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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA ENERGIA E FENÔMENOS DE TRANSPORTE ACUMULADOR DE ENERGIA TÉRMICA DE RESINA POLIÉSTER CRISTAL COM CATALISADOR por Luís Fernando Konzen Paulo Dambros Menin Trabalho Final da Disciplina de Medições Térmicas Professor Paulo Smith Schneider Professora Letícia Jenisch Rodrigues Porto Alegre, dezembro de 2014.

ACUMULADOR DE ENERGIA TÉRMICA DE RESINA … · universidade federal do rio grande do sul escola de engenharia departamento de engenharia mecÂnica energia e fenÔmenos de transporte

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ENERGIA E FENÔMENOS DE TRANSPORTE

ACUMULADOR DE ENERGIA TÉRMICA DE RESINA POLIÉSTER CRISTAL COM

CATALISADOR

por

Luís Fernando Konzen

Paulo Dambros Menin

Trabalho Final da Disciplina de Medições Térmicas

Professor Paulo Smith Schneider

Professora Letícia Jenisch Rodrigues

Porto Alegre, dezembro de 2014.

RESUMO

Partindo-se de resina poliéster cristal com catalisador, com massa total de 1 kg, procura-se

conceber, construir e ensaiar um acumulador térmico que apresente o menor tempo de resposta

para um regime de acumulação e descarga de energia quando submetido a uma corrente forçada

de ar a uma certa temperatura prescrita. A construção de indicadores e medição de parâmetros

referentes à corrente de ar, como temperatura e vazão, também fazem parte deste trabalho. A

construção do acumulador baseia-se no princípio de menor tempo de resposta, levando-se em conta

toda a dificuldade de transmissão térmica apresentada pelo material para a construção do

acumulador. Sendo assim, com base nas áreas do conhecimento relacionadas ao assunto,

principalmente mecânica dos fluídos e transferência de calor, procura-se confinar a maior parte do

escoamento dentro de seções com a maior área de troca térmica possível, possuindo pouco

comprimento e com certo nível de turbulência, visando a maximização da troca térmica,

utilizando-se também de ensaios práticos para o ajuste de parâmetros do acumulador. Sua forma

final aproxima-se da vista em radiadores: placas alinhadas, tanto na vertical como na horizontal.

As placas são solidificadas buscando-se a menor espessura possível. A dificuldade no manuseio

da resina solidificada cria grandes dificuldade na construção, principalmente na união das várias

placas, o que não significam desvios nos projetos iniciais. Após ensaio, tal acumulador apresenta

constante de tempo de 534 segundos. Quanto aos indicadores de temperatura e pressão, estes têm

grande influência do conteúdo aprendido na disciplina, principalmente no que tange à construção

dos mesmos. Para a temperatura, frente a disponibilidade, usa-se um NTC e em relação ao medidor

de vazão, um tubo de Pitot. Com o intuito de reduzir ao máximo os erros destes instrumentos, a

calibração destes mostra-se muito importante, assim como o levantamento de dados

termodinâmicos, como a massa específica do ar em certa temperatura.

ABSTRACT

Starting from crystal polyester resin with catalyst, in a total mass of 1 kg, seeks to design, build

and test a heat accumulator to produce the lowest response time for a regime of accumulation and

discharge of energy when subjected to a forced current of air at a certain prescribed temperature.

The construction of indicators and air flow measurement parameters, such as temperature and flow

rate, were also part of this project. The construction of the accumulator is based on the principle

of shorter response time, taking into account all the heat transfer difficulties presented by the

material for construction of the accumulator. Thus, based on areas of knowledge related to the

subject, particularly fluid mechanics and heat transfer, searched up to confine most of the flow in

sections with the greatest possible heat exchange area having small length and a certain level

turbulence in order to maximize heat transfer, using also practical tests to adjust accumulator

parameters. Its final shape looks like radiators: line boards, both vertically and horizontally. The

plates are solidified seeking the lowest thickness possible. The difficulty in handling the solidified

resin creates great difficulty in building, especially at the junction of several plates, which does

not mean deviations in initial projects. After testing, this accumulator presents 534 second of time

constant. As for the temperature indicators and pressure, they have great influence of the content

learned in the discipline, especially with regard to the construction thereof. For the temperature

front availability, it uses an NTC and in relation to the flow meter, a Pitot tube. The calibration of

these instruments proved to be very important in order to reduce their errors to a minimum, as well

as the survey of thermodynamic data such as air density at a given temperature.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

