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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO
Adaptação cultural e validação do Questionário de Senso
de Coerência de Antonovsky em uma amostra de pacientes
cardíacos brasileiros
Rosana Aparecida Spadoti Dantas
Ribeirão Preto
2007
ROSANA APARECIDA SPADOTI DANTAS
Adaptação cultural e validação do Questionário de Senso
de Coerência de Antonovsky em uma amostra de pacientes
cardíacos brasileiros
Tese apresentada à Escola de Enfermagem de Ribeirão
Preto da Universidade de São Paulo, para obtenção do
título de Professor Livre-Docente, referência MS-5, junto
ao Departamento de Enfermagem Geral e Especializada.
Ribeirão Preto 2007
FICHA CATALOGRÁFICA DANTAS, Rosana Aparecida Spadoti
Adaptação cultural e validação do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky em uma amostra de pacientes cardíacos brasileiros. Ribeirão Preto, 2007.
115 p. : il. ; 30cm
Tese de Livre Docência apresentada à Escola de Enfermagem de Ribeirão
Preto/USP.
1. Pesquisa metodológica em enfermagem. 2. Comparação transcultural. 3. Tradução (Processo). 4. Validação dos testes. 5. Reprodutibilidade dos testes.
Dedico este estudo àquelas pessoas queridas e
generosas que me fazem sentir como é bom estar
viva.
Ao meu marido, Márcio
Aos meus filhos adorados, Lucas e Marina
Aos meus pais e familiares
Agradecimentos
Várias pessoas foram importantes para a realização e conclusão
desta tese, mas algumas foram fundamentais.
Á vocês, Ana Emília Pace, Lídia Aparecida Rossi e Lívia Maria
Garbin, meu eterno agradecimento pelo companheirismo e solidariedade,
especialmente no final desta trajetória.
Agradeço, ainda, os docentes da Área de Enfermagem Cirúrgica e
as minhas pós-graduandas pelo incentivo.
Adaptação cultural e validação do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky
em uma amostra de pacientes cardíacos brasileiros
Resumo: A Teoria Salutogênica de Antonovsky tem como conceito central o senso de
coerência (SC) o qual é composto por três componentes: compreensão, manejo e significado.
Um forte SC permite ao indivíduo enfrentar os estressores presentes na vida cotidiana e se
manter saudável. Na Enfermagem, a relação entre SC e estratégias de coping tem sido
estudada em pacientes com diferentes condições crônicas, entre elas as doenças cardíacas. Os
objetivos deste estudo metodológico foram adaptar e testar as propriedades métricas (validade
e confiabilidade) da versão em português do Questionário de Senso de Coerência de
Antonovsky (QSCA). Ele possui 29 itens com respostas obtidas através de uma escala de sete
pontos, com os valores extremos variando de um (1) a sete (7). O intervalo possível para o
total da medida varia de 29 a 203, no qual quanto maior o valor, maior o SC. O processo de
adaptação seguiu os passos metodológicos, conforme preconizado pela literatura: tradução do
QSCA para a língua portuguesa; avaliação por um Comitê de Juízes; “back-translation” da
versão adaptada, comparação das duas versões em inglês; análise semântica dos itens; pré-
teste da versão adaptada e aplicação da versão final em português. Os dados foram coletados
período de março de 2005 e fevereiro de 2007, em um hospital universitário do interior de São
Paulo, tendo participado do estudo 203 sujeitos que estavam internados com diagnóstico de
doenças cardíacas. A validade de constructo do QSCA foi avaliada com testes de correlação
de Pearson entre as medidas do senso de coerência e de constructos correlatos (auto-estima e
depressão); a análise de componentes principais e teste para comparação de grupos distintos
(sexo, idade, escolaridade, renda e estado de saúde). A confiabilidade foi avaliada pela
consistência interna de seus itens (alfa de Cronbach). O nível de significância adotado foi de
0,05. A maioria dos participantes era do sexo masculino (55,2%), casados (66,5%), com idade
média de 54 anos e com cinco anos de escolaridade. Quanto às propriedades avaliadas, com
relação à validade de constructo da versão adaptada do QSCA obtivemos: correlações, fortes
e estatisticamente significantes, entre as medidas de senso de coerência e de depressão (r = -
0,61) e de auto-estima (r = 0,60)(validade convergente); diferença na medida de SC apenas
relacionada à renda dos participantes e a análise de componentes principais (análise fatorial)
do QSCA indicou a presença de um único componente, conforme preconizado pelo autor.
Com relação à confiabilidade, obtivemos um valor adequado para a consistência interna da
versão adaptada do QSCA (α = 0,78). Assim, podemos concluir que a versão adaptada para o
português do QSCA mostrou-se válida e confiável na amostra estudada. Novos estudos
necessitam ser realizados para testar essas propriedades em outros grupos de pacientes
brasileiros.
Descritores: Pesquisa metodológica em enfermagem; Comparação transcultural; Tradução
(Processo); Validade dos testes; Reprodutibilidade dos testes.
Cultural Adaptation and validation of the Antonovsky’s Sense of Coherence
Questionnaire in a sample of Brazilian cardiac patients
Abstract: The Salutogenic Theory’s central concept is the sense of coherence (SC) which is
composed of: comprehension, management and meaning. A strong SC permits the individual
to face stressing elements in daily life and keep healthy. In Nursing, the relation between SC
and coping strategies has been studied in patients with different chronic conditions, among
them the cardiac diseases. This methodological study aimed to adapt and test the metric
proprieties (validity and reliability) of the Portuguese version of the Antonovsky’s Sense of
Coherence Questionnaire (ASCQ). It possesses 29 items with responses obtained through a 7
point scale with extreme values varying from one (1) to seven (7). The interval possible for
the total measure varies from 29 to 203, in which the higher the value, the higher the SC. The
process of adaptation followed the methodology recommended in the literature: translation of
the ASCQ into the Portuguese language; evaluation by a Referee Committee, back-translation
of the adapted version, comparison of the two English versions; semantic analysis of the
items; pretest of the adapted version, and application of the Portuguese final version. The data
were collected in the period between March, 2005 and February, 2007 in a school hospital in
the interior of São Paulo, Brazil. A total of 203 hospitalized subjects diagnosed with cardiac
disease participated in the study. The validation of the ASCQ construct was evaluated through
Pearson correlation tests between the measures of sense of coherence and of correlated
constructs (self-esteem and depression); analysis of the main components (factorial analysis)
and test for comparison of distinct groups (sex, age, education, income, health condition). The
reliability was evaluated by the internal consistency of its items (Cronbach’s alpha). The level
of significance adopted was of 0.05. The majority of the participants were male (55.2%),
married (66.5%), average age of 54 years old and five years of school. Regarding the
proprieties evaluated, the construct validity of the QSCA adapted version obtained: strong and
statically significant correlations, between the measures of sense of coherence and depression
(r = -0.61) and self-esteem (r = 0.60) (convergent validity); differences in the SC measure was
related only to the participant’s income and the analysis of the ASCQ main components
(factorial analysis) indicated the presence of only one component according to the
recommended by the author. Regarding the reliability, we obtained an adequate valor for the
internal consistency of the ASCQ adapted version (α = 0.78). Therefore, we conclude the
ASCQ Portuguese adapted version is valid and reliable for the sample studied. New studies
need to be performed in order to test these proprieties in other Brazilian patients groups.
Descriptors: Nursing methodology research; Cross-cultural comparison; Translating; Validity
of tests; Reproducibility of results.
Adaptación cultural y validación del Cuestionario de Senso de Coherencia de
Antonovsky en una muestra de pacientes cardíacos brasileños
Resumen: El concepto central de la Teoría Salutogenica de Antonovsky es el Senso de
Coherencia (SC) el cual es compuesto de: comprensión, manejo y significado. Un fuerte SC
permite al individuo enfrentar los estressores presentes en la vida cotidiana y mantenerse
saludable. En Enfermería, la relación entre SC y estrategias de enfrentamiento han sido
estudiadas en pacientes con diferentes condiciones crónicas, entre ellas las enfermedades
cardiacas. Este estudio metodológico tuvo por objetivo adaptar y evaluar las propiedades
métricas (validez y confiabilidad) de la versión portuguesa del Cuestionario de Senso de
Coherencia de Antonovsky (CSCA). El posee 29 ítems con respuestas obtenidas a través de
una escala de siete puntos, con los valores extremos variando de uno (1) a siete (7). El
intervalo posible para el total de la medida varia de 29 a 203, en el cual cuanto mas alto el
valor, mayor el SC. El proceso de adaptación siguió los pasos metodológicos de acuerdo a la
Literatura: Traducción del QSCA para la lengua portuguesa; evaluación por un comité de
jueces; traducción inversa de la versión adaptada; comparación de las dos versiones en Inglés;
análisis semántica de los ítems; pre-teste de la versión adaptada; y aplicación de la versión
final en portugués. Los datos fueron colectados en el periodo entre Marzo de 2005 y Febrero
de 2007 en un hospital escuela en el interior del Estado de São Paulo, Brazil. Un total de 203
individuos hospitalizados que estaban internados con diagnostico de enfermedad cardiaca
participaron del estudio. La validación del QSCA contructo fue evaluada con pruebas de
correlación de Pearson entre las medidas de senso de coherencia y constructos
correlacionados (auto-estima y depresión); el análisis de componentes principales y pruebas
para la comparación de grupos distintos (sexo, edad, escolaridad, ingresos económicos y
estado de salud). La confiabilidad fue evaluada por la consistencia interna de sus ítems (alfa
de Cronbach). El nivel de confiabilidad adoptado fue de 0.05. La mayoría de los participantes
era del sexo masculino (55.2%), casados (66.5), con edad media de 54 años y con cinco años
de escolaridad. En cuanto a las propiedades evaluadas, la validez del constructo de la versión
adaptada del QSCA obtuvo correlaciones fuertes y estadísticamente significativas entre las
medidad de senso de coherencia y de depresión (r = - 0.61) y de auto-estima (r = 0.60)
(validad convergente); diferencias en la medida de SC fue solo relacionada a la ingresos
económicos de los participantes. El análisis de los componentes principales (análisis factorial)
del QSCA indicó la presencia de un único componente recomendado por el autor. Con
relación a la confiabilidad obtuvo un valor adecuado para la consistencia interna de la versión
adaptada del QSCA (α = 0.78). Así podemos concluir que la versión adaptada al portugués
del QSCA se mostró válida y confiable en la muestra estudiada. Nuevos estudios necesitan ser
realizados de manera a evaluar estas propiedades en otros grupos de pacientes Brasileños.
Descriptores: Investigación metodológica en Enfermería; Comparación trancultural;
Traducción (Proceso); Validez de las pruebas; Reproducibilidad de resultados.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Estatística descritiva das variáveis sócio-demográficas dos participantes do estudo. Ribeirão Preto, 2005-2007...........................................................................
p.65
Tabela 2: Estatística descritiva das variáveis clínicas dos participantes do estudo. Ribeirão Preto, 2005 – 2007..................................................................................................
p.67
Tabela 3: Estatística descritiva do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky (QSCA), total e de cada um dos 29 itens para a amostra estudada. Ribeirão Preto, 2005-2007............................................................................................
p.70
Tabela 4: Distribuição das freqüências de respostas aos itens do QSCA com valores entre um e sete e os itens não respondidos pelos participantes do estudo. Ribeirão Preto, 2005 – 2007........................................................................................................
p.72
Tabela 5: Coeficiente de correlação item-total, o valor do alfa do total dos 29 itens do QSC e os valores de alfa quando cada um dos itens for excluído. Ribeirão Preto, 2005-2007.....................................................................................................................
p.73
Tabela 6: Estatística descritiva e confiabilidade dos componentes do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky (QSCA). Ribeirão Preto, 2005 -2007..............................................................................................................................
p.75
Tabela 7: Coeficiente de correlação item-total, o valor do alfa do total dos 11 itens do componente compreensão do QSC e os valores de alfa quando cada um dos itens for excluído. Ribeirão Preto, 2005-2007......................................................................
p.76
Tabela 8: Coeficiente de correlação item-total, o valor do alfa do total dos 10 itens do componente manejo do QSC e os valores de alfa quando cada um dos itens for excluído. Ribeirão Preto, 2006.....................................................................................
p.77
Tabela 9: Coeficiente de correlação item-total, o valor do alfa do total dos oito itens do componente significado do QSC e os valores de alfa quando cada um dos itens for excluído. Ribeirão Preto, 2005-2007.......................................................................
p.78
Tabela 10. Correlações entre os componentes do QSCA e o total do instrumento na amostra estudada. Ribeirão Preto, 2005 – 2007............................................................
p.78
Tabela 11: Médias dos valores total do QSCA, segundo grupos distintos. Ribeirão Preto, 2005-2007...........................................................................................................
p.80
Tabela 12: Matrix de rotação Varimax dos componentes principais da versão adaptada do QSCA........................................................................................................
p.88
Tabela 13: Estatística descritiva e confiabilidade da Escala de auto-estima de Rosenberg (EAER) e do Inventário de Depressão de Beck (IDB). Ribeirão Preto, 2005-2007.....................................................................................................................
p.89
Tabela 14. Correlações entre as medida obtidas pelo Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky (QSCA), Escala de Auto-estima de Rosenberg (EAER) e o Inventário de Depressão de Beck (IDB). Ribeirão Preto, 2005-2007...............................................................................................................................
p.90
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Processo de adaptação cultural do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky (QSCA).......................................................................................................
p.50
Figura 2: Boxplots dos grupos relacionados ao preenchimento dos instrumentos de coleta (participante e pesquisador), segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA............................................................................
p.67
Figura 3: Boxplots dos grupos relacionados ao uso de psicotrópicos (sim e não), segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA...............................................................................................................................
p.68
Figura 4: Boxplots dos grupos relacionados ao sexo dos participantes (masculino e feminino), segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA..........................................................................................................................
p.81
Figura 5: Diagrama de dispersão dos valores do QSCA (senso de coerência total) e da idade entre os participantes..............................................................................................
p.82
Figura 6: Boxplots dos grupos relacionados à idade dos participantes, segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA...............................................................................................................................
p.83
Figura 7: Boxplots dos grupos relacionados ao grau de escolaridade dos participantes, segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA...............................................................................................................................
p.84
Figura 8: Diagrama de dispersão dos valores do QSCA (senso de coerência total) e a renda mensal dos participantes........................................................................................
p.85
Figura 9: Boxplots dos grupos relacionados às faixas de renda familiar mensal os participantes, segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA..........................................................................................................
p.86
Figura 10: Boxplots dos grupos relacionados ao número de doenças associadas diagnosticadas nos participantes, segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA.......................................................................................
p.87
Figura 11: Diagrama de dispersão dos valores do QSCA (senso de coerência total) e de depressão obtido entre os participantes......................................................................
p.91
Figura 12: Diagrama de dispersão dos valores do QSCA (senso de coerência total) e auto-estima obtidos entre os participantes.......................................................................
p.91
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1: Cópia da permissão para adaptação do QSCA, concedida por correio eletrônico.
Anexo 2: Versão original (VO) do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky (QSCA).
Anexo 3: Versão para a língua portuguesa - tradução 1 (VPT1) do QSCA.
Anexo 4: Versão para a língua portuguesa - tradução 2 (VPT2) do QSCA.
Anexo 5: Versão para a língua portuguesa - consenso 1 (VPC1) do QSCA.
Anexo 6: Versão para a língua portuguesa - consenso 2 (VPC2) do QSCA.
Anexo 7: Versão para a língua inglesa - tradutor 1 (VIT1) do QSCA.
Anexo 8: Versão para a língua inglesa - tradutor 2 (VIT2) do QSCA.
Anexo 9: Versão para a língua inglesa final (VIF) do QSCA
Anexo 10: Versão para a língua portuguesa - consenso 3 (VPC3) do QSCA.
Anexo 11: Versão para a língua portuguesa - consenso 4 (VPC4) do QSCA que corresponde a versão final para a língua portuguesa (VPF).
Anexo 12: Cópia da aprovação do projeto pelo Comitê de Ética do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP).
Anexo 13: Cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Anexo 14: Instrumento para caracterização sócio-demográfica e clínica dos participantes.
Anexo 15: Versão em português da Escala de Auto-estima de Rosenberg.
Anexo 16: Versão em português do Inventário de Depressão de Beck.
SUMÁRIO
Resumo
Abstract
Resumen
Lista de Tabelas
Lista de Figuras
Lista de Anexos
1 – Introdução................................................................................................................ 1
1.1– Apresentação do estudo e justificativa da escolha do instrumento a ser adaptado...........................................................................................................................
1
1.2 – A relevância da Teoria Salutogênica para a prática, teoria e pesquisa na Enfermagem......................................................................................................................
1
2 – Objetivos.................................................................................................................... 9
3 – Referencial teórico metodológico............................................................................ 10
3.1 – A Teoria Salutogênica de Antonovsky.................................................................... 10
3.2 – O constructo senso de coerência e seus componentes............................................. 14
3.3 – Senso de coerência e seu instrumento de medida.................................................... 22
3.4 – O processo de adaptação cultural de instrumentos.................................................. 26
3.5 – Avaliação das propriedades psicométricas de instrumento a ser usado em outra cultura...............................................................................................................................
35
3.5.1 – Avaliação das propriedades psicométricas do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky.................................................................................................
41
4 – Material e métodos................................................................................................... 49
4.1 – Delineamento do estudo.......................................................................................... 49
4.2 – Obtenção da permissão para a tradução do instrumento junto aos responsáveis.....................................................................................................................
49
4.3 – Processo de adaptação do QSCA: etapas percorridas............................................. 49
4.4 – Análise das propriedades psicométricas da versão adaptada para o português do QSCA................................................................................................................................
55
4.4.1 – Análise da validade............................................................................................... 55
4.4.2 – Análise da confiabilidade..................................................................................... 57
4.5 – Proteção dos participantes do estudo....................................................................... 58
4.6 - Local e população do estudo.................................................................................... 58
4.7 – Coleta dos dados...................................................................................................... 59
4.8 – Processamento e análise dos dados......................................................................... 62
5 – Resultados.................................................................................................................. 64
5.1 – Resultados relacionados à caracterização sócio-demográfica e clínica dos participantes......................................................................................................................
64
5.2 – Resultados relacionados à análise descritiva da versão adaptada do QSCA (total e de seus componentes) e confiabilidade da medida........................................................
66
5.3 – Resultados relacionados à análise da validade de constructo da versão adaptada do QSCA..........................................................................................................................
79
6 – Discussão................................................................................................................... 93
7 – Conclusões e considerações finais........................................................................... 102
8 – Referências bibliográficas........................................................................................ 104
Anexos
1
Adaptação cultural e validação do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky
em uma amostra de pacientes cardíacos brasileiros
1 – INTRODUÇÃO
1.1 – Apresentação do estudo e justificativa da escolha do instrumento a ser adaptado
Este estudo metodológico teve como objetivos adaptar e testar as propriedades
métricas da versão em português do Questionário de Senso de Coerência de Aaron
Antonovsky. A escolha desse instrumento para ser adaptado, enquanto uma medida de
avaliação de coping foi embasada no impacto que a teoria proposta por Antonovsky tem
obtido nas pesquisas em diferentes países, sempre buscando constatar a relação entre o
constructo senso de coerência e o estado de saúde em diferentes grupos de pessoas. O
instrumento proposto pelo autor para avaliar o constructo compreende 29 itens que avaliam a
orientação do indivíduo diante de várias questões relacionadas à sua vida. Denominado de
questionário de orientação para vida (Orientation to life questionnaire), é mais conhecido
como Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky (QSCA)[1]*.
1.2 A relevância da Teoria Salutogênica para a prática, teoria e pesquisa na
Enfermagem
A Teoria Salutogênica de Aaron Antonovsky [1] tem sido considerada na literatura da
área da saúde como uma nova abordagem para a avaliação de indivíduos em condições
crônicas de saúde ou pertencentes a grupos específicos, como idosos, adolescentes, gestantes
e crianças. O autor traz como proposta investigar como e porque certos indivíduos
permanecem bem mesmo após terem vivido situações de estresse intenso, ampliando a
* De acordo com: Vancouver (Programa EndNote versão 10.0)
2
discussão sobre a relação entre estresse e estratégias de coping. O conceito central do novo
modelo proposto é denominado pelo autor de senso de coerência (SC) o qual foi formulado
como o âmago da resposta para a questão salutogência. Ele é composto teoricamente por três
componentes: compreensão, manejo e significado. Os três componentes atuam conjuntamente
permitindo ao indivíduo enfrentar os estressores presentes na vida cotidiana.
Em 1997, a Organização Mundial de Saúde introduziu em seus documentos o
constructo de SC no âmbito da promoção da saúde, inserindo-o nas grandes linhas mestras
orientadoras das macro-políticas de promoção da saúde mental, particularmente.
Considerando que o senso de coerência vem se estabelecendo desde a infância do indivíduo,
com base em uma série de experiências familiares, escolares e de saúde, essa organização
sugeriu que sejam desenvolvidas políticas voltadas para os locais onde eles moram, estudam e
se divertem a fim de fortalecer este senso de coerência[2].
De acordo com Antonovsky, o SC pode ter os seguintes efeitos sobre a saúde dos
indivíduos[1, 3]:
- ter uma influência direta sobre os diferentes sistemas orgânicos: uma vez que o SC afetaria o
raciocínio do indivíduo determinando se a situação ao qual ele se encontra exposto é perigosa,
segura ou prazerosa. Consequentemente, o organismo irá apresentar reações de diferentes
intensidades e natureza frente aos estímulos percebidos;
- mobilizaria os recursos existentes levando à redução do estresse e assim afetando
indiretamente os sistemas fisiológicos (por exemplo, respostas cardiovasculares e
imunológicas);
- pessoas com um SC elevado seriam mais propensas a fazer escolhas saudáveis envolvendo
seu estilo de vida (dieta, exercícios físicos, exames preventivos).
O uso da Teoria Salutogênica tem se mostrado relevante para a prática, a teoria e a
pesquisa nas diversas áreas da saúde, entre elas a da enfermagem. Seu uso pelos enfermeiros
3
poderá ajudar na identificação de estratégias de coping usadas por pessoas que são hábeis em
permanecerem bem (ou satisfeitas com sua qualidade de vida), a despeito de viverem
situações que possam sugerir o contrário. Este enfoque é congruente com o enfoque das
teorias de enfermagem, na prática e na pesquisa, o qual tem sido a promoção do bem estar e o
favorecimento de estratégias de coping para pacientes e familiares que estão enfrentando
situações de doenças ou traumas. Nas pesquisas realizadas na área da saúde, os estudiosos
costumam não encontrar respostas às suas questões usando como referencial a visão
patogênica, centrada no modelo biomédico tradicional de estudar e cuidar dos doentes. Na
área da enfermagem cardiovascular, uma das questões, ainda sem resposta é, por exemplo:
Porque alguns pacientes conseguem superar seu evento cardíaco e terem uma boa qualidade
de vida, enquanto outros com as mesmas variáveis clínicas apresentam pior reabilitação e,
consequentemente têm uma qualidade de vida pobre?
A Teoria Salutogênica pode prover uma perspectiva mais coerente como a proposta da
enfermagem de ver o indivíduo como um todo e não apenas como um corpo doente. Avaliar o
SC do indivíduo que está sob os seus cuidados possibilitaria uma melhor compreensão de
como ele reagirá à doença e seu tratamento, ampliando suas estratégias de favorecimento ao
coping [4-6].
Segundo Sullivan[7, 8] a Teoria Salutogência sugere adaptabilidade para a
enfermagem. Seu valor está no seu enfoque de centrar-se na saúde e não na doença em si, bem
como na proposta deste novo fenômeno, o senso de coerência. Acredita que, se o SC é a
ligação entre a personalidade do indivíduo e sua saúde, nós carregamos dentro de nós, seres
humanos, as respostas do paradoxo da saúde em ambientes de extrema tensão.
Por exemplo, na área das doenças cardiovasculares, um forte SC em pacientes
cardíacos durante a reabilitação da doença ou do tratamento cirúrgico, poderia se manifestar
em um sentimento dinâmico de confiança em sua habilidade para (1) ordenar as variações
4
advindas com a instabilidade da trajetória da doença crônica; (2) adaptar-se à sua nova
condição, física e psicológica; (3) ter motivação necessária para retornar à sua vida, na
medida em que for possível, e de minimizar o impacto da doença cardíaca sobre sua família; e
(4) engajar-se em atividades que sejam significantes para a sua nova condição de ter doença
crônica.
Pessoas com doenças cardiovasculares são aconselhadas a participarem de
programas de reabilitação cardíaca, os quais se desenvolvem por longos períodos e
enfocam modificações no estilo de vida e mudanças de comportamentos. Tais programas
podem proporcionar o desenvolvimento de situações que sejam propícias para favorecer
os componentes do SC dos participantes, facilitando a compreensão (por exemplo, por
meio de estratégias educativas), o manuseio (via modificações dos fatores de risco
cardiovasculares), e o significado (via organização de grupos de apoio nos quais os
pacientes possam discutir com outros participantes como mudanças similares foram
conduzidas por eles). Diante de eventos que ameaçam a vida do indivíduo e podem
comprometer seu SC, o aconselhamento individual do paciente pelo profissional da saúde,
ou ainda, a sua participação em grupos de apoio, podem ser estratégias usadas para, no
mínimo, manter o nível de senso de coerência do indivíduo como antes de ocorrer a
doença ou sofrer a cirurgia[6].
Na enfermagem, a relação entre SC e estratégias de coping tem sido estudada em
pacientes com câncer[9, 10], com doenças renais[11-13], diabetes[14, 15], artrites[16, 17],
osteoporose[18], doenças psiquiátricas[19] e cardiovasculares[20].
A contribuição do SC para a qualidade de vida de indivíduos em condições crônicas de
saúde também tem sido objeto de estudo da enfermagem. Pesquisas têm mostrado uma
relação positiva e estreita entre SC e qualidade de vida de pacientes com câncer[9, 21], com
5
artrite[22, 23], fibromialgia[24], após eventos cardíacos[6] e cirurgia de revascularização do
miocárdio[25, 26].
Ainda não há um consenso sobre o que realmente se avalia quando se mede o SC de
um indivíduo. A proposta de Antonovsky é avaliar uma orientação global que norteia o ser
humano no enfrentamento aos estressores presentes em sua vida[1]. Desde o seu surgimento,
o SC tem sido usado como: uma medida de avaliação da capacidade de enfrentamento ao
estresse (coping capacities)[19, 23, 25, 27-30] ou de resiliência[28, 31].
A relação causa-efeito entre estado de saúde e SC ainda não está bem estabelecida [32,
33]. No entanto, senso de coerência tem sido associado com estado de saúde[23, 34, 35] e
sintomas em vários estudos[25, 36, 37].
Por exemplo, autores constataram que entre sujeitos fisicamente ativos as médias dos
valores de SC foram superiores quando comparados aos valores dos indivíduos fisicamente
inativos[33]. Resultado semelhante foi constatado em outro estudo que avaliou a relação entre
o SC e a realização freqüente de exercícios físicos[38].
As grandes críticas relacionadas à confirmação efetiva da relação entre SC e estado de
saúde são: os estudos realizados, em sua grande maioria, são do tipo corte transversal e
utilizam medidas subjetivas de saúde, o que compromete a confiabilidade da relação
observada. Nos últimos anos, têm sido publicados estudos de acompanhamento com objetivo
de testar tal relação usando uma metodologia mais adequada para avaliar a relação causa e
efeito entre essas variáveis.
A maioria dos estudos realizados para testar as relações entre SC e outros parâmetros
de avaliação da saúde física e mental e de traços de personalidade tem utilizado de
delineamento transversal. Esse tipo de delineamento, embora descreva a relação entre as
medidas, não permite conclusões sobre a relação causa/efeito entre elas. Por exemplo, um
fator pode causar o outro, que poderiam ser ambos causados por um terceiro fator. Embora os
6
estudos tenham encontrado correlações significantes entre um SC elevado e variáveis que
avaliam algum aspecto da saúde, ainda não foi possível concluir que SC causa um estado de
saúde favorável. Senso de coerência tem sido relacionado a: medidas de saúde (estado geral,
saúde física, incapacidades, sintomas, saúde mental, depressão, ansiedade, satisfação com a
vida e bem-estar); enfrentamento e percepção do estresse; ambiente social (apoio social,
atividades sociais, satisfação com a família e o cônjuge); comportamentos saudáveis (esporte,
lazer, atividades físicas, consumo de álcool e drogas); características pessoais (idade, sexo,
grupos étnicos, situação sócio-econômica avaliada enquanto renda, classe social e nível
educacional) e outras variáveis (auto-estima; traços de personalidade, como estabilidade e
comportamento tipo A; desejabilidade social; inteligência, atitudes frente à aposentadoria e
crenças sobre a saúde)[3].
Como exemplo de estudo longitudinal, temos o estudo realizado Finlândia, no período
de 1994-1997, no qual os autores estudaram a relação SC e saúde através do seguimento de
577 servidores do município de Raisio[39]. Como medida de saúde, eles optaram por avaliar
o número de ausências no trabalho decorrentes de problemas de saúde, presentes nos registros
desses funcionários. Para os pesquisadores, a avaliação das ausências por problemas de saúde
é uma medida adequada uma vez que avalia a saúde como conseqüência de diferentes funções
(social, física, psicológica), sendo um indicador mais objetivo, uma vez que não é
influenciado pela percepção dos participantes. Os resultados obtidos apontaram que o SC
inicial foi um fator preditor de ausência no trabalho apenas entre os trabalhadores do sexo
feminino. Baixos valores de SC, e não valores elevados foram associados com perspectivas de
saúde. No entanto, é importante de ressaltar que nesse estudo, os autores utilizaram uma
versão modificada do QSCA. A versão usada continha apenas seis itens, dois para avaliar
cada um dos três componentes, o que a nosso ver pode ter comprometido as conclusões dos
7
autores. A avaliação do constructo usando apenas duas questões para cada um dos seus
componentes pode ter obtido uma medida diferente daquela proposta por Antonovsky.
Outros estudos têm encontrado uma forte associação entre SC e indicadores de saúde
mental, tais como ansiedade[40-42]; e depressão[12, 17, 41, 43-45]. Autores já haviam
constatado forte associação entre as medidas de depressão e ansiedade com os valores de SC,
sugerindo que esse constructo poderia ser uma medida de outro lado do estresse
psicológico[46]. Há indícios de que um forte SC possuiria efeito mediador entre hostilidade e
sintomas depressivos[44] enquanto baixo SC estaria associado com aumento da prevalência
de depressão[17].
Associações inversas entre SC e depressão e SC e ansiedade estão de acordo com a
teoria proposta por Antonovsky. Entretanto, a força de correlação entre essas medidas
precisa ser analisada, pois se for maior do que 0,80 há uma boa razão para se assumir que
elas (SC, depressão e ansiedade) estejam medindo o mesmo constructo ou fenômeno, ou
pelo menos, algo similar. Geyer sugere que o QSCA possa ser, pelo menos, uma medida
inversa para a depressão e isso deveria ser reavaliado no que se refere ao constructo
SC[32].
Senso de coerência também tem sido associado com outros constructos tais como
bem-estar subjetivo[9, 34, 43, 47, 48]; satisfação com a vida[13], qualidade de vida[6, 26, 49],
auto-estima[6, 26, 43, 45] e suporte social[6, 26, 49, 50].
Como já foi explicitado anteriormente, o uso do QSCA tem ocorrido com freqüência
na pesquisa em enfermagem, em diferentes países. O instrumento tem se mostrado relevante
para o estabelecimento de estratégias de coping pelo paciente e contribuindo para a o processo
de recuperação do doente após o diagnóstico de condições crônicas, como as doenças
cardiovasculares.
