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ADAPTAÇÃO CURRICULAR DO PROCESSO AVALIATIVO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS ÁREA INTELECTUAL, INCLUSOS NO ENSINO FUNDAMENTAL Silvia Regina Lebre 1 1 Miriam Aparecida Graciano de Souza Pan 2 RESUMO O presente artigo refere-se à inclusão educacional da pessoa com deficiência intelectual no ensino regular. Retrato de um discurso internacional de educação para todos, que também está configurado no panorama político econômico brasileiro, enquanto um país democrata, com sistema político capitalista e princípios neoliberais. O objetivo deste artigo foi investigar na teoria e na prática as adaptações dos critérios avaliativos de um currículo para atender às necessidades educacionais especiais de alunos com deficiência intelectual, matriculados nas séries finais (5ª a 8ª séries) do Ensino Fundamental. Esta pesquisa-ação ocorreu no período de um ano, em uma escola pública do município de Curitiba, através de entrevistas, grupos de estudos e questionários, e contou com a participação de 19 professores que lecionam no ensino regular e ministram aulas para alunos com deficiência intelectual. Os resultados da pesquisa elegem algumas dificuldades que impedem a inclusão de pessoas com deficiência intelectual no sistema educacional regular e apontam um conjunto de ações que podem favorecer este processo. Constatou-se que, além de ações pedagógicas e administrativas no âmbito escolar, é necessária a desmistificação de conceitos errôneos de inclusão, currículo adaptado e avaliação. A conjuntura dos dados coletados e discutidos pelos professores 1 Pedagoga, especialista em educação especial, mestre em mídia e conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina. 2 Professora Doutora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Paraná, orientadora desta pesquisa.

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ADAPTAÇÃO CURRICULAR DO PROCESSO AVALIATIVO DE ALUNOS

COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS – ÁREA

INTELECTUAL, INCLUSOS NO ENSINO FUNDAMENTAL

Silvia Regina Lebre 11

Miriam Aparecida Graciano de Souza Pan2

RESUMO

O presente artigo refere-se à inclusão educacional da pessoa com deficiência intelectual

no ensino regular. Retrato de um discurso internacional de educação para todos, que

também está configurado no panorama político econômico brasileiro, enquanto um país

democrata, com sistema político capitalista e princípios neoliberais. O objetivo deste

artigo foi investigar na teoria e na prática as adaptações dos critérios avaliativos de um

currículo para atender às necessidades educacionais especiais de alunos com deficiência

intelectual, matriculados nas séries finais (5ª a 8ª séries) do Ensino Fundamental. Esta

pesquisa-ação ocorreu no período de um ano, em uma escola pública do município de

Curitiba, através de entrevistas, grupos de estudos e questionários, e contou com a

participação de 19 professores que lecionam no ensino regular e ministram aulas para

alunos com deficiência intelectual. Os resultados da pesquisa elegem algumas

dificuldades que impedem a inclusão de pessoas com deficiência intelectual no sistema

educacional regular e apontam um conjunto de ações que podem favorecer este

processo. Constatou-se que, além de ações pedagógicas e administrativas no âmbito

escolar, é necessária a desmistificação de conceitos errôneos de inclusão, currículo

adaptado e avaliação. A conjuntura dos dados coletados e discutidos pelos professores

1 Pedagoga, especialista em educação especial, mestre em mídia e conhecimento pela Universidade

Federal de Santa Catarina.

2 Professora Doutora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Paraná, orientadora

desta pesquisa.

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envolvidos nesta pesquisa aponta a necessidade de uma reestruturação das ações das

políticas públicas nacionais de educação.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Inclusiva. Currículo. Avaliação.

ABSTRACT

The present article refers to the educational inclusion of people with intellectual

deficiencies into the regular education system. It portrays the international discussion

of education for all, which is also an issue in the political-economical scenario of Brazil,

a democratic country with a capitalist political system with neo-liberal principles. The

objective of this article was to investigate the theory and practice of the adaptation of

the evaluation criteria of a curriculum that meets the special educational needs of

students with intellectual deficiency enrolled in grades 5 through 8 of elementary

school. This research occurred at the end of the school year in a public school of the

city of Curitiba. The instruments used for research were interviews, study groups,

questionnaires, with nineteen teachers that teach regular classes with intellectually

impaired students in class. The results of this research show some of the difficulties

that impede the inclusion of people with intellectual disabilities in the educational

system and show a course of action that can favor this process. It has been verified that

besides pedagogical and administrative actions in the schools there is also a need for the

demystification of faulty concepts of inclusion, adapted curriculum and evaluation. The

sum of all collected data and the discussion of teachers involved in the research shows

the need for a restructuring of the national public policies of education.

INTRODUÇÃO

A educação brasileira vive um momento conflituoso entre o ideário democrata,

o sistema capitalista e os princípios neoliberais.

No discurso vigente e na legislação vigente é apregoada a educação inclusiva,

onde todas as pessoas têm o direito a uma educação de qualidade, entretanto, observa-se

a manutenção de uma prática conservadora, classificatória e excludente.

Encontramos escolas com salas lotadas, professores com práticas educacionais voltadas

a transmissão do conhecimento, onde o aluno é um mero detentor de informações e

processos seletivos das universidades altamente excludentes.

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Nas salas de aula de ensino comum, norteados pela legislação vigente, estão

matriculados alunos que requerem atenção às suas necessidades educacionais especiais.

Contudo, o sistema educacional apresenta dificuldades em atender a estas

necessidades especiais dos estudantes.

Ao mencionar o funcionamento das escolas, estaremos nos remetendo às ações

pedagógicas, ações estas que são norteadas por um currículo educacional.

Entretanto, currículo não se restringe apenas às práticas pedagógicas, além dele

retratar os desejos e anseios dos educadores, também é norteado por ações de ordem

político-econômica que prevê no momento uma educação inclusiva.

Para incluirmos os alunos no sistema educacional é necessário termos bem

claro quem estamos incluindo, e, por fim, se almejamos o atendimento de qualidade às

necessidades educacionais especiais - deficiência intelectual-, estamos fazendo alusão às

adaptações dos currículos e de seus processos avaliativos.

A grande problemática à qual fazemos referência está justamente centrada na

dificuldade que as escolas comuns estão encontrando, principalmente em adaptar seus

procedimentos avaliativos, o que constitui um grande obstáculo para a inclusão de

pessoas com deficiência intelectual matriculadas no Ensino Fundamental regular.

Desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB

(Lei nº4024/61), onde se admite certa adaptação nos currículos, a educação brasileira

vem requerendo uma nova postura dos profissionais no âmbito educacional.

Para viabilizar estas adaptações, no transcorrer destes anos, ocorreram

normatizações, estudos e diversas tentativas de mudanças, entretanto as práticas

avaliativas não estão adequando seus instrumentos, nem os procedimentos

metodológicos que proponham ações efetivas de comunicação diferenciada e de

intervenções pedagógicas. Em sua prática, as avaliações continuam baseadas em provas

para medir o conhecimento do aluno ao final de cada bloco de conteúdos.

Os professores não estão conseguindo mudar seu paradigma uma vez que está

estreitamente ligado a um processo histórico de sua formação, gerando assim grande

insegurança no pensar pedagógico.

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O discurso escolar está perpassado por indagações persistentes, como: A que se

refere esta avaliação e como adaptá-la? Quais os critérios e instrumentos que se deve

utilizar? São os conteúdos que norteiam os procedimentos avaliativos? A avaliação é

para aferir notas?

Durante esta pesquisa são abordadas questões ligadas à educação inclusiva e a

influência que as ideologias político-econômicas exercem sobre ela.

Discute a função social do currículo e a necessidade de adaptação curricular e

de seu processo avaliativo. Investiga os princípios teóricos destas questões

relacionando-os à prática diária das escolas, identificando suas possíveis dificuldades e

almejando sugerir ações que venham atender com qualidade educacional as pessoas

com Necessidades Educacionais Especiais - deficiência intelectual, matriculadas no

Ensino Fundamental (da 5ª à 8ª séries).

