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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO Adaptação cultural e validação do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky em uma amostra de pacientes cardíacos brasileiros Rosana Aparecida Spadoti Dantas Ribeirão Preto 2007

Adaptação cultural e validação do Questionário de Senso de ... · FICHA CATALOGRÁFICA DANTAS, Rosana Aparecida Spadoti Adaptação cultural e validação do Questionário de

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO

Adaptação cultural e validação do Questionário de Senso

de Coerência de Antonovsky em uma amostra de pacientes

cardíacos brasileiros

Rosana Aparecida Spadoti Dantas

Ribeirão Preto

2007

ROSANA APARECIDA SPADOTI DANTAS

Adaptação cultural e validação do Questionário de Senso

de Coerência de Antonovsky em uma amostra de pacientes

cardíacos brasileiros

Tese apresentada à Escola de Enfermagem de Ribeirão

Preto da Universidade de São Paulo, para obtenção do

título de Professor Livre-Docente, referência MS-5, junto

ao Departamento de Enfermagem Geral e Especializada.

Ribeirão Preto 2007

FICHA CATALOGRÁFICA DANTAS, Rosana Aparecida Spadoti

Adaptação cultural e validação do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky em uma amostra de pacientes cardíacos brasileiros. Ribeirão Preto, 2007.

115 p. : il. ; 30cm

Tese de Livre Docência apresentada à Escola de Enfermagem de Ribeirão

Preto/USP.

1. Pesquisa metodológica em enfermagem. 2. Comparação transcultural. 3. Tradução (Processo). 4. Validação dos testes. 5. Reprodutibilidade dos testes.

Dedico este estudo àquelas pessoas queridas e

generosas que me fazem sentir como é bom estar

viva.

Ao meu marido, Márcio

Aos meus filhos adorados, Lucas e Marina

Aos meus pais e familiares

Agradecimentos

Várias pessoas foram importantes para a realização e conclusão

desta tese, mas algumas foram fundamentais.

Á vocês, Ana Emília Pace, Lídia Aparecida Rossi e Lívia Maria

Garbin, meu eterno agradecimento pelo companheirismo e solidariedade,

especialmente no final desta trajetória.

Agradeço, ainda, os docentes da Área de Enfermagem Cirúrgica e

as minhas pós-graduandas pelo incentivo.

Este trabalho foi subvencionado pela FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

Adaptação cultural e validação do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky

em uma amostra de pacientes cardíacos brasileiros

Resumo: A Teoria Salutogênica de Antonovsky tem como conceito central o senso de

coerência (SC) o qual é composto por três componentes: compreensão, manejo e significado.

Um forte SC permite ao indivíduo enfrentar os estressores presentes na vida cotidiana e se

manter saudável. Na Enfermagem, a relação entre SC e estratégias de coping tem sido

estudada em pacientes com diferentes condições crônicas, entre elas as doenças cardíacas. Os

objetivos deste estudo metodológico foram adaptar e testar as propriedades métricas (validade

e confiabilidade) da versão em português do Questionário de Senso de Coerência de

Antonovsky (QSCA). Ele possui 29 itens com respostas obtidas através de uma escala de sete

pontos, com os valores extremos variando de um (1) a sete (7). O intervalo possível para o

total da medida varia de 29 a 203, no qual quanto maior o valor, maior o SC. O processo de

adaptação seguiu os passos metodológicos, conforme preconizado pela literatura: tradução do

QSCA para a língua portuguesa; avaliação por um Comitê de Juízes; “back-translation” da

versão adaptada, comparação das duas versões em inglês; análise semântica dos itens; pré-

teste da versão adaptada e aplicação da versão final em português. Os dados foram coletados

período de março de 2005 e fevereiro de 2007, em um hospital universitário do interior de São

Paulo, tendo participado do estudo 203 sujeitos que estavam internados com diagnóstico de

doenças cardíacas. A validade de constructo do QSCA foi avaliada com testes de correlação

de Pearson entre as medidas do senso de coerência e de constructos correlatos (auto-estima e

depressão); a análise de componentes principais e teste para comparação de grupos distintos

(sexo, idade, escolaridade, renda e estado de saúde). A confiabilidade foi avaliada pela

consistência interna de seus itens (alfa de Cronbach). O nível de significância adotado foi de

0,05. A maioria dos participantes era do sexo masculino (55,2%), casados (66,5%), com idade

média de 54 anos e com cinco anos de escolaridade. Quanto às propriedades avaliadas, com

relação à validade de constructo da versão adaptada do QSCA obtivemos: correlações, fortes

e estatisticamente significantes, entre as medidas de senso de coerência e de depressão (r = -

0,61) e de auto-estima (r = 0,60)(validade convergente); diferença na medida de SC apenas

relacionada à renda dos participantes e a análise de componentes principais (análise fatorial)

do QSCA indicou a presença de um único componente, conforme preconizado pelo autor.

Com relação à confiabilidade, obtivemos um valor adequado para a consistência interna da

versão adaptada do QSCA (α = 0,78). Assim, podemos concluir que a versão adaptada para o

português do QSCA mostrou-se válida e confiável na amostra estudada. Novos estudos

necessitam ser realizados para testar essas propriedades em outros grupos de pacientes

brasileiros.

Descritores: Pesquisa metodológica em enfermagem; Comparação transcultural; Tradução

(Processo); Validade dos testes; Reprodutibilidade dos testes.

Cultural Adaptation and validation of the Antonovsky’s Sense of Coherence

Questionnaire in a sample of Brazilian cardiac patients

Abstract: The Salutogenic Theory’s central concept is the sense of coherence (SC) which is

composed of: comprehension, management and meaning. A strong SC permits the individual

to face stressing elements in daily life and keep healthy. In Nursing, the relation between SC

and coping strategies has been studied in patients with different chronic conditions, among

them the cardiac diseases. This methodological study aimed to adapt and test the metric

proprieties (validity and reliability) of the Portuguese version of the Antonovsky’s Sense of

Coherence Questionnaire (ASCQ). It possesses 29 items with responses obtained through a 7

point scale with extreme values varying from one (1) to seven (7). The interval possible for

the total measure varies from 29 to 203, in which the higher the value, the higher the SC. The

process of adaptation followed the methodology recommended in the literature: translation of

the ASCQ into the Portuguese language; evaluation by a Referee Committee, back-translation

of the adapted version, comparison of the two English versions; semantic analysis of the

items; pretest of the adapted version, and application of the Portuguese final version. The data

were collected in the period between March, 2005 and February, 2007 in a school hospital in

the interior of São Paulo, Brazil. A total of 203 hospitalized subjects diagnosed with cardiac

disease participated in the study. The validation of the ASCQ construct was evaluated through

Pearson correlation tests between the measures of sense of coherence and of correlated

constructs (self-esteem and depression); analysis of the main components (factorial analysis)

and test for comparison of distinct groups (sex, age, education, income, health condition). The

reliability was evaluated by the internal consistency of its items (Cronbach’s alpha). The level

of significance adopted was of 0.05. The majority of the participants were male (55.2%),

married (66.5%), average age of 54 years old and five years of school. Regarding the

proprieties evaluated, the construct validity of the QSCA adapted version obtained: strong and

statically significant correlations, between the measures of sense of coherence and depression

(r = -0.61) and self-esteem (r = 0.60) (convergent validity); differences in the SC measure was

related only to the participant’s income and the analysis of the ASCQ main components

(factorial analysis) indicated the presence of only one component according to the

recommended by the author. Regarding the reliability, we obtained an adequate valor for the

internal consistency of the ASCQ adapted version (α = 0.78). Therefore, we conclude the

ASCQ Portuguese adapted version is valid and reliable for the sample studied. New studies

need to be performed in order to test these proprieties in other Brazilian patients groups.

Descriptors: Nursing methodology research; Cross-cultural comparison; Translating; Validity

of tests; Reproducibility of results.

Adaptación cultural y validación del Cuestionario de Senso de Coherencia de

Antonovsky en una muestra de pacientes cardíacos brasileños

Resumen: El concepto central de la Teoría Salutogenica de Antonovsky es el Senso de

Coherencia (SC) el cual es compuesto de: comprensión, manejo y significado. Un fuerte SC

permite al individuo enfrentar los estressores presentes en la vida cotidiana y mantenerse

saludable. En Enfermería, la relación entre SC y estrategias de enfrentamiento han sido

estudiadas en pacientes con diferentes condiciones crónicas, entre ellas las enfermedades

cardiacas. Este estudio metodológico tuvo por objetivo adaptar y evaluar las propiedades

métricas (validez y confiabilidad) de la versión portuguesa del Cuestionario de Senso de

Coherencia de Antonovsky (CSCA). El posee 29 ítems con respuestas obtenidas a través de

una escala de siete puntos, con los valores extremos variando de uno (1) a siete (7). El

intervalo posible para el total de la medida varia de 29 a 203, en el cual cuanto mas alto el

valor, mayor el SC. El proceso de adaptación siguió los pasos metodológicos de acuerdo a la

Literatura: Traducción del QSCA para la lengua portuguesa; evaluación por un comité de

jueces; traducción inversa de la versión adaptada; comparación de las dos versiones en Inglés;

análisis semántica de los ítems; pre-teste de la versión adaptada; y aplicación de la versión

final en portugués. Los datos fueron colectados en el periodo entre Marzo de 2005 y Febrero

de 2007 en un hospital escuela en el interior del Estado de São Paulo, Brazil. Un total de 203

individuos hospitalizados que estaban internados con diagnostico de enfermedad cardiaca

participaron del estudio. La validación del QSCA contructo fue evaluada con pruebas de

correlación de Pearson entre las medidas de senso de coherencia y constructos

correlacionados (auto-estima y depresión); el análisis de componentes principales y pruebas

para la comparación de grupos distintos (sexo, edad, escolaridad, ingresos económicos y

estado de salud). La confiabilidad fue evaluada por la consistencia interna de sus ítems (alfa

de Cronbach). El nivel de confiabilidad adoptado fue de 0.05. La mayoría de los participantes

era del sexo masculino (55.2%), casados (66.5), con edad media de 54 años y con cinco años

de escolaridad. En cuanto a las propiedades evaluadas, la validez del constructo de la versión

adaptada del QSCA obtuvo correlaciones fuertes y estadísticamente significativas entre las

medidad de senso de coherencia y de depresión (r = - 0.61) y de auto-estima (r = 0.60)

(validad convergente); diferencias en la medida de SC fue solo relacionada a la ingresos

económicos de los participantes. El análisis de los componentes principales (análisis factorial)

del QSCA indicó la presencia de un único componente recomendado por el autor. Con

relación a la confiabilidad obtuvo un valor adecuado para la consistencia interna de la versión

adaptada del QSCA (α = 0.78). Así podemos concluir que la versión adaptada al portugués

del QSCA se mostró válida y confiable en la muestra estudiada. Nuevos estudios necesitan ser

realizados de manera a evaluar estas propiedades en otros grupos de pacientes Brasileños.

Descriptores: Investigación metodológica en Enfermería; Comparación trancultural;

Traducción (Proceso); Validez de las pruebas; Reproducibilidad de resultados.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Estatística descritiva das variáveis sócio-demográficas dos participantes do estudo. Ribeirão Preto, 2005-2007...........................................................................

p.65

Tabela 2: Estatística descritiva das variáveis clínicas dos participantes do estudo. Ribeirão Preto, 2005 – 2007..................................................................................................

p.67

Tabela 3: Estatística descritiva do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky (QSCA), total e de cada um dos 29 itens para a amostra estudada. Ribeirão Preto, 2005-2007............................................................................................

p.70

Tabela 4: Distribuição das freqüências de respostas aos itens do QSCA com valores entre um e sete e os itens não respondidos pelos participantes do estudo. Ribeirão Preto, 2005 – 2007........................................................................................................

p.72

Tabela 5: Coeficiente de correlação item-total, o valor do alfa do total dos 29 itens do QSC e os valores de alfa quando cada um dos itens for excluído. Ribeirão Preto, 2005-2007.....................................................................................................................

p.73

Tabela 6: Estatística descritiva e confiabilidade dos componentes do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky (QSCA). Ribeirão Preto, 2005 -2007..............................................................................................................................

p.75

Tabela 7: Coeficiente de correlação item-total, o valor do alfa do total dos 11 itens do componente compreensão do QSC e os valores de alfa quando cada um dos itens for excluído. Ribeirão Preto, 2005-2007......................................................................

p.76

Tabela 8: Coeficiente de correlação item-total, o valor do alfa do total dos 10 itens do componente manejo do QSC e os valores de alfa quando cada um dos itens for excluído. Ribeirão Preto, 2006.....................................................................................

p.77

Tabela 9: Coeficiente de correlação item-total, o valor do alfa do total dos oito itens do componente significado do QSC e os valores de alfa quando cada um dos itens for excluído. Ribeirão Preto, 2005-2007.......................................................................

p.78

Tabela 10. Correlações entre os componentes do QSCA e o total do instrumento na amostra estudada. Ribeirão Preto, 2005 – 2007............................................................

p.78

Tabela 11: Médias dos valores total do QSCA, segundo grupos distintos. Ribeirão Preto, 2005-2007...........................................................................................................

p.80

Tabela 12: Matrix de rotação Varimax dos componentes principais da versão adaptada do QSCA........................................................................................................

p.88

Tabela 13: Estatística descritiva e confiabilidade da Escala de auto-estima de Rosenberg (EAER) e do Inventário de Depressão de Beck (IDB). Ribeirão Preto, 2005-2007.....................................................................................................................

p.89

Tabela 14. Correlações entre as medida obtidas pelo Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky (QSCA), Escala de Auto-estima de Rosenberg (EAER) e o Inventário de Depressão de Beck (IDB). Ribeirão Preto, 2005-2007...............................................................................................................................

p.90

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Processo de adaptação cultural do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky (QSCA).......................................................................................................

p.50

Figura 2: Boxplots dos grupos relacionados ao preenchimento dos instrumentos de coleta (participante e pesquisador), segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA............................................................................

p.67

Figura 3: Boxplots dos grupos relacionados ao uso de psicotrópicos (sim e não), segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA...............................................................................................................................

p.68

Figura 4: Boxplots dos grupos relacionados ao sexo dos participantes (masculino e feminino), segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA..........................................................................................................................

p.81

Figura 5: Diagrama de dispersão dos valores do QSCA (senso de coerência total) e da idade entre os participantes..............................................................................................

p.82

Figura 6: Boxplots dos grupos relacionados à idade dos participantes, segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA...............................................................................................................................

p.83

Figura 7: Boxplots dos grupos relacionados ao grau de escolaridade dos participantes, segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA...............................................................................................................................

p.84

Figura 8: Diagrama de dispersão dos valores do QSCA (senso de coerência total) e a renda mensal dos participantes........................................................................................

p.85

Figura 9: Boxplots dos grupos relacionados às faixas de renda familiar mensal os participantes, segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA..........................................................................................................

p.86

Figura 10: Boxplots dos grupos relacionados ao número de doenças associadas diagnosticadas nos participantes, segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA.......................................................................................

p.87

Figura 11: Diagrama de dispersão dos valores do QSCA (senso de coerência total) e de depressão obtido entre os participantes......................................................................

p.91

Figura 12: Diagrama de dispersão dos valores do QSCA (senso de coerência total) e auto-estima obtidos entre os participantes.......................................................................

p.91

LISTA DE ANEXOS

Anexo 1: Cópia da permissão para adaptação do QSCA, concedida por correio eletrônico.

Anexo 2: Versão original (VO) do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky (QSCA).

Anexo 3: Versão para a língua portuguesa - tradução 1 (VPT1) do QSCA.

Anexo 4: Versão para a língua portuguesa - tradução 2 (VPT2) do QSCA.

Anexo 5: Versão para a língua portuguesa - consenso 1 (VPC1) do QSCA.

Anexo 6: Versão para a língua portuguesa - consenso 2 (VPC2) do QSCA.

Anexo 7: Versão para a língua inglesa - tradutor 1 (VIT1) do QSCA.

Anexo 8: Versão para a língua inglesa - tradutor 2 (VIT2) do QSCA.

Anexo 9: Versão para a língua inglesa final (VIF) do QSCA

Anexo 10: Versão para a língua portuguesa - consenso 3 (VPC3) do QSCA.

Anexo 11: Versão para a língua portuguesa - consenso 4 (VPC4) do QSCA que corresponde a versão final para a língua portuguesa (VPF).

Anexo 12: Cópia da aprovação do projeto pelo Comitê de Ética do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP).

Anexo 13: Cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Anexo 14: Instrumento para caracterização sócio-demográfica e clínica dos participantes.

Anexo 15: Versão em português da Escala de Auto-estima de Rosenberg.

Anexo 16: Versão em português do Inventário de Depressão de Beck.

SUMÁRIO

Resumo

Abstract

Resumen

Lista de Tabelas

Lista de Figuras

Lista de Anexos

1 – Introdução................................................................................................................ 1

1.1– Apresentação do estudo e justificativa da escolha do instrumento a ser adaptado...........................................................................................................................

1

1.2 – A relevância da Teoria Salutogênica para a prática, teoria e pesquisa na Enfermagem......................................................................................................................

1

2 – Objetivos.................................................................................................................... 9

3 – Referencial teórico metodológico............................................................................ 10

3.1 – A Teoria Salutogênica de Antonovsky.................................................................... 10

3.2 – O constructo senso de coerência e seus componentes............................................. 14

3.3 – Senso de coerência e seu instrumento de medida.................................................... 22

3.4 – O processo de adaptação cultural de instrumentos.................................................. 26

3.5 – Avaliação das propriedades psicométricas de instrumento a ser usado em outra cultura...............................................................................................................................

35

3.5.1 – Avaliação das propriedades psicométricas do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky.................................................................................................

41

4 – Material e métodos................................................................................................... 49

4.1 – Delineamento do estudo.......................................................................................... 49

4.2 – Obtenção da permissão para a tradução do instrumento junto aos responsáveis.....................................................................................................................

49

4.3 – Processo de adaptação do QSCA: etapas percorridas............................................. 49

4.4 – Análise das propriedades psicométricas da versão adaptada para o português do QSCA................................................................................................................................

55

4.4.1 – Análise da validade............................................................................................... 55

4.4.2 – Análise da confiabilidade..................................................................................... 57

4.5 – Proteção dos participantes do estudo....................................................................... 58

4.6 - Local e população do estudo.................................................................................... 58

4.7 – Coleta dos dados...................................................................................................... 59

4.8 – Processamento e análise dos dados......................................................................... 62

5 – Resultados.................................................................................................................. 64

5.1 – Resultados relacionados à caracterização sócio-demográfica e clínica dos participantes......................................................................................................................

64

5.2 – Resultados relacionados à análise descritiva da versão adaptada do QSCA (total e de seus componentes) e confiabilidade da medida........................................................

66

5.3 – Resultados relacionados à análise da validade de constructo da versão adaptada do QSCA..........................................................................................................................

79

6 – Discussão................................................................................................................... 93

7 – Conclusões e considerações finais........................................................................... 102

8 – Referências bibliográficas........................................................................................ 104

Anexos

1

Adaptação cultural e validação do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky

em uma amostra de pacientes cardíacos brasileiros

1 – INTRODUÇÃO

1.1 – Apresentação do estudo e justificativa da escolha do instrumento a ser adaptado

Este estudo metodológico teve como objetivos adaptar e testar as propriedades

métricas da versão em português do Questionário de Senso de Coerência de Aaron

Antonovsky. A escolha desse instrumento para ser adaptado, enquanto uma medida de

avaliação de coping foi embasada no impacto que a teoria proposta por Antonovsky tem

obtido nas pesquisas em diferentes países, sempre buscando constatar a relação entre o

constructo senso de coerência e o estado de saúde em diferentes grupos de pessoas. O

instrumento proposto pelo autor para avaliar o constructo compreende 29 itens que avaliam a

orientação do indivíduo diante de várias questões relacionadas à sua vida. Denominado de

questionário de orientação para vida (Orientation to life questionnaire), é mais conhecido

como Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky (QSCA)[1]*.

1.2 A relevância da Teoria Salutogênica para a prática, teoria e pesquisa na

Enfermagem

A Teoria Salutogênica de Aaron Antonovsky [1] tem sido considerada na literatura da

área da saúde como uma nova abordagem para a avaliação de indivíduos em condições

crônicas de saúde ou pertencentes a grupos específicos, como idosos, adolescentes, gestantes

e crianças. O autor traz como proposta investigar como e porque certos indivíduos

permanecem bem mesmo após terem vivido situações de estresse intenso, ampliando a

* De acordo com: Vancouver (Programa EndNote versão 10.0)

2

discussão sobre a relação entre estresse e estratégias de coping. O conceito central do novo

modelo proposto é denominado pelo autor de senso de coerência (SC) o qual foi formulado

como o âmago da resposta para a questão salutogência. Ele é composto teoricamente por três

componentes: compreensão, manejo e significado. Os três componentes atuam conjuntamente

permitindo ao indivíduo enfrentar os estressores presentes na vida cotidiana.

Em 1997, a Organização Mundial de Saúde introduziu em seus documentos o

constructo de SC no âmbito da promoção da saúde, inserindo-o nas grandes linhas mestras

orientadoras das macro-políticas de promoção da saúde mental, particularmente.

Considerando que o senso de coerência vem se estabelecendo desde a infância do indivíduo,

com base em uma série de experiências familiares, escolares e de saúde, essa organização

sugeriu que sejam desenvolvidas políticas voltadas para os locais onde eles moram, estudam e

se divertem a fim de fortalecer este senso de coerência[2].

De acordo com Antonovsky, o SC pode ter os seguintes efeitos sobre a saúde dos

indivíduos[1, 3]:

- ter uma influência direta sobre os diferentes sistemas orgânicos: uma vez que o SC afetaria o

raciocínio do indivíduo determinando se a situação ao qual ele se encontra exposto é perigosa,

segura ou prazerosa. Consequentemente, o organismo irá apresentar reações de diferentes

intensidades e natureza frente aos estímulos percebidos;

- mobilizaria os recursos existentes levando à redução do estresse e assim afetando

indiretamente os sistemas fisiológicos (por exemplo, respostas cardiovasculares e

imunológicas);

- pessoas com um SC elevado seriam mais propensas a fazer escolhas saudáveis envolvendo

seu estilo de vida (dieta, exercícios físicos, exames preventivos).

O uso da Teoria Salutogênica tem se mostrado relevante para a prática, a teoria e a

pesquisa nas diversas áreas da saúde, entre elas a da enfermagem. Seu uso pelos enfermeiros

3

poderá ajudar na identificação de estratégias de coping usadas por pessoas que são hábeis em

permanecerem bem (ou satisfeitas com sua qualidade de vida), a despeito de viverem

situações que possam sugerir o contrário. Este enfoque é congruente com o enfoque das

teorias de enfermagem, na prática e na pesquisa, o qual tem sido a promoção do bem estar e o

favorecimento de estratégias de coping para pacientes e familiares que estão enfrentando

situações de doenças ou traumas. Nas pesquisas realizadas na área da saúde, os estudiosos

costumam não encontrar respostas às suas questões usando como referencial a visão

patogênica, centrada no modelo biomédico tradicional de estudar e cuidar dos doentes. Na

área da enfermagem cardiovascular, uma das questões, ainda sem resposta é, por exemplo:

Porque alguns pacientes conseguem superar seu evento cardíaco e terem uma boa qualidade

de vida, enquanto outros com as mesmas variáveis clínicas apresentam pior reabilitação e,

consequentemente têm uma qualidade de vida pobre?

A Teoria Salutogênica pode prover uma perspectiva mais coerente como a proposta da

enfermagem de ver o indivíduo como um todo e não apenas como um corpo doente. Avaliar o

SC do indivíduo que está sob os seus cuidados possibilitaria uma melhor compreensão de

como ele reagirá à doença e seu tratamento, ampliando suas estratégias de favorecimento ao

coping [4-6].

Segundo Sullivan[7, 8] a Teoria Salutogência sugere adaptabilidade para a

enfermagem. Seu valor está no seu enfoque de centrar-se na saúde e não na doença em si, bem

como na proposta deste novo fenômeno, o senso de coerência. Acredita que, se o SC é a

ligação entre a personalidade do indivíduo e sua saúde, nós carregamos dentro de nós, seres

humanos, as respostas do paradoxo da saúde em ambientes de extrema tensão.

Por exemplo, na área das doenças cardiovasculares, um forte SC em pacientes

cardíacos durante a reabilitação da doença ou do tratamento cirúrgico, poderia se manifestar

em um sentimento dinâmico de confiança em sua habilidade para (1) ordenar as variações

4

advindas com a instabilidade da trajetória da doença crônica; (2) adaptar-se à sua nova

condição, física e psicológica; (3) ter motivação necessária para retornar à sua vida, na

medida em que for possível, e de minimizar o impacto da doença cardíaca sobre sua família; e

(4) engajar-se em atividades que sejam significantes para a sua nova condição de ter doença

crônica.

Pessoas com doenças cardiovasculares são aconselhadas a participarem de

programas de reabilitação cardíaca, os quais se desenvolvem por longos períodos e

enfocam modificações no estilo de vida e mudanças de comportamentos. Tais programas

podem proporcionar o desenvolvimento de situações que sejam propícias para favorecer

os componentes do SC dos participantes, facilitando a compreensão (por exemplo, por

meio de estratégias educativas), o manuseio (via modificações dos fatores de risco

cardiovasculares), e o significado (via organização de grupos de apoio nos quais os

pacientes possam discutir com outros participantes como mudanças similares foram

conduzidas por eles). Diante de eventos que ameaçam a vida do indivíduo e podem

comprometer seu SC, o aconselhamento individual do paciente pelo profissional da saúde,

ou ainda, a sua participação em grupos de apoio, podem ser estratégias usadas para, no

mínimo, manter o nível de senso de coerência do indivíduo como antes de ocorrer a

doença ou sofrer a cirurgia[6].

Na enfermagem, a relação entre SC e estratégias de coping tem sido estudada em

pacientes com câncer[9, 10], com doenças renais[11-13], diabetes[14, 15], artrites[16, 17],

osteoporose[18], doenças psiquiátricas[19] e cardiovasculares[20].

A contribuição do SC para a qualidade de vida de indivíduos em condições crônicas de

saúde também tem sido objeto de estudo da enfermagem. Pesquisas têm mostrado uma

relação positiva e estreita entre SC e qualidade de vida de pacientes com câncer[9, 21], com

5

artrite[22, 23], fibromialgia[24], após eventos cardíacos[6] e cirurgia de revascularização do

miocárdio[25, 26].

Ainda não há um consenso sobre o que realmente se avalia quando se mede o SC de

um indivíduo. A proposta de Antonovsky é avaliar uma orientação global que norteia o ser

humano no enfrentamento aos estressores presentes em sua vida[1]. Desde o seu surgimento,

o SC tem sido usado como: uma medida de avaliação da capacidade de enfrentamento ao

estresse (coping capacities)[19, 23, 25, 27-30] ou de resiliência[28, 31].

A relação causa-efeito entre estado de saúde e SC ainda não está bem estabelecida [32,

33]. No entanto, senso de coerência tem sido associado com estado de saúde[23, 34, 35] e

sintomas em vários estudos[25, 36, 37].

Por exemplo, autores constataram que entre sujeitos fisicamente ativos as médias dos

valores de SC foram superiores quando comparados aos valores dos indivíduos fisicamente

inativos[33]. Resultado semelhante foi constatado em outro estudo que avaliou a relação entre

o SC e a realização freqüente de exercícios físicos[38].

As grandes críticas relacionadas à confirmação efetiva da relação entre SC e estado de

saúde são: os estudos realizados, em sua grande maioria, são do tipo corte transversal e

utilizam medidas subjetivas de saúde, o que compromete a confiabilidade da relação

observada. Nos últimos anos, têm sido publicados estudos de acompanhamento com objetivo

de testar tal relação usando uma metodologia mais adequada para avaliar a relação causa e

efeito entre essas variáveis.

A maioria dos estudos realizados para testar as relações entre SC e outros parâmetros

de avaliação da saúde física e mental e de traços de personalidade tem utilizado de

delineamento transversal. Esse tipo de delineamento, embora descreva a relação entre as

medidas, não permite conclusões sobre a relação causa/efeito entre elas. Por exemplo, um

fator pode causar o outro, que poderiam ser ambos causados por um terceiro fator. Embora os

6

estudos tenham encontrado correlações significantes entre um SC elevado e variáveis que

avaliam algum aspecto da saúde, ainda não foi possível concluir que SC causa um estado de

saúde favorável. Senso de coerência tem sido relacionado a: medidas de saúde (estado geral,

saúde física, incapacidades, sintomas, saúde mental, depressão, ansiedade, satisfação com a

vida e bem-estar); enfrentamento e percepção do estresse; ambiente social (apoio social,

atividades sociais, satisfação com a família e o cônjuge); comportamentos saudáveis (esporte,

lazer, atividades físicas, consumo de álcool e drogas); características pessoais (idade, sexo,

grupos étnicos, situação sócio-econômica avaliada enquanto renda, classe social e nível

educacional) e outras variáveis (auto-estima; traços de personalidade, como estabilidade e

comportamento tipo A; desejabilidade social; inteligência, atitudes frente à aposentadoria e

crenças sobre a saúde)[3].

Como exemplo de estudo longitudinal, temos o estudo realizado Finlândia, no período

de 1994-1997, no qual os autores estudaram a relação SC e saúde através do seguimento de

577 servidores do município de Raisio[39]. Como medida de saúde, eles optaram por avaliar

o número de ausências no trabalho decorrentes de problemas de saúde, presentes nos registros

desses funcionários. Para os pesquisadores, a avaliação das ausências por problemas de saúde

é uma medida adequada uma vez que avalia a saúde como conseqüência de diferentes funções

(social, física, psicológica), sendo um indicador mais objetivo, uma vez que não é

influenciado pela percepção dos participantes. Os resultados obtidos apontaram que o SC

inicial foi um fator preditor de ausência no trabalho apenas entre os trabalhadores do sexo

feminino. Baixos valores de SC, e não valores elevados foram associados com perspectivas de

saúde. No entanto, é importante de ressaltar que nesse estudo, os autores utilizaram uma

versão modificada do QSCA. A versão usada continha apenas seis itens, dois para avaliar

cada um dos três componentes, o que a nosso ver pode ter comprometido as conclusões dos

7

autores. A avaliação do constructo usando apenas duas questões para cada um dos seus

componentes pode ter obtido uma medida diferente daquela proposta por Antonovsky.

Outros estudos têm encontrado uma forte associação entre SC e indicadores de saúde

mental, tais como ansiedade[40-42]; e depressão[12, 17, 41, 43-45]. Autores já haviam

constatado forte associação entre as medidas de depressão e ansiedade com os valores de SC,

sugerindo que esse constructo poderia ser uma medida de outro lado do estresse

psicológico[46]. Há indícios de que um forte SC possuiria efeito mediador entre hostilidade e

sintomas depressivos[44] enquanto baixo SC estaria associado com aumento da prevalência

de depressão[17].

Associações inversas entre SC e depressão e SC e ansiedade estão de acordo com a

teoria proposta por Antonovsky. Entretanto, a força de correlação entre essas medidas

precisa ser analisada, pois se for maior do que 0,80 há uma boa razão para se assumir que

elas (SC, depressão e ansiedade) estejam medindo o mesmo constructo ou fenômeno, ou

pelo menos, algo similar. Geyer sugere que o QSCA possa ser, pelo menos, uma medida

inversa para a depressão e isso deveria ser reavaliado no que se refere ao constructo

SC[32].

Senso de coerência também tem sido associado com outros constructos tais como

bem-estar subjetivo[9, 34, 43, 47, 48]; satisfação com a vida[13], qualidade de vida[6, 26, 49],

auto-estima[6, 26, 43, 45] e suporte social[6, 26, 49, 50].

