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BIBLIOTECA PÚBLICA: ADEQUAÇÃO DO ESPAÇO BIBLIOTECA PARA ACESSIBILIDADE DE PORTADORES DE DEFICIENCIA VISUAL Maria Aparecida L. de Souza Adriana Oliveira dos Santos Daniela Kanno Vieira Taynara Ribeiro Faculdades Integradas Teresa D’Ávila - FATEA, Biblioteconomia Faculdade de Lorena ABSTRACT The public library is a comprehensive space for cultural activities and citizen development, without user discrimination. In this sense it is necessary to increase the possibilities of its use, by adapting it to individuals with all sorts of disabilities. The visually disabled person is the user who needs more attention from the library to enjoy its benefits and development opportunities, as well as to provide him with a new universe of information and knowledge. So, this research aims to seek guidance, by means of theoretical studies and specific cases, for the organization of this type of library, by combining the development of user’s capabilities with adjusted spaces and appropriated care. This approach and focus has showed the real necessity of these actions to extend the quality of life for all citizens. It is followed by a discussion of the preconceptions of the society with disabled people, of existing architectural barriers that are found daily, of resources used for guidance, and the degree of space domain that is present through the use of human senses, this way showing possible domains that may not be explicit. From this, the research analyzes the need and absence of adequate equipment for guidance of the visual disabilities, to organize and offer a proper space to enable visually impaired individuals to enjoy library experience and become an active and participating person. Keywords: Public library; Visually disabled; Inclusion sociable RESUMO A biblioteca pública é um espaço que abarca atividades para o desenvolvimento cultural do cidadão, sem discriminar ou eleger seu usuário. Neste sentido, se faz necessário aumentar as possibilidades para universalizar o seu uso, adequando-a aos portadores de deficiências. O deficiente visual é o usuário 1

Adequação do espaço Biblioteca para acessibilidade de portadores de deficiência visual

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A biblioteca pública é um espaço que abarca atividades para o desenvolvimento cultural do cidadão, sem discriminar ou eleger seu usuário. Neste sentido, se faz necessário aumentar as possibilidades para universalizar o seu uso, adequando-a aos portadores de deficiências.

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BIBLIOTECA PÚBLICA: ADEQUAÇÃO DO ESPAÇO BIBLIOTECA PARA

ACESSIBILIDADE DE PORTADORES DE DEFICIENCIA VISUAL

Maria Aparecida L. de Souza Adriana Oliveira dos Santos

Daniela Kanno VieiraTaynara Ribeiro

Faculdades Integradas Teresa D’Ávila - FATEA, BiblioteconomiaFaculdade de Lorena

ABSTRACT

The public library is a comprehensive space for cultural activities and citizen development, without user discrimination. In this sense it is necessary to increase the possibilities of its use, by adapting it to individuals with all sorts of disabilities. The visually disabled person is the user who needs more attention from the library to enjoy its benefits and development opportunities, as well as to provide him with a new universe of information and knowledge. So, this research aims to seek guidance, by means of theoretical studies and specific cases, for the organization of this type of library, by combining the development of user’s capabilities with adjusted spaces and appropriated care. This approach and focus has showed the real necessity of these actions to extend the quality of life for all citizens. It is followed by a discussion of the preconceptions of the society with disabled people, of existing architectural barriers that are found daily, of resources used for guidance, and the degree of space domain that is present through the use of human senses, this way showing possible domains that may not be explicit. From this, the research analyzes the need and absence of adequate equipment for guidance of the visual disabilities, to organize and offer a proper space to enable visually impaired individuals to enjoy library experience and become an active and participating person.