A Educação Inclusiva e a influência político-econômica

Para compreender um paradigma vigente é necessário investigar os sentidos

das terminologias utilizadas, pois nestas estão incutidos pressupostos conceituais que

retratam a historicidade da humanidade e a ideologia político-econômica do momento.

A Educação não é um fenômeno neutro, ela sofre os efeitos dessa ideologia por

estar envolvida com política.

As evidentes mudanças científico-tecnológicas, econômicas, sociais,

políticas e culturais ocorridas no mundo contemporâneo têm

influenciado direta e indiretamente a organização da sociedade que

concretamente reflete em seus processos educacionais. (PARANÁ,

2008, p.1).

Para compreender um dos maiores desafios da educação contemporânea, na

Educação Inclusiva, é preciso entender o ideário reinante, pois este é o reflexo dos fatos

historicamente constituídos.

A educação tem importante papel no próprio processo de

humanização do homem e de transformação social, embora não se

preconize que, sozinha, a educação possa transformar a sociedade.

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Apontando para as possibilidades da educação, a teoria educacional

visa à formação do homem integral, ao desenvolvimento de sua

potencialidade, para torná-lo sujeito de sua própria história e não

objeto dela. (GADOTTI,1995, p.18).

A história da educação no Brasil parte de rupturas políticas. Segundo Bello

(1998, p.1), “A História da Educação Brasileira não é uma História difícil de ser

estudada e compreendida. Ela evolui em rupturas marcantes e fáceis de serem

observadas”

Elas podem ser narradas desde a chegada dos portugueses no território do

Novo Mundo, trazendo consigo o padrão de educação européia. O atendimento

educacional às pessoas com deficiência intelectual deixou suas marcas nesta história.

Na Primeira República, segundo Piletti (2006, p.169), “Os ideais republicanos

– federação, democracia, convivência social, progresso econômico e independência

cultural – viram-se frustrados”. No entanto, as idéias democráticas tentavam persistir,

abrindo espaço para estudiosos, como Thiago M. Wurt, natural da Alemanha, que veio ao Brasil em

1918 e fundou a primeira escola especial no país para atendimento à pessoa com deficiência intelectual: o Instituto

Pestalozzi, em Canoas, Rio Grande do Sul.

De acordo com Piletti (2006, p. 106), “Pestalozzi acreditava que o desenvolvimento e a natureza

do aluno deveriam ser respeitados.”

Durante o liberalismo econômico, após o golpe político de 1930, a escola deixa

de ser tradicional para seguir a pedagogia escolanovista acompanhando assim os

princípios democráticos de que todos teriam direito a educação pública e gratuita.

Os defensores da escolanovista acreditavam que a educação constrói uma

sociedade democrática, portanto leva em consideração a diversidade para que a

individualidade do sujeito seja respeitada.

Com o advento da urbanização e da indústria, entre 1945 e 1964 a propaganda

nacionalista ganha espaço na participação das massas populares urbanas, mas sob o

controle do Estado. Era uma política econômica que oscilava entre a democracia liberal

e o autoritarismo governamental.

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Os princípios ideológicos apresentados pela pedagogia escolanovista se

consolidaram somente em 1948 quando a Organização das Nações Unidas, ONU, firma

um documento intitulado Declaração Universal dos Direitos Humanos, onde é afirmado

que a educação é direito de todos. Esta declaração passa então a inspirar as políticas

públicas e os instrumentos jurídicos de vários países, inclusive do Brasil.

Foi justamente neste período que a concepção das pessoas com deficiência se

alterou, passando a serem vistas como cidadãs, com direitos e deveres de participação

social.

Neste contexto em particular conclama-se:

O intenso movimento mundial de defesa dos direitos das minorias,

que caracterizou a década de 60, associado a críticas contundentes ao

Paradigma da Institucionalização de pessoas com doença mental e de

pessoas com deficiência, determinou novos rumos às relações das

sociedades com esses segmentos populacionais. (BRASIL, 2004,

p.11).

Somente após treze anos da Declaração dos Direitos Humanos, foi promulgada

a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB (Lei nº4024/61), a qual

menciona a pessoa deficiente, fazendo menção às primeiras ações de atenção à

deficiência, de caráter público, em um pressuposto de integração, que segundo Amaral

(1994 p. 40), “Com efeito, persistiu por muito tempo a idéia básica de que integrar seria

normalizar, ou seja, neutralizar ao máximo a diferença.”

Neste mesmo texto da LDB/61 a pessoa com deficiência é representada como

alguém com direito a participar da educação preferencialmente no ensino regular.

[...] em seu Artigo 88 que, para integrá-los na comunidade, sua

educação deverá, dentro do possível, enquadrar-se no sistema geral

de educação. Pode-se inferir que o princípio básico aí implícito é o de

que a educação dos excepcionais deve ocorrer com a utilização dos

mesmos serviços educacionais organizados para a população em geral

[...]. (MAZZOTTA , 2005, p.68).(grifo nosso)

Ainda sob o comando da ditadura militar que se instalou no Brasil em 1964, na

década de 70 a escola era norteada por uma gestão massificadora calcada na força do

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trabalho, a escola Tecnicista via o currículo de forma homogênea , padronizada para

formar sujeitos também padronizados com o intuito de atender a demanda político-

econômica, uma educação que priorizava a força do trabalho fragmentado.

Sob a influência da escola tecnicista o atendimento a pessoa com deficiência

era prestado com caráter assistencialista. Segundo Mazzotta (2005, p.73), “[...] um

posicionamento que atribui um sentido clínico e/ou terapêutico à educação especial, na

medida em que o atendimento educacional assume o caráter preventivo/corretivo.”

Com o término da ditadura militar, instalou-se um cenário de redemocratização

no país, e, neste contexto, em 1986, foram definidas algumas normas para o apoio à

Educação Especial pública e particular, utilizando pela primeira vez a terminologia

educando com necessidades especiais. (MAZZOTTA. 2005).

Com visão democrática da sociedade, a Constituição Federal de 1988, assegura

nos artigos 205 e 206 o direito à educação pública e gratuita com conteúdos mínimos,

um atendimento especializado para pessoas com necessidades educacionais especiais,

preferencialmente na rede regular de ensino. (MAZZOTA. 2005)

Em 1990 o Brasil participou da Conferência Mundial sobre a Educação para

Todos, na Tailândia para discutir a prioridade que deve ser dada à educação básica.

[...] um em cada cinco seres humanos não tem acesso a educação..

Posteriormente a esta conferência, e levando-se em conta a situação da

educação no Brasil, foi estabelecido um Plano Decenal de Educação

(1993-2003), com a finalidade de recuperar o Ensino Fundamental

promovendo a qualidade e o aprimoramento contínuo. Com este

pensar surge o lema Educação para Todos. (CARNEIRO, 2007, p.33).

Ainda embasado nos ideais democráticos proclamados mundialmente, o pensar

em uma sociedade inclusiva e conseqüentemente em uma Educação Inclusiva se

estabelece em 1994 na Conferência Mundial de Educação Especial, na cidade de

Salamanca, Espanha, onde foi assinado a Declaração de Salamanca.

No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB (Lei

9.394/96), em seu artigo 58, faz menção à inclusão dos alunos com Necessidades

Educacionais Especiais preferencialmente na rede regular de ensino. (BRASIL, 1996).

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Entretanto neste mesmo artigo em seu § 2º é assegurado aos alunos o direito de

atendimento em classes e escolas especiais quando necessário.

Fica ainda mais claro o conceito de inclusão da pessoa com deficiência quando

nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial é mencionada na mesma atenção à

qualidade, pois os índices de matriculas não significam que os alunos estão incluso, é

preciso promover o desenvolvimento dos alunos através de uma educação de qualidade.

A política de inclusão dos alunos que apresentam necessidades

educacionais especiais na rede regular de ensino não consiste apenas

na permanência física desses alunos junto aos demais educandos, mas

representa a ousadia em rever concepções e paradigmas, bem como

desenvolver potencial dessas pessoas respeitando suas diferenças e

atendendo suas necessidades.(BRASIL, 2001, P. 28).

Entretanto, há contradições entre discurso e prática pedagógica, enquanto a

legislação diz que os alunos com necessidades educacionais especiais devem

preferencialmente estar matriculados no ensino regular, as escolas não ofertam uma

educação estruturada para atender a todos.

