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Actividade Física no Período Pós-parto Ana Sofia Monteiro Queirós Porto, 2007

Actividade Física no Período Pós-parto · Este aumento de prevalência de sobrepeso é paralelo a um aumento da inactividade (Andersen, R., 1999). Já em 1986, Astrand e Rodhal

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Actividade Física no Período

Pós-parto

Ana Sofia Monteiro Queirós

Porto, 2007

Actividade Física no PeríodoPós-parto

Orientador: Prof.ª Doutora Eunice Lebre

Ana Sofia Monteiro Queirós

Porto, 2007

Monografia realizada no âmbito da disciplina deSeminário do 5º ano da licenciatura em Desporto eEducação Física, na área de Recreação e Lazer, daFaculdade de Desporto da Universidade do Porto.

III

Agradecimentos

Acreditando que não teria sido possível a concretização deste trabalho

sem o apoio e conhecimentos de várias pessoas, gostaria de agradecer a

todos os que participaram no seu processo de elaboração e contribuíram para

o resultado final, em especial:

À Professora Doutora Eunice Lebre, pela orientação e disponibilidade.

Aos meus pais, irmãs e Paulo, pela paciência e leituras regulares e que

simplesmente me transmitiram a confiança necessária para a concretização

deste projecto.

À minha modelo, Sílvia, pela compreensão e disponibilidade.

Ao professor Manuel Oliveira, pelo seu conhecimento e disponibilidade.

IV

Índice Geral

Agradecimentos III

Índice de figuras V

Resumo VIII

Abstract IX

Lista de abreviaturas X

I–Introdução ............................................................................................ 1

II–Revisão Bibliográfica .......................................................................... 2

1. Delimitação conceptual .............................................................. 2

1.1. Actividade Física, exercício e saúde ................................. 2

1.2. Importância e benefícios da actividade física para a

mulher ....... ........................................................................... 4

1.3. Importância da actividade física no período pós-parto ...... 7

2. Adaptações da gravidez para o período pós-parto .................... 9

2.1. Fisiológicas ........................................................................ 9

2.2. Psicológicas ....................................................................... 14

3. A actividade física no período pós-parto .................................. 16

3.1. Potenciais riscos e benefícios ........................................... 16

3.2. Conselhos e recomendações a ter na prescrição de

actividade física durante o período pós-parto ....................... 23

III–Proposta de exercícios físicos para o período pós-parto .................. 25

1. Exercícios propostos para a parte inicial……………………...... 26

2. Exercícios propostos para a parte principal …………………….. 29

2.1. Costas, ombros e membros superiores …………………. 29

2.2. Abdómen e cintura pélvica …………………..................... 36

2.3. Glúteos e membros inferiores …………………………...... 45

3. Exercícios propostos para a parte final da aula ……………....... 51

IV–Reflexão conclusiva .......................................................................... 56

V–Referências Bibliográficas .................................................................. 58

V

Índice de Figuras

Figura 1. Marcha simples……………………………………………………. 26

Figura 2. Marcha combinada com MS (1) ………………………………….. 26

Figura 3. Marcha combinada com MS (2) ………………………………….. 26

Figura 4. Elevação de joelhos com bola (1) ………………………………. 27

Figura 5. Elevação de joelhos com bola (2) ………………………………. 27

Figura 6. Agachamento–extensão com bola (1) …………………………. 27

Figura 7. Agachamento–extensão com bola (2) …………………………. 28

Figura 8. Flexão lateral com rotação (1) …………………………………… 28

Figura 9. Flexão lateral com rotação (2) …………………………………… 28

Figura 10. Abdução horizontal com faixa (1) ………………………………. 29

Figura 11. Abdução horizontal com faixa (2) ………………………………. 29

Figura 12. Rotação externa com faixa (1) ………………………………….. 29

Figura 13. Rotação externa com faixa (2) ………………………………….. 30

Figura 14. “Apertar a noz” ……………………………………………………. 30

Figura 15. Meia flexão (1) ……………………………………………………. 31

Figura 16. Meia flexão (2) ……………………………………………………. 31

Figura 17. Extensão de costas com bola (1) ………………………………. 31

Figura 18. Extensão de costas com bola (2) ………………………………. 32

Figura 19. Elevação de braço e perna em 4 apoios (1) ………………….. 32

Figura 20. Elevação de braço e perna em 4 apoios (2) ………………….. 32

Figura 21. Remada com um braço (1) ……………………………………… 33

Figura 22. Remada com um braço (2) ……………………………………… 33

Figura 23. Bicípete com halteres (1) ………………………………………... 34

Figura 24. Bicípete com halteres (2) ………………………………………... 34

Figura 25. Extensão de tricípetes com apoio (1) ………………………….. 35

Figura 26. Extensão de tricípetes com apoio (2) ………………………….. 35

Figura 27. Confirmação de diástase (1) ……………………………………. 36

Figura 28. Confirmação de diástase (2) ……………………………………. 36

Figura 29. Recuperação de diástase (1) …………………………………… 37

Figura 30. Recuperação de diástase (2) …………………………………… 37

VI

Figura 31. Abdominal invertido (1) ………………………………………….. 37

Figura 32. Abdominal invertido (2) ………………………………………….. 38

Figura 33. Rotação lateral com bola (1) ……………………………………. 38

Figura 34. Rotação lateral com bola (2) ……………………………………. 38

Figura 35. Pontapés alternados (1) …………………………………………. 39

Figura 36. Pontapés alternados (2) …………………………………………. 39

Figura 37. Passagem de bola (1) …………………………………………… 40

Figura 38. Passagem de bola (2) …………………………………………… 40

Figura 39. Prancha ventral (1) ………………………………………………. 41

Figura 40. Prancha ventral (2) ………………………………………………. 41

Figura 41. Prancha lateral (1) ……………………………………………….. 41

Figura 42. Prancha lateral (2) ……………………………………………….. 42

Figura 43. Elevação pélvica deitada (1) ……………………………………. 42

Figura 44. Elevação pélvica deitada (2) ……………………………………. 43

Figura 45. Elevação pélvica em 4 apoios (1) ……………………………… 43

Figura 46. Elevação pélvica em 4 apoios (2) ……………………………… 43

Figura 47. Elevação pélvica sentada (1) …………………………………… 44

Figura 48. Elevação pélvica sentada (2) …………………………………… 44

Figura 49. Agachamento com bola (1) ……………………………………... 45

Figura 50. Agachamento com bola (2) ……………………………………... 45

Figura 51. Afundo estacionário (1) ………………………………………….. 45

Figura 52. Afundo estacionário (2) ………………………………………….. 46

Figura 53. Extensão de joelhos sentada (1) ……………………………….. 46

Figura 54. Extensão de joelhos sentada (2) ……………………………….. 47

Figura 55. Plié com bola (1) …………………………………………………. 47

Figura 56. Plié com bola (2) …………………………………………………. 47

Figura 57. Contracção dos glúteos com elevação (1) ……………………. 48

Figura 58. Contracção dos glúteos com elevação (1) ……………………. 48

Figura 59. Abdução da coxa (1) …………………………………………….. 49

Figura 60. Abdução da coxa (2) …………………………………………….. 49

Figura 61. Adução da coxa (1) ………………………………………………. 49

Figura 62. Adução da coxa (2) ………………………………………………. 49

VII

Figura 63. Alongamento suave de membro inferior (MI) …………………. 51

Figura 64. Alongamento de MI intensificado ………………………………. 51

Figura 65. Alongamento da coluna vertebral ………………………………. 51

Figura 66. Alongamento do tronco ………………………………………….. 52

Figura 67. Torção controlada ……………………………………………….. 52

Figura 68. Alongamento oval dos ombros (1) …………………………….. 52

Figura 69. Alongamento oval dos ombros (2) …………………………….. 53

Figura 70. Alongamento oval dos ombros (3) …………………………….. 53

Figura 71. Alongamento oval dos ombros (4) …………………………….. 53

Figura 72. Flexão/ extensão da cabeça (1) ……………………………….. 54

Figura 73. Flexão/ extensão da cabeça (2) ……………………………….. 54

Figura 74. Inclinação da cabeça ……………………………………………. 54

Figura 75. Saudação ao sol ………………………………………………… 55

VIII

Resumo

A actividade física influi positivamente na vida de uma mulher, não só a

nível biológico, como também psicológico e social.

O período pós-parto possui certas nuances e peculiaridades,

relacionadas com as profundas alterações corporais e psicológicas sofridas

pela mulher durante a gestação e o parto, que não desaparecem

automaticamente após o nascimento do bebé e que deverão ser levadas em

conta aquando da prescrição de exercício físico.

Os estudos consultados sugerem que a prática de actividade física neste

período possui efeitos benéficos em termos de prevenção de certas patologias

provenientes dessas alterações corporais, para além da manutenção da forma

e figura físicas, tão importantes para a mulher que deixa de se encontrar

grávida. Paralelamente, observa-se uma melhoria no humor, auto-estima e

imagem corporal.

Após o parto, na inexistência de complicações médicas ou patologias, a

mulher poderá retomar progressivamente a actividade física, caso tenha sido

activa durante a gravidez ou então iniciar um programa de exercício, também

de forma progressiva, sempre consoante a sua recuperação.

Neste âmbito pretende-se, através de uma revisão bibliográfica, analisar

a importância da actividade física e do exercício, bem como os seus potenciais

efeitos benéficos ou nefastos, perante as características da mulher que se

encontra neste período. Neste sentido, pretende-se também estabelecer

algumas recomendações dirigidas à mulher que deseje retomar ou iniciar um

programa de exercícios ou actividade física nesta etapa da sua vida.

Finalmente, dada a falta de informação prática e objectiva sobre quais os

exercícios seguros e efectivos nesta etapa, elaborar-se-á uma proposta de

exercícios adequados a esta etapa da vida da mulher, de acordo com as suas

necessidades e objectivos, com base na pesquisa efectuada.

Palavras Chave: PERÍODO PÓS-PARTO, ACTIVIDADE FÍSICA, EXERCÍCIO,

GRAVIDEZ, MULHER.

IX

Abstract

Physical activity exerts positive influence on a woman’s life, not only

biologically, but also at psychological and social levels.

Postpartum period holds certain peculiarities, related to the profound

physical and psychological changes suffered during gestation and labour, which

do not automatically disappear after childbirth and must be considered for

exercise prescription.

Consulted studies suggest that physical activity carried out during this

period brings advantageous effects in terms of prevention of certain pathologies

caused by those body changes, besides the maintenance of body shape and

figure, so important to the post pregnant woman. At the same time, it helps to

enhance humour, self-esteem and body image.

Once there are no medical complications or pathologies, the woman may

gradually resume physical activity after childbirth, if she were active during

pregnancy, or start a gradual exercise program, always according to her

recovery process.

At this extent, through a literary review, the purpose lies in the analysis of

the importance of physical activity and exercise, as well as its benefits or

harmful effects, taking into account the women’s characteristics at this period.

Moreover, the intention is to establish some recommendations to the women

who want to resume or to begin an exercise or physical activity program at this

stage of their lives.

Finally, due to the lack of practical and objective information about the

safe and effective exercises for this period, it will be developed a proposal with

suitable exercises for this stage of the woman’s life, according to her needs and

purposes, based on the previously made research.

Key Words: POSTPARTUM PERIOD, PHYSICAL ACTIVITY, EXERCISE,

PREGNANCY, WOMAN.