Como já foi explicitado anteriormente, o uso do QSCA tem ocorrido com freqüência

na pesquisa em enfermagem, em diferentes países. O instrumento tem se mostrado relevante

para o estabelecimento de estratégias de coping pelo paciente e contribuindo para a o processo

de recuperação do doente após o diagnóstico de condições crônicas, como as doenças

cardiovasculares.

8

O instrumento foi originalmente construído em inglês e devido às diferenças

lingüísticas e culturais, entre e o Brasil e os países de língua inglesa e de outras línguas, onde

este instrumento já foi traduzido e validado, faz-se necessário a sua adaptação transcultural,

para que ele possa ser usado por enfermeiros brasileiros ou outros profissionais da área da

saúde. O instrumento adaptado poderá ser mais um recurso para o planejamento da assistência

de enfermagem voltada ao indivíduo com diagnóstico de doenças cardiovasculares.

9

2 - OBJETIVOS

Diante do exposto, estabelecemos os seguintes objetivos para este estudo:

1- realizar a adaptação cultural do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky para a

língua portuguesa em uma amostra de pacientes cardíacos brasileiros;

2 - avaliar a validade de face e de conteúdo da versão adaptada do questionário de Senso de

Coerência de Antonovsky;

3 - avaliar a validade de constructo da versão adaptada do questionário de Senso de Coerência

de Antonovsky por meio da análise fatorial

4- avaliar a validade de constructo da versão adaptada do questionário de Senso de Coerência

de Antonovsky, comparando os resultados obtidos entre grupos distintos;

5 - avaliar a validade de constructo convergente da versão adaptada do questionário de Senso

de Coerência de Antonovsky, comparando os resultados obtidos com as medidas de auto-

estima e de depressão;

6 - avaliar a confiabilidade do instrumento adaptado por meio da consistência interna de seus

itens em uma amostra de pacientes cardíacos brasileiros.

10

3 - REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO

3.1 – A Teoria Salutogênica de Antonovsky

Aaron Antonovsky nasceu nos Estados Unidos da América em 1923 e obteve seu

título de doutor em sociologia. Inicialmente, seu interesse estava centrado nas questões

culturais e da personalidade dos indivíduos, bem como nos problemas relacionados às

especificidades de algumas classes sociais e etnias. Em 1960 ele aceitou o convite para

trabalhar no Instituto de Pesquisas Sociais Aplicadas, em Israel. Nos anos seguintes passou a

atuar no departamento de medicina social, onde desenvolveu diferentes projetos de pesquisa

enfocando as relações entre estressores, saúde e doença[3]. Particularmente, a realização de

uma investigação sobre a adaptação ao climatério entre mulheres de diferentes grupos étnicos

foi um fator decisivo para a mudança no enfoque de suas pesquisas, influenciando as futuras

investigações e culminando com a elaboração da teoria salutogênica[3]. De origem judia,

Antonovky buscou nos judeus sobreviventes dos campos de concentração a resposta ao seu

questionamento. Por que alguns desses sobreviventes conseguiram superar seus traumas e

conseguiram retomar suas vidas de maneira satisfatória enquanto outros não conseguiram se

recuperar? Por meio de entrevistas detalhadas sobre as experiências desses indivíduos ele

chegou à formulação do constructo senso de coerência[1, 51]

“Salutogenesis” é o estudo de como e porque as pessoas permanecem bem mesmo

sob situações desfavoráveis e estressantes. Antonovsky rejeita a classificação dicotômica

“saúde-doença” com a qual os cientistas da área da saúde costumam trabalhar. Sua proposta é

justapor essa divisão criando um conceito de um processo contínuo no qual ao longo da vida

as pessoas irão se defrontar com os dois pólos desse contínuo, ou seja, o pólo ease (saúde) e

dis-ease (doença) [1, 52]. Permanecer em um desses pólos extremos, ou seja, estar

plenamente saudável ou doente não é compatível com a vida humana. Segundo o autor,

11

mesmo quando uma pessoa se considera saudável ela apresenta algum grau do componente

patológico e aquela que se considera extremamente doente, sempre há certo grau de saúde

enquanto viver. Para Antonovsky, a questão não é classificar o ser humano como saudável ou

doente, mas compreender o quanto ele está longe ou perto dos extremos desse contínuo

ease/dis-ease[1, 3].

A primeira publicação sobre a sua proposta de repensar a etiologia das doenças, o

enfrentamento aos estressores e a manutenção da saúde ocorre no início dos anos setenta [53]

Antonovsky defende a idéia de que na natureza humana há demandas que são inevitáveis,

variadas e que se transformam ao longo da vida dos indivíduos. Diante dessas demandas, as

pessoas usam os seus recursos de resistência para resolverem essas tensões. Em seu livro

“Health Stress and Coping” [52], ele desenvolveu seu modelo teórico o qual chamou de

orientação salutogênica. Este novo modelo foi mais detalhado, posteriormente, com a

publicação, em 1987, do seu livro “Unraveling the Mystery of Health”[1].

O autor chamou sua proposta de “Abordagem Salutogênica ou Orientação

Salutogênica” e argumentou que não se trata de uma abordagem contrária à abordagem

clássica que os profissionais da saúde costumam apresentar diante da doença, e a qual

denomina de patogênica. Na abordagem patogênica, o enfoque está na questão “Porque as

pessoas adoecem”? Em sua proposta, deixa-se de enfocar apenas a etiologia de uma dada

doença e passa-se a investigar a história completa do ser humano, incluindo sua doença. Ou

seja, ao invés de se questionar o que causa (ou causará, se o enfoque for preventivo)

determinada doença, a questão a ser respondida é: “Quais são os fatores envolvidos na

manutenção ou no direcionamento do indivíduo para o pólo saudável, a extremidade ease? [1,

52, 54]

Pensar em termos salutogênicos significa enfocar as questões da etiologia e do

diagnóstico olhando a pessoa como um todo e não apenas o fator causador da doença. Nessa

12

nova perspectiva, os estressores deixam de ser vistos como algo a serem reduzidos ou

eliminados por serem maléficos ao ser humano [1, 52, 54].

Segundo Antonovsky, a abordagem patogênica levou os pesquisadores, clínicos e

gestores dos serviços de saúde a concentrarem seus esforços em doenças específicas a serem

diagnosticadas ou prevenidas, particularmente entre os indivíduos ou grupos de risco[1]. A

predominância dessa abordagem no modelo biomédico acentua a anormalidade funcional,

caminhando para a investigação do que leva ao aparecimento das doenças e não a manutenção

da saúde[55].

A abordagem salutogênica abre uma nova perspectiva de se estudar as conseqüências

das demandas sobre o organismo que não possui uma resposta adaptativa automática ou

disponível para lidar com essas demandas. Entretanto, há uma boa razão teórica para se

acreditar que tais demandas podem predizer conseqüências positivas para a saúde. Para

Antonovsky, ambas as perspectivas são complementares[1].

Diferente das abordagens anteriores, na proposta de Antonovsky, o enfoque estão nos

recursos de coping e não os estressores. Para ele, os estressores são onipresentes na vida

humana e suas conseqüências não precisam ser consideradas como, necessariamente,

patogênicas. Os estressores não devem ser vistos como algo mal, assim como sua

conseqüência sobre os indivíduos não é, necessariamente, patológica. O autor acredita que o

aparecimento das doenças não seria causado pelo estresse e sim pela falência em manejá-lo.

Define tensão como a resposta individual ao estresse e dependendo das características dos

estressores e dos recursos para se resolver a tensão gerada, os estressores podem ser vistos

como algo também positivo à vida humana[1, 56]

Os elementos principais do modelo salutogênico são[1, 34, 52]:

- estressores: são compreendidos como algo endêmico à condição humana e reconhecidos

como aqueles fatores que levam a um estado de tensão. Eles podem ser provenientes do

13

próprio indivíduo ou do meio ambiente, podendo ser impostos ao sujeito ou escolhidos por

ele.

- tensão, controle da tensão e estresse: são conceitos diferentes no modelo salutogênico.

Tensão é tida como uma resposta ao estresse e pode ser tanto emocional como fisiológica.

Controle ou manejo de tensão é definido como sendo a resolução rápida e completa do

problema e a eliminação da tensão. Se a tensão não é resolvida de modo eficaz, o indivíduo

entra em um estado de estresse. Ou seja, estresse é o estado de resposta do organismo frente

às tensões/estressores.

- recursos generalizados de resistência (generalized resistance resources): são fenômenos

que proporcionam ao ser humano um conjunto de experiências de vida caracterizado pela

consistência, pela participação individual na obtenção dos resultados da ação e pela

possibilidade de fazer um balanço dessa ação. Esses recursos estão relacionados à habilidade

do indivíduo para lidar com a tensão e evitar ou manejar o estresse. Eles são definidos por

Antonovsky[52] como sendo as variáveis relacionadas ao indivíduo, grupo social e meio

ambiente que podem facilitar o manejo efetivo das tensões, sendo advindos de experiências

vividas pelo indivíduo e incluem: recursos materiais (dinheiro, alimentação, moradia),

conhecimento e inteligência, auto-conhecimento, estratégia de enfrentamento racional e

flexível, apoio social, coesão e comprometimento com a sua cultura, religião e filosofia,

comportamentos saudáveis, estado de saúde atual, e as próprias características genéticas e

constitucionais que favorecem a determinação dos recursos de resistência intrínsecos aos

sujeitos[1].

O termo “generalizado” refere-se à característica destes recursos serem efetivos em

qualquer tipo de situação enquanto o termo “resistência” explicita que estes recursos

aumentam a resistência dos indivíduos. Os recursos generalizados de resistência têm duas

funções: ter um impacto contínuo sobre as experiências de vida das pessoas e permitir que tais

14

experiências sejam consideradas como significantes e coerentes, o que se conformaria no

senso de coerência. Eles funcionam com um potencial que pode ser ativado quando for

necessário para lidar com estados de tensão[3].

- senso de coerência (SC): como apresentado anteriormente, trata-se do conceito central no

modelo de Antonovsky. Foi formulado como sendo o âmago da resposta para a questão

salutogência. Pesquisas têm investigado as relações entre SC e alguns recursos gerais de

resistência tais como: estado de saúde, recursos matérias, conhecimento e inteligência,

religião e filosofia[34].

No modelo salutogênico há uma relação recíproca entre SC e os recursos

generalizados de resistência. Enquanto um forte SC auxilia na mobilização desses recursos

com o propósito de se lidar com as tensões, tais recursos ajudam na conformação do SC do

indivíduo[1].

- inserção do indivíduo no contínuo ease/dis-ease da sua saúde: a inserção do indivíduo

nesta linha contínua saúde/doença pode ser avaliada pela presença de sintomas (como dor),

limitações funcionais e necessidades de ações terapêuticas. Trata-se de um fenômeno que é ao

mesmo tempo objetivo e subjetivo que retrata o caráter multicausal da manutenção da saúde e

do estabelecimento da doença.

As relações entre todos estes elementos respondem a questão central proposta por

Antonovsky que é “Por que as pessoas permanecem sadias mesmo quando expostas a estresse

elevado?” [1, 51].

3.2. – O constructo senso de coerência e seus componentes

Senso de coerência é o constructo chave da teoria de Antonovsky (1987, 1993) o qual

se propõe explicar estratégias bem sucedidas de enfrentamento ao estresse. É definido como

sendo uma orientação global que expressa a capacidade de uma pessoa em confiar que, em

15

sua existência, (1) o estímulo proveniente dos ambientes interno e externo são estruturados,

previsíveis e explicáveis (compreensão), (2) os recursos estão disponíveis para que ele possa

satisfazer as demandas impostas por esses estímulos (manejo) e (3) essas demandas são

mudanças, merecedoras de investimentos e engajamento (significado). Compreensão

(comprehensibility), manejo (manageability) e significado (meaningfulness) são os três

componentes do constructo SC[1].

O componente compreensão refere-se à extensão da percepção que o indivíduo tem

de que o estímulo que está confrontando (seja ele proveniente do ambiente externo ou interno)

é ordenado, consistente, estruturado e claro, ou seja, o estímulo tem sentido cognitivo para

ele. O contrário seria o indivíduo considerar o estímulo como sendo caótico, desordenado,

aleatório, acidental e inexplicável. A pessoa com forte senso de compreensão espera que os

estímulos que irá encontrar no futuro sejam previsíveis ou, se inesperados, pelo menos, que

tais estímulos sejam ordenados e explicáveis. O autor salienta que nem sempre esses

estímulos são desejáveis. Por exemplo, a morte de um familiar, embora não seja desejável, ela

ocorre e faz sentido[1].

O componente manuseio é a extensão pela qual o indivíduo percebe que os recursos

para enfrentar/superar os estímulos estão disponíveis e ele conseguirá satisfazer as demandas

impostas por esses estímulos. Os recursos podem pertencer/estar no próprio indivíduo ou em

outras pessoas, como cônjuges, amigos, profissionais da saúde ou entidades divinas e o sujeito

sente que poderá contar com esses recursos quando tiver necessidade. A pessoa com alto

senso de manuseio não se sentirá vítima dos acontecimentos e não pensará que a vida a está

tratando de maneira não bondosa. Percebe que, embora coisas inconvenientes possam

acontecer durante sua vida, ela será hábil para lidar com esses acontecimentos e não irá sofrer

infinitamente[1, 57].

16

O componente significado refere-se ao sentimento de que a vida faz sentido

emocionalmente e que, ao menos alguns dos problemas e demandas decorrentes da vida

humana são investimentos valiosos de energia, sendo preciosos para se envolver e

compartilhar. As mudanças são tidas como bem vindas, ainda que o indivíduo possa, em

determinadas situações, considerar que a sua vida poderia ter sido melhor sem elas.

Antonovsky usou como exemplo a morte de alguém querido. Quando ela ocorre, não significa

que as pessoas devam ficar felizes. Simplesmente, elas irão perceber o significado desse

acontecimento e saberão superá-lo dignamente e da melhor forma possível[1, 51].

O componente manuseio está fortemente associado ao componente compreensão.

Um requisito importante para que o ser humano possa sentir que os recursos estão disponíveis

para satisfazer as demandas (manuseio) é ter uma idéia clara do que são essas demandas

(compreensão). Viver em um mundo caótico e imprevisível faz com que a pessoa tenha

dificuldades para imaginar que ela ou alguém possa enfrentar bem o mundo. Entretanto, ter

um alto grau de compreensão não garante que o indivíduo acredite que ele possa enfrentar

bem a situação. Assim, o componente significado também é essencial na determinação do

SC[1]. “Meu argumento é que ver o mundo como compreensível, manejável e significante

poderá facilitar a seleção de recursos e comportamentos eficazes para qualquer situação

cultural”(p.12)[1]. Assim a proposta do autor é de um constructo universalmente significante

e que pode ser encontrado no ser humano independente da cultura, do sexo, da classe social e

da religião ao qual pertence. Antonovsky não se refere a um específico tipo de estratégia de

coping, mas refere-se aos fatores que, em todas as culturas, sempre são as bases para um

coping de sucesso sobre os estressores[51].

Antonovsky[1] defende a idéia de que o SC é uma orientação global, um modo de

olhar o mundo, uma orientação para a ação mais do que a resposta a uma situação específica.

Trata-se de uma maneira de se lidar com os estressores que não é influenciada pela cultura

17

dos indivíduos. Esta argumentação e vários outros aspectos defendidos pelo autor como, por

exemplo, a estabilidade do constructo após a sua completa formação, o que deverá ocorrer por

volta dos 30 anos de idade, têm sido criticados por vários estudiosos[32, 33, 58, 59]. Um dos

principais problemas que se coloca a qualquer investigador no âmbito das ciências sociais

relaciona-se a tradução de conceitos e suas medidas sócio-métricas, de uma língua para outra,

e sua aplicabilidade a diferentes contextos socioculturais[55]. Há autores que compreendem

que o constructo de SC pode ser considerado como transcultural uma vez que foram

desenvolvidos estudos em vários países, com culturas muito diversas entre si[55]. Entretanto,

essa compreensão do autor sobre o SC tem sido investigada de forma sistemática em

populações gerais de diferentes culturas para que possamos explorar os aspectos sociológicos

envolvidos[32].

Até o momento, os estudos que investigaram esta questão têm apresentados

resultados contraditórios. Por exemplo, em pesquisas realizadas com grupos culturalmente

diferentes, embora vivendo em um mesmo país, os autores constataram que os valores de SC

foram similares entre os sujeitos[60, 61] enquanto outros investigadores constataram a

presença de variações culturais nas respostas provenientes de diferentes grupos em

determinadas questões que avaliam o constructo[62]. Há críticas quanto ao fato de

Antonovsky buscar trazer no constructo de SC, bem como no instrumento elaborado para a

sua avaliação, toda a concepção da sua ampla Teoria Salutogênica, havendo uma separação

entre a teoria e o método[59].

A determinação do SC, independente do sexo do indivíduo, também tem sido objeto

de investigação e vários autores têm questionado a inviabilidade dessa proposta[28, 33, 39,

43, 47, 55, 63, 64]. As argumentações desses autores são: há diferenças que separam homens

e mulheres as quais estão apontadas em várias ciências, como a psicologia e a sociologia; o

impacto dos estressores tem se mostrado maior no sexo feminino, com a resposta ao estresse

18

sendo mais intensa entre as mulheres. Assim, se há diferenças entre os sexos relativas aos

recursos de coping, seria natural que ela também estivesse presente no SC[55].

Em pesquisas realizadas com a população geral os resultados obtidos foram

controversos. Há investigadores que não constataram relação entre sexo e SC[33, 43, 64],

conforme a proposta original de Antonovsky[1]. Entretanto, há resultados obtidos em outros

estudos que apresentam valores mais elevados de SC entre os homens estudados[65, 66]

enquanto outros autores encontraram valores mais elevados entre as mulheres[67].

Resultados contrários também têm sido obtidos em estudos conduzidos com grupos

em condições específicas. Entre homens com HIV, independente do grau de gravidade da

doença, foram constatados valores mais elevados de SC do que entre mulheres na mesma

situação clínica[47]. Por outro lado, outros autores não observaram diferenças nos valores de

SC relacionadas ao sexo de pacientes com artrite reumatóide e de pacientes vítimas de

acidentes automobilísticos[28].

Um dos pontos mais polêmicos da proposta de Antonovsky é aquele relacionado ao

desenvolvimento do SC ao longo da vida do ser humano. No quinto capítulo do seu livro

“Unraveling the Mystery of Health”, Antonovsky defende a idéia de que apenas na terceira

década de vida, o SC encontrar-se-ia plenamente desenvolvido nos indivíduos[1]. Argumenta

que na terceira década de vida, os indivíduos já teriam sido expostos às experiências as quais

permitiriam que eles elaborassem uma imagem do mundo como sendo mais ou menos

compreensível, manejável e significante. Ressalta que nessa idade, geralmente, o ser humano

já completou a sua formação educacional, escolheu sua profissão, constituiu família e definiu

seus papéis sociais Antes dessa idade, o SC seria mais sensível às mudanças do que após seu

estabelecimento total[1]. Após o seu completo estabelecimento, mudanças no SC seriam raras

e quando ocorressem se justificariam pela experiência do indivíduo frente a um novo padrão

de vida. Entretanto, nessa discussão, ao argumentar a estabilidade dessa predisposição ao

19

enfrentamento dos estressores, o enfoque do autor está centrado naquele indivíduo com

elevado SC. Ele usa como exemplo a situação de um indivíduo com elevado SC o qual irá

usar de seus recursos gerais de resistência de maneira a transformar essa nova situação em

algo compreensível, manejável e significante[1].

Os autores que são contrários à argumentação de Antonovsky têm salientado que

podem ocorrer mudanças drásticas nas condições sociais dos indivíduos em tempos de crises

de origem, sejam elas externas ou relacionadas ao próprio sujeito. Essas mudanças alterariam

o SC do indivíduo[32]. Outro aspecto apontado é que a teoria não foi testada suficientemente

para ser considerada como uma teoria totalmente confirmada. Ressaltam, ainda, que há

evidências provenientes de outros estudos psicosociais os quais sugerem que não existe

estabilidade para característica de personalidade como para ser o caso do SC.

Outra fonte de mudanças no SC seria a própria idade do indivíduo. Segundo

Nunes[55], a estratificação etária faz emergir um sistema de desigualdades que nas

civilizações ocidentais permite que tanto os idosos como os jovens sejam tratados como

incompetentes e excluídos da maioria das áreas sociais. Isso teria um impacto na socialização

dos indivíduos, o que contribuiria para alterações no SC ao longo da vida.

Assim, a estabilidade do SC após o indivíduo atingir a idade adulta tem sido

investigada através de estudos de seguimento de diferentes grupos populacionais. Os

resultados têm sido controversos com algumas investigações confirmando a estabilidade do

constructo [35, 39] enquanto outras têm mostrando alterações nos valores do SC ao longo dos

anos[33, 58].

Autores de uma pesquisa que acompanhou, durante cinco anos trabalhadores suecos,

constataram que os sujeitos com idades entre 45 e 74 anos, tiveram maior diminuição do valor

inicial de SC do que os mais jovens (25 – 44 anos)[33]. A associação entre SC e idade

também foi avaliada entre 439 australianos, com idade média de 37 anos (desvio-padrão de 13

20

anos e intervalo de 18 a 82 anos). Os autores observaram uma correlação fraca, embora

estatisticamente significante, entre SC e idade (r = 0,26; p < 0,001) com idosos pontuando

valores maiores de SC[43]. Resultado contrário foi obtido em outra investigação que verificou

relação inversa entre essas variáveis, com o SC tornando-se mais fraco com o

envelhecimento[68], ou seja, nesses três estudos os resultados não confirmam o pressuposto

da estabilidade do SC defendido por Antonovsky.

Antonovsky[1] relaciona o estabelecimento do SC aos seguintes fatores: classe

social; condições sociais e históricas (as quais irão determinar a disponibilidade dos recursos

generalizados de resistência) e variações individuais (afetadas pela genética, predisposições

situacionais e sorte). O uso de recursos generalizados de resistência depende da escolaridade e

do grupo social ao qual o indivíduo pertence. Pessoas com maior escolaridade desempenham

atividades ocupacionais que exigem maior qualificação e apresentam condições para

desenvolver SC mais elevado e fazer melhores escolhas quando lidam com situações

desfavoráveis. Elevado SC deve ser esperado entre aqueles indivíduos que tiveram a

oportunidade de aprender a tomar decisões, que exercitam tal capacidade e que são

estimulados para isso, ou seja, sujeitos de classes sociais mais altas [32].

Outros autores acreditam que, na relação entre escolaridade e SC, essa associação é

mais intensa entre os sujeitos com menor escolaridade irão apresentar menor SC [46].

Considerando-se que há uma estreita relação entre escolaridade e atividades profissionais,

justifica-se o interesse em se investigar o SC entre trabalhadores. Estudos realizados com

diferentes grupos de trabalhadores têm confirmado essa percepção inicial e constatado entre

indivíduos que desempenham atividades ocupacionais sem qualificação exigida menor valor

de SC do que os com ocupações qualificadas [33, 58]. Estudos mais recentes têm utilizado a

situação profissional como indicador de recursos materiais[33, 39, 58, 69].

21

A profissão também tem sido usada como um indicador de escolaridade e

inteligência dos sujeitos. Para se constatar essa associação, há necessidade de estudos que

estratifiquem, cuidadosamente, as populações estudadas de modo a assegurar o máximo

possível a variabilidade no nível de conhecimento e de inteligência dos participantes, sendo

que há necessidade de também se incluir um número adequado de sujeitos com baixos níveis

desses atributos[34].

Há, ainda, outras associações de variáveis com o constructo SC que necessitam ser

investigadas. Na perspectiva de Antonovsky, estado de saúde, recursos materiais,

conhecimento e inteligência, religião e filosofia são recursos generalizados de resistência[34].

Segundo o autor, religião e espiritualidade são consideradas como sendo importantes para a

determinação do SC uma vez que, elas proporcionam respostas às questões da existência

humana como a presença de dor e sofrimento e da morte em qualquer cultura[1]. Até o

momento, essa relação tem sido pouco investigada. Em um estudo desenvolvido com

pacientes com câncer, os autores não conseguiram observar a existência da relação entre

religiosidade, espiritualidade e SC na amostra estudada e sugerem outras investigações sobre

o tema[21].

Como outra fonte de recursos generalizados de resistência, nós temos os recursos

materiais como a renda dos indivíduos a qual tem sido usada como um de seus indicadores.

Renda tem sido relacionada ao SC em vários estudos citados na revisão feita por Horsburg

[34] na qual a autora salienta que as evidências provenientes desses estudos não são

conclusivas uma vez que as diferenças metodológicas entre eles não permitem avaliar a

medida de uma forma única

Por exemplo, no estudo de Nymathi[36] não foi constatada diferença entre os

valores de SC obtidos em um grupo de mulheres negras e hispânicas que viviam na rua

daqueles valores obtidos entre as mulheres, também negras e hispânicas, que estavam sendo

22

atendidas em um programa de reabilitação para usuários de drogas. Em outro estudo realizado

com pacientes em fase terminal da doença renal e seus cônjuges, também não foi constatado

relação entre renda e senso de coerência[13].

3.3 – Senso de coerência e seu instrumento de medida

No quarto capítulo do livro Unraveling the mystery of health[1], Antonovsky descreve

o processo de elaboração do instrumento a ser usado para medir o constructo proposto, o

senso de coerência. O primeiro passo foi entrevistar pessoas solicitando que elas falassem

sobre suas vidas. As análises dos conteúdos das entrevistas foram realizadas pelo autor e

outros três colaboradores. Diante dos resultados, eles classificaram cada um dos entrevistados

em uma escala de dez pontos, variando de forte a fraco SC. Posteriormente, nova classificação

foi feita com os sujeitos sendo reclassificados como tendo forte, moderado e fraco SC. O

próximo passo foi revisar detalhadamente as entrevistas e informações dos indivíduos

classificados como tendo “forte SC” (16 pessoas) e “fraco SC” (11 pessoas). Dessas

entrevistas, emergiram expressões sobre as experiências dos entrevistados diante das situações

vividas. Antonovsky usou esse conteúdo para elaborar a versão preliminar do questionário

com o enfoque de trazer em seus itens a concepção do novo constructo. A preocupação do

autor foi captar por meio do seu instrumento uma orientação global, uma maneira de se olhar

o mundo e de se orientar e não uma resposta diante de uma situação específica vivenciada

pelo sujeito[1].

Considerando-se os três componentes do SC (compreensão, manejo e significado),

cada item foi elaborado para expressar um único componente. Por exemplo, as questões foram

redigidas com orientações voltadas às seguintes indagações: “Quanto você percebe o estímulo

X como compreensível? O item do questionário elaborado com essa orientação seria “Com

que freqüência você percebe que não compreende o que as pessoas estão dizendo?” (p.76)[1].

23

Outras quatro facetas foram escolhidas para avaliar os estímulos: modalidade

(instrumental, cognitiva e afetiva), fonte do estímulo (interno, externo ou ambos), natureza da

demanda imposta pelo estímulo (concreta, difusa ou abstrata) e o tempo de referência do

estímulo (passado, presente ou futuro). Assim, na construção do questionário de SC, o autor

elaborou cada um dos seus itens com a inclusão das quatro facetas descritas e mais a quinta

faceta que expressa um dos três componentes do constructo[1, 51].

Diante da proposta de se avaliar o constructo, enquanto uma orientação global, uma

ampla variedade de estímulos foi considerada para ser representada no instrumento. Um total

de 243 diferentes perfis (combinação de elementos de cada uma das cinco facetas) foi

elaborado. O instrumento preliminar foi testado em várias amostras e os resultados obtidos

foram analisados pelo autor o qual verificou a distribuição das respostas em cada um dos itens

e as matrizes de correlações entre eles. Ao final desse processo, foi obtido um instrumento de

29 itens, com cada um contendo uma estrutura diferente em suas cinco facetas[51]. O

instrumento foi intitulado pelo autor de Questionário de orientação para vida (Orientation to

life questionnaire), mas tem sido referido na literatura como Questionário de Senso de

Coerência de Antonovsky(QSCA)[1].

A versão final do instrumento trata-se de um questionário fechado e sistematizado

contendo os 29 itens distribuídos segundo os três componentes sendo que: 11 itens investigam

o componente da compreensão (itens 1, 3, 5, 10, 12, 15, 17, 19, 21, 24 e 26), dez itens

relacionam-se com o componente manuseio (itens 2, 6, 9, 13, 18, 20, 23, 25, 27 e 29) e oito

com o componente significado (itens 4, 7, 8, 11, 14, 16, 22 e 28). Ele pode ser usado na

forma de entrevista ou de auto-preenchimento. As respostas aos itens são obtidas através de

uma escala de sete pontos, com os valores extremos variando de um (1) a sete (7), no qual o

valor um representa o mais fraco SC e o sete o mais forte. Esses números são inseridos nos

24

extremos da escala de resposta e sob eles há duas frases âncoras para informar ao respondente

como o item deve ser considerado na sua resposta.

Exemplo de uma das questões do QSCA:

Com que freqüência você tem a sensação de que está sendo tratado injustamente?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita

freqüência

Raramente ou nunca

Dos 29 itens, 13 são respondidos em uma escala reversa de valores, ou seja, valores

maiores indicam menor SC (itens 1, 4, 5, 6, 7, 11, 13, 14, 16, 20, 23, 25 e 27). Quando os

valores são somados para se obter o valor total do SC, esses 13 itens precisam ter seus valores

revertidos, ou seja, o valor 7 será transformado em um, o seis em dois, o cinco em três e assim

sucessivamente. Valores elevados sempre significam forte senso de coerência. O intervalo

possível de pontuação varia de 29 a 203[1, 51].

A versão simplificada do instrumento, proposta pelo autor e contendo 13 itens também

pode ser usada. Nessa versão há cinco itens para o componente compreensão (itens 1, 5, 12,

19 e 21), quatro para o componente manuseio (itens 6, 9, 25 e 29) e quatro para o

componente significado (itens 4, 8, 16 e 28), sendo que o intervalo possível varia de 13 a

91[1].

Desde a sua publicação, o instrumento criado por Antonovsky tem sido adaptado por

outros autores, com versões que diferem da original quanto ao número de itens[39, 70, 71],

quanto ao tipo de escala de resposta[25, 70, 72] ou mesmo pela substituição do instrumento

por outras questões usadas para avaliação dos três componentes do SC[68, 73].

Em estudo publicado no final da década de noventa, o próprio Antonovsky constatou

que seu instrumento já havia sido usado em 14 línguas[54]. Em revisão publicada em 2007,

outros autores analisaram os estudos que usaram o QSCA, em suas duas versões originais, e

25

constataram que, até 2003, além das 14 traduções já citadas, outras 19 versões do instrumento

haviam sido realizadas[74]. O QSCA já foi utilizado em 33 línguas diferentes e em 32 países,

sendo a maioria deles ocidentais. O instrumento já foi traduzido para o português e usado em

Portugal[55] e também no Brasil[75, 76].

Em 1999, a versão adaptada para Portugal foi publicada na forma de tese de

mestrado[55]. O autor do trabalho cita que em sua revisão havia encontrado outro estudo

realizado no país e publicado anteriormente, mas que não havia menção ao processo de

adaptação cultural no estudo anterior. Na versão em português para Portugal, algumas

traduções diferem daquelas apresentadas no nosso estudo como, por exemplo, os nomes dos

componentes do senso de coerência e o próprio nome do constructo. O autor português utiliza

os termos: sentido de coerência, capacidade de compreensão (para o componente

compreensão), capacidade de gestão (para manejo) e capacidade de investimento (para

significado)[55].