Corrobora com a discussão apresentando tais contradições onde as políticas

públicas de inclusão tentam assegurar o direito constitucional da educação a todos,

numa escola que se depara com turmas superlotadas, expectativas de diagnóstico e

encaminhamentos de alunos, preconceito, redes de apoio inexistentes ou desarticuladas,

resultando em prática escolares que se mostram na contramão de uma escola inclusiva.

(PAN, 2005)

Para realizar a prática de uma verdadeira educação inclusiva é preciso que o

currículo enquanto ação norteadora de todo processo pedagógico seja para atender as

diferençasa para atender as diferenças.

Neste artigo direcionamos nossos estudos as pessoas que apresentam uma

diferença significativa no funcionamento intelectual se forem comparada

pedagogicamente e/ou psicologicamente com outras pessoas, são as pessoas que

apresentam deficiência intelectual, nova nomenclatura utilizada, segundo Pan (1008

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p.28). “Americam Association on Intelletual and Developmental Disabilities (AAIDD),

substituindo retardo mental por deficiências intelectuais.”

O aluno com deficiência intelectual incluso no sistema educacional regular

necessita de ações pedagógicas específicas para se desenvolver, portanto é preciso que

os currículos educacionais sejam adaptados? Ou que a escola se transforme? E o

currículo, conseqüentemente?

Currículo: uma discussão necessária

O currículo exerce na escola uma função social, é expresso como pensar

histórico das intenções sociais, pedagógicas e políticas. Segundo Sacristán (2000,

p.107), “[...] é um objeto social e histórico e sua peculiaridade dentro de um sistema

educativo é um importante traço substancial dentro de um sistema.”

Como o currículo é vinculado à realidade política econômica, é necessário

analisar a atual conjuntura do Brasil nestas ópticas.

Enquanto sistema político democrata prevê como direito de todos, uma

educação de qualidade, o que está em consonância com os documentos internacionais e

nacionais que firmam a educação inclusiva.

E, enquanto sistema capitalista, com a presença de ideários neoliberais, trazido

tardiamente de outros países para o Brasil reproduz um capitalismo calcado na terceira

revolução industrial, desencadeada pela evolução tecnológica e por uma nova gestão de

produção, segundo Silva (1995, p.97), “No novo contexto, os organismos multilaterais,

como FMI e Banco Mundial, e os macro mercados, como o Mercosul, diminuem a

capacidade de ação do Estado e passam a fluir no processo decisório dos países latino-

americanos.”

O reflexo desta ideologia na educação é um modelo de um currículo nacional,

onde os conteúdos e a avaliação são expressos no currículo de forma homogênea,

entretanto, os princípios democratas mencionam que a escola deve ser inclusiva para

atender as diferenças, o heterogêneo.

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Mediante a contradição de intenções, o currículo é o foco conflituoso na escola,

trazendo de um lado as crenças, os ideais e as intenções político- econômicas e, de outro

lado, a realidade do contexto onde a escola está inserida.

É o momento de confronto entre retórica e prática, entre ideologia e realidade.

Segundo a SEED (2008, p.6), “[...] currículo acaba se manifestando nas tensões e

contradições entre o caminho que se deseja percorrer, a intenção deste caminho e o

ponto de chegada dele.”

Embora exista no Brasil as Diretrizes Curriculares Nacionais, o currículo deve

ser adaptado no Projeto Político Pedagógico da escola, porque o currículo não pode ser

calcado em uma cultura comum, homogênea, já que estamos falando em diferenças.

É justamente nesta prerrogativa que o currículo é adaptado à realidade da

escola, da turma, do aluno.

“O currículo comum contido nas prescrições da política curricular

supõe a definição das aprendizagens exigidas a todos os estudantes e,

portanto, é heterogêneo para todas as escolas sem estes prévios

conhecimentos é impossível adaptar-se um currículo.” (SACRISTÁN,

2000, p.111).

A clareza da terminologia, currículo adaptado, é relevante para elucidar que o

currículo deve atender a diferentes estilos de aprendizagem, ou seja, não significa uma

ação isolada para aqueles alunos que se diferenciam de um grupo homogêneo, mas sim,

potencializa a aprendizagem enquanto ação educativa.

Podemos definir as adaptações curriculares como codificações que são

necessárias realizar em diversos elementos do currículo básico para

adequar as diferentes situações, grupos e pessoas para as quais se

aplica. As adaptações curriculares são intrínsecas ao novo conceito de

currículo. De fato, um currículo inclusivo deve contar com adaptações

para atender à diversidade das salas de aula, dos alunos (GARRIDO

LANDÌVAR, 1999, p. 53).

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No início e durante qualquer ato educacional dentro do sistema de ensino o

professor irá atender a(s) necessidade(s) de aprendizagem do(s) aluno(s) e para atender

tais necessidades, é preciso adaptar o currículo.

O ato de adaptação torna-se mais conflituoso quando a intensidade das

diferenças intelectuais do(s) aluno(s) são mais acentuadas e as indagações de como

proceder tais adaptações só podem ser respondidas se todo o entorno da ação

educacional, for avaliado, pensado e estruturado.

Avaliação e adaptação curricular: a prática do discurso

Um dos elementos da ação pedagógica na escola é a avaliação, porque ela faz

parte do processo educacional, conseqüentemente, a avaliação escolar também sofre

influências do contexto político econômico.

[...] a avaliação é apresentada como uma das atividades do processo

pedagógico necessariamente inserida no projeto pedagógico da escola,

não podendo, portanto, ser considerada isoladamente. Deve ocorrer

em consonância com os princípios de aprendizagem adotados e com a

função que a educação escola tenha na sociedade. (BRASIL. 2007, p.

11).

Sendo assim, consideremos o Brasil enquanto país democrata e capitalista,

onde as relações de trabalho e produção são demandadas por entidades políticas,

econômicas e/ou sociais. Segundo Moreira, (2002, p.98), “[...] a abertura comercial

cambial e financeira, e a „flexibilização‟ das relações de trabalho constituem imposições

dos países centrais e desses organismos multilaterais, e vêm sendo aqui adotadas desde

1990, [...]”, influenciando diretamente os princípios que regem a avaliação educacional.

Em meio à contradição de um discurso democrata e as exigências dos

organismos multilaterais está novamente à confusão de como proceder ao processo

avaliativo.

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Os professores falam em avaliação e pensam em provas, que por sua vez tem a

conotação de medir o conhecimento adquirido, durante um determinado bloco de

conteúdos, sendo os critérios de escolha dos instrumentos avaliativos definidos pelos

conteúdos ensinados em um determinado tempo, que foi previamente estabelecido, ou

seja, o determinante de escolha dos instrumentos avaliativos é o conteúdo.

Conteúdos dispostos nas Diretrizes Curriculares Nacionais, apresentado de

forma homogênea. Mas em um discurso de atender as diferenças, de uma escola para

todos os conteúdos não devem balizar a avaliação, mas sim, a avaliação deve nortear o

processo de aprendizagem.

A avaliação que mede conteúdos aprendidos retrata a incoerência do discurso e

não é encontrada apenas nas escolas de Ensino Fundamental e Médio, ela também é

praticada nas Universidades, inclusive no processo classificatório de vestibular, ainda

calcadas nos moldes do período do governo militar no Brasil.

[...] formulam provas ou testes, ou um outro mecanismo qualquer,

que possa ser utilizado como instrumento por meio do qual o

professor solicita dos alunos a manifestação de condutas esperadas,

através da qual os alunos possam expressar seus entendimentos,

compreensões de conteúdos; hábitos e habilidades

ensinados.(LUCKESI, 1997, P.67).

A avaliação pensada enquanto prova reflete a prática da exclusão, centradas em

duas grandes preocupações, pontuar nos índices de aprovação coletados pelo MEC e

promover a aprovação dos alunos no sistema classificatório do vestibular.

A avaliação aqui tratada não se refere a este sistema excludente baseado apenas

em provas, testes, trabalhos, enfim em instrumentos avaliativos. Aqui nos referimos à

avaliação enquanto condutora e verificadora da aprendizagem. Uma avaliação que

adapte o currículo para atender a diferença de aprendizagem que o aluno deficiente

intelectual apresenta, traçando os objetivos, ordenando os conteúdos, estabelecendo a

metodologia para posteriormente averiguar os resultados de forma adequada.

