Acto de Conhecer ou Conhecimento

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  • 8/6/2019 Acto de Conhecer ou Conhecimento

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    FILOSOFIA 11. ANO

    1. O conhecimento a priori aquele que depende da experincia . FALSO

    O conhecimento a priori aquele que no depende da experincia,isto , trata-se de um tipo de conhecimento que se baseia na razo(pensamento) . O conhecimento a priori diz respeito a todo o tipo deinformaes fornecidas pelas cincias exactas, como a Matemtica,ou pelos valores lgicos ou mesmo pelos nossos familiares e amigosque, pelo seu carcter evidente, no justificam discrdia . Exemplodisso so expresses como um solteiro no casado ou a + b = b+ a . A posio contrria o conhecimento a posteriori , baseado naexperincia, seja ela introspectiva ou sensvel .

    2 . A Gnosiologia a disciplina filosfica que trata dos problemasrelativos fundamentao do conhecimento humano . VERD ADE IR O

    3 . D esigna-se por Cepticismo a teoria filosfica que se dedica aoproblema da possibilidade do conhecimento, teoria que consideraque possvel conhecer a realidade . FALSO

    O Cepticismo uma doutrina filosfica ligada ao problema dapossibilidade do conhecimento, que defende que nenhum de ns,seres humanos, pode conhecer algo com verdade . D evemos,portanto, duvidar sempre daquilo que afirmado como

    minimamente credvel, tal como as Cincias Naturais baseadas naexperimentao . A posio contrria o D ogmatismo, que defendeque tudo pode ser conhecido com verdade, at o no observvel .

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    4 . O conhecimento vulgar sistemtico, pois representa uma formaorganizada de conhecimento . FALSO

    Na verdade, o conhecimento vulgar ou de senso comum

    assistemtico, visto que os conhecimentos formulados por esteapresentam uma enorme desorganizao, isto , so poucoestruturados e bastante dispersos .

    5 . Segundo o Realismo, h coincidncia entre as nossas ideias e omundo real . VERD ADE IR O

    ANLISE FE NOM E NOLGICA D O CONH E CIM E NTO

    A relao constitutiva do conhecimento dupla, mas no reversvel.O facto de desempenhar o papel de sujeito em relao a um objecto diferente do facto de desempenhar o papel de objecto em relao a umsujeito. No interior da correlao, sujeito e objecto no so, portanto,

    permutveis, a sua funo na sua essncia diferente. A funo do sujeitoconsiste em apreender o objecto; a do objecto em poder ser apreendido

    pelo sujeito e em s-lo efectivamente.

    N. Hartmann, in Les Principes d'une Mtaphysique de la Connaissance . Paris: Ed . Montaigne, 19 4 5, t . l, pp . 87-88

    A Fenomenologia uma disciplina que se dedica a descrever o acto deconhecer, onde intervm dois elementos opostos: por um lado, o sujeitocognoscente, que corresponde a um qualquer ser humano interessado emobter conhecimento e, por outro lado, o objecto conhecido, que podecorresponder, igualmente, a um ser humano, mas tambm a qualqueroutra coisa que seja possvel conhecer (objecto cognoscvel): uma pedra,uma doena, a Pr-Histria, lendas e tradies, entre outras . A relaoque se estabelece entre estes dois elementos designa-se por acto de

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    conhecer ou, somente, conhecimento . Na anlise fenomenolgica doconhecimento, importante frisar que os elementos intervenientessurgem transcendentes, isto , encontram-se separados um do outro . Porm, por outro lado, existe uma relao recproca entre os elementos

    que intervm neste acto de conhecer, isto porque o sujeito s o emrelao ao objecto e, por seu turno, o objecto s o em relao ao sujeito . Na relao estabelecida entre o sujeito cognoscente e o objectoconhecido impossvel ocorrer permuta, visto que cada elemento possuiuma funo prpria . Tal como Hartmann refere no texto apresentado, nointerior da correlao (outra designao para denominar a relaoestabelecida entre sujeito e objecto que conduz ao conhecimento)

    sujeito e objecto no so ( ) permutveis . A funo do sujeito no actode conhecer , socorrendo-nos do excerto da obra de Hartmann,

    apreender o objecto , j a funo do objecto ser apreendido pelosujeito e em s-lo efectivamente . Assim, podemos referir que, no acto deconhecer, ocorre uma unificao entre sujeito e objecto, contudo no hquaisquer misturas .