Quanto à versão traduzida e usada no Brasil, os autores utilizaram a forma

simplificada do QSCA, contendo 13 itens e não a versão completa, a qual foi objeto do nosso

estudo. Temos algumas considerações a fazer sobre o estudo realizado no Brasil e que foi

publicado em dois artigos[75, 76]. No que se refere ao processo de adaptação ao qual a versão

abreviada foi submetida, analisando o primeiro artigo, publicado em 2001, não encontramos

como foi realizado o processo de adaptação e a verificação das propriedades psicométricas da

versão adaptada antes da versão ter sido usada como medida já testada na nossa cultura[76].

Após a tradução a versão em português, o instrumento já foi usado para avaliar 664

adolescentes, com idade média de 15 anos e residentes da cidade de Goiânia. Outro aspecto

que nos chamou a atenção é a proposta de avaliar o SC em adolescentes uma vez que o

próprio Antonovsky apresenta que o SC só se completa em torno dos 30 anos de idade, não

indicando seu uso em adolescentes e crianças[1]. Em uma segunda publicação, os autores

26

apresentam os valores de SC obtidos no grupo de mães dos adolescentes estudados[75]. Os

dois artigos abordam a relação entre SC, comportamentos saudáveis e saúde oral.

3.4 – O processo de adaptação cultural de instrumentos

Antes de discorrermos sobre o processo de adaptação cultural de instrumentos,

achamos pertinente apresentarmos algumas definições relacionadas aos termos escala,

questionário e instrumentos.

Escala pode ser definida como um conjunto de itens/questões através dos quais se

pretende medir uma determinada característica ou atributo numa população de indivíduos. Por

meio de um arranjo de valores numéricos derivados do processo de mensuração (o qual pode

ser de diferentes níveis: ordinal, intervalar, de razão) é permitido ao observador construir um

arranjo de valores numéricos. Quando as respostas são dirigidas para constatar constructos

referentes às atitudes e preferências nós temos, por exemplo, uma “escala de atitudes”.

Quando as respostas são atributos que podem distinguir e caracterizar um indivíduo nós temos

a chamada “escala de personalidade”[77].

Enquanto alguns conceitos, tais como peso e altura, são considerados unidimensionais,

a maioria dos conceitos estudados nas ciências biológicas e comportamentais é de natureza

multidimensional. Relacionada à discussão da multidimensionalidade, temos a questão da

similaridade entre escalas e questionários. Escala implica dizer que do seu conjunto de itens

irá se obter um valor numérico único, o qual irá constituir o resultado dessa medição e cada

escala deve se referir a um único resultado. Com relação ao questionário, ele é composto por

um conjunto de questões ou itens que, por qualquer razão, são apresentados associados a um

agrupamento. Em um questionário é possível ter uma ou várias escalas, sendo denominadas

de subescalas, neste último caso. Questionários unidimensionais são construídos com o

propósito de medir uma única variável[77]. Assim, considerando a proposta de Antonovsky, o

27

QSCA seria do tipo unidimensional uma vez que foi construído para avaliar um único

constructo que é o senso de coerência. Entretanto, no instrumento podemos considerar a

presença de três subescalas que avaliariam os componentes teóricos do SC (compreensão,

manejo e significado).

O termo instrumento é caracterizado por um grupo de itens contidos em questionários.

Além dos itens fazem parte do instrumento: as instruções para o seu preenchimento, para a

escala de pontuação e interpretação dos resultados e outras informações que possam estar

presentes no manual do usuário[78]. Ainda relacionados aos instrumentos, temos os termos

atributo e critério. Atributo é o termo que indica categorias de propriedades ou características

do instrumento enquanto critério é a palavra usada para descrever a condição ou fato que

caracteriza o julgamento do instrumento. Por exemplo, na avaliação dos instrumentos de

medida de qualidade de vida têm sido considerados oito atributos: modelo conceitual e de

medida; confiabilidade; validade; responsividade; interpretabilidade; sobrecarga imposta ao

respondente e ao entrevistador; formas alternativas de administração do instrumento e

adaptações culturais e de linguagem[78].

Após estas considerações, abordaremos o tema proposto para este item que é o

processo de adaptação cultural de instrumentos de avaliação de variáveis psicosociais e ou

relacionadas à saúde.

As adaptações culturais e de linguagem envolvem dois passos iniciais que são:

levantar as equivalências conceituais e lingüísticas e avaliar as propriedades de medidas[78].

A grande maioria dos instrumentos para mensurar variáveis psicosociais, relacionadas

à saúde, tais como as escalas de personalidade e de sintomas, encontra-se em língua inglesa e

é direcionada para as populações que falam este idioma[79]. A utilização desses instrumentos

em populações de outras línguas e culturas requer processo de adaptação cultural. Além da

versão do inglês para outra língua, esse processo envolve a avaliação rigorosa da tradução,

28

uma adaptação cultural e, posteriormente, a avaliação das propriedades métricas do

instrumento[53, 80].

Em nossa revisão não encontramos uma proposta de adaptação cultural

especificamente voltada para o QSCA, mas julgamos que as propostas feitas para a adaptação

de outros instrumentos de avaliação, como os de medidas de qualidade de vida e estado de

saúde, também sejam pertinentes para a adaptação do QSCA. Assim, apresentaremos a seguir

como o referido processo de adaptação cultural tem sido abordado na literatura internacional e

nacional de maneira geral.

A adaptação trans-cultural ou cultural pressupõe a combinação de duas etapas

associadas: a tradução do instrumento e a sua adaptação propriamente dita. Primeiramente, é

feita a tradução literal de palavras e sentenças de um idioma para o outro e de um contexto

cultural para o outro. Após essa etapa ocorre a avaliação da qualidade da medida adaptada em

relação à sua compreensibilidade, validade aparente e de conteúdo, bem como a

replicabilidade e adequação da nova versão do instrumento[80].

Assim como a construção de um novo instrumento de medida é um processo longo e

dispendioso, a adaptação de um instrumento já existente para outra cultura também exige

tempo, custos financeiros e o seguimento de um processo metodológico rigoroso. O

instrumento adaptado precisa satisfazer todos os critérios metodológicos exigidos para a

medida original, ou seja, ser válido e confiável, medindo realmente aquilo que se propõe

avaliar[81, 82].

É consenso entre vários pesquisadores que a tradução literal dos instrumentos não

garante a validade da medida. A intenção da adaptação trans-cultural é adaptar o instrumento

de uma maneira culturalmente relevante e compreensível, mantendo o significado e a intenção

dos itens originais[81-83]. O processo de adaptação cultural de instrumentos de estado de

saúde a serem usados em outros países, culturas e línguas necessitam utilizar um único

29

método para se obter equivalência entre as medidas originais e as novas versões dos

instrumentos[83].

No Brasil, também encontramos autores que utilizam o termo “validação local” para se

referir ao processo necessário de ser conduzido nas seguintes situações: a) quando o

pesquisador planeja alterar de algum modo o formato, as instruções, a linguagem ou o

conteúdo dos itens de uma escala; b) quando se pretende usar uma escala em uma população

de sujeitos que difere de algum modo, da população para a qual a escala foi elaborada ou

adaptada como, por exemplo, nos estudos inter-culturais[77].

Várias propostas têm sido feitas visando tornar o processo de adaptação mais rápido e

simples, resultando em versões adaptadas de instrumentos que podem ser consideradas como

equivalentes, válidas e confiáveis[84, 85]. Revisões sistemáticas foram realizadas enfocando

como esse processo tem sido conduzido por diferentes autores. Com essas revisões, podemos

concluir que a adaptação de instrumentos como, por exemplo, os de qualidade de vida, ainda

precisa sofrer mudanças para proporcionar maior efetividade e menor chance de erros das

medidas quando forem usadas nos países para as quais foram adaptadas[86].

Quando um pesquisador se propõe a adaptar um instrumento para outra cultura, ele

deve se preocupar com algumas questões importantes para o processo de adaptação. Ele

precisa investigar: se os domínios inseridos no conceito a ser estudado também são

importantes para a cultura onde será investigado (equivalência conceitual); se os itens

presentes em cada um dos domínios são relevantes para a cultura alvo (equivalência dos

itens); se a tradução realizada garante a equivalência dos significados dos itens (equivalência

semântica); se o método usado para a aplicação do instrumento adaptado é compatível com as

recomendações do autor da versão original (equivalência operacional) e se o formato usado

para a escala de resposta aos itens e as instruções para o preenchimento do instrumento estão

30

adequados para a cultura do país onde a versão adaptada será usada (equivalência da

medida)[87].

Como podemos observar há uma preocupação com a busca de evidências que

confirmem os diferentes tipos de equivalências existentes entre a versão original e a versão

adaptada para outra cultura. Diversas taxonomias têm sido propostas para a avaliação da

equivalência cultural das versões original e final de instrumentos de medida. Autores

analisaram as várias definições usadas para especificar os diferentes tipos de equivalência dos

instrumentos de avaliação de qualidade de vida relacionada à saúde em 66 estudos realizados

com o objetivo de adaptação cultural desses instrumentos. Nos estudos revisados, os autores

encontraram 19 tipos de equivalências, definidas com graus variados de precisão, sendo as

mais citadas as equivalências definidas como: conceitual (30%), semântica (12%), métrica

(8%), técnica (6%) e operacional (6%). Eles ainda observaram a existência de um forte

consenso relacionado às definições da equivalência semântica e operacional, o que não

ocorreu a respeito das definições da equivalência conceitual e funcional[88]

Em nossa revisão encontramos as seguintes definições dos diferentes tipos de

equivalência a serem investigada:

- Equivalência semântica: refere-se à equivalência dos significados das palavras. É a

transferência de significado através da linguagem, obtendo-se um efeito similar sobre

os respondentes que falam línguas diferentes. O vocabulário e a gramática podem

sofrer alterações na construção das sentenças[80, 88].

- Equivalência idiomática: é aquela relativa aos significados das expressões idiomáticas

e coloquiais, as quais devem ser substituídas por expressões equivalentes na cultura

alvo[80].

- Equivalência cultural: relaciona-se a todas as expressões retratadas na versão original

devem ser coerentes com o contexto cultural para o qual o instrumento está sendo

31

traduzido. Alguns itens poderão ser modificados ou mesmo descartados[80]. Alguns

autores têm constatado que a equivalência cultural é determinada por outras cinco

propriedades psicométricas: equivalência de conteúdo, semântica, técnica, de critério e

de conceito[89].

- Equivalência conceitual: está relacionada à validade do conceito explorado e aos

eventos vivenciados pelos indivíduos da cultura-alvo. O instrumento está medindo o

mesmo constructo teórico em cada cultura. Alguns itens podem ser equivalentes

quanto ao significado, mas não equivalentes quanto ao conceito[80, 88].

- Equivalência funcional: principalmente em pesquisas da área da psicologia, essa

equivalência está relacionada à similaridade entre as ações dos sujeitos frente à mesma

situação, embora pertençam a culturas diferentes[88]

- Equivalência métrica/escalar: um instrumento tem equivalência escalar para duas

culturas distintas quando demonstra que o constructo é avaliado com a mesma medida.

Ou seja, um valor numérico pontuado em uma escala por um sujeito tem o mesmo

grau, intensidade ou magnitude da medida do constructo, a despeito da população ao

qual pertence[88].

- Equivalência operacional: refere-se à capacidade do instrumento adaptado de ser

usado nas várias formas propostas para a versão original (auto-administrado, por

entrevista, por telefone, via correio)[88]

A verificação destas diferentes equivalências é feita em várias etapas do processo de

adaptação cultural de um instrumento.

Uma das propostas mais utilizadas para esta adaptação tem sido aquela preconizada

por Guillemin, Bombardier e Beaton no início dos anos noventa[80]. Os autores sugerem as

seguintes etapas serem realizadas:

32

1- Tradução: a ser realizada por, pelo menos, dois tradutores independentes e qualificados,

preferencialmente, nativos do idioma alvo e que conheçam os objetivos do estudo e os

conceitos envolvidos. O objetivo dessa etapa é obter uma versão que preserve o mesmo

significado de cada item entre as duas línguas, visando manter a integridade do instrumento

de medida.

2- Retro-tradução (back-translation): consiste em traduzir novamente para a língua de origem

a versão obtida na primeira etapa, ou seja, na língua alvo. Nessa etapa, os autores aconselham

que os tradutores sejam fluentes no idioma e nas formas coloquiais da língua de origem do

instrumento, ou seja, devem ser nativos do país para o qual o instrumento foi criado. A seguir,

a versão original e as versões traduzidas devem ser comparadas, sendo as divergências

discutidas com os tradutores e o pesquisador responsável. O objetivo é corrigir possíveis erros

de tradução que comprometam os significados dos itens e rever interpretações equivocadas

ocorridas durante as etapas de tradução e retro-tradução, as quais deverão ser corrigidas.

3- Revisão da versão traduzida por comitê de juízes: um comitê deve ser constituído por

pessoas, preferencialmente bilíngües, representativas da população-alvo e de especialistas nos

conceitos a serem explorados. O papel do comitê é obter uma versão final do instrumento de

modo que este seja lingüisticamente adaptado com base nas várias traduções e retro-traduções

feitas durante as etapas anteriores. Ou seja, os objetivos dessa etapa é assegurar que todo o

conteúdo do instrumento (instruções para seu preenchimento, itens e escala de resposta) tenha

sido traduzido e adaptado de forma a preservar as equivalências do instrumento adaptado com

a versão original. Os juízes podem incluir ou eliminar itens irrelevantes, inadequados ou

ambíguos e, ao mesmo tempo, criar substitutos que sejam adequados à população-alvo.

4- Pré-teste: essa etapa do processo de adaptação consiste na avaliação da equivalência das

versões original e final. Os autores sugerem que o instrumento, nas versões originais e

adaptadas, seja respondido por indivíduos leigos bilíngües, visando à verificação dos itens.

33

Também sugerem a aplicação da versão adaptada em uma amostra da população alvo,

objetivando garantir sua compreensão e clareza.

Outra sugestão é para que o processo de adaptação ocorra em duas fases: a qualitativa

e a quantitativa. A fase qualitativa envolve: a) tradução; b) retro-tradução (back-translation);

c) comparação das versões traduzidas com a original, d) teste da versão traduzida em uma

amostra da população alvo e discussão com os sujeitos sobre as suas percepções quanto aos

itens (validade de face); e) produção de uma nova versão com re-teste; f) os passos “d” e “e”

são repetidos até ser atingido um consenso e serem confirmadas as validades de face e de

construto do instrumento. Já na fase quantitativa, ela sugere que a versão seja testada em uma

amostra de 250 indivíduos da população-alvo e 50 indivíduos da população “normal”, embora

não apresente uma justificativa sobre o porquê de tal número de sujeitos. Nessa etapa há o

cálculo do alfa de Chronbach, a análise fatorial e a comparação dos resultados obtidos pela

nova versão com os da versão original[82].

Em 2000, uma nova proposta sobre o processo de adaptação cultural de instrumentos

de medidas subjetivas de estado de saúde é publicada[83]. A justificativa da nova proposta,

segundo seus autores, é baseada na revisão da literatura sobre esse tema em diferentes áreas

do conhecimento (medicina, sociologia e psicologia) e na sugestão do aprimoramento do

processo metodológico apresentado por Guillemin e colaboradores[80]. Eles acrescentam a

etapa denominada de “síntese” entre a tradução e a retro-tradução (back-translation), cujo

objetivo é resolver discrepâncias entre as traduções obtidas. Também inserem outra etapa,

após o pré-teste, que é a submissão de todo processo percorrido para aprovação de um comitê

composto por autores ou responsáveis pelos instrumentos.

Outros autores sugerem que, antes da realização da retro-tradução (back-translation), a

primeira versão do instrumento na língua alvo seja submetida a uma avaliação por um comitê

de especialistas[90]. Essa proposta tem sido utilizada em outros estudos de adaptação cultural

34

realizados no Brasil[91, 92]. Assim como Ferrer e colaboradores[90], concordamos que essa

alteração na ordem das etapas propostas por Guillemin, Bombardier e Beaton é importante,

pois possibilita a detecção de erros ou problemas de compreensão que após a retro-tradução

poderiam não ser notados[91-93]. A mudança proposta visa assegurar o objetivo da retro-

tradução que é o de observar possíveis erros de significado na primeira versão traduzida.

Antes da utilização da versão adaptada, consideramos importante que ela seja

submetida a outra etapa chamada de Análise Semântica[91, 93, 94]. Antes de se utilizar um

instrumento de medida ele deve ser submetido a um processo de análise semântica que tem

como objetivo verificar se todos os itens são compreensíveis para os membros da população à

qual o instrumento se destina. Nessa análise, uma das preocupações relevantes é verificar se

os itens são inteligíveis para o estrato mais baixo (de habilidade) da população meta e, por

isso, a amostra para essa análise deve ser feita com esse estrato[94]. A nosso ver, essa etapa

corresponde ao item “d” da fase qualitativa apresentada por Chwalow[82], uma vez que o

objetivo é verificar a compreensão de todos os itens pelos membros da população à qual o

instrumento se destina. Dessa forma, o entendimento de cada item, não deverá apresentar-se

como fator complicador na resposta dos indivíduos. O grupo deve ser composto por até quatro

indivíduos com as características anteriormente mencionadas, sendo que o pesquisador deverá

apresentar o instrumento para os sujeitos, abordando item por item. As sugestões provenientes

do grupo para a realização de mudanças que sejam necessárias para a maior

compreensibilidade de cada item do instrumento deverão ser aceitas pelos autores do estudo O

objetivo será evitar que os itens se apresentem demasiadamente primitivos, mas sim com

suficiente seriedade para todos os sujeitos. Todas essas propostas metodológicas, para o

processo de adaptação cultural dos instrumentos, visam garantir que a validade e a

confiabilidade do instrumento original se mantenham na versão adaptada.

35

3.5 – Avaliação das propriedades psicométricas de instrumento a ser usado em outra

cultura

O pesquisador ao se decidir pela escolha de um determinado instrumento a ser

adaptado para sua língua e cultura deve considerar alguns indicadores de natureza quantitativa

e qualitativa. Os indicadores qualitativos são, por exemplo, aqueles relacionados à clareza das

instruções de aplicação e pontuação, a praticabilidade do seu uso em pesquisa e na prática

clínica. Entretanto, há dois critérios quantitativos que são indispensáveis para ajudar o

pesquisador na escolha do instrumento: a validade e a confiabilidade, também chamada de

fidedignidade e precisão[77].

Validação é um processo de coletar e avaliar as evidências da validade do instrumento.

Tanto o pesquisador quanto o sujeito/respondente desempenham papéis importantes nesse

processo, cabendo ao primeiro coletar as evidências que confirmam ou não a validade do

instrumento[77]

A validade de um instrumento evidencia se o que está sendo medido é o que o

pesquisador está pretendendo avaliar. É definida como a habilidade de um método em medir o

que se propõe. Ela poderá ser avaliada por meio da validade de face (percepção que as

pessoas têm do que está sendo medido), validade de construto ou de conceito (validade

convergente e divergente), validade de conteúdo (preocupa-se com a adequação da cobertura

da área de conteúdo sendo medida) e validade relacionada ao critério (validade concorrente e

validade preditiva)[78, 94-96].

A validade de face ou aparente relaciona-se com o fato do instrumento parecer estar

medindo o constructo apropriado. Ela reporta à compreensão e aceitação dos itens do

questionário pelos próprios pesquisadores e pelos sujeitos e refere-se ao julgamento de quão

relevante os itens ou questões da escala parecem ser[77]. Para a sua investigação algumas

questões pertinentes seriam: O que os sujeitos pensam que a escala está medindo? Eles

36

compreendem as questões?[82]. Embora seja útil que o instrumento tenha essa validade,

outros tipos de validade são mais importantes na investigação de um instrumento sendo

aquelas relacionadas ao conteúdo, ao critério e ao constructo[95].

A validade de conteúdo de uma escala examina a extensão em que a especificação,

sobre a qual ela foi construída, reflete o propósito específico para o qual ela está sendo

desenvolvida. Em geral, demonstra o grau em que uma amostra de itens, tarefas ou questões

de uma escala representa um universo definido ou um domínio de um conteúdo[77]. Ou seja,

ela relaciona-se com a capacidade dos itens de representar adequadamente todas as dimensões

do conteúdo a ser abordado no instrumento. Ela define a extensão na qual uma medida

empírica reflete um domínio específico de conteúdo e está associada, neste caso, a validade

aparente[55]. A validade de conteúdo e a validade aparente caminham juntas. A validade de

conteúdo tende a de ser julgada de forma mais qualitativa do que quantitativa sendo baseada,

fundamentalmente, em julgamentos empíricos, uma vez que não existem métodos totalmente

objetivos para garantir que um instrumento abranja adequadamente o conteúdo a ser

medido[77, 95]. Para que ela possa ser determinada, o instrumento deve ser submetido a pelo

menos dois juízes, sendo o mais comum a avaliação por um painel de especialistas e leigos

que irão avaliar a clareza, a compreensão e redundância dos itens e o formato e clareza da

escala de resposta[78]. Esses irão avaliar a relevância de cada item para o domínio e julgar se

eles representam o conteúdo do domínio em questão[97, 98].

A validade de construto examina a ligação teórica dos itens conjuntamente com a

escala hipotética, sendo a mais complexa e difícil de ser determinada. Refere-se ao grau em

que uma escala, ou conjunto de subescalas, mede a teoria ou a hipótese sob investigação, ou

seja, está relacionada à habilidade do instrumento para confirmar as hipóteses esperadas. Ela

é, na realidade, um julgamento sobre a adequação das inferências delineadas dos valores da

escala, considerando-se o posicionamento individual numa variável que mede o constructo.

37

Um constructo é uma idéia informada, uma idéia científica desenvolvida ou hipotetizada para

descrever ou explicar um fenômeno, como, por exemplo, a percepção da qualidade de vida,

do estado de saúde ou um comportamento[77]. Trata-se da busca de evidências que apóiam a

interpretação proposta dos valores baseada nas implicações teóricas associadas com o

constructo a ser investigado. O processo de validação de um constructo envolve uma tentativa

de conectar dois domínios, um teórico e outro da observação. No domínio da teoria, das

idéias, das intuições do pesquisador, o constructo pode originar-se das percepções que o

pesquisador tem acerca do fenômeno a ser estudado (sua natureza, os comportamentos dos

sujeitos frente a ele) enquanto no domínio da observação, estão incluídos a observação direta,

as anotações informais e, especialmente, as medidas objetivas, formais, baseadas em

questionários e/ou escalas[77].

Métodos comuns para se obter a confirmação dessa validade incluem o exame lógico

das relações que deveriam existir com outras medidas e/ou padrões de valores para grupos

que supostamente devem divergir nos valores relacionados ao constructo[78]. Ela pode ser

subdividida em duas vertentes distintas: validade de constructo convergente e validade de

constructo discriminante ou divergente[99]. Assim para investigar a essa validade,

poderíamos elaborar as seguintes questões: Os itens da escala refletem a dimensão que se

pretende testar, de acordo com as definições dos peritos? Há um julgamento teórico, por

peritos, na estrutura da escala?[82].

Validade de constructo convergente consiste na correlação das dimensões postuladas

com as dimensões teoricamente sugeridas, prognosticando altas correlações, e confirmando os

subseqüentes valores observados conforme as predições. Uma alta correlação entre duas

escalas sugere que ambas estão medindo um mesmo fator[99]. A validade convergente refere-

se à correlação significativa do instrumento com outras variáveis com as quais este deveria

estar relacionado. Isto é, a aplicação conjunta e após, a correlação com algum instrumento de

38

medida semelhante que seja confiável e válido (padrão ouro)[94, 96]. Validade de constructo

discriminante ou divergente reconhece que as dimensões entre os instrumentos apresentam,

comparativamente, baixas correlações[99].

Além dos testes de correlação entre as medidas de instrumentos que avaliam

constructos afins, outros testes têm sido usados para avaliar a validade relacionada ao

constructo tais como a comparação entre grupos distintos e a análise fatorial.

A comparação de resultados obtidos entre grupos extremos ou distintos é uma das

estratégias mais fácil e direta de determinar essa validade. Por exemplo, grupos que têm os

mais altos valores em uma escala que mede determinado constructo (por exemplo, dor) são

comparados com grupos que têm os menores valores para esse mesmo constructo. A premissa

é que se uma escala é uma medida válida de um dado constructo, então os valores

provenientes de grupos de pessoas que, supostamente, diferem com respeito àquele constructo

deveriam ter correspondentemente valores distintos obtidos pela mesma escala[77].

Outra opção é a realização de uma análise fatorial avaliar, principalmente, a validação

de suas dimensões ou componentes do instrumento adaptado. Trata-se basicamente de um

conjunto de procedimentos matemáticos usados para identificar agrupamentos de variáveis, a

partir da análise das inter-correlações entre elas. Cada agrupamento, denominado de fator ou

dimensão, é definido para aquele grupo de variáveis cujos itens da escala correlacionam-se

mais altamente entre si do que com as variáveis de outros agrupamentos não relacionados[77].

Um quarto tipo de validade é a relacionada ao critério. Ela tem sido considerada como

a mais importante das validades estatisticamente determinadas e refere-se à extensão em que

um instrumento demonstra uma associação com um critério ou uma medida externa

independente, sendo esta a medida de interesse. Critério pode ser definido como um padrão,

uma referencia contra o qual o valor de uma escala, questionário ou teste é avaliado.

Operacionalmente, um critério pode ser qualquer desempenho adequado e escalonado

39

apropriadamente. Como exemplos, nós podemos citar o valor de um teste, um comportamento

específico, o número de dias de hospitalização[77].

A validade de critério considera se a escala tem associação empírica com critérios

externos relacionados às medidas de outros instrumentos, com validades confirmadas, e que

avaliam o mesmo constructo[78, 99]. Nas avaliações subjetivas, por exemplo, do estado de

saúde, validade relacionado ao critério é raramente testada em decorrência da ausência de

medidas de critérios amplamente aceitas pela comunidade científica. Há algumas exceções

que tem sido aceita, como a comparação da medida proveniente da versão abreviada com a

medida da versão integral de um mesmo instrumento[78]. Um exemplo seria testar a medida

da versão de 13 itens do QSCA com a medida da versão de 29 itens. Para testar instrumentos

de avaliação (screening), a validade de critério pode ser testada confrontando a medida

proveniente desse instrumento com medidas clínicas objetivas, no caso de instrumentos que

avaliam estado de saúde[78]. A validade relacionada ao critério pode ser classificada em

concorrente e preditiva. A validade concorrente é um índice do grau em que um valor da

escala relaciona-se com alguma medida de um critério externo obtido no mesmo

momento[77]. Por exemplo: A piora na avaliação do estado de saúde com o número de dias

de hospitalização?[82].

A validade preditiva ressalta a capacidade da escala em predizer outras variáveis. Por

exemplo, os escores de um paciente numa dada escala são usados para predizer seu

comportamento ou o desempenho de um critério predeterminado[77]. Por exemplo: Um nível

pior de qualidade de vida é prognóstico de um índice de mortalidade maior?[82].

A outra propriedade básica de um instrumento de medida é a confiabilidade ou

fidedignidade. A confiabilidade de um instrumento está relacionada à capacidade de medir

com precisão, a consistência e a estabilidade ao longo do tempo do atributo que se deseja

medir[94, 96]. Relaciona-se ao grau em que o instrumento produz os mesmos resultados,

40

quando aplicado em um mesmo sujeito em diferentes ocasiões ou em uma única ocasião por

dois observadores distintos. Reprodutibilidade e precisão são outros termos usados para esta

propriedade[98]. A confiabilidade de um instrumento poderá ser avaliada pelo grau de

consistência com que ele mede o atributo proposto. Sua confiabilidade de medida pode ser

avaliada por diferentes caminhos: estabilidade, consistência interna e equivalência[95]. Uma

estimativa mais utilizada é o coeficiente alfa de correlação, que permite evidenciar se o teste

como um todo mede apenas o atributo proposto. O esperado das proposições básicas é que os

itens que compõem o instrumento estejam positivamente relacionados, o que confirmaria a

medida de um mesmo atributo.

A confiabilidade é, usualmente, estimada pelos seguintes procedimentos estatísticos: o

teste-reteste e a avaliação da consistência interna, sendo este último o mais freqüentemente

utilizado[98]. A precisão teste-reteste consiste em calcular a correlação entre as distribuições

de escores obtidos num mesmo teste pelos mesmos sujeitos em duas ocasiões diferentes de

tempo. A precisão da consistência interna é viabilizada através de várias técnicas estatísticas

que visam verificar a homogeneidade da amostra de itens do teste, ou seja, a consistência

interna do teste. As técnicas mais utilizadas são: duas metades, Kuder-Richardson e alfa de

Cronbach. Todas elas exigem aplicação do teste em apenas uma única ocasião, evitando

totalmente a questão da constância temporal[94].

O coeficiente alfa de correlação é tomado como evidência de que o instrumento, como

um todo, mede apenas um único fenômeno. Em casos em que os testes são destinados a mais

de um atributo (subescalas ou domínios) o alfa deve ser determinado para cada um deles. A

premissa básica para esta análise, portanto, é a de que os itens que compõem o instrumento

estão positivamente relacionados entre si, uma vez que medem um mesmo atributo. O

coeficiente de consistência interna, obtido ao se medir a correlação entre os itens, expressa a

confiabilidade da medida[97, 98].

41

O Alfa de Cronbach assume valores entre zero e um, trabalhando com a proposição de

que as correlações entre os itens são positivas. Para verificar a consistência interna de um

instrumento o Alfa de Cronbach é uma das medidas estatísticas mais utilizadas. Coeficientes

abaixo de 0,70 são geralmente considerados como aceitáveis para escalas psicométricas,

embora seja recomendado que seu valor deva ser acima de 0,80 (bom) ou mesmo 0,90

(excelente)[99]. Entretanto, um valor acima de 0,90 pode indicar redundância dos itens[77].

3.5.1 Avaliação das propriedades psicométricas do Questionário de Senso de Coerência

de Antonovsky.

Após a elaboração do questionário vários autores, além do próprio Antonovsky, têm se

preocupado em discutir as propriedades psicométricas do Questionário de Senso de Coerência

de Antonovsky[34, 51, 54, 100].

Com relação à aplicabilidade do QSCA, o autor da versão original refere que o

instrumento pode ser usado na forma auto-aplicável ou por meio de entrevista (pessoal ou

por telefone). O tempo de preenchimento estimado para a versão completa seria em torno

de 15 a 20 minutos, diminuindo para cinco minutos no caso da versão de 13 itens[56]. Um

dos problemas detectados por alguns pesquisadores ao usarem o instrumento é a tendência

de alguns sujeitos de responderem apenas os valores extremos da escala de resposta, ou

seja, de assinalarem somente o valor sete e/ou o valor um. Antonovsky já havia apontado

tal situação e sugerido algumas possibilidades para minimizar esse problema. Ele sugere,

por exemplo: tornar as instruções de preenchimento mais claras; elaborar um exemplo de

maneira a demonstrar mais concretamente como devem ser analisadas as opções de

respostas; inserir uma frase âncora também no meio da escala, ou seja, sob o valor

quatro[56].

42

Geralmente, os participantes não costumam apresentar dificuldades para preencherem

o instrumento. Porém, em alguns estudos analisados pontuadas situações específicas tais

como: idosos (80 anos ou mais), indivíduos de determinadas culturas (por exemplo, os

orientais) ou de determinadas religiões (por exemplo, os pentecostais) tiveram maior grau de

dificuldade para completar o QSCA. Os itens pertencentes aos componentes compreensão e

manejo são os que causam a maioria dos problemas, pois são fortemente elaborados em uma

perspectiva centrado no ego dos indivíduos, o que parece ser inapropriado para as pessoas nas

situações citadas. Os itens que apresentam maiores problemas são os de número: cinco, seis,

dez e 17[15, 51, 74].