8
O instrumento foi originalmente construído em inglês e devido às diferenças
lingüísticas e culturais, entre e o Brasil e os países de língua inglesa e de outras línguas, onde
este instrumento já foi traduzido e validado, faz-se necessário a sua adaptação transcultural,
para que ele possa ser usado por enfermeiros brasileiros ou outros profissionais da área da
saúde. O instrumento adaptado poderá ser mais um recurso para o planejamento da assistência
de enfermagem voltada ao indivíduo com diagnóstico de doenças cardiovasculares.
9
2 - OBJETIVOS
Diante do exposto, estabelecemos os seguintes objetivos para este estudo:
1- realizar a adaptação cultural do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky para a
língua portuguesa em uma amostra de pacientes cardíacos brasileiros;
2 - avaliar a validade de face e de conteúdo da versão adaptada do questionário de Senso de
Coerência de Antonovsky;
3 - avaliar a validade de constructo da versão adaptada do questionário de Senso de Coerência
de Antonovsky por meio da análise fatorial
4- avaliar a validade de constructo da versão adaptada do questionário de Senso de Coerência
de Antonovsky, comparando os resultados obtidos entre grupos distintos;
5 - avaliar a validade de constructo convergente da versão adaptada do questionário de Senso
de Coerência de Antonovsky, comparando os resultados obtidos com as medidas de auto-
estima e de depressão;
6 - avaliar a confiabilidade do instrumento adaptado por meio da consistência interna de seus
itens em uma amostra de pacientes cardíacos brasileiros.
10
3 - REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
3.1 – A Teoria Salutogênica de Antonovsky
Aaron Antonovsky nasceu nos Estados Unidos da América em 1923 e obteve seu
título de doutor em sociologia. Inicialmente, seu interesse estava centrado nas questões
culturais e da personalidade dos indivíduos, bem como nos problemas relacionados às
especificidades de algumas classes sociais e etnias. Em 1960 ele aceitou o convite para
trabalhar no Instituto de Pesquisas Sociais Aplicadas, em Israel. Nos anos seguintes passou a
atuar no departamento de medicina social, onde desenvolveu diferentes projetos de pesquisa
enfocando as relações entre estressores, saúde e doença[3]. Particularmente, a realização de
uma investigação sobre a adaptação ao climatério entre mulheres de diferentes grupos étnicos
foi um fator decisivo para a mudança no enfoque de suas pesquisas, influenciando as futuras
investigações e culminando com a elaboração da teoria salutogênica[3]. De origem judia,
Antonovky buscou nos judeus sobreviventes dos campos de concentração a resposta ao seu
questionamento. Por que alguns desses sobreviventes conseguiram superar seus traumas e
conseguiram retomar suas vidas de maneira satisfatória enquanto outros não conseguiram se
recuperar? Por meio de entrevistas detalhadas sobre as experiências desses indivíduos ele
chegou à formulação do constructo senso de coerência[1, 51]
“Salutogenesis” é o estudo de como e porque as pessoas permanecem bem mesmo
sob situações desfavoráveis e estressantes. Antonovsky rejeita a classificação dicotômica
“saúde-doença” com a qual os cientistas da área da saúde costumam trabalhar. Sua proposta é
justapor essa divisão criando um conceito de um processo contínuo no qual ao longo da vida
as pessoas irão se defrontar com os dois pólos desse contínuo, ou seja, o pólo ease (saúde) e
dis-ease (doença) [1, 52]. Permanecer em um desses pólos extremos, ou seja, estar
plenamente saudável ou doente não é compatível com a vida humana. Segundo o autor,
11
mesmo quando uma pessoa se considera saudável ela apresenta algum grau do componente
patológico e aquela que se considera extremamente doente, sempre há certo grau de saúde
enquanto viver. Para Antonovsky, a questão não é classificar o ser humano como saudável ou
doente, mas compreender o quanto ele está longe ou perto dos extremos desse contínuo
ease/dis-ease[1, 3].
A primeira publicação sobre a sua proposta de repensar a etiologia das doenças, o
enfrentamento aos estressores e a manutenção da saúde ocorre no início dos anos setenta [53]
Antonovsky defende a idéia de que na natureza humana há demandas que são inevitáveis,
variadas e que se transformam ao longo da vida dos indivíduos. Diante dessas demandas, as
pessoas usam os seus recursos de resistência para resolverem essas tensões. Em seu livro
“Health Stress and Coping” [52], ele desenvolveu seu modelo teórico o qual chamou de
orientação salutogênica. Este novo modelo foi mais detalhado, posteriormente, com a
publicação, em 1987, do seu livro “Unraveling the Mystery of Health”[1].
O autor chamou sua proposta de “Abordagem Salutogênica ou Orientação
Salutogênica” e argumentou que não se trata de uma abordagem contrária à abordagem
clássica que os profissionais da saúde costumam apresentar diante da doença, e a qual
denomina de patogênica. Na abordagem patogênica, o enfoque está na questão “Porque as
pessoas adoecem”? Em sua proposta, deixa-se de enfocar apenas a etiologia de uma dada
doença e passa-se a investigar a história completa do ser humano, incluindo sua doença. Ou
seja, ao invés de se questionar o que causa (ou causará, se o enfoque for preventivo)
determinada doença, a questão a ser respondida é: “Quais são os fatores envolvidos na
manutenção ou no direcionamento do indivíduo para o pólo saudável, a extremidade ease? [1,
52, 54]
Pensar em termos salutogênicos significa enfocar as questões da etiologia e do
diagnóstico olhando a pessoa como um todo e não apenas o fator causador da doença. Nessa
12
nova perspectiva, os estressores deixam de ser vistos como algo a serem reduzidos ou
eliminados por serem maléficos ao ser humano [1, 52, 54].
Segundo Antonovsky, a abordagem patogênica levou os pesquisadores, clínicos e
gestores dos serviços de saúde a concentrarem seus esforços em doenças específicas a serem
diagnosticadas ou prevenidas, particularmente entre os indivíduos ou grupos de risco[1]. A
predominância dessa abordagem no modelo biomédico acentua a anormalidade funcional,
caminhando para a investigação do que leva ao aparecimento das doenças e não a manutenção
da saúde[55].
A abordagem salutogênica abre uma nova perspectiva de se estudar as conseqüências
das demandas sobre o organismo que não possui uma resposta adaptativa automática ou
disponível para lidar com essas demandas. Entretanto, há uma boa razão teórica para se
acreditar que tais demandas podem predizer conseqüências positivas para a saúde. Para
Antonovsky, ambas as perspectivas são complementares[1].
Diferente das abordagens anteriores, na proposta de Antonovsky, o enfoque estão nos
recursos de coping e não os estressores. Para ele, os estressores são onipresentes na vida
humana e suas conseqüências não precisam ser consideradas como, necessariamente,
patogênicas. Os estressores não devem ser vistos como algo mal, assim como sua
conseqüência sobre os indivíduos não é, necessariamente, patológica. O autor acredita que o
aparecimento das doenças não seria causado pelo estresse e sim pela falência em manejá-lo.
Define tensão como a resposta individual ao estresse e dependendo das características dos
estressores e dos recursos para se resolver a tensão gerada, os estressores podem ser vistos
como algo também positivo à vida humana[1, 56]
Os elementos principais do modelo salutogênico são[1, 34, 52]:
- estressores: são compreendidos como algo endêmico à condição humana e reconhecidos
como aqueles fatores que levam a um estado de tensão. Eles podem ser provenientes do
13
próprio indivíduo ou do meio ambiente, podendo ser impostos ao sujeito ou escolhidos por
ele.
- tensão, controle da tensão e estresse: são conceitos diferentes no modelo salutogênico.
Tensão é tida como uma resposta ao estresse e pode ser tanto emocional como fisiológica.
Controle ou manejo de tensão é definido como sendo a resolução rápida e completa do
problema e a eliminação da tensão. Se a tensão não é resolvida de modo eficaz, o indivíduo
entra em um estado de estresse. Ou seja, estresse é o estado de resposta do organismo frente
às tensões/estressores.
- recursos generalizados de resistência (generalized resistance resources): são fenômenos
que proporcionam ao ser humano um conjunto de experiências de vida caracterizado pela
consistência, pela participação individual na obtenção dos resultados da ação e pela
possibilidade de fazer um balanço dessa ação. Esses recursos estão relacionados à habilidade
do indivíduo para lidar com a tensão e evitar ou manejar o estresse. Eles são definidos por
Antonovsky[52] como sendo as variáveis relacionadas ao indivíduo, grupo social e meio
ambiente que podem facilitar o manejo efetivo das tensões, sendo advindos de experiências
vividas pelo indivíduo e incluem: recursos materiais (dinheiro, alimentação, moradia),
conhecimento e inteligência, auto-conhecimento, estratégia de enfrentamento racional e
flexível, apoio social, coesão e comprometimento com a sua cultura, religião e filosofia,
comportamentos saudáveis, estado de saúde atual, e as próprias características genéticas e
constitucionais que favorecem a determinação dos recursos de resistência intrínsecos aos
sujeitos[1].
O termo “generalizado” refere-se à característica destes recursos serem efetivos em
qualquer tipo de situação enquanto o termo “resistência” explicita que estes recursos
aumentam a resistência dos indivíduos. Os recursos generalizados de resistência têm duas
funções: ter um impacto contínuo sobre as experiências de vida das pessoas e permitir que tais
14
experiências sejam consideradas como significantes e coerentes, o que se conformaria no
senso de coerência. Eles funcionam com um potencial que pode ser ativado quando for
necessário para lidar com estados de tensão[3].
- senso de coerência (SC): como apresentado anteriormente, trata-se do conceito central no
modelo de Antonovsky. Foi formulado como sendo o âmago da resposta para a questão
salutogência. Pesquisas têm investigado as relações entre SC e alguns recursos gerais de
resistência tais como: estado de saúde, recursos matérias, conhecimento e inteligência,
religião e filosofia[34].
No modelo salutogênico há uma relação recíproca entre SC e os recursos
generalizados de resistência. Enquanto um forte SC auxilia na mobilização desses recursos
com o propósito de se lidar com as tensões, tais recursos ajudam na conformação do SC do
indivíduo[1].
- inserção do indivíduo no contínuo ease/dis-ease da sua saúde: a inserção do indivíduo
nesta linha contínua saúde/doença pode ser avaliada pela presença de sintomas (como dor),
limitações funcionais e necessidades de ações terapêuticas. Trata-se de um fenômeno que é ao
mesmo tempo objetivo e subjetivo que retrata o caráter multicausal da manutenção da saúde e
do estabelecimento da doença.
As relações entre todos estes elementos respondem a questão central proposta por
Antonovsky que é “Por que as pessoas permanecem sadias mesmo quando expostas a estresse
elevado?” [1, 51].
3.2. – O constructo senso de coerência e seus componentes
Senso de coerência é o constructo chave da teoria de Antonovsky (1987, 1993) o qual
se propõe explicar estratégias bem sucedidas de enfrentamento ao estresse. É definido como
sendo uma orientação global que expressa a capacidade de uma pessoa em confiar que, em
15
sua existência, (1) o estímulo proveniente dos ambientes interno e externo são estruturados,
previsíveis e explicáveis (compreensão), (2) os recursos estão disponíveis para que ele possa
satisfazer as demandas impostas por esses estímulos (manejo) e (3) essas demandas são
mudanças, merecedoras de investimentos e engajamento (significado). Compreensão
(comprehensibility), manejo (manageability) e significado (meaningfulness) são os três
componentes do constructo SC[1].
O componente compreensão refere-se à extensão da percepção que o indivíduo tem
de que o estímulo que está confrontando (seja ele proveniente do ambiente externo ou interno)
é ordenado, consistente, estruturado e claro, ou seja, o estímulo tem sentido cognitivo para
ele. O contrário seria o indivíduo considerar o estímulo como sendo caótico, desordenado,
aleatório, acidental e inexplicável. A pessoa com forte senso de compreensão espera que os
estímulos que irá encontrar no futuro sejam previsíveis ou, se inesperados, pelo menos, que
tais estímulos sejam ordenados e explicáveis. O autor salienta que nem sempre esses
estímulos são desejáveis. Por exemplo, a morte de um familiar, embora não seja desejável, ela
ocorre e faz sentido[1].
O componente manuseio é a extensão pela qual o indivíduo percebe que os recursos
para enfrentar/superar os estímulos estão disponíveis e ele conseguirá satisfazer as demandas
impostas por esses estímulos. Os recursos podem pertencer/estar no próprio indivíduo ou em
outras pessoas, como cônjuges, amigos, profissionais da saúde ou entidades divinas e o sujeito
sente que poderá contar com esses recursos quando tiver necessidade. A pessoa com alto
senso de manuseio não se sentirá vítima dos acontecimentos e não pensará que a vida a está
tratando de maneira não bondosa. Percebe que, embora coisas inconvenientes possam
acontecer durante sua vida, ela será hábil para lidar com esses acontecimentos e não irá sofrer
infinitamente[1, 57].
16
O componente significado refere-se ao sentimento de que a vida faz sentido
emocionalmente e que, ao menos alguns dos problemas e demandas decorrentes da vida
humana são investimentos valiosos de energia, sendo preciosos para se envolver e
compartilhar. As mudanças são tidas como bem vindas, ainda que o indivíduo possa, em
determinadas situações, considerar que a sua vida poderia ter sido melhor sem elas.
Antonovsky usou como exemplo a morte de alguém querido. Quando ela ocorre, não significa
que as pessoas devam ficar felizes. Simplesmente, elas irão perceber o significado desse
acontecimento e saberão superá-lo dignamente e da melhor forma possível[1, 51].
O componente manuseio está fortemente associado ao componente compreensão.
Um requisito importante para que o ser humano possa sentir que os recursos estão disponíveis
para satisfazer as demandas (manuseio) é ter uma idéia clara do que são essas demandas
(compreensão). Viver em um mundo caótico e imprevisível faz com que a pessoa tenha
dificuldades para imaginar que ela ou alguém possa enfrentar bem o mundo. Entretanto, ter
um alto grau de compreensão não garante que o indivíduo acredite que ele possa enfrentar
bem a situação. Assim, o componente significado também é essencial na determinação do
SC[1]. “Meu argumento é que ver o mundo como compreensível, manejável e significante
poderá facilitar a seleção de recursos e comportamentos eficazes para qualquer situação
cultural”(p.12)[1]. Assim a proposta do autor é de um constructo universalmente significante
e que pode ser encontrado no ser humano independente da cultura, do sexo, da classe social e
da religião ao qual pertence. Antonovsky não se refere a um específico tipo de estratégia de
coping, mas refere-se aos fatores que, em todas as culturas, sempre são as bases para um
coping de sucesso sobre os estressores[51].
Antonovsky[1] defende a idéia de que o SC é uma orientação global, um modo de
olhar o mundo, uma orientação para a ação mais do que a resposta a uma situação específica.
Trata-se de uma maneira de se lidar com os estressores que não é influenciada pela cultura
17
dos indivíduos. Esta argumentação e vários outros aspectos defendidos pelo autor como, por
exemplo, a estabilidade do constructo após a sua completa formação, o que deverá ocorrer por
volta dos 30 anos de idade, têm sido criticados por vários estudiosos[32, 33, 58, 59]. Um dos
principais problemas que se coloca a qualquer investigador no âmbito das ciências sociais
relaciona-se a tradução de conceitos e suas medidas sócio-métricas, de uma língua para outra,
e sua aplicabilidade a diferentes contextos socioculturais[55]. Há autores que compreendem
que o constructo de SC pode ser considerado como transcultural uma vez que foram
desenvolvidos estudos em vários países, com culturas muito diversas entre si[55]. Entretanto,
essa compreensão do autor sobre o SC tem sido investigada de forma sistemática em
populações gerais de diferentes culturas para que possamos explorar os aspectos sociológicos
envolvidos[32].
Até o momento, os estudos que investigaram esta questão têm apresentados
resultados contraditórios. Por exemplo, em pesquisas realizadas com grupos culturalmente
diferentes, embora vivendo em um mesmo país, os autores constataram que os valores de SC
foram similares entre os sujeitos[60, 61] enquanto outros investigadores constataram a
presença de variações culturais nas respostas provenientes de diferentes grupos em
determinadas questões que avaliam o constructo[62]. Há críticas quanto ao fato de
Antonovsky buscar trazer no constructo de SC, bem como no instrumento elaborado para a
sua avaliação, toda a concepção da sua ampla Teoria Salutogênica, havendo uma separação
entre a teoria e o método[59].
A determinação do SC, independente do sexo do indivíduo, também tem sido objeto
de investigação e vários autores têm questionado a inviabilidade dessa proposta[28, 33, 39,
43, 47, 55, 63, 64]. As argumentações desses autores são: há diferenças que separam homens
e mulheres as quais estão apontadas em várias ciências, como a psicologia e a sociologia; o
impacto dos estressores tem se mostrado maior no sexo feminino, com a resposta ao estresse
18
sendo mais intensa entre as mulheres. Assim, se há diferenças entre os sexos relativas aos
recursos de coping, seria natural que ela também estivesse presente no SC[55].
Em pesquisas realizadas com a população geral os resultados obtidos foram
controversos. Há investigadores que não constataram relação entre sexo e SC[33, 43, 64],
conforme a proposta original de Antonovsky[1]. Entretanto, há resultados obtidos em outros
estudos que apresentam valores mais elevados de SC entre os homens estudados[65, 66]
enquanto outros autores encontraram valores mais elevados entre as mulheres[67].
Resultados contrários também têm sido obtidos em estudos conduzidos com grupos
em condições específicas. Entre homens com HIV, independente do grau de gravidade da
doença, foram constatados valores mais elevados de SC do que entre mulheres na mesma
situação clínica[47]. Por outro lado, outros autores não observaram diferenças nos valores de
SC relacionadas ao sexo de pacientes com artrite reumatóide e de pacientes vítimas de
acidentes automobilísticos[28].
Um dos pontos mais polêmicos da proposta de Antonovsky é aquele relacionado ao
desenvolvimento do SC ao longo da vida do ser humano. No quinto capítulo do seu livro
“Unraveling the Mystery of Health”, Antonovsky defende a idéia de que apenas na terceira
década de vida, o SC encontrar-se-ia plenamente desenvolvido nos indivíduos[1]. Argumenta
que na terceira década de vida, os indivíduos já teriam sido expostos às experiências as quais
permitiriam que eles elaborassem uma imagem do mundo como sendo mais ou menos
compreensível, manejável e significante. Ressalta que nessa idade, geralmente, o ser humano
já completou a sua formação educacional, escolheu sua profissão, constituiu família e definiu
seus papéis sociais Antes dessa idade, o SC seria mais sensível às mudanças do que após seu
estabelecimento total[1]. Após o seu completo estabelecimento, mudanças no SC seriam raras
e quando ocorressem se justificariam pela experiência do indivíduo frente a um novo padrão
de vida. Entretanto, nessa discussão, ao argumentar a estabilidade dessa predisposição ao
19
enfrentamento dos estressores, o enfoque do autor está centrado naquele indivíduo com
elevado SC. Ele usa como exemplo a situação de um indivíduo com elevado SC o qual irá
usar de seus recursos gerais de resistência de maneira a transformar essa nova situação em
algo compreensível, manejável e significante[1].
Os autores que são contrários à argumentação de Antonovsky têm salientado que
podem ocorrer mudanças drásticas nas condições sociais dos indivíduos em tempos de crises
de origem, sejam elas externas ou relacionadas ao próprio sujeito. Essas mudanças alterariam
o SC do indivíduo[32]. Outro aspecto apontado é que a teoria não foi testada suficientemente
para ser considerada como uma teoria totalmente confirmada. Ressaltam, ainda, que há
evidências provenientes de outros estudos psicosociais os quais sugerem que não existe
estabilidade para característica de personalidade como para ser o caso do SC.
Outra fonte de mudanças no SC seria a própria idade do indivíduo. Segundo
Nunes[55], a estratificação etária faz emergir um sistema de desigualdades que nas
civilizações ocidentais permite que tanto os idosos como os jovens sejam tratados como
incompetentes e excluídos da maioria das áreas sociais. Isso teria um impacto na socialização
dos indivíduos, o que contribuiria para alterações no SC ao longo da vida.
Assim, a estabilidade do SC após o indivíduo atingir a idade adulta tem sido
investigada através de estudos de seguimento de diferentes grupos populacionais. Os
resultados têm sido controversos com algumas investigações confirmando a estabilidade do
constructo [35, 39] enquanto outras têm mostrando alterações nos valores do SC ao longo dos
anos[33, 58].
Autores de uma pesquisa que acompanhou, durante cinco anos trabalhadores suecos,
constataram que os sujeitos com idades entre 45 e 74 anos, tiveram maior diminuição do valor
inicial de SC do que os mais jovens (25 – 44 anos)[33]. A associação entre SC e idade
também foi avaliada entre 439 australianos, com idade média de 37 anos (desvio-padrão de 13
20
anos e intervalo de 18 a 82 anos). Os autores observaram uma correlação fraca, embora
estatisticamente significante, entre SC e idade (r = 0,26; p < 0,001) com idosos pontuando
valores maiores de SC[43]. Resultado contrário foi obtido em outra investigação que verificou
relação inversa entre essas variáveis, com o SC tornando-se mais fraco com o
envelhecimento[68], ou seja, nesses três estudos os resultados não confirmam o pressuposto
da estabilidade do SC defendido por Antonovsky.
Antonovsky[1] relaciona o estabelecimento do SC aos seguintes fatores: classe
social; condições sociais e históricas (as quais irão determinar a disponibilidade dos recursos
generalizados de resistência) e variações individuais (afetadas pela genética, predisposições
situacionais e sorte). O uso de recursos generalizados de resistência depende da escolaridade e
do grupo social ao qual o indivíduo pertence. Pessoas com maior escolaridade desempenham
atividades ocupacionais que exigem maior qualificação e apresentam condições para
desenvolver SC mais elevado e fazer melhores escolhas quando lidam com situações
desfavoráveis. Elevado SC deve ser esperado entre aqueles indivíduos que tiveram a
oportunidade de aprender a tomar decisões, que exercitam tal capacidade e que são
estimulados para isso, ou seja, sujeitos de classes sociais mais altas [32].
Outros autores acreditam que, na relação entre escolaridade e SC, essa associação é
mais intensa entre os sujeitos com menor escolaridade irão apresentar menor SC [46].
Considerando-se que há uma estreita relação entre escolaridade e atividades profissionais,
justifica-se o interesse em se investigar o SC entre trabalhadores. Estudos realizados com
diferentes grupos de trabalhadores têm confirmado essa percepção inicial e constatado entre
indivíduos que desempenham atividades ocupacionais sem qualificação exigida menor valor
de SC do que os com ocupações qualificadas [33, 58]. Estudos mais recentes têm utilizado a
situação profissional como indicador de recursos materiais[33, 39, 58, 69].
21
A profissão também tem sido usada como um indicador de escolaridade e
inteligência dos sujeitos. Para se constatar essa associação, há necessidade de estudos que
estratifiquem, cuidadosamente, as populações estudadas de modo a assegurar o máximo
possível a variabilidade no nível de conhecimento e de inteligência dos participantes, sendo
que há necessidade de também se incluir um número adequado de sujeitos com baixos níveis
desses atributos[34].
Há, ainda, outras associações de variáveis com o constructo SC que necessitam ser
investigadas. Na perspectiva de Antonovsky, estado de saúde, recursos materiais,
conhecimento e inteligência, religião e filosofia são recursos generalizados de resistência[34].
Segundo o autor, religião e espiritualidade são consideradas como sendo importantes para a
determinação do SC uma vez que, elas proporcionam respostas às questões da existência
humana como a presença de dor e sofrimento e da morte em qualquer cultura[1]. Até o
momento, essa relação tem sido pouco investigada. Em um estudo desenvolvido com
pacientes com câncer, os autores não conseguiram observar a existência da relação entre
religiosidade, espiritualidade e SC na amostra estudada e sugerem outras investigações sobre
o tema[21].
Como outra fonte de recursos generalizados de resistência, nós temos os recursos
materiais como a renda dos indivíduos a qual tem sido usada como um de seus indicadores.
Renda tem sido relacionada ao SC em vários estudos citados na revisão feita por Horsburg
[34] na qual a autora salienta que as evidências provenientes desses estudos não são
conclusivas uma vez que as diferenças metodológicas entre eles não permitem avaliar a
medida de uma forma única
Por exemplo, no estudo de Nymathi[36] não foi constatada diferença entre os
valores de SC obtidos em um grupo de mulheres negras e hispânicas que viviam na rua
daqueles valores obtidos entre as mulheres, também negras e hispânicas, que estavam sendo
22
atendidas em um programa de reabilitação para usuários de drogas. Em outro estudo realizado
com pacientes em fase terminal da doença renal e seus cônjuges, também não foi constatado
relação entre renda e senso de coerência[13].
3.3 – Senso de coerência e seu instrumento de medida
No quarto capítulo do livro Unraveling the mystery of health[1], Antonovsky descreve
o processo de elaboração do instrumento a ser usado para medir o constructo proposto, o
senso de coerência. O primeiro passo foi entrevistar pessoas solicitando que elas falassem
sobre suas vidas. As análises dos conteúdos das entrevistas foram realizadas pelo autor e
outros três colaboradores. Diante dos resultados, eles classificaram cada um dos entrevistados
em uma escala de dez pontos, variando de forte a fraco SC. Posteriormente, nova classificação
foi feita com os sujeitos sendo reclassificados como tendo forte, moderado e fraco SC. O
próximo passo foi revisar detalhadamente as entrevistas e informações dos indivíduos
classificados como tendo “forte SC” (16 pessoas) e “fraco SC” (11 pessoas). Dessas
entrevistas, emergiram expressões sobre as experiências dos entrevistados diante das situações
vividas. Antonovsky usou esse conteúdo para elaborar a versão preliminar do questionário
com o enfoque de trazer em seus itens a concepção do novo constructo. A preocupação do
autor foi captar por meio do seu instrumento uma orientação global, uma maneira de se olhar
o mundo e de se orientar e não uma resposta diante de uma situação específica vivenciada
pelo sujeito[1].
Considerando-se os três componentes do SC (compreensão, manejo e significado),
cada item foi elaborado para expressar um único componente. Por exemplo, as questões foram
redigidas com orientações voltadas às seguintes indagações: “Quanto você percebe o estímulo
X como compreensível? O item do questionário elaborado com essa orientação seria “Com
que freqüência você percebe que não compreende o que as pessoas estão dizendo?” (p.76)[1].
23
Outras quatro facetas foram escolhidas para avaliar os estímulos: modalidade
(instrumental, cognitiva e afetiva), fonte do estímulo (interno, externo ou ambos), natureza da
demanda imposta pelo estímulo (concreta, difusa ou abstrata) e o tempo de referência do
estímulo (passado, presente ou futuro). Assim, na construção do questionário de SC, o autor
elaborou cada um dos seus itens com a inclusão das quatro facetas descritas e mais a quinta
faceta que expressa um dos três componentes do constructo[1, 51].
Diante da proposta de se avaliar o constructo, enquanto uma orientação global, uma
ampla variedade de estímulos foi considerada para ser representada no instrumento. Um total
de 243 diferentes perfis (combinação de elementos de cada uma das cinco facetas) foi
elaborado. O instrumento preliminar foi testado em várias amostras e os resultados obtidos
foram analisados pelo autor o qual verificou a distribuição das respostas em cada um dos itens
e as matrizes de correlações entre eles. Ao final desse processo, foi obtido um instrumento de
29 itens, com cada um contendo uma estrutura diferente em suas cinco facetas[51]. O
instrumento foi intitulado pelo autor de Questionário de orientação para vida (Orientation to
life questionnaire), mas tem sido referido na literatura como Questionário de Senso de
Coerência de Antonovsky(QSCA)[1].
A versão final do instrumento trata-se de um questionário fechado e sistematizado
contendo os 29 itens distribuídos segundo os três componentes sendo que: 11 itens investigam
o componente da compreensão (itens 1, 3, 5, 10, 12, 15, 17, 19, 21, 24 e 26), dez itens
relacionam-se com o componente manuseio (itens 2, 6, 9, 13, 18, 20, 23, 25, 27 e 29) e oito
com o componente significado (itens 4, 7, 8, 11, 14, 16, 22 e 28). Ele pode ser usado na
forma de entrevista ou de auto-preenchimento. As respostas aos itens são obtidas através de
uma escala de sete pontos, com os valores extremos variando de um (1) a sete (7), no qual o
valor um representa o mais fraco SC e o sete o mais forte. Esses números são inseridos nos
24
extremos da escala de resposta e sob eles há duas frases âncoras para informar ao respondente
como o item deve ser considerado na sua resposta.
Exemplo de uma das questões do QSCA:
Com que freqüência você tem a sensação de que está sendo tratado injustamente?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita
freqüência
Raramente ou nunca
Dos 29 itens, 13 são respondidos em uma escala reversa de valores, ou seja, valores
maiores indicam menor SC (itens 1, 4, 5, 6, 7, 11, 13, 14, 16, 20, 23, 25 e 27). Quando os
valores são somados para se obter o valor total do SC, esses 13 itens precisam ter seus valores
revertidos, ou seja, o valor 7 será transformado em um, o seis em dois, o cinco em três e assim
sucessivamente. Valores elevados sempre significam forte senso de coerência. O intervalo
possível de pontuação varia de 29 a 203[1, 51].
A versão simplificada do instrumento, proposta pelo autor e contendo 13 itens também
pode ser usada. Nessa versão há cinco itens para o componente compreensão (itens 1, 5, 12,
19 e 21), quatro para o componente manuseio (itens 6, 9, 25 e 29) e quatro para o
componente significado (itens 4, 8, 16 e 28), sendo que o intervalo possível varia de 13 a
91[1].
Desde a sua publicação, o instrumento criado por Antonovsky tem sido adaptado por
outros autores, com versões que diferem da original quanto ao número de itens[39, 70, 71],
quanto ao tipo de escala de resposta[25, 70, 72] ou mesmo pela substituição do instrumento
por outras questões usadas para avaliação dos três componentes do SC[68, 73].
Em estudo publicado no final da década de noventa, o próprio Antonovsky constatou
que seu instrumento já havia sido usado em 14 línguas[54]. Em revisão publicada em 2007,
outros autores analisaram os estudos que usaram o QSCA, em suas duas versões originais, e
25
constataram que, até 2003, além das 14 traduções já citadas, outras 19 versões do instrumento
haviam sido realizadas[74]. O QSCA já foi utilizado em 33 línguas diferentes e em 32 países,
sendo a maioria deles ocidentais. O instrumento já foi traduzido para o português e usado em
Portugal[55] e também no Brasil[75, 76].
Em 1999, a versão adaptada para Portugal foi publicada na forma de tese de
mestrado[55]. O autor do trabalho cita que em sua revisão havia encontrado outro estudo
realizado no país e publicado anteriormente, mas que não havia menção ao processo de
adaptação cultural no estudo anterior. Na versão em português para Portugal, algumas
traduções diferem daquelas apresentadas no nosso estudo como, por exemplo, os nomes dos
componentes do senso de coerência e o próprio nome do constructo. O autor português utiliza
os termos: sentido de coerência, capacidade de compreensão (para o componente
compreensão), capacidade de gestão (para manejo) e capacidade de investimento (para
significado)[55].
Quanto à versão traduzida e usada no Brasil, os autores utilizaram a forma
simplificada do QSCA, contendo 13 itens e não a versão completa, a qual foi objeto do nosso
estudo. Temos algumas considerações a fazer sobre o estudo realizado no Brasil e que foi
publicado em dois artigos[75, 76]. No que se refere ao processo de adaptação ao qual a versão
abreviada foi submetida, analisando o primeiro artigo, publicado em 2001, não encontramos
como foi realizado o processo de adaptação e a verificação das propriedades psicométricas da
versão adaptada antes da versão ter sido usada como medida já testada na nossa cultura[76].