X

Lista de abreviaturas

AAP –American Academy of Pediatrics

ACSM –American College of Sports Medicine

Cit. in –Citado por

DMO –Densidade Mineral Óssea

DPHNE –Division of Public Health Nutrition and Education

et al. –E colegas

Fig. - Figura

IgA –Imunoglobulina A

kcal/min. –Quilocalorias por Minuto

MI –Membros Inferiores

MS –Membros Superiores

VCO2 –Volume de Dióxido de Carbono

VO2 –Volume de Oxigénio

WHO –World Health Organization

Actividade Física no Período Pós-Parto

1

I–Introdução

A incorporação de um regime regular de actividade física no estilo de

vida da mulher parece oferecer benefícios a curto e longo prazos em todas as

idades. No entanto, o tipo, duração e intensidade do exercício terá de variar

nos vários pontos temporais para maximizar os seus efeitos benéficos e

minimizar os potenciais riscos (Clapp e Little, 1995).

No caso particular do período pós-parto, o exercício regular assume uma

importância bastante peculiar, dadas as transformações corporais intensas

sofridas pela mulher durante a gestação e o desejo de voltar à normalidade

rapidamente. De igual modo, podemos estar perante uma janela de

oportunidade para realizar mudanças positivas no estilo de vida da mulher, que

pelo nascimento de um filho por si só já sofreu alterações profundas.

Neste âmbito, ciente de que o período pós-parto e a actividade física

para recém mães é um tema pouco abordado, este trabalho pretende, através

de uma revisão bibliográfica, analisar a importância da actividade física e do

exercício, bem como os seus potenciais efeitos benéficos ou nefastos, perante

as alterações fisiológicas e psicológicas que ocorrem na mulher neste período

de grande transformação e mudança. Neste sentido, pretende-se também

estabelecer algumas recomendações dirigidas à mulher que deseje retomar ou

iniciar um programa de exercícios ou actividade física nesta etapa da sua vida.

Em suma, esta pesquisa bibliográfica pretende inferir sobre a

importância da actividade física no período após a gravidez e o parto, assim

como dos potenciais benefícios que dela advêm, pois na busca de estratégias

para melhorar a saúde da mãe estaremos a influir positivamente na sua

qualidade de vida de forma directa e, de forma indirecta, na qualidade de vida

do bebé e da família.

Actividade Física no Período Pós-Parto

2

II–Revisão Bibliográfica

1. Delimitação conceptual

1.1. Actividade física, exercício e saúde

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (WHO, 1998), o

mundo em constante mudança está a experienciar alterações nos padrões de

saúde. As suas influências incluem uma rápida modernização, uma vida

quotidiana dependente dos avanços tecnológicos e alterações

comportamentais (sedentarismo, dietas desequilibradas ou excessivas,

tabagismo...).

Actualmente, a obesidade é um problema de saúde cada vez mais

prevalente. Este aumento de prevalência de sobrepeso é paralelo a um

aumento da inactividade (Andersen, R., 1999).

Já em 1986, Astrand e Rodhal afirmaram que o corpo humano é

construído para a acção, não para o repouso. Actualmente, reconhece-se que

a actividade física regular é uma componente importante de um estilo de vida

saudável e as evidências apontam para um aumento da longevidade e da

qualidade de vida em termos gerais, associado a um vasto leque de benefícios

físicos e psicológicos.

A par das evidências que o homem contemporâneo utiliza cada vez

menos as suas potencialidades corporais e que o baixo nível de actividade

física é um factor decisivo no desenvolvimento de doenças degenerativas,

sustenta-se a hipótese da necessidade de se promoverem mudanças no seu

estilo de vida, levando-o a integrar a prática de actividades físicas no seu

quotidiano (Assumpção et al., 2002).

Dados da WHO (1998), indicam que a maioria das mortes de indivíduos

adultos entre os 20 e os 64 anos poderia ser prevenida, dado que é causada

por doenças crónicas tais como doenças circulatórias, cancro, doença

pulmonar obstrutiva crónica e diabetes. Estes dados afirmam também que,

para os adultos, o maior risco de vida prende-se com as doenças

Actividade Física no Período Pós-Parto

3

cardiovasculares, que são responsáveis por cerca de 15 milhões de mortes

anualmente, cerca de 30% do total anual. Esta condição é cada vez mais

frequente nos países industrializados e em desenvolvimento, à medida que as

populações envelhecem e adoptam hábitos e comportamentos pouco

saudáveis. Os maiores factores de risco reportam-se a hipertensão arterial,

tabagismo, dieta descuidada, falta de actividade física e diabetes.

Com efeito, segundo Mota (1997), a actividade física e desportiva é

preconizada como sendo um dos meios compensadores dos efeitos nocivos do

modo de vida da sociedade moderna, em que o aumento das exigências de

uma actividade física foi induzido pela degeneração do tipo de vida.

De acordo com Bouchard et al. (1988), existe uma relação complexa

entre os níveis de actividade física habitual, aptidão física e saúde. Especificam

ainda que a actividade física habitual influencia a aptidão física, que por sua

vez está relacionada com a saúde de uma forma recíproca.

Os efeitos benéficos (preventivos e terapêuticos) da actividade física,

quer sobre algumas patologias degenerativas, quer acerca da minimização dos

factores de risco, revestem um dos principais argumentos justificativos da

interacção entre a saúde e a actividade física (Simons-Morton et al., 1987;

Marcus et al., 2006).

Na literatura, encontramos um conjunto diversificado de definições de

actividade física, exercício, aptidão física ou saúde, sobretudo quando se

reporta a particularidades da sua operacionalização. Segundo Mota (1997), é

comum existir alguma confusão terminológica no que se refere aos termos e às

associações produzidas na literatura.

Para Bouchard e Shephard (1994), actividade física compreende

qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos,

resultando em gasto energético. Desta forma, o exercício refere-se à actividade

física praticada no tempo livre e de lazer, sendo que o treino será a repetição

de exercícios, conduzida por períodos de semanas ou meses, com o intuito de

desenvolver a aptidão física.

Actividade Física no Período Pós-Parto

4

A WHO (1947) apresenta uma definição de saúde como sendo não

apenas mera ausência de doença ou enfermidade, mas um estado de total

bem-estar físico, moral e social.

Bouchard e Shephard (1988) definem saúde como uma condição

humana com dimensões física, social e psicológica, cada uma caracterizada

num continuum entre pólos positivo e negativo. Saúde positiva é associada

com a capacidade de saborear e aproveitar a vida e resistir a desafios do

quotidiano, não sendo uma mera ausência de doença. Saúde negativa associa-

se com morbidez (estado de doença) e, em casos extremos, com a

mortalidade.

Morris et al. (1987) evidenciam que a actividade aeróbia vigorosa

regular, envolvendo as grandes massas musculares, está substancialmente

associada com uma menor incidência de doenças coronárias. Afirmam também

que a redução dos níveis de endurance das populações é a principal

consequência fisiológica da eliminação progressiva da actividade vigorosa no

trabalho nas avançadas sociedades industriais e urbanizadas, que

experienciam a moderna epidemia dos ataques cardíacos. Desta forma, a

aptidão física pode constituir-se como uma defesa contra as doenças

coronárias.

A American College of Sports Medicine (ACSM, 1998) defende, desta

forma, o encorajamento de uma vida inteira de actividade física, para a

manutenção de bons níveis das aptidões cardiorespiratória e muscular, bem

como de flexibilidade.

1.2. Importância e benefícios da actividade física para a mulher

Segundo Clapp e Little (1995), a incorporação de um regime regular de

actividade física no estilo de vida da mulher proporciona benefício a curto e

longo prazos, em todas as idades.

De acordo com Haskell e Superko (1984), a maioria dos benefícios da

actividade física regular são comuns para o sexo masculino e feminino:

manutenção de peso e composição corporais óptimos, prevenção a nível de

Actividade Física no Período Pós-Parto

5

doenças coronárias e melhoria nos metabolismos de gordura e hidratos de

carbono. Com efeito, as doenças coronárias, obesidade, sintomatologia

dolorosa na região lombar e outras condições têm sido denominadas de

doenças hipocinéticas (Corbin e Lindsey, 1984). Como as evidências apontam

para que as mulheres tenham um estilo de vida mais sedentário que os

homens, existem implicações especiais na saúde da mulher (Lenskyj, 1991).

Segundo dados da WHO (1998), as doenças coronárias e enfarte são a

causa de cerca de 60% de todas as mortes em mulheres adultas em países

tipicamente desenvolvidos, sendo também a principal causa de morte entre

mulheres com mais de 50 anos nos países em desenvolvimento.

Segundo Maise (2002), o aumento da actividade física e a redução da

obesidade deverão ser as grandes prioridades relativamente à melhoria da

saúde das mulheres.

Num estudo efectuado por Manson et al. (1999), os resultados indicam

que caminhada e exercício vigorosos estão associados com reduções

substanciais e similares na incidência de episódios cardíacos nas mulheres.

Da mesma forma, Stampfer et al. (2000) concluem que entre as

mulheres, a adesão a um estilo de vida que envolve dieta, exercício e

abstinência de tabaco está associada a um baixo risco de doenças coronárias.

Segundo Corbin e Lindsey (1984), para além da prevenção das doenças

hipocinéticas, os benefícios da prática de exercício regular incluem uma

melhoria na aparência, catarse, um aumento na capacidade de aproveitar a

vida, a oportunidade de experiência social positiva, o entusiasmo criado pela

prática e satisfação estética, bem como o desafio pessoal, que poderá levar a

sentimentos de auto-realização.

Os benefícios a longo prazo da prática de exercício regular para a

mulher incluem a redução do risco de doença coronária, redução do risco de

enfarte, redução do risco de cancro da mama e dos órgãos reprodutores,

redução do risco de osteoporose e diabetes mellitus (Du Bois, 2001).

Mutrie (1987) indica como efeitos agudos do exercício uma melhoria no

humor, redução dos níveis de ansiedade e auto-imagem melhorada. Os

processos bioquímicos responsáveis por estes efeitos reportam-se ao aumento

Actividade Física no Período Pós-Parto

6

de endorfinas (β-endorfina e β-lipoproteína) ao nível plasmático, que são

químicos endógenos semelhantes à morfina, estando relacionados com a

elevação do humor (Carr et al., 1981; Colt et al., 1981; Farrel et al., 1982). Da

mesma forma, Mutrie (1987) indica como efeitos crónicos de um programa de

exercício uma maior sensação de bem-estar, bem como redução nos níveis de

depressão e aumento da auto-estima. Refere que, fisiologicamente, o

envolvimento crónico no exercício está associado com um aumento da

capacidade de trabalho, traduzido em maiores níveis de energia disponíveis

para as tarefas quotidianas, diminuindo a sensação de fadiga.

Entre as alterações psicológicas observadas em mulheres como

resultado de prática de actividades físicas, encontra-se uma melhoria em

algumas características do seu auto-conceito (Lenskyj, 1991). Outros estudos

mostram que as alterações fisiológicas relacionaram-se com as alterações

psicológicas: alterações na composição corporal (redução de peso), força e

capacidade aeróbia correlacionada com uma auto-estima mais elevada,

especialmente em relação à auto-imagem (Brown et al., 1982).

A condição denominada por “depressão” pelos médicos da

especialidade, corresponde ao distúrbio psicológico mais incidente nas

mulheres. Da mesma forma, a depressão é mais prevalente entre mulheres

casadas, que tipicamente assumem a responsabilidade pelo cuidado físico e

emocional de todos os membros da família (Lenskyj, 1991).

Segundo Artal e Sherman (1998), a actividade física é uma ferramenta

útil na prevenção e alívio dos sintomas de depressão, que é duas vezes mais

comum na mulher que no homem (Blazer et al., 1994) . Indivíduos deprimidos

possuem uma maior probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares e

de morrer de todas as causas do que outros indivíduos que não sofrem dessa

condição (Barefoot e Schroll, 1996).

Mutrie (1987) reporta ainda que estudos em que foi utilizado o exercício

aeróbio como tratamento para depressão moderada mostraram efeitos

positivos em várias populações de sujeitos.

