadãos eleitores IndependeSoutelo, concorrente às eleições autárquicas de 14 de Dezembro de 1997. Tendo sido condenada pela

    de uma contra-ordenação referente à não prestação de contas à Comissão Nacional de Eleições (cf. arnº 1, 20º, nº 1, e 25º, nº 1, da Lei nº 72/93, de 30 de Novembro), alega o desconhecimento da obrigaprestação de contas que sobre si impendia.

    Na decisão recorrida afirma-se ter havido a preocupação de fazer chegar ao conhecimento de todointervenientes o conhecimento do dever legal de prestação de contas, através do envio para os tribuna

    folheto explicativo.

    Todavia, dos autos não resulta com segurança que tenha existido um efectivo conhecimento e comprpor parte da recorrente de todos os deveres inerentes ao acto de subscrição de uma lista de cidadãos eNa verdade, os elementos constantes do processo apenas permitem concluir com segurança que foramcondições gerais e exteriores pela Comissão Nacional de Eleições para que os membros das listas to

    conhecimento dos respectivos deveres legais.

    A subscrição da lista por parte da ora recorrente consubstanciou um primeiro acto de participação peventualmente isolado. A lista não realizou despesas durante a campanha. Por último, o critério leg

    determinação do responsável pela infracção (o primeiro subscritor da lista) não consubstancia, do po vista racional, o único critério possível, nem mesmo um critério absolutamente previsível. Assim, tra

    um regime novo, aplicado a uma lista de cidadãos eleitores (e não, por exemplo, a um partido, comorganização tendencialmente mais eficaz) que não efectuou despesas nem obteve receitas (não havenmedida, contacto com questões pecuniárias), sendo responsável pela infracção o primeiro subscritor

    (diferentemente do que acontece com os partidos).

    A decisão condenatória, porém, não se fundamenta na prova do efectivo conhecimento da obrigação dcontas por parte da arguida. Não considera, consequentemente, os elementos referidos.

    Todavia, todos estes elementos fundamentam a subsistência de uma dúvida plausível desde logo acrepresentação intelectual por parte da arguida das obrigações emergentes da prática do acto de subscuma lista concorrente às eleições autárquicas, nomeadamente da obrigação (que impende sobre o pr

    subscritor) de realizar e de apresentar as contas da campanha à Comissão Nacional de Eleições ou pede um conhecimento preciso dos termos daquela obrigação.

    Finalmente, o não conhecimento efectivo ou pelo menos o não conhecimento preciso do comando lecorrespondeu a uma atitude de indiferença ou necessariamente à falta de comportamento adequado a

    informação necessária, tendo em conta as particulares condições de participação política de arguidainexperiência e o facto de não terem existido receitas e despesas associadas à candidatura.

    Deste modo, ter-se-á que concluir que dos factos provados não resulta um conhecimento preciso da p

    legal no caso concreto nem uma consciência clara da prática de um acto ilícito punível com uma c

    B

    A qualificação jurídica dos factos

    2. Considerando não ter sido provado que a arguida conhecia rigorosamente a necessidade de prestarComissão Nacional de Eleições, no seu caso concreto, estaremos perante um mero desfasamento en

    valoração que faz de uma determinada obrigação que sobre si impende e a valoração efectivamente vordenamento jurídico, configurada no Decreto-Lei nº 433/82 (artigo 9º) e no Código Penal (artigo 17

    um erro sobre a ilicitude?

    No caso concreto, o conhecimento impreciso impede uma verificação das condições de liberdade de mpelo Direito. Trata-se de uma situação que se coloca necessária e logicamente antes da directa falt

    consciência da ilicitude, na medida em que o agente, nesta situação, não tem acesso a todos os elemrazoavelmente indispensáveis à formação da sua consciência jurídica. Consequentemente, não estará ecensura da deficiente formação da consciência jurídica do agente (o que Figueiredo Dias designa com

    valoração- cf.Problema da Consciência da Ilicitude no Direito Penal , 4ª edição, 1995, p. 396 e ss), mas sim umeventual incumprimento de um dever de diligência na apreensão de todos os elementos objectivos nec

  • 8/18/2019 AcTC_Erro

    5/6

    formação dessa consciência.

    Teria, portanto, aplicação nos autos o disposto no artigo 8º, nº 2, do Regime Geral das Contra-Orden(aprovado pelo Decreto-Lei nº 433/82, de 27 de Outubro).

    Ora, o artigo 8º, nº 1, do Decreto-Lei nº 433/82, estabelece que só é punível o facto praticado com donos casos previstos na lei, com negligência. Uma vez que o artigo 25º, nº 1, da Lei nº 72/93, de 3

    Novembro, não prevê a negligência, a contra-ordenação aí prevista é necessariamente dolosa. Desse mtermos do referido artigo 8º, nº 2, haverá que concluir pela exclusão do dolo e da responsabilidade c

    ordenacional.

    3. Mas mesmo que não se entenda que, no casosub judice sub judice , estamos verdadeiramente perante um erro sobre

    uma proibição nos termos do artigo 8º, nº 2, do Regime Geral das Contra-Ordenações, cuja natureza é verdadeiro erro sobre a factualidade típica- sendo antes a situação qualificável como erro sobre a ilicitudeo agente dispor ainda de um conhecimento, embora impreciso, de que aquela actividade esta sujeita

    deveres legais- sempre haveria que rejeitar a censurabilidade de tal erro.