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As propostas curriculares atuais, bem como a legislação vigente,

primam por conceder uma grande importância à avaliação, reiterando

que ela deve ser: contínua, formativa e personalizada, concebendo-a

como mais um elemento do processo de ensino aprendizagem, o qual

nos permite conhecer o resultado de nossas ações didáticas e, por

conseguinte, melhorá-las. (ZACARIAS, 2007).

Com este olhar, as avaliações diagnósticas realizadas por equipes

multiprofissionais, deixam de reinar no ambiente escolar, dando lugar à avaliação no

contexto, que está diretamente ligada à prática da educação inclusiva e tem como

finalidade averiguar quais ações pedagógicas deve ser tomada para atender as

dificuldades de aprendizagem existentes.

[...] a avaliação educacional no contexto escolar é mais um dos

recursos utilizados para orientar tanto o aluno como o professor e

também as famílias, quanto ao tipo e intensidade de apoio que o aluno

necessita para aprender [...]” (PARANÁ, 2003, p 7).

Para promover a educação é preciso saber o que acontece com a aprendizagem

de cada um, principalmente as mais diferenciadas e saber também o que ocorre durante

a ação metodológica, e se esta ação pedagógica está tendo êxito.

Os fundamentos da educação inclusiva discursam que a escola deve adaptar

seus procedimentos pedagógicos para atender a todos os alunos, então a avaliação

deveria deixar de ser tradicional, excludente, classificatória e padronizada. A avaliação

precisa ser realizada dentro do contexto escolar para, redirecionar a ação pedagógica, de

maneira que todos os alunos sejam beneficiados. Ela é segundo Pan (2008, p. 136), “[...]

uma ferramenta fundamental na promoção dos ajustes necessários para garantir o

desenvolvimento educacional do aluno.”

Para constatar se os pressupostos de uma avaliação no contexto estão se

concretizando é imprescindível averiguar na escola, se a prática condiz com o discurso.

Pois, segundo Pan (2008, p.137) “[...] propor a educação inclusiva sem considerar a

realidade de nossas escolas é, no mínimo, uma generalização que não condiz com a

ética de respeito às diferenças – uma premissa básica da inclusão.”

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MÉTODO

Participantes

Participaram desta pesquisa 19 profissionais formados por professores que

ministrariam aula aos alunos do Ensino Fundamental das séries finais (5ª à 8ª séries), de

uma escola estadual situada na cidade de Curitiba no ano letivo desta pesquisa.

Os profissionais participantes desta pesquisa foram classificados de acordo

com o tempo em que atuam na área da educação, com as experiências vivenciadas na

formulação de Projeto Político Pedagógico e de acordo com a sua experiência na

docência com aluno com deficiência intelectual.

Formaram assim, dois grupos distintos. O primeiro grupo composto por 11

profissionais que estão a mais de 05 anos exercendo função de educadores, já

participaram da formulação do Projeto Político Pedagógico e realizam ao longo deste

tempo grupo de estudos por iniciativa própria, o segundo grupo composto por 08

professores com menos de 4 anos de atuação na área da educação. Destes 08 professores

que compõe o segundo grupo, nenhum deles participou da formulação de um Projeto

Político Pedagógico, sendo que 5 destes iniciaram sua atividade profissional na

educação no ano letivo desta pesquisa. Todos os profissionais participantes estão

atuando ou já atuaram com aluno com deficiência intelectual matriculado no Ensino

Fundamental regular.

Procedimentos e instrumentos

A pesquisa foi realizada com a participação do grupo, seguindo os princípios

da pesquisa-ação, com vistas a uma educação continuada. Ocorreu inicialmente através

de entrevista para detectar o tempo de atuação do profissional na educação, os conceitos

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destes educadores referentes à temática, bem como as experiências na formulação

coletiva do Projeto Político Pedagógico da escola e sua vivência enquanto docente com

alunos com deficiência intelectual.

Na seqüência, foram realizadas investigações dos fundamentos

teóricos/conceituais das práticas relacionadas ao tema, por meio de um grupo de estudos

com os 19 profissionais da área da educação, sendo 18 professores disciplinares e 1

pedagoga.

Para nortear os estudos realizados no grupo de educadores foi produzido pela

pesquisadora um material didático com base teórica, intitulado Adaptação nos critérios

avaliativos de um currículo, enquanto instrumento norteador das práticas pedagógicas,

com a seguinte abordagem conceitual: a tríade Educação/Educação Especial/Educação

Inclusiva; conceituando deficiência intelectual; breve introdução do currículo enquanto

condutor das ações pedagógicas. Foram realizados nove encontros de 3 horas cada,

para estudos do material didático produzido e da proposta pedagógica da escola, com o

objetivo de obter referencial teórico e debater a temática.

Nestes encontros, os professores, em conjunto com a pesquisadora leram os

itens de avaliação da proposta pedagógica da escola e o material didático,

interrompendo a leitura em diversos momentos para interagindo e relacionar o que

estava exposto nos textos com a sua prática pedagógica. A discussão forneceu uma rica

reflexão sobre os conceitos e experiências, esclarecendo dúvidas, levantando

dificuldade e propondo idéias que foram expressas nos questionários.

Ao término do grupo de estudo um outro questionário (Anexo 2)foi

aplicado,com a finalidade de analisar a avaliação do grupo sobre os seus possíveis

ganhos teórico-conceituais para a prática de educação inclusiva com a participação

nesta pesquisa.

Em síntese, a pesquisa foi desenvolvida durante o período de um ano e iniciou-

se com estudos teóricos referente à temática inclusão educacional, currículo

educacional, avaliação e configuração social e pessoal dos portadores de deficiência

intelectual no contexto educacional. Seguiu-se da investigação de campo, com a

utilização de dois questionários, aplicados antes e após o desenvolvimento de um grupo

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de estudos, cujas discussões foram conduzidas por um material elaborado pela

pesquisadora.

Análise dos dados

A análise dos questionários e dos relatórios das reuniões dos grupos de estudos

detectou-se os problemas levantados pelo grupo e sugeriu-se um conjunto de ações,

tabela 1 e 2, referentes a adaptações do processo avaliativo que podem beneficiar o

panorama de inclusão educacional das pessoas com Necessidades Educacionais

Especiais na área da deficiência intelectual.

Por meio da analise dos conteúdos dos dados coletados na entrevista, no

questionário e nas discussões, identificou-se um conjunto de temáticas analisadas em

suas contradições, comparadas e alocadas em categorias.

Para o aprofundamento da análise desta pesquisa os dados foram comparados e

destacados conforme sua incidência, tendo como norte o olhar ao ideário da inclusão

educacional e a prática inclusiva constante na escola.

Com base no apoio da literatura e nos relatos da prática dos participantes

averiguou-se a efetividade do processo de inclusão educacional para a pessoa com

deficiência intelectual na prática diária da escola. Na seqüência, um conjunto de ações

foi sugerido.

Todos os participantes assinaram um termo de consentimento informado,

concordando em participar da pesquisa, sendo a sua participação extensiva a todas as

etapas da mesma.

RESULTADOS

O levantamento de dados revelou as dificuldades encontradas pela escola para

que a adaptação do processo avaliativo em um panorama de inclusão educacional das

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pessoas com Necessidades Educacionais Especiais na área da deficiência intelectual se

efetive, bem como propôs um conjunto de ações que podem favorecer este processo.

Constatou-se durante o grupo de estudos e ao analisar os questionários que, os

professores com mais de cinco anos na função docente, encontraram maior facilidade de

compreender o conceito de inclusão educacional, currículo e avaliação que o grupo

constituído por professores que têm menos de cinco anos na profissão.

As indagações realizadas durante a entrevista, anexo 1, possibilitaram o fluir de

idéias, caracterizando o grupo e fornecendo dados que revelam que mesmo a grande

maioria tendo participado da formulação do Projeto Político Pedagógico da escola e

todos eles exercendo função docente com alunos com deficiência intelectual, os

professores tem conceitos equivocados e/ou contraditórios de educação inclusiva,

adaptação curricular, avaliação e deficiência intelectual.