LETA Laboratório de Ensaios Térmicos e Aerodinâmicos

NTC Negative Temperature Coefficient

PVC Policloreto de Vinila

LISTA DE SÍMBOLOS

Símbolo Descrição Unidade

A Área da superfície de troca térmica [m2]

h Coeficiente de transferência de calor por convecção [W/(m².K)]

q Taxa de transferência de calor [W]

ΔT Diferença entre a temperatura do fluido e da superfície [K]

R Resistência [Ω]

T Temperatura [ºC]

TOP Temperatura de operação na seção de ensaio [ºC]

to Tempo inicial [s]

tf Tempo final [s]

P Pressão [Pa]

Rg Constante do Gás em questão [J/(Kg.K)

tCD Tempo de resposta para um regime de acumulação e

descarga de energia térmica

[s]

δ Espessura da camada limite [m]

Vazão [m³/s]

Vm Velocidade média do escoamento [m/s]

Ac Área da seção transversal da tubulação [m2]

𝑝0 Pressão de estagnação do escoamento [Pa]

𝑝 Pressão estática do escoamento [Pa]

𝜌 Massa específica [kg/m³]

K’ Adimensional da placa de orifício -

w Peso para o cálculo de velocidade média -

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................7

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..........................................................................................8

2.1 Acumuladores Térmicos .................................................................................................8

2.2 Medidores de Vazão e Temperatura ..............................................................................8

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 10

3.1 Transferência de Calor por Convecção ....................................................................... 10

3.2 Medição de Vazão ......................................................................................................... 11

3.3 Medição de Temperatura ............................................................................................. 12

3.4 Propagação de Incertezas de Medição ......................................................................... 13

4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 13

4.1 Fabricação do Acumulador .......................................................................................... 14

4.2 Fabricação e Calibração do Medidor de Vazão ........................................................... 15

4.3 Calibração do Medidor de Temperatura ..................................................................... 15

4.4 Ensaio ............................................................................................................................ 16

5 RESULTADOS ................................................................................................................ 18

5.1 Calibração do NTC ....................................................................................................... 18

5.2 Calibração do Tubo de Pitot......................................................................................... 19

5.3 Ensaio com o acumulador ............................................................................................ 20

6 CONCLUSÕES ............................................................................................................... 21

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 22

7

1 INTRODUÇÃO

Sistemas de acumulação de energia térmica são equipamentos muito úteis em situações

nas quais a incidência de energia térmica possui caráter cíclico, como, por exemplo em um

secador solar de frutas, no qual durante o dia o ar aquecido passa por um leito de acumulação,

aquecendo-o, e a noite este libera energia ao meio, fazendo com que a secagem não seja

interrompida.

Entretanto, sua construção não é simples, visto os inúmeros fenômenos envolvidos,

como os estudados em transferência de calor e mecânica dos fluídos. Somados as estas questões

teóricas da construção de um acumulador, a parte de fabricação do mesmo é de suma

importância, visto que para pôr-se me prática uma determinada ideia, tem-se que ter meios para

construí-la, caso contrário a ideia não terá muita utilidade.

Tão importantes quanto um acumulador eficiente, são também os instrumentos de

medição utilizados na determinação das características do escoamento da bancada de ensaio,

como velocidade (vazão) e temperatura. Saber a temperatura do escoamento é importante visto

a dependência que a massa específica do ar possui em relação a este parâmetro, ou seja, um

erro na determinação da temperatura irá consequentemente levar a um erro na determinação da

velocidade do escoamento, pois a velocidade depende diretamente da massa específica do

fluído.

Entretanto, realizar uma medição sem erro é algo impossível, visto os inúmeros

fenômenos envolvidos, as hipóteses simplificadoras feitas na construção de relações

matemáticas dos fenômenos físicos e também as imperfeições nos instrumentos de medição,

entre outros. Erros são comuns em medições, mas a grande questão é o tamanho deste erro.

Instrumentos com grande erro, não são adequados, pois não traduzem a realidade do

mensurando, e instrumentos com quase nenhum erro também não são adequados para a maioria

das aplicações, visto o investimento necessário na construção do mesmo.