    Com efeito, não resulta da consciência ética geral, naturalmente, que seja necessário prestar contaseleição local em que não houve despesas. A própria actividade de prestação de contas por parte dos a

    participação política corresponde a uma exigência de uma democracia desenvolvida, pretendendo reisenção da actividade política (no seu desiderato de realização do interesse geral) relativamente a outrdo poder social e dos interesses particulares que o sustentam. Deste modo, considerando o facto de eperante eleições locais e a participação de cidadãos sem grande experiência política, não poderemos c

    que esteja associada a um vago ou impreciso conhecimento da lei uma censurável falta de consciên

    ilicitude.Diferentemente de hipóteses em que a consciência da ilicitude que justifica a censura do agente coincuma consciência ética comum ou com o mero reconhecimento de que o facto é proibido pelo Estado

    caso é necessária uma consciência da ilicitude mais precisa, para, de acordo com o princípio da culpaa censura do facto. A punição pelo ilícito contra-ordenacional, neste caso, estaria suportada merame

    violação do dever de conhecer as exigências legais e não directamente pela sua violação plenamente e livre.

    Ora, não só a contra-ordenação aqui em causa não corresponde a uma mera violação de deveres de cude conhecimento como também o agente não revelou verdadeiramente menosprezo ou falta de consi

    pelos deveres legais, revelando apenas inexperiência e imprecisa compreensão do Direito.

    Finalmente, a impregnação deste ilícito contra-ordenacional de uma elevada componente repressiva cnesta fase de implementação de um novo sistema, a uma forte inibição da actividade política por pacidadãos que não têm, à partida, experiência e cultura política desenvolvidas, desmotivando-os ou tor

    meros exemplos para aprendizagem por outros das regras da participação política.

    A fundamentação do ilícito num dever de informação precisa compreende-se quando o agente tenhaqualificações (nomeadamente por se tratar de partido político) e numa fase mais avançada da partic

    política ao nível local dos cidadãos no nosso país.

    Assim, também em face do disposto no artigo 9º do Decreto-Lei nº 433/82, haveria que concluir quedo agente não seria suficiente para fundamentar um juízo de censurabilidade.

    4. Finalmente, não será aceitável afirmar a censurabilidade e vir a dispensar a pena numa situação emanifesto que a razão do não sancionamento não é meramente relevante no plano preventivo. Trata-s

    de uma situação em que os agentes não dispuseram de todas as condições para em plena inteligênliberdade se motivarem pelo Direito. A pena de culpa, neste caso, vem a ser justificada meramente nude prevenção geral o que contraria o princípio da culpa e a máxima que lhe é inerente de que cada pes

    fim e não um meio para o Direito.

    Maria dos Prazeres Pizarro Beleza (vencida, por entender que, não sendo punível a negligência - cfr. Oartº 8º do DL 433/82, de 27.10 -, não foram obtidos elementos probatórios suficientes para conclui

    sentido da existência de dolo, sendo certo que não pode o Tribunal presumi-lo).

    José Manuel Cardoso da Costa

    http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/19990452.html?impressao=1

  • 8/18/2019 AcTC_Erro

    6/6

    Tribunal Constitucionalrgão Constitucionalstatuto dos Juízesrganizaçãorganogramauncionamentoublicidade das decisõesstatísticasistóriaelatórios de actividade

    CompetênciaCompetência e ProcessoCompetênciasProcessos

    JuízesComposiçãoSecçõesAnteriores juízes

    Constituição daRepública PortuguesaConstituiçãoTexto originárioLeis de Revisão Constitucional

    LegislaçãoTribunal ConstitucionalLegislação Complementar

    artidos Políticosista Partidosonstituição e Extinçãooligaçõesontencioso Partidário

    JurisprudênciaAcórdãosDecisões SumáriasBase de DadosColectânea

    BibliotecaInformaçõesCatálogosPublicações PeriódicasRelatóriosComissão Constitucional

    IntervençõesDiscursos

    ComunicadosComunicadosArquivo de NotíciasArquivo de Decisões

    Conferênciasribunais Constitucionaisuropeusrilateral Itália, Espanha eortugalbero-Americana de Justiçaonstitucional

    Mundial de Justiça Constitucionalurisdições Constitucionais dosaíses de Língua Portuguesa

    TC > Jurisprudência > Acordãos > Acórdão 452/1999

    ágina Inicial | Bem-vindos | Bem-vindos [arquivo] | Mapa do Site | Instrumentos de Gestão | Contactos | Ligações | Informação Legal |

    [D]

    http://www.acesso.umic.pt/sawdescrica.htmhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/infolegal.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/ligacoes.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/contactos.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/gestaotribunal.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/mapa.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/apresentacaoarquivo.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/apresentacao.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/home.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/home.htmlhttp://www.w3.org/WAI/WCAG1A-Conformance.html.enhttp://www.acesso.umic.pt/sawdescrica.htmhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/cjcplp.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/cmjc.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/cibero.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/ctri.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/ctceu.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/imprensa06.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/imprensa05.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/imprensa02.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/textos01.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/bibliotecacc.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/biblioteca-relatorios.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/biblioteca03.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/biblioteca02.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/biblioteca01.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/ebook/http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/juris-bd.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/decsumarias/http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/partidos2403.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/partidos2404.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/partidos2402.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/partidos.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/legislacao02.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/legislacao01.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/crp-revisoes.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/crp-originario.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/crp.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/juizes02.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/juizes04.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/juizes01.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/competencia003.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/competencia002.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/competencia001.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/tribunal-relactividades.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/tribunal-historia.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/tribunal-estatisticas.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/tribunal-pubdecisoes.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/tribunal-funcionamento.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/tribunal-organograma.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/tribunal-organizacao.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/tribunal-estatutojuizes.htmlhttp://www.tribunalconstitucional.pt/tc/tribunal-orgaoconst.html