As categorias levantadas pelo pesquisador ao analisar os dados apresentam-se

nas duas tabelas que se segue:

Tabela 1 – Problemas mais freqüentes para a adaptação curricular do processo

avaliativo detectados entre os profissionais que realizaram o grupo de estudos.

Problemas detectados Freqüência de

opiniões

Falta de conhecimento do conceito sobre inclusão educacional, adaptação

curricular, deficiência intelectual

14

Deficiência estrutural das Políticas educacionais 19

Preocupação com uma avaliação diagnóstica para conhecer a deficiência e não

a ação pedagógica.

12

Rigidez curricular 16

O reinado da avaliação tradicional 12

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A primeira categoria é a falta de conhecimento do conceito sobre inclusão

educacional, adaptação curricular e deficiência intelectual.

Dos 19 participantes, apenas cinco relataram na entrevista que estavam

inteirados da inclusão educacional e da deficiência intelectual e apresentaram um

planejamento adaptado

em seus conteúdos, metodologia e avaliação formativa e apenas uma professora detém

conhecimentos aprofundados em deficiência intelectual. Cabe salientar que esta

professora também trabalha em escola especial.

A categoria deficiência estrutural das políticas públicas ficou expressa por

todos os participantes na análise do material didático produzido para o estudo do

grupo e na prática educacional debatida.

A deficiência, segundo os professores, está concentrada na falta de estrutura

física, de materiais de apoio; nas salas de aula lotadas, no estrangulamento de

informações, na exigência velada dos índices de aprovação para prestar contas aos

organismos multilaterais e na incoerência do discurso e das exigências.

O item preocupação com uma avaliação diagnóstica esteve presente no durante

a entrevista e no questionário na tentativa de diagnosticar qual a dificuldade do aluno

para adaptar o currículo e a avaliação.

Ao mesmo tempo em que se discursava uma transformação da escola, do

currículo e da avaliação, demonstrava-se interesse em saber a deficiência do aluno.

O item rigidez curricular foi discutido durante o grupo de estudos com base no

Projeto Político-pedagógico da escola a respeito da exigência do núcleo de educação

em balizar os conteúdos, a metodologia e a avaliação nas Diretrizes Disciplinares da

Educação Básica do Paraná.

E, por fim, o reinado da avaliação tradicional, observado nos questionários

preenchidos por 12 professores, ao relatar uma avaliação padronizada em conteúdos e

a preocupação com a recuperação da nota e não do conhecimento.

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Para prosseguir com a proposta inicial desta pesquisa, os professores

envolvidos no grupo de estudo elencaram um rol de ações que podem contribuir para a

solução do problema.

Tabela 2 – Conjunto de ações para favorecer a adaptação curricular do

processo avaliativo elencadas pelos profissionais que participaram do grupo de

estudos.

Conjunto de ação Freqüência de

opiniões

Formação continuada para professores. 19

Subsídio de apoio. 19

Ampliação da hora atividade do professor para realização de grupo de estudo na

escola sobre adaptação curricular, avaliação, deficiência intelectual e inclusão

educacional.

9

Ação mais efetiva das Universidades sobre inclusão educacional e adaptação

curricular na formação de professores.

10

Informações mais efetivas e amplas sobre educação inclusiva no site da

Secretaria de Estado da Educação – Dia a dia educação.

6

Reformulação do sistema de avaliação institucional realizada pelo MEC e as

realizadas pelas Universidades em seu processo seletivo.

14

Modificar o sistema de controle de avaliação exigido pela Secretaria de Estado

da Educação.

12

Esclarecer a comunidade escolar quanto à inclusão educacional, currículo e

avaliação.

6

A primeira ação, formação continuada foi a que mais se destacou, por estar

diretamente ligada a insegurança da temática em suas práticas docentes.

Desde o momento inicial, o da entrevista, os professores questionavam que

não eram detentores de informações que os fizessem sentir-se seguros para adaptar um

currículo e conseguintemente praticar a inclusão.

Na medida em que os estudos em grupo foram sendo aprofundados, as dúvidas

esclarecidas e as diversas possibilidades pedagógicas elencadas, assentou-se ainda mais

a necessidade da existência de capacitações para os professores do Ensino Fundamental,

tornando esta ação o ponto culminante dos debates.

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No questionário de avaliação dos estudos realizados nesta pesquisa, anexo 4,

constatou-se que esta pesquisa funcionou como um projeto piloto de uma formação

continuada, na medida que informou, esclareceu dúvidas, trocou idéias e propôs

soluções.

Enquanto busca permanente de informação e atualização, outras três ações

foram citadas: o subsídio de apoio que poderia se apresentar através de materiais

adptados fornecidos gratuitamente pelo governo como um grupo de profissionais

itinerante para ir as escolas sempre que necessário fosse para contribuir com sugestões

na ação pedagógica do professora de sala de aula: Informações mais efetivas e amplas

sobre educação inclusiva no site da Secretaria de Estado da Educação – Dia a dia

educação., como blogs ou chats: e palestras que promovam o esclarecimento à

comunidade escolar quanto à inclusão educacional, currículo e avaliação.

Ampliação da hora atividade do professor para realização de grupo de estudo

na escola sobre adaptação curricular, avaliação, deficiência intelectual e inclusão

educacional, também oportunizaria um tempo de troca entre os professores e a sugestão

e acompanhamento da equipe pedagógica da escola.

Um outra ação traria resultados a longo prazo, entretanto é de estrema

importância pois está diretamente ligada a formação de professores, é a busca de uma

ação mais efetiva das Universidades sobre inclusão educacional e adaptação curricular .

Duas outras ações dizem respeito ao sistema de avaliação tanto do MEC como

da Secretaria de Estado da Educação- SEED. Segundo os professores, o MEC,

promove uma avaliação institucional extremamente conservador na busca de resultados,

e as Universidades praticam vestibulares extremamente excludentes,em ambas as

instâncias, um provão. Já a SEED exerce um controle rígido das avaliações exigindo

instrumentos, mesmo que diversificados, de avaliações que estão ao final de cada bloco

de conteúdo.

Assim a proposta inicial de propor um rol de ações para contribuir com a

solução de problemas levantados, passa neste momento a ser parte integrante da

avaliação deste trabalho de pesquisa.

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DISCUSSÃO

A presente pesquisa levanta as dificuldades encontradas na escola para a

adaptação curricular do processo avaliativo de alunos com deficiência intelectual

matriculados no Ensino Fundamental (da 5ª à 8ª séries) e ao mesmo tempo elenca um

conjunto de ações que possam favorecer esta adaptação.

Para tanto, inicialmente ressaltemos o momento contemporâneo de inclusão

educacional. Segundo SEED (20--, p1), “A inclusão educacional implica no

reconhecimento e atendimento às diferenças de qualquer aluno que, seja por causas

endógenas ou exógenas, temporárias ou permanentes, apresenta dificuldades de

aprendizagem.”

Neste sentido, incluir significa segundo Nascentes (1988, p.342) “[...] inserir,

introduzir [...]” o princípio democrático que proclamou a inclusão educacional prevê o

acesso de todos os alunos à educação, à escola.”

Para averiguar se a inclusão está acontecendo, é realizado anualmente nas

escolas de educação básica, o Censo Escolar/MEC/INEP

[...] possibilita o acompanhamento dos indicadores da educação

especial: acesso à educação básica, matrícula na rede pública, ingresso

nas classes comuns, oferta do atendimento educacional especializado,

acessibilidade nos prédios escolares, municípios com matrícula de

alunos com necessidades educacionais especiais, escolas com acesso

ao ensino regular e formação docente para o atendimento às

necessidades educacionais especiais dos alunos. (BRASIL, 2007, p.5).

Os dados estatísticos demonstram que a inclusão está acontecendo no Brasil, à

política educacional brasileira comprova com dados do censo, o sucesso no caminhar

para uma sociedade inclusiva.

Segundo o MEC (2007, p.6), “Com relação aos dados da educação especial, o

Censo Escolar registra uma evolução nas matrículas [...] expressando um crescimento

de 107%. No que se refere ao ingresso em classes comuns do ensino regular, verifica-se

um crescimento de 640 %,[...]”