Após a tradução a versão em português, o instrumento já foi usado para avaliar 664
adolescentes, com idade média de 15 anos e residentes da cidade de Goiânia. Outro aspecto
que nos chamou a atenção é a proposta de avaliar o SC em adolescentes uma vez que o
próprio Antonovsky apresenta que o SC só se completa em torno dos 30 anos de idade, não
indicando seu uso em adolescentes e crianças[1]. Em uma segunda publicação, os autores
26
apresentam os valores de SC obtidos no grupo de mães dos adolescentes estudados[75]. Os
dois artigos abordam a relação entre SC, comportamentos saudáveis e saúde oral.
3.4 – O processo de adaptação cultural de instrumentos
Antes de discorrermos sobre o processo de adaptação cultural de instrumentos,
achamos pertinente apresentarmos algumas definições relacionadas aos termos escala,
questionário e instrumentos.
Escala pode ser definida como um conjunto de itens/questões através dos quais se
pretende medir uma determinada característica ou atributo numa população de indivíduos. Por
meio de um arranjo de valores numéricos derivados do processo de mensuração (o qual pode
ser de diferentes níveis: ordinal, intervalar, de razão) é permitido ao observador construir um
arranjo de valores numéricos. Quando as respostas são dirigidas para constatar constructos
referentes às atitudes e preferências nós temos, por exemplo, uma “escala de atitudes”.
Quando as respostas são atributos que podem distinguir e caracterizar um indivíduo nós temos
a chamada “escala de personalidade”[77].
Enquanto alguns conceitos, tais como peso e altura, são considerados unidimensionais,
a maioria dos conceitos estudados nas ciências biológicas e comportamentais é de natureza
multidimensional. Relacionada à discussão da multidimensionalidade, temos a questão da
similaridade entre escalas e questionários. Escala implica dizer que do seu conjunto de itens
irá se obter um valor numérico único, o qual irá constituir o resultado dessa medição e cada
escala deve se referir a um único resultado. Com relação ao questionário, ele é composto por
um conjunto de questões ou itens que, por qualquer razão, são apresentados associados a um
agrupamento. Em um questionário é possível ter uma ou várias escalas, sendo denominadas
de subescalas, neste último caso. Questionários unidimensionais são construídos com o
propósito de medir uma única variável[77]. Assim, considerando a proposta de Antonovsky, o
27
QSCA seria do tipo unidimensional uma vez que foi construído para avaliar um único
constructo que é o senso de coerência. Entretanto, no instrumento podemos considerar a
presença de três subescalas que avaliariam os componentes teóricos do SC (compreensão,
manejo e significado).
O termo instrumento é caracterizado por um grupo de itens contidos em questionários.
Além dos itens fazem parte do instrumento: as instruções para o seu preenchimento, para a
escala de pontuação e interpretação dos resultados e outras informações que possam estar
presentes no manual do usuário[78]. Ainda relacionados aos instrumentos, temos os termos
atributo e critério. Atributo é o termo que indica categorias de propriedades ou características
do instrumento enquanto critério é a palavra usada para descrever a condição ou fato que
caracteriza o julgamento do instrumento. Por exemplo, na avaliação dos instrumentos de
medida de qualidade de vida têm sido considerados oito atributos: modelo conceitual e de
medida; confiabilidade; validade; responsividade; interpretabilidade; sobrecarga imposta ao
respondente e ao entrevistador; formas alternativas de administração do instrumento e
adaptações culturais e de linguagem[78].
Após estas considerações, abordaremos o tema proposto para este item que é o
processo de adaptação cultural de instrumentos de avaliação de variáveis psicosociais e ou
relacionadas à saúde.
As adaptações culturais e de linguagem envolvem dois passos iniciais que são:
levantar as equivalências conceituais e lingüísticas e avaliar as propriedades de medidas[78].
A grande maioria dos instrumentos para mensurar variáveis psicosociais, relacionadas
à saúde, tais como as escalas de personalidade e de sintomas, encontra-se em língua inglesa e
é direcionada para as populações que falam este idioma[79]. A utilização desses instrumentos
em populações de outras línguas e culturas requer processo de adaptação cultural. Além da
versão do inglês para outra língua, esse processo envolve a avaliação rigorosa da tradução,
28
uma adaptação cultural e, posteriormente, a avaliação das propriedades métricas do
instrumento[53, 80].
Em nossa revisão não encontramos uma proposta de adaptação cultural
especificamente voltada para o QSCA, mas julgamos que as propostas feitas para a adaptação
de outros instrumentos de avaliação, como os de medidas de qualidade de vida e estado de
saúde, também sejam pertinentes para a adaptação do QSCA. Assim, apresentaremos a seguir
como o referido processo de adaptação cultural tem sido abordado na literatura internacional e
nacional de maneira geral.
A adaptação trans-cultural ou cultural pressupõe a combinação de duas etapas
associadas: a tradução do instrumento e a sua adaptação propriamente dita. Primeiramente, é
feita a tradução literal de palavras e sentenças de um idioma para o outro e de um contexto
cultural para o outro. Após essa etapa ocorre a avaliação da qualidade da medida adaptada em
relação à sua compreensibilidade, validade aparente e de conteúdo, bem como a
replicabilidade e adequação da nova versão do instrumento[80].
Assim como a construção de um novo instrumento de medida é um processo longo e
dispendioso, a adaptação de um instrumento já existente para outra cultura também exige
tempo, custos financeiros e o seguimento de um processo metodológico rigoroso. O
instrumento adaptado precisa satisfazer todos os critérios metodológicos exigidos para a
medida original, ou seja, ser válido e confiável, medindo realmente aquilo que se propõe
avaliar[81, 82].
É consenso entre vários pesquisadores que a tradução literal dos instrumentos não
garante a validade da medida. A intenção da adaptação trans-cultural é adaptar o instrumento
de uma maneira culturalmente relevante e compreensível, mantendo o significado e a intenção
dos itens originais[81-83]. O processo de adaptação cultural de instrumentos de estado de
saúde a serem usados em outros países, culturas e línguas necessitam utilizar um único
29
método para se obter equivalência entre as medidas originais e as novas versões dos
instrumentos[83].
No Brasil, também encontramos autores que utilizam o termo “validação local” para se
referir ao processo necessário de ser conduzido nas seguintes situações: a) quando o
pesquisador planeja alterar de algum modo o formato, as instruções, a linguagem ou o
conteúdo dos itens de uma escala; b) quando se pretende usar uma escala em uma população
de sujeitos que difere de algum modo, da população para a qual a escala foi elaborada ou
adaptada como, por exemplo, nos estudos inter-culturais[77].
Várias propostas têm sido feitas visando tornar o processo de adaptação mais rápido e
simples, resultando em versões adaptadas de instrumentos que podem ser consideradas como
equivalentes, válidas e confiáveis[84, 85]. Revisões sistemáticas foram realizadas enfocando
como esse processo tem sido conduzido por diferentes autores. Com essas revisões, podemos
concluir que a adaptação de instrumentos como, por exemplo, os de qualidade de vida, ainda
precisa sofrer mudanças para proporcionar maior efetividade e menor chance de erros das
medidas quando forem usadas nos países para as quais foram adaptadas[86].
Quando um pesquisador se propõe a adaptar um instrumento para outra cultura, ele
deve se preocupar com algumas questões importantes para o processo de adaptação. Ele
precisa investigar: se os domínios inseridos no conceito a ser estudado também são
importantes para a cultura onde será investigado (equivalência conceitual); se os itens
presentes em cada um dos domínios são relevantes para a cultura alvo (equivalência dos
itens); se a tradução realizada garante a equivalência dos significados dos itens (equivalência
semântica); se o método usado para a aplicação do instrumento adaptado é compatível com as
recomendações do autor da versão original (equivalência operacional) e se o formato usado
para a escala de resposta aos itens e as instruções para o preenchimento do instrumento estão
30
adequados para a cultura do país onde a versão adaptada será usada (equivalência da
medida)[87].
Como podemos observar há uma preocupação com a busca de evidências que
confirmem os diferentes tipos de equivalências existentes entre a versão original e a versão
adaptada para outra cultura. Diversas taxonomias têm sido propostas para a avaliação da
equivalência cultural das versões original e final de instrumentos de medida. Autores
analisaram as várias definições usadas para especificar os diferentes tipos de equivalência dos
instrumentos de avaliação de qualidade de vida relacionada à saúde em 66 estudos realizados
com o objetivo de adaptação cultural desses instrumentos. Nos estudos revisados, os autores
encontraram 19 tipos de equivalências, definidas com graus variados de precisão, sendo as
mais citadas as equivalências definidas como: conceitual (30%), semântica (12%), métrica
(8%), técnica (6%) e operacional (6%). Eles ainda observaram a existência de um forte
consenso relacionado às definições da equivalência semântica e operacional, o que não
ocorreu a respeito das definições da equivalência conceitual e funcional[88]
Em nossa revisão encontramos as seguintes definições dos diferentes tipos de
equivalência a serem investigada:
- Equivalência semântica: refere-se à equivalência dos significados das palavras. É a
transferência de significado através da linguagem, obtendo-se um efeito similar sobre
os respondentes que falam línguas diferentes. O vocabulário e a gramática podem
sofrer alterações na construção das sentenças[80, 88].
- Equivalência idiomática: é aquela relativa aos significados das expressões idiomáticas
e coloquiais, as quais devem ser substituídas por expressões equivalentes na cultura
alvo[80].
- Equivalência cultural: relaciona-se a todas as expressões retratadas na versão original
devem ser coerentes com o contexto cultural para o qual o instrumento está sendo
31
traduzido. Alguns itens poderão ser modificados ou mesmo descartados[80]. Alguns
autores têm constatado que a equivalência cultural é determinada por outras cinco
propriedades psicométricas: equivalência de conteúdo, semântica, técnica, de critério e
de conceito[89].
- Equivalência conceitual: está relacionada à validade do conceito explorado e aos
eventos vivenciados pelos indivíduos da cultura-alvo. O instrumento está medindo o
mesmo constructo teórico em cada cultura. Alguns itens podem ser equivalentes
quanto ao significado, mas não equivalentes quanto ao conceito[80, 88].
- Equivalência funcional: principalmente em pesquisas da área da psicologia, essa
equivalência está relacionada à similaridade entre as ações dos sujeitos frente à mesma
situação, embora pertençam a culturas diferentes[88]
- Equivalência métrica/escalar: um instrumento tem equivalência escalar para duas
culturas distintas quando demonstra que o constructo é avaliado com a mesma medida.
Ou seja, um valor numérico pontuado em uma escala por um sujeito tem o mesmo
grau, intensidade ou magnitude da medida do constructo, a despeito da população ao
qual pertence[88].
- Equivalência operacional: refere-se à capacidade do instrumento adaptado de ser
usado nas várias formas propostas para a versão original (auto-administrado, por
entrevista, por telefone, via correio)[88]
A verificação destas diferentes equivalências é feita em várias etapas do processo de
adaptação cultural de um instrumento.
Uma das propostas mais utilizadas para esta adaptação tem sido aquela preconizada
por Guillemin, Bombardier e Beaton no início dos anos noventa[80]. Os autores sugerem as
seguintes etapas serem realizadas:
32
1- Tradução: a ser realizada por, pelo menos, dois tradutores independentes e qualificados,
preferencialmente, nativos do idioma alvo e que conheçam os objetivos do estudo e os
conceitos envolvidos. O objetivo dessa etapa é obter uma versão que preserve o mesmo
significado de cada item entre as duas línguas, visando manter a integridade do instrumento
de medida.
2- Retro-tradução (back-translation): consiste em traduzir novamente para a língua de origem
a versão obtida na primeira etapa, ou seja, na língua alvo. Nessa etapa, os autores aconselham
que os tradutores sejam fluentes no idioma e nas formas coloquiais da língua de origem do
instrumento, ou seja, devem ser nativos do país para o qual o instrumento foi criado. A seguir,
a versão original e as versões traduzidas devem ser comparadas, sendo as divergências
discutidas com os tradutores e o pesquisador responsável. O objetivo é corrigir possíveis erros
de tradução que comprometam os significados dos itens e rever interpretações equivocadas
ocorridas durante as etapas de tradução e retro-tradução, as quais deverão ser corrigidas.
3- Revisão da versão traduzida por comitê de juízes: um comitê deve ser constituído por
pessoas, preferencialmente bilíngües, representativas da população-alvo e de especialistas nos
conceitos a serem explorados. O papel do comitê é obter uma versão final do instrumento de
modo que este seja lingüisticamente adaptado com base nas várias traduções e retro-traduções
feitas durante as etapas anteriores. Ou seja, os objetivos dessa etapa é assegurar que todo o
conteúdo do instrumento (instruções para seu preenchimento, itens e escala de resposta) tenha
sido traduzido e adaptado de forma a preservar as equivalências do instrumento adaptado com
a versão original. Os juízes podem incluir ou eliminar itens irrelevantes, inadequados ou
ambíguos e, ao mesmo tempo, criar substitutos que sejam adequados à população-alvo.
4- Pré-teste: essa etapa do processo de adaptação consiste na avaliação da equivalência das
versões original e final. Os autores sugerem que o instrumento, nas versões originais e
adaptadas, seja respondido por indivíduos leigos bilíngües, visando à verificação dos itens.
33
Também sugerem a aplicação da versão adaptada em uma amostra da população alvo,
objetivando garantir sua compreensão e clareza.
Outra sugestão é para que o processo de adaptação ocorra em duas fases: a qualitativa
e a quantitativa. A fase qualitativa envolve: a) tradução; b) retro-tradução (back-translation);
c) comparação das versões traduzidas com a original, d) teste da versão traduzida em uma
amostra da população alvo e discussão com os sujeitos sobre as suas percepções quanto aos
itens (validade de face); e) produção de uma nova versão com re-teste; f) os passos “d” e “e”
são repetidos até ser atingido um consenso e serem confirmadas as validades de face e de
construto do instrumento. Já na fase quantitativa, ela sugere que a versão seja testada em uma
amostra de 250 indivíduos da população-alvo e 50 indivíduos da população “normal”, embora
não apresente uma justificativa sobre o porquê de tal número de sujeitos. Nessa etapa há o
cálculo do alfa de Chronbach, a análise fatorial e a comparação dos resultados obtidos pela
nova versão com os da versão original[82].
Em 2000, uma nova proposta sobre o processo de adaptação cultural de instrumentos
de medidas subjetivas de estado de saúde é publicada[83]. A justificativa da nova proposta,
segundo seus autores, é baseada na revisão da literatura sobre esse tema em diferentes áreas
do conhecimento (medicina, sociologia e psicologia) e na sugestão do aprimoramento do
processo metodológico apresentado por Guillemin e colaboradores[80]. Eles acrescentam a
etapa denominada de “síntese” entre a tradução e a retro-tradução (back-translation), cujo
objetivo é resolver discrepâncias entre as traduções obtidas. Também inserem outra etapa,
após o pré-teste, que é a submissão de todo processo percorrido para aprovação de um comitê
composto por autores ou responsáveis pelos instrumentos.
Outros autores sugerem que, antes da realização da retro-tradução (back-translation), a
primeira versão do instrumento na língua alvo seja submetida a uma avaliação por um comitê
de especialistas[90]. Essa proposta tem sido utilizada em outros estudos de adaptação cultural
34
realizados no Brasil[91, 92]. Assim como Ferrer e colaboradores[90], concordamos que essa
alteração na ordem das etapas propostas por Guillemin, Bombardier e Beaton é importante,
pois possibilita a detecção de erros ou problemas de compreensão que após a retro-tradução
poderiam não ser notados[91-93]. A mudança proposta visa assegurar o objetivo da retro-
tradução que é o de observar possíveis erros de significado na primeira versão traduzida.
Antes da utilização da versão adaptada, consideramos importante que ela seja
submetida a outra etapa chamada de Análise Semântica[91, 93, 94]. Antes de se utilizar um
instrumento de medida ele deve ser submetido a um processo de análise semântica que tem
como objetivo verificar se todos os itens são compreensíveis para os membros da população à
qual o instrumento se destina. Nessa análise, uma das preocupações relevantes é verificar se
os itens são inteligíveis para o estrato mais baixo (de habilidade) da população meta e, por
isso, a amostra para essa análise deve ser feita com esse estrato[94]. A nosso ver, essa etapa
corresponde ao item “d” da fase qualitativa apresentada por Chwalow[82], uma vez que o
objetivo é verificar a compreensão de todos os itens pelos membros da população à qual o
instrumento se destina. Dessa forma, o entendimento de cada item, não deverá apresentar-se
como fator complicador na resposta dos indivíduos. O grupo deve ser composto por até quatro
indivíduos com as características anteriormente mencionadas, sendo que o pesquisador deverá
apresentar o instrumento para os sujeitos, abordando item por item. As sugestões provenientes
do grupo para a realização de mudanças que sejam necessárias para a maior
compreensibilidade de cada item do instrumento deverão ser aceitas pelos autores do estudo O
objetivo será evitar que os itens se apresentem demasiadamente primitivos, mas sim com
suficiente seriedade para todos os sujeitos. Todas essas propostas metodológicas, para o
processo de adaptação cultural dos instrumentos, visam garantir que a validade e a
confiabilidade do instrumento original se mantenham na versão adaptada.
35
3.5 – Avaliação das propriedades psicométricas de instrumento a ser usado em outra
cultura
O pesquisador ao se decidir pela escolha de um determinado instrumento a ser
adaptado para sua língua e cultura deve considerar alguns indicadores de natureza quantitativa
e qualitativa. Os indicadores qualitativos são, por exemplo, aqueles relacionados à clareza das
instruções de aplicação e pontuação, a praticabilidade do seu uso em pesquisa e na prática
clínica. Entretanto, há dois critérios quantitativos que são indispensáveis para ajudar o
pesquisador na escolha do instrumento: a validade e a confiabilidade, também chamada de
fidedignidade e precisão[77].
Validação é um processo de coletar e avaliar as evidências da validade do instrumento.
Tanto o pesquisador quanto o sujeito/respondente desempenham papéis importantes nesse
processo, cabendo ao primeiro coletar as evidências que confirmam ou não a validade do
instrumento[77]
A validade de um instrumento evidencia se o que está sendo medido é o que o
pesquisador está pretendendo avaliar. É definida como a habilidade de um método em medir o
que se propõe. Ela poderá ser avaliada por meio da validade de face (percepção que as
pessoas têm do que está sendo medido), validade de construto ou de conceito (validade
convergente e divergente), validade de conteúdo (preocupa-se com a adequação da cobertura
da área de conteúdo sendo medida) e validade relacionada ao critério (validade concorrente e
validade preditiva)[78, 94-96].
A validade de face ou aparente relaciona-se com o fato do instrumento parecer estar
medindo o constructo apropriado. Ela reporta à compreensão e aceitação dos itens do
questionário pelos próprios pesquisadores e pelos sujeitos e refere-se ao julgamento de quão
relevante os itens ou questões da escala parecem ser[77]. Para a sua investigação algumas
questões pertinentes seriam: O que os sujeitos pensam que a escala está medindo? Eles
36
compreendem as questões?[82]. Embora seja útil que o instrumento tenha essa validade,
outros tipos de validade são mais importantes na investigação de um instrumento sendo
aquelas relacionadas ao conteúdo, ao critério e ao constructo[95].
A validade de conteúdo de uma escala examina a extensão em que a especificação,
sobre a qual ela foi construída, reflete o propósito específico para o qual ela está sendo
desenvolvida. Em geral, demonstra o grau em que uma amostra de itens, tarefas ou questões
de uma escala representa um universo definido ou um domínio de um conteúdo[77]. Ou seja,
ela relaciona-se com a capacidade dos itens de representar adequadamente todas as dimensões
do conteúdo a ser abordado no instrumento. Ela define a extensão na qual uma medida
empírica reflete um domínio específico de conteúdo e está associada, neste caso, a validade
aparente[55]. A validade de conteúdo e a validade aparente caminham juntas. A validade de
conteúdo tende a de ser julgada de forma mais qualitativa do que quantitativa sendo baseada,
fundamentalmente, em julgamentos empíricos, uma vez que não existem métodos totalmente
objetivos para garantir que um instrumento abranja adequadamente o conteúdo a ser
medido[77, 95]. Para que ela possa ser determinada, o instrumento deve ser submetido a pelo
menos dois juízes, sendo o mais comum a avaliação por um painel de especialistas e leigos
que irão avaliar a clareza, a compreensão e redundância dos itens e o formato e clareza da
escala de resposta[78]. Esses irão avaliar a relevância de cada item para o domínio e julgar se
eles representam o conteúdo do domínio em questão[97, 98].
A validade de construto examina a ligação teórica dos itens conjuntamente com a
escala hipotética, sendo a mais complexa e difícil de ser determinada. Refere-se ao grau em
que uma escala, ou conjunto de subescalas, mede a teoria ou a hipótese sob investigação, ou
seja, está relacionada à habilidade do instrumento para confirmar as hipóteses esperadas. Ela
é, na realidade, um julgamento sobre a adequação das inferências delineadas dos valores da
escala, considerando-se o posicionamento individual numa variável que mede o constructo.
37
Um constructo é uma idéia informada, uma idéia científica desenvolvida ou hipotetizada para
descrever ou explicar um fenômeno, como, por exemplo, a percepção da qualidade de vida,
do estado de saúde ou um comportamento[77]. Trata-se da busca de evidências que apóiam a
interpretação proposta dos valores baseada nas implicações teóricas associadas com o
constructo a ser investigado. O processo de validação de um constructo envolve uma tentativa
de conectar dois domínios, um teórico e outro da observação. No domínio da teoria, das
idéias, das intuições do pesquisador, o constructo pode originar-se das percepções que o
pesquisador tem acerca do fenômeno a ser estudado (sua natureza, os comportamentos dos
sujeitos frente a ele) enquanto no domínio da observação, estão incluídos a observação direta,
as anotações informais e, especialmente, as medidas objetivas, formais, baseadas em
questionários e/ou escalas[77].
Métodos comuns para se obter a confirmação dessa validade incluem o exame lógico
das relações que deveriam existir com outras medidas e/ou padrões de valores para grupos
que supostamente devem divergir nos valores relacionados ao constructo[78]. Ela pode ser
subdividida em duas vertentes distintas: validade de constructo convergente e validade de
constructo discriminante ou divergente[99]. Assim para investigar a essa validade,
poderíamos elaborar as seguintes questões: Os itens da escala refletem a dimensão que se
pretende testar, de acordo com as definições dos peritos? Há um julgamento teórico, por
peritos, na estrutura da escala?[82].
Validade de constructo convergente consiste na correlação das dimensões postuladas
com as dimensões teoricamente sugeridas, prognosticando altas correlações, e confirmando os
subseqüentes valores observados conforme as predições. Uma alta correlação entre duas
escalas sugere que ambas estão medindo um mesmo fator[99]. A validade convergente refere-
se à correlação significativa do instrumento com outras variáveis com as quais este deveria
estar relacionado. Isto é, a aplicação conjunta e após, a correlação com algum instrumento de
38
medida semelhante que seja confiável e válido (padrão ouro)[94, 96]. Validade de constructo
discriminante ou divergente reconhece que as dimensões entre os instrumentos apresentam,
comparativamente, baixas correlações[99].
Além dos testes de correlação entre as medidas de instrumentos que avaliam
constructos afins, outros testes têm sido usados para avaliar a validade relacionada ao
constructo tais como a comparação entre grupos distintos e a análise fatorial.
A comparação de resultados obtidos entre grupos extremos ou distintos é uma das
estratégias mais fácil e direta de determinar essa validade. Por exemplo, grupos que têm os
mais altos valores em uma escala que mede determinado constructo (por exemplo, dor) são
comparados com grupos que têm os menores valores para esse mesmo constructo. A premissa
é que se uma escala é uma medida válida de um dado constructo, então os valores
provenientes de grupos de pessoas que, supostamente, diferem com respeito àquele constructo
deveriam ter correspondentemente valores distintos obtidos pela mesma escala[77].
Outra opção é a realização de uma análise fatorial avaliar, principalmente, a validação
de suas dimensões ou componentes do instrumento adaptado. Trata-se basicamente de um
conjunto de procedimentos matemáticos usados para identificar agrupamentos de variáveis, a
partir da análise das inter-correlações entre elas. Cada agrupamento, denominado de fator ou
dimensão, é definido para aquele grupo de variáveis cujos itens da escala correlacionam-se
mais altamente entre si do que com as variáveis de outros agrupamentos não relacionados[77].
Um quarto tipo de validade é a relacionada ao critério. Ela tem sido considerada como
a mais importante das validades estatisticamente determinadas e refere-se à extensão em que
um instrumento demonstra uma associação com um critério ou uma medida externa
independente, sendo esta a medida de interesse. Critério pode ser definido como um padrão,
uma referencia contra o qual o valor de uma escala, questionário ou teste é avaliado.
Operacionalmente, um critério pode ser qualquer desempenho adequado e escalonado
39
apropriadamente. Como exemplos, nós podemos citar o valor de um teste, um comportamento
específico, o número de dias de hospitalização[77].
A validade de critério considera se a escala tem associação empírica com critérios
externos relacionados às medidas de outros instrumentos, com validades confirmadas, e que
avaliam o mesmo constructo[78, 99]. Nas avaliações subjetivas, por exemplo, do estado de
saúde, validade relacionado ao critério é raramente testada em decorrência da ausência de
medidas de critérios amplamente aceitas pela comunidade científica. Há algumas exceções
que tem sido aceita, como a comparação da medida proveniente da versão abreviada com a
medida da versão integral de um mesmo instrumento[78]. Um exemplo seria testar a medida
da versão de 13 itens do QSCA com a medida da versão de 29 itens. Para testar instrumentos
de avaliação (screening), a validade de critério pode ser testada confrontando a medida
proveniente desse instrumento com medidas clínicas objetivas, no caso de instrumentos que
avaliam estado de saúde[78]. A validade relacionada ao critério pode ser classificada em
concorrente e preditiva. A validade concorrente é um índice do grau em que um valor da
escala relaciona-se com alguma medida de um critério externo obtido no mesmo
momento[77]. Por exemplo: A piora na avaliação do estado de saúde com o número de dias
de hospitalização?[82].
A validade preditiva ressalta a capacidade da escala em predizer outras variáveis. Por
exemplo, os escores de um paciente numa dada escala são usados para predizer seu
comportamento ou o desempenho de um critério predeterminado[77]. Por exemplo: Um nível
pior de qualidade de vida é prognóstico de um índice de mortalidade maior?[82].
A outra propriedade básica de um instrumento de medida é a confiabilidade ou
fidedignidade. A confiabilidade de um instrumento está relacionada à capacidade de medir
com precisão, a consistência e a estabilidade ao longo do tempo do atributo que se deseja
medir[94, 96]. Relaciona-se ao grau em que o instrumento produz os mesmos resultados,
40
quando aplicado em um mesmo sujeito em diferentes ocasiões ou em uma única ocasião por
dois observadores distintos. Reprodutibilidade e precisão são outros termos usados para esta
propriedade[98]. A confiabilidade de um instrumento poderá ser avaliada pelo grau de
consistência com que ele mede o atributo proposto. Sua confiabilidade de medida pode ser
avaliada por diferentes caminhos: estabilidade, consistência interna e equivalência[95]. Uma
estimativa mais utilizada é o coeficiente alfa de correlação, que permite evidenciar se o teste
como um todo mede apenas o atributo proposto. O esperado das proposições básicas é que os
itens que compõem o instrumento estejam positivamente relacionados, o que confirmaria a
medida de um mesmo atributo.
A confiabilidade é, usualmente, estimada pelos seguintes procedimentos estatísticos: o
teste-reteste e a avaliação da consistência interna, sendo este último o mais freqüentemente
utilizado[98]. A precisão teste-reteste consiste em calcular a correlação entre as distribuições
de escores obtidos num mesmo teste pelos mesmos sujeitos em duas ocasiões diferentes de
tempo. A precisão da consistência interna é viabilizada através de várias técnicas estatísticas
que visam verificar a homogeneidade da amostra de itens do teste, ou seja, a consistência
interna do teste. As técnicas mais utilizadas são: duas metades, Kuder-Richardson e alfa de
Cronbach. Todas elas exigem aplicação do teste em apenas uma única ocasião, evitando
totalmente a questão da constância temporal[94].
O coeficiente alfa de correlação é tomado como evidência de que o instrumento, como
um todo, mede apenas um único fenômeno. Em casos em que os testes são destinados a mais
de um atributo (subescalas ou domínios) o alfa deve ser determinado para cada um deles. A
premissa básica para esta análise, portanto, é a de que os itens que compõem o instrumento
estão positivamente relacionados entre si, uma vez que medem um mesmo atributo. O
coeficiente de consistência interna, obtido ao se medir a correlação entre os itens, expressa a
confiabilidade da medida[97, 98].
41
O Alfa de Cronbach assume valores entre zero e um, trabalhando com a proposição de
que as correlações entre os itens são positivas. Para verificar a consistência interna de um
instrumento o Alfa de Cronbach é uma das medidas estatísticas mais utilizadas. Coeficientes
abaixo de 0,70 são geralmente considerados como aceitáveis para escalas psicométricas,
embora seja recomendado que seu valor deva ser acima de 0,80 (bom) ou mesmo 0,90
(excelente)[99]. Entretanto, um valor acima de 0,90 pode indicar redundância dos itens[77].
3.5.1 Avaliação das propriedades psicométricas do Questionário de Senso de Coerência
de Antonovsky.
Após a elaboração do questionário vários autores, além do próprio Antonovsky, têm se
preocupado em discutir as propriedades psicométricas do Questionário de Senso de Coerência
de Antonovsky[34, 51, 54, 100].
Com relação à aplicabilidade do QSCA, o autor da versão original refere que o
instrumento pode ser usado na forma auto-aplicável ou por meio de entrevista (pessoal ou
por telefone). O tempo de preenchimento estimado para a versão completa seria em torno
de 15 a 20 minutos, diminuindo para cinco minutos no caso da versão de 13 itens[56]. Um
dos problemas detectados por alguns pesquisadores ao usarem o instrumento é a tendência
de alguns sujeitos de responderem apenas os valores extremos da escala de resposta, ou
seja, de assinalarem somente o valor sete e/ou o valor um. Antonovsky já havia apontado
tal situação e sugerido algumas possibilidades para minimizar esse problema. Ele sugere,
por exemplo: tornar as instruções de preenchimento mais claras; elaborar um exemplo de
maneira a demonstrar mais concretamente como devem ser analisadas as opções de
respostas; inserir uma frase âncora também no meio da escala, ou seja, sob o valor
quatro[56].
42
Geralmente, os participantes não costumam apresentar dificuldades para preencherem
o instrumento. Porém, em alguns estudos analisados pontuadas situações específicas tais
como: idosos (80 anos ou mais), indivíduos de determinadas culturas (por exemplo, os
orientais) ou de determinadas religiões (por exemplo, os pentecostais) tiveram maior grau de
dificuldade para completar o QSCA. Os itens pertencentes aos componentes compreensão e
manejo são os que causam a maioria dos problemas, pois são fortemente elaborados em uma
perspectiva centrado no ego dos indivíduos, o que parece ser inapropriado para as pessoas nas
situações citadas. Os itens que apresentam maiores problemas são os de número: cinco, seis,
dez e 17[15, 51, 74].
No que se referem à validade do QSCA, diferentes tipos de validade têm sido
investigadas para ambas as versões propostas por Antonovsky. As validades discutidas pelo
autor são: de face, de conteúdo, consensual, de constructo (convergente e discriminante), de
critério e a de grupos distintos[51, 54]. Na revisão realizada por Eriksson e Lindström[74],
esses autores trazem as análises dos estudos revisados considerando as validades abordadas
por Antonovsky e em seus dois artigos de revisão.