Psicologicamente, o exercício pode elevar o senso próprio de mestria,

que é importante para ambos os indivíduos saudáveis e clinicamente

Actividade Física no Período Pós-Parto

7

deprimidos que sentem uma perda de controlo nas suas vidas. Adicionalmente,

uma melhoria na saúde, figura física, flexibilidade e peso poderá também

melhorar o humor. Muitos praticantes referem que a sua capacidade de comer

mais livremente sem preocupações em ganhar peso também aumenta os

sentimentos de prazer, satisfação e um sentido de autocontrole. Outro

benefício prende-se com o facto de que a actividade muscular poderá ajudar a

descarregar sentimentos de frustração, raiva e hostilidade (Artal e Sherman,

1998).

No que concerne, em termos neuroquímicos, à regulação do humor, o

exercício poderá exercer os seus benefícios através da sua influência no

metabolismo e disponibilidade de neurotransmissores centrais (Syvalahti, 1994;

Lechin et al., 1995) . Da mesma forma, o exercício parece exercer efeitos no

aumento da serotonina cerebral (Chaouloff, 1997).

Muitos estudos apontam para o facto de que a participação em desporto

ou a prática de exercício/actividade física regular exerce um efeito positivo na

saúde mental, incluindo uma redução dos sintomas de ansiedade e depressão

e um aumento do bem-estar geral (Larson-Meyer, 2001).

1.3. Importância da actividade física no período pós-parto

Durante fases de grandes transições de vida, parecem existir janelas de

oportunidade durante as quais uma pessoa poderá estar mais aberta a realizar

alterações positivas no seu estilo de vida. O período pós parto poderá ser uma

janela de oportunidade para alcançar mulheres interessadas em modificar o

seu estilo de vida, partindo do princípio que as mulheres no período pós-parto

podem usufruir dos benefícios do exercício regular, tirando partido da mudança

significativa que ocorre nas suas vidas e iniciar um programa de exercício

(Devine et al., 2000).

O sucesso de um programa de intervenção conduzido por Leermarkers

et al. (1998) no sentido da redução do excesso de peso após a gravidez,

sugere que o primeiro ano pós-parto poderá ser uma boa altura para intervir.

Actividade Física no Período Pós-Parto

8

Segundo Ringdahl (2002), no período pós-parto ocorrem muitas

alterações no estilo de vida da mulher. As responsabilidades pelo recém-

nascido alteram os hábitos alimentares e de descanso, horários de trabalho e a

distribuição do tempo. As exigências da maternidade poderão fazer parecer

impossível a prática regular de actividade física. Pelas seis semanas pós-parto,

muitas mulheres já estabeleceram uma rotina que exclui o exercício regular, no

entanto, o desejo de regressar à forma e tamanho anteriores à gravidez, uma

maior necessidade de energia e de redução de stress poderão ser motivações

efectivas para iniciar ou retomar o exercício.

Outra temática inerente prende-se com a influência da actividade física

dos pais na actividade física futura da sua prole. No estudo conduzido por

Fogelholm et al. (1999), os resultados indicaram que a relação pais-filhos de

inactividade é mais forte do que a de actividade vigorosa. Como tal, os pais que

quiserem influenciar positivamente os seus filhos terão de prestar atenção ao

seus próprios comportamentos. Mais importante ainda, os autores referem que

os níveis de actividade física vigorosa da mãe apresentam uma evidente

associação com a actividade dos filhos, constituindo mais um motivo para a

sua prática regular, como característica inerente ao seu estilo de vida.

Tal como com qualquer outro grupo que contemple iniciar um programa

de exercício, existem barreiras à sua iniciação e manutenção do programa.

Algumas barreiras para o exercício nas mulheres em período pós-parto

prendem-se com as necessidades de tempo, energia e cuidado seguro do

bebé. Existe também uma falta de informação acerca de quais os exercícios

seguros e efectivos durante este período (Clapp e Little, 1995; Devine et al.,

2000).

Outros obstáculos ao exercício no período pós-parto incluem alterações

físicas, falta de informação acerca da retenção de peso, medo da interferência

com a amamentação ou incontinência urinária de esforço. Deverão ser

enfatizados os benefícios do exercício de forma a aumentar a adesão das

mulheres ao exercício e ultrapassar as “desculpas” à sua não realização

(Ringdahl, 2002).

Actividade Física no Período Pós-Parto

9

Smith et al. (2005), afirmam que as barreiras ao exercício mais referidas

pelas mulheres que participaram no seu estudo foram o não ter soluções ou

alternativas para cuidar do bebé e a falta de tempo. Outros aspectos referidos

reportaram-se à falta de gosto pela actividade física, cansaço e o

desconhecimento do tipo de actividade benéfico para realizar nesse período.

Existem características específicas dos programas de exercício que

promovem a adesão aos mesmos. Deverão ser exercícios que incluam uma

baixa probabilidade de lesão (exercícios de baixo impacto, intensidades baixas

a moderadas e de relativamente curta duração), que coloquem a ênfase na

variedade e diversão (utilização de jogos), que estabeleçam objectivos e

compromissos pessoais, que avaliem e monitorizem as alterações na aptidão,

que utilizem música no exercício e que forneçam feedbacks positivos à pessoa

que se exercita (Franklin, 1988). Promover a combinação das características

que promovem a adesão ao exercício para as mulheres no período pós-parto e

incorporar as características gerais de promoção de exercício, pode contribuir

para a criação de um programa de exercício com utilidade e elaborado à

medida das necessidades específicas das mulheres que se encontram neste

período ( Du Bois, 2001).

2. Adaptações da gravidez para o período pós-parto

2.1 Fisiológicas

Durante a gravidez, ocorrem várias alterações fisiológicas que poderão

influir na capacidade da mulher em voltar aos seus níveis e funções prévios à

gravidez no período pós-parto. O consumo de oxigénio em repouso aumenta, o

débito cardíaco aumenta entre 40% e 50% e a massa corporal aumenta

também na ordem dos 13%. Concomitantemente, existe um aumento de 40%

a 50% no volume sanguíneo. Estas alterações ocorrem dentro das primeiras 8

semanas após a concepção. Pelas 32 semanas de gestação, a frequência

cardíaca de repouso já aumentou cerca de 20 bpm relativamente ao estado

Actividade Física no Período Pós-Parto

10

prévio à gravidez e, pelo final da gravidez, a futura mãe acumula um excesso

de 8,5 litros de água. Torna-se claro, desta forma, que a mulher encontra-se

fisiologicamente diferente ao entrar no período pós-parto (South-Paul et al.,

1992).

Segundo a Division of Public Health Nutrition and Education (DPHNE,

2003), durante os primeiros dias e semanas após o parto, a mulher encontra-se

a lidar com numerosos tipos de tensões ou desconfortos físicos, para muitos

dos quais não estará preparada. Por exemplo, é comum sentir dores após o

parto (contracções uterinas), à medida que o útero regressa ao seu tamanho

normal, em adição a dores provocadas por uma episiotomia. Se a mulher foi

submetida a uma cesariana, poderá sentir algum desconforto no local da

incisão e deverá adoptar alguns cuidados, evitando levantar objectos pesados.

Como resultado do parto, muitas mulheres desenvolvem hemorróidas, outras

poderão sofrer de prisão de ventre. Queixas de dores de cabeça, dores nos

ombros, dores na região lombar ou cansaço são bastante comuns. Para além

disto, durante duas a seis semanas após o parto ocorrem descargas vaginais

constituídas por sangue e pelo que resta do forro uterino. É bastante comum a

ocorrência de inchaço dos seios e as mulheres que optaram por amamentar o

bebé poderão descobrir que o processo não acontece tão naturalmente como

teriam esperado. Como se não bastasse, várias mulheres vêem-se com

marcas de estrias e veias varicosas, ou até grandes perdas de cabelo após

algumas semanas do parto.

Segundo Stover e Marjenon (1995), os potenciais problemas biomédicos

que poderão surgir neste período incluem mastite (infecção mamária),

hemorragia uterina tardia, endometrite tardia (infecção do endométrio), tiroidite

e incontinência.

Embora vários médicos considerem o período pós-parto até às oito

semanas seguidas ao parto, nem todos os sistemas fisiológicos corporais

recuperam tão rapidamente das adaptações à gravidez. Algumas alterações

fisiológicas estudadas mais atentamente evidenciam sinais de não regressar ao

funcionamento prévio à gravidez nesse período. (Du Bois, 2001).

Actividade Física no Período Pós-Parto

11

As várias alterações fisiológicas e hormonais ocorridas durante a

gravidez possuem o potencial de afectar as respostas cardiovasculares da

mulher ao exercício aeróbio (Pivarnik, 1996).

Em média, a capacidade aeróbia é diminuída após o parto e não é

recuperada entre 4 a 8 semanas após o parto (quando comparada com

medições prévias à gravidez) em mulheres que não continuaram a exercitar

durante a gravidez e imediatamente após o parto (South-Paul et al., 1992). Os

resultados não são surpreendentes e reflectem aparentemente o que ocorreria

em qualquer período de destreino em que os níveis de exercício e actividade

diminuem. Aparentemente, a amamentação afecta o volume plasmático

sanguíneo, que poderá reduzir a velocidade a que o corpo da mulher recupera

da gravidez (Hart et al., 1986). Mulheres que tenham tido mais do que um filho

possuem um diâmetro aórtico permanentemente maior do que mulheres que

nunca tenham engravidado ou mesmo que tenham tido apenas um filho (Hart

et al., 1986), sugerindo que as alterações ocorridas no sistema cardiovascular

não só não revertem ao estado prévio à gravidez num período de seis

semanas, como algumas poderão nunca reverter.

Capeless e Clapp (1991) documentaram também no seu estudo que

algumas das alterações nos parâmetros cardiovasculares associadas à

gravidez (volume diastólico final e débito cardíaco) ainda não tinham

regressado às 12 semanas após o parto aos valores prévios à gravidez em

mulheres lactantes.

Lotgering et al. (1998) conduziram um estudo com o objectivo de estudar

as respostas fisiológicas ao exercício de resistência em mulheres na gravidez e

no período pós-parto. Concluíram que as respostas fisiológicas ao exercício de

resistência são fortemente independentes da gestação. Apesar da elevada

frequência cardíaca em repouso na gravidez, as respostas ao exercício não

revelaram diferenças significativas nos dois períodos. A ventilação por minuto

foi consistentemente mais elevada na gestação que no período pós-parto, que

poderá ser atribuído ao efeito da progesterona, mas sofreu um aumento de 9%

nos dois grupos. Da mesma forma, as respostas do VO2 e do VCO2 ao

exercício de resistência revelaram-se independentes da gravidez.

Actividade Física no Período Pós-Parto

12

No estudo conduzido por Sady et al. (1990), examinaram a resposta

cardiovascular em repouso e em exercício maximal e submaximal em nove

mulheres durante a gravidez e aos 2 e 7 meses após o parto. Os dados

sugerem que a resposta aumentada ao exercício durante a gravidez é reduzida

até aos 2 meses pós-parto, mas é requerido tempo adicional para a resolução

completa das alterações cardiovasculares induzidas pela gravidez.

Em termos de custos energéticos, o estudo realizado por Raaij et al.

(1990) reporta não existir diferenças significativas no custo energético total

(kcal/min.) de caminhada na passadeira durante o primeiro e segundo

trimestres de gestação, antes e após a gravidez.

As articulações, ligamentos e músculos poderão necessitar de um

período superior a seis semanas para regressar à sua forma, estrutura e

funcionamento prévios à gravidez (Schauberger et al., 1996), tipicamente

devido ao enfraquecimento muscular abdominal e lordose lombar (curvatura na

região inferior da coluna associada a sintomatologia dolorosa) que poderá

manter-se no período pós-parto por mais de seis semanas (Du Bois, 2001).