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Na escola onde foi realizada esta pesquisa existem alunos matriculados no

Ensino Fundamental que são deficientes intelectuais e compõe a estatística do MEC.

Entretanto não são as leis, nem as estatísticas do censo que garantem uma educação de

qualidade para todas as pessoas. Tendo-se que cuidar para que a tentativa de inclusão

não seja precária.

“Ao contrário: O avesso da inclusão pode ser uma inclusão precária,

instável e marginal decorrente de inúmeros fatores dentre os quais a

“sociedade capitalista que desenraiza, exclui, para incluir de outro

modo, segundo suas próprias regras, segundo sua própria lógica”

(PARANÁ, 20--, p.1).

Assim, o grupo de professores que colaborou com esta pesquisa, elencou as

dificuldades (tabela 1) e as possíveis ações para saná-las (tabela 2).

Ao confrontarmos estas duas tabelas percebemos que a estreita ligação entre

elas convergem em dois elementos: políticas educacionais e ação pedagógica.

Quando os professores mencionam ações como: formação continuada; subsídios

de apoio, grupos de estudos; informações mais amplas sobre educação inclusiva e,

finalmente, ação mais efetiva das Universidades, percebemos que estas ações estão

diretamente ligadas aos mitos conceituais e à formação dos professores, o que nos

reporta diretamente à falta de informação/formação estreitamente ligada à deficiência da

estrutura das políticas educacionais.

A estrutura da política educacional brasileira, no que tange à educação

inclusiva, segundo o MEC (2007, p. 8), “[...] tem como objetivo o acesso, a participação

e a aprendizagem dos alunos com deficiência [...]” demonstrando assim, um

pensamento democrático.

Entretanto as contradições neoliberais operam em sentido oposto.

Nas contradições político-econômicas de regulação de mercado que, segundo

Silva (1995, p. 96), “ [...] só podem ocorrer mediante a exclusão de grupos majoritários

ao direito e a uma vida digna. No caso do Brasil, trata-se mesmo do direito à própria

vida que é negado a esses grupos.”

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Ainda Silva nos lembra que:

É importante acentuar o caráter contraditório do pensamento

neoliberal: por um lado, encoraja o livre desenvolvimento das forças

de mercado, por outro, apóia os símbolos tradicionais, essenciais à

solidariedade social. Assim, misturam-se liberdade e autoritarismo de

modo instável e complicado. (SILVA 1995, p.97).

Ainda na tentativa de firmar o pensamento democrático, o Ministério da

Educação regulamenta como direito de todos ao acesso à educação. Segundo o

MEC/SEESP. (2001) “Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos,

cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com necessidades

educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de

qualidade para todos.”

Entretanto durante o grupo de estudos, os professores expuseram o ponto de

vista de que a organização não pode partir apenas das escolas, pois faltam informação e

apoio necessários para exercerem sua prática docente na aprendizagem de alunos com

deficiência intelectual, alegando não terem formação e informação para tanto.

Sobre o fracasso escolar dentre outros casos pode ocorrer pelas insatisfatórias

das condições de trabalho do professor. Mesmo estando pensando uma educação de

qualidade, os professores, durante os trabalhos, demonstraram não saber como adaptar o

currículo para atender às diferentes formas de aprendizagem dos alunos. (CARVALHO,

1998)

Este fato indica que dentre as medidas mais urgentes está à compreensão dos

pressupostos conceituais, que retratam a historicidade da humanidade, sua ideologia e a

estrutura consistente das políticas educacionais, oportunizando um pensar inclusivo,

evitando assim, conceitos e medidas errôneas que fazem da inclusão um paradigma

equivocado. Segundo PAN (2008, p.140), ”Mudar o paradigma significa então pensar:

queremos uma educação para todos, não uma educação especial para alguns; queremos

um mundo especial para cada um de nós [...]”.

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O outro elemento que apareceu no confronto entre a tabela 1 e 2 foi a ação

pedagógica, que está atrelada ao currículo, por ele ser o norteador de todo o processo

pedagógico.

Um currículo expressa a realidade da escola enquanto retrato das demandas

político-econômicas do momento, por ser a expressão da visão que se tem de mundo, de

homem, de sociedade, de aprendizagem. Segundo Sacristàn (2000, p.17,) “Expressão do

equilíbrio de interesse e forças que gravitam sobre o sistema educativo num dado

momento”.

Não saber adaptar o currículo, como os professores admitiram, significa operá-

lo de forma homogênea. Constatou-se que o grupo de 11 professores que exercem a

função docente a mais de cinco anos concebe uma transformação na escola enquanto

que 08 professores que estão a menos de cinco anos trabalhando com educação vêem a

adaptação curricular como uma ação pedagógica pontual.

Novamente desvenda-se a contradição no ambiente escolar, porque, ao declarar a

educação para todos, efetiva-se o atendimento educacional às diferenças, ou seja, a uma

sociedade heterogênea onde o currículo deve partir das desigualdades,

[...] ao invés de um currículo que parta de uma suposta cultura

comum, insisto na defesa de um currículo que parta das desigualdades

e garanta espaço para as vozes das diferentes „nações‟ que constituem

a totalidade da nação brasileira. Ao invés de um currículo imposto a

todas as escolas, sugiro o estímulo ao processo de construção

curricular desenvolvido, a partir de princípios balizadores comuns, em

cada escola do país. Ao invés da transmissão dos conteúdos das

disciplinas tradicionais, proponho o estabelecimento de condições

facilitadoras do desenvolvimento de um processo de construção de

conhecimento nas salas de aula. (MOREIRA, 2002. p. 105).

Segundo o MEC (2007, p.19) “[...] as indagações sobre currículo não devem

privilegiar apenas que conhecimentos ensinar-aprender, mas como ordená-los, organizá-

los, em que lógica, hierarquias e precedências, em que tempo, espaço.”

O MEC firma que os currículos não podem ter a aprendizagem balizada pelos

conteúdos, mas na prática, a avaliação mede os conteúdos, assim ficou evidente que no

dia a dia são os conteúdos que delimitam a aprendizagem. Conteúdos estes pré-

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estabelecidos pelo sistema educacional nacional, que erroneamente teria como objetivo

transmitir conhecimento. O que aponta a rigidez curricular, enquanto reverso da

inclusão.

[...] o professor deve ter clareza do que o aluno deve aprender

(conteúdos), por que aprender tal conteúdo (intencionalidade –

objetivos), como trabalhá-lo em sala (encaminhamento

metodológicos), e como serão avaliados (critérios e instrumentos de

avaliação). A seleção dos conteúdos retomando, não é aleatória. Ela

foi feita exatamente com base em alguma intenção, a qual é a

expressão do Projeto Político-Pedagógico [...] (TAQUES,et al. [20--

]p.9).

No relato dos professores consta que, além da carência de informação para

realizar a adaptação, também a rigidez dos processos avaliativos impede a condução da

aprendizagem.

O sistema de avaliação emanado pelo MEC e pela SEED evidencia uma

postura conservadora calcada em resultados, o MEC busca índices de aprovação através

de uma avaliação institucional e a SEED exige dos professores avaliações ao final de

cada bloco de conteúdo, criando sem intenções um pensamento de medir a

aprendizagem dos alunos. Quando estas duas instâncias demarcam a avaliação com este

olhar, impulsiona dentro da escola, uma avaliação, também conservadora, impedindo

assim, que a avaliação seja a condutora dos procedimentos pedagógicos.

Quando se fala de adaptações curriculares está se falando, sobretudo

e, em primeiro lugar, de uma estratégia de planejamento e de atuação

docente e, nesse sentido, de um processo para tratar de responder às

necessidades de aprendizagem de cada aluno (...) fundamentado em

uma série de critérios para guiar a tomada de decisões com respeito ao

que é ao que o aluno ou aluna deve aprender, como e quando e qual é

a melhor forma de organizar o ensino para que todos saiam

beneficiados(BRASIL,1992, aput GONZALEZ MANJÓN, 1995,

p.82).

Durante a fala dos professores, estava o discurso democrático, onde avaliar não

é lançar notas e medir o conhecimento do aluno através de uma ou mais provas que

verificam sua aprendizagem.