No que se referem à validade do QSCA, diferentes tipos de validade têm sido

investigadas para ambas as versões propostas por Antonovsky. As validades discutidas pelo

autor são: de face, de conteúdo, consensual, de constructo (convergente e discriminante), de

critério e a de grupos distintos[51, 54]. Na revisão realizada por Eriksson e Lindström[74],

esses autores trazem as análises dos estudos revisados considerando as validades abordadas

por Antonovsky e em seus dois artigos de revisão.

O próprio Antonovsky salienta que, após consultar a literatura para discutir sobre a

validade de seu instrumento, sentiu-se confuso com a variedade de definições propostas para

os diferentes tipos de validade apresentados nos textos de sociologia e psicologia. Reforça em

seus trabalhos que tem se preocupado em avaliar as formas de validade, que na sua

compreensão, estão relacionadas à questão central que é confirmar que seu instrumento avalia

o que se pretende, ou seja, o constructo senso de coerência[51, 54].

Com relação à validade de face do QSCA, Antonovsky argumenta que o processo de

elaboração dos itens (o qual já descrevemos anteriormente), no qual cada item foi elaborado

para expressar apenas um elemento das cinco facetas propostas, pode ser um indicador que o

instrumento representa o constructo a ser medido[51, 54]. A validade de face do QSCA tem

43

sido aceita segundo a avaliação de Eriksson e Lindström[74], após a ampla revisão das

publicações com o referido instrumento.

Outro tipo de validade analisada por Antonovsky[51, 54] é a chamada de validade

consensual que foi verificada pela reação de outros investigadores ao QSCA. Este tipo de

validade está relacionado à concordância entre os peritos de que a medida investigada é

válida[101]. Nos primeiros anos após a publicação do instrumento, Antonovsky não havia

encontrado autores que tivessem modificado as duas versões propostas, de 29 e 13

itens[51, 54]. Considerando-se a variedade de populações que haviam sido estudadas e o

número de pesquisadores envolvidos nas publicações dos resultados obtidos com o seu

instrumento, Antonovsky concluiu que a escala proposta apresentava validade de

conteúdo, considerando os estudos analisados até então. Entretanto, ele próprio salientou

que isso não significa que não existiriam eventuais mudanças na forma original, o que

acabou ocorrendo[51, 54].

Nos últimos anos, vários autores propuseram alterações no QSCA, conforme foi

constatado na revisão de Eriksson e Lindström[74]. Nessa revisão, os autores encontraram 15

versões diferentes, com modificações nos números de itens (versões com três, seis, sete, nove,

10, 11, 12, 16 e 28 itens) e na escala de resposta (escala tipo Likert de cinco pontos; frases

âncoras substituídas pelas palavras “de concordo” e “discordo”). As justificativas

apresentadas para as alterações foram: instrumento extenso (mesmo a versão abreviada),

escala de resposta de difícil compreensão e adaptação do instrumento às demais medidas do

estudo[74].

A validade de constructo do QSCA tem sido testada por vários autores e de diferentes

maneiras. A validade de constructo convergente tem sido verificada correlacionando a medida

do SC com outros constructos que, teoricamente, estariam correlacionados com o SC. Por

exemplo, autores correlacionaram a medida do QSCA com indicadores da saúde física e com

44

medida de depressão para testar a validade da versão espanhola do questionário quando usada

em idosos[102]. As correlações entre SC e depressão[41, 45, 103] e entre SC e medidas de

auto-estima[43, 45] também têm sido investigadas em outras populações. Quanto à validade

de constructo discriminante, o autor, até o final da década de 90, desconhecia a existência de

algum estudo que houvesse testado a não afinidade teórica entre SC e outros constructos. Ele

citou o estudo realizado por Hart, Hittner e Paras, publicado em 1991, no qual esses autores

comentam a falta de associações entre a medida de SC e outras medidas de apoio inter-

pessoais, o que para Antonovsky confirmou a validade discriminante do seu instrumento[51,

54].

Segundo a nossa revisão sobre a definição de validade relacionada ao constructo,

temos que ela tem sido testada com a associação de medidas de outros constructos tais como

bem-estar subjetivo[9, 34, 43, 47, 48], satisfação com a vida[13], qualidade de vida[6, 26, 49]

e auto-estima[6, 26, 43, 45]

Outro método usado para avaliar a validade de constructo tem sido a análise fatorial. A

estrutura da escala com a presença de três componentes não está clara, sendo que em alguns

estudos a análise fatorial confirmou a existência de um único componente, como proposto por

Antonovsky. A análise fatorial realizada com as medidas obtidas em uma amostra de israelitas

confirmou a presença de um único fator[1], o que para Antonovsky não foi uma surpresa. Ele

argumenta que, embora os três componentes sejam distintos do ponto de vista teórico quando

se define o constructo de SC, eles não se separam do ponto de vista empírico e a escala foi

elaborada para fornecer uma única medida que é a do senso de coerência[51, 54]. Relembra,

ainda, que embora a escala tenha sido construída como os itens elaborados em três subescalas

(compreensão, manejo e significado), os itens compartilham elementos das outras quatro

facetas (modalidade, fonte do estímulo, demanda e tempo) com os demais itens. Por exemplo,

os 11 itens do componente compreensão têm três referências para o passado, seis para o

45

presente e duas para o futuro; enquanto os 10 itens do componente manejo têm quatro, três e

três itens, respectivamente. Ou seja, enquanto uma faceta (a dos componentes) divide os itens

em três fatores distintos, outras facetas os reagrupam de outra maneira[1]. A proposta do autor

é para que não se utilizem as medidas dos componentes isoladamente e sim a medida do

global do SC que á a avaliação dada pela soma de todos os itens do instrumento[56].

Outros investigadores, a despeito da argumentação de Antonovsky, têm buscado

analisar a validade de constructo através da confirmação da presença dos três componentes no

QSCA, usando a análise fatorial. Há autores que têm confirmado a presença de um único

fator[104-107]; enquanto outros constataram a presença de mais de um componente[65, 102,

108-110].

Outra forma de testar a validade de constructo é comparando os resultados obtidos

entre grupos supostamente distintos buscando evidências que confirmem, teoricamente, a

validade do constructo. Esse tipo de teste tem sido usado para avaliar o constructo de SC[34,

51, 54, 104, 111]. Nos estudos revisados pelo próprio autor e conduzidos por outros

pesquisadores, indivíduos com menor escolaridade, precárias condições sócio-econômicas[65,

69, 112], adolescentes e adultos residentes em kibutz apresentaram valores médios de SC

inferiores aos referidos por adultos mais idosos, aposentados e trabalhadores[51, 54]. Os

grupos também têm sido considerados considerando-se a presença de alguma condição

crônica[104] e o sexo dos sujeitos[63, 66, 111].

Quanto à validade de critério como foi considerada por Antonvsky[51, 54] não há um

padrão-ouro para se confrontar com a medida de SC. Segundo o autor, a questão fundamental

é constatar se a medida da escala pode ser correlacionada com o fenômeno, externo para o

SC, com o qual a teoria sugere que ele possa estar correlacionado[51, 54]. Para avaliar como

isso foi estudado por outros autores, ele apresenta como a medida obtida pelo QSCA tem sido

correlacionada com outras medidas as quais ele divide em: a) medidas gerais de percepção do

46

self e ambiente (ex.: locus interno de controle, auto-estima e ansiedade); b) estressores

percebidos (ex.: percepções de estressores, eventos recentes da vida); c) saúde e bem-estar

(ex.: estado de saúde, bem-estar geral, índice global de saúde) e, d) atitudes e comportamento

(ex.: apoio social, níveis de atividades, habilidades sociais, coping)[51, 54].

Diante da literatura consultada sobre as várias definições e compreensões sobre as

validades de constructo e de critério, questionamos se os exemplos apresentados por

Antonovsky[51, 54] e, posteriormente, por Erikson e Lindström[74] seriam testes adequados

para averiguar a validade de critério do QSCA ou se estariam testando a validade de

constructo do instrumento.

Na revisão de Eriksson e Lindström[74], as mesmas análises apresentadas na revisão

de Antonovsky e relacionadas aos diferentes tipos de validades do QSCA são

apresentadas[51, 54]. Eles apresentam que o QSCA tem sido confrontado com outros

instrumentos padronizados para medidas de saúde, auto-percepção, estressores, qualidade de

vida, bem-estar, atitudes e comportamentos para testar a validade relacionada ao critério. Os

resultados obtidos têm mostrado que a medida de SC tem se correlacionado em diferentes

graus com medidas gerais de saúde; de maneira forte e negativa com medidas de depressão e

forte e positiva com medidas de auto-estima e de otimismo[74].

A validade de critério preditiva está relacionada à capacidade da medida de SC

predizer um resultado futuro, no caso, a saúde do indivíduo. Observando resultados de

estudos prospectivos podemos constatar que a medida de SC tem essa validade, embora haja

estudos com resultados divergentes[74]. Forte SC foi preditor de resultados positivos entre

indivíduos com doenças de origem somática que foram acompanhados por um período de dois

anos[113], entre pacientes ortopédicos[114] e pacientes com obesidade mórbida após a

intervenção cirúrgica[115]. Em estudos mais longos, com cinco anos ou mais de seguimento,

autores observaram que SC teve um bom valor preditivo para determinar: incapacidades entre

47

pacientes finlandeses[116] e burnout entre trabalhadores também da Filândia[117].

Entretanto, em outro estudo realizado com trabalhadores finlandeses de outras profissões, os

resultados não comprovaram essa relação[39].

Com relação à confiabilidade do QSCA, ela tem sido testada enquanto a

consistência interna de seus itens (pelo alfa de Cronbach) e pela estabilidade da medida

(teste-reteste). No que se refere à consistência interna dos itens, em ambas as versões do

instrumento, tem sido constatados valores adequados para os alfa de Cronbach, com

valores menores para a versão de 13 itens, o que pode ser justificado pelo menor número

de itens[51, 56]. Em uma revisão feita pelo próprio autor, os valores dos alfas variaram de

0,82 a 0,95 nos 26 estudos que usaram o instrumento de 29 itens e de 0,74 a 0,91 nos 16

estudos que utilizaram a versão simplificada[51]. Em uma revisão dos estudos que usaram

o QSCA, publicada em 2007, os autores obtiveram valores de alfa entre 0,70 e 0,95 na

versão completa (124 estudos) e entre 0,70 e 0,92 na versão de 13 itens (127 estudos).

Valores elevados de alfa de Cronbach (0,90 ou superior) foram obtidos em 60 estudos que

utilizaram uma escala tipo Likert de cinco pontos no lugar da escala de resposta

original[74]. O fato de uma adequada consistência interna (α > 0,70) ter sido obtida em

uma considerável variedade de populações, em diferentes línguas e culturas do mundo

ocidental, principalmente, é apontado pelo autor como um importante resultado para a

confiabilidade do instrumento[54].

Outra forma que tem sido usada para avaliar a confiabilidade do QSCA é através do

teste-reteste. Ele tem sido usado em poucos estudos e sua importância é verificar se há a

estabilidade do constructo conforme defendido pelo autor[1]. O tempo entre as duas medidas

tem sido variado: um ano[63, 109, 118], dois anos[35, 118], quarto anos[39] e cinco anos[33].

Os resultados desses estudos têm sido controversos não havendo um consenso sobre a

estabilidade da medida. Poucos estudos longitudinais foram feitos após 1993, quando o autor

48

publicou uma revisão sobre o uso do instrumento[51]. Em nova revisão sobre os estudos que

usaram o QSCA, publicados entre 1992 e 2003, os autores constataram que a confiabilidade

teste-reteste tem sido pouco investigada[100]. Na referida revisão, a confiabilidade verificada

pelo teste-reteste, para a versão de 29 itens, apresentou diferentes valores: 0,92 (uma semana

entre as duas medidas), 0,65 (três semanas), 0,93 (um mês), 0,77 (seis meses) e 0,78 (um

ano). A versão de 13 itens teve valores que variaram entre 0,69 a 0,72[100].

49

4 – MATERIAL E MÉTODOS

4.1 – Delineamento do estudo

Estudo metodológico cuja proposta é adaptar e validar um instrumento de avaliação de

coping para pacientes cardiopatas brasileiros. Um estudo metodológico difere de outros

delineamentos de pesquisa por não abranger todas as etapas do processo de pesquisa, sendo

que o pesquisador metodológico está interessado em identificar um constructo intangível e

torná-lo tangível com uma ferramenta de papel e lápis ou protocolo de investigação.

Basicamente esse tipo de estudo abrange entre outras etapas, o teste de confiabilidade e

validade da ferramenta[119].

4.2 – Obtenção da permissão para a tradução do instrumento junto aos responsáveis

A permissão para a adaptação do QSCA foi solicitada a Dra. Shifra Sagy, Chefe do

Departamento de Educação, Ben-Gurion University of the Negev, Israel. A referida

professora é a pessoa que detêm os direitos autorais do instrumento após a morte do Dr Aaron

Antonovsky, em 1994. Por e-mail, a Dra. Sagy concedeu-nos essa permissão (cópia da

permissão concedida por correio eletrônico encontra-se anexa - Anexo 1).

4.3 – Processo de adaptação do QSCA: etapas percorridas

No presente estudo nós optamos por conduzir o processo de adaptação cultural do

QSCA conforme as etapas sugeridas por Ferrer e colaboradores[90] e que foram utilizados em

estudos anteriores realizados no Brasil, por membros do nosso grupo de pesquisa[91, 93].

As etapas percorridas foram: 1) tradução do QSCA para a língua portuguesa; 2)

obtenção do primeiro consenso da versão em português; 3) avaliação pelo comitê de juízes; 4)

tradução da língua alvo para a língua de origem (retro-traduação ou Back-translation); 5)

obtenção do consenso das versões em inglês e comparação com a versão original; 6) avaliação

semântica dos itens e 7) pré-teste. Essa trajetória metodológica está esquematicamente

apresentada na Figura 1 e será detalhada a seguir.

50

Figura 1: Processo de adaptação cultural do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky (QSCA)

Versão Português

Tradução 1 (VPT1)

Versão Português

Tradução 2 (VPT2)

Versão português Consenso 1

(VPC1)

Versão Original

(V0)

Versão para Inglês

Tradutor 1 (VIT1)

Versão para Inglês

Tradutor 2 (VIT2)

Versão Inglês Final (VIF)

Versão Português Consenso 2

(VPC2)

Painel de Juízes Validade de Face e de

Conteúdo

Comparação da VIF com a VO

Versão Português Consenso 4 (VPC4)

Pré-teste com um número pequeno de sujeitos

Versão Português Consenso 3 (VPC3)

Análises Semânticas

Versão Português Final (VPF)

Validade de Construto (comparação entre grupos distintos, análise fatorial e validade

convergente (auto-estima e depressão)

Análise da Confiabilidade: consistência Interna

(usando o Alfa de Cronbach)

51

4.3.1 – Tradução para a língua portuguesa do QSCA: foi fornecida a versão original (VO)(

Anexo 2) para as duas tradutoras, brasileiras que residem nos EUA há mais de seis anos e que

estavam cientes dos objetivos da pesquisa. Cada uma elaborou uma versão em português, as

quais denominamos de “versão português tradução 1” (VPT1) (Anexo 3) e “versão português

tradução 2” (VPT2) (Anexo 4). Após a conclusão dessas duas versões traduzidas, foi feita a

comparação das mesmas pela pesquisadora responsável e uma versão consensual, em

português, foi obtida entre as tradutoras e a pesquisadora (versão português consenso 1 –

VPC1) (Anexo 5).

4.3.2 - A avaliação por um comitê de juízes: participaram desta etapa seis enfermeiras e

uma psicóloga, especialistas na temática ou na metodologia e com domínio da língua inglesa.

Neste encontro, sob a nossa coordenação, as participantes foram informadas que o objetivo do

comitê era avaliar a equivalência cultural e conceitual dos itens da versão traduzida (VPC1),

considerando as seguintes orientações:

- equivalência cultural: refere-se às situações evocadas ou retratadas nos itens que

devem corresponder às vivenciadas em nosso meio/contexto cultural

- equivalência conceitual: representa a coerência do item com relação ao que ele se

propõe medir, ou seja sua pertinência ao constructo a ser medido.

Cada participante recebeu uma cópia contendo os itens da versão original (VO) e a

versão em português obtida no primeiro consenso (VPC1). A estratégia adotada para a

condução do trabalho de avaliação foi a leitura do material iniciando com a orientação para o

preenchimento do questionário, a redação de um dos 29 itens e suas respectivas respostas.

Após a leitura de cada uma dessas partes, os juízes discutiam as equivalências entre a versão

inglesa e a traduzida. Quando alguma das participantes não concordava com a tradução,

membros do grupo faziam sugestões no sentido de se obter uma redação mais clara e

52

equivalente para a nossa cultura. A aprovação dessas mudanças ocorria quando, no mínimo,

quatro juízes (mais que de 50% dos membros do grupo) concordavam com a proposta. Dessa

etapa foi obtida uma nova versão em português do QSCA, chamada de versão em português

consenso 2 (VPC2) (Anexo 6).

4.3.3 - A retro-tradução (back-translation) do instrumento: esta versão em português

(VPC2) foi, então, encaminhada para dois outros tradutores que realizaram a tradução para a

língua de origem do instrumento, ou seja, o inglês. Foram escolhidos dois tradutores

americanos, residentes no Brasil há mais de 10 anos, que trabalhavam como tradutores e

professores de inglês. Esses indivíduos não tinham conhecimento dos objetivos do estudo e

não conheciam a versão original do instrumento. Cada um deles elaborou sua respectiva

versão, denominada de versão para inglês – tradutor 1 (VIT1) (Anexo7) e versão para inglês -

tradutor 2 (VIT2) (Anexo 8). Após a finalização das traduções, foi realizada uma reunião

entre a pesquisadora e os dois tradutores. Até esse momento, os tradutores desconheciam a

versão original e a do outro tradutor. A pesquisadora apresentou então os objetivos do estudo

e a finalidade do instrumento no que se refere à sua aplicabilidade na área da pesquisa e da

assistência de enfermagem. As duas versões foram avaliadas e uma versão em inglês final

(VIF) foi elaborada.

Após a definição da VIF (Anexo 9), foi entregue a cada um deles a cópia do

instrumento original (VO) para a comparação com a VIF. A partir de então cada parte do

instrumento (orientação para o preenchimento, itens e escalas de respostas) era lida e

comparada com a VIF. Durante a leitura, os tradutores constataram que alguns itens da versão

original haviam sido traduzidos para o português de uma maneira que, ao serem traduzidos

novamente para o inglês, haviam perdido a equivalência com os itens da VO. Assim, esses

53

itens foram novamente redigidos visando obter essa equivalência entre as duas versões e uma

nova versão em português foi obtida, versão português consenso 3 (VPC3) (Anexo 10).

4.3.4 - Análise semântica do instrumento: optamos por realizar a análise semântica da

versão adaptada do QSCA, com três pacientes cardíacos que estavam em seguimento

ambulatorial no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

(HCFMRP). Em encontros individuais com a pesquisadora responsável pelo estudo, esses

participantes eram indagados sobre a compreensão da instrução para o preenchimento, os

itens e suas respectivas respostas da versão adaptada do QSCA. Dois deles tinham baixa

escolaridade (primário incompleto) e o terceiro participante havia completado o segundo grau.

Como resultados desses encontros, constatamos que havia dificuldades para a

compreensão de alguns itens, de algumas frases âncoras nas escalas de respostas e mesmo

para a compreensão dos valores numéricos que não são acompanhados por frases explicativas.

Por exemplo, após a leitura do item 22, um dos participantes respondeu que “Eu acho

que nem uma coisa, nem outra”. Ou seja, ele não conseguiu identificar tal opção na escala de

resposta apresentada e que corresponderia ao valor quatro.

22. Você acha que sua vida pessoal no futuro será:

1 2 3 4 5 6 7

Totalmente sem

significado e

finalidade

Cheia de significado

e finalidade

Como resultados desta etapa, ocorreram as seguintes modificações na versão VPC3

originando a versão em português consenso 4 (VPC4) ) (Anexo 11):

a – Alteração na redação do item número três do QSCA que passou de “Pense nas pessoas

com quem você tem contato diariamente, além de seus familiares e amigos íntimos, e das

quais não se sente muito próximo. Como você acha que conhece a maioria delas?” (VPC3)

54

para “Pense nas pessoas com quem você tem contato diariamente e das quais não se sente

muito próximo, pois não são seus familiares e amigos íntimos. Como você acha que conhece

a maioria dessas pessoas?”(VPC4).

b – Algumas palavras mais conhecidas pelos participantes foram incluídas para facilitar a

compreensão das frases âncoras das respostas dos itens 10, 15, 23 e 26 (as mudanças estão em

negrito).

Assim, na versão VPC4 estas respostas estão apresentadas da seguinte maneira:

10. Nos últimos dez anos sua vida tem sido: 1 2 3 4 5 6 7

Cheia de mudanças sem

que você soubesse o que iria acontecer em seguida

Completamente previsível

(esperada)

15. Quando você enfrenta um problema difícil, a escolha de uma solução é: 1 2 3 4 5 6 7

Sempre confusa e difícil de encontrar

Sempre completamente clara e fácil de

encontrar

23. Você acha que sempre existirão pessoas com quem você poderá contar no futuro? 1 2 3 4 5 6 7

Você está certo de que

essas pessoas existirão

Você duvida que essas pessoas existirão

26. Quando alguma coisa acontece a você, em geral você acha que:

1 2 3 4 5 6 7 Você deu muita

ou pouca importância para o que aconteceu

Você viu as coisas na

medida certa

4.3.5 – Pré-teste da versão adaptada do QSCA: a versão VPC4 resultante das mudanças

decorrentes da análise semântica foi submetida à etapa de pré-teste com os demais

instrumentos de coleta dos dados: roteiro de caracterização sócio-demográfica e clínica, a

55

Escala de Auto-estima de Rosenberg[120] em sua versão traduzida para o português[121] e o

Índice de Depressão de Beck[122] em sua versão para o português[123].

O pré-teste foi realizado com dez pacientes internados. Como não houve nenhum

problema com o preenchimento e compreensão da versão VPC4 do QSCA e dos demais

instrumentos de coleta, nós denominamos a VPC4 de versão português final (VPF)(Anexo 11)

e incluímos esses pacientes na amostra do estudo. Com a conclusão do processo de adaptação

cultural da versão em português do QSCA, passamos então à análise das propriedades

psicométricas da versão adaptada.

4.4 – Análise das propriedades psicométricas da versão adaptada para o português do

QSCA.

4.4.1 – Análise da validade

4.4.1.1 – Validade aparente e de conteúdo

A validade aparente ou de face e a validade relacionada ao conteúdo do QSCA foram

verificadas pelo consenso obtido entre os profissionais que participaram do comitê de juízes

quanto à verificação do instrumento estar medindo o que se propõe medir (validade de face) e

a relevância de cada item/domínio no construto estudado (validade de conteúdo).

4.4.1.2 – Validade de constructo

A validade de construto foi verificada por três métodos: comparação entre grupos distintos,

análise fatorial e correlação da medida obtida pelo QSCA com medidas de instrumentos que

avaliam constructos correlacionados ao senso de coerência (validade convergente).

56

4.4.1.2.1 – Comparação entre grupos distintos

Com base na revisão dos estudos de adaptação do referido instrumento e nas considerações

teóricas feitas por Antonovsky sobre o constructo senso de coerência, optamos por avaliar a medida

obtida pela versão adaptada do QSCA considerando-se o sexo, a idade, o nível sócio-econômico

(avaliado pela escolaridade e renda mensal) e o estado de saúde dos participantes (avaliada pelo

número de doenças associadas à cardiopatia).

Assim, estabelecemos as seguintes hipóteses a serem testadas:

- quanto ao sexo dos participantes: Não há diferenças entre homens e mulheres nas medidas obtidas

pelo QSCA;

- quanto à idade: Não há correlação entre a idade dos participantes e a medida do QSCA.

- quanto à situação sócio-econômica: Há correlação direta entre a medida de SC e os anos de estudo

e a renda dos participantes.

- quanto ao estado de saúde: Há correlação indireta (ou inversa) entre a medida de SC e o número de

comorbidades apresentadas pelos participantes.

4.4.1.2.2 – Análise fatorial

Embora o valor do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky seja uma

medida classificada como variável discreta, a análise fatorial tem sido utilizada por vários

autores para confirmar a existência de um único componente no instrumento (conforme

apresentado por Antonovsky)[1]. Portanto, decidimos realizá-la para comparar os resultados

obtidos com a versão adaptada para o português com os resultados de outros estudos.

4.4.1.2.3 – Validade de constructo convergente

Para testarmos a validade de constructo convergente da versão adaptada do

questionário de senso de coerência optamos pela associação da medida de SC com as de auto-

estima e de depressão.

57

Auto-estima tem sido considerada como um fator que influencia nas mudanças de

comportamentos após eventos cardíacos. Um indivíduo com baixa auto-eficácia e auto-

estima, provavelmente, tem uma menor expectativa com relação ao seu desempenho em

promover e manter as mudanças necessárias para sua recuperação[124]. Nossa escolha se

justifica uma vez que alguns estudos têm mostrado correlações positivas entre os constructos:

senso de coerência e auto-estima; enquanto a presença de sintomas depressivos após eventos

cardíacos tem mostrado efeitos negativos sobre a mudança e manutenção de comportamentos

saudáveis durante a reabilitação e sobre a adesão ao tratamento proposto após a doença[6, 26,

125].

Dessa forma, para confirmar a validade de constructo do QSCA, correlacionamos o

total da sua medida, respectivamente, com as medidas de depressão e de auto-estima. Como

QSCA é positivamente ordenado, ou seja, maiores valores indicam maior senso de coerência

que se traduz pela melhor capacidade de se lidar com o estresse, estabelecemos as seguintes

hipóteses, com relação à direção das correlações:

1- Há correlação convergente (positiva) entre a medida total do QSCA e a medida de auto-

estima obtida pela Escala de Auto-estima de Rosenberg (positivamente ordenada).

2- Há correlação divergente (negativa) entre a medida total do QSCA e a medida de depressão

obtida pelo Inventário de Depressão de Beck (negativamente ordenada).

3 - Com relação à força/magnitude de correlação entre o QSCA e as medidas de auto-estima e

depressão podemos encontrar correlações de grau moderado a alta.

4.4.2 – Análise da confiabilidade

A análise da confiabilidade da versão adaptada do QSCA foi feita através da medida

de consistência interna dos itens do instrumento, calculada pelo coeficiente Alfa de Crobanch.

58

Ele é o indicador mais freqüentemente utilizado na análise da consistência interna de

instrumentos, pois reflete o grau de covariância dos itens entre si.

4.5 – Proteção dos participantes do estudo

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital das Clínicas de Ribeirão

Preto da Faculdade de Medicina da Universidade de São de acordo com o processo HCRP nº

10091/2002 (Anexo 12).

Os participantes foram convidados a participar do estudo, sendo assegurada a

privacidade e a não identificação dos mesmos, antes do preenchimento dos questionários.

As informações obtidas foram registradas de modo a não permitir identificar os

participantes, tendo os instrumentos de coleta apenas um número de controle do

pesquisador. Os objetivos do estudo foram apresentados aos sujeitos pela pesquisadora do

estudo e com a leitura do termo de esclarecimento ao sujeito da pesquisa (Anexo 13).

Após a concordância dos participantes, o referido documento era assinado pelo sujeito e

pela pesquisadora, conforme regulamenta os dispositivos da Resolução 196/96 do

Conselho Nacional de Saúde[126].

4.6 - Local e população do estudo

O estudo foi realizado no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto da Universidade de

São Paulo, junto à Divisão de Cardiologia. A população deste estudo foi formada por

indivíduos com diagnóstico de cardiopatias e internados nas enfermarias da especialidade de

Cardiologia, para fins diagnósticos ou terapêuticos.

A amostra representativa desta população foi formada por aqueles pacientes que

atenderam aos seguintes critérios de inclusão: ser adulto (acima de 21 anos), ter

diagnóstico de doença cardíaca comprovado por exames clínicos, laboratoriais e

59

radiológicos, não ser portador de doenças psiquiátricas, tais como demência, depressão ou

esquizofrenia; concordar em participar do estudo. Os potenciais participantes foram

recrutados nas enfermarias da disciplina de cardiologia, localizadas nos quinto e sexto

andares do referido hospital.

4.7 – Coleta dos dados

Os dados foram coletados pela pesquisadora e por três enfermeiras (alunas de pós-

graduação e bolsista CNPq), tendo sido feito um treinamento prévio para padronizar o

processo de coleta dos dados.

O período de coleta foi de 24 meses, entre março de 2005 e fevereiro de 2007.

Nesse período, foram internados 591 pacientes nas enfermarias de Cardiologia do HCRP-

USP sendo que 271 (45,8%) foram convidados a participarem do estudo. Dos 271 sujeitos

abordados pelas pesquisadoras, 68 (25%) não foram incluídos na amostra final por não

terem condições físicas, mentais ou cognitivas (déficit visual ou auditivo, déficit

cognitivo, estado emocional alterado, idade avançada, dispnéia, isolamento, não falar

português)(57; 83,8%) ou por terem se recusado a participar (os motivos alegados foram:

já terem sido abordados por pesquisadores de outros estudos ou falta de

motivação/interesse para participar)(11; 16,2%). Ao final do período obtivemos uma

amostra representativa da população de pacientes internados nas enfermarias de

cardiologia do HCFMRP, contendo 203 sujeitos.

Com relação à forma de coleta dos dados, 183 (90,1%) participantes preferiram que as

pesquisadoras fizessem a coleta na forma de entrevista, ou seja, apenas 20 preencheram

sozinhos os instrumentos de coleta. O tempo médio para o preenchimento dos instrumentos

foi de 29 (D.P.=8) minutos (intervalo de 15 a 60).

60

4.7.1 – Instrumentos de medidas

Foram coletados dados para a caracterização sócio-demográfica e clínica dos sujeitos,

por meio de entrevista e da consulta ao prontuário do sujeito. Além desses dados foram

aplicados três instrumentos: a versão adaptada do QSCA, a Escala de Auto-estima de

Rosenberg e o Inventário de Depressão de Beck.

4.7.1.1 – Instrumento para caracterização sócio-demográfica e clínica

Para a caracterização sócio-demográfica foram coletadas as seguintes informações:

data de nascimento e data da entrevista (para o cálculo da idade dos sujeitos, em anos); sexo;

escolaridade (anos de estudo formal). Esse dado foi, posteriormente, agrupado segundo os

graus de escolaridade existentes em nosso país), renda familiar mensal (em reais, com os

valores sendo, posteriormente, agrupados em três categorias: menor que um mil reais, entre

um e dois mil e acima de dois mil), situação conjugal (casado, viúvo, separado ou solteiro) e

situação profissional (desempenho de atividades remuneradas ou não). As informações

relacionadas à escolaridade, situação conjugal, renda e atividade profissional foram obtidas

diretamente do participante (Anexo 14).

Para a caracterização clínica coletamos dos prontuários dos participantes as seguintes

informações: data da internação (que com a data da entrevista permitiu o cálculo do tempo de

internação, em dias), número de internações hospitalares nos últimos doze meses

(posteriormente, agrupados em quatro categorias: nenhuma, uma ou duas, três ou quatro,

cinco ou mais internações), diagnóstico da cardiopatia na internação, número de doenças

associadas à cardiopatia (posteriormente agrupados em quatro categorias: nenhuma, uma ou

duas, três ou quatro, cinco ou mais doenças), presença de hipertensão arterial, diabetes

mellitus, obesidade, insuficiência renal e dislipidemias (sim ou não) e uso de drogas

psicotrópicas (sim ou não). (Anexo 14).