O próprio Antonovsky salienta que, após consultar a literatura para discutir sobre a
validade de seu instrumento, sentiu-se confuso com a variedade de definições propostas para
os diferentes tipos de validade apresentados nos textos de sociologia e psicologia. Reforça em
seus trabalhos que tem se preocupado em avaliar as formas de validade, que na sua
compreensão, estão relacionadas à questão central que é confirmar que seu instrumento avalia
o que se pretende, ou seja, o constructo senso de coerência[51, 54].
Com relação à validade de face do QSCA, Antonovsky argumenta que o processo de
elaboração dos itens (o qual já descrevemos anteriormente), no qual cada item foi elaborado
para expressar apenas um elemento das cinco facetas propostas, pode ser um indicador que o
instrumento representa o constructo a ser medido[51, 54]. A validade de face do QSCA tem
43
sido aceita segundo a avaliação de Eriksson e Lindström[74], após a ampla revisão das
publicações com o referido instrumento.
Outro tipo de validade analisada por Antonovsky[51, 54] é a chamada de validade
consensual que foi verificada pela reação de outros investigadores ao QSCA. Este tipo de
validade está relacionado à concordância entre os peritos de que a medida investigada é
válida[101]. Nos primeiros anos após a publicação do instrumento, Antonovsky não havia
encontrado autores que tivessem modificado as duas versões propostas, de 29 e 13
itens[51, 54]. Considerando-se a variedade de populações que haviam sido estudadas e o
número de pesquisadores envolvidos nas publicações dos resultados obtidos com o seu
instrumento, Antonovsky concluiu que a escala proposta apresentava validade de
conteúdo, considerando os estudos analisados até então. Entretanto, ele próprio salientou
que isso não significa que não existiriam eventuais mudanças na forma original, o que
acabou ocorrendo[51, 54].
Nos últimos anos, vários autores propuseram alterações no QSCA, conforme foi
constatado na revisão de Eriksson e Lindström[74]. Nessa revisão, os autores encontraram 15
versões diferentes, com modificações nos números de itens (versões com três, seis, sete, nove,
10, 11, 12, 16 e 28 itens) e na escala de resposta (escala tipo Likert de cinco pontos; frases
âncoras substituídas pelas palavras “de concordo” e “discordo”). As justificativas
apresentadas para as alterações foram: instrumento extenso (mesmo a versão abreviada),
escala de resposta de difícil compreensão e adaptação do instrumento às demais medidas do
estudo[74].
A validade de constructo do QSCA tem sido testada por vários autores e de diferentes
maneiras. A validade de constructo convergente tem sido verificada correlacionando a medida
do SC com outros constructos que, teoricamente, estariam correlacionados com o SC. Por
exemplo, autores correlacionaram a medida do QSCA com indicadores da saúde física e com
44
medida de depressão para testar a validade da versão espanhola do questionário quando usada
em idosos[102]. As correlações entre SC e depressão[41, 45, 103] e entre SC e medidas de
auto-estima[43, 45] também têm sido investigadas em outras populações. Quanto à validade
de constructo discriminante, o autor, até o final da década de 90, desconhecia a existência de
algum estudo que houvesse testado a não afinidade teórica entre SC e outros constructos. Ele
citou o estudo realizado por Hart, Hittner e Paras, publicado em 1991, no qual esses autores
comentam a falta de associações entre a medida de SC e outras medidas de apoio inter-
pessoais, o que para Antonovsky confirmou a validade discriminante do seu instrumento[51,
54].
Segundo a nossa revisão sobre a definição de validade relacionada ao constructo,
temos que ela tem sido testada com a associação de medidas de outros constructos tais como
bem-estar subjetivo[9, 34, 43, 47, 48], satisfação com a vida[13], qualidade de vida[6, 26, 49]
e auto-estima[6, 26, 43, 45]
Outro método usado para avaliar a validade de constructo tem sido a análise fatorial. A
estrutura da escala com a presença de três componentes não está clara, sendo que em alguns
estudos a análise fatorial confirmou a existência de um único componente, como proposto por
Antonovsky. A análise fatorial realizada com as medidas obtidas em uma amostra de israelitas
confirmou a presença de um único fator[1], o que para Antonovsky não foi uma surpresa. Ele
argumenta que, embora os três componentes sejam distintos do ponto de vista teórico quando
se define o constructo de SC, eles não se separam do ponto de vista empírico e a escala foi
elaborada para fornecer uma única medida que é a do senso de coerência[51, 54]. Relembra,
ainda, que embora a escala tenha sido construída como os itens elaborados em três subescalas
(compreensão, manejo e significado), os itens compartilham elementos das outras quatro
facetas (modalidade, fonte do estímulo, demanda e tempo) com os demais itens. Por exemplo,
os 11 itens do componente compreensão têm três referências para o passado, seis para o
45
presente e duas para o futuro; enquanto os 10 itens do componente manejo têm quatro, três e
três itens, respectivamente. Ou seja, enquanto uma faceta (a dos componentes) divide os itens
em três fatores distintos, outras facetas os reagrupam de outra maneira[1]. A proposta do autor
é para que não se utilizem as medidas dos componentes isoladamente e sim a medida do
global do SC que á a avaliação dada pela soma de todos os itens do instrumento[56].
Outros investigadores, a despeito da argumentação de Antonovsky, têm buscado
analisar a validade de constructo através da confirmação da presença dos três componentes no
QSCA, usando a análise fatorial. Há autores que têm confirmado a presença de um único
fator[104-107]; enquanto outros constataram a presença de mais de um componente[65, 102,
108-110].
Outra forma de testar a validade de constructo é comparando os resultados obtidos
entre grupos supostamente distintos buscando evidências que confirmem, teoricamente, a
validade do constructo. Esse tipo de teste tem sido usado para avaliar o constructo de SC[34,
51, 54, 104, 111]. Nos estudos revisados pelo próprio autor e conduzidos por outros
pesquisadores, indivíduos com menor escolaridade, precárias condições sócio-econômicas[65,
69, 112], adolescentes e adultos residentes em kibutz apresentaram valores médios de SC
inferiores aos referidos por adultos mais idosos, aposentados e trabalhadores[51, 54]. Os
grupos também têm sido considerados considerando-se a presença de alguma condição
crônica[104] e o sexo dos sujeitos[63, 66, 111].
Quanto à validade de critério como foi considerada por Antonvsky[51, 54] não há um
padrão-ouro para se confrontar com a medida de SC. Segundo o autor, a questão fundamental
é constatar se a medida da escala pode ser correlacionada com o fenômeno, externo para o
SC, com o qual a teoria sugere que ele possa estar correlacionado[51, 54]. Para avaliar como
isso foi estudado por outros autores, ele apresenta como a medida obtida pelo QSCA tem sido
correlacionada com outras medidas as quais ele divide em: a) medidas gerais de percepção do
46
self e ambiente (ex.: locus interno de controle, auto-estima e ansiedade); b) estressores
percebidos (ex.: percepções de estressores, eventos recentes da vida); c) saúde e bem-estar
(ex.: estado de saúde, bem-estar geral, índice global de saúde) e, d) atitudes e comportamento
(ex.: apoio social, níveis de atividades, habilidades sociais, coping)[51, 54].
Diante da literatura consultada sobre as várias definições e compreensões sobre as
validades de constructo e de critério, questionamos se os exemplos apresentados por
Antonovsky[51, 54] e, posteriormente, por Erikson e Lindström[74] seriam testes adequados
para averiguar a validade de critério do QSCA ou se estariam testando a validade de
constructo do instrumento.
Na revisão de Eriksson e Lindström[74], as mesmas análises apresentadas na revisão
de Antonovsky e relacionadas aos diferentes tipos de validades do QSCA são
apresentadas[51, 54]. Eles apresentam que o QSCA tem sido confrontado com outros
instrumentos padronizados para medidas de saúde, auto-percepção, estressores, qualidade de
vida, bem-estar, atitudes e comportamentos para testar a validade relacionada ao critério. Os
resultados obtidos têm mostrado que a medida de SC tem se correlacionado em diferentes
graus com medidas gerais de saúde; de maneira forte e negativa com medidas de depressão e
forte e positiva com medidas de auto-estima e de otimismo[74].
A validade de critério preditiva está relacionada à capacidade da medida de SC
predizer um resultado futuro, no caso, a saúde do indivíduo. Observando resultados de
estudos prospectivos podemos constatar que a medida de SC tem essa validade, embora haja
estudos com resultados divergentes[74]. Forte SC foi preditor de resultados positivos entre
indivíduos com doenças de origem somática que foram acompanhados por um período de dois
anos[113], entre pacientes ortopédicos[114] e pacientes com obesidade mórbida após a
intervenção cirúrgica[115]. Em estudos mais longos, com cinco anos ou mais de seguimento,
autores observaram que SC teve um bom valor preditivo para determinar: incapacidades entre
47
pacientes finlandeses[116] e burnout entre trabalhadores também da Filândia[117].
Entretanto, em outro estudo realizado com trabalhadores finlandeses de outras profissões, os
resultados não comprovaram essa relação[39].
Com relação à confiabilidade do QSCA, ela tem sido testada enquanto a
consistência interna de seus itens (pelo alfa de Cronbach) e pela estabilidade da medida
(teste-reteste). No que se refere à consistência interna dos itens, em ambas as versões do
instrumento, tem sido constatados valores adequados para os alfa de Cronbach, com
valores menores para a versão de 13 itens, o que pode ser justificado pelo menor número
de itens[51, 56]. Em uma revisão feita pelo próprio autor, os valores dos alfas variaram de
0,82 a 0,95 nos 26 estudos que usaram o instrumento de 29 itens e de 0,74 a 0,91 nos 16
estudos que utilizaram a versão simplificada[51]. Em uma revisão dos estudos que usaram
o QSCA, publicada em 2007, os autores obtiveram valores de alfa entre 0,70 e 0,95 na
versão completa (124 estudos) e entre 0,70 e 0,92 na versão de 13 itens (127 estudos).
Valores elevados de alfa de Cronbach (0,90 ou superior) foram obtidos em 60 estudos que
utilizaram uma escala tipo Likert de cinco pontos no lugar da escala de resposta
original[74]. O fato de uma adequada consistência interna (α > 0,70) ter sido obtida em
uma considerável variedade de populações, em diferentes línguas e culturas do mundo
ocidental, principalmente, é apontado pelo autor como um importante resultado para a
confiabilidade do instrumento[54].
Outra forma que tem sido usada para avaliar a confiabilidade do QSCA é através do
teste-reteste. Ele tem sido usado em poucos estudos e sua importância é verificar se há a
estabilidade do constructo conforme defendido pelo autor[1]. O tempo entre as duas medidas
tem sido variado: um ano[63, 109, 118], dois anos[35, 118], quarto anos[39] e cinco anos[33].
Os resultados desses estudos têm sido controversos não havendo um consenso sobre a
estabilidade da medida. Poucos estudos longitudinais foram feitos após 1993, quando o autor
48
publicou uma revisão sobre o uso do instrumento[51]. Em nova revisão sobre os estudos que
usaram o QSCA, publicados entre 1992 e 2003, os autores constataram que a confiabilidade
teste-reteste tem sido pouco investigada[100]. Na referida revisão, a confiabilidade verificada
pelo teste-reteste, para a versão de 29 itens, apresentou diferentes valores: 0,92 (uma semana
entre as duas medidas), 0,65 (três semanas), 0,93 (um mês), 0,77 (seis meses) e 0,78 (um
ano). A versão de 13 itens teve valores que variaram entre 0,69 a 0,72[100].
49
4 – MATERIAL E MÉTODOS
4.1 – Delineamento do estudo
Estudo metodológico cuja proposta é adaptar e validar um instrumento de avaliação de
coping para pacientes cardiopatas brasileiros. Um estudo metodológico difere de outros
delineamentos de pesquisa por não abranger todas as etapas do processo de pesquisa, sendo
que o pesquisador metodológico está interessado em identificar um constructo intangível e
torná-lo tangível com uma ferramenta de papel e lápis ou protocolo de investigação.
Basicamente esse tipo de estudo abrange entre outras etapas, o teste de confiabilidade e
validade da ferramenta[119].
4.2 – Obtenção da permissão para a tradução do instrumento junto aos responsáveis
A permissão para a adaptação do QSCA foi solicitada a Dra. Shifra Sagy, Chefe do
Departamento de Educação, Ben-Gurion University of the Negev, Israel. A referida
professora é a pessoa que detêm os direitos autorais do instrumento após a morte do Dr Aaron
Antonovsky, em 1994. Por e-mail, a Dra. Sagy concedeu-nos essa permissão (cópia da
permissão concedida por correio eletrônico encontra-se anexa - Anexo 1).
4.3 – Processo de adaptação do QSCA: etapas percorridas
No presente estudo nós optamos por conduzir o processo de adaptação cultural do
QSCA conforme as etapas sugeridas por Ferrer e colaboradores[90] e que foram utilizados em
estudos anteriores realizados no Brasil, por membros do nosso grupo de pesquisa[91, 93].
As etapas percorridas foram: 1) tradução do QSCA para a língua portuguesa; 2)
obtenção do primeiro consenso da versão em português; 3) avaliação pelo comitê de juízes; 4)
tradução da língua alvo para a língua de origem (retro-traduação ou Back-translation); 5)
obtenção do consenso das versões em inglês e comparação com a versão original; 6) avaliação
semântica dos itens e 7) pré-teste. Essa trajetória metodológica está esquematicamente
apresentada na Figura 1 e será detalhada a seguir.
50
Figura 1: Processo de adaptação cultural do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky (QSCA)
Versão Português
Tradução 1 (VPT1)
Versão Português
Tradução 2 (VPT2)
Versão português Consenso 1
(VPC1)
Versão Original
(V0)
Versão para Inglês
Tradutor 1 (VIT1)
Versão para Inglês
Tradutor 2 (VIT2)
Versão Inglês Final (VIF)
Versão Português Consenso 2
(VPC2)
Painel de Juízes Validade de Face e de
Conteúdo
Comparação da VIF com a VO
Versão Português Consenso 4 (VPC4)
Pré-teste com um número pequeno de sujeitos
Versão Português Consenso 3 (VPC3)
Análises Semânticas
Versão Português Final (VPF)
Validade de Construto (comparação entre grupos distintos, análise fatorial e validade
convergente (auto-estima e depressão)
Análise da Confiabilidade: consistência Interna
(usando o Alfa de Cronbach)
51
4.3.1 – Tradução para a língua portuguesa do QSCA: foi fornecida a versão original (VO)(
Anexo 2) para as duas tradutoras, brasileiras que residem nos EUA há mais de seis anos e que
estavam cientes dos objetivos da pesquisa. Cada uma elaborou uma versão em português, as
quais denominamos de “versão português tradução 1” (VPT1) (Anexo 3) e “versão português
tradução 2” (VPT2) (Anexo 4). Após a conclusão dessas duas versões traduzidas, foi feita a
comparação das mesmas pela pesquisadora responsável e uma versão consensual, em
português, foi obtida entre as tradutoras e a pesquisadora (versão português consenso 1 –
VPC1) (Anexo 5).
4.3.2 - A avaliação por um comitê de juízes: participaram desta etapa seis enfermeiras e
uma psicóloga, especialistas na temática ou na metodologia e com domínio da língua inglesa.
Neste encontro, sob a nossa coordenação, as participantes foram informadas que o objetivo do
comitê era avaliar a equivalência cultural e conceitual dos itens da versão traduzida (VPC1),
considerando as seguintes orientações:
- equivalência cultural: refere-se às situações evocadas ou retratadas nos itens que
devem corresponder às vivenciadas em nosso meio/contexto cultural
- equivalência conceitual: representa a coerência do item com relação ao que ele se
propõe medir, ou seja sua pertinência ao constructo a ser medido.
Cada participante recebeu uma cópia contendo os itens da versão original (VO) e a
versão em português obtida no primeiro consenso (VPC1). A estratégia adotada para a
condução do trabalho de avaliação foi a leitura do material iniciando com a orientação para o
preenchimento do questionário, a redação de um dos 29 itens e suas respectivas respostas.
Após a leitura de cada uma dessas partes, os juízes discutiam as equivalências entre a versão
inglesa e a traduzida. Quando alguma das participantes não concordava com a tradução,
membros do grupo faziam sugestões no sentido de se obter uma redação mais clara e
52
equivalente para a nossa cultura. A aprovação dessas mudanças ocorria quando, no mínimo,
quatro juízes (mais que de 50% dos membros do grupo) concordavam com a proposta. Dessa
etapa foi obtida uma nova versão em português do QSCA, chamada de versão em português
consenso 2 (VPC2) (Anexo 6).
4.3.3 - A retro-tradução (back-translation) do instrumento: esta versão em português
(VPC2) foi, então, encaminhada para dois outros tradutores que realizaram a tradução para a
língua de origem do instrumento, ou seja, o inglês. Foram escolhidos dois tradutores
americanos, residentes no Brasil há mais de 10 anos, que trabalhavam como tradutores e
professores de inglês. Esses indivíduos não tinham conhecimento dos objetivos do estudo e
não conheciam a versão original do instrumento. Cada um deles elaborou sua respectiva
versão, denominada de versão para inglês – tradutor 1 (VIT1) (Anexo7) e versão para inglês -
tradutor 2 (VIT2) (Anexo 8). Após a finalização das traduções, foi realizada uma reunião
entre a pesquisadora e os dois tradutores. Até esse momento, os tradutores desconheciam a
versão original e a do outro tradutor. A pesquisadora apresentou então os objetivos do estudo
e a finalidade do instrumento no que se refere à sua aplicabilidade na área da pesquisa e da
assistência de enfermagem. As duas versões foram avaliadas e uma versão em inglês final
(VIF) foi elaborada.
Após a definição da VIF (Anexo 9), foi entregue a cada um deles a cópia do
instrumento original (VO) para a comparação com a VIF. A partir de então cada parte do
instrumento (orientação para o preenchimento, itens e escalas de respostas) era lida e
comparada com a VIF. Durante a leitura, os tradutores constataram que alguns itens da versão
original haviam sido traduzidos para o português de uma maneira que, ao serem traduzidos
novamente para o inglês, haviam perdido a equivalência com os itens da VO. Assim, esses
53
itens foram novamente redigidos visando obter essa equivalência entre as duas versões e uma
nova versão em português foi obtida, versão português consenso 3 (VPC3) (Anexo 10).
4.3.4 - Análise semântica do instrumento: optamos por realizar a análise semântica da
versão adaptada do QSCA, com três pacientes cardíacos que estavam em seguimento
ambulatorial no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
(HCFMRP). Em encontros individuais com a pesquisadora responsável pelo estudo, esses
participantes eram indagados sobre a compreensão da instrução para o preenchimento, os
itens e suas respectivas respostas da versão adaptada do QSCA. Dois deles tinham baixa
escolaridade (primário incompleto) e o terceiro participante havia completado o segundo grau.
Como resultados desses encontros, constatamos que havia dificuldades para a
compreensão de alguns itens, de algumas frases âncoras nas escalas de respostas e mesmo
para a compreensão dos valores numéricos que não são acompanhados por frases explicativas.
Por exemplo, após a leitura do item 22, um dos participantes respondeu que “Eu acho
que nem uma coisa, nem outra”. Ou seja, ele não conseguiu identificar tal opção na escala de
resposta apresentada e que corresponderia ao valor quatro.
22. Você acha que sua vida pessoal no futuro será:
1 2 3 4 5 6 7
Totalmente sem
significado e
finalidade
Cheia de significado
e finalidade
Como resultados desta etapa, ocorreram as seguintes modificações na versão VPC3
originando a versão em português consenso 4 (VPC4) ) (Anexo 11):
a – Alteração na redação do item número três do QSCA que passou de “Pense nas pessoas
com quem você tem contato diariamente, além de seus familiares e amigos íntimos, e das
quais não se sente muito próximo. Como você acha que conhece a maioria delas?” (VPC3)
54
para “Pense nas pessoas com quem você tem contato diariamente e das quais não se sente
muito próximo, pois não são seus familiares e amigos íntimos. Como você acha que conhece
a maioria dessas pessoas?”(VPC4).
b – Algumas palavras mais conhecidas pelos participantes foram incluídas para facilitar a
compreensão das frases âncoras das respostas dos itens 10, 15, 23 e 26 (as mudanças estão em
negrito).
Assim, na versão VPC4 estas respostas estão apresentadas da seguinte maneira:
10. Nos últimos dez anos sua vida tem sido: 1 2 3 4 5 6 7
Cheia de mudanças sem
que você soubesse o que iria acontecer em seguida
Completamente previsível
(esperada)
15. Quando você enfrenta um problema difícil, a escolha de uma solução é: 1 2 3 4 5 6 7
Sempre confusa e difícil de encontrar
Sempre completamente clara e fácil de
encontrar
23. Você acha que sempre existirão pessoas com quem você poderá contar no futuro? 1 2 3 4 5 6 7
Você está certo de que
essas pessoas existirão
Você duvida que essas pessoas existirão
26. Quando alguma coisa acontece a você, em geral você acha que:
1 2 3 4 5 6 7 Você deu muita
ou pouca importância para o que aconteceu
Você viu as coisas na
medida certa
4.3.5 – Pré-teste da versão adaptada do QSCA: a versão VPC4 resultante das mudanças
decorrentes da análise semântica foi submetida à etapa de pré-teste com os demais
instrumentos de coleta dos dados: roteiro de caracterização sócio-demográfica e clínica, a
55
Escala de Auto-estima de Rosenberg[120] em sua versão traduzida para o português[121] e o
Índice de Depressão de Beck[122] em sua versão para o português[123].
O pré-teste foi realizado com dez pacientes internados. Como não houve nenhum
problema com o preenchimento e compreensão da versão VPC4 do QSCA e dos demais
instrumentos de coleta, nós denominamos a VPC4 de versão português final (VPF)(Anexo 11)
e incluímos esses pacientes na amostra do estudo. Com a conclusão do processo de adaptação
cultural da versão em português do QSCA, passamos então à análise das propriedades
psicométricas da versão adaptada.
4.4 – Análise das propriedades psicométricas da versão adaptada para o português do
QSCA.
4.4.1 – Análise da validade
4.4.1.1 – Validade aparente e de conteúdo
A validade aparente ou de face e a validade relacionada ao conteúdo do QSCA foram
verificadas pelo consenso obtido entre os profissionais que participaram do comitê de juízes
quanto à verificação do instrumento estar medindo o que se propõe medir (validade de face) e
a relevância de cada item/domínio no construto estudado (validade de conteúdo).
4.4.1.2 – Validade de constructo
A validade de construto foi verificada por três métodos: comparação entre grupos distintos,
análise fatorial e correlação da medida obtida pelo QSCA com medidas de instrumentos que
avaliam constructos correlacionados ao senso de coerência (validade convergente).
56
4.4.1.2.1 – Comparação entre grupos distintos
Com base na revisão dos estudos de adaptação do referido instrumento e nas considerações
teóricas feitas por Antonovsky sobre o constructo senso de coerência, optamos por avaliar a medida
obtida pela versão adaptada do QSCA considerando-se o sexo, a idade, o nível sócio-econômico
(avaliado pela escolaridade e renda mensal) e o estado de saúde dos participantes (avaliada pelo
número de doenças associadas à cardiopatia).
Assim, estabelecemos as seguintes hipóteses a serem testadas:
- quanto ao sexo dos participantes: Não há diferenças entre homens e mulheres nas medidas obtidas
pelo QSCA;
- quanto à idade: Não há correlação entre a idade dos participantes e a medida do QSCA.
- quanto à situação sócio-econômica: Há correlação direta entre a medida de SC e os anos de estudo
e a renda dos participantes.
- quanto ao estado de saúde: Há correlação indireta (ou inversa) entre a medida de SC e o número de
comorbidades apresentadas pelos participantes.
4.4.1.2.2 – Análise fatorial
Embora o valor do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky seja uma
medida classificada como variável discreta, a análise fatorial tem sido utilizada por vários
autores para confirmar a existência de um único componente no instrumento (conforme
apresentado por Antonovsky)[1]. Portanto, decidimos realizá-la para comparar os resultados
obtidos com a versão adaptada para o português com os resultados de outros estudos.
4.4.1.2.3 – Validade de constructo convergente
Para testarmos a validade de constructo convergente da versão adaptada do
questionário de senso de coerência optamos pela associação da medida de SC com as de auto-
estima e de depressão.
57
Auto-estima tem sido considerada como um fator que influencia nas mudanças de
comportamentos após eventos cardíacos. Um indivíduo com baixa auto-eficácia e auto-
estima, provavelmente, tem uma menor expectativa com relação ao seu desempenho em
promover e manter as mudanças necessárias para sua recuperação[124]. Nossa escolha se
justifica uma vez que alguns estudos têm mostrado correlações positivas entre os constructos:
senso de coerência e auto-estima; enquanto a presença de sintomas depressivos após eventos
cardíacos tem mostrado efeitos negativos sobre a mudança e manutenção de comportamentos
saudáveis durante a reabilitação e sobre a adesão ao tratamento proposto após a doença[6, 26,
125].
Dessa forma, para confirmar a validade de constructo do QSCA, correlacionamos o
total da sua medida, respectivamente, com as medidas de depressão e de auto-estima. Como
QSCA é positivamente ordenado, ou seja, maiores valores indicam maior senso de coerência
que se traduz pela melhor capacidade de se lidar com o estresse, estabelecemos as seguintes
hipóteses, com relação à direção das correlações:
1- Há correlação convergente (positiva) entre a medida total do QSCA e a medida de auto-
estima obtida pela Escala de Auto-estima de Rosenberg (positivamente ordenada).
2- Há correlação divergente (negativa) entre a medida total do QSCA e a medida de depressão
obtida pelo Inventário de Depressão de Beck (negativamente ordenada).
3 - Com relação à força/magnitude de correlação entre o QSCA e as medidas de auto-estima e
depressão podemos encontrar correlações de grau moderado a alta.
4.4.2 – Análise da confiabilidade
A análise da confiabilidade da versão adaptada do QSCA foi feita através da medida
de consistência interna dos itens do instrumento, calculada pelo coeficiente Alfa de Crobanch.
58
Ele é o indicador mais freqüentemente utilizado na análise da consistência interna de
instrumentos, pois reflete o grau de covariância dos itens entre si.
4.5 – Proteção dos participantes do estudo
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital das Clínicas de Ribeirão
Preto da Faculdade de Medicina da Universidade de São de acordo com o processo HCRP nº
10091/2002 (Anexo 12).
Os participantes foram convidados a participar do estudo, sendo assegurada a
privacidade e a não identificação dos mesmos, antes do preenchimento dos questionários.
As informações obtidas foram registradas de modo a não permitir identificar os
participantes, tendo os instrumentos de coleta apenas um número de controle do
pesquisador. Os objetivos do estudo foram apresentados aos sujeitos pela pesquisadora do
estudo e com a leitura do termo de esclarecimento ao sujeito da pesquisa (Anexo 13).
Após a concordância dos participantes, o referido documento era assinado pelo sujeito e
pela pesquisadora, conforme regulamenta os dispositivos da Resolução 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde[126].
4.6 - Local e população do estudo
O estudo foi realizado no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto da Universidade de
São Paulo, junto à Divisão de Cardiologia. A população deste estudo foi formada por
indivíduos com diagnóstico de cardiopatias e internados nas enfermarias da especialidade de
Cardiologia, para fins diagnósticos ou terapêuticos.
A amostra representativa desta população foi formada por aqueles pacientes que
atenderam aos seguintes critérios de inclusão: ser adulto (acima de 21 anos), ter
diagnóstico de doença cardíaca comprovado por exames clínicos, laboratoriais e
59
radiológicos, não ser portador de doenças psiquiátricas, tais como demência, depressão ou
esquizofrenia; concordar em participar do estudo. Os potenciais participantes foram
recrutados nas enfermarias da disciplina de cardiologia, localizadas nos quinto e sexto
andares do referido hospital.
4.7 – Coleta dos dados
Os dados foram coletados pela pesquisadora e por três enfermeiras (alunas de pós-
graduação e bolsista CNPq), tendo sido feito um treinamento prévio para padronizar o
processo de coleta dos dados.
O período de coleta foi de 24 meses, entre março de 2005 e fevereiro de 2007.
Nesse período, foram internados 591 pacientes nas enfermarias de Cardiologia do HCRP-
USP sendo que 271 (45,8%) foram convidados a participarem do estudo. Dos 271 sujeitos
abordados pelas pesquisadoras, 68 (25%) não foram incluídos na amostra final por não
terem condições físicas, mentais ou cognitivas (déficit visual ou auditivo, déficit
cognitivo, estado emocional alterado, idade avançada, dispnéia, isolamento, não falar
português)(57; 83,8%) ou por terem se recusado a participar (os motivos alegados foram:
já terem sido abordados por pesquisadores de outros estudos ou falta de
motivação/interesse para participar)(11; 16,2%). Ao final do período obtivemos uma
amostra representativa da população de pacientes internados nas enfermarias de
cardiologia do HCFMRP, contendo 203 sujeitos.
Com relação à forma de coleta dos dados, 183 (90,1%) participantes preferiram que as
pesquisadoras fizessem a coleta na forma de entrevista, ou seja, apenas 20 preencheram
sozinhos os instrumentos de coleta. O tempo médio para o preenchimento dos instrumentos
foi de 29 (D.P.=8) minutos (intervalo de 15 a 60).
60
4.7.1 – Instrumentos de medidas
Foram coletados dados para a caracterização sócio-demográfica e clínica dos sujeitos,
por meio de entrevista e da consulta ao prontuário do sujeito. Além desses dados foram
aplicados três instrumentos: a versão adaptada do QSCA, a Escala de Auto-estima de
Rosenberg e o Inventário de Depressão de Beck.
4.7.1.1 – Instrumento para caracterização sócio-demográfica e clínica
Para a caracterização sócio-demográfica foram coletadas as seguintes informações:
data de nascimento e data da entrevista (para o cálculo da idade dos sujeitos, em anos); sexo;
escolaridade (anos de estudo formal). Esse dado foi, posteriormente, agrupado segundo os
graus de escolaridade existentes em nosso país), renda familiar mensal (em reais, com os
valores sendo, posteriormente, agrupados em três categorias: menor que um mil reais, entre
um e dois mil e acima de dois mil), situação conjugal (casado, viúvo, separado ou solteiro) e
situação profissional (desempenho de atividades remuneradas ou não). As informações
relacionadas à escolaridade, situação conjugal, renda e atividade profissional foram obtidas
diretamente do participante (Anexo 14).
Para a caracterização clínica coletamos dos prontuários dos participantes as seguintes
informações: data da internação (que com a data da entrevista permitiu o cálculo do tempo de
internação, em dias), número de internações hospitalares nos últimos doze meses
(posteriormente, agrupados em quatro categorias: nenhuma, uma ou duas, três ou quatro,
cinco ou mais internações), diagnóstico da cardiopatia na internação, número de doenças
associadas à cardiopatia (posteriormente agrupados em quatro categorias: nenhuma, uma ou
duas, três ou quatro, cinco ou mais doenças), presença de hipertensão arterial, diabetes
mellitus, obesidade, insuficiência renal e dislipidemias (sim ou não) e uso de drogas
psicotrópicas (sim ou não). (Anexo 14).
61
4.7.1.2 – Instrumento para avaliação da auto-estima
A auto-estima foi avaliada pela escala proposta por Rosenberg (1965) em sua versão
adaptada para o português por Dini (2001)(Anexo 15). A Escala de Auto-estima de Rosenberg
contém 10 itens respondidos em uma escala de quatro pontos (1 = concordo fortemente, 2 =
concordo, 3 = discordo, 4 = discordo fortemente), sendo cinco itens com pontuações reversas.