    O acto de conhecer ocorre em trs fases: em primeiro lugar, o sujeitocognoscente sai da sua esfera em direco ao objecto a conhecer; deseguida, e fora da sua esfera, o sujeito apreende as qualidades do objecto;

    por fim, o sujeito regressa sua esfera com as qualidades apreendidas doobjecto . Na verdade, no acto de conhecer, as qualidades do objecto nolhe so removidas, mas sim capturadas pelo sujeito, ficando na sua mente,sob a forma de imagem ou representao .

    D este modo, podemos concluir que, no acto de conhecer, o objectono sofre quaisquer tipos de alteraes, enquanto o sujeito, por seuturno, ficar mais enriquecido, visto que se mentalizou de novasinformaes e que a representao mais no que o resultado do acto de

    conhecer protagonizado pelo sujeito cognoscente e pelo objectoconhecido .

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    OR IGE M D O CONH E CIM E NTO

    " Admitamos, pois, que, na origem, a alma como uma tbua rasa, sem

    quaisquer caracteres, vazia de ideia alguma: como adquire ideias? ( )Onde vai ela buscar todos esses materiais que fundamentam os seusraciocnios e os seus conhecimentos? Respondo com uma palavra: experincia.

    J. Locke

    A perspectiva sob a origem do conhecimento que est subjacente aotexto , nitidamente, o empirismo . Por um lado, o autor do textoapresentado (John Locke) um conhecido defensor desta correntefilosfica; por outro lado, o excerto remete-nos para um esprito humanovazio, como uma tbua rasa, sem quaisquer caracteres . Ora, esta umadas principais caractersticas defendidas pelos empiristas, ou seja, paraeles, todo o ser humano nasce sem quaisquer ideias inatas, como se fosseuma folha em branco . Por fim, outra caracterstica bem patente no textoque conduz, imediatamente, a uma posio empirista prende-se com altima afirmao proferida pelo autor do texto: Respondo com umapalavra: a experincia . Esta , claramente, uma afirmao que comprova

    a posio apresentada no excerto, visto que, sobre a problemtica daorigem do conhecimento, somente o empirismo defende, convictamente,que a nica fonte de conhecimento existente a experincia sensorial .

    Outras caractersticas que podemos apontar sobre esta posio relativa origem do conhecimento, que contrastam com a doutrina racionalistadefendida por conhecidos filosficos como Plato ou Ren D escartes, soo facto de somente se limitarem observao de factos concretos,rejeitando questes do oculto ou do sobrenatural e a importnciaatribuda ao objecto, elemento fundamental na activida de experimentaldefendida por esta doutrina filosfica .

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    " Agora fecharei os olhos, taparei os ouvidos, porei de parte todos ossentidos, apagarei tambm do meu pensamento todas as co isascorpreas, ou pelo menos, no as tomarei em conta, por vazias e falsas,e, dialogando s comigo prprio, procurarei tornar -me a mim prprio

    progressivamente mais conhecido e familiar. " R. Descartes

    Este texto apresenta uma posio completamente contrastante com aanteriormente analisada . O excerto aqui exposto da autoria de RenD escartes, um dos mais conhecidos racionalistas, a par de Plato, quesculos antes tinha evidenciado uma posio semelhante do francs .

    Como comprovao de que o texto apresentado est directamente

    relacionado com a posio racionalista ou com a doutrina filosficadenominada Racionalismo, observemos o primeiro trecho: Agora fechareios olhos, taparei os ouvidos, porei de parte todos os sentidos . Trata-se,evidentemente, de uma crtica perspectiva empirista da origem doconhecimento, que tem como base de obteno do conhecimento aexperincia sensorial, dos sentidos de que o corpo dispe (tacto, audio,viso, olfacto e paladar) . Como sabemos, a perspectiva empirista contrria racionalista, na medida em que esta ltima coloca, acima detudo, a Razo como fonte de conhecimento . Por outro lado, a perspectivaracionalista da origem do conhecimento advoga que os sentidos so, porvezes, enganadores e no devem ser fonte de obteno de conhecimento,atribuindo a importncia principal no acto de conhecer ao sujeito que, noseu entender, possui ideias inatas, que nascem consigo e soindesmentveis . Os racionalistas, adeptos das cincias exactas, como aMatemtica, defendem, convictamente, que a sua posio conduz formulao de afirmaes logicamente necessrias e universalmentevlidas .