Segundo Cunningham et al. (1996) a relaxina é uma hormona proteica

endógena, produzida pelo corpo lúteo do ovário. Segundo Sherwood (2004), o

seu nome deriva da sua capacidade única de suavizar o tecido conjuntivo do

aparelho reprodutor na gravidez (relaxar o cérvix e o ligamento púbico para

facilitar o parto). A laxidez articular e ligamentar facilita o nascimento do bebé

ao permitir o seu deslocamento pelo cérvix, vagina e pélvis (Artal et al., 1989).

Embora a relaxina se dissipe rapidamente após o parto, o tempo de

recuperação dos seus efeitos varia entre 6 semanas e 3 meses. Isto deixa as

mulheres no período pós-parto mais susceptíveis a lesões articulares,

ligamentares e musculares durante o período de tempo em que a relaxina

ainda afecta o seu corpo (Du Bois, 2001). Da mesma forma, ocorrem

disfunções e dor a nível da sínfise púbica (a articulação fibrocartilagínea que

une o anel pélvico) como resultado de um aumento da mobilidade causado

pela laxidez ligamentar (Pivarnik et al., 2006)

Segundo Boissonnault e Blaschak (1988), a separação ou diástase do

músculo recto abdominal (ao longo da linha branca) poderá ocorrer na gravidez

Actividade Física no Período Pós-Parto

13

com uma incidência tão elevada quanto 60%. Embora geralmente se dê uma

redução espontânea, essa separação poderá prevalecer no período pós-parto

em algumas mulheres. As sequelas a longo termo poderão incluir dores na

parede abdominal, disfunção pélvica–dada a ligação distal do recto abdominal

aos ossos púbicos–e dores na região lombar –dado o papel fundamental dos

músculos abdominais a nível de estabilização (Pivarnik et al., 2006).

As mulheres no período pós-parto sofrem mais dores nas extremidades

inferiores (especialmente nas ancas e pés) em relação a mulheres que nunca

estiveram grávidas. As dores plantares poderão ser mais prevalentes devido às

novas exigências associadas aos cuidados do bebé, laxidez articular (devido

ao efeito da relaxina) e ganho de peso durante a gravidez. O exercício antes e

durante a gravidez não se constitui como um factor de risco ou profilático na

ocorrência de dores nas extremidades inferiores (Vullo et al., 1996).

O período de lactação é associado a uma diminuição na densidade

mineral óssea, com efeitos pronunciados na coluna vertebral e no fémur, tal

como confirmado pelo estudo de Laskey et al. (1998). O seu estudo também

demonstrou que a alteração na densidade mineral óssea observada durante 3

meses de amamentação foi maior e mais rápida do que a perda média

experienciada pelas mulheres na menopausa. No entanto, a magnitude das

alterações variou consideravelmente entre sujeitos. Concluíram então que

ocorrem alterações no esqueleto das recém mães durante 3 meses de

amamentação, que variam entre os diferentes sujeitos e as diferentes regiões

do esqueleto. A magnitude do efeito relaciona-se com a quantidade de leite

consumida pelo bebé e por outros factores relacionados com o tamanho da

mãe.

Da mesma forma, o estudo conduzido por Hopkinson et al. (2000) indica

que a lactação diminui a densidade mineral óssea e altera temporariamente a

sua distribuição regional no período pós-parto. Concluíram também que, com o

tempo suficiente pós-parto, ambas as mulheres que amamentam e que não

amamentam podem recuperar a sua densidade mineral óssea total (até 2

anos).

Actividade Física no Período Pós-Parto

14

Em resumo, existem múltiplas alterações fisiológicas da gravidez para o

pós-parto. O sistema cardiovascular, as articulações, músculos e ligamentos

poderão levar meses a regressar ao seu funcionamento anterior à gravidez (Du

Bois, 2001).

2.2 Psicológicas

A combinação de novas e múltiplas exigências, apoio limitado e um

sentimento de perda de controlo sobre vários aspectos da vida, tais como

funções corporais e tempo pessoal, poderá compreensivelmente tornar-se

esmagador para algumas mães (Stover e Marjenon, 1995).

A par das numerosas transformações físicas, outras alterações se

revelam. Alterações hormonais, em combinação com falta de descanso/sono e

a responsabilidade de cuidar de um recém-nascido, poderão conduzir a

sentimentos de ansiedade e/ou depressão (DPHNE, 2003).

Da mesma forma, as mulheres que se encontram no período pós-parto

são mais propensas a adquirir um distúrbio da própria imagem corporal,

considerando as alterações profundas e por vezes duráveis que uma gravidez

e o nascimento de um filho produzem no seu físico (Stein e Fairburn, 1996).

Assim, este grupo de mulheres em questão preocupa-se com o excesso de

peso e as alterações na sua figura que poderão permanecer no período pós-

parto (Suttie, 1998).

Neste período, a ocorrência de transtornos ou erupções emocionais é

bastante comum. Algumas mulheres poderão sentir-se culpadas por não se

“apaixonarem” instantaneamente pelo bebé, outras focam-se unicamente no

seu papel de mãe, negligenciando rapidamente as suas próprias necessidades

(DPHNE, 2003).

Segundo Cox et al. (1993), o período pós-parto é considerado uma

altura de risco para o aparecimento e reaparecimento de distúrbios de humor e

ansiedade. A depressão pós-parto é reconhecida como um assunto de saúde

pública, dado constituir-se como a principal causa de morte e morbidez

materna e por exercer efeitos adversos a longo prazo nos bebés e nas famílias

Actividade Física no Período Pós-Parto

15

(Oates et al., 2004). Da mesma forma, Boyd et al. (2006), referem que a

depressão pré-natal e pós-parto são problemas significativos de saúde mental,

que poderão ter efeitos negativos nas interacções entre as mães e os bebés.

Os sentimentos de ansiedade ou depressão após o parto poderão

afectar o apetite, bem como o estado de saúde geral da mulher, em adição à

saúde e bem-estar do bebé. As reacções emocionais durante o período pós –

parto poderão ir desde ansiedades ligeiras/moderadas, comuns (os chamados

“baby blues”), a formas mais severas de depressão, referidas como depressão

pós-parto e psicose pós-parto (DPHNE, 2003).

A depressão pós-parto deve ser distinguida do denominado “baby

blues”, que corresponde a uma perturbação do humor transitória que ocorre na

maioria das recém mães após o parto e que não afecta as funções da mulher

(Wisner, 2002). Esta condição caracteriza-se por episódios de choro,

sentimentos de tristeza e labilidade emocional, definida por uma reactividade

emocional aumentada (Hoeflinger, 2003). Sem um apoio adequado, estes

sintomas poderão conduzir a estados mais agravados de depressão pós parto

(DPHNE, 2003).

A depressão pós-parto (sem psicose) é mais severa em relação à

ansiedade moderada e ocorre em cerca de 10 a 20% das mulheres. Ocorre

dentro dos primeiros 6 meses, iniciando geralmente entre 2 a 3 semanas após

o parto. Ao contrário do comum “baby blues”, os sintomas da depressão pós-

parto não desaparecem em poucas semanas. As características clínicas desta

condição incluem um estado depressivo de apatia, desespero, cansaço

extremo, perda de apetite, insónias e episódios de choro, bem como

preocupações intensas ou falta de interesse sobre o bebé, pensamentos

acerca de suicídio e/ou receio de magoar o bebé. Daí o seu risco elevado e a

necessidade de intervenção (Tomasic, 2005). Segundo Wisner (2002), o rápido

declínio dos níveis de hormonas reprodutivas que ocorre após o parto poderá

contribuir para o desenvolvimento de depressão pós-parto em mulheres

susceptíveis.

A psicose pós-parto é uma rara mas severa forma de depressão, que

ocorre entre 1 a 3 casos por cada 1000 nascimentos. Incapacidade em dormir

Actividade Física no Período Pós-Parto

16

por várias noites, agitação, humor expansivo ou irritável e evitar o bebé

poderão ser os primeiros sinais da ocorrência desta condição. Em comparação

com as mulheres que sofrem de depressão pós-parto sem psicose, as que

padecem de psicose pós-parto que revelam estes pensamentos terão mais

probabilidade de os concretizar. Dado que a mãe está em risco de se magoar

ou ao bebé, a psicose pós-parto é uma emergência médica (Epperson, 1999).

Esta condição envolve extrema desorganização de pensamentos,

comportamentos bizarros e alucinações que envolvem muitas vezes o bebé

(Wisner et al., 2002).

Segundo Ross et al. (2006) e Epperson (1999) os factores de risco

consistentes para a depressão pós-parto incluem história psiquiátrica pessoal,

eventos de stress recentes, falta de apoio social e insatisfação com a relação

marital.

3. A actividade física no período pós-parto

3.1 Potenciais riscos e benefícios

Segundo Stover e Marjenon (1995), uma mulher submetida a parto

vaginal, sem complicações, pode retomar o exercício imediatamente após o

parto. No entanto, tendo em conta que a laxidez articular persiste após o parto

por um período de tempo, os níveis de exercício prévio à gravidez deverão ser

retomados gradualmente durante várias semanas. Se a mulher foi submetida a

uma cesariana, sugere-se que a sua actividade se resuma aos cuidados

pessoais e do bebé durante um período de uma semana, retomando então

gradualmente as suas actividades em casa durante cerca de quatro semanas.

Se a mulher possuir alguma preocupação relativa a quando iniciar ou

retomar o exercício, o conselho mais conservador será consultar um médico ou

profissional que entenda os potenciais riscos da prescrição de exercício neste

período (Artal et al., 1989).

Actividade Física no Período Pós-Parto

17

Para Larson-Meyer (2001), a prática de actividade física regular será

provavelmente tão benéfica no período pós-parto como noutras fases da vida

da mulher.

Segundo Du Bois (2001), existem benefícios imediatos para a mulher

que se exercita. Mesmo as tarefas diárias se tornam mais fáceis quando o

corpo possui força e resistência adquiridas com a prática de exercício. No caso

da mulher que se encontra em período pós-parto, um bebé exige várias horas

de amamentar, pegar ao colo, entre outras tarefas do seu cuidado. Estas

actividades requerem níveis de força e resistência superiores, à medida que o

bebé cresce. O exercício pode aumentar a força da mãe e ensinar-lhe técnicas

de levantamento de peso, ajudando-a a cuidar do seu filho sem um risco

excessivo de lesão.

Segundo Clapp e Little (1995), quando questionadas acerca da

recuperação, as mulheres que se exercitam durante o período pós-parto

recuperam quase ao dobro da rapidez em termos de aptidão física e

estabilidade emocional, bem como no domínio das novas capacidades que lhes

são exigidas, comparativamente às que não se exercitam neste período.

Uma dessas novas habilidades exigidas é a amamentação. Segundo

Ringdahl (2002), algumas mulheres preocupam-se com o facto de o exercício

poder afectar de forma adversa a produção do leite e, consequentemente, o

crescimento do bebé. Dewey e McCrory (1994) referem que o exercício é

muitas vezes recomendado devido aos seus conhecidos benefícios mas que,

em níveis muito elevados, pode criar um défice de energia significativo. No

entanto, nessa situação, os efeitos fisiológicos protegem a amamentação, na

medida em que há um aumento da prolactina (hormona fundamental envolvida

na formação do leite), como resposta aguda ao exercício (Hale et al., 1983).

Esse aumento é mais elevado quanto maior for a estimulação mamária.

Durante a corrida, a estimulação é máxima, enquanto que, em actividades em

meio aquático, o aumento não se revela tão elevado (Hale et al., 1983). Da

mesma forma, o exercício também provoca alterações metabólicas

aumentando a sensibilidade insulínica das células musculares e adiposas, bem

como um aumento da utilização de ácidos gordos como substrato energético.