A medida de auto-estima é obtida pela soma dos valores das respostas aos itens da escala,
após a recodificação dos cinco itens reversos. O intervalo possível varia de 10 a 40, com
maiores valores indicando elevada auto-estima.
A versão adaptada para o português tem se mostrado confiável com valores de alfa de
Cronbach variando entre 0,79 (em estudo realizado com pacientes cardíacos brasileiros)[127]
e 0,82 (em estudo com pacientes brasileiros que sofreram queimadura)[91].
4.7.1.3 – Instrumento para avaliação da depressão
A variável depressão foi medida pelo Inventário de Depressão de Beck[122] em sua
versão traduzida para o português[123](Anexo 16). O instrumento consiste de 21 grupos de
afirmações, sendo que cada um deles é composto por quatro alternativas incluindo sintomas e
atitudes, cuja intensidade varia de zero a três. Os itens referem-se à tristeza, pessimismo,
sensação de fracasso, falta de satisfação, sensação de culpa, sensação de punição, auto-
depreciação, auto-acusações, idéias suicidas, crises de choro, irritabilidade, retração social,
indecisão, distorção da imagem corporal, inibição para o trabalho, distúrbio de sono, fadiga,
perda do apetite, perda de peso, preocupação somática e diminuição da libido[123].
Em nosso estudo optamos por usar o valor obtido pela soma das respostas, sem
agrupar os sujeitos segundo a classificação para o grau de depressão. O intervalo possível
varia de zero a 63, quanto maior o escore maior o grau de depressão, sendo que, de acordo
62
com a pontuação. Quando o sujeito escolhia mais de uma opção, foi considerada a afirmação
com maior valor, conforme orientação do autor da versão original.
4.8 – Processamento e análise dos dados
Os dados foram processados e analisados pelo Programa de software Statistical
Package for Social Science (SPSS) versão 15.0. Todas as variáveis sofreram análises
descritivas sendo que as variáveis categóricas foram submetidas à análise de freqüência
simples enquanto as contínuas foram analisadas segundo as medidas de tendência central
(média e mediana) e dispersão (desvio-padrão).
Para a avaliação da validade de constructo convergente da versão adaptada pra o
português do QSCA foram realizados testes de correlação de Pearson entre as medidas do
senso de coerência e auto-estima e senso de coerência e depressão. Esse teste também foi
usado para constatar associação entre a medida de senso de coerência e a idade dos
participantes. Para variáveis categóricas, foram realizados dois testes para comparar possíveis
diferenças nas medidas de senso de coerência obtidas pela versão adaptada da QSCA entre as
categorias: teste t para grupos distintos com duas categorias (sexo e idade) e análise de
variância e comparação múltiplas (ANOVA) para grupos com mais de duas categorias
(escolaridade, renda familiar mensal e número de doenças associadas). Também foram
elaborados gráficos tipo boxplots para apresentação da distribuição da medida entre as
categorias e gráficos de dispersão para mostrar as correlações entre as variáveis.
Ainda para a avaliação relacionada ao constructo, nós realizamos a análise de
componentes principais com o objetivo de avaliar se os itens se agrupavam em um ou em três
componentes, os quais compõem o referido instrumento em sua versão original. Usamos
rotação Varimax, extraímos os três primeiros componentes e checamos se os coeficientes
63
mais altos em cada um dos componentes correspondiam aos itens dos domínios definidos por
Antonovsky (compreensão, manejo e significado).
No que se refere à análise da confiabilidade da versão adaptada do QSCA, no que se
refere à consistência interna de seus itens, calculamos o alfa de Cronbach para o as suas
subescalas. A confiabilidade das medidas de auto-estima e depressão também foi avaliada.
O nível de significância adotado para os testes de hipóteses do estudo foi de 0,05.
64
5 - RESULTADOS
5.1 – Resultados relacionados à caracterização sócio-demográfica e clínica dos
participantes
Entre os 203 sujeitos que participaram do estudo, 112 (55,2%) eram do sexo
masculino, a maioria casados (135; 66,5%) e com idade média de 54 anos (intervalo de 21 a
79,6). A maioria possuía um tempo médio de estudo formal de cinco anos, ou seja, não havia
completado o primeiro grau de escolaridade (123; 60,6%). No que se refere à renda familiar,
180 (88,7%) relataram tal informação e 23 (11,3%) não quiseram ou souberam informar a
renda da família. Destes 180 sujeitos, 108 (60,0%) tinham renda familiar menor que 1000
reais, 50 (27,8%) com renda entre 1000 e 2000 reais e os 22 (12,2%) restantes acima de 2000
reais.
Com relação aos dados clínicos, o tempo de internação foi calculado entre a data da
internação e a data da entrevista, sendo que alguns pacientes foram entrevistados no dia da
internação o que justifica o valor zero no intervalo obtido. A doença arterial coronariana, seja
ela manifestada por angina ou pela ocorrência do infarto, foi o motivo de internação para
44,5% da amostra, ficando em segundo lugar a insuficiência cardíaca (22,4%). Entre os
pacientes entrevistados constatamos a presença de outras condições crônicas de saúde como a
hipertensão arterial (67%), dislipidemias (36,9%) e diabetes (25,6%).
O uso de psicotrópicos foi investigado por estarmos avaliando a percepção dos
pacientes quanto às variáveis: coping (senso de coerência), auto-estima e depressão, o que
pode ser comprometido pelo uso de medicamentos como antidepressivos e ansiolíticos.
Dentre os entrevistados, 40 (19,7%) faziam uso desses medicamentos, sendo que 30
utilizavam os medicamentos diariamente. Desses 40 pacientes, 20 usavam somente drogas
para controle da ansiedade, oito medicamentos antidepressivos e três deles faziam uso de
65
anticonvulsivantes. Entre os nove restantes, quatro usavam essas drogas de forma associada e
cinco não souberam referir o nome dos medicamentos.
A caracterização sócio-demográfica dos 203 participantes encontra-se na Tabela 1 e a
caracterização clínica na Tabela 2.
Tabela 1: Estatística descritiva das variáveis sócio-demográficas dos participantes do estudo.
Ribeirão Preto, 2005-2007
Variável (N=203) % (N) Mediana (Range) Média (DP) Sexo Masculino Feminino
55,2 (112) 44,8 (91)
Estado Civil Casados Viúvos Separados Solteiros
66,5 (135) 11,8 (24) 11,3 (23) 10,3 (21)
Idade (anos) 55,6 (21-79,6) 54,4 (13) Anos de estudo* 4 (0 - 19) 5,3 (3,9) Grau de escolaridade* analfabeto 1° grau incompleto 1° grau completo 2° grau incompleto 2° grau completo superior incompleto superior completo
9,4 (19) 60,9 (123) 11,4 (23) 2,5 (5) 10,4 (21) 2,5 (5) 3,0 (6)
Renda familiar mensal (em reais)** Menor que 1000 Entre 1000 e 2000 Maior que 2000
60,0 (108) 27,8 (50) 12,2 (22)
750 (0 – 6400) 1106,4 (1079,4)
Situação profissional* Sem atividades remuneradas Com atividades remuneradas
64,9 (131) 35,1 (71)
*Cálculo sobre n=202 ** Cálculo sobre n=180 (os 23 restantes não souberam ou quiseram responder esta informação)
66
Tabela 2: Estatística descritiva das variáveis clínicas dos participantes do estudo. Ribeirão
Preto, 2005 – 2007
Variável (N=203) % (N) Mediana (Intervalo)
Média (D.P.)
Tempo de internação (em dias) 4 (0 – 32) 5,9 (5,75) Internações (últimos 12 meses)* Nenhuma 1 a 2 3 a 4 5 ou mais
60,1 (122) 33,0 (67) 3,0 (6) 1,5 (3)
0 (0 – 6) 0,6 (1)
Diagnóstico na internação** Doença arterial Coronariana Insuficiência cardíaca Outras cardiopatias Valvulopatias Arritmias
44,5 (87) 22,4 (44) 21,9 (43) 5,6 (11) 5,6 (11)
Número de comorbidades 2 (0 – 6) 1,7 (1,4) Nenhuma 19,7 (40) 1 – 2 54,2 (110) 3 – 4 21,7 (44) 5 ou mais 4,4 (9) Presença de Hipertensão arterial 67,0 (136) Dislipidemias 36,9 (75) Diabetes mellitus 25,6 (52) Obesidade 12,3 (25) Insuficiência renal 4,4 (9) Uso de psicotrópicos Não 80,3 (163) Sim 19,7 (40) *Cálculo sobre n=198 **Cálculo sobre n=196 (sete participantes não tinham diagnóstico cardíaco definido no prontuário médico no momento da coleta)
5.2 – Resultados relacionados à análise descritiva da versão adaptada do QSCA (total e
de seus componentes) e confiabilidade da medida.
Antes de apresentarmos os resultados decidimos testar a presença de duas variáveis
que poderiam ser consideradas como variáveis de confusão, comprometendo a validade e
confiabilidade dos nossos resultados. Uma das variáveis era o preenchimento dos
instrumentos de coleta dos dados por pessoas distintas, no caso o próprio participantes ou uma
67
das pesquisadoras. Isso poderia estar relacionado ao conceito de desejabilidade social. Alguns
autores têm salientado que, quando os dados são coletados por entrevista, pode haver uma
tendência, ainda que inconsciente por parte dos participantes de fornecerem as respostas que
são consideradas socialmente mais adequadas ou que resposta que poderiam agradar o
entrevistador.
Em nosso estudo, tivemos as respostas obtidas, em sua grande maioria por meio de
entrevista, sendo que apenas 20 sujeitos (9,9%) responderam sozinhos os instrumentos de
coleta dos dados. Através da observação das médias obtidas pela versão adaptada do QSCA
nos dois grupos, não encontramos diferenças estatisticamente significantes (p = 0,367). A
distribuição dos valores do senso de coerência entre os grupos podem ser observadas na
Figura 2, apresentada a seguir.
pesquisadorparticipante
SOC
tota
l
200
180
160
140
120
100
80
60196
Figura 2: Boxplots dos grupos relacionados ao preenchimento dos instrumentos de coleta
(participante e pesquisador), segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão
adaptada do QSCA
Outra variável de confusão seria o uso de drogas psicoterápicas por alguns sujeitos, o
que poderia influenciaria as respostas uma vez que tais medicamentos interferem na
68
percepção dos sujeitos e no estado emocional. Como já apresentado anteriormente, 40
(19,7%) participantes faziam uso destes medicamentos, sendo que 30 utilizavam os
medicamentos diariamente. Ao compararmos as médias obtidas na medida do senso de
coerência nos dois grupos (sem uso e com uso), não encontramos diferença estatisticamente
significante (p = 0,227). A distribuição dos valores do senso de coerência entre os grupos
podem ser observadas na figura 3, apresentada a seguir:
simnão
SOC
tota
l
200
180
160
140
120
100
80
60196
Figura 3: Boxplots dos grupos relacionados ao uso de psicotrópicos (sim e não), segundo a
medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA
Diante desses resultados, consideramos que essas duas variáveis não determinaram
diferenças nas medidas do SC obtidos entre os grupos.
Optamos por apresentar os resultados relacionados ao instrumento adaptado com seus
29 itens e a análise descritiva do QSCA, total e de seus componentes, conjuntamente com os
resultados relacionados à consistência interna dos itens em ambas as versões (total e
subescalas), o que inverte a ordem apresentada anteriormente no objetivo e na metodologia
visando facilitar a apresentação dos resultados.
69
Com relação à análise descritiva da versão adaptada do QSCA, é importante ressaltar
que ela pode ser feita de duas maneiras: pela soma total das respostas obtidas para os seus 29
itens (intervalo possível de 29 a 203) ou pela média dos itens (intervalo de um a sete), após a
inversão dos itens com valores contrários. Os resultados da estatística descritiva do total e de
cada um dos 29 itens do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky estão
apresentados na Tabela 3.
Com relação ao valor do total do QSCA constatamos uma mediana de 146,5 que é
maior do que a mediana do intervalo possível entre 29 e 203, que é 116. No geral, não se
observa grande diferença entre os valores da mediana e da média para o total da medida de
SC. A mesma constatação pode ser feita para as médias de respostas dos itens
individualmente. Ao analisarmos as respostas dadas aos itens do instrumento, observamos que
elas variaram dentro do intervalo possível de um a sete. Quanto à mediana dos itens, temos
que o valor a ser obtido neste intervalo seria de quatro, no entanto, as medianas variaram em
seus valores tendo itens cuja mediana foi o valor um (item 10) e itens cuja mediana foi sete
(itens 1, 2, 4, 7, 8, 11, 13, 14, 16, 18, 20, 22, 23, 27 e 28). As médias dos itens variaram de 2,7
a 6,4. Esses resultados podem ser explicados pela distribuição das freqüências das respostas
aos itens.
70
Tabela 3: Estatística descritiva do Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky
(QSCA), total e de cada um dos 29 itens para a amostra estudada. Ribeirão Preto, 2005-2007
QSCA Intervalo
obtido Mediana Média Desvio-
padrão
Total dos 29 itens* 59 – 190 146,5 143,2 24,9
Média dos 29 itens 2,0 – 6,5 5,0 4,9 0,8
Item 1 1 – 7 7,0 5,3 2,2
Item 2 1 – 7 7,0 5,0 2,4
Item 3** 1 – 7 4,0 3,9 2,5
Item 4 1 – 7 7,0 5,6 2,1
Item 5 1 – 7 3,0 3,0 2,1
Item 6 1 – 7 3,0 3,7 2,3
Item 7 1 – 7 7,0 4,8 2,6
Item 8 1 – 7 7,0 5,8 2,0
Item 9 1 – 7 6,0 5,0 2,4
Item 10 1 – 7 1,0 2,7 2,4
Item 11 1 – 7 7,0 5,5 1,8
Item 12 1 – 7 5,0 4,4 2,6
Item 13 1 – 7 7,0 6,4 1,5
Item 14 1 – 7 7,0 5,9 2,1
Item 15 1 – 7 5,0 4,3 2,5
Item 16 1 – 7 7,0 6,2 1,6
Item 17 1 – 7 3,0 3,4 2,5
Item 18*** 1 – 7 7,0 5,3 2,3
Item 19 1 – 7 5,0 4,4 2,4
Item 20 1 – 7 7,0 6,0 2,0
Item 21 1 – 7 4,0 4,1 2,6
Item 22 1 – 7 7,0 5,9 1,8
Item 23 1 – 7 7,0 6,0 1,8
Item 24 1 – 7 4,0 3,9 2,5
Item 25 1 – 7 5,0 4,4 2,4
Item 26 1 – 7 6,0 4,6 2,5
Item 27 1 – 7 7,0 6,0 1,7
Item 28 1 – 7 7,0 5,7 2,1
Item 29 1 – 7 6,0 4,7 2,5
*n=200 **n=202 ***n=201
71
Na Tabela 4, podemos visualizar a freqüência das respostas aos itens do QSCA,
considerando a escala de valores de um a sete e também informando a freqüência de não
respostas aos itens. Podemos observar a presença de vários itens cujas freqüências de
respostas excederam aos 50% para os valores extremos, principalmente para o valor sete. No
item 10, 62,1% dos participantes apontaram o valor um da escala de resposta. Entretanto, há
uma grande tendência entre os participantes de pontuarem o valor sete, como ocorreu em 14
dos 29 itens do QSCA (itens 1, 2, 7, 8, 11, 13, 14, 16, 18, 20, 22, 23, 27 e 28). Os itens 13 e
14 foram os que apresentaram freqüências acima de 75% para esse extremo da escala de
resposta, respectivamente, 81,8% e 75,9%.
Com relação aos dados perdidos, tivemos uma freqüência muito pequena de não
respostas entre os participantes: um participante não respondeu item três e dois não
responderam ao item 18.
72
Tabela 4: Distribuição das freqüências de respostas aos itens do QSCA com valores entre um
e sete e os itens não respondidos pelos participantes do estudo. Ribeirão Preto, 2005 – 2007
QSCA Valor 1
(%) Valor 2
(%) Valor 3
(%) Valor 4
(%) Valor 5
(%) Valor 6
(%) Valor 7
(%) Sem
resposta (%)
Item 1 11,8 5,9 5,9 9,9 3,0 4,9 58,6 - Item 2 17,7 4,9 3,0 13,3 4,9 4,4 51,7 - Item 3 32,5 3,9 4,9 17,7 3,9 4,9 31,5 0,5 Item 4 11,8 3,0 3,0 7,9 2,0 5,4 67,0 - Item 5 34,5 14,3 16,3 10,8 7,4 4,4 12,3 - Item 6 25,6 12,3 15,8 9,9 6,4 5,9 24,1 - Item 7 28,1 1,0 2,5 9,4 3,0 2,5 53,7 - Item 8 11,8 2,5 0,5 6,4 3,9 6,4 68,5 - Item 9 19,2 3,0 5,4 7,4 5,9 9,4 49,8 - Item 10 62,1 2,5 3,4 7,9 2,0 1,5 20,7 - Item 11 7,9 0,0 1,5 25,1 5,4 5,9 54,2 - Item 12 30,0 3,0 3,4 9,9 4,4 6,9 42,4 - Item 13 5,9 - - 3,9 2,0 6,4 81,8 - Item 14 11,8 0,5 3,4 5,4 0,5 2,5 75,9 - Item 15 28,1 3,9 4,4 11,8 7,9 9,9 34,0 - Item 16 4,9 1,0 2,0 6,9 3,4 7,4 74,4 - Item 17 44,3 5,4 3,0 14,8 2,0 6,4 24,1 - Item 18 16,7 2,0 3,0 6,9 5,4 6,9 58,1 1,0 Item 19 24,1 6,9 4,9 10,8 6,9 10,3 36,0 - Item 20 11,3 1,0 3,0 2,5 0,5 4,9 76,8 - Item 21 33,0 4,9 5,4 7,4 4,4 7,9 36,9 - Item 22 6,4 1,5 2,0 13,3 4,4 6,9 65,5 - Item 23 7,4 2,5 0,5 8,9 2,0 4,9 73,9 - Item 24 32,5 5,4 6,9 16,7 2,5 5,4 30,5 - Item 25 23,6 3,9 8,4 12,3 4,9 10,3 36,5 - Item 26 26,6 3,4 3,0 13,3 3,0 4,4 46,3 - Item 27 5,9 1,5 2,5 7,9 4,9 7,4 70,0 - Item 28 9,9 5,9 1,0 7,4 2,0 8,9 65,0 - Item 29 22,2 4,4 5,9 10,8 3,9 6,4 46,3 -
Para a análise da confiabilidade do instrumento foi calculado o alfa de Cronbach para
a verificação da consistência interna da versão adaptada do QSCA. Na Tabela 5, estão
apresentados os resultados obtidos relacionados ao valor do alfa de Cronbach do instrumento
como um todo, ou seja, com os 29 itens, os valores do coeficiente de correlação item-total e
os valores do alfa, quando cada um dos itens foi excluído.
73
Tabela 5: Coeficiente de correlação item-total, o valor do alfa do total dos 29 itens do QSC e
os valores de alfa quando cada um dos itens for excluído. Ribeirão Preto, 2005-2007
Itens do QSCA Coeficiente
de correlação Item-total
Alfa de Cronbach, se item for excluído
QSCA total
0,79
Item 1 Quando você conversa com outras pessoas tem a sensação de que elas não te entendem?
0,30 0,78
Item 2 Quando você precisou fazer algo que dependia da colaboração de outros, você teve a sensação de que:
0,25 0,78
Item 3 Pense nas pessoas com quem você tem contato diariamente e das quais não se sente muito próximo, pois não são seus familiares e amigos íntimos. Como você acha que conhece a maioria dessas pessoas?
0,14 0,79
Item 4 Com que freqüência você tem a sensação de que não se importa com o que está se acontecendo ao seu redor:
0,00 0,79
Item 5 Alguma vez já aconteceu de você se surpreender com o comportamento de pessoas que você achava que conhecia bem?
0,24 0,78
Item 6 Já aconteceu das pessoas com quem você contava te decepcionarem?
0,27 0,78
Item 7 A vida é: 0,24 0,78 Item 8 Até agora, sua vida tem sido: 0,27 0,78 Item 9 Com que freqüência você tem a sensação de que está sendo
tratado injustamente? 0,39 0,78
Item 10 Nos últimos dez anos sua vida tem sido: 0,03 0,79 Item 11 A maior parte das coisas que você fará no futuro
provavelmente será: 0,23 0,78
Item 12 Com que freqüência você tem a sensação de que está numa situação desconhecida e não sabe o que fazer?
0,38 0,78
Item 13 Como você vê a vida? 0,37 0,78 Item 14 Quando você pensa na sua vida, freqüentemente você: 0,44 0,77 Item 15 Quando você enfrenta um problema difícil, a escolha de uma
solução é: 0,38 0,78
Item 16 Fazer as coisas que você faz todos os dias é: 0,33 0,78 Item 17 Sua vida no futuro provavelmente será: 0,13 0,79 Item 18 Quando algo desagradável aconteceu, sua tendência foi: 0,33 0,78 Item 19 Com que freqüência você tem sentimentos e idéias bastante
confusas? 0,45 0,77
Item 20 Quando você faz algo que lhe dá uma sensação boa, o que você sente:
0,50 0,77
Item 21 Com que freqüência acontece de você ter sentimentos que você preferiria não sentir?
0,44 0,77
Item 22 Você acha que sua vida pessoal no futuro será 0,37 0,78 Item 23 Você acha que sempre existirão pessoas com quem você
poderá contar no futuro? 0,30 0,78
Item 24 Com que freqüência você tem a sensação de que não sabe exatamente o que está para acontecer?
0,35 0,78
Item 25 Muitas pessoas - mesmo aquelas muito fortes - algumas vezes se sentem como fracassadas em certas situações. Com que freqüência você já se sentiu dessa maneira?
0,40 0,78
74
Tabela 5: Coeficiente de correlação item-total, o valor do alfa do total dos 29 itens do QSC e
os valores de alfa quando cada um dos itens for excluído. Ribeirão Preto, 2005-2007
(continuação)
Itens do QSCA Coeficiente de
correlação Item-total
Alfa de Cronbach, se item for excluído
Item 26 Quando alguma coisa acontece a você, em geral você acha que:
0,17 0,79
Item 27 Quando você pensa nas dificuldades que provavelmente terá que enfrentar em aspectos importantes de sua vida, você tem a sensação de que:
0,32 0,78
Item 28 Com que freqüência você tem a sensação de que há pouco significado nas coisas que faz na sua vida diária?
0,40 0,78
Item 29 Com que freqüência você tem a sensação de que você não consegue manter seu auto-controle?
0,40 0,78
Os resultados obtidos apontam um valor adequado para sua consistência interna da
versão adaptada do QSCA (α = 0,78). Quanto à força de correlação de seus itens com o total
do instrumento, obtivemos valores bem variados, entre 0,00 e 0,50. Ou seja, constatamos
correlações de diferentes graus (de inexistente a moderada) entre cada um dos itens e o
instrumento como um todo.
O constructo SOC é formado por três componentes ou subescalas: o componente
compreensão (comprehensibility), manejo (manageability) e significado
(meaningfulness)(Antonovsky, 1987). O componente compreensão é constituído por 11 itens
(nºs 1, 3, 5, 10, 12, 15, 17, 19, 21, 24 e 26), o componente manejo com 10 itens (nºs 2, 6, 9, 13,
18, 20, 23, 25, 27 e 29) e o componente significado com oito itens (nºs 1, 4, 7, 8, 11, 16, 22 e
28). Os resultados relacionados à estatística descritiva e a consistência interna de seus itens de
cada um dos três componentes do QSCA estão apresentados na Tabela 6.
75
Tabela 6: Estatística descritiva e confiabilidade dos componentes do Questionário de Senso de
Coerência de Antonovsky (QSCA). Ribeirão Preto, 2005 -2007
Componentes do QSCA Alfa de
Cronbach Intervalo
obtido Mediana Média Desvio-
padrão
Compreensão* 0,58 12 - 70 46 44,4 11,7
Média dos 11 itens 1,1 – 6,3 4,2 4,0 1,1
Manejo** 0,63 16 – 70 54 53,0 10,6
Média dos 10 itens 1,6 – 7,0 5,4 5,3 1,0
Significado 0,46 20 - 56 47 45,6 8,0
Média dos 8 itens 5,0 – 7,0 5,8 5,7 1,0
*n=202 **n=201
Os intervalos possíveis para os componentes do QSCA são de 11 a 77 para
compreensão, de 10 a 70 para manejo e de 8 a 56 para significado.
Na amostra estudada obtivemos intervalos com valores muito pertos dos limites dos
possíveis intervalos para os componentes compreensão (entre 12 e 70) e manejo (16 e 70).
Apenas no componente significado o menor valor obtido no intervalo apresentou maior
diferença (20-8=12), mostrando melhor avaliação do grupo nesse componente ou uma
tendência a escolher valores que não os extremos da escala.
Os alfas de Cronbach obtidos para os três componentes do instrumento foram: 0,46
(significado), 0,58 (compreensão) e 0,63 (manejo). Também nessa avaliação o componente
manejo foi o que apresentou melhor consistência interna entre seus itens, embora com um
valor de alfa inferior a sete, valor considerado como aceitável para um instrumento ser
considerado confiável.
Na Tabela 7, estão apresentados os resultados obtidos relacionados ao valor do alfa de
Cronbach para o componente compreensão do QSCA, os valores do coeficiente de correlação
item-total, os valores do alfa, quando cada um dos itens foi excluído. Entre os 11 itens,
observamos correlações fracas entre cada um dos itens com o valor total da medida do
componente, com valores variando entre 0,08 a 0,36. Assim, o item 12 “Com que freqüência
76
você tem a sensação de que está numa situação desconhecida e não sabe o que fazer?” foi
aquele que apresentou a correlação mais forte (r = 0,36) com o total da medida do
componente no qual está inserido. O valor do alfa para o total dos itens do componente foi de
0,56 e a exclusão de cada um dos 11 itens que o compõem, mostrou variações pequenas nesse
valor (de 0,50 a 0,57).
Tabela 7: Coeficiente de correlação item-total, o valor do alfa do total dos 11 itens do
componente compreensão do QSC e os valores de alfa quando cada um dos itens for excluído.
Ribeirão Preto, 2005-2007
Itens do componente compreensão do QSCA Coeficiente de correlação Item-total
Alfa de Cronbach, se item for excluído
Total 0,56 Item 1 Quando você conversa com outras pessoas tem a
sensação de que elas não te entendem? 0,29 0,52
Item 3 Pense nas pessoas com quem você tem contato diariamente e das quais não se sente muito próximo, pois não são seus familiares e amigos íntimos. Como você acha que conhece a maioria dessas pessoas?
0,15 0,56
Item 5 Alguma vez já aconteceu de você se surpreender com o comportamento de pessoas que você achava que conhecia bem?
0,20 0,54
Item 10 Nos últimos dez anos sua vida tem sido: 0,08 0,57 Item 12 Com que freqüência você tem a sensação de que está
numa situação desconhecida e não sabe o que fazer? 0,36 0,50
Item 15 Quando você enfrenta um problema difícil, a escolha de uma solução é:
0,19 0,55
Item 17 Sua vida no futuro provavelmente será: 0,19 0,55 Item 19 Com que freqüência você tem sentimentos e idéias
bastante confusas? 0,35 0,51
Item 21 Com que freqüência acontece de você ter sentimentos que você preferiria não sentir?
0,35 0,51
Item 24 Com que freqüência você tem a sensação de que não sabe exatamente o que está para acontecer?
0,35 0,51
Item 26 Quando alguma coisa acontece a você, em geral você acha que:
0,08 0,57
Na Tabela 8, estão apresentados os resultados relacionados ao componente manejo:
alfa de Cronbach para o componente, os valores do coeficiente de correlação item-total, os
valores do alfa, quando cada um dos itens foi excluído. Entre os dez itens, também
77
constatamos correlações item-total de fraca intensidade, com valores entre 0,23 a 0,40. O
valor do alfa para o total dos itens do componente foi de 0,64. A exclusão de cada um dos 10
itens que compõem o esse componente mostrou variações pequenas nesse valor (de 0,59 a
0,63).
Tabela 8: Coeficiente de correlação item-total, o valor do alfa do total dos 10 itens do
componente manejo do QSC e os valores de alfa quando cada um dos itens for excluído.
Ribeirão Preto, 2006
Itens do componente manejo do QSCA Coeficiente de correlação
Item-total
Alfa de Cronbach, se item for excluído
Total 0,64 Item 2 Quando você precisou fazer algo que dependia da
colaboração de outros, você teve a sensação de que: 0,25 0,63
Item 6 Já aconteceu das pessoas com quem você contava te decepcionarem?
0,25 0,63
Item 9 Com que freqüência você tem a sensação de que está sendo tratado injustamente?
0,33 0,61
Item 13 Como você vê a vida? 0,38 0,61 Item 18 Quando algo desagradável aconteceu, sua tendência foi: 0,26 0,62 Item 20 Quando você faz algo que lhe dá uma sensação boa, o
que você sente: 0,40 0,59
Item 23 Você acha que sempre existirão pessoas com quem você poderá contar no futuro?
0,23 0,63
Item 25 Muitas pessoas - mesmo aquelas muito fortes - algumas vezes se sentem como fracassadas em certas situações. Com que freqüência você já se sentiu dessa maneira?
0,38 0,60
Item 27 Quando você pensa nas dificuldades que provavelmente terá que enfrentar em aspectos importantes de sua vida, você tem a sensação de que:
0,29 0,62
Item 29 Com que freqüência você tem a sensação de que você não consegue manter seu auto-controle?
0,32 0,61
Na Tabela 9, apresentamos os resultados relacionados ao componente significado do
QSCA. Esse componente é formado por apenas oito itens e, mesmo assim, ele apresentou um
valor de alfa semelhante ao componente com maior número de itens, que é o componente
compreensão, respectivamente, alfas de 0,54 e 0,56. As correlações de cada um dos itens com
78
o total da medida do componente significado tiveram valores entre 0,05 e 0,36. O valor do
alfa para o total dos itens do componente mostrou variações pequenas (entre 0,46 e 0,57).
Tabela 9: Coeficiente de correlação item-total, o valor do alfa do total dos oito itens do
componente significado do QSC e os valores de alfa quando cada um dos itens for excluído.
Ribeirão Preto, 2005-2007
Itens do componente significado do QSCA Coeficiente
de correlação Item-total
Alfa de Cronbach, se
item for excluído
Total 0,54 Item 4 Com que freqüência você tem a sensação de que não se
importa com o que está se acontecendo ao seu redor: 0,05 0,57
Item 7 A vida é: 0,19 0,57 Item 8 Até agora, sua vida tem sido: 0,25 0,50 Item 11 A maior parte das coisas que você fará no futuro
provavelmente será: 0,26 0,50
Item 14 Quando você pensa na sua vida, freqüentemente você: 0,36 0,46 Item 16 Fazer as coisas que você faz todos os dias é: 0,34 0,48 Item 22 Você acha que sua vida pessoal no futuro será 0,34 0,48 Item 28 Com que freqüência você tem a sensação de que há
pouco significado nas coisas que faz na sua vida diária? 0,32 0,48
Para avaliarmos as correlações existentes entre os componentes do QSCA e cada um
deles com o total do instrumento, foram calculados os coeficientes de correlação de Pearson
(Tabela 10).
Tabela 10. Correlações entre os componentes do QSCA e o total do instrumento na amostra
estudada. Ribeirão Preto, 2005 - 2007
Medidas QSCA total Compreensão Manejo Significado
QSCA total 1 0,84* 0,88* 0,74*
Compreensão 1 0,60* 0,38*
Manejo 1 0,56*
Significado 1
* nível de significância de 0,01.