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    CONH E CIM E NTO CI E NTFICO E MTO D O CIE NTFICO

    Os factos existem nossa volta para serem observados; contudo, no

    podemos observar a sua organizao ulterior. Esta tem de ser descoberta passo a passo, sendo necessrio verificar ou refutar cada passo. O processo de testar o modelo proposto pelo cientista para a organizaoda natureza, de forma a averiguar se novos factos se coadunam ou nocom os j pertencentes ao modelo, a essncia do mtodo cientfico.

    J. Bronowski

    No texto apresentado, Bronowski remete-nos para a importncia doconhecimento cientfico e para o mtodo a utilizar pelos cientistas /investigadores na busca do conhecimento .

    Relativamente ao conhecimento cientfico e s suas caractersticas importante salientar o seu carcter fctico, isto , o cientista /investigador observa os factos e submete-os a uma anlise com rigor,caracterstica tipicamente cientfica e divergente com a impreciso dosenso comum, sem quaisquer tipos de opinies, eliminando, deste modo,a subjectividade e a parcialidade da investigao cientfica . No processo deinvestigao executado pelo cientista, este recorre formulao dehipteses ou sistemas de hipteses teorias, com base emconhecimentos prvios, evidenciando assim um carcter metdico nainvestigao cientfica, visto que todo o cientista parte para umainvestigao sabendo o que busca e o que fazer para encontrar o quepretende . Por outro lado, a investigao cientfica revela umaespecializao, isto , a Cincia encontra-se dividida em reasinterdependentes, como a Bioqumica, que apresenta um leque decientistas bastante especializados nas reas que integram . Podemos aindaclassificar o conhecimento cientfico como verificvel, isto , toda aobservao realizada submetida experimentao, que vai comprovarou no as hipteses anteriormente formuladas, mas tambm sistemtico,isto porque a Cincia consiste num sistema de ideias logicamente ligadasentre si, que recorrem a cincias exactas, como a Matemtica,evidenciando um carcter racional, geral, visto que o raciocnio executado

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    do tipo indutivo, partindo de questes particulares para leis gerais,demonstrando assim o seu carcter legislador . Possui a capacidade deprever o futuro a longo prazo, como sucede com a temtica das alteraesclimticas, to debatida nos ltimos anos, como tambm se revela capaz

    de conhecer aquilo que foi o passado, recorrendo a fsseis e outrosvestgios susceptveis de dar a conhecer os perodos histricos que nosantecederam ou at a origem do Universo, com a formulao da Teoria doBig Bang . Por fim, devemos salientar que a Cincia evidentementeaberta crtica construtiva de toda a comunidade, visto que possui umcarcter falvel e nega a existncia de dogmas impossveis de contestar . Como habitualmente ouvimos dizer, a Cincia est em constanteprogresso e evoluo em busca do verdadeiro conhecimento .

    Por outro lado, e relativamente s etapas do mtodo cientfico, estenecessita, para uma correcta execuo, de ultrapassar diversas fases comcaractersticas diferentes, mas com significativa importncia . Toda ainvestigao cientfica se inicia com a observao dos factos, como revelaa primeira afirmao do autor do texto: Os factos existem nossa voltapara serem observados . Trata-se de uma fase primordial em qualquerinvestigao cientfica . Assim sendo, fundamental realiz-la de um modominucioso e com o mximo de rigor cientfico, no deixando obviamente

    de parte as sofisticadas tecnologias actualmente existentes, que permitemvalorizar a observao cientfica, como por exemplo os microscpios ou ostelescpios . A observao representa no s uma fonte de informao,como tambm um juiz que julga as teorias, at data da investigao,existentes, aprovando-as ou refutando-as . Toda a observao deve serrealizada num nmero significativamente elevado para comprovardefinitivamente a veracidade ou falsidade de uma teoria precedente . Afase seguinte do mtodo cientfico a formulao de hipteses, queconsiste em conceber determinadas explicaes provisoriamente aceites,realizadas com base em conhecimentos prvios adquiridos pelo cientista . A esta fase segue-se a experimentao, que ir comprovar ou refutar ashipteses formuladas . Caso o resultado da experimentao seja favorvel,sero formuladas leis cientficas, que constituem teorias universalmenteaceites e devidamente comprovadas .