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Durante o grupo de estudos, os professores depõem que, a avaliação não seria

concebida mais tradicionalmente, entretanto, ao expor os instrumentos e ao deixar claro,

que no final do bimestre os professores “correm atrás dos alunos para poder fechar as

notas e estas não serem tão baixas” e ainda “oportunizam instrumentos avaliadores para

não terem índices grandes de reprovação ao final do ano letivo” fica evidente o

pensamento neoliberal que, segundo Silva (1995, p. 101), “[...] forma de controle e de

permitir que, conhecidas as melhores, o “consumidor” fique livre para efetuar sua

escolha.”

Então a avaliação continua sendo realizada de forma classificatória, como nos

lembra LuckesiI (1997,p.67), “Após um período de aulas e exercícios escolares

[...],denominado unidade de ensino, os professores procedem a atos e atividades que

compõem o que normalmente é denominado avaliação de aprendizagem escolar.”

O tempo de um bimestre ou de um ano para aprender conteúdos, pode incidir

num entrave para o direcionamento da aprendizagem das pessoas com deficiência

intelectual. Tanto neste caso como nos demais, é preciso uma avaliação com princípios

condutores da aprendizagem, para obter informações do que e como ensinar, em que

ordem, seqüência lógica e em que tempo e espaço.

Talvez muitos destes problemas sejam de aprendizagem nas lógicas

temporais e nos recortes em que organizamos os conhecimentos nos

currículos. Mas, dado que estas lógicas e ordenamentos temporais se

tornam intocáveis, resulta mais fácil atribuir os problemas à falta de

inteligência dos alunos e a seus ritmos lentos de aprendizagem.

Medimos os educandos pela aprendizagem dos conteúdos curriculares.

(BRASIL, 2007, p. 21).

Por meio da analise dos dados desta pesquisa constata-se que a rigidez

curricular dificulta as ações pedagógicas e, ao observar que mesmo com um discurso de

avaliação continua proferida pelos professores durante o grupo de estudo, são utilizados

instrumentos avaliativos baseados em conteúdos ensinados.

O que retrata uma pedagogia ainda centrada na transmissão do conhecimento,

na assimilação de conteúdos padronizados e em avaliações para medir o saber do aluno

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e o auferir notas, identificando com isso, quem está apto ou não, dividindo-os em fortes

ou fracos, e o pior, atribuindo a culpa do fracasso ao aluno.

Esta é a prática pedagógica que foi apontada neste pesquisa, como o problema

da “rigidez curricular” e o “reinado da avaliação tradicional”.

A dificuldade constatada na escola, quanto ao sistema de avaliação também é

expressa por Perrenoud (1999, P. 156) “O sistema tradicional de avaliação oferece uma

direção, um parapeito, um fio condutor; estrutura o tempo escolar, mede o ano, dá

pontos de referência, permite saber se há um avanço na tarefa, portanto, se há

cumprimento do seu papel.”

Chegamos, enfim, ao maior obstáculo à inclusão na área da

deficiência intelectual: a avaliação. Ela deve seguir a mesma lógica

flexível do plano educacional individual, permitindo diversificadas

formas de expressão e fornecendo indicativos dos processos que

devem ser retomados no plano pedagógico do aluno.” (PAN, 2008, p.

136)

Para uma avaliação que permita a retomada do planejamento, o sistema de

avaliação dos processos seletivos das universidades e o controle de avaliação

institucional precisam ser modificados, deixando de lado a preocupação em atingir

índices de sucesso educacionais que atendam ao desejo dos organismos multilaterais.

Com a prerrogativa de comungar os princípios de educação inclusiva e a

preocupação com uma avaliação que retorne ao plano pedagógico, os professores

mencionaram a avaliação formativa, entretanto, disseram não entender muito bem como

ela era realizada. Assim, oportunizou-se outro momento para discutir este formato de

avaliação.

A avaliação formativa não tem como objetivo classificar ou

selecionar. Fundamenta-se nos processos de aprendizagem, em seus

aspectos cognitivos, afetivos e relacionais; fundamenta-se em

aprendizagens significativas e funcionais que se aplicam em diversos

contextos e se atualizam o quanto for preciso para que se continue a

aprender. (ZACARIAS 2007)

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Observou-se que os professores apreciaram a função da avaliação formativa

que é, em suma, permear todo o processo ensino/aprendizagem, iniciando desde os

primeiros dias de aula, acompanhando todo o percurso da aprendizagem e, também, ao

final de uma ação pedagógica.

Assim sendo, a avaliação formativa tem como objetivo averiguar a

aprendizagem para planejar e replanejar o currículo.

Esta avaliação, segundo Pacheco (2007, p.104), “[...] convida os professores a

refletirem sobre várias questões do currículo durante sua redação e implementação.” É

uma avaliação voltada para a aprendizagem.

[...] em vez de focalizar a deficiência da pessoa, enfatiza o ensino e a

escola, bem como as formas e condições de aprendizagem, em vez de

procurar, no aluno, a origem do problema, defini-se pelo tipo de

resposta educativa e de recursos e apoios que a escola deve

proporcionar-lhe para que obtenha sucesso escolar. (BRASIL, 2001,

p.33).

Na escola onde foi desenvolvida a pesquisa, os professores têm por hábito

reunirem-se para realizarem estudos e discutir as ações pedagógicas, ou seja, realizam

um dos pressupostos da avaliação formativa, que é o fazer pedagógico contextualizado,

pensado e executado na coletividade pela comunidade escolar, averiguando o que se

deseja frente à realidade do local em que o aluno está inserido e suas características

peculiares. Fato este que demonstra um caminhar, mas não constitui alicerce suficiente

para operar.

A maior reivindicação do grupo de professores foi à informação para poder

operar de forma inclusiva, para saber adaptar os critérios avaliativos de um currículo. Se

não há conhecimento e não há estrutura para ser disseminado, o processo inclusivo

esperado não acontecerá.

Durante o trabalho realizado com os professores, foi mencionado que as

capacitações e treinamentos sobre inclusão educacional são proferidos apenas para os

professores da educação especial, que já detêm grande conhecimento sobre a temática,

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enquanto que eles, os professores do ensino regular, que deveriam receber tais

informações, continuam sem a informação que tanto almejam.

E, o pior, tendo ações que podem ser o reverso da inclusão, atitudes que podem

excluir e rotular. Como exemplo, ao se referir aos alunos com deficiência intelectual

matriculados no ensino regular como “alunos de inclusão”, ou ainda se preocupar em

diagnosticar a deficiência, e não a ação pedagógica.

Sabemos que o conhecimento depende da riqueza das experiências

oferecidas e é incompatível com o enclausuramento dos rótulos que as

pessoas carregam a partir dos diagnósticos a que estão vinculadas, os

quais determinam sua experiência subjetiva na escola, convidando-as

a serem sempre as mesmas, sob efeito de seus estereótipos, e

impedindo-as de serem aquilo que se é: sempre diferente. (PAN, 2008,

p.193).

É difícil mudar um olhar, uma forma de pensar, porque a pedagogia

contemporânea ainda está impregnada de pensamentos excludentes, devido aos modelos

que vivenciamos na escola e na universidade.

É preciso então, ações concretas, verdadeiras que supram os anseios gerados na

prática diária da escola, pois enquanto nós, os educadores discutimos os caminhos e

tentamos mudar o pensar, sem saber por onde seguir, os alunos estão nas salas de aula

do ensino regular nos aguardando.

CONCLUSÃO

Esta pesquisa se instala no conflito entre a democracia, o sistema capitalista e

os princípios neoliberais das políticas educacionais quanto ao discurso de inclusão

educacional e a manutenção das práticas conservadoras e excludentes.

A intenção desta pesquisa então se localiza na discussão da função social do

currículo e na investigação teórica e prática das adaptações dos critérios avaliativos de

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um currículo para atender às necessidades educacionais especiais – área intelectual - de

alunos matriculados nas séries finais (5ª a 8ª séries) do Ensino Fundamental.

Durante estes estudos foram elencadas pelos professores algumas dificuldades

encontradas no âmbito escolar no que tange a inclusão de pessoa com deficiência

intelectual no Ensino Fundamental e na seqüência, ações facilitadoras para tentar

sanar as dificuldades.