79
Constatamos correlações fortes entre os componentes compreensão, significado e
manejo como o valor total da medida de senso de coerência. Tal força diminui um pouco
quando observamos os valores obtidos nas correlações dos componentes entre si, sendo a
maior correlação entre compreensão e manejo (r = 0,60) e a menor entre compreensão e
significado (r = 0,38).
5.3 – Resultados relacionados à análise da validade de constructo da versão adaptada do
QSCA.
5.3.1 – Resultados obtidos pela comparação entre grupos distintos
Os resultados obtidos foram analisados visando testar as seguintes hipóteses formuladas:
1) Não há diferenças nas medidas obtidas pelo QSCA entre homens e mulheres;
2) Não há correlação entre a idade dos participantes e a medida do QSCA;
3) Há correlação direta entre a medida de SC e os anos de estudo dos sujeitos entrevistados;
4) Há correlação entre a medida do SC e a renda dos sujeitos;
5) Há correlação indireta (ou inversa) entre a medida de SC e o estado de saúde dos participantes
(avaliado pelo número de comorbidades).
Os resultados obtidos com a comparação das médias entre os grupos estão apresentados na
Tabela 11, considerando que os valores de p são provenientes do teste t para sexo e idade e do teste
ANOVA para escolaridade, renda familiar e número de doenças.
80
Tabela 11: Médias dos valores total do QSCA, segundo grupos distintos. Ribeirão Preto,
2005-2007
Grupo N Média (D.P.) p Sexo
Masculino 112 146,9 (21,3) Feminino 91 138,7 (28,3)
Idade (anos) 0,053 Menor do que 30 130,7 (19,6) 30 ou mais 143,7 (25,2)
Escolaridade* 0,175 Analfabeto/primário incompleto 142 141,3 (26,2) Primário completo/secundário incomplete
28 146,8 (22,8)
Secundário completo ou nível superior 32 153,6 (12,7) Renda Familiar (em reais)** 0,000
até 1000 108 138,0 (26,5) Entre 1000 e 2000 50 151,2 (22,1)
Acima de 2000 22 156,0 (14,5) Número de comorbidades 0,402
Nenhuma 40 141,2 (24,6) 1 ou 2 110 141,8 (23,9) 3 ou 4 44 149,0 (28,1) 5 ou mais 9 142,4 (24,1)
* n=202 **n=180
Com relação ao sexo dos sujeitos, não constatamos diferenças entre as médias apresentadas
pelos participantes do sexo masculino (M = 146,98; D.P. = 21,29) e feminino (M = 138,69;
D.P. = 28,34). A Figura 4 apresenta a distribuição das medidas do QSCA para os dois grupos.
81
femininomasculino
SOC
tota
l
200
180
160
140
120
100
80
60
Figura 4: Boxplots dos grupos relacionados ao sexo dos participantes (masculino e feminino),
segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA
A idade também tem sido estudada para confirmar se há ou não diferenças no SC após
o seu completo estabelecimento, o que segundo Antonovsky, ocorreria após os 30 anos.
Assim optamos por testar nossa hipótese inicial, considerando como ponto de corte a idade de 30
anos. Fizemos dois testes para observar a relação entre idade e a medida de senso de
coerência: o teste de correlação de Pearson e o teste t para a comparação das médias dos dois
grupos (menores que 30 anos e com 30 anos ou mais). No primeiro, constatamos correlação
fraca, embora estatisticamente significante (r = 0,175; p = 0,013). A associação entre as
medidas pode ser avaliada graficamente na Figura 5.
82
idade80,0070,0060,0050,0040,0030,0020,00
SOC
tota
l
200
180
160
140
120
100
80
60
R Sq Linear = 0,031
Figura 5: Diagrama de dispersão dos valores do QSCA (senso de coerência total) e da idade
entre os participantes
O teste de comparação entre as médias SC resultou em um valor de p = 0,053, ou seja,
podemos dizer que há uma tendência entre os grupos de serem diferentes quanto à medida de SC.
A distribuição gráfica das medidas pode ser conferida na Figura 6.
83
idade em dois grupos30 ou mais anosmenor que 30 anos
SOC
tota
l
200
180
160
140
120
100
80
60167
Figura 6: Boxplots dos grupos relacionados à idade dos participantes, segundo a medida do
senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA
Para avaliar a situação sócio-econômica usamos duas variáveis: escolaridade e renda
familiar mensal. No que se refere à escolaridade dos participantes, o grupo se caracterizou, de
forma geral, por ser composto por indivíduos de baixa escolaridade, com um tempo médio de
estudo formal de cinco anos, ou seja, não havia completado o primeiro grau de escolaridade
(123; 60,6%). Agrupando os sujeitos em três categorias, tivemos os seguintes resultados da
medida do QSCA total: analfabeto/primário incompleto (M = 141,34; D.P. = 26,23); primário
completo/secundário incompleto (M = 146,80; D.P. = 22,76) e secundário completo ou maior grau
de escolaridade (M = 153,60; D.P. = 12,74). Não constatamos diferenças estatisticamente
significante entre os grupos (p = 0,175) e a distribuição gráfica das medidas podem ser conferidas na
Figura 7.
84
secundário completo, superior incompleto ou completo
primário completo e secundário incompleto
analfabeto e primário incompleto
SOC
tota
l
200
180
160
140
120
100
80
60
26
Figura 7: Boxplots dos grupos relacionados ao grau de escolaridade dos participantes, segundo
a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do QSCA
Outra variável usada para avaliar o estado sócio-econômico foi a renda dos
participantes. Mais de 50% dos pacientes tinham renda familiar mensal inferior a um mil reais
(108, 60%). Fizemos dois testes para observar a relação entre renda e a medida de senso de
coerência: o teste de correlação de Pearson e o teste de comparação de médias (ANOVA). No
primeiro constatamos correlação fraca, embora estatisticamente significante (r = 0,24;
p = 0,001), o que pode ser graficamente observado na Figura 8.
85
renda familiar em reais6000,004000,002000,000,00
SOC
tota
l
200
180
160
140
120
100
80
60
R Sq Linear = 0,06
Figura 8: Diagrama de dispersão dos valores do QSCA (senso de coerência total) e a renda
mensal dos participantes
Quando agrupamos os participantes em três categorias de renda constatamos os
seguintes valores médios de senso de coerência: 138 (D.P. = 26,47) para os sujeitos com
renda menor que um mil reais; 151,2 (D.P. = 22,1) para os sujeitos com renda entre um e dois mil
reais e 156 (D.P. = 14,55) para aqueles com renda acima de dois mil reais. O teste de comparação
destas médias também mostrou que as diferenças entre os grupos eram estatisticamente significantes
(p = 0,000). A distribuição gráfica das medidas pode ser conferida na Figura 9.
86
renda familiar agrupadaacima de 2000 reaisentre 1000 e 2000 reaisaté mil reais
SOC
tota
l
200
180
160
140
120
100
80
60
Figura 9: Boxplots dos grupos relacionados às faixas de renda familiar mensal os
participantes, segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada do
QSCA
Para testar a última hipótese “Há associação inversa entre a medida de SC e o estado de
saúde dos participantes”, realizamos o teste de comparação das médias entre os sujeitos dos grupos.
O teste de comparação das médias dos quatro grupos criados também não foi estatisticamente
significante (p>0,05). A distribuição gráfica das medidas pode ser conferida na Figura 10.
87
5 ou mais3 ou 41ou 2nenhuma
SOC
tota
l
200
180
160
140
120
100
80
60
131
196
Figura 10: Boxplots dos grupos relacionados ao número de doenças associadas diagnosticadas
nos participantes, segundo a medida do senso de coerência total obtida pela versão adaptada
do QSCA
5.3.2 – Resultados obtidos pela análise fatorial confirmatória
A análise de componentes principais do QSCA foi realizada usando os 29 itens do
instrumento. Em geral, consideramos como componentes mais importantes aqueles com auto-
valores (eigenvalues) igual ou superior a um[128]. Na análise inicial foram encontrados 11
componentes principais com auto-valores maiores do que um, todos explicando muito pouco
da variância, exceto pelo primeiro componente (16% da variância). Atentamos-nos nos três
primeiros componentes, uma vez que há três domínios no instrumento original, os quais
explicaram somente 28% da variância.
Os coeficientes dos itens em cada um dos três fatores que foram obtidos através da
rotação Varimax estão apresentados na Tabela 12. Apresentamos nessa tabela os itens na
ordem em que são inseridos nos domínios compreensão (com maior número de itens, 11),
manejo (10 itens) e significado (8 itens) de acordo com a determinação de Antonovsky. Os
valores dos coeficientes para cada um dos itens nos três domínios estão grifados na cor cinza.
88
Tabela 12: Matrix de rotação Varimax dos componentes principais da versão adaptada do
QSCA
QSCA Componentes
itens 1 2 3 item 1 SOC rev 0,219 0,410 -0,028 Item 3 SOC -0,006 0,402 -0,121 item 5 SOC rev 0,010 0,510 -0,007 Item 10 SOC 0,173 0,060 -0,271 Item 12 SOC 0,357 0,401 -0,011 Item 15 SOC 0,343 0,069 0,395 Item 17 SOC 0,343 -0,000 -0,161 Item 19 SOC 0,612 0,212 0,033 Item 21 SOC 0,538 0,328 -0,004 Item 24 SOC 0,409 0,354 -0,061
Itens do componente Compreensão
Item 26 SOC 0,291 -0,123 0,226 Item 2 SOC 0,227 0,285 0,061 item 6 SOC rev -0,063 0,500 0,192 Item 9 SOC 0,053 0,675 0,118 item 13 SOC rev 0,050 0,455 0,396 Item 18 SOC 0,486 0,044 0,093 item 20 SOC rev 0,410 0,420 0,133 item 23 SOC rev -0,046 0,269 0,590 item 25 SOC rev 0,523 0,155 0,182 item 27 SOC rev 0,371 -0,143 0,507
Itens do componente Manejo
Item 29 SOC 0,560 0,070 0,195 item 4 SOC rev -0,029 -0,180 0,248 item 7 SOC rev 0,142 0,372 0,042 Item 8 SOC 0,214 0,119 0,289 item 11 SOC rev 0,114 -0,055 0,559 item 14 SOC rev 0,160 0,378 0,538 item 16 SOC rev 0,104 0,264 0,410 Item 22 SOC 0,468 -0,026 0,306
Itens do componente Significado
Item 28 SOC 0,383 0,057 0,433
Observamos que os coeficientes dos 29 itens do instrumento não se agruparam
conforme a distribuição proposta por Antonovsky, o que já era esperado, pois segundo o
próprio autor embora os domínios compreensão, manejo e significado sejam bem definidos do
ponto de vista teórico eles se compõem em um único constructo que é o senso de coerência
(Antonovsky, 1987). Em geral, os componentes principais não apresentaram coeficientes
altos para todos os itens que deveriam ser associados ao respectivo domínio. Por exemplo, no
89
primeiro componente principal, muitos dos itens relacionados ao domínio compreensão
tiveram coeficientes maiores que 0,4 e alguns itens apresentaram coeficientes muito baixos.
Ao mesmo tempo, houve itens que não pertenciam ao domínio compreensão que tinham
coeficientes muito altos.
5.3.3 – Resultados obtidos pela correlação entre constructos (validade de constructo
convergente)
Os resultados relacionados às escalas usadas para análise da validade convergente com
as medidas da Escala de Auto-estima de Rosenberg e Índice de Depressão de Beck, estão
apresentados na Tabela 13.
Tabela 13: Estatística descritiva e confiabilidade da Escala de auto-estima de Rosenberg
(EAER) e do Inventário de Depressão de Beck (IDB). Ribeirão Preto, 2005-2007
Escalas Nº de itens
α de Cronbach
Intervalo possível
Intervalo obtido
Mediana Média (DP)
EAER*
10 0,74 10 – 40 21 - 40 34,0 33,1 (4,7)
IDB**
21 0,86 0 – 63 0 – 57 14,0 16,2 (11,2)
*n=199 **n=187
Também nestas duas escalas obtivemos os valores adequados dos alfas de Cronbach,
demonstrando a confiabilidade das medidas complementares a serem utilizadas para testar as
correlações entre as medidas.
Assim, para verificarmos a validade convergente do constructo avaliado pelo
instrumento QSCA em sua versão adaptada para o português, optamos por testar a correlação
entre o senso de coerência com depressão e a auto-estima, dois constructos que tem se
correlacionado com senso de coerência. Inicialmente, havíamos estabelecido as seguintes
hipóteses, com relação à direção das correlações:
90
1- Há correlação convergente (positiva) entre a medida total do QSCA e a medida de auto-
estima da Escala de Auto-estima de Rosenberg (positivamente ordenada).
2- Há correlação divergente (negativa) entre a medida total do QSCA e a medida obtida pelo
Inventário de Depressão de Beck (negativamente ordenada).
3 - Com relação à força/magnitude de correlação entre o QSCA e as medidas de auto-estima e
depressão podemos encontrar correlações de grau moderado a alta.
Os resultados obtidos encontram-se na Tabela 14 e confirmam nossas hipóteses.
Tabela 14. Correlações entre as medida obtidas pelo Questionário de Senso de Coerência de
Antonovsky (QSCA), Escala de Auto-estima de Rosenberg (EAER) e o Inventário de
Depressão de Beck (IDB). Ribeirão Preto, 2005-2007
Medidas QSCA EAER IDB
QSCA 1 0,60* - 0,61*
EAER 1 - 0,66*
IDB 1
* nível de significância de 0,01
Para melhor visualização das correlações apresentaremos os diagramas de dispersão
obtidos com a associação entre as medidas de SC e depressão (Figura 11) e SC e auto-estima
(Figura 12).
91
6050403020100
SOC
tota
l
200
180
160
140
120
100
80
60
R Sq Linear = 0,379
Figura 11: Diagrama de dispersão dos valores do QSCA (senso de coerência total) e de
depressão obtidos entre os participantes
4035302520
SOC
tota
l
200
180
160
140
120
100
80
60
R Sq Linear = 0,368
Figura 12: Diagrama de dispersão dos valores obtidos pelo QSCA (senso de coerência total) e
pela Escala de Auto-estima de Rosenberg entre os participantes
Podemos concluir com esses resultados que, como já havia sido elaborado nas
hipóteses do estudo, há uma correlação direta ou positiva entre as medidas obtidas pelo QSCA
92
e pela Auto-estima de Rosenberg, uma vez que ambas são positivamente ordenadas, ou seja,
maiores valores indicam maior senso de coerência e maior auto-estima. Da mesma forma,
confirmamos nossa hipótese quanto à forte associação entre senso de coerência e depressão.
Encontramos correlação negativa entre as medidas obtidas pelo Inventário de Depressão de
Beck e do QSCA, uma vez que o primeiro instrumento é inversamente ordenado, ou seja,
maiores valores indicam maiores níveis de depressão enquanto no QSCA, positivamente
ordenado, maiores valores indicam maior senso de coerência.
93
6 – DISCUSSÃO
A finalidade de nosso estudo foi realizar a adaptação cultural de um instrumento de
avaliação de coping amplamente usado em estudos internacionais, que é o Questionário de
Senso de Coerência de Antonovsky[1]. A escolha deste instrumento para ser adaptado
culturalmente para ser utilizado em pacientes com condições cardiovasculares foi embasada
no impacto que a teoria proposta por Antonovsky tem obtido nas pesquisas em diferentes
países, sempre buscando constatar a relação entre o constructo senso de coerência e fatores de
risco cardiovasculares[129], incidência de doenças cardiovasculares[69, 130] e aspectos da
reabilitação cardiovascular, tais como a adesão ao tratamento[20].
Senso de coerência tem sido associado à qualidade de vida de pacientes que sobreviveram a
uma parada cardio-respiratória[6], de pacientes com angina[131], insuficiência cardíaca[132],
infarto do miocárdio[133, 134] e após cirurgia de revascularização do miocárdio[25, 26, 30,
135]. Ele também tem sido associado à ansiedade[40-42] e depressão[17, 40, 41, 43-45]
freqüentemente diagnosticadas em pacientes cardíacos.
Com relação ao processo adotado para a adaptação cultural, baseamo-nos na literatura
nacional e internacional para realizar a adaptação cultural do QSCA para ser usado em
pacientes cardíacos, no Brasil, visando manter as propriedades métricas do QSCA. Entretanto,
sabemos que esta versão do instrumento foi testada em um grupo de brasileiros que possuem
uma caracterização sócio-demográfica bem específica, constituindo-se em uma parcela da
população brasileira que faz uso do Sistema Único de Saúde para o tratamento de seus
problemas cardíacos, vivem na região Sudeste do país, embora o hospital onde se desenvolveu
o estudo atenda também pacientes provenientes de algumas cidades da região Centro-Oeste.
Esse é um aspecto importante em se tratando de um país tão extenso como o nosso, com
comportamentos e linguagem bem distinta. Alguns autores ao se referirem a este tipo de
94
situação costumam usar a expressão em inglês cross-cultural enquanto para comparações
entre países, usam a expressão cross-national[136].
Outro aspecto a ser considerado é a complexidade clínica da maioria dos pacientes
atendidos no HCFMRP. Essa instituição por ser um hospital de ensino, costuma atender os
pacientes com condições clínicas mais complexas do que outros hospitais públicos brasileiros.
Tal fato pode ser importante uma vez que estamos interessados em adaptar um instrumento
que avalia um constructo, o senso de coerência, o qual tem sido fortemente relacionado ao
estado de saúde das pessoas.
As etapas do processo de adaptação percorridas foram as mesmas que utilizamos em
estudos realizados sob a nossa orientação[91] ou em parceria com outros pesquisadores[93].
Após a primeira versão traduzida (VPC-1), submetemos o instrumento para apreciação de um
Comitê de juízes, que avaliaram a versão proposta com relação às equivalências semântica,
idiomática, conceitual e cultural. Buscamos na composição do referido comitê incluir pessoas
com comprovado conhecimento sobre metodologia de adaptação cultural de instrumentos e
sobre a teoria de estresse e enfrentamento (coping).
Outros aspectos que julgamos importantes no percurso metodológico adotado foram:
a) a modificação na ordem da realização da retro-tradução (back translation), a qual ocorreu
após a avaliação pelo Comitê de juízes. A tradução da versão em português consenso 2 (VPC-
2) para o inglês e sua comparação com o QSCA original, em inglês, permitiu assegurar que
não houvesse mudança no significado dos itens; b) a realização da etapa de análise semântica
da, então, versão para o português consenso 3 (VPC3), por meio da aplicação em três
pacientes cardíacos em seguimento ambulatorial no HCFMRP. Com essa etapa, constatamos
que havia dificuldades para a compreensão de alguns itens, de algumas frases âncoras nas
escalas de respostas e mesmo para a compreensão dos valores numéricos que não são
acompanhados por frases explicativas. Como resultado, fizemos a reformulação da redação do
95
item de número três, acrescentamos palavras mais próximas do cotidiano dos sujeitos com a
finalidade de facilitar a compreensão das frases âncoras das respostas dos itens 10, 15, 23 e
26.
Com relação à mudança da etapa de retro-tradução, ela já havia sido usada por Ferrer e
colaboradores[90]. Não há consenso sobre o momento mais adequado de se realizar essa etapa
e mesmo se ela é ou não necessária no processo de adaptação. Há autores que questionam a
sua base científica e argumentam que ela questionaria a habilidade dos tradutores que fizeram
a versão para a população-alvo. Se a primeira tradução for bem feita, essa etapa terá pouco
para contribuir[137].
Para testar a validade de construto e a confiabilidade da versão adaptada, buscamos
aplicar o instrumento em uma amostra o mais heterogênea possível de pessoas com doenças
cardíacas, visando testar as propriedades psicométricas da versão adaptada do QSCA.
Podemos considerar que a nossa amostra é representativa da população de pacientes
cardíacos atendidos em hospitais públicos de ensino da região sudeste e que os resultados
obtidos devem ser analisados considerando-se as características do grupo estudado composto
por uma ligeira predominância de sujeitos do sexo masculino, na faixa dos 50 anos, casados e
com baixa escolaridade. Os participantes de outros estudos com pacientes cardíacos que
utilizaram a versão original de 29 itens do QSCA diferem dos nossos sujeitos, principalmente,
por terem maior escolaridade[26, 134].
Como a maioria dos entrevistados possuía baixo nível educacional, a opção por
preencherem o QSCA com o auxílio da pesquisadora também precisa ser considerada, embora
não tenhamos encontrado diferenças estatisticamente significante entre os dois grupos
(aqueles que responderam sozinhos e aqueles que responderam por meio de entrevista).
Quanto ao tempo médio para o preenchimento dos instrumentos obtivemos um valor médio de
96
29 minutos (intervalo de 15 a 60), um pouco superior ao relatado por Antonovsky que
estipulou um tempo em torno de 15 a 20 minutos[54].
Com a versão adaptada do QSCA, obtivemos as respostas provenientes de 203
sujeitos. A análise descritiva dos dados mostrou uma mediana de 146,5, sendo maior do que a
mediana do intervalo possível entre 29 e 203, que é 116. No geral, não observamos grande
diferença entre os valores da mediana e da média para o total da medida de SC. A mesma
constatação pode ser feita para as médias de respostas dos itens individualmente. Ao
analisarmos as respostas dadas aos itens do instrumento, constatamos que elas variaram
dentro do intervalo possível de um a sete. Quanto à mediana dos itens, temos que o valor a ser
obtido neste intervalo seria de quatro, no entanto, as medianas variaram em seus valores tendo
itens cuja mediana foi o valor um (item 10) e itens cuja mediana foi sete (itens 1, 2, 4, 7, 8,
11, 13, 14, 16, 18, 20, 22, 23, 27 e 28). Os itens 13 e 14 foram os que apresentaram
freqüências acima de 75% para este extremo da escala de resposta. O próprio autor já havia
salientado que um dos problemas detectados por alguns pesquisadores ao usarem o
instrumento era a tendência de alguns sujeitos de responderem apenas os valores extremos da
escala de resposta, ou seja, marcarem somente o valor sete e/ou o valor um[54]. Os itens
pertencentes aos componentes compreensão e manejo são os que causam a maioria dos
problemas relatados pelos sujeitos com dificuldades para o preenchimento do instrumento,
pois são fortemente elaborados em uma perspectiva centrado no ego dos indivíduos, o que
parece ser inapropriado para as pessoas nas situações citadas. Os itens indicados por outros
como sendo aqueles que apresentam maiores problemas foram os de número: cinco, seis, dez
e 17[15, 51, 74]. Tal observação foi constatada em nosso estudo apenas para o item 10, cuja
mediana foi o valor mínimo da escala. Com relação aos dados perdidos, tivemos uma
freqüência muito pequena de não respostas entre os participantes: um participante não
97
respondeu item três e dois não responderam ao item 18. Esse resultado pode ser explicado
pelo fato da coleta ter sido realizada, predominantemente, por meio de entrevista.
O intervalo possível de pontuação total do QSCA varia de 29 a 203[1]. Em nosso
estudo, o intervalo obtido ficou entre 59 e 190. Comparando com os valores do intervalo
obtido em estudo realizado com pacientes cardíacos revascularizados (83 a 198), podemos
observar que o nosso grupo apresentou valor mínimo um pouco menor[26]. Com relação à
média da medida de senso de coerência tivemos um valor de 143,2 (D.P. = 24,9). Tal
resultado não diferiu daqueles obtidos por outros autores que utilizaram o instrumento em
pacientes cardíacos cirúrgicos (M = 146,4; D.P. = 25,9)[26]. Tanto os valores da média
quanto do desvio-padrão são compatíveis com aqueles obtidos da revisão de 126 autores que
utilizaram a versão de 29 itens[74]. Nessa revisão, os autores constataram que, em diferentes
populações, foram obtidas médias que variaram de 100 a 164 para o total da medida e de 13 a
53 para o desvio-padrão do total da medida[74].
A comparação dos nossos resultados com os de estudos com esse mesmo tipo de
pacientes tem sido dificultada pela não inclusão do intervalo obtido na publicação[69, 133,
134], pelo uso da versão abreviada do instrumento[6, 20, 132, 135, 138] ou pela modificação
da escala de resposta para outro formato, como o uso de uma escala visual analógica, o que
inviabiliza a comparação dos valores[30].
Quanto aos resultados relacionados à análise da validade de constructo da versão
adaptada do QSCA, buscamos encontrar a confirmação através de diferentes técnicas de
análise como tem sido feito na literatura consultada: validade de constructo convergente,
comparação entre grupos distintos e análise dos componentes[51, 54, 74].
Assim, optamos por analisar a validade de constructo convergente, correlacionando a
medida obtida pela versão adaptada com outras medida provenientes de instrumentos já
validados para a população brasileira e optamos por analisar a auto estima e a depressão, uma
98
vez que ambas podem ser verificadas por meio de instrumentos já validados no Brasil. Auto-
estima e depressão têm se verificado correlacionadas com o SC. Previamente havíamos
estipulado a existência de correlação positiva entre a medida total do QSCA e a medida de
Auto-estima da Escala de Rosenberg (positivamente ordenada) e correlação negativa entre a
medida total do QSCA e a medida obtida pelo Inventário de Depressão de Beck
(negativamente ordenada), ambas de intensidade moderada a forte. Nossos resultados
confirmaram essas hipóteses uma vez que obtivemos valor do coeficiente de correlação de
Pearson de 0,60 para ambas as correlações, com o sentido negativo para depressão e positivo
para auto-estima.
Valores semelhantes foram obtidos por outros autores ao testarem a validade de
constructo entre as medida de SC e depressão entre pacientes com acompanhamento
psiquiátrico[104] e entre pacientes cardíacos[133]. Na revisão de estudos que utilizaram o
QSCA, foram encontrados 14 estudos que fizeram esta associação, sendo que os valores
negativos dos coeficientes de correlação variaram de 0,45 a 0,71[74]. Com relação à auto-
estima e SC, foram encontrados cinco estudos que fizeram a associação entre as medidas do
QSCA e a Escala de Auto-estima de Rosenberg. Os valores dos coeficientes de correlação
variaram de 0,33 a 0,75[74]. Nosso resultado foi semelhante ao encontrados em outro estudo
com pacientes cardíacos[26].
Com relação à comparação das medidas obtidas pela versão adaptada do QSCA em
sujeitos pertencentes a grupos distintos, consideramos as seguintes variáveis para classificar
os grupos: sexo, idade, condição sócio-econômica (avaliada pela renda e escolaridade) e
estado de saúde. Foram formuladas as seguintes hipóteses com base nos pressupostos do autor
da escala e de outros pesquisadores: não há diferenças nas medidas obtidas pelo QSCA entre
homens e mulheres; não há correlação entre a idade dos participantes e a medida do QSCA; há
correlação direta entre a medida de SC e os anos de estudo dos sujeitos entrevistados; há correlação
99
entre a medida do SC e a renda dos sujeitos; há correlação indireta (ou inversa) entre a medida de
SC e o estado de saúde dos participantes (avaliado pelo número de comorbidades). Confirmamos
nossa hipótese com relação à inexistência de diferenças na medida do SC com relação ao sexo
e a escolaridade dos sujeitos.
Com relação ao sexo, nossos resultados vão ao encontro do pressuposto defendido por
Antonovsky o qual defende a idéia de que a formação do SC independe do sexo dos indivíduos[1] o
que também tem sido confirmado em outros estudos[28, 43, 64]. Entretanto, outros autores tem
observado diferenças entre as medidas de SC entre homens e mulheres[47, 63, 66]. Assim,
concordamos que mais estudos precisam ser conduzidos para avaliar essa relação.
Quanto à relação entre idade e a medida de senso de coerência nossos resultados não
foram conclusivos. Constatamos correlação fraca, embora estatisticamente significante (r =
0,175; p = 0,013) entre a medida de SC e a idade dos sujeitos. Quando dividimos os sujeitos
em dois grupos (menores que 30 anos e 30 anos ou mais), o teste de comparação entre as médias
de SC resultou em um valor de significância próximo ao estipulado (p=0,053), ou seja, podemos
dizer que há uma tendência entre os grupos de serem diferentes quanto à medida de SC. Um aspecto
a ser considerado neste resultado é a diferença no número de sujeitos nos dois grupos, com 182
(92,4%) participantes com 30 anos ou mais e apenas 15 (7,6%) sujeitos no segundo grupo. Embora
Antonovsky[1] defenda a idéia de que não há mudanças no SC após a sua completa formação, em
torno dos 30 anos, os resultados obtidos em outros estudos também tem sido contraditórios. Alguns
autores têm observado maior SC entre idosos[43], enquanto outros constataram mudanças maiores
nas medidas de SC entre os mais velhos[33].
A escolaridade também tem sido discutida por vários autores cujos resultados são contrários
aos nossos uma vez que constataram relação direta entre SC e anos de escolaridade[58, 139].
Quanto à hipótese de que há correlação entre a medida de SC e a renda dos participantes,
outra variável da condição sócio-econômica, nossos resultados indicaram uma correlação
100
fraca, embora estatisticamente significante (r = 0,24; p = 0,001). O teste de comparação entre as
médias dos três sub-grupos também mostrou que as diferenças eram estatisticamente significantes
(p = 0,000). Para testar a última hipótese “Há associação inversa entre a medida de SC e o estado
de saúde dos participantes”, realizamos o teste de comparação das médias entre os sujeitos dos
grupos. O teste de comparação das médias dos quatro grupos criados também não foi
estatisticamente significante (p>0,05).
Nos estudos revisados pelo próprio autor e conduzidos por outros pesquisadores,
indivíduos com menor escolaridade e precárias condições sócio-econômicas apresentaram
valores médios de SC inferiores aos referidos por adultos mais idosos, aposentados e
trabalhadores[51, 54].
Nossa última hipótese estava relacionada à associação entre SC e estado de saúde dos
participantes. Optamos por avaliar essa última variável pelo número de comorbidades presentes
entre os participantes. Nossos resultados não confirmaram essa hipótese. Não encontramos outro
estudo que tenha usado o mesmo tipo de variável para analisar o estado de saúde e, por isso, não
temos como comparar nossos resultados.
A análise de componentes principais do QSCA foi realizada usando os 29 itens do
instrumento para observar se os coeficientes dos 29 itens do instrumento se agruparam
conforme a distribuição proposta por Antonovsky[1]. Segundo o próprio autor, embora os
domínios compreensão, manejo e significado sejam bem definidos do ponto de vista teórico,
eles compreendem um único constructo que é o senso de coerência[1]. Nossos resultados
confirmam a existência de um único fator na versão adaptada do QSCA[1]. Outros autores
têm encontrado resultados semelhantes[104-107], enquanto outros constataram a presença de
mais de um componente[65, 102, 108-110].
Com relação à confiabilidade do QSCA, ela tem sido testada enquanto a consistência
interna de seus itens (pelo alfa de Cronbach) e pela estabilidade da medida (teste-reteste). Por
101
estarmos testando a versão adaptada em pacientes cardíacos internados, não consideramos a
possibilidade de realizar uma nova coleta ainda durante a internação ou após a alta. Em ambas
as situações haveria outros fatores que poderiam estar influenciando as respostas dos sujeitos
frente às mudanças em suas condições clínicas, comprometendo o resultado de interesse que
seria a estabilidade da medida do SC. Assim, optamos por realizar apenas o teste da
consistência interna e o resultado obtido para a versão total do instrumento (α = 0,78) foi
adequado. Como esperado, os alfas de Cronbach para os três componentes do instrumento
foram menores do que para o total da medida: 0,46 (significado), 0,58 (compreensão) e 0,63
(manejo).