Keywords: Public library; Visually disabled; Inclusion sociable

RESUMO

A biblioteca pública é um espaço que abarca atividades para o desenvolvimento cultural do cidadão, sem discriminar ou eleger seu usuário. Neste sentido, se faz necessário aumentar as possibilidades para universalizar o seu uso, adequando-a aos portadores de deficiências. O deficiente visual é o usuário que mais necessita de atenção para usufruir os benefícios de uma biblioteca, pois essa oferece possibilidades de desenvolvimento, que direcionadas poderão proporcionar-lhe um novo universo. Assim, esta pesquisa objetivou buscar orientações para a organização desse tipo de biblioteca combinando o desenvolvimento das inteligências do usuário ao oferecimento do espaço e atendimento adequados, por meio de estudos teóricos e de casos específicos. Essa abordagem e enfoque mostraram a real necessidade dessas ações que ampliam a qualidade de vida de todos os cidadãos, seguido da discussão dos preconceitos da sociedade, as barreiras arquitetônicas que são encontradas diariamente, os recursos usados para orientação e o grau de domínio espacial que apresentam através dos órgãos do sentido, mostrando o domínio que parece estar oculto. A partir disso, a pesquisa analisa o conteúdo quanto à carência dos equipamentos necessários para orientação dos deficientes visuais, onde procura organizar e oferecer todo um espaço necessário para desfrutar das diversas formas do conhecimento e ser um indivíduo ativo e participativo.

Palavras Chaves: Biblioteca Pública; Deficiente visual; Inclusa social

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INTRODUÇÃO

O deficiente visual é considerado um excepcional sensoriamente falando, por não possuir a visão, de forma parcial ou total. O mundo de hoje, na maioria dos projetos realizados tanto arquitetônicos quanto na área da educação e informação, não incluem acessibilidade aos deficientes visuais. A maioria das pessoas exclui, e, por esse motivo um individuo com essas características não pode sair para o “mundo” sozinho, pela falta de acessibilidade nos prédios públicos e áreas via pedestre, os deficientes visuais são excluídos de algumas situações rotineiras e acabam dependendo de outros, como por exemplo, ler, escrever e ficar conectado com as informações que surgem a todo o momento. A proposta do trabalho é adequar um espaço em uma Biblioteca Pública, que, fundamenta-se no conhecimento de que a pessoa cega ou com visão subnormal pode ser bem sucedida se lhe forem oferecidos os meios necessários para o desenvolvimento pleno de inclusão social.

“A Biblioteca Pública com adequação ao uso do deficiente visual, tem como finalidade desenvolver um atendimento com qualidade, objetivando conseqüentemente o abrir de portas, para que a integração da pessoa cega na sociedade seja cada vez maior e melhor” (LEMOS, 1976), objetivando o desenvolvimento pleno e a inclusão social destes usuários com cegueira ou visão subnormal na sociedade, por meio de parcerias com Prefeituras, Empresas e programas de financiamento como CORDE/SEDH e Pró-Mob.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A Biblioteca tem um papel de grande importância, como também o contributo cada vez maior das novas tecnologias de acesso à informação. “Biblioteca, um espaço sem fronteiras, esta assim de frente para as novas tecnologias e para quantas estas nos podem trazer de positivo”, (JOVER, 1990), no que respeita ao acesso a livros e demais documentos existentes numa biblioteca, livros em formato digital podem ser lidos não apenas por cegos, mas por deficiências de outras necessidades. É tempo de os legisladores cuidarem do problema, não se justifica a exclusão cultural dos deficientes visuais, seria ideal o propósito, ouvindo-se os representantes desta parcela da população, de um projeto de lei que torne obrigatória a publicação de livros e apostilas também em formato digital que possibilita a conversão em áudio de qualquer texto. Naturalmente que, com todos os avanços a que temos vindo a assistir, não será difícil prever aquilo que acontecerá, um número de obras disponíveis em suporte Braille será cada vez maior, graças aos modernos processos de impressão. Por outro lado, as produções em áudio, continuarão a ser uma alternativa para alguns e uma opção para outras, especialmente aqueles que

não se sentirem à-vontade na utilização do Braille, “Naturalmente que para que a biblioteca do futuro seja um espaço sem fronteiras, é necessário que neste caso os deficientes visuais, se sintam dentro da biblioteca o mais à-vontade possível” (JOVER, 1990) e possam desfrutar de tudo quanto qualquer pessoa normovisual tem num espaço destes.