Com base em tudo isso, então, procurou-se conceber, construir e ensaiar um acumulador

térmico que apresentasse o menor tempo de resposta para um regime de acumulação e descarga

de energia quando submetido a uma corrente forçada de ar a uma certa temperatura prescrita,

causando a menor perda de carga possível ao sistema. Dentre as limitações do projeto, estavam

o material e sua massa: resina poliéster cristal com catalisador, com massa total de 1 kg.

Também, as dimensões máximas da estrutura, referentes à bancada de ensaio montada para a

verificação do projeto, tiveram seus valores estipulados. Além disso, procurou-se conceber e

realizar a construção ou aquisição dos tipos de instrumentos mais adequados aos parâmetros da

bancada de teste, prezando por diminuir ao máximo qualquer tipo de erro de medição.

8

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Acumuladores Térmicos

Entre os mais variados modelos de acumuladores térmicos existentes são encontradas

diferentes técnicas empregadas para realizar a acumulação de energia. Modificar materiais,

utilizar materiais em mudança de fase, alterar geometrias e massas são algumas formas

empregadas para maximizar o acumulo de energia ou diminuir a constante de tempo de

acumuladores térmicos. No caso deste projeto existem restrições de massa e material, de forma

que o acumulador projetado ficou restrito à mudança de forma para se obter a menor constante

de tempo quando submetido a uma corrente forçada de ar.

Em um estudo de Garcia e Mitsos, 2014, onde são avaliados a eficiência e o tempo de

descarga de um acumulador de calor sensível, é constatado que a resistência convectiva para

troca de calor diminui consideravelmente quando o acumulador é submetido a um fluido de

troca térmica em regime turbulento. Desta forma a resistência condutiva acaba tendo uma

importância considerável na eficiência de troca térmica. Levando isto em consideração, a

geometria passa a ter um peso maior quando o acumulador estiver submetido a regimes

turbulentos.

Devido à importância de um escoamento turbulento pela superfície do acumulador,

algumas modificações geométricas podem ser adotadas para ampliar esta turbulência. A

inclusão de obstáculos na superfície de escoamento é uma opção para aumentar a turbulência e

a troca térmica, este fenômeno pode ser observado em um estudo de Yemenici et. al., 2012, no

qual foi verificado um aumento do coeficiente de transferência de calor quando adicionados

blocos que perturbavam o escoamento, tanto em condições laminares como turbulentas.

Outro modo de aumentar a troca térmica é aumentando a superfície exposta ao

escoamento. Isso pode ser feito através da utilização de aletas, que podem ser construídas em

diferentes formatos de acordo com o escoamento, como mostra Incropera et. al., 2011.

A inclusão de aletas no projeto do acumulador térmico acaba sendo uma opção

interessante, pois além de aumentar a área de troca térmica, podem ser posicionadas de modo a

aumentar a turbulência do escoamento. Porém é necessário observar que o uso destas aletas

deve ser moderado, pois estas não devem obstruir consideravelmente o escoamento, visto que

uma alta vazão mássica do ar também é requisito do projeto.

2.2 Medidores de Vazão e Temperatura

Quanto aos medidores de vazão, Schneider, 2011, faz um levantamento geral de

características e peculiaridades de uma ampla variedade de instrumentos para este fim. Indica

também cuidados referentes aos equipamentos, como no caso do Tubo de Pitot, no qual para

diminuir os erros ou desvios durante a medição de velocidade a sonda deve estar sempre

alinhada à corrente de escoamento, caso não esteja, irão ocorrer desvios na leitura de pressão

estática e de estagnação. E ainda em relação a este, afirma que em casos transientes o Tubo de

Pitot não é o mais indicado.

No que diz respeito à medição da temperatura, Schneider, 2011, em outra de suas obras,

traz também um aparato geral das muitas formas possíveis de se medir temperatura: com

termômetros de expansão, nos quais uma substância expandida pela temperatura provoca

mudança de comprimento, volume ou pressão; com termômetros de resistência elétrica, que

apresentam variação de resistência com a mudança de temperatura; com termopares, que são

9

dispositivos que medem uma diferença de tensão gerada quando suas extremidades estão a

temperaturas distintas, entre outros. Principalmente, mostra de forma clara a importância do

processo de calibração dos instrumentos de medição de temperatura para a obtenção de bons

resultados.