De acordo com a análise dos resultados constatou-se três dificuldades: primeiro

a falta de formação e informação dos professores sobre a temática; segundo a rigidez

do currículo e da avaliação e terceiro a deficiência estrutural das Políticas

educacionais.

Ao discutir as dificuldade nos grupo de estudos, foram elencadas ações com a

intenção de solucionar as dificuldades contribuindo assim para a inclusão do aluno

com deficiência intelectual no Ensino fundamental.

A primeira dificuldade, e a mais questionada, a falta de formação/informação

sobre inclusão educacional, adaptação curricular e deficiência intelectual.

Apontamos a insuficiência de subsídios sobre a temática nos cursos de

graduação e a falta de oportunidade dos professores do Ensino Fundamental comum

em participar de capacitação sobre o assunto.

Denunciamos inclusive as ofertas de vagas nestes cursos de capacitação que

são emanadas geralmente aos professores de educação especial, que já detém tais

informações, enquanto que para os professores do ensino comum, não são ofertadas

tais oportunidades.

Na tentativa de sanar esta primeira dificuldade, se considerou a necessidade de

ações mais efetivas das Universidades sobre inclusão educacional e a adaptação

curricular na formação de professores. Também, a formação continuada para

professores e a ampliação da hora-atividade para realização de grupos de estudos na

escola sobre inclusão educacional, foi considerada relevante.

A informação através do site da Secretaria de Estado da Educação (dia-a-dia

educação), por meio de blogs e ambientes virtuais, além de subsídios de apoio,

complementaria as ações em prol desta dificuldade.

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A segunda dificuldade está calcada na rigidez do currículo e dos critérios

avaliativos, apresentando-se na forma de currículo estanque o que impede a adaptação;

na avaliação classificatória e excludente; e na preocupação em diagnosticar a

dificuldade do aluno através da avaliação.

Percebeu-se que só é possível atender às necessidades especiais de

aprendizagem apresentadas pelos alunos com deficiência intelectual se o currículo não

for rígido e que, só é possível adaptar um currículo se a avaliação for a condutora das

ações pedagógicas a favor da aprendizagem.

A ação em prol desta segunda dificuldade esta na reformulação do sistema de

avaliação institucional realizada pelo MEC e os realizados pelas Universidades em seu

processo seletivo, além de modificar o sistema de controle de avaliação exigido pela

Secretaria de Estado da Educação, porque se estas instâncias avaliam de forma

classificatória o Ensino Fundamental não dará conta de realizar uma avaliação

preocupada com a aprendizagem.

Os pressupostos de uma avaliação enquanto condutora do processo ensino

aprendizagem provém de um conceito ampliado de educação.

Conceito este que beneficia a aprendizagem das pessoas, em especial daquelas

com deficiência intelectual, porque permite a adaptação curricular, pois não focaliza o

diagnóstico, mas sim a ação pedagógica mais apropriada para direcionar

adequadamente a metodologia e o ordenamento curricular quanto aos conteúdos e a

temporalidade.

A última dificuldade é a confluência das anteriores e se instala na deficiência

estrutural das políticas educacionais nacionais, pois ela, além de exercer uma

contradição entre discurso e prática, confundindo o pensar e agir dos professores;

também seria a responsável para promover a formação e informação e permitir através

de ações efetivas a adaptação do currículo.

Conclui-se que as três dificuldades predominantes: a falta de

formação/informação dos professores; a rigidez do currículo e dos critérios avaliativos

e a deficiência estrutural das políticas educacionais, conduzem a uma inclusão

precária.

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Acredita-se que não se pratica inclusão educacional apenas com ações

pedagógicas e administrativas, que a inclusão deve ser exercida no pensamento das

pessoas, no respeito às formas diferenciadas de aprendizagem e principalmente na

reestruturação das políticas educacionais.

Sugere-se assim, um olhar diferenciado para as pessoas que estão nas salas de

aula. Pessoas estas que merecem uma educação de qualidade, que merecem nosso

respeito.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a duas pessoas que me conduziram durante toda esta pesquisa

científica. A minha orientadora Professora Doutora Miriam Aparecida Graciano de

Souza Pan, que com seu saber iluminou meu percurso e a minha gestora e amiga,

Professora Mônica Regina Bertoldi, que não mediu esforços para que eu conseguisse

realizar este estudo. A estas grandes mestras, minha gratidão e meu respeito.

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ANEXOS

ANEXO 1 – ENTREVISTA COM OS PROFESSORES DE UM COLÉGIO

DO MUNICIPIO DE CURITIBA

1 - Quantidade de professores presentes?

2 – Média de anos trabalhados no referido Colégio?

3 – Participaram da elaboração da Proposta Política Pedagógica do Colégio?

4 – Como entendem a avaliação na escola tradicional?

5 – Qual é a prática de sua avaliação no contexto atual?Como você avalia?

6 – Você acha que a avaliação que aplica atende as expectativas educacionais vigentes

pelas diretrizes nacionais da educação?

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7 – Você sabe o que é inclusão educacional?

8 – Vocês têm algum aluno que requeira atenção especial nas ações pedagógicas?

9 – Você sabe o que são e os tipos de Necessidades Educacionais Especiais?

10 - Você acredita estar preparado para atender as Necessidades Educacionais

Especiais? E o seu Colégio está?

11 – Você sabe realizar uma adaptação curricular?

12 – O que você que precisa para atender com dignidade a pessoa com Necessidades

Especiais, com deficiência intelectual?

ANEXO 2 – QUESTIONÁRIO

Questionário para averiguação de ações inclusivas já práticas na escola em que

foram realizados os grupos de estudos para esta pesquisa.

1 - Em sua opinião qual é o maior empecilho para que se pratique a inclusão

educacional? Justifique a sua opinião.

2 – A prática da elaboração do currículo educacional é exercida democraticamente?

Porque você pensa desta forma?

3- Como é realizada a adaptação curricular?

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4 – É realizada uma avaliação antes da realização do planejamento educacional?Caso a

resposta seja afirmativa, explique como.

5 – Quando necessário são utilizados critérios avaliativos diferenciados?

6- No cotidiano como são elaboradas as avaliações? Com qual periodicidade? E o que

norteia a avaliação?

7 – Na prática há recuperação de conhecimento ou de nota? Explique.

8 - Quando iniciou o ano letivo, você detinha o conhecimento do real significado de

educação inclusiva, adaptação curricular e avaliação nos critérios avaliativos e de

deficiência intelectual?

9 – A avaliação é encarada como parte do processo de aprendizagem que direciona as

ações pedagógicas?

10 – É enviado a escola informações de onde se consegue material adaptados para

atender as necessidades educacionais dos alunos?

11 – Você tem acesso a informação sobre adaptação curricular e deficiência intelectual

quando encontra alguma dúvida?

12 – As salas de aula são espaçosas, arejadas?

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13 – Quantos alunos a SEED permite que seja matriculada na mesma sala?

14 – Os alunos do Ensino Fundamental e seus familiares estão preparados para um olhar

sem preconceito aos alunos deficientes intelectuais?

ANEXO 3 – QUESTIONÁRIO

Sugestões de conjunto de ações para solucionar os problemas levantados no

questionário do anexo 2.

1 – Quais ações você acredita que venham a beneficiar o processo de inclusão

educacional e de adaptação dos critérios avaliativos de um currículo?

2 – Quais acessibilidades você gostaria de ter para obter informação que viesse com

apoio as suas ações pedagógicas em sala de aula?

3 – Em quais momentos você sugere realizar capacitações e grupos de estudos?

4 – O que você acredita ser necessário estudar nas capacitações para melhorar seu

desempenho enquanto docente de aluno com deficiência intelectual matriculados no

Ensino Fundamental?

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5 – Como a SEED poderia subsidiar um apoio real e permanente, como um tira dúvidas

no cotidiano?

6 – Quais as possibilidades de promover uma cultura diferenciada de avaliação, uma

avaliação menos excludente?

7 – Quais intervenções poderiam ser realizadas fora da escola para favorecer a inclusão

e os critérios avaliativos?