61

4.7.1.2 – Instrumento para avaliação da auto-estima

A auto-estima foi avaliada pela escala proposta por Rosenberg (1965) em sua versão

adaptada para o português por Dini (2001)(Anexo 15). A Escala de Auto-estima de Rosenberg

contém 10 itens respondidos em uma escala de quatro pontos (1 = concordo fortemente, 2 =

concordo, 3 = discordo, 4 = discordo fortemente), sendo cinco itens com pontuações reversas.

A medida de auto-estima é obtida pela soma dos valores das respostas aos itens da escala,

após a recodificação dos cinco itens reversos. O intervalo possível varia de 10 a 40, com

maiores valores indicando elevada auto-estima.

A versão adaptada para o português tem se mostrado confiável com valores de alfa de

Cronbach variando entre 0,79 (em estudo realizado com pacientes cardíacos brasileiros)[127]

e 0,82 (em estudo com pacientes brasileiros que sofreram queimadura)[91].

4.7.1.3 – Instrumento para avaliação da depressão

A variável depressão foi medida pelo Inventário de Depressão de Beck[122] em sua

versão traduzida para o português[123](Anexo 16). O instrumento consiste de 21 grupos de

afirmações, sendo que cada um deles é composto por quatro alternativas incluindo sintomas e

atitudes, cuja intensidade varia de zero a três. Os itens referem-se à tristeza, pessimismo,

sensação de fracasso, falta de satisfação, sensação de culpa, sensação de punição, auto-

depreciação, auto-acusações, idéias suicidas, crises de choro, irritabilidade, retração social,

indecisão, distorção da imagem corporal, inibição para o trabalho, distúrbio de sono, fadiga,

perda do apetite, perda de peso, preocupação somática e diminuição da libido[123].

Em nosso estudo optamos por usar o valor obtido pela soma das respostas, sem

agrupar os sujeitos segundo a classificação para o grau de depressão. O intervalo possível

varia de zero a 63, quanto maior o escore maior o grau de depressão, sendo que, de acordo

62

com a pontuação. Quando o sujeito escolhia mais de uma opção, foi considerada a afirmação

com maior valor, conforme orientação do autor da versão original.

4.8 – Processamento e análise dos dados

Os dados foram processados e analisados pelo Programa de software Statistical

Package for Social Science (SPSS) versão 15.0. Todas as variáveis sofreram análises

descritivas sendo que as variáveis categóricas foram submetidas à análise de freqüência

simples enquanto as contínuas foram analisadas segundo as medidas de tendência central

(média e mediana) e dispersão (desvio-padrão).

Para a avaliação da validade de constructo convergente da versão adaptada pra o

português do QSCA foram realizados testes de correlação de Pearson entre as medidas do

senso de coerência e auto-estima e senso de coerência e depressão. Esse teste também foi

usado para constatar associação entre a medida de senso de coerência e a idade dos

participantes. Para variáveis categóricas, foram realizados dois testes para comparar possíveis

diferenças nas medidas de senso de coerência obtidas pela versão adaptada da QSCA entre as

categorias: teste t para grupos distintos com duas categorias (sexo e idade) e análise de

variância e comparação múltiplas (ANOVA) para grupos com mais de duas categorias

(escolaridade, renda familiar mensal e número de doenças associadas). Também foram

elaborados gráficos tipo boxplots para apresentação da distribuição da medida entre as

categorias e gráficos de dispersão para mostrar as correlações entre as variáveis.

Ainda para a avaliação relacionada ao constructo, nós realizamos a análise de

componentes principais com o objetivo de avaliar se os itens se agrupavam em um ou em três

componentes, os quais compõem o referido instrumento em sua versão original. Usamos

rotação Varimax, extraímos os três primeiros componentes e checamos se os coeficientes

63

mais altos em cada um dos componentes correspondiam aos itens dos domínios definidos por

Antonovsky (compreensão, manejo e significado).

No que se refere à análise da confiabilidade da versão adaptada do QSCA, no que se

refere à consistência interna de seus itens, calculamos o alfa de Cronbach para o as suas

subescalas. A confiabilidade das medidas de auto-estima e depressão também foi avaliada.

O nível de significância adotado para os testes de hipóteses do estudo foi de 0,05.

64

5 - RESULTADOS

5.1 – Resultados relacionados à caracterização sócio-demográfica e clínica dos

participantes

Entre os 203 sujeitos que participaram do estudo, 112 (55,2%) eram do sexo

masculino, a maioria casados (135; 66,5%) e com idade média de 54 anos (intervalo de 21 a

79,6). A maioria possuía um tempo médio de estudo formal de cinco anos, ou seja, não havia

completado o primeiro grau de escolaridade (123; 60,6%). No que se refere à renda familiar,

180 (88,7%) relataram tal informação e 23 (11,3%) não quiseram ou souberam informar a

renda da família. Destes 180 sujeitos, 108 (60,0%) tinham renda familiar menor que 1000

reais, 50 (27,8%) com renda entre 1000 e 2000 reais e os 22 (12,2%) restantes acima de 2000

reais.

Com relação aos dados clínicos, o tempo de internação foi calculado entre a data da

internação e a data da entrevista, sendo que alguns pacientes foram entrevistados no dia da

internação o que justifica o valor zero no intervalo obtido. A doença arterial coronariana, seja

ela manifestada por angina ou pela ocorrência do infarto, foi o motivo de internação para

44,5% da amostra, ficando em segundo lugar a insuficiência cardíaca (22,4%). Entre os

pacientes entrevistados constatamos a presença de outras condições crônicas de saúde como a

hipertensão arterial (67%), dislipidemias (36,9%) e diabetes (25,6%).

O uso de psicotrópicos foi investigado por estarmos avaliando a percepção dos

pacientes quanto às variáveis: coping (senso de coerência), auto-estima e depressão, o que

pode ser comprometido pelo uso de medicamentos como antidepressivos e ansiolíticos.

Dentre os entrevistados, 40 (19,7%) faziam uso desses medicamentos, sendo que 30

utilizavam os medicamentos diariamente. Desses 40 pacientes, 20 usavam somente drogas

para controle da ansiedade, oito medicamentos antidepressivos e três deles faziam uso de

65

anticonvulsivantes. Entre os nove restantes, quatro usavam essas drogas de forma associada e

cinco não souberam referir o nome dos medicamentos.

A caracterização sócio-demográfica dos 203 participantes encontra-se na Tabela 1 e a

caracterização clínica na Tabela 2.

Tabela 1: Estatística descritiva das variáveis sócio-demográficas dos participantes do estudo.

Ribeirão Preto, 2005-2007

Variável (N=203) % (N) Mediana (Range) Média (DP) Sexo Masculino Feminino

55,2 (112) 44,8 (91)

Estado Civil Casados Viúvos Separados Solteiros

66,5 (135) 11,8 (24) 11,3 (23) 10,3 (21)

Idade (anos) 55,6 (21-79,6) 54,4 (13) Anos de estudo* 4 (0 - 19) 5,3 (3,9) Grau de escolaridade* analfabeto 1° grau incompleto 1° grau completo 2° grau incompleto 2° grau completo superior incompleto superior completo

9,4 (19) 60,9 (123) 11,4 (23) 2,5 (5) 10,4 (21) 2,5 (5) 3,0 (6)

Renda familiar mensal (em reais)** Menor que 1000 Entre 1000 e 2000 Maior que 2000

60,0 (108) 27,8 (50) 12,2 (22)

750 (0 – 6400) 1106,4 (1079,4)

Situação profissional* Sem atividades remuneradas Com atividades remuneradas

64,9 (131) 35,1 (71)

*Cálculo sobre n=202 ** Cálculo sobre n=180 (os 23 restantes não souberam ou quiseram responder esta informação)

66

Tabela 2: Estatística descritiva das variáveis clínicas dos participantes do estudo. Ribeirão

Preto, 2005 – 2007

Variável (N=203) % (N) Mediana (Intervalo)

Média (D.P.)

Tempo de internação (em dias) 4 (0 – 32) 5,9 (5,75) Internações (últimos 12 meses)* Nenhuma 1 a 2 3 a 4 5 ou mais

60,1 (122) 33,0 (67) 3,0 (6) 1,5 (3)

0 (0 – 6) 0,6 (1)

Diagnóstico na internação** Doença arterial Coronariana Insuficiência cardíaca Outras cardiopatias Valvulopatias Arritmias

44,5 (87) 22,4 (44) 21,9 (43) 5,6 (11) 5,6 (11)

Número de comorbidades 2 (0 – 6) 1,7 (1,4) Nenhuma 19,7 (40) 1 – 2 54,2 (110) 3 – 4 21,7 (44) 5 ou mais 4,4 (9) Presença de Hipertensão arterial 67,0 (136) Dislipidemias 36,9 (75) Diabetes mellitus 25,6 (52) Obesidade 12,3 (25) Insuficiência renal 4,4 (9) Uso de psicotrópicos Não 80,3 (163) Sim 19,7 (40) *Cálculo sobre n=198 **Cálculo sobre n=196 (sete participantes não tinham diagnóstico cardíaco definido no prontuário médico no momento da coleta)

5.2 – Resultados relacionados à análise descritiva da versão adaptada do QSCA (total e

de seus componentes) e confiabilidade da medida.

Antes de apresentarmos os resultados decidimos testar a presença de duas variáveis

que poderiam ser consideradas como variáveis de confusão, comprometendo a validade e

confiabilidade dos nossos resultados. Uma das variáveis era o preenchimento dos

instrumentos de coleta dos dados por pessoas distintas, no caso o próprio participantes ou uma

67

das pesquisadoras. Isso poderia estar relacionado ao conceito de desejabilidade social. Alguns

autores têm salientado que, quando os dados são coletados por entrevista, pode haver uma

tendência, ainda que inconsciente por parte dos participantes de fornecerem as respostas que

são consideradas socialmente mais adequadas ou que resposta que poderiam agradar o

entrevistador.

Em nosso estudo, tivemos as respostas obtidas, em sua grande maioria por meio de

entrevista, sendo que apenas 20 sujeitos (9,9%) responderam sozinhos os instrumentos de

coleta dos dados. Através da observação das médias obtidas pela versão adaptada do QSCA

nos dois grupos, não encontramos diferenças estatisticamente significantes (p = 0,367). A

distribuição dos valores do senso de coerência entre os grupos podem ser observadas na

Figura 2, apresentada a seguir.

pesquisadorparticipante

SOC

tota

l

200

180

160

140

120

100

80

60196

Figura 2: Boxplots dos grupos relacionados ao preenchimento dos instrumentos de coleta

(participante e pesquisador), segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão

adaptada do QSCA

Outra variável de confusão seria o uso de drogas psicoterápicas por alguns sujeitos, o

que poderia influenciaria as respostas uma vez que tais medicamentos interferem na

68

percepção dos sujeitos e no estado emocional. Como já apresentado anteriormente, 40

(19,7%) participantes faziam uso destes medicamentos, sendo que 30 utilizavam os

medicamentos diariamente. Ao compararmos as médias obtidas na medida do senso de

coerência nos dois grupos (sem uso e com uso), não encontramos diferença estatisticamente

significante (p = 0,227). A distribuição dos valores do senso de coerência entre os grupos

podem ser observadas na figura 3, apresentada a seguir:

simnão

SOC

tota

l

200

180

160

140

120

100

80

60196

Figura 3: Boxplots dos grupos relacionados ao uso de psicotrópicos (sim e não), segundo a

medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA

Diante desses resultados, consideramos que essas duas variáveis não determinaram

diferenças nas medidas do SC obtidos entre os grupos.

Optamos por apresentar os resultados relacionados ao instrumento adaptado com seus

29 itens e a análise descritiva do QSCA, total e de seus componentes, conjuntamente com os

resultados relacionados à consistência interna dos itens em ambas as versões (total e

subescalas), o que inverte a ordem apresentada anteriormente no objetivo e na metodologia

visando facilitar a apresentação dos resultados.

69

Com relação à análise descritiva da versão adaptada do QSCA, é importante ressaltar

que ela pode ser feita de duas maneiras: pela soma total das respostas obtidas para os seus 29

itens (intervalo possível de 29 a 203) ou pela média dos itens (intervalo de um a sete), após a

inversão dos itens com valores contrários. Os resultados da estatística descritiva do total e de

cada um dos 29 itens do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky estão

apresentados na Tabela 3.

Com relação ao valor do total do QSCA constatamos uma mediana de 146,5 que é

maior do que a mediana do intervalo possível entre 29 e 203, que é 116. No geral, não se

observa grande diferença entre os valores da mediana e da média para o total da medida de

SC. A mesma constatação pode ser feita para as médias de respostas dos itens

individualmente. Ao analisarmos as respostas dadas aos itens do instrumento, observamos que

elas variaram dentro do intervalo possível de um a sete. Quanto à mediana dos itens, temos

que o valor a ser obtido neste intervalo seria de quatro, no entanto, as medianas variaram em

seus valores tendo itens cuja mediana foi o valor um (item 10) e itens cuja mediana foi sete

(itens 1, 2, 4, 7, 8, 11, 13, 14, 16, 18, 20, 22, 23, 27 e 28). As médias dos itens variaram de 2,7

a 6,4. Esses resultados podem ser explicados pela distribuição das freqüências das respostas

aos itens.

70

Tabela 3: Estatística descritiva do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky

(QSCA), total e de cada um dos 29 itens para a amostra estudada. Ribeirão Preto, 2005-2007

QSCA Intervalo

obtido Mediana Média Desvio-

padrão

Total dos 29 itens* 59 – 190 146,5 143,2 24,9

Média dos 29 itens 2,0 – 6,5 5,0 4,9 0,8

Item 1 1 – 7 7,0 5,3 2,2

Item 2 1 – 7 7,0 5,0 2,4

Item 3** 1 – 7 4,0 3,9 2,5

Item 4 1 – 7 7,0 5,6 2,1

Item 5 1 – 7 3,0 3,0 2,1

Item 6 1 – 7 3,0 3,7 2,3

Item 7 1 – 7 7,0 4,8 2,6

Item 8 1 – 7 7,0 5,8 2,0

Item 9 1 – 7 6,0 5,0 2,4

Item 10 1 – 7 1,0 2,7 2,4

Item 11 1 – 7 7,0 5,5 1,8

Item 12 1 – 7 5,0 4,4 2,6

Item 13 1 – 7 7,0 6,4 1,5

Item 14 1 – 7 7,0 5,9 2,1

Item 15 1 – 7 5,0 4,3 2,5

Item 16 1 – 7 7,0 6,2 1,6

Item 17 1 – 7 3,0 3,4 2,5

Item 18*** 1 – 7 7,0 5,3 2,3

Item 19 1 – 7 5,0 4,4 2,4

Item 20 1 – 7 7,0 6,0 2,0

Item 21 1 – 7 4,0 4,1 2,6

Item 22 1 – 7 7,0 5,9 1,8

Item 23 1 – 7 7,0 6,0 1,8

Item 24 1 – 7 4,0 3,9 2,5

Item 25 1 – 7 5,0 4,4 2,4

Item 26 1 – 7 6,0 4,6 2,5

Item 27 1 – 7 7,0 6,0 1,7

Item 28 1 – 7 7,0 5,7 2,1

Item 29 1 – 7 6,0 4,7 2,5

*n=200 **n=202 ***n=201

71

Na Tabela 4, podemos visualizar a freqüência das respostas aos itens do QSCA,

considerando a escala de valores de um a sete e também informando a freqüência de não

respostas aos itens. Podemos observar a presença de vários itens cujas freqüências de

respostas excederam aos 50% para os valores extremos, principalmente para o valor sete. No

item 10, 62,1% dos participantes apontaram o valor um da escala de resposta. Entretanto, há

uma grande tendência entre os participantes de pontuarem o valor sete, como ocorreu em 14

dos 29 itens do QSCA (itens 1, 2, 7, 8, 11, 13, 14, 16, 18, 20, 22, 23, 27 e 28). Os itens 13 e

14 foram os que apresentaram freqüências acima de 75% para esse extremo da escala de

resposta, respectivamente, 81,8% e 75,9%.

Com relação aos dados perdidos, tivemos uma freqüência muito pequena de não

respostas entre os participantes: um participante não respondeu item três e dois não

responderam ao item 18.

72

Tabela 4: Distribuição das freqüências de respostas aos itens do QSCA com valores entre um

e sete e os itens não respondidos pelos participantes do estudo. Ribeirão Preto, 2005 – 2007

QSCA Valor 1

(%) Valor 2

(%) Valor 3

(%) Valor 4

(%) Valor 5

(%) Valor 6

(%) Valor 7

(%) Sem

resposta (%)

Item 1 11,8 5,9 5,9 9,9 3,0 4,9 58,6 - Item 2 17,7 4,9 3,0 13,3 4,9 4,4 51,7 - Item 3 32,5 3,9 4,9 17,7 3,9 4,9 31,5 0,5 Item 4 11,8 3,0 3,0 7,9 2,0 5,4 67,0 - Item 5 34,5 14,3 16,3 10,8 7,4 4,4 12,3 - Item 6 25,6 12,3 15,8 9,9 6,4 5,9 24,1 - Item 7 28,1 1,0 2,5 9,4 3,0 2,5 53,7 - Item 8 11,8 2,5 0,5 6,4 3,9 6,4 68,5 - Item 9 19,2 3,0 5,4 7,4 5,9 9,4 49,8 - Item 10 62,1 2,5 3,4 7,9 2,0 1,5 20,7 - Item 11 7,9 0,0 1,5 25,1 5,4 5,9 54,2 - Item 12 30,0 3,0 3,4 9,9 4,4 6,9 42,4 - Item 13 5,9 - - 3,9 2,0 6,4 81,8 - Item 14 11,8 0,5 3,4 5,4 0,5 2,5 75,9 - Item 15 28,1 3,9 4,4 11,8 7,9 9,9 34,0 - Item 16 4,9 1,0 2,0 6,9 3,4 7,4 74,4 - Item 17 44,3 5,4 3,0 14,8 2,0 6,4 24,1 - Item 18 16,7 2,0 3,0 6,9 5,4 6,9 58,1 1,0 Item 19 24,1 6,9 4,9 10,8 6,9 10,3 36,0 - Item 20 11,3 1,0 3,0 2,5 0,5 4,9 76,8 - Item 21 33,0 4,9 5,4 7,4 4,4 7,9 36,9 - Item 22 6,4 1,5 2,0 13,3 4,4 6,9 65,5 - Item 23 7,4 2,5 0,5 8,9 2,0 4,9 73,9 - Item 24 32,5 5,4 6,9 16,7 2,5 5,4 30,5 - Item 25 23,6 3,9 8,4 12,3 4,9 10,3 36,5 - Item 26 26,6 3,4 3,0 13,3 3,0 4,4 46,3 - Item 27 5,9 1,5 2,5 7,9 4,9 7,4 70,0 - Item 28 9,9 5,9 1,0 7,4 2,0 8,9 65,0 - Item 29 22,2 4,4 5,9 10,8 3,9 6,4 46,3 -

Para a análise da confiabilidade do instrumento foi calculado o alfa de Cronbach para

a verificação da consistência interna da versão adaptada do QSCA. Na Tabela 5, estão

apresentados os resultados obtidos relacionados ao valor do alfa de Cronbach do instrumento

como um todo, ou seja, com os 29 itens, os valores do coeficiente de correlação item-total e

os valores do alfa, quando cada um dos itens foi excluído.

73

Tabela 5: Coeficiente de correlação item-total, o valor do alfa do total dos 29 itens do QSC e

os valores de alfa quando cada um dos itens for excluído. Ribeirão Preto, 2005-2007

Itens do QSCA Coeficiente

de correlação Item-total

Alfa de Cronbach, se item for excluído

QSCA total

0,79

Item 1 Quando você conversa com outras pessoas tem a sensação de que elas não te entendem?

0,30 0,78

Item 2 Quando você precisou fazer algo que dependia da colaboração de outros, você teve a sensação de que:

0,25 0,78

Item 3 Pense nas pessoas com quem você tem contato diariamente e das quais não se sente muito próximo, pois não são seus familiares e amigos íntimos. Como você acha que conhece a maioria dessas pessoas?

0,14 0,79

Item 4 Com que freqüência você tem a sensação de que não se importa com o que está se acontecendo ao seu redor:

0,00 0,79

Item 5 Alguma vez já aconteceu de você se surpreender com o comportamento de pessoas que você achava que conhecia bem?

0,24 0,78

Item 6 Já aconteceu das pessoas com quem você contava te decepcionarem?

0,27 0,78

Item 7 A vida é: 0,24 0,78 Item 8 Até agora, sua vida tem sido: 0,27 0,78 Item 9 Com que freqüência você tem a sensação de que está sendo

tratado injustamente? 0,39 0,78

Item 10 Nos últimos dez anos sua vida tem sido: 0,03 0,79 Item 11 A maior parte das coisas que você fará no futuro

provavelmente será: 0,23 0,78

Item 12 Com que freqüência você tem a sensação de que está numa situação desconhecida e não sabe o que fazer?

0,38 0,78

Item 13 Como você vê a vida? 0,37 0,78 Item 14 Quando você pensa na sua vida, freqüentemente você: 0,44 0,77 Item 15 Quando você enfrenta um problema difícil, a escolha de uma

solução é: 0,38 0,78

Item 16 Fazer as coisas que você faz todos os dias é: 0,33 0,78 Item 17 Sua vida no futuro provavelmente será: 0,13 0,79 Item 18 Quando algo desagradável aconteceu, sua tendência foi: 0,33 0,78 Item 19 Com que freqüência você tem sentimentos e idéias bastante

confusas? 0,45 0,77

Item 20 Quando você faz algo que lhe dá uma sensação boa, o que você sente:

0,50 0,77

Item 21 Com que freqüência acontece de você ter sentimentos que você preferiria não sentir?

0,44 0,77

Item 22 Você acha que sua vida pessoal no futuro será 0,37 0,78 Item 23 Você acha que sempre existirão pessoas com quem você

poderá contar no futuro? 0,30 0,78

Item 24 Com que freqüência você tem a sensação de que não sabe exatamente o que está para acontecer?

0,35 0,78

Item 25 Muitas pessoas - mesmo aquelas muito fortes - algumas vezes se sentem como fracassadas em certas situações. Com que freqüência você já se sentiu dessa maneira?

0,40 0,78

74

Tabela 5: Coeficiente de correlação item-total, o valor do alfa do total dos 29 itens do QSC e

os valores de alfa quando cada um dos itens for excluído. Ribeirão Preto, 2005-2007

(continuação)

Itens do QSCA Coeficiente de

correlação Item-total

Alfa de Cronbach, se item for excluído

Item 26 Quando alguma coisa acontece a você, em geral você acha que:

0,17 0,79

Item 27 Quando você pensa nas dificuldades que provavelmente terá que enfrentar em aspectos importantes de sua vida, você tem a sensação de que:

0,32 0,78

Item 28 Com que freqüência você tem a sensação de que há pouco significado nas coisas que faz na sua vida diária?

0,40 0,78

Item 29 Com que freqüência você tem a sensação de que você não consegue manter seu auto-controle?

0,40 0,78

Os resultados obtidos apontam um valor adequado para sua consistência interna da

versão adaptada do QSCA (α = 0,78). Quanto à força de correlação de seus itens com o total

do instrumento, obtivemos valores bem variados, entre 0,00 e 0,50. Ou seja, constatamos

correlações de diferentes graus (de inexistente a moderada) entre cada um dos itens e o

instrumento como um todo.

O constructo SOC é formado por três componentes ou subescalas: o componente

compreensão (comprehensibility), manejo (manageability) e significado

(meaningfulness)(Antonovsky, 1987). O componente compreensão é constituído por 11 itens

(nºs 1, 3, 5, 10, 12, 15, 17, 19, 21, 24 e 26), o componente manejo com 10 itens (nºs 2, 6, 9, 13,

18, 20, 23, 25, 27 e 29) e o componente significado com oito itens (nºs 1, 4, 7, 8, 11, 16, 22 e

28). Os resultados relacionados à estatística descritiva e a consistência interna de seus itens de

cada um dos três componentes do QSCA estão apresentados na Tabela 6.

75

Tabela 6: Estatística descritiva e confiabilidade dos componentes do Questionário de Senso de

Coerência de Antonovsky (QSCA). Ribeirão Preto, 2005 -2007

Componentes do QSCA Alfa de

Cronbach Intervalo

obtido Mediana Média Desvio-

padrão

Compreensão* 0,58 12 - 70 46 44,4 11,7

Média dos 11 itens 1,1 – 6,3 4,2 4,0 1,1

Manejo** 0,63 16 – 70 54 53,0 10,6

Média dos 10 itens 1,6 – 7,0 5,4 5,3 1,0

Significado 0,46 20 - 56 47 45,6 8,0

Média dos 8 itens 5,0 – 7,0 5,8 5,7 1,0

*n=202 **n=201

Os intervalos possíveis para os componentes do QSCA são de 11 a 77 para

compreensão, de 10 a 70 para manejo e de 8 a 56 para significado.

Na amostra estudada obtivemos intervalos com valores muito pertos dos limites dos

possíveis intervalos para os componentes compreensão (entre 12 e 70) e manejo (16 e 70).

Apenas no componente significado o menor valor obtido no intervalo apresentou maior

diferença (20-8=12), mostrando melhor avaliação do grupo nesse componente ou uma

tendência a escolher valores que não os extremos da escala.

Os alfas de Cronbach obtidos para os três componentes do instrumento foram: 0,46

(significado), 0,58 (compreensão) e 0,63 (manejo). Também nessa avaliação o componente

manejo foi o que apresentou melhor consistência interna entre seus itens, embora com um

valor de alfa inferior a sete, valor considerado como aceitável para um instrumento ser

considerado confiável.

Na Tabela 7, estão apresentados os resultados obtidos relacionados ao valor do alfa de

Cronbach para o componente compreensão do QSCA, os valores do coeficiente de correlação

item-total, os valores do alfa, quando cada um dos itens foi excluído. Entre os 11 itens,

observamos correlações fracas entre cada um dos itens com o valor total da medida do

componente, com valores variando entre 0,08 a 0,36. Assim, o item 12 “Com que freqüência

76

você tem a sensação de que está numa situação desconhecida e não sabe o que fazer?” foi

aquele que apresentou a correlação mais forte (r = 0,36) com o total da medida do

componente no qual está inserido. O valor do alfa para o total dos itens do componente foi de

0,56 e a exclusão de cada um dos 11 itens que o compõem, mostrou variações pequenas nesse

valor (de 0,50 a 0,57).

Tabela 7: Coeficiente de correlação item-total, o valor do alfa do total dos 11 itens do

componente compreensão do QSC e os valores de alfa quando cada um dos itens for excluído.

Ribeirão Preto, 2005-2007

Itens do componente compreensão do QSCA Coeficiente de correlação Item-total

Alfa de Cronbach, se item for excluído

Total 0,56 Item 1 Quando você conversa com outras pessoas tem a

sensação de que elas não te entendem? 0,29 0,52

Item 3 Pense nas pessoas com quem você tem contato diariamente e das quais não se sente muito próximo, pois não são seus familiares e amigos íntimos. Como você acha que conhece a maioria dessas pessoas?

0,15 0,56

Item 5 Alguma vez já aconteceu de você se surpreender com o comportamento de pessoas que você achava que conhecia bem?

0,20 0,54

Item 10 Nos últimos dez anos sua vida tem sido: 0,08 0,57 Item 12 Com que freqüência você tem a sensação de que está

numa situação desconhecida e não sabe o que fazer? 0,36 0,50

Item 15 Quando você enfrenta um problema difícil, a escolha de uma solução é:

0,19 0,55

Item 17 Sua vida no futuro provavelmente será: 0,19 0,55 Item 19 Com que freqüência você tem sentimentos e idéias

bastante confusas? 0,35 0,51

Item 21 Com que freqüência acontece de você ter sentimentos que você preferiria não sentir?

0,35 0,51

Item 24 Com que freqüência você tem a sensação de que não sabe exatamente o que está para acontecer?

0,35 0,51

Item 26 Quando alguma coisa acontece a você, em geral você acha que:

0,08 0,57

Na Tabela 8, estão apresentados os resultados relacionados ao componente manejo:

alfa de Cronbach para o componente, os valores do coeficiente de correlação item-total, os

valores do alfa, quando cada um dos itens foi excluído. Entre os dez itens, também

77

constatamos correlações item-total de fraca intensidade, com valores entre 0,23 a 0,40. O

valor do alfa para o total dos itens do componente foi de 0,64. A exclusão de cada um dos 10

itens que compõem o esse componente mostrou variações pequenas nesse valor (de 0,59 a

0,63).

Tabela 8: Coeficiente de correlação item-total, o valor do alfa do total dos 10 itens do

componente manejo do QSC e os valores de alfa quando cada um dos itens for excluído.

Ribeirão Preto, 2006

Itens do componente manejo do QSCA Coeficiente de correlação

Item-total

Alfa de Cronbach, se item for excluído

Total 0,64 Item 2 Quando você precisou fazer algo que dependia da

colaboração de outros, você teve a sensação de que: 0,25 0,63

Item 6 Já aconteceu das pessoas com quem você contava te decepcionarem?

0,25 0,63

Item 9 Com que freqüência você tem a sensação de que está sendo tratado injustamente?

0,33 0,61

Item 13 Como você vê a vida? 0,38 0,61 Item 18 Quando algo desagradável aconteceu, sua tendência foi: 0,26 0,62 Item 20 Quando você faz algo que lhe dá uma sensação boa, o

que você sente: 0,40 0,59

Item 23 Você acha que sempre existirão pessoas com quem você poderá contar no futuro?

0,23 0,63

Item 25 Muitas pessoas - mesmo aquelas muito fortes - algumas vezes se sentem como fracassadas em certas situações. Com que freqüência você já se sentiu dessa maneira?

0,38 0,60

Item 27 Quando você pensa nas dificuldades que provavelmente terá que enfrentar em aspectos importantes de sua vida, você tem a sensação de que:

0,29 0,62

Item 29 Com que freqüência você tem a sensação de que você não consegue manter seu auto-controle?

0,32 0,61

Na Tabela 9, apresentamos os resultados relacionados ao componente significado do

QSCA. Esse componente é formado por apenas oito itens e, mesmo assim, ele apresentou um

valor de alfa semelhante ao componente com maior número de itens, que é o componente

compreensão, respectivamente, alfas de 0,54 e 0,56. As correlações de cada um dos itens com

78

o total da medida do componente significado tiveram valores entre 0,05 e 0,36. O valor do

alfa para o total dos itens do componente mostrou variações pequenas (entre 0,46 e 0,57).

Tabela 9: Coeficiente de correlação item-total, o valor do alfa do total dos oito itens do

componente significado do QSC e os valores de alfa quando cada um dos itens for excluído.

Ribeirão Preto, 2005-2007

Itens do componente significado do QSCA Coeficiente

de correlação Item-total

Alfa de Cronbach, se

item for excluído

Total 0,54 Item 4 Com que freqüência você tem a sensação de que não se

importa com o que está se acontecendo ao seu redor: 0,05 0,57

Item 7 A vida é: 0,19 0,57 Item 8 Até agora, sua vida tem sido: 0,25 0,50 Item 11 A maior parte das coisas que você fará no futuro

provavelmente será: 0,26 0,50

Item 14 Quando você pensa na sua vida, freqüentemente você: 0,36 0,46 Item 16 Fazer as coisas que você faz todos os dias é: 0,34 0,48 Item 22 Você acha que sua vida pessoal no futuro será 0,34 0,48 Item 28 Com que freqüência você tem a sensação de que há

pouco significado nas coisas que faz na sua vida diária? 0,32 0,48

Para avaliarmos as correlações existentes entre os componentes do QSCA e cada um

deles com o total do instrumento, foram calculados os coeficientes de correlação de Pearson

(Tabela 10).