10

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Transferência de Calor por Convecção

A equação base para toda a análise relativa à construção do acumulador é a equação da

taxa de transferência de calor, cujo valor em W é dado pela equação 1:

𝑞 = ℎ𝐴𝛥𝑇

(1)

Onde h é a é o coeficiente de transferência de calor por convecção (W/(m².K)), A é a área da

superfície de troca térmica, em m², e ΔT é a diferença entre a temperatura do fluído e da

superfície (K). O coeficiente h, entretanto, não é constante, visto as características do fluxo.

Pode-se dizer que, considerando o escoamento de um fluído sobre uma placa, cada ponto possui

um coeficiente convectivo diferente, conforme Figura 1. Assim, uma taxa de transferência de

calor diferente para cada ponto, considerando-se A e ΔT constantes.

Figura 1 – Variação do coeficiente de transferência de calor por convecção h em função do

regime de escoamento (Fonte: Incropera, 2011).

Nela, vê-se a dependência do número coeficiente h e também da camada limite δ, em

relação à característica laminar ou turbulenta do fluído, atributo este que pode ser verificado

pelo número de Reynolds. No cálculo de tal, há uma dependência diretamente proporcional à

distância Xc, apresentada na figura 1. Logo, quanto maior Xc na região de turbulência, menor

será h, podendo este até tornar-se inclusive menor que o coeficiente na zona de transição entre

o regime laminar e a região de transição.

Outro ponto importante é a diferença de temperatura do fluído ao longo da superfície de

contato, de forma que esta diminui ao longo do comprimento, devido à troca térmica com as

paredes. Sendo assim, quando mais longa a superfície de contato, menor será a diferença de

temperatura entre o fluido de trabalho e a superfície.

11

Quando o escoamento encontra-se confinado, entretanto, outras características devem

ser levadas em conta, como por exemplo o número de Nusselt, que nos dá indicativos de

características do escoamento.

3.2 Medição de Vazão

Em relação à instrumentação, a medição de vazão pode ser resumida numa medição de

velocidade do escoamento, na qual a vazão é obtida através da equação 2:

= 𝑉𝑚𝐴𝐶

(2)

Nesta, a vazão é dada m³/s, Vm é a velocidade média do escoamento e Ac é a área da

seção transversal da tubulação.

A determinação da velocidade transversal de escoamento como a utilização do tubo de

Pitot é apresentação na equação 3:

𝑉 = √2(𝑝0−𝑝)

𝜌

(3)

Onde 𝑝0 é pressão de estagnação do escoamento em Pascal, 𝑝 é a pressão estática do

escoamento também em Pascal e 𝜌 é a massa específica do fluído de trabalho, em kg/m³. A

massa específica, em todos os cálculos, é dada em função tanto da temperatura quando da

pressão, conforme equação 4.

𝜌 =𝑃

𝑅𝑔𝑇

(4)

Existem certas maneiras de realizar a aquisição das pressões em questões, uma delas, a

qual é a mesma utilizada neste trabalho, é apresentada na Figura 2.

Figura 2 - Pontos de aquisição das pressões, Tubo de Pitot (Fonte: Schneider, 2011).

Realizar a medição da pressão de estagnação em um só ponto e considerar esta como

sendo a velocidade de todo o escoamento (Vm) é um tanto quanto arriscado. Uma técnica usada

para melhorar o valor de Vm é realizar a medição da pressão de estagnação em vários pontos

ao longo do raio, calcular a velocidade naquele ponto e multiplicá-la por um determinado peso

(w), sendo que no fim a velocidade média do escoamento será dada pela equação 5:

𝑉𝑚 = ∑ 𝑉𝑖𝑤𝑖𝑛1

(5)

A tabela de pesos de acordo com 4 métodos diferentes de aquisição dos dados pode ser

vista na Figura 3.

12

Figura 3 - Disposição dos pontos de medição por amostragem de acordo com 4 métodos de

medição (Fonte: Schneider, 2011).

3.3 Medição de Temperatura

Para realizar a medição de temperatura é necessário um equipamento que opere

adequadamente na faixa de temperaturas de trabalho. Dado o tamanho reduzido e o baixo custo,

o sensor NTC se mostrou uma boa opção para realizar as medidas de temperatura durante o

ensaio.