Actividade Física no Período Pós-Parto

18

Estes efeitos acentuam uma homeostasia dos níveis de glicose sanguínea e a

mobilização dos depósitos de gordura durante o período de amamentação

(Dewey e McCrory, 1994).

No estudo conduzido por Wallace et al. (1992a) levanta-se uma

preocupação em que o leite materno após o exercício poderá conter maiores

concentrações de ácido láctico, que afectam o sabor e, consequentemente, a

aceitação do leite por parte do bebé. No entanto, é necessário referir que neste

estudo os sujeitos efectuaram exercício maximal, que aumenta de facto a

concentração de ácido láctico no leite materno (Dewey, McCrory, 1994). Noutro

estudo conduzido por Wallace e Rabin (1991), 4 mulheres em 58 reportaram

amamentar com dificuldade após o exercício materno, também maximal. No

entanto, no estudo efectuado por Lovelady et al. (1990), não houve registos de

rejeição do leite materno, bem como de outro qualquer efeito adverso ao

exercício vigoroso. Da mesma forma, no estudo efectuado por Quinn e Carey

(1999), não existiu um aumento dos níveis de ácido láctico no leite materno

como consequência de exercício moderado. Os últimos referem também que

há vários factores que poderão influenciar o sabor do leite e,

consequentemente, a sua aceitação, tais como o consumo de álcool e tabaco,

stress, etc. Noutro estudo de Dewey et al. (1994), concluiu-se que exercício

aeróbio praticado 4 a 6 vezes semanais entre as seis e oito semanas do

período pós-parto não revelou efeitos adversos na produção do leite materno e

ainda aumentou significativamente a aptidão cardiovascular das mães.

Um estudo realizado por Wallace et al. (1992b) revelou que o estado dos

seios (relativamente cheios de leite ou relativamente vazios) é um factor que

afecta a concentração de ácido láctico no leite materno após exercício máximo.

No grupo em que as mulheres retiraram leite antes do exercício, as

concentrações de ácido láctico aumentaram lentamente (em 30 minutos) e

permaneceram elevadas após o exercício. Quando o exercício foi realizado

com os seios relativamente cheios, a concentração de ácido láctico aumentou

rapidamente (em 10 minutos) e diminuiu de forma constante durante o período

de recuperação.

Actividade Física no Período Pós-Parto

19

De acordo com a American Academy of Pediatrics (AAP, 1997), para

além da nutrição, o leite materno possui ainda compostos bioactivos, de

carácter imunológico, vitais para o recém-nascido, dado que o seu sistema

imunitário ainda não se encontra suficientemente desenvolvido. Segundo

Lovelady et al. (2003), a imunoglobulina A (IgA) é uma proteína que confere

benefícios imunológicos na medida em que previne a aderência de bactérias às

superfícies mucosas e neutraliza as toxinas dos microorganismos. Da mesma

forma a lactoferrina também actua a nível das mucosas, tendo demonstrado

actividades anti-inflamatórias e antimicrobianas, competindo com as bactérias

pelo ferro e prevenindo o crescimento de microorganismos. No seu estudo,

Lovelady et al. (2003) concluíram que o exercício moderado durante a

amamentação melhora a aptidão cardiovascular sem afectar os níveis de

proteínas do leite materno humano.

Segundo Larson-Meyer (2002), é um fenómeno bem documentado que a

amamentação resulta numa perda temporária de densidade mineral óssea

(DMO). No entanto, a osteopenia induzida pela amamentação parece ser

reversível com a sua cessação.

Está também documentado que o exercício acentua a mineralização

óssea como resultado de forças mecânicas exercidas pela gravidade e pela

contracção muscular (Clapp e Little, 1995).

Outra questão associada é o desconforto das lactantes durante a

realização de actividade física, a dificuldade em conseguir um suporte mamário

adequado. Clapp e Little (1995), sugerem que a solução mais efectiva será, ao

invés de levantar, estabilizar o tecido mamário comprimindo-o contra a caixa

torácica, através da utilização de dois soutiens desportivos, ou então um dos

vários disponíveis apropriados para esse efeito.

Outro obstáculo à prática de actividade física neste período é o receio do

desenvolvimento de incontinência urinária de esforço. Esta condição é

geralmente causada quando aumenta a pressão na cavidade abdominal e os

músculos do soalho pélvico estão fracos demais para manter o esfíncter uretral

fechado (Du Bois, 2001). O parto normal poderá aumentar a probabilidade de

aparecimento de incontinência urinária (Ringdahl, 2002). As suas causas são

Actividade Física no Período Pós-Parto

20

multifactoriais, relacionadas com lesões nervosas, ou ao nível de tecidos moles

devido a rápida descida fetal e episiotomia. Muitas mulheres são aconselhadas

a executar exercícios de Kegel (contracções voluntárias da estrutura muscular

do soalho pélvico) durante a gravidez e o período pós-parto, de forma a

restaurar o controlo neuromuscular da musculatura do soalho pélvico. Estudos

demonstraram índices de incontinência urinária reduzidos no período pós-parto

em mulheres envolvidas em programas de exercícios específicos de

fortalecimento do soalho pélvico (Pivarnik et al., 2006).

Ringdahl (2002) indica que a incontinência urinária de esforço pode

ocorrer com qualquer actividade, especialmente corrida. Por este facto, refere

que as mulheres deverão considerar realizar actividades de baixo impacto no

pós-parto (caminhar, nadar, pedalar, aeróbica de baixo impacto...) de forma a

poderem retomar rapidamente a actividade física prévia, enquanto fortalecem o

soalho pélvico.

Em termos psicológicos, Pivarnik et al. (2006) referem que uma

intervenção no período pós-parto em termos de exercício pode ser eficaz na

redução dos sintomas de depressão. Da mesma forma, indicam que as mães

que reportam sintomas de depressão mostram vontade em participar em

actividade física estruturada.

Os potenciais riscos ou obstáculos ao exercício neste período incluem a

falta de sono (fadiga), falta de tempo, falta de apoio seguro e confiável no que

concerne os cuidados ao bebé, incontinência urinária de esforço se os

músculos vaginais se encontram enfraquecidos, possíveis problemas de

amamentação e a dificuldade em obter suporte mamário adequado (Du Bois,

2001).

Por sua vez, Larson-Meyer (2002) enumera como possíveis benefícios

da actividade física regular neste período os seguintes:

1) prevenção da obesidade através da promoção de perdas de

gordura e peso corporais;

Actividade Física no Período Pós-Parto

21

2) promoção da aptidão aeróbia e força, levando a uma melhor

capacidade de desempenhar actividades maternas;

3) optimização da saúde óssea pelo aumento da densidade mineral

óssea e/ou pela prevenção da perda óssea associada à

amamentação;

4) melhoria do humor e auto-estima.

A American College of Sports Medicine (ACSM, 1998) recomenda, para

adultos saudáveis, um programa de exercício crónico que contemple as

componentes cardiorespiratória, força e resistência musculares e flexibilidade.

O factor importante será desenhar um programa individual que proporcione a

quantidade apropriada de exercício para obter o maior benefício, com o menor

risco.

Imediatamente após o parto, exercícios apropriados incluem as zonas do

soalho pélvico (períneo), abdómen e costas. A técnica será muito importante,

na medida em que ajudará a evitar a ocorrência de lesão (Du Bois, 2002).

Nas primeiras 24 horas após o parto, a mulher poderá iniciar a

realização de básculas pélvicas (movimentos de anteversão e retroversão), de

forma a fortalecer os músculos abdominais (DiFiore e Gaskell, 1993, cit. in Du

Bois, 2002). As elevações pélvicas também ajudam no alívio das dores nas

costas (zona lombar), através da obtenção de uma boa postura (Pagano,

2005). No entanto, se existir diástase, os músculos abdominais estarão

especialmente vulneráveis. Nesse caso, a sua exercitação deverá ser feita com

a manutenção de encurtamento (fixando-os, de forma a manter a sua união),

promovendo uma rápida recuperação (Noble, 1995).

A partir das seis semanas pós-parto, actividades apropriadas incluem

exercício aeróbio, exercícios de força moderada e alongamentos. De forma a

evitar a ocorrência de lesões, será prudente evitar exercícios controversos na

sua natureza ou que provoquem stress elevado nas zonas que poderão ainda

não ter regressado ao funcionamento prévio à gravidez: sistema

cardiovascular, músculos, ligamentos e articulações (Du Bois, 2002).

Actividade Física no Período Pós-Parto

22

Com efeito, o exercício aeróbio é o mais estudado para as mulheres em

período pós-parto (Dewey e McCrory, 1994). Formas seguras deste tipo de

actividade incluem a caminhada, a corrida (Artal et al., 1989; Van Raaij et al.,

1990), o cicloergómetro / bicicleta (Artal et al., 1989; Lotgering et al., 1998;

South-Paul et al., 1992) e a natação (Spinnewijn et al., 1996).

Não existem estudos específicos no que concerne aos efeitos do

exercício de força no primeiro ano após o parto. No entanto, poder-se-á

assumir que, dado que este tipo de exercício em níveis moderados é benéfico

durante a gravidez, também o será durante o período pós-parto (Artal e

Buckenmeyer, 1995, cit. in Du Bois, 2002). Devem-se evitar pesos muito

elevados dada a persistência de alterações músculo-esqueléticas após o parto.

O exercício isométrico é uma boa forma, conveniente e efectiva, de iniciar a

actividade física no período pós-parto, dado que não requer material e pode ser

executado facilmente em casa, enquanto cuida do bebé (Du Bois, 2002).

Segundo Pagano (2005), se está a começar a exercitar ou a reiniciar os treinos

após um período de inactividade, o melhor será realizar exercícios que usem

apenas o peso do corpo como resistência.

Devido a tensões exercidas nas zonas do pescoço e costas por

carregar, alimentar e acarinhar o bebé, bem como o stress de adaptação ao

seu novo papel, as mães recentes necessitam de alívio na zona superior do

corpo, devendo alongar o rosto, pescoço, braços e costas (Martin, 2005).

Devido à incerteza do desaparecimento dos efeitos da relaxina, quaisquer

alongamentos que provoquem stress excessivo nas articulações, ligamentos ou

músculos deverão ser evitados (Du Bois, 2002). Martin (2005) também

aconselha a mulher a não exagerar no tempo de manutenção das posições,

dado que, nos primeiros meses após o parto, os níveis de relaxina presentes

no organismo facilitam a ocorrência de sobrealongamentos.

Actividade Física no Período Pós-Parto

23

3.2 Conselhos e recomendações para a prática de actividade física

durante o período pós-parto.

Consultar um médico antes de iniciar. A prática de actividade física pode ser

iniciada logo que seja seguro em termos médicos. Este momento varia de

mulher para mulher, e algumas poderão até reiniciar a prática alguns dias

após o parto.

Iniciar lentamente, para aumentar progressivamente a intensidade do

exercício. Isto aplica-se especialmente às mulheres que não se exercitaram

durante a gravidez. As mulheres que se mantiveram fisicamente activas

durante a gravidez já iniciam com um avanço, mas não deverão regressar

imediatamente ao ponto em que se encontravam antes do parto.

Ser especialmente cuidadosa nas primeiras 4-5 semanas após o parto. As

estruturas ligamentares e tendinosas encontram-se ainda laxas durante o

período pós-parto inicial, pelo que poderá existir um risco aumentado de

lesão.

No caso de amamentação, utilizar um soutien próprio para a realização de

exercício, que proporcione um bom apoio e conforto.

O exercício moderado durante a amamentação não afecta a quantidade ou

composição do leite materno, ou afecta o crescimento do bebé.