Tabela 10. Correlações entre os componentes do QSCA e o total do instrumento na amostra

estudada. Ribeirão Preto, 2005 - 2007

Medidas QSCA total Compreensão Manejo Significado

QSCA total 1 0,84* 0,88* 0,74*

Compreensão 1 0,60* 0,38*

Manejo 1 0,56*

Significado 1

* nível de significância de 0,01.

79

Constatamos correlações fortes entre os componentes compreensão, significado e

manejo como o valor total da medida de senso de coerência. Tal força diminui um pouco

quando observamos os valores obtidos nas correlações dos componentes entre si, sendo a

maior correlação entre compreensão e manejo (r = 0,60) e a menor entre compreensão e

significado (r = 0,38).

5.3 – Resultados relacionados à análise da validade de constructo da versão adaptada do

QSCA.

5.3.1 – Resultados obtidos pela comparação entre grupos distintos

Os resultados obtidos foram analisados visando testar as seguintes hipóteses formuladas:

1) Não há diferenças nas medidas obtidas pelo QSCA entre homens e mulheres;

2) Não há correlação entre a idade dos participantes e a medida do QSCA;

3) Há correlação direta entre a medida de SC e os anos de estudo dos sujeitos entrevistados;

4) Há correlação entre a medida do SC e a renda dos sujeitos;

5) Há correlação indireta (ou inversa) entre a medida de SC e o estado de saúde dos participantes

(avaliado pelo número de comorbidades).

Os resultados obtidos com a comparação das médias entre os grupos estão apresentados na

Tabela 11, considerando que os valores de p são provenientes do teste t para sexo e idade e do teste

ANOVA para escolaridade, renda familiar e número de doenças.

80

Tabela 11: Médias dos valores total do QSCA, segundo grupos distintos. Ribeirão Preto,

2005-2007

Grupo N Média (D.P.) p Sexo

Masculino 112 146,9 (21,3) Feminino 91 138,7 (28,3)

Idade (anos) 0,053 Menor do que 30 130,7 (19,6) 30 ou mais 143,7 (25,2)

Escolaridade* 0,175 Analfabeto/primário incompleto 142 141,3 (26,2) Primário completo/secundário incomplete

28 146,8 (22,8)

Secundário completo ou nível superior 32 153,6 (12,7) Renda Familiar (em reais)** 0,000

até 1000 108 138,0 (26,5) Entre 1000 e 2000 50 151,2 (22,1)

Acima de 2000 22 156,0 (14,5) Número de comorbidades 0,402

Nenhuma 40 141,2 (24,6) 1 ou 2 110 141,8 (23,9) 3 ou 4 44 149,0 (28,1) 5 ou mais 9 142,4 (24,1)

* n=202 **n=180

Com relação ao sexo dos sujeitos, não constatamos diferenças entre as médias apresentadas

pelos participantes do sexo masculino (M = 146,98; D.P. = 21,29) e feminino (M = 138,69;

D.P. = 28,34). A Figura 4 apresenta a distribuição das medidas do QSCA para os dois grupos.

81

femininomasculino

SOC

tota

l

200

180

160

140

120

100

80

60

Figura 4: Boxplots dos grupos relacionados ao sexo dos participantes (masculino e feminino),

segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA

A idade também tem sido estudada para confirmar se há ou não diferenças no SC após

o seu completo estabelecimento, o que segundo Antonovsky, ocorreria após os 30 anos.

Assim optamos por testar nossa hipótese inicial, considerando como ponto de corte a idade de 30

anos. Fizemos dois testes para observar a relação entre idade e a medida de senso de

coerência: o teste de correlação de Pearson e o teste t para a comparação das médias dos dois

grupos (menores que 30 anos e com 30 anos ou mais). No primeiro, constatamos correlação

fraca, embora estatisticamente significante (r = 0,175; p = 0,013). A associação entre as

medidas pode ser avaliada graficamente na Figura 5.

82

idade80,0070,0060,0050,0040,0030,0020,00

SOC

tota

l

200

180

160

140

120

100

80

60

R Sq Linear = 0,031

Figura 5: Diagrama de dispersão dos valores do QSCA (senso de coerência total) e da idade

entre os participantes

O teste de comparação entre as médias SC resultou em um valor de p = 0,053, ou seja,

podemos dizer que há uma tendência entre os grupos de serem diferentes quanto à medida de SC.

A distribuição gráfica das medidas pode ser conferida na Figura 6.

83

idade em dois grupos30 ou mais anosmenor que 30 anos

SOC

tota

l

200

180

160

140

120

100

80

60167

Figura 6: Boxplots dos grupos relacionados à idade dos participantes, segundo a medida do

senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA

Para avaliar a situação sócio-econômica usamos duas variáveis: escolaridade e renda

familiar mensal. No que se refere à escolaridade dos participantes, o grupo se caracterizou, de

forma geral, por ser composto por indivíduos de baixa escolaridade, com um tempo médio de

estudo formal de cinco anos, ou seja, não havia completado o primeiro grau de escolaridade

(123; 60,6%). Agrupando os sujeitos em três categorias, tivemos os seguintes resultados da

medida do QSCA total: analfabeto/primário incompleto (M = 141,34; D.P. = 26,23); primário

completo/secundário incompleto (M = 146,80; D.P. = 22,76) e secundário completo ou maior grau

de escolaridade (M = 153,60; D.P. = 12,74). Não constatamos diferenças estatisticamente

significante entre os grupos (p = 0,175) e a distribuição gráfica das medidas podem ser conferidas na

Figura 7.

84

secundário completo, superior incompleto ou completo

primário completo e secundário incompleto

analfabeto e primário incompleto

SOC

tota

l

200

180

160

140

120

100

80

60

26

Figura 7: Boxplots dos grupos relacionados ao grau de escolaridade dos participantes, segundo

a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA

Outra variável usada para avaliar o estado sócio-econômico foi a renda dos

participantes. Mais de 50% dos pacientes tinham renda familiar mensal inferior a um mil reais

(108, 60%). Fizemos dois testes para observar a relação entre renda e a medida de senso de

coerência: o teste de correlação de Pearson e o teste de comparação de médias (ANOVA). No

primeiro constatamos correlação fraca, embora estatisticamente significante (r = 0,24;

p = 0,001), o que pode ser graficamente observado na Figura 8.

85

renda familiar em reais6000,004000,002000,000,00

SOC

tota

l

200

180

160

140

120

100

80

60

R Sq Linear = 0,06

Figura 8: Diagrama de dispersão dos valores do QSCA (senso de coerência total) e a renda

mensal dos participantes

Quando agrupamos os participantes em três categorias de renda constatamos os

seguintes valores médios de senso de coerência: 138 (D.P. = 26,47) para os sujeitos com

renda menor que um mil reais; 151,2 (D.P. = 22,1) para os sujeitos com renda entre um e dois mil

reais e 156 (D.P. = 14,55) para aqueles com renda acima de dois mil reais. O teste de comparação

destas médias também mostrou que as diferenças entre os grupos eram estatisticamente significantes

(p = 0,000). A distribuição gráfica das medidas pode ser conferida na Figura 9.

86

renda familiar agrupadaacima de 2000 reaisentre 1000 e 2000 reaisaté mil reais

SOC

tota

l

200

180

160

140

120

100

80

60

Figura 9: Boxplots dos grupos relacionados às faixas de renda familiar mensal os

participantes, segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do

QSCA

Para testar a última hipótese “Há associação inversa entre a medida de SC e o estado de

saúde dos participantes”, realizamos o teste de comparação das médias entre os sujeitos dos grupos.

O teste de comparação das médias dos quatro grupos criados também não foi estatisticamente

significante (p>0,05). A distribuição gráfica das medidas pode ser conferida na Figura 10.

87

5 ou mais3 ou 41ou 2nenhuma

SOC

tota

l

200

180

160

140

120

100

80

60

131

196

Figura 10: Boxplots dos grupos relacionados ao número de doenças associadas diagnosticadas

nos participantes, segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada

do QSCA

5.3.2 – Resultados obtidos pela análise fatorial confirmatória

A análise de componentes principais do QSCA foi realizada usando os 29 itens do

instrumento. Em geral, consideramos como componentes mais importantes aqueles com auto-

valores (eigenvalues) igual ou superior a um[128]. Na análise inicial foram encontrados 11

componentes principais com auto-valores maiores do que um, todos explicando muito pouco

da variância, exceto pelo primeiro componente (16% da variância). Atentamos-nos nos três

primeiros componentes, uma vez que há três domínios no instrumento original, os quais

explicaram somente 28% da variância.

Os coeficientes dos itens em cada um dos três fatores que foram obtidos através da

rotação Varimax estão apresentados na Tabela 12. Apresentamos nessa tabela os itens na

ordem em que são inseridos nos domínios compreensão (com maior número de itens, 11),

manejo (10 itens) e significado (8 itens) de acordo com a determinação de Antonovsky. Os

valores dos coeficientes para cada um dos itens nos três domínios estão grifados na cor cinza.

88

Tabela 12: Matrix de rotação Varimax dos componentes principais da versão adaptada do

QSCA

QSCA Componentes

itens 1 2 3 item 1 SOC rev 0,219 0,410 -0,028 Item 3 SOC -0,006 0,402 -0,121 item 5 SOC rev 0,010 0,510 -0,007 Item 10 SOC 0,173 0,060 -0,271 Item 12 SOC 0,357 0,401 -0,011 Item 15 SOC 0,343 0,069 0,395 Item 17 SOC 0,343 -0,000 -0,161 Item 19 SOC 0,612 0,212 0,033 Item 21 SOC 0,538 0,328 -0,004 Item 24 SOC 0,409 0,354 -0,061

Itens do componente Compreensão

Item 26 SOC 0,291 -0,123 0,226 Item 2 SOC 0,227 0,285 0,061 item 6 SOC rev -0,063 0,500 0,192 Item 9 SOC 0,053 0,675 0,118 item 13 SOC rev 0,050 0,455 0,396 Item 18 SOC 0,486 0,044 0,093 item 20 SOC rev 0,410 0,420 0,133 item 23 SOC rev -0,046 0,269 0,590 item 25 SOC rev 0,523 0,155 0,182 item 27 SOC rev 0,371 -0,143 0,507

Itens do componente Manejo

Item 29 SOC 0,560 0,070 0,195 item 4 SOC rev -0,029 -0,180 0,248 item 7 SOC rev 0,142 0,372 0,042 Item 8 SOC 0,214 0,119 0,289 item 11 SOC rev 0,114 -0,055 0,559 item 14 SOC rev 0,160 0,378 0,538 item 16 SOC rev 0,104 0,264 0,410 Item 22 SOC 0,468 -0,026 0,306

Itens do componente Significado

Item 28 SOC 0,383 0,057 0,433

Observamos que os coeficientes dos 29 itens do instrumento não se agruparam

conforme a distribuição proposta por Antonovsky, o que já era esperado, pois segundo o

próprio autor embora os domínios compreensão, manejo e significado sejam bem definidos do

ponto de vista teórico eles se compõem em um único constructo que é o senso de coerência

(Antonovsky, 1987). Em geral, os componentes principais não apresentaram coeficientes

altos para todos os itens que deveriam ser associados ao respectivo domínio. Por exemplo, no

89

primeiro componente principal, muitos dos itens relacionados ao domínio compreensão

tiveram coeficientes maiores que 0,4 e alguns itens apresentaram coeficientes muito baixos.

Ao mesmo tempo, houve itens que não pertenciam ao domínio compreensão que tinham

coeficientes muito altos.

5.3.3 – Resultados obtidos pela correlação entre constructos (validade de constructo

convergente)

Os resultados relacionados às escalas usadas para análise da validade convergente com

as medidas da Escala de Auto-estima de Rosenberg e Índice de Depressão de Beck, estão

apresentados na Tabela 13.

Tabela 13: Estatística descritiva e confiabilidade da Escala de auto-estima de Rosenberg

(EAER) e do Inventário de Depressão de Beck (IDB). Ribeirão Preto, 2005-2007

Escalas Nº de itens

α de Cronbach

Intervalo possível

Intervalo obtido

Mediana Média (DP)

EAER*

10 0,74 10 – 40 21 - 40 34,0 33,1 (4,7)

IDB**

21 0,86 0 – 63 0 – 57 14,0 16,2 (11,2)

*n=199 **n=187

Também nestas duas escalas obtivemos os valores adequados dos alfas de Cronbach,

demonstrando a confiabilidade das medidas complementares a serem utilizadas para testar as

correlações entre as medidas.

Assim, para verificarmos a validade convergente do constructo avaliado pelo

instrumento QSCA em sua versão adaptada para o português, optamos por testar a correlação

entre o senso de coerência com depressão e a auto-estima, dois constructos que tem se

correlacionado com senso de coerência. Inicialmente, havíamos estabelecido as seguintes

hipóteses, com relação à direção das correlações:

90

1- Há correlação convergente (positiva) entre a medida total do QSCA e a medida de auto-

estima da Escala de Auto-estima de Rosenberg (positivamente ordenada).

2- Há correlação divergente (negativa) entre a medida total do QSCA e a medida obtida pelo

Inventário de Depressão de Beck (negativamente ordenada).

3 - Com relação à força/magnitude de correlação entre o QSCA e as medidas de auto-estima e

depressão podemos encontrar correlações de grau moderado a alta.

Os resultados obtidos encontram-se na Tabela 14 e confirmam nossas hipóteses.

Tabela 14. Correlações entre as medida obtidas pelo Questionário de Senso de Coerência de

Antonovsky (QSCA), Escala de Auto-estima de Rosenberg (EAER) e o Inventário de

Depressão de Beck (IDB). Ribeirão Preto, 2005-2007

Medidas QSCA EAER IDB

QSCA 1 0,60* - 0,61*

EAER 1 - 0,66*

IDB 1

* nível de significância de 0,01

Para melhor visualização das correlações apresentaremos os diagramas de dispersão

obtidos com a associação entre as medidas de SC e depressão (Figura 11) e SC e auto-estima

(Figura 12).

91

6050403020100

SOC

tota

l

200

180

160

140

120

100

80

60

R Sq Linear = 0,379

Figura 11: Diagrama de dispersão dos valores do QSCA (senso de coerência total) e de

depressão obtidos entre os participantes

4035302520

SOC

tota

l

200

180

160

140

120

100

80

60

R Sq Linear = 0,368

Figura 12: Diagrama de dispersão dos valores obtidos pelo QSCA (senso de coerência total) e

pela Escala de Auto-estima de Rosenberg entre os participantes

Podemos concluir com esses resultados que, como já havia sido elaborado nas

hipóteses do estudo, há uma correlação direta ou positiva entre as medidas obtidas pelo QSCA

92

e pela Auto-estima de Rosenberg, uma vez que ambas são positivamente ordenadas, ou seja,

maiores valores indicam maior senso de coerência e maior auto-estima. Da mesma forma,

confirmamos nossa hipótese quanto à forte associação entre senso de coerência e depressão.

Encontramos correlação negativa entre as medidas obtidas pelo Inventário de Depressão de

Beck e do QSCA, uma vez que o primeiro instrumento é inversamente ordenado, ou seja,

maiores valores indicam maiores níveis de depressão enquanto no QSCA, positivamente

ordenado, maiores valores indicam maior senso de coerência.

93

6 – DISCUSSÃO

A finalidade de nosso estudo foi realizar a adaptação cultural de um instrumento de

avaliação de coping amplamente usado em estudos internacionais, que é o Questionário de

Senso de Coerência de Antonovsky[1]. A escolha deste instrumento para ser adaptado

culturalmente para ser utilizado em pacientes com condições cardiovasculares foi embasada

no impacto que a teoria proposta por Antonovsky tem obtido nas pesquisas em diferentes

países, sempre buscando constatar a relação entre o constructo senso de coerência e fatores de

risco cardiovasculares[129], incidência de doenças cardiovasculares[69, 130] e aspectos da

reabilitação cardiovascular, tais como a adesão ao tratamento[20].

Senso de coerência tem sido associado à qualidade de vida de pacientes que sobreviveram a

uma parada cardio-respiratória[6], de pacientes com angina[131], insuficiência cardíaca[132],

infarto do miocárdio[133, 134] e após cirurgia de revascularização do miocárdio[25, 26, 30,

135]. Ele também tem sido associado à ansiedade[40-42] e depressão[17, 40, 41, 43-45]

freqüentemente diagnosticadas em pacientes cardíacos.

Com relação ao processo adotado para a adaptação cultural, baseamo-nos na literatura

nacional e internacional para realizar a adaptação cultural do QSCA para ser usado em

pacientes cardíacos, no Brasil, visando manter as propriedades métricas do QSCA. Entretanto,

sabemos que esta versão do instrumento foi testada em um grupo de brasileiros que possuem

uma caracterização sócio-demográfica bem específica, constituindo-se em uma parcela da

população brasileira que faz uso do Sistema Único de Saúde para o tratamento de seus

problemas cardíacos, vivem na região Sudeste do país, embora o hospital onde se desenvolveu

o estudo atenda também pacientes provenientes de algumas cidades da região Centro-Oeste.

Esse é um aspecto importante em se tratando de um país tão extenso como o nosso, com

comportamentos e linguagem bem distinta. Alguns autores ao se referirem a este tipo de

94

situação costumam usar a expressão em inglês cross-cultural enquanto para comparações

entre países, usam a expressão cross-national[136].

Outro aspecto a ser considerado é a complexidade clínica da maioria dos pacientes

atendidos no HCFMRP. Essa instituição por ser um hospital de ensino, costuma atender os

pacientes com condições clínicas mais complexas do que outros hospitais públicos brasileiros.

Tal fato pode ser importante uma vez que estamos interessados em adaptar um instrumento

que avalia um constructo, o senso de coerência, o qual tem sido fortemente relacionado ao

estado de saúde das pessoas.

As etapas do processo de adaptação percorridas foram as mesmas que utilizamos em

estudos realizados sob a nossa orientação[91] ou em parceria com outros pesquisadores[93].

Após a primeira versão traduzida (VPC-1), submetemos o instrumento para apreciação de um

Comitê de juízes, que avaliaram a versão proposta com relação às equivalências semântica,

idiomática, conceitual e cultural. Buscamos na composição do referido comitê incluir pessoas

com comprovado conhecimento sobre metodologia de adaptação cultural de instrumentos e

sobre a teoria de estresse e enfrentamento (coping).

Outros aspectos que julgamos importantes no percurso metodológico adotado foram:

a) a modificação na ordem da realização da retro-tradução (back translation), a qual ocorreu

após a avaliação pelo Comitê de juízes. A tradução da versão em português consenso 2 (VPC-

2) para o inglês e sua comparação com o QSCA original, em inglês, permitiu assegurar que

não houvesse mudança no significado dos itens; b) a realização da etapa de análise semântica

da, então, versão para o português consenso 3 (VPC3), por meio da aplicação em três

pacientes cardíacos em seguimento ambulatorial no HCFMRP. Com essa etapa, constatamos

que havia dificuldades para a compreensão de alguns itens, de algumas frases âncoras nas

escalas de respostas e mesmo para a compreensão dos valores numéricos que não são

acompanhados por frases explicativas. Como resultado, fizemos a reformulação da redação do

95

item de número três, acrescentamos palavras mais próximas do cotidiano dos sujeitos com a

finalidade de facilitar a compreensão das frases âncoras das respostas dos itens 10, 15, 23 e

26.

Com relação à mudança da etapa de retro-tradução, ela já havia sido usada por Ferrer e

colaboradores[90]. Não há consenso sobre o momento mais adequado de se realizar essa etapa

e mesmo se ela é ou não necessária no processo de adaptação. Há autores que questionam a

sua base científica e argumentam que ela questionaria a habilidade dos tradutores que fizeram

a versão para a população-alvo. Se a primeira tradução for bem feita, essa etapa terá pouco

para contribuir[137].

Para testar a validade de construto e a confiabilidade da versão adaptada, buscamos

aplicar o instrumento em uma amostra o mais heterogênea possível de pessoas com doenças

cardíacas, visando testar as propriedades psicométricas da versão adaptada do QSCA.

Podemos considerar que a nossa amostra é representativa da população de pacientes

cardíacos atendidos em hospitais públicos de ensino da região sudeste e que os resultados

obtidos devem ser analisados considerando-se as características do grupo estudado composto

por uma ligeira predominância de sujeitos do sexo masculino, na faixa dos 50 anos, casados e

com baixa escolaridade. Os participantes de outros estudos com pacientes cardíacos que

utilizaram a versão original de 29 itens do QSCA diferem dos nossos sujeitos, principalmente,

por terem maior escolaridade[26, 134].

Como a maioria dos entrevistados possuía baixo nível educacional, a opção por

preencherem o QSCA com o auxílio da pesquisadora também precisa ser considerada, embora

não tenhamos encontrado diferenças estatisticamente significante entre os dois grupos

(aqueles que responderam sozinhos e aqueles que responderam por meio de entrevista).

Quanto ao tempo médio para o preenchimento dos instrumentos obtivemos um valor médio de

96

29 minutos (intervalo de 15 a 60), um pouco superior ao relatado por Antonovsky que

estipulou um tempo em torno de 15 a 20 minutos[54].

Com a versão adaptada do QSCA, obtivemos as respostas provenientes de 203

sujeitos. A análise descritiva dos dados mostrou uma mediana de 146,5, sendo maior do que a

mediana do intervalo possível entre 29 e 203, que é 116. No geral, não observamos grande

diferença entre os valores da mediana e da média para o total da medida de SC. A mesma

constatação pode ser feita para as médias de respostas dos itens individualmente. Ao

analisarmos as respostas dadas aos itens do instrumento, constatamos que elas variaram

dentro do intervalo possível de um a sete. Quanto à mediana dos itens, temos que o valor a ser

obtido neste intervalo seria de quatro, no entanto, as medianas variaram em seus valores tendo

itens cuja mediana foi o valor um (item 10) e itens cuja mediana foi sete (itens 1, 2, 4, 7, 8,

11, 13, 14, 16, 18, 20, 22, 23, 27 e 28). Os itens 13 e 14 foram os que apresentaram

freqüências acima de 75% para este extremo da escala de resposta. O próprio autor já havia

salientado que um dos problemas detectados por alguns pesquisadores ao usarem o

instrumento era a tendência de alguns sujeitos de responderem apenas os valores extremos da

escala de resposta, ou seja, marcarem somente o valor sete e/ou o valor um[54]. Os itens

pertencentes aos componentes compreensão e manejo são os que causam a maioria dos

problemas relatados pelos sujeitos com dificuldades para o preenchimento do instrumento,

pois são fortemente elaborados em uma perspectiva centrado no ego dos indivíduos, o que

parece ser inapropriado para as pessoas nas situações citadas. Os itens indicados por outros

como sendo aqueles que apresentam maiores problemas foram os de número: cinco, seis, dez

e 17[15, 51, 74]. Tal observação foi constatada em nosso estudo apenas para o item 10, cuja

mediana foi o valor mínimo da escala. Com relação aos dados perdidos, tivemos uma

freqüência muito pequena de não respostas entre os participantes: um participante não

97

respondeu item três e dois não responderam ao item 18. Esse resultado pode ser explicado

pelo fato da coleta ter sido realizada, predominantemente, por meio de entrevista.

O intervalo possível de pontuação total do QSCA varia de 29 a 203[1]. Em nosso

estudo, o intervalo obtido ficou entre 59 e 190. Comparando com os valores do intervalo

obtido em estudo realizado com pacientes cardíacos revascularizados (83 a 198), podemos

observar que o nosso grupo apresentou valor mínimo um pouco menor[26]. Com relação à

média da medida de senso de coerência tivemos um valor de 143,2 (D.P. = 24,9). Tal

resultado não diferiu daqueles obtidos por outros autores que utilizaram o instrumento em

pacientes cardíacos cirúrgicos (M = 146,4; D.P. = 25,9)[26]. Tanto os valores da média

quanto do desvio-padrão são compatíveis com aqueles obtidos da revisão de 126 autores que

utilizaram a versão de 29 itens[74]. Nessa revisão, os autores constataram que, em diferentes

populações, foram obtidas médias que variaram de 100 a 164 para o total da medida e de 13 a

53 para o desvio-padrão do total da medida[74].

A comparação dos nossos resultados com os de estudos com esse mesmo tipo de

pacientes tem sido dificultada pela não inclusão do intervalo obtido na publicação[69, 133,

134], pelo uso da versão abreviada do instrumento[6, 20, 132, 135, 138] ou pela modificação

da escala de resposta para outro formato, como o uso de uma escala visual analógica, o que

inviabiliza a comparação dos valores[30].

Quanto aos resultados relacionados à análise da validade de constructo da versão

adaptada do QSCA, buscamos encontrar a confirmação através de diferentes técnicas de

análise como tem sido feito na literatura consultada: validade de constructo convergente,

comparação entre grupos distintos e análise dos componentes[51, 54, 74].

Assim, optamos por analisar a validade de constructo convergente, correlacionando a

medida obtida pela versão adaptada com outras medida provenientes de instrumentos já

validados para a população brasileira e optamos por analisar a auto estima e a depressão, uma

98

vez que ambas podem ser verificadas por meio de instrumentos já validados no Brasil. Auto-

estima e depressão têm se verificado correlacionadas com o SC. Previamente havíamos

estipulado a existência de correlação positiva entre a medida total do QSCA e a medida de

Auto-estima da Escala de Rosenberg (positivamente ordenada) e correlação negativa entre a

medida total do QSCA e a medida obtida pelo Inventário de Depressão de Beck

(negativamente ordenada), ambas de intensidade moderada a forte. Nossos resultados

confirmaram essas hipóteses uma vez que obtivemos valor do coeficiente de correlação de

Pearson de 0,60 para ambas as correlações, com o sentido negativo para depressão e positivo

para auto-estima.

Valores semelhantes foram obtidos por outros autores ao testarem a validade de

constructo entre as medida de SC e depressão entre pacientes com acompanhamento

psiquiátrico[104] e entre pacientes cardíacos[133]. Na revisão de estudos que utilizaram o

QSCA, foram encontrados 14 estudos que fizeram esta associação, sendo que os valores

negativos dos coeficientes de correlação variaram de 0,45 a 0,71[74]. Com relação à auto-

estima e SC, foram encontrados cinco estudos que fizeram a associação entre as medidas do

QSCA e a Escala de Auto-estima de Rosenberg. Os valores dos coeficientes de correlação

variaram de 0,33 a 0,75[74]. Nosso resultado foi semelhante ao encontrados em outro estudo

com pacientes cardíacos[26].

Com relação à comparação das medidas obtidas pela versão adaptada do QSCA em

sujeitos pertencentes a grupos distintos, consideramos as seguintes variáveis para classificar

os grupos: sexo, idade, condição sócio-econômica (avaliada pela renda e escolaridade) e

estado de saúde. Foram formuladas as seguintes hipóteses com base nos pressupostos do autor

da escala e de outros pesquisadores: não há diferenças nas medidas obtidas pelo QSCA entre

homens e mulheres; não há correlação entre a idade dos participantes e a medida do QSCA; há

correlação direta entre a medida de SC e os anos de estudo dos sujeitos entrevistados; há correlação

99

entre a medida do SC e a renda dos sujeitos; há correlação indireta (ou inversa) entre a medida de

SC e o estado de saúde dos participantes (avaliado pelo número de comorbidades). Confirmamos

nossa hipótese com relação à inexistência de diferenças na medida do SC com relação ao sexo

e a escolaridade dos sujeitos.

Com relação ao sexo, nossos resultados vão ao encontro do pressuposto defendido por

Antonovsky o qual defende a idéia de que a formação do SC independe do sexo dos indivíduos[1] o

que também tem sido confirmado em outros estudos[28, 43, 64]. Entretanto, outros autores tem

observado diferenças entre as medidas de SC entre homens e mulheres[47, 63, 66]. Assim,

concordamos que mais estudos precisam ser conduzidos para avaliar essa relação.

Quanto à relação entre idade e a medida de senso de coerência nossos resultados não

foram conclusivos. Constatamos correlação fraca, embora estatisticamente significante (r =

0,175; p = 0,013) entre a medida de SC e a idade dos sujeitos. Quando dividimos os sujeitos

em dois grupos (menores que 30 anos e 30 anos ou mais), o teste de comparação entre as médias

de SC resultou em um valor de significância próximo ao estipulado (p=0,053), ou seja, podemos

dizer que há uma tendência entre os grupos de serem diferentes quanto à medida de SC. Um aspecto

a ser considerado neste resultado é a diferença no número de sujeitos nos dois grupos, com 182

(92,4%) participantes com 30 anos ou mais e apenas 15 (7,6%) sujeitos no segundo grupo. Embora

Antonovsky[1] defenda a idéia de que não há mudanças no SC após a sua completa formação, em

torno dos 30 anos, os resultados obtidos em outros estudos também tem sido contraditórios. Alguns

autores têm observado maior SC entre idosos[43], enquanto outros constataram mudanças maiores

nas medidas de SC entre os mais velhos[33].

A escolaridade também tem sido discutida por vários autores cujos resultados são contrários

aos nossos uma vez que constataram relação direta entre SC e anos de escolaridade[58, 139].

Quanto à hipótese de que há correlação entre a medida de SC e a renda dos participantes,

outra variável da condição sócio-econômica, nossos resultados indicaram uma correlação

100

fraca, embora estatisticamente significante (r = 0,24; p = 0,001). O teste de comparação entre as

médias dos três sub-grupos também mostrou que as diferenças eram estatisticamente significantes

(p = 0,000). Para testar a última hipótese “Há associação inversa entre a medida de SC e o estado

de saúde dos participantes”, realizamos o teste de comparação das médias entre os sujeitos dos

grupos. O teste de comparação das médias dos quatro grupos criados também não foi

estatisticamente significante (p>0,05).

Nos estudos revisados pelo próprio autor e conduzidos por outros pesquisadores,

indivíduos com menor escolaridade e precárias condições sócio-econômicas apresentaram

valores médios de SC inferiores aos referidos por adultos mais idosos, aposentados e

trabalhadores[51, 54].

Nossa última hipótese estava relacionada à associação entre SC e estado de saúde dos

participantes. Optamos por avaliar essa última variável pelo número de comorbidades presentes

entre os participantes. Nossos resultados não confirmaram essa hipótese. Não encontramos outro

estudo que tenha usado o mesmo tipo de variável para analisar o estado de saúde e, por isso, não

temos como comparar nossos resultados.

A análise de componentes principais do QSCA foi realizada usando os 29 itens do

instrumento para observar se os coeficientes dos 29 itens do instrumento se agruparam

conforme a distribuição proposta por Antonovsky[1]. Segundo o próprio autor, embora os

domínios compreensão, manejo e significado sejam bem definidos do ponto de vista teórico,

eles compreendem um único constructo que é o senso de coerência[1]. Nossos resultados

confirmam a existência de um único fator na versão adaptada do QSCA[1]. Outros autores

têm encontrado resultados semelhantes[104-107], enquanto outros constataram a presença de

mais de um componente[65, 102, 108-110].

Com relação à confiabilidade do QSCA, ela tem sido testada enquanto a consistência

interna de seus itens (pelo alfa de Cronbach) e pela estabilidade da medida (teste-reteste). Por

101

estarmos testando a versão adaptada em pacientes cardíacos internados, não consideramos a

possibilidade de realizar uma nova coleta ainda durante a internação ou após a alta. Em ambas

as situações haveria outros fatores que poderiam estar influenciando as respostas dos sujeitos

frente às mudanças em suas condições clínicas, comprometendo o resultado de interesse que

seria a estabilidade da medida do SC. Assim, optamos por realizar apenas o teste da

consistência interna e o resultado obtido para a versão total do instrumento (α = 0,78) foi

adequado. Como esperado, os alfas de Cronbach para os três componentes do instrumento

foram menores do que para o total da medida: 0,46 (significado), 0,58 (compreensão) e 0,63

(manejo).