Se considerarmos os resultados apresentados em uma revisão feita pelo próprio autor,
nossos valores seriam menores dos que os obtidos por outros autores que variaram entre 0,82
a 0,95 nos 26 estudos que usaram o instrumento de 29 itens[51]. Em uma revisão publicada
em 2007 sobre os estudos que utilizaram o QSCA com 29 itens, os valores de alfa variaram
entre 0,70 e 0,95[74].
102
7- CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Questionário de Senso de Coerência de Antonovsky, desenvolvido originalmente na
língua inglesa, foi o instrumento escolhido para ser culturalmente adaptado visando seu uso
futuro enquanto uma medida de avaliação de coping para pacientes cardíacos brasileiros. O
processo de adaptação cultural foi conduzido conforme preconizado pela literatura científica.
Com base nos objetivos propostos e nos resultados obtidos neste estudo metodológico,
podemos concluir que a versão adaptada para o português do QSCA:
- manteve as equivalências conceitual, semântica e de medida conforme proposto na versão
original;
- mostrou ter preservado a validade relacionada à aparência e ao conteúdo da versão original,
conforme avaliado pelo comitê de juízes;
- mostrou ter preservado a validade de constructo convergente, de acordo com os valores dos
coeficientes de correlação com as medidas de auto-estima e de depressão;
- no que se refere a validade de constructo, quando avaliada pela comparação da medida do
QSCA entre grupos distintos, mostrou resultados que vão ao encontro dos pressupostos
apresentados por Antonovsky: não constatamos diferenças entre homens e mulheres e
podemos observar que há uma tendência do SC ser maior entre os participantes com 30 anos
ou mais;
- mostrou, através da análise fatorial, a presença de um único componente conforme indicado
pelo autor do instrumento;
- mostrou um valor adequado de alfa de Cronbach, indicando a confiabilidade do instrumento
através da consistência interna do de seus itens na amostra estudada.
Como considerações finais, gostaríamos de novamente ressaltar a importância de
disponibilizarmos para o uso no Brasil, do Questionário de Senso de Coerência de
103
Antonovsky. A escolha desse instrumento para ser adaptado, enquanto uma medida de
avaliação de coping foi embasada no impacto que a teoria proposta por Antonovsky tem
obtido nas pesquisas em diferentes países, sempre buscando constatar a relação entre o
constructo senso de coerência e o estado de saúde em diferentes grupos de pessoas, entre elas
os pacientes cardíacos. A importância desse constructo já foi confirmada pela própria
Organização Mundial de Saúde quando o inseriu nas grandes linhas mestras orientadoras das
macro-políticas da promoção da saúde. Consideramos que, também, já foi constatada sua
importância no âmbito da reabilitação de indivíduos em diferentes condições crônicas de
saúde. No que se refere à reabilitação cardíaca, um forte SC durante a reabilitação da doença
cardíaca ou do tratamento cirúrgico, poderia se manifestar em um sentimento dinâmico de
confiança em sua habilidade para (1) ordenar as variações advindas com a instabilidade da
trajetória da doença crônica; (2) adaptar-se à sua nova condição, física e psicológica; (3) ter
motivação necessária para retornar à sua vida, na medida em que for possível, e de minimizar
o impacto da doença cardíaca sobre sua família; e (4) engajar-se em atividades que sejam
significantes para a sua nova condição de ter doença crônica.
Estudos que se propõem adaptar e avaliar as propriedades psicométricas de um
instrumento de medida originário de outra língua e cultura, geralmente, não conseguem testar
todos os tipos de validade e confiabilidade da versão adaptada. O nosso estudo tem algumas
limitações tais como a utilização de um grupo de sujeitos com características bem definidas,
tanto sócio-demográficas como clínicas, que impedem a generalização das nossas conclusões
para outros grupos de brasileiros com perfis distintos. Uma vez que validar um instrumento é
um processo de coletar e avaliar as evidências dessa validade, consideramos importante que
outros estudos sejam realizados no Brasil para continuar na busca de evidências sobre a
validade e confiabilidade da versão adaptada para o português do QSCA.
104
8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS*
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QSCA versão original (VO) Anexo2
ANTONOVSKY’ SENSE OF COHERENCE QUESTIONNAIRE Here is a series of questions relating to various aspects of our lives. Each questions has seven possible answers. Please mark the number which expresses your answer, with numbers 1 and 7 being the extreme answers. If the words under 1 are right for you, circle 1; if the words under 7 are right for you, circle 7. If you feel differently, circle the number which best express your feeling. Please give only one answer to each question. C.1. When you talk to people, do you have the feeling that they don’t understand you?
1 2 3 4 5 6 7 Never have Always have this feeling this feeling C.2. In the past, when you had to do something which depended upon cooperation with others, did you have the feeling that it:
1 2 3 4 5 6 7 Surely wouldn’t Surely would get done get done C.3. Think of the people with whom you come into contact daily, aside from the ones to whom you feel closest. How well do you know most of them?
1 2 3 4 5 6 7 You feel that You know them they’re strangers very well C.4. Do you have the feeling that you don’t really care about what goes on around you?
1 2 3 4 5 6 7 Very seldom Very often or never C.5. Has it happened in the past that you were surprised by the behavior of people whom you thought you knew well?
1 2 3 4 5 6 7 Never happened Always happened C.6. Has it happened that people whom you counted on disappointed you?
1 2 3 4 5 6 7 Never happened Always happened C.7. Life is:
1 2 3 4 5 6 7 Full of interest Completely
routine C.8. Until now your life has had:
1 2 3 4 5 6 7 No clear goals Very clear goals or purpose at all and purpose
QSCA versão original (VO) Anexo2
C.9. Do you have the feeling you’re being treated unfairly? 1 2 3 4 5 6 7
Very often Very seldom or never C.10. In the past 10 years your life has been:
1 2 3 4 5 6 7 Full of changes with- Completely out your knowing consistent and clear what will happen next C.11. Most of the things you do in the future will probably be:
1 2 3 4 5 6 7 Completely Deadly fascinating boring C.12. Do you have the feeling that you are in an unfamiliar situation and don’t know what do?
1 2 3 4 5 6 7 Very often Very seldom or never C.13. What best describes how you see life:
1 2 3 4 5 6 7 One can always There is no find a solution to solution to painful things in life painful things in life
C.14. When you think about your life, you very often:
1 2 3 4 5 6 7 Feel how good it Ask yourself why is to be alive you exist at all C.15. When you face a difficult problem, the choice of a solution is:
1 2 3 4 5 6 7 Always confusing Always completely and hard to find clear C.16. Doing the things you do every day is: 1 2 3 4 5 6 7 A source of deep A source of pain pleasure and and boredom satisfaction C.17. Your life in the future will probably be:
1 2 3 4 5 6 7 Full of changes with- Completely out your knowing consistent and what will happen next clear
QSCA versão original (VO) Anexo2
C.18. When something unpleasant happened in the past your tendency was: 1 2 3 4 5 6 7
“To eat yourself To say “Ok, that’s up” about it that, I have to live with it,” and go on C.19. Do you have very mixed-up feelings and ideas?
1 2 3 4 5 6 7 Very often Very seldom or never
C.20. When you do something that gives you a good feeling:
1 2 3 4 5 6 7 It’s certain you’ll It’s certain something go on feeling good will happen to spoil
the feeling C.21. Does it happen that you have feelings inside you would rather not feel?
1 2 3 4 5 6 7 Very often Very seldom or never C.22. You anticipate that your personal life in the future will be?
1 2 3 4 5 6 7 Totally without Full of meaning meaning or purpose and purpose C.23. Do you think that there will always be people whom you’ll be able to count on in the future?
1 2 3 4 5 6 7 You’re certain You doubt there will be there will be C.24. Does it happen that you have the feeling that you don’t know exactly what’s about to happen?
1 2 3 4 5 6 7 Very often Very seldom or never C.25. Many people – even those with a strong character – sometimes feel like sad sacks (losers) in certain situations. How often have you felt this way in the past?
1 2 3 4 5 6 7 Never Very often C.26. When something happened, have you generally found that:
1 2 3 4 5 6 7 You overestimated You saw things or underestimated in the right its importance proportion
QSCA versão original (VO) Anexo2
C.27. When you think of difficulties you are likely to face in important aspects of your life, do you have the feeling that:
1 2 3 4 5 6 7 You’ll always succeed You won’t succeed in overcoming the in overcoming difficulties the difficulties C.28. How often do you have the feeling that there’s little meaning in the things you do in your daily life?
1 2 3 4 5 6 7 Very often Very seldom or never C.29. How often do you have the feeling that you’re not sure you can keep under control?
1 2 3 4 5 6 7 Very often Very seldom
QSCA VPT1 Anexo 3
Questionário sobre Senso de Coerência de Antonovsky
C.1. Quando você conversa com outras pessoas, você tem a sensação de que elas não o entendem? 1 2 3 4 5 6 7
Nunca tenho essa sensação
Sempre tenho essa sensação
C.2. No passado, quando você teve que fazer algo que dependia de cooperação com outros, você teve a sensação de que:
1 2 3 4 5 6 7 Com certeza, o trabalho não seria feito
Com certeza, o trabalho seria feito
C.3. Pense nas pessoas com quem você tem contato diariamente e das quais você não se sente muito próximo. Como você acha que conhece a maioria delas?
1 2 3 4 5 6 7 Você sente que elas são estranhas
Você as conhece muito bem
C.4. Você tem a sensação de que você não se importa realmente com o que acontece à sua volta?
1 2 3 4 5 6 7 Nunca ou raramente
Com muita freqüência
C.5. Alguma vez no passado, aconteceu de você se surpreender com o comportamento de pessoas que você pensava conhecer bem?
1 2 3 4 5 6 7 Nunca aconteceu
Sempre aconteceu
C.6. Já aconteceu que pessoas com as quais você contava vieram a decepcioná-lo?
1 2 3 4 5 6 7 Nunca aconteceu
Sempre aconteceu
C.7. Sua vida é:
1 2 3 4 5 6 7 Cheia de interesses
Completamente rotineira
C.8. Até agora, sua vida
1 2 3 4 5 6 7 Não tem tido qualquer objetivo ou propósito
Tem tido objetivos e propósitos claros
QSCA VPT1 Anexo 3
C.9. Você tem a sensação que você está sendo tratado injustamente? 1 2 3 4 5 6 7
Com muita freqüência
Nunca ou raramente
C.10. Nos últimos dez anos sua vida tem sido:
1 2 3 4 5 6 7 Cheia de mudanças sem que você soubesse o que aconteceria em seguida
Completamente consistente e clara
C.11. A maior parte das coisas que você fará no futuro provavelmente será:
1 2 3 4 5 6 7 Completamente fascinantes
Extremamente maçantes ou chatas
C.12. Você tem a sensação de que está numa situação desconhecida e não sabe o que fazer?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Nunca ou raramente
C.13. O que descreve melhor como você vê sua vida?
1 2 3 4 5 6 7 Alguém pode sempre achar uma solução para sofrimentos da vida
Não há solução para sofrimentos da vida
C.14. Quando você pensa na sua vida, frequentemente você:
1 2 3 4 5 6 7 Sente o quanto é bom estar vivo
Pergunta a si mesmo por que você existe
C.15. Quando você enfrenta um problema difícil, a escolha de uma solução é:
1 2 3 4 5 6 7 Sempre confusa e difícil de encontrar
Sempre completamente clara
C.16. Fazer as coisas que você faz todos os dias é:
1 2 3 4 5 6 7 Uma fonte de grande prazer e satisfação
Uma fonte de sofrimento e chatice
QSCA VPT1 Anexo 3
C.17. Sua vida no futuro provavelmente será: 1 2 3 4 5 6 7
Cheia de mudanças sem que você saiba o que acontecerá em seguida
Completamente consistente e clara
C.18. No passado, quando algo desagradável aconteceu, sua tendência foi
1 2 3 4 5 6 7 Remoer muito sobre o acontecido
Dizer “está bem, terei que viver com isso” e seguir em frente
C.19. Você tem sentimentos e idéias bastante confusas?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Nunca ou raramente
C.20. Quando você faz algo que lhe dá uma boa sensação:
1 2 3 4 5 6 7 Com certeza você continuará a sentir-se bem
Com certeza algo acontecerá para estragar essa sensação
C.21. Acontece de você ter sensações dentro de si, as quais você preferiria não sentir?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Nunca ou raramente
C.22. Você acha que sua vida pessoal no futuro será:
1 2 3 4 5 6 7 Totalmente sem significado e propósito
Cheia de significado e propósito
C.23. Você acha que sempre existirão pessoas com quem você poderá contar no futuro?
1 2 3 4 5 6 7 Você está certo de que existirão
Você duvida que existirão
C.24. Você tem a sensação de que você não sabe exatamente o que está prestes a acontecer?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Nunca ou raramente
QSCA VPT1 Anexo 3
C.25. Muitas pessoas - mesmo aquelas com um caráter muito forte - algumas vezes sentem-se como perdedores em certas situações. Com que freqüência você se sentiu dessa maneira no passado?
1 2 3 4 5 6 7 Nunca Com muita
freqüência C.26. Quando alguma coisa acontece, em geral você descobre que:
1 2 3 4 5 6 7 Você superestimou ou subestimou a sua importância
Você viu as coisas nas proporções corretas
C.27. Quando você pensa nas dificuldades que provavelmente você terá que enfrentar em aspectos importantes de sua vida, você tem a sensação de que:
1 2 3 4 5 6 7 Você sempre terá sucesso em superar as dificuldades
Você não terá sucesso em superar as dificuldades
C.28. Com que freqüência você tem a sensação de que há pouco significado nas coisas que você faz na sua vida diária?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Nunca ou raramente
C.29. Com que freqüência você tem a sensação de que você não tem certeza de que poderá se controlar?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Raramente
QSCA VPT2 Anexo 4
QUESTIONÁRIO SOBRE SENSO DE COERENCIA Aqui está uma série de questões relacionadas a vários aspectos de nossas vidas. Por favor, marque o número que expressa sua resposta, com números de 1 a 7. Se as palavras de número 1 são certas para você, circule o número 1. Se a resposta número 7 for a correta, marque a número 7. Se sua resposta for diferente, circule o número que mais expressa seus sentimentos. Por favor, marque só uma resposta para cada questão. Não existem respostas certas ou erradas.
1. Quando você conversa com pessoas, você tem a sensação de que elas não te entendem?
1.Nunca tive essa sensação 7.Sempre tenho essa sensação 2. No passado, quando você teve que fazer algo que dependia da cooperação de outros,
você tinha a sensação de que: 1.com certeza não seria realizado 7.com certeza seria realizado 3.Pense nas pessoas com quem você tem contato diariamente, além daqueles com os Quais você se sente mais próximo. O quão bem você os conhece? 1. você sente que eles são desconhecidos 7. você os conhece muito bem 4.Você tem a sensação que você realmente não se importa com o que esta se passando ao seu redor: 1.poucas vezes ou nunca 7. muito frequentemente 5. Já aconteceu no passado de você se surpreender com pessoas que você achava que conhecia bem? 1. Nunca aconteceu 7.Sempre aconteceu
6. Já aconteceu das pessoas com quem você contava te desapontarem? 1.Nunca aconteceu 7. sempre aconteceu 7. A vida para você é: 1.Cheia de coisas interessantes 7. Só rotina 8.Até agora sua vida tem sido: 1.Sem objetivos definidos ou propósitos 7. Com objetivos definidos e propósitos 9.Você tem a sensação de estar sendo injustiçado 1.frequentemente 2.raramente ou nunca
QSCA VPT2 Anexo 4
10.Nos últimos 10 anos, sua vida tem sido: 1. cheia de mudanças sem que você soubesse o que iria acontecer depois 2. completamente consistente e clara 11.A maioria das coisas que você planeja fazer no futuro provavelmente serão 1. completamente fascinante 2. mortalmente entediante 12.Você tem a sensação de estar em uma situação incomum e não saber o que fazer 1. frequentemente 2. raramente ou nunca 13.O que melhor descreve como você vê a vida 1. Pode sempre haver soluções para as dores da vida 2. não há soluções para as dores da vida 14.Quando você pensa sobre a vida, você frequentemente: 1. se sente bem por estar vivo 2. se pergunta porque existe 15.Quando você encara um problema difícil, a escolha de uma solução é: 1.sempre confusa e dificil de achar 7.sempre completamente clara 16.Fazer as coisas do dia a dia é: 1.uma fonte profunda de prazer e satisfação 7.uma fonte de dor e monotonia 17. Sua vida no futuro será 1.cheia de mudanças sem saber o que vai acontecer depois 7.completamente consistente e clara 18.Quando algo desagradável aconteceu no passado, sua tendência foi: 1.ficar se “roendo de raiva” 7.dizer: “ok, é assim, tenho que viver com isso e tocar em frente”. 19. Você tem idéias ou sentimentos contraditórios ? 1. Muito frequentemente 7. Raramente ou nunca 20. Quando você faz algo que te da uma boa sensação: 1.Isto certamente vai te manter sentindo bem 7.Com certeza alguma coisa vai acontecer para estragar tudo 21.Já aconteceu de você ter sentimentos dentro de você que preferiria não sentir? 1.Muito frequentemente 7.raramente ou nunca 22. Você sente que sua vida no futuro será 1. totalmente sem propósito ou significado 7.cheia de propósito e significado
QSCA VPT2 Anexo 4
23. Você acha que sempre haverá pessoas com quem você poderá contar no futuro? 1. tem certeza que haverá. 7. duvida que haverá 24.Já aconteceu de você ter a sensação de que não sabia exatamente o que estava para acontecer? 1.muito frequentemente 7.Raramente ou nunca 25.Muitas pessoas -ate mesmo aquelas com caráter forte- algumas vezes se sentem “sacos tristes”(perdedores) em certas situações. Com que frequencia você se sentiu assim no passado? 1.nunca 7.Frequentemente 26.Quando alguma coisa acontece, geralmente você: 1.superestima ou substima a importância 7.Você vê as coisas que acontecem na proporção certa 27.Quando pensa nas dificuldades que você enfrentou em importantes aspectos de sua vida, tem a sensação de que: 1.sempre conseguiu vencer as dificuldades 7. nunca conseguiu vencer as dificuldades 28. Com que frequencia você tem a sensação de que as coisas que faz diariamente em sua vida tem pouco significado? 1.Muito frequentemente 7.Raramente ou nunca 29.Com que frequencia você tem a sensação de que não consegue manter a situação sob controle? 1.Muito frequentemente 7.Raramente ou nunca
QSCA VPC1 Anexo 5
1
Questionário sobre Senso de Coerência de Antonovsky Aqui está uma série de questões relacionadas a vários aspectos de nossas vidas. Por favor, marque o
número que expressa sua resposta, com números de 1 a 7. Se as palavras abaixo do número 1 são
certas para você, circule o número 1. Se as palavras abaixo do número 7 forem as corretas, marque a
número 7. Se sua resposta for diferente, circule o número que melhor expressa seus sentimentos. Por
favor, marque só uma resposta para cada questão.
1. Quando você conversa com outras pessoas, você tem a sensação de que elas não te entendem? 1 2 3 4 5 6 7
Nunca tenho essa sensação
Sempre tenho essa sensação
2. No passado, quando você teve que fazer algo que dependia da cooperação de outros, você teve a sensação de que aquilo:
1 2 3 4 5 6 7 Com certeza não seria feito
Com certeza seria feito
3. Pense nas pessoas com quem você tem contato diariamente e das quais você não se sente muito próximo. Como você acha que conhece a maioria delas?
1 2 3 4 5 6 7 Você sente que elas são estranhas
Você as conhece muito bem
4. Você tem a sensação que você realmente não se importa com o que está se passando ao seu redor:
1 2 3 4 5 6 7 Muito raramente ou nunca
Com muita freqüência
5. No passado, alguma vez aconteceu de você se surpreender com o comportamento de pessoas as quais você achava que conhecia bem?
1 2 3 4 5 6 7 Nunca aconteceu
Sempre aconteceu
6. Já aconteceu das pessoas com quem você contava te desapontarem?
1 2 3 4 5 6 7 Nunca aconteceu
Sempre aconteceu
7. A vida é:
1 2 3 4 5 6 7 Cheia de interesses
Completamente rotineira
QSCA VPC1 Anexo 5
2
8. Até agora, sua vida tem:
1 2 3 4 5 6 7 Não tido qualquer objetivo ou propósito
Tido objetivos e propósitos claros
9. Você tem a sensação que você está sendo tratado injustamente?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Muito raramente ou nunca
10. Nos últimos dez anos sua vida tem sido:
1 2 3 4 5 6 7 Cheia de mudanças sem que você saiba o que acontecerá em seguida
Completamente consistente e clara
11. A maior parte das coisas que você fará no futuro provavelmente será:
1 2 3 4 5 6 7 Completamente fascinante
Extremamente maçante ou chata
12. Você tem a sensação de que está numa situação desconhecida e não sabe o que fazer?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Muito raramente ou nunca
13. O que melhor descreve como você vê a vida?
1 2 3 4 5 6 7 Sempre se pode achar uma solução para sofrimentos da vida
Não há solução para sofrimentos da vida
14. Quando você pensa na sua vida, frequentemente você:
1 2 3 4 5 6 7 Sente o quanto é bom estar vivo
Pergunta a si mesmo por que você existe
QSCA VPC1 Anexo 5
3
15. Quando você enfrenta um problema difícil, a escolha de uma solução é: 1 2 3 4 5 6 7
Sempre confusa e difícil de encontrar
Sempre completamente clara
16. Fazer as coisas que você faz todos os dias é:
1 2 3 4 5 6 7 Uma fonte de grande prazer e satisfação
Uma fonte de sofrimento e chatice
17. Sua vida no futuro provavelmente será:
1 2 3 4 5 6 7 Cheia de mudanças sem que você saiba o que acontecerá em seguida
Completamente consistente e clara
18. No passado, quando algo desagradável aconteceu, sua tendência foi
1 2 3 4 5 6 7 Ficar se “roendo de raiva” sobre o acontecido
Dizer “está bem, terei que viver com isso” e seguir em frente
18. No passado, quando algo desagradável aconteceu, sua tendência foi
1 2 3 4 5 6 7 Ficar se “roendo de raiva” sobre o acontecido
Dizer “está bem, terei que viver com isso” e seguir em frente
19. Você tem sentimentos e idéias bastante confusas?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Muito raramente ou nunca
QSCA VPC1 Anexo 5
4
20. Quando você faz algo que lhe dá uma sensação boa: 1 2 3 4 5 6 7
Com certeza você continuará a sentir-se bem
Com certeza algo acontecerá para estragar essa sensação
21. A aconteceu de você ter sentimentos dentro de você os quais preferiria não sentir?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Muito raramente ou nunca
22. Você acha que sua vida pessoal no futuro será:
1 2 3 4 5 6 7 Totalmente sem significado e propósito
Cheia de significado e propósito
23. Você acha que sempre existirão pessoas com quem você poderá contar no futuro?
1 2 3 4 5 6 7 Você está certo de que existirão
Você duvida que existirão
24. Você tem a sensação de que você não sabe exatamente o que está prestes a acontecer?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Muito raramente ou nunca
25. Muitas pessoas - mesmo aquelas com um caráter muito forte - algumas vezes sentem-se como perdedoras emsentiu dessa maneira no passado?
1 2 3 4 5 6 7 Nunca Com muita
freqüência 26. Quando alguma coisa acontece, em geral você descobre que:
1 2 3 4 5 6 7 Você superestimou ou subestimou a sua importância
Você viu as coisas nas proporções corretas
QSCA VPC1 Anexo 5
5
27. Quando você pensa nas dificuldades que provavelmente você terá que enfrentar em aspectos importantes de sua vida, você tem a sensação de que:
1 2 3 4 5 6 7 Você sempre terá sucesso em superar as dificuldades
Você não terá sucesso em superar as dificuldades
28. Com que freqüência você tem a sensação de que há pouco significado nas coisas que você faz na sua vida diária?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Muito raramente ou nunca
29. Com que freqüência você tem a sensação de que você não consegue manter a situação sob controle?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Muito raramente ou nunca
QSCA VPC2 Anexo 6
1
Aqui está uma série de questões relacionadas a vários aspectos de nossas vidas. Cada questão tem sete
respostas possíveis. Por favor, marque o número que expressa sua resposta, com números de 1 a 7. Se
você estiver de acordo com as palavras abaixo do número 1, circule o número 1. Se você estiver de
acordo com as palavras abaixo do número 7, circule o número 7. Se sua resposta for diferente, circule
o número que melhor expressa seus sentimentos. Por favor, marque só uma resposta para cada
questão.
1. Quando você conversa com outras pessoas tem a sensação de que elas não te entendem? 1 2 3 4 5 6 7
Nunca tem essa sensação
Sempre tem essa sensação
2. Quando você precisou fazer algo que dependia da colaboração de outros, você teve a sensação de que:
1 2 3 4 5 6 7 Com certeza não seria feito
Com certeza seria feito
3. Pense nas pessoas com quem você tem contato diariamente e não se sente muito próximo. Como você acha que conhece a maioria delas?
1 2 3 4 5 6 7 Você sente que não as conhece
Você as conhece muito bem
4. Com que freqüência você tem a sensação de que não se importa com o que está se acontecendo ao seu redor:
1 2 3 4 5 6 7 Raramente ou nunca
Com muita freqüência
5. Alguma vez já aconteceu de você se surpreender com o comportamento de pessoas que você achava que conhecia bem?
1 2 3 4 5 6 7 Nunca aconteceu
Sempre aconteceu
6. Já aconteceu das pessoas com quem você contava te decepcionarem?
1 2 3 4 5 6 7 Nunca aconteceu
Sempre aconteceu
7. A vida é:
1 2 3 4 5 6 7 Muito interessante
Muito rotineira
QSCA VPC2 Anexo 6
2
8. Até agora, sua vida tem sido: 1 2 3 4 5 6 7
Sem qualquer objetivo ou finalidade
Com finalidade e objetivos claros
9. Com que freqüência você tem a sensação de que está sendo tratado injustamente?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Raramente ou nunca
10. Nos últimos dez anos sua vida tem sido:
1 2 3 4 5 6 7 Cheia de mudanças sem que você soubesse o que iria acontecer em seguida
Completa-mente
previsível
11. A maior parte das coisas que você fará no futuro provavelmente será:
1 2 3 4 5 6 7 Completamente interessante
Extrema-mente chata
12. Com que freqüência você tem a sensação de que está numa situação desconhecida e não sabe o que fazer?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
raramente ou nunca
13. Como você vê a vida ?
1 2 3 4 5 6 7 Sempre se pode achar uma solução para os sofrimentos da vida
Não há solução para os sofrimentos da vida
14. Quando você pensa na sua vida, freqüentemente você:
1 2 3 4 5 6 7 Sente o quanto é bom estar vivo
Pergunta a si mesmo por que você existe
QSCA VPC2 Anexo 6
3
15. Quando você enfrenta um problema difícil, a escolha de uma solução é:
1 2 3 4 5 6 7 Sempre confusa e difícil de encontrar
Sempre completamente clara
16. Fazer as coisas que você faz todos os dias é:
1 2 3 4 5 6 7 Uma fonte de grande prazer e satisfação
Uma fonte de sofrimento e chatice
17. Sua vida no futuro provavelmente será:
1 2 3 4 5 6 7 Cheia de mudanças sem que você saiba o que acontecerá em seguida
Completamente previsível
18. Quando algo desagradável aconteceu, sua tendência foi:
1 2 3 4 5 6 7 Ficar se “remoendo de raiva” sobre o acontecido
Dizer “está tudo em, tenho que viver com isso” e seguir em frente
19. Com que freqüência você tem sentimentos e idéias bastante confusas?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Raramente ou nunca
20. Quando você faz algo que lhe dá uma sensação boa, o que você sente:
1 2 3 4 5 6 7 Com certeza você continuará sentindo-se bem
Com certeza algo acontecerá para estragar essa sensação
QSCA VPC2 Anexo 6
4
21. Com que freqüência acontece de você ter sentimentos que você preferiria não sentir? 1 2 3 4 5 6 7
Com muita freqüência
Raramente ou nunca
22. Você acha que sua vida pessoal no futuro será: 1 2 3 4 5 6 7
Totalmente sem significado e finalidade
Cheia de significado e finalidade
23. Você acha que sempre existirão pessoas com quem você poderá contar no futuro?
1 2 3 4 5 6 7 Você está certo de que existirão
Você duvida que existirão
24. Com que freqüência você tem a sensação de que não sabe exatamente o que está para acontecer?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Raramente ou nunca
25. Muitas pessoas - mesmo aquelas muito fortes - algumas vezes se sentem como fracassadas em certas situações. Com que freqüência você já se sentiu dessa maneira?
1 2 3 4 5 6 7 Nunca Com muita
freqüência 26. Quando alguma coisa acontece, em geral você descobre que:
1 2 3 4 5 6 7 Você deu muita ou pouca importância
Você viu as coisas na medida certa
27. Quando você pensa nas dificuldades que provavelmente terá que enfrentar em aspectos importantes de sua vida, você tem a sensação de que:
1 2 3 4 5 6 7 Sempre terá sucesso em superar as dificuldades
Não terá sucesso em superar as dificuldades
28. Com que freqüência você tem a sensação de que há pouco significado nas coisas que faz na sua vida diária?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Raramente ou nunca
29. Com que freqüência você tem a sensação de que você não consegue manter a situação sob controle?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Raramente ou nunca
QSCA VIT 1 Anexo 7
1
Below are a series of questions related to several aspects of our lives. Each questions has seven possible answers. Please mark the number that expresses your answer, with numbers ranging from 1 thru 7. If you agree with the answers under the number 1, circle number 1. if you agree with the anwers under number 7, circle number 7. If your answer is different, circle the number that best represents your feelings. Please mark one single answer for each question. 1. When you speak with other people, do you get the feeling they do not understand you?
1 2 3 4 5 6 7 You never get that feeling
You always get that feeling
2. When you needed to do something that relied on the collaboration of others, you got the feeling that:
1 2 3 4 5 6 7 It surely would not be done
It surely would be done
3. Think about the people you have daily contact with and to whom you do not feel very close. How do you think you know most of them?
1 2 3 4 5 6 7 You feel you don’t know them
You know them very well
4. You frequently have the feeling that you don’t care about what is happening around you:
1 2 3 4 5 6 7 Rarely or never
Very frequently
5. Have you ever been surprised with the behavior of people you thought you knew well?
1 2 3 4 5 6 7 It has never happened
It has always happened
6. Have people you trusted ever disappointed you?
1 2 3 4 5 6 7 It has never happened
It has always happened
7. Life is:
1 2 3 4 5 6 7 Very stressing
Very routine
QSCA VIT 1 Anexo 7
2
8. Until now, your life has been: 1 2 3 4 5 6 7
Without any objective or purpose
With a clear purpose and objectives
9. How frequently do you get the feeling you are being treated unfairly?
1 2 3 4 5 6 7 Very frequently
Rarely or never
10. In the past ten years your life has been:
1 2 3 4 5 6 7 Full of changes and you didn’t know what would happen next
Completely predictable
11. Most things you will be doing in the future will probably be:
1 2 3 4 5 6 7 Highly interesting
Highly boring
12. How frequently do you get the feeling that you are in an unknown situation and you do not know what to do?
1 2 3 4 5 6 7 Very frequently
Rarely or never
13. What is your outlook toward life?
1 2 3 4 5 6 7 One can always find a solution for the suffering in life
There is no solution for the suffering in life
14. When you think about your life, you frequently:
1 2 3 4 5 6 7 Feel how good it is to be alive
Ask yourself why you exist
QSCA VIT 1 Anexo 7
3
15. When you face a difficult problem, the choice of a solution is:
1 2 3 4 5 6 7 Always confusing and difficult to find
Always completely clear
16. Doing the things you do every day is:
1 2 3 4 5 6 7 A source of great pleasure and satisfaction
A source of suffering and boredom
17. In the future, your life will probably be:
1 2 3 4 5 6 7 Full of changes and you don’t know what will happen next
Completely predictable
18. When something unpleasant happened, you were inclined to:
1 2 3 4 5 6 7 Angrily dwell upon what happened
Say “it’s ok, I have to live with that” and keep on going
19. Do you frequently have highly confusing feelings and ideas?
1 2 3 4 5 6 7 Very frequently
Rarely or never
20. When you do something that gives you a good feeling, what do you think?
1 2 3 4 5 6 7 You will surely continue feeling good
Surely something will happen to spoil the feeling
21. How frequently do you feel things you would rather not feel?
1 2 3 4 5 6 7 Very frequently
Rarely or never
QSCA VIT 1 Anexo 7
4
22. You think your personal life in the future will be: 1 2 3 4 5 6 7
Completely without meaning and purpose
Filled with meaning and purpose
23. Do you think there will always be people who you will be able to count on in the future?
1 2 3 4 5 6 7 You are sure there will be
You doubt there will be
24. How frequently do you get the feeling you do not know exactly what is going to happen?
1 2 3 4 5 6 7 Very frequently
Rarely or never
25. Many people – even the very strong ones – sometimes feel like losers in certain situations. How frequently have you felt this way?