A realização de exercícios de fortalecimento do pavimento pélvico no pós-

parto imediato poderá reduzir o risco de incontinência urinária no futuro.

Começar sempre por activar o organismo com uma actividade ligeira, por

exemplo, uma caminhada lenta. Estará, assim, a preparar os músculos para

uma actividade mais intensa.

Actividade Física no Período Pós-Parto

24

Assegurar um retorno à calma com um bom alongamento no término da

actividade. Ao alongar, não realizar movimentos de insistência, mas sim

manter na mesma posição entre 20 a 30 segundos.

Manter uma boa hidratação. Ingerir bastantes líquidos (água será a melhor

escolha), especialmente se se encontrar a amamentar o bebé, durante e

após a actividade.

Se possível, exercitar na companhia de alguém. Estar acompanhada torna

a actividade mais divertida, diminuindo a probabilidade de não a cumprir.

Actividade Física no Período Pós-Parto

25

III –Proposta de exercícios físicos para o período pós-parto

Tendo em conta a compreensão das mudanças e exigências fisiológicas e

psicológicas da mulher neste período, deve-se prestar especial atenção à

recuperação dos grupos musculares mais exigidos durante a gravidez e o parto,

nomeadamente os da cintura pélvica, coluna, seios. Da mesma forma, os

cuidados ao bebé irão exigir uma boa postura, bem como uma crescente força

muscular geral, principalmente à medida que o bebé aumenta o seu peso e

tamanho.

Desta forma, pretende-se a manutenção do equilíbrio dos vários grupos

musculares, com vista à tonificação geral, tão importante para a mulher que já

não se encontra grávida, bem como o restabelecimento de uma boa postura.

Será proposta, então, uma grande variedade de exercícios, com diferentes graus

de dificuldade e algumas variantes, adequados aos objectivos das mulheres que

se exercitam no período pós-parto.

Actividade Física no Período Pós-Parto

26

1. Exercícios propostos para a parte inicial

1º –Marcha simples

o Respiração contínua e lenta.

o Os membros superiores, em oposição aos

membros inferiores, acompanham todo o

movimento.

2º –Marcha combinada com movimentos de membros superiores

o Movimento 1: flexão do antebraço sobre o braço

à altura dos ombros.

o Respiração 1: inspiração.

o Movimento 2: unir os cotovelos à frente do

peito.

o Respiração 2: expiração.

Fig. 1. Marcha simples

Fig. 2. Marchacombinada com MS (1).

Fig. 3. Marchacombinada com MS (2).

Actividade Física no Período Pós-Parto

27

3º –Elevação dos joelhos com bola

o Movimento 1: segurar a bola acima da cabeça

com as mãos, pés paralelos à largura dos

ombros, joelhos relaxados.

o Respiração 1: inspiração.

o Movimento 2: baixar a bola até à altura do

peito, subindo um joelho até tocar na bola.

Peso na planta do pé, com este sempre em

flexão dorsal.

o Respiração 2: expiração.

4º –Agachamento –extensão com bola

o Posição inicial: joelhos flectidos em posição de

agachamento, pés paralelos à largura das

ancas. Segurar a bola junto ao corpo com os

MS flectidos.

o Respiração 1: inspiração.

Fig. 4. Elevação dejoelhos com bola (1).

Fig. 5. Elevação dejoelhos com bola (2).

Fig. 6. Agachamento –extensão com bola (1).

Actividade Física no Período Pós-Parto

28

o Movimento 2: MS e MI em extensão, levando a

bola acima da cabeça para um dos lados. O pé

oposto apenas a tocar o chão com os dedos.

o Respiração 2: expiração.

5º –Flexão lateral com rotação

o Movimento 1: Pés paralelos, à largura dos

ombros, com os MS em extensão, afastados a

uma largura superior aos ombros, erguendo

uma faixa acima da cabeça.

o Respiração 1: contínua e lenta.

o Movimento 2: flexão lateral à direita, mantendo

a tensão na faixa, flexão para a frente a partir

da cintura e formação de um círculo com o

tronco em direcção ao solo, terminando no

lado esquerdo.

o Respiração 2: contínua e lenta.

Objectivos (1º a 5º):

- preparar para a parte principal;

- promover a activação da circulação;

- predispor os músculos e articulações.

Fig. 7. Agachamento–extensão com bola

Fig. 8. Flexão lateralcom rotação (1).

Fig. 9. Flexão lateralcom rotação (2).

Actividade Física no Período Pós-Parto

29

2. Exercícios propostos para a parte principal

2.1. Costas, ombros e membros superiores

6º–Abdução horizontal com faixa

o Posição inicial : com os pés paralelos,

afastados à largura das ancas, segurar a faixa

à altura do peito com as palmas para baixo. Os

cotovelos devem estar arredondados e pulsos

no prolongamento do braço. Omoplatas fixas.

o Movimento: pressionar as omoplatas uma

contra a outra, puxando a faixa na direcção do

peito, com os braços flectidos num ângulo

constante.

o Respiração: expiração, com a inspiração no

regresso à posição inicial.

7º–Rotação externa com faixa

o Posição inicial: com os pés paralelos,

afastados à largura das ancas, joelhos

descontraídos, segurar a faixa com as palmas

para cima e os cotovelos flectidos a 90º e

juntos ao corpo.

Fig. 10. Abduçãohorizontal com faixa (1).

Fig. 11. Abduçãohorizontal com faixa (2).

Fig. 12. Rotação externacom faixa (1)

Actividade Física no Período Pós-Parto

30

o Movimento: aproximar as omoplatas e realizar

rotação externa dos braços.

o Respiração: expiração, com a inspiração no

regresso à posição inicial..

Objectivos (6º e 7º):

- fortalecer os músculos da zona média das costas (rombóides e trapézio médio)

e posterior do ombro (deltóide posterior e rotadores externos);

- favorecer uma melhor postura, contrariando a tendência de os ombros

descaírem para a frente.

8º– “Apertar a noz”

o Movimento: colocar as mãos sobrepostas à

altura do peito, com os cotovelos elevados.

Exercer força de uma mão contra a outra

durante 15 segundos, como que a apertar uma

noz. Repetir o exercício à altura da testa e da

cintura.

o Respiração: contínua e lenta.

Objectivos:

- fortalecer os músculos dos membros superiores e peitorais que suportam o

tecido mamário.

Fig. 13. Rotação externacom faixa (2)

Fig. 14. “Apertar a noz”.

Actividade Física no Período Pós-Parto

31

9º–Meia flexão

o Posição inicial: joelhos apoiados no chão, com

os pulsos ligeiramente mais afastados que a

largura dos ombros, dedos a apontar para a

frente. baixar as ancas e deslocar o peso do

corpo para os membros superiores, para evitar

pressão directa nas rótulas.

o Movimento: fixar as omoplatas, empurrando-as

para baixo e para trás. Flectir os cotovelos

para os lados, à medida que desce o peito na

direcção do solo. Contrair os abdominais para

apoiar a zona lombar.

o Respiração: inspiração, com a expiração no

regresso à posição inicial.

Variante:

A posição das mãos irá determinar quais os grupos musculares mais solicitados:

mãos afastadas–trabalho de peito; mãos juntas–trabalho de ombros.

Objectivos:

- fortalecer os músculos tricípetes, peitoral maior e deltóide anterior;

- activar os músculos abdominais e lombares para estabilizar o tronco,

fortalecendo-os.

10º –Extensão de costas com bola

o Posição inicial: colocar o tronco na bola, com

membros inferiores em extensão e dedos dos

pés no chão. Pontas dos dedos das mãos

suavemente pousadas atrás da cabeça.

Fig. 15. Meia flexão(1).

Fig. 16. Meia flexão(2).

Fig. 17. Extensão decostas com bola (1).

Actividade Física no Período Pós-Parto

32

o Movimento: contrair os glúteos à medida que

sobe ligeiramente o tronco a 45º. Pressionar

as ancas contra a bola. Realizar uma pausa e

regressar à posição inicial.

o Respiração: expiração, com a inspiração no

regresso à posição inicial.

Variante:

Apoiar os pés numa parede, de forma a conseguir maior estabilidade.

Objectivos:

- fortalecer os músculos extensores da coluna, favorecendo a obtenção de uma

postura mais direita e alta;

- melhorar a mobilidade da coluna vertebral.

11º–Elevação de braço e perna em 4 apoios

o Posição inicial: na posição de 4 apoios, com as

mãos por baixo dos ombros, os joelhos

debaixo das ancas e a cabeça e pescoço

alinhados com a coluna.

o Movimento: com os abdominais contraídos,

levantar uma perna atrás até à altura da anca.

Após encontrar o equilíbrio, elevar o braço

oposto até à altura do ombro. Regressar

lentamente até à posição inicial e trocar de

lado.

o Respiração: expiração (inspiração no regresso

à posição inicial).

Fig. 18. Extensão decostas com bola (2).

Fig. 19. Elevação debraço e perna em 4

apoios (1).

Fig. 20. Elevaçãode braço e pernaem 4 apoios (2).

Actividade Física no Período Pós-Parto

33

Objectivos:

- fortalecer os músculos extensores da coluna;

- criar estabilidade e prevenir desconfortos na zona lombar.

12º - Remada com um braço

o Posição inicial: mão esquerda apoiada numa

cadeira. Dar um passo atrás com a perna

direita até ficar com o joelho esquerdo flectido

e alinhado com o calcanhar. Segurar um

haltere com o braço em extensão e palma

voltada para dentro.

o Movimento: dobrar o cotovelo a 90º, puxando o

haltere até à cintura. Regressar lentamente à

posição inicial.

o Respiração: expiração, com a inspiração no

regresso à posição inicial.

Objectivos:

- fortalecer o grande dorsal (dá a forma em V às costas, fazendo com que a

cintura e ancas pareçam mais finas e magras);

- refirmar a zona lateral das costas e a zona em torno do peito, bem como o

braço;

- melhorar a postura.

Fig. 21. Remada comum braço (1).

Fig. 22. Remada comum braço (2).

Actividade Física no Período Pós-Parto

34

13º - Bicípetes com halteres

o Posição inicial: pés paralelos e afastados à

largura das ancas, joelhos descontraídos.

Segurar um haltere em cada mão, com os

braços em extensão ao lado do corpo e pulsos

alinhados com o antebraço.

o Movimento: contrair o braço enquanto flecte o

cotovelo direito, subindo o haltere na direcção

do ombro. Regressar à posição inicial

lentamente, mantendo a tensão no antebraço.

o Respiração: expiração, com a inspiração no

regresso à posição inicial.

Variante:

Flectir ambos os cotovelos em simultâneo.

Objectivos:

- aumentar a força na zona superior do braço, de forma a executar com maior

facilidade as tarefas do dia-a-dia que envolvem movimentos de empurrar,

levantar ou transportar.

Fig. 23. Bicípetecom halteres (1).

Fig. 24. Bicípetescom halteres (2).

Actividade Física no Período Pós-Parto

35

14º - Extensão de tricípetes com apoio

o Posição inicial: apoiar a mão esquerda nas

costas de uma cadeira e ficar na posição de

afundo com o joelho esquerdo flectido e

alinhado com o calcanhar. Segurar um

haltere na mão direita. Com a coluna direita,

inclinar o tronco à frente a partir da anca e

flectir o cotovelo a 90º, subindo o braço até

ficar quase paralelo ao solo.

o Movimento: com os abdominais contraídos,

colocar o antebraço para trás de forma a ficar

com o membro todo em extensão. Efectuar

uma pausa enquanto contrai a zona posterior

do braço. Regressar à posição inicial

lentamente, mantendo a zona superior do

braço imóvel.

o Respiração: expiração, com a inspiração no

regresso à posição inicial.

Objectivos:

- fortalecer a zona posterior do braço.

Fig. 25. Extensão detricípetes com apoio (1).