O sensor NTC é um termistor, sendo assim possui um comportamento não-linear e

apresenta uma diminuição de resistência com o aumento da temperatura, como mostra a Figura

4. Este sensor é fabricado a partir de um material semicondutor que pode apresentar uma ampla

variação de resistência com a variação de temperatura, podendo apresentar valores de 10 kΩ a

0 ºC até 200Ω a 100 ºC.

13

Figura 4 – Comportamento da resistência de um sensor NTC em função da temperatura

(Fonte: Schneider, 2012)

O comportamento da resistência do NTC pode ser representado pela relação apresentada

na equação 6:

(6)

na qual A e B são constantes.

3.4 Propagação de Incertezas de Medição

Ao utilizar dados medidos para calcular novas grandezas, os erros associados às

grandezas medidas serão propagados para as novas grandezas calculadas. Este novo erro gerado

pode ser calculado através da Equação 7, onde se define a incerteza a partir de Kline e

McClintock (MOFFAT, 1988), que leva em consideração os erros das variáveis associadas à

nova grandeza.

(7)

14

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Fabricação do Acumulador

O formato pensado para o acumulador apresentar o menor tempo de resposta para

acumulação e descarga de energia térmica consistiu em uma geometria formada por placas

planas e finas, encaixadas de modo a formar uma espécie de grelha, por onde passa o

escoamento de ar quente. Procurou-se usar somente parte do comprimento disponível da seção

de ensaio, para que a diferença de temperatura entre a superfície e o fluído de trabalho não

alcançasse valores muito pequenos. Dado que o material utilizado para a fabricação do

acumulador térmico foi resina poliéster cristal com adição de catalisador, foi necessária a

fabricação de um molde onde a resina foi vazada para gerar a geometria desejada. O molde

utilizado é aberto e possui um fundo formado por uma lâmina de plástico e laterais formadas

por ripas de madeira colocadas em um formato retangular, de forma que a resina vazada dentro

da área retangular formasse uma chapa de aproximadamente 2 mm de espessura, conforme a

Figura 5 abaixo:

Figura 5 - Molde para fabricação da chapa de resina poliéster.

Com a chapa pronta, foram então cortadas as peças necessárias para a montagem do

acumulador com o auxílio de um disco de corte. Após a montagem foi adicionado ainda cerca

de 200g de resina sobre a superfície do acumulador para conferir maior rigidez e completar a

massa prevista em projeto de 1000 ± 50 g. O projeto do acumulador térmico pode ser visto na

Figura 6, assim como o acumulador pronto, na figura 7.

Figura 6 – Projeto do acumulador térmico. Figura 7 - Acumulador térmico construído.

15

4.2 Fabricação e Calibração do Medidor de Vazão

Entre os medidores analisados, o que foi considerado com maiores vantagens para a

proposta do ensaio realizado foi o tubo de Pitot. Por apresentar mínima interferência no

escoamento, menores são as chances de erros de leitura devido a essa interferência, além disso,

problemas de lentidão na leitura de pressão diferencial devido à variação de vazão que tubos de

Pitot podem apresentar não estarão presentes, pois o ensaio não é feito com bruscas mudanças

de velocidade. A principal característica que levou a sua escolha, foi a facilidade de fabricação

deste instrumento. A Figura mostra este em seu formato final.

Figura 8 - Vista externa e interna do tubo de Pitot.

Note que no mesmo foram utilizados como tomadas de pressão de estagnação dois

“tubinhos de pirulito”, os quais possuíam formato propicio para tal fim. A sua disposição foi

feita com base na figura 3, para auxiliar a obtenção da Velocidade média (Vm) e, por fim, da

vazão.

Um problema, no entanto, da utilização do Tubo de Pitot para a medição de velocidade

de escoamento de ar a baixas velocidades é o fato da diferença entre a pressão de estagnação,

𝑝0, e a pressão estática, 𝜌, ser muito pequena, o que gera algumas dificuldade quanto à sua

determinação. Tal dificuldade já era esperado quando da escolha do equipamento, e teve o seu

peso diminuído frente a disponibilidade de se usar um tubo em U inclinado do LETA.