1 2 3 4 5 6 7 Never Very
frequently 26. When something happens, you generally discover that:
1 2 3 4 5 6 7 You gave it great or little importance
You saw things in the right measure
27. When you think about the difficulties you will probably have to face regarding important aspects in your life, you get the feeling that:
1 2 3 4 5 6 7 You will always be successful in overcoming these difficulties
You will not be successful in overcoming these difficulties
28. How frequently do you get the feeling there is little meaning in the things you do in your day-to-day?
1 2 3 4 5 6 7 Very frequently
Rarely or never
29. How frequently do you get the feeling that you are unable to keep the situation under control?
1 2 3 4 5 6 7 Very frequently
Rarely or never
QSCA VIT 2 Anexo 8
1
Here are a series of questions related to various aspects of our lives. Each question has seven possible answers. Please check the number that expresses your answer with numbers from 1 to 7. If you agree with the words below number 1, circle number 1. if you agree with words below number 7, circle number 7. If your answer is different, circle the number that best exoresses your feelings. Please check only one answer for each question. 1. Whenever you talk to people do you get the feeling that they dono’t understand you?
1 2 3 4 5 6 7 You never have this feeling
You always have this feeling
2. When you had to do something that depended on the cooperation of others, did you have the feeling that:
1 2 3 4 5 6 7 It certainly wouldn’t be done
It would certainly be done
3. Think about the people you have daily contact with and to who you are not close to.. How do you think you know most of them?
1 2 3 4 5 6 7 You feel that you don’t know them
You know them very well
4. How often do you feel that you don’t care about what is going on/happening around you:
1 2 3 4 5 6 7 Rarely or never
Quite often 5. Have you ever been surprised by the behavior of people you thought you knew?
1 2 3 4 5 6 7 Never happened
Always happened
6. Have people you relied on ever let you down?
1 2 3 4 5 6 7 Never happened
Always happened
7. Life is:
1 2 3 4 5 6 7 Very interesting
Very much of a routine (a real rut)
QSCA VIT 2 Anexo 8
2
8. Until now, your life has been: 1 2 3 4 5 6 7
Without any goals or purpose
With purpose and clear goals
9. How often do get the feeling that you are being treated unfairly?
1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or
never 10. In the last ten years your life has been:
1 2 3 4 5 6 7 Full of changes without you knowing what was going to happen next
Completely predictable
11. Most of things you will be do in the future will probably be:
1 2 3 4 5 6 7 Completely interesting
Extremely boring
12. How often do you have the feeling (sensation) that you are in an unknown situation and don’t know what to do?
1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or
never 13. How do you see life?
1 2 3 4 5 6 7 A solution can be found for all hardships in life
There aren’t any solutions for the hardships of/in life
14. When you think about your life, you often:
1 2 3 4 5 6 7 Feel how great/nice it is to be alive
You ask yourself why you exist/ are alive
QSCA VIT 2 Anexo 8
3
15. When you face a difficult problem, the choice of a solution is: 1 2 3 4 5 6 7
Always confusing and difficult to find
Always completely clear
16. Doing the things you do every day is:
1 2 3 4 5 6 7 A source of great pleasure and satisfaction
A source of suffering and dissatisfaction
17. Your life in the future will probably be:
1 2 3 4 5 6 7 Full of changes without you knowing what will happen next
Completely predictable
18. When something unpleasant happened, you were likely to:
1 2 3 4 5 6 7 Rethink over and over angrily about what happened
Say “Everything is all right I have to live with this”and move on
19. How often do you have very confusing feelings and ideas?
1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or
never 20. When you do something that markes you feel good, what do you feel:
1 2 3 4 5 6 7 You will surely (certainly) continue to feel better
Something will happen to spoil this feeling
21. How often do you have feelings that you preferred not having?
1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or
never
QSCA VIT 2 Anexo 8
4
22. Do you think that personal life in the future will be:
1 2 3 4 5 6 7 Totally meaningles and without purpose
Meaningful and with purpose
23. Do you think that the people you rely on will always exist?
1 2 3 4 5 6 7 You are sure they will exist
You doubt they will exixt
24. How often do you have the feeling that you don’t know what will exactly happen?
1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or
never 25. Many people – even those who are very strong – many times feel like failures in certain situations. How often have you ever felt this way?
1 2 3 4 5 6 7 Never Very often
26. When something happens, you general you find out that:
1 2 3 4 5 6 7 You gave it too much or little thought
You saw things as they were
27. When you think about the difficulties you will probably have to face in important aspects of your life, you have the sensation (feeling) that:
1 2 3 4 5 6 7 You will successful in overcoming your difficulties
You won’t be successful in overcoming your difficulties
28. How often do get the feeling that the things you do in your daily life are meaningless?
1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or
never 29. How often do you have the feeling that you can’t control a situation?
1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or
never
QSCA VIF Anexo 9
1
Here are a series of questions related to several aspects of our lives. Each questions has seven possible answers. Please mark the number that expresses your answer, with numbers ranging from 1 thru 7. If you agree with the answers under the number 1, circle number 1. If you agree with the anwers under number 7, circle number 7. If your answer is different, circle the number that best represents your feelings. Please mark one single answer for each question. 1. When you speak with other people, do you get the feeling they do not understand you?
1 2 3 4 5 6 7 You never get that feeling
You always get that feeling
2. When you had to do something that depend on the cooperation of others, did you have the feeling that:
1 2 3 4 5 6 7 It surely would not be done
It surely would be done
3. Think about the people you have daily contact with and to whom you do not feel very close. How do you think you know most of them?
1 2 3 4 5 6 7 You feel you don’t know them
You know them very well
4. You often do you feel that you don’t care about what is going on around you:
1 2 3 4 5 6 7 Rarely or never
Very often 5. Have you ever been surprised by the behavior of people you thought you knew well?
1 2 3 4 5 6 7 Never happened
Always happened
6. Have people you relied on ever disappointed you?
1 2 3 4 5 6 7 Never happened
Always happened
7. Life is:
1 2 3 4 5 6 7 Very interesting
Very routine
8. Until now, your life has been:
1 2 3 4 5 6 7 Without any goals or purpose
With purpose and clear goals
QSCA VIF Anexo 9
2
9. How often do you get the feeling you are being treated unfairly?
1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or
never 10. In the past ten years your life has been:
1 2 3 4 5 6 7 Full of changes and you didn’t know what would happen next
Completely predictable
11. Most things you will do in the future will probably be:
1 2 3 4 5 6 7 Highly fascinating
Extremely boring
12. How often do you have the feeling you are in an unknown situation and don’t know what to do?
1 2 3 4 5 6 7
Very often Rarely or never
13. How do you see life?
1 2 3 4 5 6 7 One can always find a solution for the hardships in life
There is no solution for the hardships in life
14. When you think about your life, you often:
1 2 3 4 5 6 7 Feel how good it is to be alive
Ask yourself why you exist
15. When you face a difficult problem, the choice of a solution is:
1 2 3 4 5 6 7 Always confusing and difficult to find
Always completely clear
QSCA VIF Anexo 9
3
16. Doing the things you do every day is: 1 2 3 4 5 6 7
A source of great pleasure and satisfaction
A source of suffering and boredom
17. Your life in the future will probably be:
1 2 3 4 5 6 7 Full of changes without you knowing what will happen next
Completely predictable
18. When something unpleasant happened, you were likely to:
1 2 3 4 5 6 7 Angrily dwell upon what happened
Say “it’s ok, I have to live with that” and move on
19. How often do you have very confusing feelings and ideas?
1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or
never 20. When you do something that makes you feel good, what do you feel?
1 2 3 4 5 6 7 You will surely continue feeling good
Surely something will happen to spoil the feeling
21. How frequently do you feel things you would rather not feel?
1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or
never 22. You think your personal life in the future will be:
1 2 3 4 5 6 7 Completely without meaning and purpose
Filled with meaning and purpose
QSCA VIF Anexo 9
4
23. Do you think there will always be people who you will be able to count on in the future? 1 2 3 4 5 6 7
You are sure there will be
You doubt there will be
24. How often do you get the feeling you do not know exactly what is going to happen?
1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or
never 25. Many people – even the very strong ones – sometimes feel like losers in certain situations. How often have you ever felt this way?
1 2 3 4 5 6 7 Never Very often
26. When something happens, you generally find that:
1 2 3 4 5 6 7 You gave it great or little importance
You saw things in the right measure
27. When you think about the difficulties you will probably have to face in important aspects of your life, you have the feeling that:
1 2 3 4 5 6 7 You will be successful in overcoming these difficulties
You won’t be successful in overcoming these difficulties
28. How often do you get the feeling there is little meaning in the things you do in your day-to-day?
1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or
never 29. How often do you get the feeling that you are unable to control yourself?
1 2 3 4 5 6 7 Very often Rarely or
never
QSCA VPC3 Anexo 10
1
Aqui está uma série de questões relacionadas a vários aspectos de nossas vidas. Cada questão
tem sete respostas possíveis. Por favor, marque o número que expressa sua resposta, com
números de 1 a 7. Se você estiver de acordo com as palavras abaixo do número 1, circule o
número 1. Se você estiver de acordo com as palavras abaixo do número 7, circule o número 7.
Se sua resposta for diferente, circule o número que melhor expressa seus sentimentos. Por
favor, marque só uma resposta para cada questão.
1. Quando você conversa com outras pessoas tem a sensação de que elas não te entendem?
1 2 3 4 5 6 7 Nunca tem
essa sensação
Sempre tem essa sensação
2. Quando você precisou fazer algo que dependia da colaboração de outros, você teve a sensação de que:
1 2 3 4 5 6 7 Com certeza
não seria feito
Com certeza seria feito
3. Pense nas pessoas com quem você tem contato diariamente, além de seus familiares e amigos íntimos, e das quais não se sente muito próximo. Como você acha que conhece a maioria delas?
1 2 3 4 5 6 7 Você sente que não as conhece
Você as conhece
muito bem 4. Com que freqüência você tem a sensação de que não se importa com o que está se acontecendo ao seu redor:
1 2 3 4 5 6 7 Raramente ou
nunca
Com muita freqüência
5. Alguma vez já aconteceu de você se surpreender com o comportamento de pessoas que você achava que conhecia bem?
1 2 3 4 5 6 7 Nunca
aconteceu
Sempre aconteceu
6. Já aconteceu das pessoas com quem você contava te decepcionarem?
1 2 3 4 5 6 7 Nunca Sempre
QSCA VPC3 Anexo 10
2
aconteceu
aconteceu 7. A vida é:
1 2 3 4 5 6 7 Muito
interessante
Muito rotineira
8. Até agora, sua vida tem sido:
1 2 3 4 5 6 7 Sem qualquer
objetivo ou finalidade
Com finalidade e
objetivos claros
9. Com que freqüência você tem a sensação de que está sendo tratado injustamente?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Raramente ou nunca
10. Nos últimos dez anos sua vida tem sido:
1 2 3 4 5 6 7 Cheia de
mudanças sem que você
soubesse o que iria acontecer em seguida
Completamente previsível
11. A maior parte das coisas que você fará no futuro provavelmente será:
1 2 3 4 5 6 7 Completamente
fascinante Extremamente
chata
12. Com que freqüência você tem a sensação de que está numa situação desconhecida e não sabe o que fazer?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
raramente ou nunca
QSCA VPC3 Anexo 10
3
13. Como você vê a vida?
1 2 3 4 5 6 7 Sempre se pode achar
uma solução para os
sofrimentos da vida
Não há solução para
os sofrimentos
da vida
14. Quando você pensa na sua vida, freqüentemente você:
1 2 3 4 5 6 7 Sente o quanto é bom estar
vivo
Pergunta a si mesmo por que você
existe 15. Quando você enfrenta um problema difícil, a escolha de uma solução é:
1 2 3 4 5 6 7 Sempre
confusa e difícil de encontrar
Sempre completamente
clara
16. Fazer as coisas que você faz todos os dias é:
1 2 3 4 5 6 7 Uma fonte de
grande prazer e satisfação
Uma fonte de sofrimento e
chatice
17. Sua vida no futuro provavelmente será:
1 2 3 4 5 6 7 Cheia de
mudanças sem que você saiba
o que acontecerá em
seguida
Completamente previsível
18. Quando algo desagradável aconteceu, sua tendência foi:
1 2 3 4 5 6 7 Ficar se
“remoendo de raiva” sobre o
acontecido
Dizer “está tudo em, tenho que viver com
isso” e seguir em frente
QSCA VPC3 Anexo 10
4
19. Com que freqüência você tem sentimentos e idéias bastante confusas?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Raramente ou nunca
20. Quando você faz algo que lhe dá uma sensação boa, o que você sente:
1 2 3 4 5 6 7 Com certeza
você continuará sentindo-se
bem
Com certeza algo
acontecerá para estragar essa sensação
21. Com que freqüência acontece de você ter sentimentos que você preferiria não sentir?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Raramente ou nunca
22. Você acha que sua vida pessoal no futuro será:
1 2 3 4 5 6 7 Totalmente
sem significado e
finalidade
Cheia de significado e
finalidade
23. Você acha que sempre existirão pessoas com quem você poderá contar no futuro?
1 2 3 4 5 6 7 Você está
certo de que existirão
Você duvida que existirão
24. Com que freqüência você tem a sensação de que não sabe exatamente o que está para acontecer?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Raramente ou nunca
QSCA VPC3 Anexo 10
5
25. Muitas pessoas - mesmo aquelas muito fortes - algumas vezes se sentem como fracassadas em certas situações. Com que freqüência você já se sentiu dessa maneira?
1 2 3 4 5 6 7 Nunca Com muita
freqüência 26. Quando alguma coisa acontece a você, em geral você acha que:
1 2 3 4 5 6 7 Você deu muita
ou pouca importância
Você viu as coisas na
medida certa 27. Quando você pensa nas dificuldades que provavelmente terá que enfrentar em aspectos importantes de sua vida, você tem a sensação de que:
1 2 3 4 5 6 7 Sempre terá sucesso em superar as
dificuldades
Não terá sucesso em superar as
dificuldades 28. Com que freqüência você tem a sensação de que há pouco significado nas coisas que faz na sua vida diária?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Raramente ou nunca
29. Com que freqüência você tem a sensação de que você não consegue manter seu auto-controle?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Raramente ou nunca
QSCA VPC4/VPF Anexo11
1
Aqui está uma série de questões relacionadas a vários aspectos de nossas vidas. Cada questão
tem sete respostas possíveis. Por favor, marque o número que expressa sua resposta, com
números de 1 a 7. Se você estiver de acordo com as palavras abaixo do número 1, circule o
número 1. Se você estiver de acordo com as palavras abaixo do número 7, circule o número 7.
Se sua resposta for diferente, circule o número que melhor expressa seus sentimentos. Por
favor, marque só uma resposta para cada questão.
1. Quando você conversa com outras pessoas tem a sensação de que elas não te entendem? 1 2 3 4 5 6 7
Nunca tenho essa sensação
Sempre tenho essa sensação
2. Quando você precisou fazer algo que dependia da colaboração de outros, você teve a sensação de que:
1 2 3 4 5 6 7 Com
certeza não seria feito
Com certeza
seria feito 3. Pense nas pessoas com quem você tem contato diariamente e das quais não se sente muito próximo, pois não são seus familiares e amigos íntimos. Como você acha que conhece a maioria dessas pessoas?
1 2 3 4 5 6 7 Você sente que não as conhece
Você as conhece
muito bem 4. Com que freqüência você tem a sensação de que não se importa com o que está se acontecendo ao seu redor:
1 2 3 4 5 6 7 Raramente ou nunca
Com muita freqüência
5. Alguma vez já aconteceu de você se surpreender com o comportamento de pessoas que você achava que conhecia bem?
1 2 3 4 5 6 7 Nunca
aconteceu Sempre
aconteceu 6. Já aconteceu das pessoas com quem você contava te decepcionarem?
1 2 3 4 5 6 7 Nunca
aconteceu Sempre
aconteceu
QSCA VPC4/VPF Anexo11
2
7. A vida é: 1 2 3 4 5 6 7
Muito interessante
Muito rotineira
8. Até agora, sua vida tem sido:
1 2 3 4 5 6 7 Sem
qualquer objetivo ou finalidade
Com finalidade e objetivos
claros 9. Com que freqüência você tem a sensação de que está sendo tratado injustamente?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Raramente ou nunca
10. Nos últimos dez anos sua vida tem sido:
1 2 3 4 5 6 7 Cheia de mudanças sem que
você soubesse o
que iria acontecer
em seguida
Completamente
previsível (esperada)
11. A maior parte das coisas que você fará no futuro provavelmente será:
1 2 3 4 5 6 7 Completa
mente fascinante
Extremamente chata
12. Com que freqüência você tem a sensação de que está numa situação desconhecida e não sabe o que fazer?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
raramente ou nunca
13. Como você vê a vida?
1 2 3 4 5 6 7 Sempre se pode achar
uma solução para os
sofrimentos da vida
Não há solução para os
sofrimentos da vida
QSCA VPC4/VPF Anexo11
3
14. Quando você pensa na sua vida, freqüentemente você: 1 2 3 4 5 6 7
Sente o quanto é bom estar
vivo
Pergunta a si mesmo por que
você existe
15. Quando você enfrenta um problema difícil, a escolha de uma solução é:
1 2 3 4 5 6 7 Sempre
confusa e difícil de encontrar
Sempre completamente clara e fácil de encontrar
16. Fazer as coisas que você faz todos os dias é:
1 2 3 4 5 6 7 Uma fonte de grande prazer e
satisfação
Uma fonte de
sofrimento e chatice
17. Sua vida no futuro provavelmente será:
1 2 3 4 5 6 7 Cheia de mudanças sem que
você saiba o que
acontecerá em seguida
Completamente
previsível (esperada)
18. Quando algo desagradável aconteceu, sua tendência foi:
1 2 3 4 5 6 7 Ficar se
“remoendo de raiva” sobre o
acontecido
Dizer “está tudo bem, tenho que viver com
isso” e seguir em
frente 19. Com que freqüência você tem sentimentos e idéias bastante confusas?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Raramente ou nunca
QSCA VPC4/VPF Anexo11
4
20. Quando você faz algo que lhe dá uma sensação boa, o que você sente: 1 2 3 4 5 6 7
Com certeza você
continuará sentindo-se bem
Com certeza
algo acontecerá
para estragar
essa sensação
21. Com que freqüência acontece de você ter sentimentos que você preferiria não sentir?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Raramente ou nunca
22. Você acha que sua vida pessoal no futuro será:
1 2 3 4 5 6 7 Totalmente
sem significado
e finalidade
Cheia de significado
e finalidade
23. Você acha que sempre existirão pessoas com quem você poderá contar no futuro?
1 2 3 4 5 6 7 Você está certo de
que essas pessoas existirão
Você duvida que
essas pessoas existirão
24. Com que freqüência você tem a sensação de que não sabe exatamente o que está para acontecer?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Raramente ou nunca
25. Muitas pessoas - mesmo aquelas muito fortes - algumas vezes se sentem como fracassadas em certas situações. Com que freqüência você já se sentiu dessa maneira?
1 2 3 4 5 6 7 Nunca Com muita
freqüência
QSCA VPC4/VPF Anexo11
5
26. Quando alguma coisa acontece a você, em geral você acha que: 1 2 3 4 5 6 7
Você deu muita ou
pouca importância para o que aconteceu
Você viu as coisas
na medida certa
27. Quando você pensa nas dificuldades que provavelmente terá que enfrentar em aspectos importantes de sua vida, você tem a sensação de que:
1 2 3 4 5 6 7 Sempre terá sucesso em superar as
dificuldades
Não terá sucesso em superar as
dificuldades 28. Com que freqüência você tem a sensação de que há pouco significado nas coisas que faz na sua vida diária?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Raramente ou nunca
29. Com que freqüência você tem a sensação de que você não consegue manter seu auto-controle?
1 2 3 4 5 6 7 Com muita freqüência
Raramente ou nunca
Anexo 13
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCLARECIMENTO AO SUJEITO DA PESQUISA
Nome da pesquisa: Tradução para o português e validação do Questionário de Senso de Coerência de Aaron Antonovsky Pesquisador responsável: Profa. Dra. Rosana Aparecida Spadoti Dantas (COREN 44.148) Promotora da pesquisa: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP Estamos realizando um estudo para traduzir e tornar válido para os brasileiros um questionário, feito nos Estados Unidos, que ajuda os profissionais da saúde a avaliar como as pessoas lidam com o estresse. O estresse tem sido um fator muito estudado entre os pacientes cardíacos, tanto como causador de doenças cardíacas como um fator que dificulta a recuperação dos doentes. A sua participação neste estudo é voluntária. Caso decida participar, você irá responder uma entrevista sobre como você age em algumas situações do seu dia a dia e como avalia alguns aspectos da sua vida e de si próprio. O tempo da entrevista é de meia hora. Este estudo não oferece qualquer risco ou desconforto e asseguramos que você não será identificado. Embora sua participação não lhe traga nenhum benefício diretamente, os resultados deste estudo nos ajudarão a conhecer como os pacientes cardíacos lidam com o estresse e o nervosismo. Futuramente poderemos propor um atendimento que ajude os pacientes a enfrentarem melhor o estresse diário. Se decidir não participar da nossa pesquisa, ou resolver parar no meio da entrevista, sua decisão não acarretará nenhuma mudança no seu atendimento pelos profissionais do HC. _________________________________________
Pesquisador responsável:Profa. Dra. Rosana A Spadoti Dantas Telefone para contato: 3602-3402
EU _______________________________________________________________, RG_____________________,abaixo assinado, tendo recebido as informações acima, e ciente dos meus direitos abaixo relacionados, concordo em participar. 1.
A garantia de receber a resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento de qualquer dúvida a respeito dos procedimentos, riscos, benefícios e de outras situações relacionadas com a pesquisa e o tratamento a que serei submetido.
2. A liberdade de retirar o meu consentimento e deixar de participar do estudo, a qualquer momento, sem que isso traga prejuízo à continuidade do meu tratamento.
3. A segurança de que não serei identificado e que será mantido o caráter confidencial da informação relacionada a minha privacidade.
4. O compromisso de que me será prestada informação atualizada durante o estudo, ainda que esta possa afetar a minha vontade de continuar dele participando.
5. O compromisso de que serei devidamente acompanhado e assistido durante todo o período de minha participação no projeto, bem como de que será garantida a continuidade do meu tratamento, após a conclusão dos trabalhos da pesquisa.
Ribeirão Preto,______de_______________________de________ ___________________________________________ Assinatura do participante
Dados sócio-demográficos e clínicos Anexo 14
ID#_________ Registro HC:___________________ Data da entrevista:_____/_____/______ Data do nascimento:_____/_____/_____ Data da internação:______/______/______ Leito:_______ Sexo: 1 – Masculino 2 - Feminino Estado civil: 1 – solteiro 2 – casado 3 – viúvo 4 – desquitado/divorciado Situação profissional: 1- ativo 2- aposentado, mas desempenha atividades remuneradas 3 – aposentado
4 – aguardando aposentadoria devido ao problema cardíaco 5- atividades em casa (dona de casa, auxilia na casa) 6- outros.
Renda mensal (em reais): Individual_____ e Familiar _____
Grau de escolaridade: _______________ (anos que freqüentou o ensino formal)
Número de pessoas que moram com o paciente: ________ Especificar: ______________________________________________________ Diagnósticos médicos na internação: Tipo de cardiopatia ( ) Isquêmica. Especificar: Angina ( ) IAM ( ) ( ) Valvular. Especificar: ( ) Insuficiência cardíaca. Especificar etiologia e grau: ( ) Arritmias Presença de doenças associadas: ( ) HAS ( ) Diabetes ( ) Insuficiência Renal ( ) Dislipidemias ( ) Câncer ( ) AVC. ( ) Outras. Especificar: Número de internações nos últimos 12 meses devido ao problema cardíaco:_______ Faz uso de medicamentos para nervosismo, depressão ou ansiedade? ( ) sim ( ) não Com que freqüência: Especificar o nome: Instrumentos de coleta preenchido pelo: 1- participante 2-pesquisadora Início da entrevista: Término:
Escala de auto-estima Anexo 15
a) Concordo plenamente
b) Concordo c) Discordo d) Discordo plenamente
0 1 2 3
1) De uma forma geral (apesar de tudo), estou satisfeito comigo mesmo(a).
0 1 2 3
2) Às vezes, eu acho que não sirvo para nada (desqualificado ou inferior em relação aos outros).
0 1 2 3
3) Eu sinto que eu tenho um tanto (um número) de boas qualidades.
0 1 2 3
4) Eu sou capaz de fazer coisas tão bem quanto a maioria das outras pessoas (desde que me ensinadas).
0 1 2 3
5) Não sinto satisfação nas coisas que realizei. Eu sinto que não tenho muito do que me orgulhar.
0 1 2 3
6) As vezes, eu realmente me sinto inútil (incapaz de fazer as coisas).
0 1 2 3
7) Eu sinto que sou uma pessoa de valor, pelo menos num plano igual (num mesmo nível) às outras pessoas.
0 1 2 3
8) Eu gostaria de ter mais respeito por mim mesmo (a). (Dar-me mais valor).
0 1 2 3
9) Quase sempre eu estou inclinado (a) a achar que sou um(a) fracassado(a).
0 1 2 3
10) Eu tenho uma atitude positiva (pensamentos, atos e sentimentos positivos) em relação a mim mesmo (a).
0 1 2 3
Inventário Depressão de Beck Anexo 16
Este questionário consiste em 21 grupos, cada um com 4 afirmações. Depois de ler cuidadosamente cada grupo, faça um círculo em torno do número (0, 1, 2 ou 3) diante da afirmação que descreve melhor como você tem se sentido nesta semana, incluindo hoje. Se várias afirmações num mesmo grupo parecerem se aplicar igualmente bem, faça um círculo em cada uma. Tome o cuidado de ler todas as afirmações, em cada grupo, antes de fazer a escolha. 1 0 Não me sinto triste 1 Eu me sinto triste 2 Estou sempre triste e não consigo sair disto 3 Estou tão triste ou infeliz que não consigo suportar 2 0 Não estou especialmente desanimado quanto ao futuro 1 Eu me sinto desanimado quanto ao futuro 2 Acho que nada tenho a esperar 3 Acho o futuro sem esperança e tenho a impressão de que as coisas não podem
melhorar 3 0 Não me sinto um fracasso 1 Acho que fracassei mais do que uma pessoa comum 2 Quando olho para trás, na minha vida, tudo o que eu posso ver é um monte de
fracassos 3 Acho que , como pessoa, sou um completo fracasso 4 0 Tenho tanto prazer em tudo, como antes 1 Não sinto mais prazer nas coisas como antes 2 Não encontro um prazer real em mais nada 3 Estou insatisfeito e aborrecido com tudo 5 0 Não me sinto especialmente culpado 1 Eu me sinto culpado às vezes 2 Eu me sinto culpado na maior parte das vezes 3 Eu me sinto sempre culpado 6 0 Não acho que esteja sendo punido 1 Acho que posso ser punido 2 Creio que vou ser punido 3 Acho que estou sendo punido 7 0 Não me sinto decepcionado comigo mesmo 1 Estou decepcionado comigo mesmo 2 Estou enjoado de mim 3 Eu me odeio 8 0 Não me sinto de qualquer modo pior do que os outros 1 Sou crítico em relação a mim devido as minhas fraquezas ou meus erros 2 Eu me culpo sempre por minhas falhas 3 Eu me culpo por tudo de mal que acontece 9 0 Não tenho quaisquer idéias de me matar 1 Tenho idéias de me matar, mas não as executaria 2 Gostaria de me matar
Inventário Depressão de Beck Anexo 16
3 Eu me mataria se tivesse oportunidade 10 0 Não choro mais do que o habitual 1 Choro mais agora do que acostumava 2 Agora, choro o tempo todo 3 Costumava se capaz de chorar, mas agora não consigo mesmo que o queira 11 0 Não sou mais irritado agora do que já fui 1 Fico molestado ou irritado mais facilmente do que acostumava 2 Atualmente me sinto irritado o tempo todo 3 Absolutamente não me irrito comas coisas que acostumavam irritar-me 12 0 Não perdi o interesse nas outras pessoas 1 Interesso-me menos do que costumava pelas outras pessoas 2 Perdi a maior parte do meu interesse nas outras pessoas 3 Perdi todo o meu interesse nas outras pessoas 13 0 Tomo decisões mais ou menos bem como em outra época 1 Adio minhas decisões mais do que acostumava 2 Tenho maior dificuldade em tomar decisões do que antes 3 Não consigo mais tomar decisões 14 0 Não sinto que minha aparência seja pior do que acostumava ser 1 Preocupo-me por estar parecendo velho ou sem atrativos 2 Sinto que há mudanças permanentes em minha aparência que me fazem parecer
sem atrativos. 3 Considero-me feio 15 0 Posso trabalhar mais ou menos tão bem como antes 1 Preciso de um esforço extra para começar qualquer coisa 2 Tenho de me esforçar muito até fazer qualquer coisa 3 Não consigo fazer nenhum trabalho 16 0 Durmo tão bem quanto de hábito 1 Não durmo tão bem quanto acostumava 2 Acordo uma ou duas horas mais cedo do que o hábito e tenho dificuldade para
voltar a dormir 3 Acordo várias horas mais cedo do que costumava e tenho dificuldade para
voltar a dormir 17 0 Não fico mais cansado do que de hábito 1 Fico cansado com mais facilidade do que costumava 2 Sinto-me cansado ao fazer quase qualquer coisa 3 Estou cansado demais para fazer qualquer coisa 18 0 Meu apetite não está pior do que de hábito 1 Meu apetite não é tão bom quanto costumava ser 2 Meu apetite está muito pior agora 3 Não tenho mais nenhum apetite 19 0 Não perdi muito peso, se é que perdi algum ultimamente 1 Perdi mais de 2,5 Kg 2 Perdi mais de 5,0 Kg 3 Perdi mais de 7,5 Kg
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Estou deliberadamente tentando perder peso, comendo menos: sim não 20 0 Não me preocupo mais que o de hábito com minha saúde 1 Preocupo-me com problemas físicos como dores e aflições ou perturbações no
estômago e prisão de ventre 2 Estou muito preocupado com problemas físicos e é difícil pensar em outra coisa
que não isso 3 Estou tão preocupado com meus problemas físicos que não consigo pensar em
outra coisa 21 0 Não tenho observado qualquer mudança recente em meu interesse sexual 1 Estou menos interessado por sexo do que costumava 2 Estou bem menos interessado em sexo atualmente 3 Perdi completamente o interesse por sexo