Fig. 26. Extensão detricípetes com apoio (2).

Actividade Física no Período Pós-Parto

36

2.2 Abdómen e cintura pélvica

Inicialmente, para confirmar a existência ou não de diástase do recto

abdominal, recomenda-se o seguinte teste:

15º –Confirmação de diástase

o A mulher deita-se em decúbito dorsal, com os

pés apoiados no chão, joelhos unidos e braços

ao longo do corpo. Mantendo o abdominal

contraído (em direcção à coluna), eleva

ligeiramente a cabeça e ombros em direcção

ao tecto.

o Realiza uma breve pausa e então procura-se

então a diástase colocando os dedos ao longo

da linha branca, tentando aferir se existe, ou

não, separação do recto abdominal, ou seja,

quantos dedos cabem em alguma possível

“falha” existente.

o Esta figura retrata a técnica de “4 dedos”, na

zona umbilical (Boissonnault e Blaschak,

1988).

Se se confirmar a existência de diástase abdominal, deverá realizar-se o

exercício seguinte até à total recuperação. Só então se poderá realizar o

restante trabalho abdominal.

Fig. 27. Confirmaçãode diástase (1).

Fig. 28. Confirmaçãode diástase (2).

Actividade Física no Período Pós-Parto

37

16º - Exercício de recuperação

o Posição inicial: deitada em decúbito dorsal,

com os pés apoiados no chão e joelhos

unidos. Cruzar os braços sobre a cintura e

colocar as mãos em cada lado do abdómen.

o Movimento: mantendo o abdominal contraído

(“empurrando” o umbigo contra a coluna),

eleva ligeiramente a cabeça e ombros em

direcção ao tecto, usando as mãos para

manter os músculos abdominais em direcção

ao centro do corpo. Efectuar uma breve pausa,

mantendo os músculos nessa posição.

o Respiração: expiração, com a inspiração no

regresso à posição inicial.

Objectivos:

- favorecer e acelerar a recuperação da diástase do recto abdominal.

17º –Abdominal invertido

o Posição inicial: deitado em decúbito dorsal,

com as pernas quase em extensão na

direcção do tecto, com os joelhos ligeiramente

flectidos para alinhar com a anca. Braços

relaxados ao longo do corpo, com as palmas

das mãos voltadas para cima.

Fig. 29. Recuperaçãode diástase (1).

Fig. 30. Recuperaçãode diástase (2).

Fig. 31. Abdominalinvertido (1).

Actividade Física no Período Pós-Parto

38

o Movimento: empurrando o umbigo na direcção

da coluna, tirar as ancas do chão, levando a

pélvis na direcção da caixa torácica. Regressar

à posição inicial de forma controlada. Não

balouçar as pernas.

o Respiração: expiração, com a inspiração no

regresso à posição inicial.

Objectivos:

- fortalecer o músculo recto abdominal que, enfraquecido, pode ser a causa de

uma lordose (curvatura acentuada na zona lombar).

18º - Rotação lateral com bola

o Posição inicial: sentar no chão, com os joelhos

flectidos e pés apoiados no chão, segurando

uma bola junto ao corpo. Tronco inclinado para

trás, coluna direita e peito para cima.

o Movimento: rodar o tronco para a direita, até

tocar com a bola no chão. Regressar

lentamente para o centro e repetir para o outro

lado.

o Respiração: expiração, com a inspiração no

regresso à posição inicial).

o Nota: não realizar este exercício em caso de

patologia na coluna vertebral.

Fig. 32. Abdominalinvertido (2).

Fig. 33. Rotaçãolateral com bola (1).

Fig. 34. Rotaçãolateral com bola (2).

Actividade Física no Período Pós-Parto

39

Objectivos:

- fortalecer os oblíquos internos e externos do abdómen, oferecendo a força

necessária para rodar o tronco e para mantê-lo direito, favorecendo uma melhor

postura.

19º - Pontapés alternados

o Posição inicial: deitado em decúbito dorsal,,

com alinhamento neutro da coluna,

empurrando o umbigo na direcção da coluna.

joelhos flectidos a 90º, com os braços ao lado

do corpo, empurrando as palmas das mãos

contra o chão de forma a estabilizar as

omoplatas.

o Movimento: colocar lentamente a perna direita

em extensão, levando-a para perto do chão,

sem arquear a zona lombar, levando o joelho

esquerdo ao peito. Regressar lentamente à

posição inicial e repetir para o outro lado.

o Respiração: expiração, com inspiração no

regresso à posição inicial.

o Nota: este exercício é uma excelente

alternativa aos abdominais “tradicionais”, que

colocam muita tensão nas vértebras

principalmente na zona cervical. A colocação

da almofada protege também a zona lombar

Fig. 36. Pontapésalternados (2).

Fig. 35. Pontapésalternados (1).

Actividade Física no Período Pós-Parto

40

20º –Passagem de bola

o Posição inicial: deitado em decúbito dorsal,

com os joelhos flectidos e pés apoiados no

chão, segurar uma bola sobre a cabeça com

os braços em extensão, junto às orelhas.

o Movimento: mantendo a cabeça e os ombros

no chão, levantar os braços e as pernas,

colocando a bola entre os joelhos. Em

seguida, com a bola entre os joelhos, baixar os

braços e os pés na direcção do solo, sem

arquear a zona lombar. Tocar ao de leve no

chão com os pés e as mãos, sem pousar, para

voltar a subir para agarrar a bola e regressar à

posição inicial.

o Respiração: expiração ao elevar, inspiração ao

baixar.

Variante:

Realizar o exercício com os membros inferiores em extensão, aumentando o

grau de dificuldade.

Objectivos (19º e 20º):

- tonificar o abdominal transverso de forma a criar um maior apoio para a zona

lombar, consequentemente, obter uma melhor postura.

Fig. 37. Passagem debola (1).

Fig. 38. Passagem debola (2).

Actividade Física no Período Pós-Parto

41

21º - Prancha ventral

o Posição inicial: deitado em decúbito ventral,

numa superfície confortável, com os braços

flectidos, cotovelos junto ao tronco e palmas

das mãos voltadas para baixo.

o Movimento: contraindo os abdominais

formando um arco debaixo do estômago, subir

o corpo todo, com as pernas em extensão,

apoiando nos dedos dos pés. Empurrar as

omoplatas para baixo, pressionando os

antebraços contra o solo. Manter o pescoço

em extensão e formar uma linha recta dos

ombros aos calcanhares. Aguentar 30

segundos nessa posição (começar nos 15

segundos e progredir até 30).

o Respiração: expiração na subida e

manutenção de respiração contínua e lenta.

Variante:

Executar a prancha com apoio num membro inferior apenas (repetir para ambos

os membros inferiores), aumentando o nível de dificuldade.

22º - Prancha lateral

o Posição inicial: deitado de lado com apoio no

antebraço, com o cotovelo de apoio colocado

debaixo dos ombros, membros inferiores em

extensão e um pé por cima do outro. O braço

de cima colocado ao longo do corpo.

Fig. 39. Pranchaventral (1).

Fig. 40. Pranchaventral (2).

Fig. 41. Pranchalateral (1).

Actividade Física no Período Pós-Parto

42

o Movimento: levantar as ancas do chão com

contracção abdominal, formando uma linha

recta entre cabeça, tronco e membros

inferiores. Manter a posição durante 30

segundos (começar a partir de 15 segundos,

progredindo até 30). Repetir o exercício de

ambos os lados.

o Respiração: expiração na subida, mantendo

depois a respiração contínua e lenta.

Variante:

Caso não consiga realizar o 22º exercício em prancha completa, realizá-lo com o

apoio dos joelhos no chão (meia prancha lateral).

Objectivos (21º e 22º):

- fortalecer abdominais e extensores da coluna, contribuindo para uma maior

estabilidade da coluna e postura, favorecendo a manutenção constante da

posição erecta.

23º - Elevação pélvica deitada

o Posição inicial: deitada em decúbito dorsal,

com joelhos flectidos e pés bem apoiados no

chão. Braços pousados ao lado do corpo, com

as palmas das mãos voltadas para cima.

Manter a coluna numa posição neutra,

mantendo a curvatura natural da zona lombar.

Fig. 42. Pranchalateral (2).

Fig. 43. Elevaçãopélvica deitada (1).

Actividade Física no Período Pós-Parto

43

o Movimento: com movimento fluido, encostar

bem a zona lombar ao colchão, levantando as

ancas cerca de 2,5cm.

o Respiração: iniciar com uma inspiração a partir

do diafragma, enchendo o abdómen de ar.

Expirar energicamente, contraindo os

abdominais (pensar em “umbigo contra a

coluna”), executando o movimento.

24º - Elevação pélvica em 4 apoios

o Posição inicial: apoio sobre as mãos e joelhos

alinhados com as ancas, obedecendo ao

alinhamento natural da coluna.

o Movimento: contraindo os abdominais

activamente, empurrando o umbigo contra a

coluna, com um movimento fluido, inverter a

curvatura lombar enquanto empurra as ancas

para baixo.

o Respiração: iniciar com uma inspiração a partir

do diafragma, enchendo o abdómen de ar.

Expirar energicamente, contraindo os

abdominais (pensar em “umbigo contra a

coluna”), executando o movimento.

Fig. 44. Elevaçãopélvica deitada (2).

Fig. 46. Elevação pélvicaem 4 apoios (2).

Fig. 45. Elevação pélvicaem 4 apoios (1).

Actividade Física no Período Pós-Parto

44

25º - Elevação pélvica sentada

o Posição inicial: sentada bem direita numa bola,

com os pés paralelos e afastados à largura

das ancas. Mãos pousadas nos joelhos.

Manter o alinhamento natural da coluna.

o Movimento: enquanto “empurra o umbigo

contra a coluna”, inverter a curvatura lombar,

empurrando as ancas para baixo, rolando a

bola para a frente cerca de 3cm.

o Respiração: iniciar com uma inspiração a partir

do diafragma, enchendo o abdómen de ar.

Expirar energicamente, contraindo os

abdominais (pensar em “umbigo contra a

coluna”), executando o movimento.

Objectivos (23º, 24º e 25º):

- reaprender a respirar;

- fortalecer todo o abdómen (abdominais transverso, recto e oblíquos internos e

externos);

- alongar a zona lombar.

Fig. 47. Elevação pélvicasentada (1).

Fig. 48. Elevação pélvicasentada (2).

Actividade Física no Período Pós-Parto

45

2.3. Glúteos e membros inferiores

26º - Agachamento com bola

o Posição inicial: com a bola estabilizadora

encostada à parede, costas encostadas à bola,

mantendo a curvatura natural da coluna. Mãos

colocadas nas ancas e peso do corpo sobre a

bola, com pés afastados da parede até as

pernas ficarem em extensão.

o Movimento: flectir os joelhos lentamente até as

coxas ficarem paralelas ao sola, joelhos

alinhados com os calcanhares.

o Respiração: inspiração na flexão, expiração no

regresso à posição inicial.

Variante:

Retirar a bola estabilizadora e/ou segurar um haltere em cada mão.

27º - Afundo estacionário

o Posição inicial: pés paralelos à distância de um

passo gigante, calcanhar de trás levantado,

ancas voltadas para a frente e peso do corpo

centrado entre os pés. Uma mão apoiada

numa cadeira.

Fig. 49. Agachamento combola (1).

Fig. 51. Afundoestacionário (1).

Fig. 50. Agachamento combola (2).

Actividade Física no Período Pós-Parto

46

o Movimento: flectir os joelhos até o joelho de

trás ficar junto ao solo e o joelho da frente

alinhado com o calcanhar.

o Respiração: inspiração na flexão, com

expiração no regresso à posição inicial.