4.3 Calibração do Medidor de Temperatura

O medidor de temperatura utilizado no ensaio foi um sensor NTC, devido à sua pequena

dimensão, o que causa uma menor obstrução no escoamento. Este sensor foi calibrado por

comparação utilizando um sensor PT100 calibrado e com a seguinte curva de operação:

T(ºC) = 2,5651R(Ω) - 257,54

(8)

A calibração foi realizada imergindo os dois sensores juntos em uma garrafa térmica

com água aquecida. Com o auxílio de um multímetro foram registradas as resistências de cada

sensor para diferentes temperaturas da água, que diminuía a medida que era adicionada água

fria na garrafa térmica.

Após a calibração o sensor NTC foi posicionado em uma estrutura tubular para de PVC

com diâmetro de 100 mm para o correto posicionamento do sensor na bancada durante o ensaio,

como mostra a Figura 9. Para realizar as medições de temperatura foi utilizado um multímetro

UNI-T modelo UT71 E. Este equipamento possui na escala utilizada de 400Ω uma resolução

de 0,01Ω e uma incerteza associada de ± (0,3% + 8), o que corresponde a 0,3% do valor medido

16

combinado com 0,08 Ω. Com estes dois valores é possível então calcular o erro combinado

associado à incerteza deste instrumento.

Figura 9 - Sensor NTC em estrutura tubular.

4.4 Ensaio

O ensaio do acumulador foi realizado na bancada de ensaios mostrada na Figura 10:

Figura 10 - Esquema de montagem da bancada de ensaios

(Fonte: Edital do projeto, 2014)

O ensaio consistiu em posicionar o acumulador térmico na Seção de Ensaio (6) e medir

a evolução da temperatura em regime de descarga e carga de calor na seção de ensaio (7). A

evolução esperada da temperatura na saída da seção de ensaio pode ser visualizada na Figura

11.

A geometria adotada na construção do acumulador térmico visa a obtenção do menor

tempo tCD, que corresponde a 63% da evolução da temperatura a partir da temperatura mínima

até a temperatura de operação TOP do ar. Outra função da geometria adotada é gerar a menor

perda de carga possível na Seção de Ensaio, o que foi medido através de manômetros nas seções

(5) e (7).

17

Figura 11 - Evolução esperada da temperatura na saída da seção de ensaio

(Fonte: Edital do projeto, 2014)

A tubulação da bancada foi feita de PVC com um diâmetro de 100 mm. O tubo de Pitot

e o NTC foram utilizados para medir vazão e temperatura na seção (3) e temperatura na seção

(8). Para gerar o fluxo de ar e o calor na tubulação foram utilizados um ventilador que gera uma

velocidade média de 3 m/s e um aquecedor que aquece o ar até cerca de 70 ºC. Na Figura 12 se

pode visualizar o ventilador e o aquecedor de ar.

Figura 12 - Aquecedor (esquerda) e ventilador utilizados

A seção de ensaio (Figura 13) possui dimensões internas de 46 cm de comprimento, 30

cm de largura e 15,5 cm de altura.

Figura 13- Seção de Ensaio

O acumulador construído possui uma massa de 964,3 g e dimensões de 25 cm de

comprimento, 29,5 cm de largura e 15 cm de altura.

18

5 RESULTADOS

5.1 Calibração do NTC

Os dados de resistência obtidos para os sensores NTC e PT100, assim como a

temperatura calculada pela curva de operação do PT100, para alguns dos vários valores

apurados, se encontram na tabela 1.

Tabela 1: Dados coletados para a calibração do NTC

R(Ω) NTC R(Ω) PT100 T(ºC)

148,47 131,55 79,898905

211,29 127,71 70,048921

253,51 125,54 64,482654

273,45 124,7 62,32797

309,34 123,6 59,50636

324,33 122,9 57,71079

345,9 122,4 56,42824

426,2 120,15 50,656765

468,3 117,1 42,83321

582,5 116,5 41,29415

1227,7 108,7 21,28637

A partir dos dados coletados foi possível calcular as curvas de calibração e de operação

do sensor NTC com o auxilio do software MS Excel. A curva de calibração foi definida através

de uma correlação exponencial, como pode ser visto na Figura 14. Aqui, todos os dados foram

utilizados.

Figura 14 - Curva de Calibração do Sensor NTC

A curva de operação do sensor NTC também foi definida, desta vez utilizando uma

correlação logarítmica, como pode ser visto na Figura 15.