Se considerarmos os resultados apresentados em uma revisão feita pelo próprio autor,

nossos valores seriam menores dos que os obtidos por outros autores que variaram entre 0,82

a 0,95 nos 26 estudos que usaram o instrumento de 29 itens[51]. Em uma revisão publicada

em 2007 sobre os estudos que utilizaram o QSCA com 29 itens, os valores de alfa variaram

entre 0,70 e 0,95[74].

102

7- CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky, desenvolvido originalmente na

língua inglesa, foi o instrumento escolhido para ser culturalmente adaptado visando seu uso

futuro enquanto uma medida de avaliação de coping para pacientes cardíacos brasileiros. O

processo de adaptação cultural foi conduzido conforme preconizado pela literatura científica.

Com base nos objetivos propostos e nos resultados obtidos neste estudo metodológico,

podemos concluir que a versão adaptada para o português do QSCA:

- manteve as equivalências conceitual, semântica e de medida conforme proposto na versão

original;

- mostrou ter preservado a validade relacionada à aparência e ao conteúdo da versão original,

conforme avaliado pelo comitê de juízes;

- mostrou ter preservado a validade de constructo convergente, de acordo com os valores dos

coeficientes de correlação com as medidas de auto-estima e de depressão;

- no que se refere a validade de constructo, quando avaliada pela comparação da medida do

QSCA entre grupos distintos, mostrou resultados que vão ao encontro dos pressupostos

apresentados por Antonovsky: não constatamos diferenças entre homens e mulheres e

podemos observar que há uma tendência do SC ser maior entre os participantes com 30 anos

ou mais;

- mostrou, através da análise fatorial, a presença de um único componente conforme indicado

pelo autor do instrumento;

- mostrou um valor adequado de alfa de Cronbach, indicando a confiabilidade do instrumento

através da consistência interna do de seus itens na amostra estudada.

Como considerações finais, gostaríamos de novamente ressaltar a importância de

disponibilizarmos para o uso no Brasil, do Questionário de Senso de Coerência de

103

Antonovsky. A escolha desse instrumento para ser adaptado, enquanto uma medida de

avaliação de coping foi embasada no impacto que a teoria proposta por Antonovsky tem

obtido nas pesquisas em diferentes países, sempre buscando constatar a relação entre o

constructo senso de coerência e o estado de saúde em diferentes grupos de pessoas, entre elas

os pacientes cardíacos. A importância desse constructo já foi confirmada pela própria

Organização Mundial de Saúde quando o inseriu nas grandes linhas mestras orientadoras das

macro-políticas da promoção da saúde. Consideramos que, também, já foi constatada sua

importância no âmbito da reabilitação de indivíduos em diferentes condições crônicas de

saúde. No que se refere à reabilitação cardíaca, um forte SC durante a reabilitação da doença

cardíaca ou do tratamento cirúrgico, poderia se manifestar em um sentimento dinâmico de

confiança em sua habilidade para (1) ordenar as variações advindas com a instabilidade da

trajetória da doença crônica; (2) adaptar-se à sua nova condição, física e psicológica; (3) ter

motivação necessária para retornar à sua vida, na medida em que for possível, e de minimizar

o impacto da doença cardíaca sobre sua família; e (4) engajar-se em atividades que sejam

significantes para a sua nova condição de ter doença crônica.

Estudos que se propõem adaptar e avaliar as propriedades psicométricas de um

instrumento de medida originário de outra língua e cultura, geralmente, não conseguem testar

todos os tipos de validade e confiabilidade da versão adaptada. O nosso estudo tem algumas

limitações tais como a utilização de um grupo de sujeitos com características bem definidas,

tanto sócio-demográficas como clínicas, que impedem a generalização das nossas conclusões

para outros grupos de brasileiros com perfis distintos. Uma vez que validar um instrumento é

um processo de coletar e avaliar as evidências dessa validade, consideramos importante que

outros estudos sejam realizados no Brasil para continuar na busca de evidências sobre a

validade e confiabilidade da versão adaptada para o português do QSCA.

104

8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS*

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ANEXOS

Permissão para adaptação do QSCA Anexo1

QSCA versão original (VO) Anexo2

ANTONOVSKY’ SENSE OF COHERENCE QUESTIONNAIRE Here is a series of questions relating to various aspects of our lives. Each questions has seven possible answers. Please mark the number which expresses your answer, with numbers 1 and 7 being the extreme answers. If the words under 1 are right for you, circle 1; if the words under 7 are right for you, circle 7. If you feel differently, circle the number which best express your feeling. Please give only one answer to each question. C.1. When you talk to people, do you have the feeling that they don’t understand you?

1 2 3 4 5 6 7 Never have Always have this feeling this feeling C.2. In the past, when you had to do something which depended upon cooperation with others, did you have the feeling that it:

1 2 3 4 5 6 7 Surely wouldn’t Surely would get done get done C.3. Think of the people with whom you come into contact daily, aside from the ones to whom you feel closest. How well do you know most of them?

1 2 3 4 5 6 7 You feel that You know them they’re strangers very well C.4. Do you have the feeling that you don’t really care about what goes on around you?

1 2 3 4 5 6 7 Very seldom Very often or never C.5. Has it happened in the past that you were surprised by the behavior of people whom you thought you knew well?

1 2 3 4 5 6 7 Never happened Always happened C.6. Has it happened that people whom you counted on disappointed you?

1 2 3 4 5 6 7 Never happened Always happened C.7. Life is:

1 2 3 4 5 6 7 Full of interest Completely

routine C.8. Until now your life has had:

1 2 3 4 5 6 7 No clear goals Very clear goals or purpose at all and purpose

QSCA versão original (VO) Anexo2

C.9. Do you have the feeling you’re being treated unfairly? 1 2 3 4 5 6 7

Very often Very seldom or never C.10. In the past 10 years your life has been:

1 2 3 4 5 6 7 Full of changes with- Completely out your knowing consistent and clear what will happen next C.11. Most of the things you do in the future will probably be:

1 2 3 4 5 6 7 Completely Deadly fascinating boring C.12. Do you have the feeling that you are in an unfamiliar situation and don’t know what do?

1 2 3 4 5 6 7 Very often Very seldom or never C.13. What best describes how you see life:

1 2 3 4 5 6 7 One can always There is no find a solution to solution to painful things in life painful things in life

C.14. When you think about your life, you very often:

1 2 3 4 5 6 7 Feel how good it Ask yourself why is to be alive you exist at all C.15. When you face a difficult problem, the choice of a solution is:

1 2 3 4 5 6 7 Always confusing Always completely and hard to find clear C.16. Doing the things you do every day is: 1 2 3 4 5 6 7 A source of deep A source of pain pleasure and and boredom satisfaction C.17. Your life in the future will probably be:

1 2 3 4 5 6 7 Full of changes with- Completely out your knowing consistent and what will happen next clear

QSCA versão original (VO) Anexo2

C.18. When something unpleasant happened in the past your tendency was: 1 2 3 4 5 6 7

“To eat yourself To say “Ok, that’s up” about it that, I have to live with it,” and go on C.19. Do you have very mixed-up feelings and ideas?

1 2 3 4 5 6 7 Very often Very seldom or never

C.20. When you do something that gives you a good feeling:

1 2 3 4 5 6 7 It’s certain you’ll It’s certain something go on feeling good will happen to spoil

the feeling C.21. Does it happen that you have feelings inside you would rather not feel?

1 2 3 4 5 6 7 Very often Very seldom or never C.22. You anticipate that your personal life in the future will be?

1 2 3 4 5 6 7 Totally without Full of meaning meaning or purpose and purpose C.23. Do you think that there will always be people whom you’ll be able to count on in the future?

1 2 3 4 5 6 7 You’re certain You doubt there will be there will be C.24. Does it happen that you have the feeling that you don’t know exactly what’s about to happen?

1 2 3 4 5 6 7 Very often Very seldom or never C.25. Many people – even those with a strong character – sometimes feel like sad sacks (losers) in certain situations. How often have you felt this way in the past?

1 2 3 4 5 6 7 Never Very often C.26. When something happened, have you generally found that:

1 2 3 4 5 6 7 You overestimated You saw things or underestimated in the right its importance proportion

QSCA versão original (VO) Anexo2

C.27. When you think of difficulties you are likely to face in important aspects of your life, do you have the feeling that:

1 2 3 4 5 6 7 You’ll always succeed You won’t succeed in overcoming the in overcoming difficulties the difficulties C.28. How often do you have the feeling that there’s little meaning in the things you do in your daily life?

1 2 3 4 5 6 7 Very often Very seldom or never C.29. How often do you have the feeling that you’re not sure you can keep under control?

1 2 3 4 5 6 7 Very often Very seldom

QSCA VPT1 Anexo 3

Questionário sobre Senso de Coerência de Antonovsky

C.1. Quando você conversa com outras pessoas, você tem a sensação de que elas não o entendem? 1 2 3 4 5 6 7

Nunca tenho essa sensação

Sempre tenho essa sensação

C.2. No passado, quando você teve que fazer algo que dependia de cooperação com outros, você teve a sensação de que:

1 2 3 4 5 6 7 Com certeza, o trabalho não seria feito

Com certeza, o trabalho seria feito

C.3. Pense nas pessoas com quem você tem contato diariamente e das quais você não se sente muito próximo. Como você acha que conhece a maioria delas?

1 2 3 4 5 6 7 Você sente que elas são estranhas

Você as conhece muito bem

C.4. Você tem a sensação de que você não se importa realmente com o que acontece à sua volta?

1 2 3 4 5 6 7 Nunca ou raramente

Com muita freqüência

C.5. Alguma vez no passado, aconteceu de você se surpreender com o comportamento de pessoas que você pensava conhecer bem?

1 2 3 4 5 6 7 Nunca aconteceu

Sempre aconteceu

C.6. Já aconteceu que pessoas com as quais você contava vieram a decepcioná-lo?

1 2 3 4 5 6 7 Nunca aconteceu

Sempre aconteceu

C.7. Sua vida é:

1 2 3 4 5 6 7 Cheia de interesses

Completamente rotineira

C.8. Até agora, sua vida

1 2 3 4 5 6 7 Não tem tido qualquer objetivo ou propósito

Tem tido objetivos e propósitos claros

QSCA VPT1 Anexo 3

C.9. Você tem a sensação que você está sendo tratado injustamente? 1 2 3 4 5 6 7

Com muita freqüência

Nunca ou raramente

C.10. Nos últimos dez anos sua vida tem sido:

1 2 3 4 5 6 7 Cheia de mudanças sem que você soubesse o que aconteceria em seguida

Completamente consistente e clara

C.11. A maior parte das coisas que você fará no futuro provavelmente será:

1 2 3 4 5 6 7 Completamente fascinantes

Extremamente maçantes ou chatas

C.12. Você tem a sensação de que está numa situação desconhecida e não sabe o que fazer?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Nunca ou raramente

C.13. O que descreve melhor como você vê sua vida?

1 2 3 4 5 6 7 Alguém pode sempre achar uma solução para sofrimentos da vida

Não há solução para sofrimentos da vida

C.14. Quando você pensa na sua vida, frequentemente você:

1 2 3 4 5 6 7 Sente o quanto é bom estar vivo

Pergunta a si mesmo por que você existe

C.15. Quando você enfrenta um problema difícil, a escolha de uma solução é:

1 2 3 4 5 6 7 Sempre confusa e difícil de encontrar

Sempre completamente clara

C.16. Fazer as coisas que você faz todos os dias é:

1 2 3 4 5 6 7 Uma fonte de grande prazer e satisfação

Uma fonte de sofrimento e chatice

QSCA VPT1 Anexo 3

C.17. Sua vida no futuro provavelmente será: 1 2 3 4 5 6 7

Cheia de mudanças sem que você saiba o que acontecerá em seguida

Completamente consistente e clara

C.18. No passado, quando algo desagradável aconteceu, sua tendência foi

1 2 3 4 5 6 7 Remoer muito sobre o acontecido

Dizer “está bem, terei que viver com isso” e seguir em frente

C.19. Você tem sentimentos e idéias bastante confusas?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Nunca ou raramente

C.20. Quando você faz algo que lhe dá uma boa sensação:

1 2 3 4 5 6 7 Com certeza você continuará a sentir-se bem

Com certeza algo acontecerá para estragar essa sensação

C.21. Acontece de você ter sensações dentro de si, as quais você preferiria não sentir?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Nunca ou raramente

C.22. Você acha que sua vida pessoal no futuro será:

1 2 3 4 5 6 7 Totalmente sem significado e propósito

Cheia de significado e propósito

C.23. Você acha que sempre existirão pessoas com quem você poderá contar no futuro?

1 2 3 4 5 6 7 Você está certo de que existirão

Você duvida que existirão

C.24. Você tem a sensação de que você não sabe exatamente o que está prestes a acontecer?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Nunca ou raramente

QSCA VPT1 Anexo 3

C.25. Muitas pessoas - mesmo aquelas com um caráter muito forte - algumas vezes sentem-se como perdedores em certas situações. Com que freqüência você se sentiu dessa maneira no passado?

1 2 3 4 5 6 7 Nunca Com muita

freqüência C.26. Quando alguma coisa acontece, em geral você descobre que:

1 2 3 4 5 6 7 Você superestimou ou subestimou a sua importância

Você viu as coisas nas proporções corretas

C.27. Quando você pensa nas dificuldades que provavelmente você terá que enfrentar em aspectos importantes de sua vida, você tem a sensação de que:

1 2 3 4 5 6 7 Você sempre terá sucesso em superar as dificuldades

Você não terá sucesso em superar as dificuldades

C.28. Com que freqüência você tem a sensação de que há pouco significado nas coisas que você faz na sua vida diária?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Nunca ou raramente

C.29. Com que freqüência você tem a sensação de que você não tem certeza de que poderá se controlar?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Raramente

QSCA VPT2 Anexo 4

QUESTIONÁRIO SOBRE SENSO DE COERENCIA Aqui está uma série de questões relacionadas a vários aspectos de nossas vidas. Por favor, marque o número que expressa sua resposta, com números de 1 a 7. Se as palavras de número 1 são certas para você, circule o número 1. Se a resposta número 7 for a correta, marque a número 7. Se sua resposta for diferente, circule o número que mais expressa seus sentimentos. Por favor, marque só uma resposta para cada questão. Não existem respostas certas ou erradas.

1. Quando você conversa com pessoas, você tem a sensação de que elas não te entendem?

1.Nunca tive essa sensação 7.Sempre tenho essa sensação 2. No passado, quando você teve que fazer algo que dependia da cooperação de outros,

você tinha a sensação de que: 1.com certeza não seria realizado 7.com certeza seria realizado 3.Pense nas pessoas com quem você tem contato diariamente, além daqueles com os Quais você se sente mais próximo. O quão bem você os conhece? 1. você sente que eles são desconhecidos 7. você os conhece muito bem 4.Você tem a sensação que você realmente não se importa com o que esta se passando ao seu redor: 1.poucas vezes ou nunca 7. muito frequentemente 5. Já aconteceu no passado de você se surpreender com pessoas que você achava que conhecia bem? 1. Nunca aconteceu 7.Sempre aconteceu

6. Já aconteceu das pessoas com quem você contava te desapontarem? 1.Nunca aconteceu 7. sempre aconteceu 7. A vida para você é: 1.Cheia de coisas interessantes 7. Só rotina 8.Até agora sua vida tem sido: 1.Sem objetivos definidos ou propósitos 7. Com objetivos definidos e propósitos 9.Você tem a sensação de estar sendo injustiçado 1.frequentemente 2.raramente ou nunca

QSCA VPT2 Anexo 4

10.Nos últimos 10 anos, sua vida tem sido: 1. cheia de mudanças sem que você soubesse o que iria acontecer depois 2. completamente consistente e clara 11.A maioria das coisas que você planeja fazer no futuro provavelmente serão 1. completamente fascinante 2. mortalmente entediante 12.Você tem a sensação de estar em uma situação incomum e não saber o que fazer 1. frequentemente 2. raramente ou nunca 13.O que melhor descreve como você vê a vida 1. Pode sempre haver soluções para as dores da vida 2. não há soluções para as dores da vida 14.Quando você pensa sobre a vida, você frequentemente: 1. se sente bem por estar vivo 2. se pergunta porque existe 15.Quando você encara um problema difícil, a escolha de uma solução é: 1.sempre confusa e dificil de achar 7.sempre completamente clara 16.Fazer as coisas do dia a dia é: 1.uma fonte profunda de prazer e satisfação 7.uma fonte de dor e monotonia 17. Sua vida no futuro será 1.cheia de mudanças sem saber o que vai acontecer depois 7.completamente consistente e clara 18.Quando algo desagradável aconteceu no passado, sua tendência foi: 1.ficar se “roendo de raiva” 7.dizer: “ok, é assim, tenho que viver com isso e tocar em frente”. 19. Você tem idéias ou sentimentos contraditórios ? 1. Muito frequentemente 7. Raramente ou nunca 20. Quando você faz algo que te da uma boa sensação: 1.Isto certamente vai te manter sentindo bem 7.Com certeza alguma coisa vai acontecer para estragar tudo 21.Já aconteceu de você ter sentimentos dentro de você que preferiria não sentir? 1.Muito frequentemente 7.raramente ou nunca 22. Você sente que sua vida no futuro será 1. totalmente sem propósito ou significado 7.cheia de propósito e significado

QSCA VPT2 Anexo 4

23. Você acha que sempre haverá pessoas com quem você poderá contar no futuro? 1. tem certeza que haverá. 7. duvida que haverá 24.Já aconteceu de você ter a sensação de que não sabia exatamente o que estava para acontecer? 1.muito frequentemente 7.Raramente ou nunca 25.Muitas pessoas -ate mesmo aquelas com caráter forte- algumas vezes se sentem “sacos tristes”(perdedores) em certas situações. Com que frequencia você se sentiu assim no passado? 1.nunca 7.Frequentemente 26.Quando alguma coisa acontece, geralmente você: 1.superestima ou substima a importância 7.Você vê as coisas que acontecem na proporção certa 27.Quando pensa nas dificuldades que você enfrentou em importantes aspectos de sua vida, tem a sensação de que: 1.sempre conseguiu vencer as dificuldades 7. nunca conseguiu vencer as dificuldades 28. Com que frequencia você tem a sensação de que as coisas que faz diariamente em sua vida tem pouco significado? 1.Muito frequentemente 7.Raramente ou nunca 29.Com que frequencia você tem a sensação de que não consegue manter a situação sob controle? 1.Muito frequentemente 7.Raramente ou nunca

QSCA VPC1 Anexo 5

1

Questionário sobre Senso de Coerência de Antonovsky Aqui está uma série de questões relacionadas a vários aspectos de nossas vidas. Por favor, marque o

número que expressa sua resposta, com números de 1 a 7. Se as palavras abaixo do número 1 são

certas para você, circule o número 1. Se as palavras abaixo do número 7 forem as corretas, marque a

número 7. Se sua resposta for diferente, circule o número que melhor expressa seus sentimentos. Por

favor, marque só uma resposta para cada questão.

1. Quando você conversa com outras pessoas, você tem a sensação de que elas não te entendem? 1 2 3 4 5 6 7

Nunca tenho essa sensação

Sempre tenho essa sensação

2. No passado, quando você teve que fazer algo que dependia da cooperação de outros, você teve a sensação de que aquilo:

1 2 3 4 5 6 7 Com certeza não seria feito

Com certeza seria feito

3. Pense nas pessoas com quem você tem contato diariamente e das quais você não se sente muito próximo. Como você acha que conhece a maioria delas?

1 2 3 4 5 6 7 Você sente que elas são estranhas

Você as conhece muito bem

4. Você tem a sensação que você realmente não se importa com o que está se passando ao seu redor:

1 2 3 4 5 6 7 Muito raramente ou nunca

Com muita freqüência

5. No passado, alguma vez aconteceu de você se surpreender com o comportamento de pessoas as quais você achava que conhecia bem?

1 2 3 4 5 6 7 Nunca aconteceu

Sempre aconteceu

6. Já aconteceu das pessoas com quem você contava te desapontarem?

1 2 3 4 5 6 7 Nunca aconteceu

Sempre aconteceu

7. A vida é:

1 2 3 4 5 6 7 Cheia de interesses

Completamente rotineira

QSCA VPC1 Anexo 5

2

8. Até agora, sua vida tem:

1 2 3 4 5 6 7 Não tido qualquer objetivo ou propósito

Tido objetivos e propósitos claros

9. Você tem a sensação que você está sendo tratado injustamente?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Muito raramente ou nunca

10. Nos últimos dez anos sua vida tem sido:

1 2 3 4 5 6 7 Cheia de mudanças sem que você saiba o que acontecerá em seguida

Completamente consistente e clara

11. A maior parte das coisas que você fará no futuro provavelmente será:

1 2 3 4 5 6 7 Completamente fascinante

Extremamente maçante ou chata

12. Você tem a sensação de que está numa situação desconhecida e não sabe o que fazer?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Muito raramente ou nunca

13. O que melhor descreve como você vê a vida?

1 2 3 4 5 6 7 Sempre se pode achar uma solução para sofrimentos da vida

Não há solução para sofrimentos da vida

14. Quando você pensa na sua vida, frequentemente você:

1 2 3 4 5 6 7 Sente o quanto é bom estar vivo

Pergunta a si mesmo por que você existe

QSCA VPC1 Anexo 5

3

15. Quando você enfrenta um problema difícil, a escolha de uma solução é: 1 2 3 4 5 6 7

Sempre confusa e difícil de encontrar

Sempre completamente clara

16. Fazer as coisas que você faz todos os dias é:

1 2 3 4 5 6 7 Uma fonte de grande prazer e satisfação

Uma fonte de sofrimento e chatice

17. Sua vida no futuro provavelmente será:

1 2 3 4 5 6 7 Cheia de mudanças sem que você saiba o que acontecerá em seguida

Completamente consistente e clara

18. No passado, quando algo desagradável aconteceu, sua tendência foi

1 2 3 4 5 6 7 Ficar se “roendo de raiva” sobre o acontecido

Dizer “está bem, terei que viver com isso” e seguir em frente

18. No passado, quando algo desagradável aconteceu, sua tendência foi

1 2 3 4 5 6 7 Ficar se “roendo de raiva” sobre o acontecido

Dizer “está bem, terei que viver com isso” e seguir em frente

19. Você tem sentimentos e idéias bastante confusas?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Muito raramente ou nunca

QSCA VPC1 Anexo 5

4

20. Quando você faz algo que lhe dá uma sensação boa: 1 2 3 4 5 6 7

Com certeza você continuará a sentir-se bem

Com certeza algo acontecerá para estragar essa sensação

21. A aconteceu de você ter sentimentos dentro de você os quais preferiria não sentir?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Muito raramente ou nunca

22. Você acha que sua vida pessoal no futuro será:

1 2 3 4 5 6 7 Totalmente sem significado e propósito

Cheia de significado e propósito

23. Você acha que sempre existirão pessoas com quem você poderá contar no futuro?

1 2 3 4 5 6 7 Você está certo de que existirão

Você duvida que existirão

24. Você tem a sensação de que você não sabe exatamente o que está prestes a acontecer?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Muito raramente ou nunca

25. Muitas pessoas - mesmo aquelas com um caráter muito forte - algumas vezes sentem-se como perdedoras emsentiu dessa maneira no passado?

1 2 3 4 5 6 7 Nunca Com muita

freqüência 26. Quando alguma coisa acontece, em geral você descobre que:

1 2 3 4 5 6 7 Você superestimou ou subestimou a sua importância

Você viu as coisas nas proporções corretas

QSCA VPC1 Anexo 5

5

27. Quando você pensa nas dificuldades que provavelmente você terá que enfrentar em aspectos importantes de sua vida, você tem a sensação de que:

1 2 3 4 5 6 7 Você sempre terá sucesso em superar as dificuldades

Você não terá sucesso em superar as dificuldades

28. Com que freqüência você tem a sensação de que há pouco significado nas coisas que você faz na sua vida diária?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Muito raramente ou nunca

29. Com que freqüência você tem a sensação de que você não consegue manter a situação sob controle?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Muito raramente ou nunca

QSCA VPC2 Anexo 6

1

Aqui está uma série de questões relacionadas a vários aspectos de nossas vidas. Cada questão tem sete

respostas possíveis. Por favor, marque o número que expressa sua resposta, com números de 1 a 7. Se

você estiver de acordo com as palavras abaixo do número 1, circule o número 1. Se você estiver de

acordo com as palavras abaixo do número 7, circule o número 7. Se sua resposta for diferente, circule

o número que melhor expressa seus sentimentos. Por favor, marque só uma resposta para cada

questão.

1. Quando você conversa com outras pessoas tem a sensação de que elas não te entendem? 1 2 3 4 5 6 7

Nunca tem essa sensação

Sempre tem essa sensação

2. Quando você precisou fazer algo que dependia da colaboração de outros, você teve a sensação de que:

1 2 3 4 5 6 7 Com certeza não seria feito

Com certeza seria feito

3. Pense nas pessoas com quem você tem contato diariamente e não se sente muito próximo. Como você acha que conhece a maioria delas?

1 2 3 4 5 6 7 Você sente que não as conhece

Você as conhece muito bem

4. Com que freqüência você tem a sensação de que não se importa com o que está se acontecendo ao seu redor:

1 2 3 4 5 6 7 Raramente ou nunca

Com muita freqüência

5. Alguma vez já aconteceu de você se surpreender com o comportamento de pessoas que você achava que conhecia bem?

1 2 3 4 5 6 7 Nunca aconteceu

Sempre aconteceu

6. Já aconteceu das pessoas com quem você contava te decepcionarem?

1 2 3 4 5 6 7 Nunca aconteceu

Sempre aconteceu

7. A vida é:

1 2 3 4 5 6 7 Muito interessante

Muito rotineira

QSCA VPC2 Anexo 6

2

8. Até agora, sua vida tem sido: 1 2 3 4 5 6 7

Sem qualquer objetivo ou finalidade

Com finalidade e objetivos claros

9. Com que freqüência você tem a sensação de que está sendo tratado injustamente?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Raramente ou nunca

10. Nos últimos dez anos sua vida tem sido:

1 2 3 4 5 6 7 Cheia de mudanças sem que você soubesse o que iria acontecer em seguida

Completa-mente

previsível

11. A maior parte das coisas que você fará no futuro provavelmente será:

1 2 3 4 5 6 7 Completamente interessante

Extrema-mente chata

12. Com que freqüência você tem a sensação de que está numa situação desconhecida e não sabe o que fazer?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

raramente ou nunca

13. Como você vê a vida ?

1 2 3 4 5 6 7 Sempre se pode achar uma solução para os sofrimentos da vida

Não há solução para os sofrimentos da vida

14. Quando você pensa na sua vida, freqüentemente você:

1 2 3 4 5 6 7 Sente o quanto é bom estar vivo

Pergunta a si mesmo por que você existe

QSCA VPC2 Anexo 6

3

15. Quando você enfrenta um problema difícil, a escolha de uma solução é:

1 2 3 4 5 6 7 Sempre confusa e difícil de encontrar

Sempre completamente clara

16. Fazer as coisas que você faz todos os dias é:

1 2 3 4 5 6 7 Uma fonte de grande prazer e satisfação

Uma fonte de sofrimento e chatice

17. Sua vida no futuro provavelmente será:

1 2 3 4 5 6 7 Cheia de mudanças sem que você saiba o que acontecerá em seguida

Completamente previsível

18. Quando algo desagradável aconteceu, sua tendência foi:

1 2 3 4 5 6 7 Ficar se “remoendo de raiva” sobre o acontecido

Dizer “está tudo em, tenho que viver com isso” e seguir em frente

19. Com que freqüência você tem sentimentos e idéias bastante confusas?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Raramente ou nunca

20. Quando você faz algo que lhe dá uma sensação boa, o que você sente:

1 2 3 4 5 6 7 Com certeza você continuará sentindo-se bem

Com certeza algo acontecerá para estragar essa sensação

QSCA VPC2 Anexo 6

4

21. Com que freqüência acontece de você ter sentimentos que você preferiria não sentir? 1 2 3 4 5 6 7

Com muita freqüência

Raramente ou nunca

22. Você acha que sua vida pessoal no futuro será: 1 2 3 4 5 6 7

Totalmente sem significado e finalidade

Cheia de significado e finalidade

23. Você acha que sempre existirão pessoas com quem você poderá contar no futuro?

1 2 3 4 5 6 7 Você está certo de que existirão

Você duvida que existirão

24. Com que freqüência você tem a sensação de que não sabe exatamente o que está para acontecer?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Raramente ou nunca

25. Muitas pessoas - mesmo aquelas muito fortes - algumas vezes se sentem como fracassadas em certas situações. Com que freqüência você já se sentiu dessa maneira?

1 2 3 4 5 6 7 Nunca Com muita

freqüência 26. Quando alguma coisa acontece, em geral você descobre que:

1 2 3 4 5 6 7 Você deu muita ou pouca importância

Você viu as coisas na medida certa

27. Quando você pensa nas dificuldades que provavelmente terá que enfrentar em aspectos importantes de sua vida, você tem a sensação de que:

1 2 3 4 5 6 7 Sempre terá sucesso em superar as dificuldades

Não terá sucesso em superar as dificuldades

28. Com que freqüência você tem a sensação de que há pouco significado nas coisas que faz na sua vida diária?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Raramente ou nunca

29. Com que freqüência você tem a sensação de que você não consegue manter a situação sob controle?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Raramente ou nunca

QSCA VIT 1 Anexo 7

1

Below are a series of questions related to several aspects of our lives. Each questions has seven possible answers. Please mark the number that expresses your answer, with numbers ranging from 1 thru 7. If you agree with the answers under the number 1, circle number 1. if you agree with the anwers under number 7, circle number 7. If your answer is different, circle the number that best represents your feelings. Please mark one single answer for each question. 1. When you speak with other people, do you get the feeling they do not understand you?

1 2 3 4 5 6 7 You never get that feeling

You always get that feeling

2. When you needed to do something that relied on the collaboration of others, you got the feeling that:

1 2 3 4 5 6 7 It surely would not be done

It surely would be done

3. Think about the people you have daily contact with and to whom you do not feel very close. How do you think you know most of them?

1 2 3 4 5 6 7 You feel you don’t know them

You know them very well

4. You frequently have the feeling that you don’t care about what is happening around you:

1 2 3 4 5 6 7 Rarely or never

Very frequently

5. Have you ever been surprised with the behavior of people you thought you knew well?

1 2 3 4 5 6 7 It has never happened

It has always happened

6. Have people you trusted ever disappointed you?

1 2 3 4 5 6 7 It has never happened

It has always happened

7. Life is:

1 2 3 4 5 6 7 Very stressing

Very routine

QSCA VIT 1 Anexo 7

2

8. Until now, your life has been: 1 2 3 4 5 6 7

Without any objective or purpose

With a clear purpose and objectives

9. How frequently do you get the feeling you are being treated unfairly?

1 2 3 4 5 6 7 Very frequently

Rarely or never

10. In the past ten years your life has been:

1 2 3 4 5 6 7 Full of changes and you didn’t know what would happen next

Completely predictable

11. Most things you will be doing in the future will probably be:

1 2 3 4 5 6 7 Highly interesting

Highly boring

12. How frequently do you get the feeling that you are in an unknown situation and you do not know what to do?

1 2 3 4 5 6 7 Very frequently

Rarely or never

13. What is your outlook toward life?

1 2 3 4 5 6 7 One can always find a solution for the suffering in life

There is no solution for the suffering in life

14. When you think about your life, you frequently:

1 2 3 4 5 6 7 Feel how good it is to be alive

Ask yourself why you exist

QSCA VIT 1 Anexo 7

3

15. When you face a difficult problem, the choice of a solution is:

1 2 3 4 5 6 7 Always confusing and difficult to find

Always completely clear

16. Doing the things you do every day is:

1 2 3 4 5 6 7 A source of great pleasure and satisfaction

A source of suffering and boredom

17. In the future, your life will probably be:

1 2 3 4 5 6 7 Full of changes and you don’t know what will happen next

Completely predictable

18. When something unpleasant happened, you were inclined to:

1 2 3 4 5 6 7 Angrily dwell upon what happened

Say “it’s ok, I have to live with that” and keep on going

19. Do you frequently have highly confusing feelings and ideas?

1 2 3 4 5 6 7 Very frequently

Rarely or never

20. When you do something that gives you a good feeling, what do you think?

1 2 3 4 5 6 7 You will surely continue feeling good

Surely something will happen to spoil the feeling

21. How frequently do you feel things you would rather not feel?

1 2 3 4 5 6 7 Very frequently

Rarely or never

QSCA VIT 1 Anexo 7

4

22. You think your personal life in the future will be: 1 2 3 4 5 6 7

Completely without meaning and purpose

Filled with meaning and purpose

23. Do you think there will always be people who you will be able to count on in the future?

1 2 3 4 5 6 7 You are sure there will be

You doubt there will be

24. How frequently do you get the feeling you do not know exactly what is going to happen?

1 2 3 4 5 6 7 Very frequently

Rarely or never

25. Many people – even the very strong ones – sometimes feel like losers in certain situations. How frequently have you felt this way?