Variantes:

Retirar o apoio da cadeira, colocando ambas as mãos sobre as ancas.

Progredir para o afundo à frente (dar um passo à frente com a flexão dos

joelhos).

Objectivos (26º e 27º):

- fortalecer os quadricípetes, isquiotibiais e glúteos, que ajudará nas tarefas

diárias relacionadas com o levantamento e transporte de peso elevado.

28º - Extensão dos joelhos sentada

o Posição inicial: sentar bem direita numa

cadeira, com as pernas afastadas à largura

das ancas, os joelhos flectidos a formarem um

ângulo recto e os pés bem assentes no chão.

Mãos pousadas nas zonas laterais da cadeira.

o Movimento: estender a perna, contraindo os

músculos acima da rótula. Realizar uma pausa

breve, regressando lentamente à posição

Fig. 52. Afundoestacionário (2).

Fig. 53. Extensão dejoelhos sentada (1).

Actividade Física no Período Pós-Parto

47

inicial, sem realizar descanso absoluto com o

pé no chão.

o Respiração: expiração na extensão, inspiração

no regresso à posição inicial.

Objectivos:

- fortalecimento dos quadricípetes.

29º - Plié com bola

o Posição inicial: com a bola estabilizadora entre

as pernas, peso nos calcanhares, pernas e

pés voltados para fora. Bola apertada com

força com a parte interior dos joelhos.

o Movimento: manter o tronco direito, flectir os

joelhos, segurando a bola com as pontas dos

dedos. Colocar as perna em extensão,

contraindo o interior das coxas para apertar a

bola com os joelhos e regressar à posição

inicial.

o Respiração: inspiração na flexão, expiração no

regresso à posição inicial.

Fig. 54. Extensão dejoelhos sentada (2).

Fig. 55. Plié combola(1).

Fig. 56. Plié combola (2).

Actividade Física no Período Pós-Parto

48

Variantes:

Realizar o plié sem bola estabilizadora, com ambas as mãos a segurar num

haltere à frente do corpo, com os membros superiores em extensão.

Objectivos:

- fortalecer os quadricípetes, isquiotibiais, com predominância na zona interior da

coxa e glúteos.

30º - Contracção dos glúteos com elevação

o Posição inicial: deitar em decúbito dorsal,

joelhos flectidos e pés apoiados no chão.

Braços colocados ao lado do corpo, com as

palmas das mãos voltadas para cima.

o Movimento: contrair os glúteos, elevando-os

cerca de 5-8cm do chão, mantendo a cintura

no colchão. Regressar à posição inicial sem

pousar completamente os glúteos no colchão.

o Respiração: expirar na elevação, inspirando no

regresso à posição inicial.

Objectivos:

- fortalecer os glúteos com pouco envolvimento dos isquiotibiais;

- trabalhar abdominais e estensores da coluna a nível de estabilização.

Fig. 57. Contracção dosglúteos com elevação

(1).

Fig. 58. Contracção dosglúteos com elevação

(2).

Actividade Física no Período Pós-Parto

49

31º - Abdução da coxa

o Posição inicial: deitar de lado no colchão, uma

perna por cima da outra, joelhos flectidos a

formar um ângulo recto e colocados a cerca de

45º do corpo. Pousar a cabeça no cotovelo

flectido e utilizar a outra mão como apoio.

Inclinar ligeiramente à frente, colocando o

peso do corpo na mão de apoio.

o Movimento: mantendo o nível do joelho e

calcanhar, levantar a perna de cima até ao

nível da anca. Baixar a perna lentamente, sem

pousar totalmente.

o Respiração: expiração durante a elevação,

inspiração no regresso à posição inicial.

Objectivos:

- fortalecer os músculos abdutores da coxa.

32º - Adução da coxa

o Posição inicial: deitar de lado no colchão com

uma perna por cima da outra. Pousar a cabeça

no cotovelo flectido e utilizar a outra mão como

apoio. Perna de cima flectida, com o joelho

alinhado com a anca e apoiado no chão.

Inclinar ligeiramente para a frente de forma a

colocar o peso na mão de apoio.

o Movimento: levantar a perna de baixo,

descendo-a lentamente, de volta à posição

inicial.

Fig. 59. Abduçãoda coxa (1).

Fig. 61. Adução dacoxa (1).

Fig. 62. Adução dacoxa (2).

Fig. 60. Abduçãoda coxa (2).

Actividade Física no Período Pós-Parto

50

o Respiração: expiração durante a elevação,

com inspiração na descida da perna.

Objectivos:

- fortalecer os músculos adutores das coxas.

Actividade Física no Período Pós-Parto

51

3. Exercícios propostos para a parte final da aula

33º - Alongamento suave de membro inferior

o Posição inicial: deitar de costas e colocar os

pés no chão com as pernas ligeiramente

flectidas.

o Movimento: pressionar a zona lombar contra o

chão e puxar suavemente o joelho esquerdo.

o Respiração: expiração na elevação, mantendo

depois respiração contínua e lenta.

34º - Alongamento de membro inferior intensificado

o Posição inicial: ambas as pernas estendidas,

em decúbito dorsal.

o Movimento: agarrar na barriga da perna e

coxa, puxando-as suavemente na direcção do

peito.

o Respiração: mesma do anterior.

35º - Alongamento da coluna vertebral

o Posição inicial: em posição de 4 apoios, costas

direitas.

o Movimento: arredondar suavemente as costas

enquanto olha para o umbigo. Voltar

lentamente à posição inicial.

o Respiração: inspirar durante o movimento,

expirar no regresso à posição inicial.

Fig. 64. Alongamento deMI intensificado.

Fig. 65. Alongamento dacoluna vertebral.

Fig. 63. Alongamentosuave de membro

inferior (MI).

Actividade Física no Período Pós-Parto

52

36º - Alongamento do tronco

o Posição inicial: em posição de 4 apoios, costas

direitas.

o Movimento: estender e arquear as costas,

enquanto estende o pescoço e empurra a

cabeça para trás. Regressar lentamente à

posição inicial.

o Respiração: mesma do anterior.

37º - Torção controlada

o Posição inicial: sentar direita com os pés bem

apoiados no chão. Braços cruzados sobre o

peito, mãos nos ombros.

o Movimento: girar o tronco e a cabeça, olhando

por cima do ombro direito. Regressar

lentamente à posição inicial e repetir para o

lado esquerdo.

o Respiração: inspiração na torção, com

expiração no regresso à posição inicial.

38º - Alongamento oval dos ombros

o Posição inicial: mãos colocadas numa

superfície à sua frente, posicionadas debaixo

dos ombros, com os dedos ligeiramente

afastados a apontar para dentro. Arredondar a

zona superior das costas.

Fig. 66. Alongamentodo tronco.

Fig. 67. Torçãocontrolada.

Fig. 68. Alongamentooval dos ombros (1).

Actividade Física no Período Pós-Parto

53

o Movimento 1: empurrar o ombro direito na

direcção da mão esquerda, cabeça voltada

para esquerda. Sentir alongamento no ombro

direito e pescoço.

o Movimento 2: baixar o peito a direito para o

centro do espaço existente entre as mãos.

Sentir o alongamento na parte anterior dos

ombros e ao longo do peito.

o Movimento 3: deslizar para a direita,

empurrando o ombro esquerdo na direcção da

mão direita, com a cabeça voltada para a

direita. Sentir o alongamento no ombro

esquerdo e pescoço.

o Respiração: contínua e lenta.

o Repetir todo o movimento, começando na

direcção oposta.

Fig. 69. Alongamentooval dos ombros (2).

Fig. 70. Alongamentooval dos ombros (3).

Fig. 71. Alongamentooval dos ombros (4).

Actividade Física no Período Pós-Parto

54

39º - Flexão / extensão da cabeça

o Posição inicial: sentada ou em pé, costas

direitas.

o Movimento 1: flexão da cabeça sobre o peito.

o Respiração 1: expiração.

o Movimento 2: extensão da cabeça para trás.

o Respiração 2: inspiração.

40º –Inclinação da cabeça

o Posição inicial: sentada ou em pé, costas

direitas.

o Movimento: inclinação da cabeça sobre o

ombro direito. Regressar à posição inicial e

repetir para o lado esquerdo.

o Respiração: expiração durante a inclinação,

inspiração no regresso à posição inicial.

Fig. 72. Flexão/extensão da cabeça

(1).

Fig. 73. Flexão/extensão dacabeça (2).

Fig. 74. Inclinaçãoda cabeça.

Actividade Física no Período Pós-Parto

55

41º - Saudação ao sol

o Posição inicial: em pé, com os pés afastados à

largura dos ombros.

o Movimento: estender os membro superiores

para cima, empurrando as omoplatas e caixa

torácica para baixo. Palmas das mãos viradas

para o tecto, mas dedos a apontar para o

chão. Cabeça levantada.

o Respiração: inspiração profunda durante a

elevação, expiração no regresso à posição

inicial.

Objectivos ( 33º a 41º):

- alongamento geral de todo o corpo;

- relaxamento;

- retorno à calma.

Fig. 75. Saudaçãoao sol.

Actividade Física no Período Pós-Parto

56

IV –Reflexão conclusiva

A revisão bibliográfica efectuada aponta no sentido de que a actividade

física neste período deverá ser parte integrante da profunda mudança do estilo

de vida sofrida da mulher. Desta forma, poderá usufruir dos seus benefícios

numa fase que será por si só bastante desgastante. Com efeito, os autores

consultados indicam que o exercício ajudará a recém-mãe a adquirir a energia

necessária para as tarefas diárias, cada vez mais exigentes à medida que o

bebé cresce e aumenta o seu peso e tamanho.

Para além de surgir como um meio de regresso à figura pré-gravidez, o

exercício físico permite uma melhoria do humor e auto-estima, bem como da

imagem corporal, bastante influenciada pela recente gestação. Da mesma

forma, o exercício de resistência muscular poderá ser um meio de colmatar a

perda de densidade mineral óssea induzida pela lactação.

Os artigos e estudos consultados desmentem também alguns mitos

associados aos perigos da prática de exercício após a gravidez. Quando

moderado, o exercício não afecta a produção nem a composição do leite

materno, ou o crescimento do bebé. Da mesma forma, os exercícios a nível do

pavimento pélvico são aconselhados para a prevenção de incontinência

urinária à posteriori.

No entanto, de forma a criar programas efectivos, é necessário ter em

consideração os factores ou situações que poderão impedir a mulher de se

exercitar neste período, como falta de tempo ou fadiga causadas pelas

exigentes tarefas maternas, desconforto a nível mamário, falta de apoio no que

concerne aos cuidados do bebé, bem como uma possível situação de

incontinência urinária já desenvolvida.

De forma geral, os principais objectivos, para além da tão desejada

recuperação da forma física e figura corporal prévias à gravidez, passarão por

um aumento equilibrado da tonicidade e força musculares, a obtenção de uma

boa postura e um bom relaxamento, aspectos fundamentais para satisfazer as

novas exigências impostas pela maternidade.

Actividade Física no Período Pós-Parto

57

Obviamente, será fundamental a confirmação médica de não existir

nenhuma complicação ou patologia contra-indicada, para se proceder à

prescrição de exercício, que deverá levar em conta as características

fisiológicas e psicológicas inerentes a este período, tais como uma aumentada

laxidez mioarticular ou uma maior ansiedade.

Como profissionais da área, temos a responsabilidade de tentar

combater os mitos e preconceitos associados à prática de actividade física e

saúde da mulher em vários momentos da sua vida, como a fase da menarca,

gravidez, pós-parto ou menopausa.

Neste sentido, espero que este documento se constitua como um ponto

de partida para uma maior informação nesta área restrita, bem como para a

realização de estudos mais aprofundados e específicos no seio desta

população especial.

Actividade Física no Período Pós-Parto

58

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