Curva de Calibração do Sensor NTC

y = 2439,1e-0,035x

R2 = 0,9932

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

0 20 40 60 80 100

Temperatura (ºC)

Re

sis

tên

cia

)

Pontos Medidos

Expon. (Pontos Medidos)

19

Figura 15 - Curva de Operação do Sensor NTC

5.2 Calibração do Tubo de Pitot

A calibração do Tubo de Pitot foi feita utilizando-se como base o medidor utilizado pelo

LETA na tubulação, uma placa de orifício cuja equação base para sua vazão era dada por:

= 𝐾′𝐴𝑐 √2∆𝑃

𝜌

(9)

Nesta equação K’ possui o valor de 0,0993; e a área em questão é a tubulação.

A curva de calibração e operação do Tubo de Pitot podem ser vistas nas Figuras 16 e

17, respectivamente.

Figura 16. Curva de calibração do Tubo de Pitot.

Curva de Operação do Sensor NTC

y = -28,405Ln(x) + 221,94

R2 = 0,9932

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

Resistência (Ω)

Te

mp

era

tura

(ºC

)

Pontos Medidos

Log. (Pontos Medidos)

y = 1,5451x1,0848

R² = 0,9734

0

1

2

3

4

5

6

7

8

0 1 2 3 4 5

ΔP

Tu

do

de

Pit

ot

(mm

de

colu

na

de

águ

a)

Velocidade (m/s)

Curva de calibração, Tubo de Pitot

20

Figura 17. Curva de operação do Tubo de Pitot.

De maneira geral, a velocidade medida pelo Tudo de Piot foi em média 2,7 m/s maior

que a do instrumento padrão. Com os dados da velocidade, basta multiplicar-se a velocidade

por Ac e teremos então a vazão. Segundo nossos cálculos, esta possui o valor de 7,62 x10-3 m².

5.3 Ensaio com o acumulador

O acumulador foi ensaiado frente a um cenário de vazão e temperatura de escoamento

constantes a montante da seção de ensaio para verificação de sua velocidade de resposta. O

valor de vazão medido a montante da seção de ensaio foi de 0,024 m3/s, os dados coletados de

temperatura a jusante da seção de ensaio durante o ensaio podem ser visualizados na tabela 2.

Tabela 2 Dados coletados durante o ensaio

Tempo (s) T(ºC) a jusante da seção de ensaio

0 68,77

- 62,25 (temperatura mínima)

534 66,69

Vale salientar que o tempo começou a correr a partir da abertura da tampa da seção de

ensaio para posicionamento do acumulador. Após 534 segundos o ensaio foi encerrado, pois

neste instante foi atingido 63% da diferença máxima de temperatura obtida durante o ensaio.

Desta forma, pode-se definir o tempo tCD de resposta como sendo de 534 segundos para

o acumulador construído para este experimento.

y = 0,6979x0,8972

R² = 0,9734

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Vel

oci

dad

e (m

/s)

ΔP Tudo de Pitot (mm de coluna de água)

Curva de Operação - Tubo de Pitot

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6. CONCLUSÕES

Com base no conteúdo apresentado, foi realizada a construção do acumulador térmico

dentro dos parâmetros iniciais do projeto, visto a dificuldade de se trabalhar com a resina em

questão. O tempo de resposta, frente a um teste com vazão de 0,024 m3/s e temperatura de 68,77

ºC, foi de 534 segundos.

Quanto ao medidor de vazão, foi encontrada certa dificuldade na leitura das diferenças

de pressão em baixas velocidades, já esperada quando da escolha do Tubo de Pitot. Esta escolha

trouxe algumas complicações ao processo de medição de vazão, principalmente em relação à

baixa resolução do tubo em U utilizado para baixas diferenças de pressão, mesmo após a sua

calibração. Com a calibração, a velocidade indicada pelo Tubo de Pitot foi de 2,7 m/s maior

que a indicada pelo instrumento padrão.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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structures on thermoeconomic performance of solid thermal storage". Energy, 68, 2014.

INCROPERA, F.P., DEWITT, D.P..“Fundamentos de Transferência de Calor e de

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SCHNEIDER, P. S.. "Medição de Velocidade e Vazão em Fluidos". Porto Alegre,

Brasil, 2011.

SCHNEIDER, P. S.. "Termometria e Psicrometria". Porto Alegre, Brasil, 2012.

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YEMENICI, O., et. al. "An experimental investigation of flow and heat transfer

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