1 2 3 4 5 6 7 Never Very

frequently 26. When something happens, you generally discover that:

1 2 3 4 5 6 7 You gave it great or little importance

You saw things in the right measure

27. When you think about the difficulties you will probably have to face regarding important aspects in your life, you get the feeling that:

1 2 3 4 5 6 7 You will always be successful in overcoming these difficulties

You will not be successful in overcoming these difficulties

28. How frequently do you get the feeling there is little meaning in the things you do in your day-to-day?

1 2 3 4 5 6 7 Very frequently

Rarely or never

29. How frequently do you get the feeling that you are unable to keep the situation under control?

1 2 3 4 5 6 7 Very frequently

Rarely or never

QSCA VIT 2 Anexo 8

1

Here are a series of questions related to various aspects of our lives. Each question has seven possible answers. Please check the number that expresses your answer with numbers from 1 to 7. If you agree with the words below number 1, circle number 1. if you agree with words below number 7, circle number 7. If your answer is different, circle the number that best exoresses your feelings. Please check only one answer for each question. 1. Whenever you talk to people do you get the feeling that they dono’t understand you?

1 2 3 4 5 6 7 You never have this feeling

You always have this feeling

2. When you had to do something that depended on the cooperation of others, did you have the feeling that:

1 2 3 4 5 6 7 It certainly wouldn’t be done

It would certainly be done

3. Think about the people you have daily contact with and to who you are not close to.. How do you think you know most of them?

1 2 3 4 5 6 7 You feel that you don’t know them

You know them very well

4. How often do you feel that you don’t care about what is going on/happening around you:

1 2 3 4 5 6 7 Rarely or never

Quite often 5. Have you ever been surprised by the behavior of people you thought you knew?

1 2 3 4 5 6 7 Never happened

Always happened

6. Have people you relied on ever let you down?

1 2 3 4 5 6 7 Never happened

Always happened

7. Life is:

1 2 3 4 5 6 7 Very interesting

Very much of a routine (a real rut)

QSCA VIT 2 Anexo 8

2

8. Until now, your life has been: 1 2 3 4 5 6 7

Without any goals or purpose

With purpose and clear goals

9. How often do get the feeling that you are being treated unfairly?

1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or

never 10. In the last ten years your life has been:

1 2 3 4 5 6 7 Full of changes without you knowing what was going to happen next

Completely predictable

11. Most of things you will be do in the future will probably be:

1 2 3 4 5 6 7 Completely interesting

Extremely boring

12. How often do you have the feeling (sensation) that you are in an unknown situation and don’t know what to do?

1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or

never 13. How do you see life?

1 2 3 4 5 6 7 A solution can be found for all hardships in life

There aren’t any solutions for the hardships of/in life

14. When you think about your life, you often:

1 2 3 4 5 6 7 Feel how great/nice it is to be alive

You ask yourself why you exist/ are alive

QSCA VIT 2 Anexo 8

3

15. When you face a difficult problem, the choice of a solution is: 1 2 3 4 5 6 7

Always confusing and difficult to find

Always completely clear

16. Doing the things you do every day is:

1 2 3 4 5 6 7 A source of great pleasure and satisfaction

A source of suffering and dissatisfaction

17. Your life in the future will probably be:

1 2 3 4 5 6 7 Full of changes without you knowing what will happen next

Completely predictable

18. When something unpleasant happened, you were likely to:

1 2 3 4 5 6 7 Rethink over and over angrily about what happened

Say “Everything is all right I have to live with this”and move on

19. How often do you have very confusing feelings and ideas?

1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or

never 20. When you do something that markes you feel good, what do you feel:

1 2 3 4 5 6 7 You will surely (certainly) continue to feel better

Something will happen to spoil this feeling

21. How often do you have feelings that you preferred not having?

1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or

never

QSCA VIT 2 Anexo 8

4

22. Do you think that personal life in the future will be:

1 2 3 4 5 6 7 Totally meaningles and without purpose

Meaningful and with purpose

23. Do you think that the people you rely on will always exist?

1 2 3 4 5 6 7 You are sure they will exist

You doubt they will exixt

24. How often do you have the feeling that you don’t know what will exactly happen?

1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or

never 25. Many people – even those who are very strong – many times feel like failures in certain situations. How often have you ever felt this way?

1 2 3 4 5 6 7 Never Very often

26. When something happens, you general you find out that:

1 2 3 4 5 6 7 You gave it too much or little thought

You saw things as they were

27. When you think about the difficulties you will probably have to face in important aspects of your life, you have the sensation (feeling) that:

1 2 3 4 5 6 7 You will successful in overcoming your difficulties

You won’t be successful in overcoming your difficulties

28. How often do get the feeling that the things you do in your daily life are meaningless?

1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or

never 29. How often do you have the feeling that you can’t control a situation?

1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or

never

QSCA VIF Anexo 9

1

Here are a series of questions related to several aspects of our lives. Each questions has seven possible answers. Please mark the number that expresses your answer, with numbers ranging from 1 thru 7. If you agree with the answers under the number 1, circle number 1. If you agree with the anwers under number 7, circle number 7. If your answer is different, circle the number that best represents your feelings. Please mark one single answer for each question. 1. When you speak with other people, do you get the feeling they do not understand you?

1 2 3 4 5 6 7 You never get that feeling

You always get that feeling

2. When you had to do something that depend on the cooperation of others, did you have the feeling that:

1 2 3 4 5 6 7 It surely would not be done

It surely would be done

3. Think about the people you have daily contact with and to whom you do not feel very close. How do you think you know most of them?

1 2 3 4 5 6 7 You feel you don’t know them

You know them very well

4. You often do you feel that you don’t care about what is going on around you:

1 2 3 4 5 6 7 Rarely or never

Very often 5. Have you ever been surprised by the behavior of people you thought you knew well?

1 2 3 4 5 6 7 Never happened

Always happened

6. Have people you relied on ever disappointed you?

1 2 3 4 5 6 7 Never happened

Always happened

7. Life is:

1 2 3 4 5 6 7 Very interesting

Very routine

8. Until now, your life has been:

1 2 3 4 5 6 7 Without any goals or purpose

With purpose and clear goals

QSCA VIF Anexo 9

2

9. How often do you get the feeling you are being treated unfairly?

1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or

never 10. In the past ten years your life has been:

1 2 3 4 5 6 7 Full of changes and you didn’t know what would happen next

Completely predictable

11. Most things you will do in the future will probably be:

1 2 3 4 5 6 7 Highly fascinating

Extremely boring

12. How often do you have the feeling you are in an unknown situation and don’t know what to do?

1 2 3 4 5 6 7

Very often Rarely or never

13. How do you see life?

1 2 3 4 5 6 7 One can always find a solution for the hardships in life

There is no solution for the hardships in life

14. When you think about your life, you often:

1 2 3 4 5 6 7 Feel how good it is to be alive

Ask yourself why you exist

15. When you face a difficult problem, the choice of a solution is:

1 2 3 4 5 6 7 Always confusing and difficult to find

Always completely clear

QSCA VIF Anexo 9

3

16. Doing the things you do every day is: 1 2 3 4 5 6 7

A source of great pleasure and satisfaction

A source of suffering and boredom

17. Your life in the future will probably be:

1 2 3 4 5 6 7 Full of changes without you knowing what will happen next

Completely predictable

18. When something unpleasant happened, you were likely to:

1 2 3 4 5 6 7 Angrily dwell upon what happened

Say “it’s ok, I have to live with that” and move on

19. How often do you have very confusing feelings and ideas?

1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or

never 20. When you do something that makes you feel good, what do you feel?

1 2 3 4 5 6 7 You will surely continue feeling good

Surely something will happen to spoil the feeling

21. How frequently do you feel things you would rather not feel?

1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or

never 22. You think your personal life in the future will be:

1 2 3 4 5 6 7 Completely without meaning and purpose

Filled with meaning and purpose

QSCA VIF Anexo 9

4

23. Do you think there will always be people who you will be able to count on in the future? 1 2 3 4 5 6 7

You are sure there will be

You doubt there will be

24. How often do you get the feeling you do not know exactly what is going to happen?

1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or

never 25. Many people – even the very strong ones – sometimes feel like losers in certain situations. How often have you ever felt this way?

1 2 3 4 5 6 7 Never Very often

26. When something happens, you generally find that:

1 2 3 4 5 6 7 You gave it great or little importance

You saw things in the right measure

27. When you think about the difficulties you will probably have to face in important aspects of your life, you have the feeling that:

1 2 3 4 5 6 7 You will be successful in overcoming these difficulties

You won’t be successful in overcoming these difficulties

28. How often do you get the feeling there is little meaning in the things you do in your day-to-day?

1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or

never 29. How often do you get the feeling that you are unable to control yourself?

1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or

never

QSCA VPC3 Anexo 10

1

Aqui está uma série de questões relacionadas a vários aspectos de nossas vidas. Cada questão

tem sete respostas possíveis. Por favor, marque o número que expressa sua resposta, com

números de 1 a 7. Se você estiver de acordo com as palavras abaixo do número 1, circule o

número 1. Se você estiver de acordo com as palavras abaixo do número 7, circule o número 7.

Se sua resposta for diferente, circule o número que melhor expressa seus sentimentos. Por

favor, marque só uma resposta para cada questão.

1. Quando você conversa com outras pessoas tem a sensação de que elas não te entendem?

1 2 3 4 5 6 7 Nunca tem

essa sensação

Sempre tem essa sensação

2. Quando você precisou fazer algo que dependia da colaboração de outros, você teve a sensação de que:

1 2 3 4 5 6 7 Com certeza

não seria feito

Com certeza seria feito

3. Pense nas pessoas com quem você tem contato diariamente, além de seus familiares e amigos íntimos, e das quais não se sente muito próximo. Como você acha que conhece a maioria delas?

1 2 3 4 5 6 7 Você sente que não as conhece

Você as conhece

muito bem 4. Com que freqüência você tem a sensação de que não se importa com o que está se acontecendo ao seu redor:

1 2 3 4 5 6 7 Raramente ou

nunca

Com muita freqüência

5. Alguma vez já aconteceu de você se surpreender com o comportamento de pessoas que você achava que conhecia bem?

1 2 3 4 5 6 7 Nunca

aconteceu

Sempre aconteceu

6. Já aconteceu das pessoas com quem você contava te decepcionarem?

1 2 3 4 5 6 7 Nunca Sempre

QSCA VPC3 Anexo 10

2

aconteceu

aconteceu 7. A vida é:

1 2 3 4 5 6 7 Muito

interessante

Muito rotineira

8. Até agora, sua vida tem sido:

1 2 3 4 5 6 7 Sem qualquer

objetivo ou finalidade

Com finalidade e

objetivos claros

9. Com que freqüência você tem a sensação de que está sendo tratado injustamente?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Raramente ou nunca

10. Nos últimos dez anos sua vida tem sido:

1 2 3 4 5 6 7 Cheia de

mudanças sem que você

soubesse o que iria acontecer em seguida

Completamente previsível

11. A maior parte das coisas que você fará no futuro provavelmente será:

1 2 3 4 5 6 7 Completamente

fascinante Extremamente

chata

12. Com que freqüência você tem a sensação de que está numa situação desconhecida e não sabe o que fazer?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

raramente ou nunca

QSCA VPC3 Anexo 10

3

13. Como você vê a vida?

1 2 3 4 5 6 7 Sempre se pode achar

uma solução para os

sofrimentos da vida

Não há solução para

os sofrimentos

da vida

14. Quando você pensa na sua vida, freqüentemente você:

1 2 3 4 5 6 7 Sente o quanto é bom estar

vivo

Pergunta a si mesmo por que você

existe 15. Quando você enfrenta um problema difícil, a escolha de uma solução é:

1 2 3 4 5 6 7 Sempre

confusa e difícil de encontrar

Sempre completamente

clara

16. Fazer as coisas que você faz todos os dias é:

1 2 3 4 5 6 7 Uma fonte de

grande prazer e satisfação

Uma fonte de sofrimento e

chatice

17. Sua vida no futuro provavelmente será:

1 2 3 4 5 6 7 Cheia de

mudanças sem que você saiba

o que acontecerá em

seguida

Completamente previsível

18. Quando algo desagradável aconteceu, sua tendência foi:

1 2 3 4 5 6 7 Ficar se

“remoendo de raiva” sobre o

acontecido

Dizer “está tudo em, tenho que viver com

isso” e seguir em frente

QSCA VPC3 Anexo 10

4

19. Com que freqüência você tem sentimentos e idéias bastante confusas?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Raramente ou nunca

20. Quando você faz algo que lhe dá uma sensação boa, o que você sente:

1 2 3 4 5 6 7 Com certeza

você continuará sentindo-se

bem

Com certeza algo

acontecerá para estragar essa sensação

21. Com que freqüência acontece de você ter sentimentos que você preferiria não sentir?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Raramente ou nunca

22. Você acha que sua vida pessoal no futuro será:

1 2 3 4 5 6 7 Totalmente

sem significado e

finalidade

Cheia de significado e

finalidade

23. Você acha que sempre existirão pessoas com quem você poderá contar no futuro?

1 2 3 4 5 6 7 Você está

certo de que existirão

Você duvida que existirão

24. Com que freqüência você tem a sensação de que não sabe exatamente o que está para acontecer?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Raramente ou nunca

QSCA VPC3 Anexo 10

5

25. Muitas pessoas - mesmo aquelas muito fortes - algumas vezes se sentem como fracassadas em certas situações. Com que freqüência você já se sentiu dessa maneira?

1 2 3 4 5 6 7 Nunca Com muita

freqüência 26. Quando alguma coisa acontece a você, em geral você acha que:

1 2 3 4 5 6 7 Você deu muita

ou pouca importância

Você viu as coisas na

medida certa 27. Quando você pensa nas dificuldades que provavelmente terá que enfrentar em aspectos importantes de sua vida, você tem a sensação de que:

1 2 3 4 5 6 7 Sempre terá sucesso em superar as

dificuldades

Não terá sucesso em superar as

dificuldades 28. Com que freqüência você tem a sensação de que há pouco significado nas coisas que faz na sua vida diária?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Raramente ou nunca

29. Com que freqüência você tem a sensação de que você não consegue manter seu auto-controle?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Raramente ou nunca

QSCA VPC4/VPF Anexo11

1

Aqui está uma série de questões relacionadas a vários aspectos de nossas vidas. Cada questão

tem sete respostas possíveis. Por favor, marque o número que expressa sua resposta, com

números de 1 a 7. Se você estiver de acordo com as palavras abaixo do número 1, circule o

número 1. Se você estiver de acordo com as palavras abaixo do número 7, circule o número 7.

Se sua resposta for diferente, circule o número que melhor expressa seus sentimentos. Por

favor, marque só uma resposta para cada questão.

1. Quando você conversa com outras pessoas tem a sensação de que elas não te entendem? 1 2 3 4 5 6 7

Nunca tenho essa sensação

Sempre tenho essa sensação

2. Quando você precisou fazer algo que dependia da colaboração de outros, você teve a sensação de que:

1 2 3 4 5 6 7 Com

certeza não seria feito

Com certeza

seria feito 3. Pense nas pessoas com quem você tem contato diariamente e das quais não se sente muito próximo, pois não são seus familiares e amigos íntimos. Como você acha que conhece a maioria dessas pessoas?

1 2 3 4 5 6 7 Você sente que não as conhece

Você as conhece

muito bem 4. Com que freqüência você tem a sensação de que não se importa com o que está se acontecendo ao seu redor:

1 2 3 4 5 6 7 Raramente ou nunca

Com muita freqüência

5. Alguma vez já aconteceu de você se surpreender com o comportamento de pessoas que você achava que conhecia bem?

1 2 3 4 5 6 7 Nunca

aconteceu Sempre

aconteceu 6. Já aconteceu das pessoas com quem você contava te decepcionarem?

1 2 3 4 5 6 7 Nunca

aconteceu Sempre

aconteceu

QSCA VPC4/VPF Anexo11

2

7. A vida é: 1 2 3 4 5 6 7

Muito interessante

Muito rotineira

8. Até agora, sua vida tem sido:

1 2 3 4 5 6 7 Sem

qualquer objetivo ou finalidade

Com finalidade e objetivos

claros 9. Com que freqüência você tem a sensação de que está sendo tratado injustamente?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Raramente ou nunca

10. Nos últimos dez anos sua vida tem sido:

1 2 3 4 5 6 7 Cheia de mudanças sem que

você soubesse o

que iria acontecer

em seguida

Completamente

previsível (esperada)

11. A maior parte das coisas que você fará no futuro provavelmente será:

1 2 3 4 5 6 7 Completa

mente fascinante

Extremamente chata

12. Com que freqüência você tem a sensação de que está numa situação desconhecida e não sabe o que fazer?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

raramente ou nunca

13. Como você vê a vida?

1 2 3 4 5 6 7 Sempre se pode achar

uma solução para os

sofrimentos da vida

Não há solução para os

sofrimentos da vida

QSCA VPC4/VPF Anexo11

3

14. Quando você pensa na sua vida, freqüentemente você: 1 2 3 4 5 6 7

Sente o quanto é bom estar

vivo

Pergunta a si mesmo por que

você existe

15. Quando você enfrenta um problema difícil, a escolha de uma solução é:

1 2 3 4 5 6 7 Sempre

confusa e difícil de encontrar

Sempre completamente clara e fácil de encontrar

16. Fazer as coisas que você faz todos os dias é:

1 2 3 4 5 6 7 Uma fonte de grande prazer e

satisfação

Uma fonte de

sofrimento e chatice

17. Sua vida no futuro provavelmente será:

1 2 3 4 5 6 7 Cheia de mudanças sem que

você saiba o que

acontecerá em seguida

Completamente

previsível (esperada)

18. Quando algo desagradável aconteceu, sua tendência foi:

1 2 3 4 5 6 7 Ficar se

“remoendo de raiva” sobre o

acontecido

Dizer “está tudo bem, tenho que viver com

isso” e seguir em

frente 19. Com que freqüência você tem sentimentos e idéias bastante confusas?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Raramente ou nunca

QSCA VPC4/VPF Anexo11

4

20. Quando você faz algo que lhe dá uma sensação boa, o que você sente: 1 2 3 4 5 6 7

Com certeza você

continuará sentindo-se bem

Com certeza

algo acontecerá

para estragar

essa sensação

21. Com que freqüência acontece de você ter sentimentos que você preferiria não sentir?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Raramente ou nunca

22. Você acha que sua vida pessoal no futuro será:

1 2 3 4 5 6 7 Totalmente

sem significado

e finalidade

Cheia de significado

e finalidade

23. Você acha que sempre existirão pessoas com quem você poderá contar no futuro?

1 2 3 4 5 6 7 Você está certo de

que essas pessoas existirão

Você duvida que

essas pessoas existirão

24. Com que freqüência você tem a sensação de que não sabe exatamente o que está para acontecer?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Raramente ou nunca

25. Muitas pessoas - mesmo aquelas muito fortes - algumas vezes se sentem como fracassadas em certas situações. Com que freqüência você já se sentiu dessa maneira?

1 2 3 4 5 6 7 Nunca Com muita

freqüência

QSCA VPC4/VPF Anexo11

5

26. Quando alguma coisa acontece a você, em geral você acha que: 1 2 3 4 5 6 7

Você deu muita ou

pouca importância para o que aconteceu

Você viu as coisas

na medida certa

27. Quando você pensa nas dificuldades que provavelmente terá que enfrentar em aspectos importantes de sua vida, você tem a sensação de que:

1 2 3 4 5 6 7 Sempre terá sucesso em superar as

dificuldades

Não terá sucesso em superar as

dificuldades 28. Com que freqüência você tem a sensação de que há pouco significado nas coisas que faz na sua vida diária?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Raramente ou nunca

29. Com que freqüência você tem a sensação de que você não consegue manter seu auto-controle?

1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência

Raramente ou nunca

Aprovação do Comitê de Ética Anexo12

6

Anexo 13

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCLARECIMENTO AO SUJEITO DA PESQUISA

Nome da pesquisa: Tradução para o português e validação do Questionário de Senso de Coerência de Aaron Antonovsky Pesquisador responsável: Profa. Dra. Rosana Aparecida Spadoti Dantas (COREN 44.148) Promotora da pesquisa: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP Estamos realizando um estudo para traduzir e tornar válido para os brasileiros um questionário, feito nos Estados Unidos, que ajuda os profissionais da saúde a avaliar como as pessoas lidam com o estresse. O estresse tem sido um fator muito estudado entre os pacientes cardíacos, tanto como causador de doenças cardíacas como um fator que dificulta a recuperação dos doentes. A sua participação neste estudo é voluntária. Caso decida participar, você irá responder uma entrevista sobre como você age em algumas situações do seu dia a dia e como avalia alguns aspectos da sua vida e de si próprio. O tempo da entrevista é de meia hora. Este estudo não oferece qualquer risco ou desconforto e asseguramos que você não será identificado. Embora sua participação não lhe traga nenhum benefício diretamente, os resultados deste estudo nos ajudarão a conhecer como os pacientes cardíacos lidam com o estresse e o nervosismo. Futuramente poderemos propor um atendimento que ajude os pacientes a enfrentarem melhor o estresse diário. Se decidir não participar da nossa pesquisa, ou resolver parar no meio da entrevista, sua decisão não acarretará nenhuma mudança no seu atendimento pelos profissionais do HC. _________________________________________

Pesquisador responsável:Profa. Dra. Rosana A Spadoti Dantas Telefone para contato: 3602-3402

EU _______________________________________________________________, RG_____________________,abaixo assinado, tendo recebido as informações acima, e ciente dos meus direitos abaixo relacionados, concordo em participar. 1.

A garantia de receber a resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento de qualquer dúvida a respeito dos procedimentos, riscos, benefícios e de outras situações relacionadas com a pesquisa e o tratamento a que serei submetido.

2. A liberdade de retirar o meu consentimento e deixar de participar do estudo, a qualquer momento, sem que isso traga prejuízo à continuidade do meu tratamento.

3. A segurança de que não serei identificado e que será mantido o caráter confidencial da informação relacionada a minha privacidade.

4. O compromisso de que me será prestada informação atualizada durante o estudo, ainda que esta possa afetar a minha vontade de continuar dele participando.

5. O compromisso de que serei devidamente acompanhado e assistido durante todo o período de minha participação no projeto, bem como de que será garantida a continuidade do meu tratamento, após a conclusão dos trabalhos da pesquisa.

Ribeirão Preto,______de_______________________de________ ___________________________________________ Assinatura do participante

Dados sócio-demográficos e clínicos Anexo 14

ID#_________ Registro HC:___________________ Data da entrevista:_____/_____/______ Data do nascimento:_____/_____/_____ Data da internação:______/______/______ Leito:_______ Sexo: 1 – Masculino 2 - Feminino Estado civil: 1 – solteiro 2 – casado 3 – viúvo 4 – desquitado/divorciado Situação profissional: 1- ativo 2- aposentado, mas desempenha atividades remuneradas 3 – aposentado

4 – aguardando aposentadoria devido ao problema cardíaco 5- atividades em casa (dona de casa, auxilia na casa) 6- outros.

Renda mensal (em reais): Individual_____ e Familiar _____

Grau de escolaridade: _______________ (anos que freqüentou o ensino formal)

Número de pessoas que moram com o paciente: ________ Especificar: ______________________________________________________ Diagnósticos médicos na internação: Tipo de cardiopatia ( ) Isquêmica. Especificar: Angina ( ) IAM ( ) ( ) Valvular. Especificar: ( ) Insuficiência cardíaca. Especificar etiologia e grau: ( ) Arritmias Presença de doenças associadas: ( ) HAS ( ) Diabetes ( ) Insuficiência Renal ( ) Dislipidemias ( ) Câncer ( ) AVC. ( ) Outras. Especificar: Número de internações nos últimos 12 meses devido ao problema cardíaco:_______ Faz uso de medicamentos para nervosismo, depressão ou ansiedade? ( ) sim ( ) não Com que freqüência: Especificar o nome: Instrumentos de coleta preenchido pelo: 1- participante 2-pesquisadora Início da entrevista: Término:

Escala de auto-estima Anexo 15

a) Concordo plenamente

b) Concordo c) Discordo d) Discordo plenamente

0 1 2 3

1) De uma forma geral (apesar de tudo), estou satisfeito comigo mesmo(a).

0 1 2 3

2) Às vezes, eu acho que não sirvo para nada (desqualificado ou inferior em relação aos outros).

0 1 2 3

3) Eu sinto que eu tenho um tanto (um número) de boas qualidades.

0 1 2 3

4) Eu sou capaz de fazer coisas tão bem quanto a maioria das outras pessoas (desde que me ensinadas).

0 1 2 3

5) Não sinto satisfação nas coisas que realizei. Eu sinto que não tenho muito do que me orgulhar.

0 1 2 3

6) As vezes, eu realmente me sinto inútil (incapaz de fazer as coisas).

0 1 2 3

7) Eu sinto que sou uma pessoa de valor, pelo menos num plano igual (num mesmo nível) às outras pessoas.

0 1 2 3

8) Eu gostaria de ter mais respeito por mim mesmo (a). (Dar-me mais valor).

0 1 2 3

9) Quase sempre eu estou inclinado (a) a achar que sou um(a) fracassado(a).

0 1 2 3

10) Eu tenho uma atitude positiva (pensamentos, atos e sentimentos positivos) em relação a mim mesmo (a).

0 1 2 3

Inventário Depressão de Beck Anexo 16

Este questionário consiste em 21 grupos, cada um com 4 afirmações. Depois de ler cuidadosamente cada grupo, faça um círculo em torno do número (0, 1, 2 ou 3) diante da afirmação que descreve melhor como você tem se sentido nesta semana, incluindo hoje. Se várias afirmações num mesmo grupo parecerem se aplicar igualmente bem, faça um círculo em cada uma. Tome o cuidado de ler todas as afirmações, em cada grupo, antes de fazer a escolha. 1 0 Não me sinto triste 1 Eu me sinto triste 2 Estou sempre triste e não consigo sair disto 3 Estou tão triste ou infeliz que não consigo suportar 2 0 Não estou especialmente desanimado quanto ao futuro 1 Eu me sinto desanimado quanto ao futuro 2 Acho que nada tenho a esperar 3 Acho o futuro sem esperança e tenho a impressão de que as coisas não podem

melhorar 3 0 Não me sinto um fracasso 1 Acho que fracassei mais do que uma pessoa comum 2 Quando olho para trás, na minha vida, tudo o que eu posso ver é um monte de

fracassos 3 Acho que , como pessoa, sou um completo fracasso 4 0 Tenho tanto prazer em tudo, como antes 1 Não sinto mais prazer nas coisas como antes 2 Não encontro um prazer real em mais nada 3 Estou insatisfeito e aborrecido com tudo 5 0 Não me sinto especialmente culpado 1 Eu me sinto culpado às vezes 2 Eu me sinto culpado na maior parte das vezes 3 Eu me sinto sempre culpado 6 0 Não acho que esteja sendo punido 1 Acho que posso ser punido 2 Creio que vou ser punido 3 Acho que estou sendo punido 7 0 Não me sinto decepcionado comigo mesmo 1 Estou decepcionado comigo mesmo 2 Estou enjoado de mim 3 Eu me odeio 8 0 Não me sinto de qualquer modo pior do que os outros 1 Sou crítico em relação a mim devido as minhas fraquezas ou meus erros 2 Eu me culpo sempre por minhas falhas 3 Eu me culpo por tudo de mal que acontece 9 0 Não tenho quaisquer idéias de me matar 1 Tenho idéias de me matar, mas não as executaria 2 Gostaria de me matar

Inventário Depressão de Beck Anexo 16

3 Eu me mataria se tivesse oportunidade 10 0 Não choro mais do que o habitual 1 Choro mais agora do que acostumava 2 Agora, choro o tempo todo 3 Costumava se capaz de chorar, mas agora não consigo mesmo que o queira 11 0 Não sou mais irritado agora do que já fui 1 Fico molestado ou irritado mais facilmente do que acostumava 2 Atualmente me sinto irritado o tempo todo 3 Absolutamente não me irrito comas coisas que acostumavam irritar-me 12 0 Não perdi o interesse nas outras pessoas 1 Interesso-me menos do que costumava pelas outras pessoas 2 Perdi a maior parte do meu interesse nas outras pessoas 3 Perdi todo o meu interesse nas outras pessoas 13 0 Tomo decisões mais ou menos bem como em outra época 1 Adio minhas decisões mais do que acostumava 2 Tenho maior dificuldade em tomar decisões do que antes 3 Não consigo mais tomar decisões 14 0 Não sinto que minha aparência seja pior do que acostumava ser 1 Preocupo-me por estar parecendo velho ou sem atrativos 2 Sinto que há mudanças permanentes em minha aparência que me fazem parecer

sem atrativos. 3 Considero-me feio 15 0 Posso trabalhar mais ou menos tão bem como antes 1 Preciso de um esforço extra para começar qualquer coisa 2 Tenho de me esforçar muito até fazer qualquer coisa 3 Não consigo fazer nenhum trabalho 16 0 Durmo tão bem quanto de hábito 1 Não durmo tão bem quanto acostumava 2 Acordo uma ou duas horas mais cedo do que o hábito e tenho dificuldade para

voltar a dormir 3 Acordo várias horas mais cedo do que costumava e tenho dificuldade para

voltar a dormir 17 0 Não fico mais cansado do que de hábito 1 Fico cansado com mais facilidade do que costumava 2 Sinto-me cansado ao fazer quase qualquer coisa 3 Estou cansado demais para fazer qualquer coisa 18 0 Meu apetite não está pior do que de hábito 1 Meu apetite não é tão bom quanto costumava ser 2 Meu apetite está muito pior agora 3 Não tenho mais nenhum apetite 19 0 Não perdi muito peso, se é que perdi algum ultimamente 1 Perdi mais de 2,5 Kg 2 Perdi mais de 5,0 Kg 3 Perdi mais de 7,5 Kg

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Estou deliberadamente tentando perder peso, comendo menos: sim não 20 0 Não me preocupo mais que o de hábito com minha saúde 1 Preocupo-me com problemas físicos como dores e aflições ou perturbações no

estômago e prisão de ventre 2 Estou muito preocupado com problemas físicos e é difícil pensar em outra coisa

que não isso 3 Estou tão preocupado com meus problemas físicos que não consigo pensar em

outra coisa 21 0 Não tenho observado qualquer mudança recente em meu interesse sexual 1 Estou menos interessado por sexo do que costumava 2 Estou bem menos interessado em sexo atualmente 3 Perdi completamente o interesse por sexo