DEFINIÇÃO DO DEFICIENTE VISUAL

“Consideram-se como cegas as pessoas que têm somente a percepção da luz ou não têm nenhuma visão e que precisam aprender através do alfabeto Braille e de meios de comunicação que não estejam relacionados com o uso da visão”. (Penna, 1995). É a perda da visão suficiente para impedir de ser auto-suficiente em uma ocupação, tornando o individuo dependente do outro, de agência ou organização que possa viver. Portanto, são considerados deficientes visuais, as pessoas que possuem alguma anormalidade ou não desenvolvem algo no órgão da visão, de forma, que, essa deficiência possa ser adquirida através de acidentes ou moléstias infecciosas. O deficiente visual possui algumas limitações, as quais seguem abaixo, atividades que não são capazes de executar:

Não tem acesso direto à palavra empresa

Restringe a mobilidade em ambientes não

familiares

Limita a percepção direta, pela pessoa, de um

ambiente distante, assim como objetos grandes

para serem aprendidos pelo tato.

CLASSIFICAÇÃO DA DEFICIENCIA

A organização Mundial da Saúde calcula cerca de 28 milhões de pessoas cegas em todo mundo. Também considerado como portadores de deficiência visual, perda total de um olho, sendo que produz apenas capacidade visual de 10%, de forma que o outro olho se torna infinitamente mais precioso. A acuidade visual (método de medida da perda da visão) é de 6/60 ou menos no melhor olho ou com campo visual de 20 graus ou menos. A OMS calcula que 75% dos casos de cegueira em países em desenvolvimento são evitáveis. A deficiência visual inclui dois grupos de condição visual: cegueira e visão subnormal. “CEGUEIRA; ausência total de visão até a perda da capacidade de indicar projeção de luz até a redução da acuidade visual ao grau que exige atendimento especializado”. “VISÂO SUBNORMAL: condição de visão que vai desde a capacidade de indicar projeção de luz até a redução da acuidade visual ao grau que exige

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atendimento especializado” A deficiência visual, seja ela cegueira total ou visão subnormal, pode afetar a pessoa em qualquer idade. Bebês podem nascer sem visão e outras pessoas podem tornar-se deficientes visuais, em qualquer fase da vida, desde os primeiros dias de vida até a idade avançada. A deficiência visual ocorre independentemente de sexo, religião, crenças, grupo étnico, raça, ancestrais, educação, cultura, saúde, posição social, condições de residência ou qualquer outra condição específica. Pode ocorrer repentinamente de um acidente ou doença súbita, ou tão gradativamente que a pessoa atingida demora a tomar consciência do que está acontecendo. A deficiência visual interfere em habilidades e capacidades e afeta, não somente a vida da pessoa que perdeu a visão, mas também dos membros da família, amigos, colegas, professores, empregados e outros. Entretanto, com tratamento precoce, atendimento educacional adequado, programas e serviços especializados, a perda da visão não significará o fim da vida independente e não ameaçara a vida plena e produtiva.

PRECONCEITOS DA SOCIEDADE

Antigamente, os deficientes eram segregados, afastados de qualquer convívio social, pois sua diferença era vista como maldição, destino, marca do demônio e todo tipo de crendice. Afinal, o que era diferente era desconhecido e misterioso, e o desconhecido era fonte de medo. Do medo ao preconceito é um pulo, daí a exclusão absoluta das “pessoas diferentes”. Por volta do século XIX, o deficiente visual era tratado como um doente em algumas instituições. Excluídos por algumas famílias e pela maioria da sociedade, portadores de deficiência visual eram acolhidos em asilos de caráter religioso ou filantrópico, muitas vezes passando ali toda a sua vida. Ao mesmo tempo, foram surgindo algumas escolas especiais e centros de reabilitação, pois a sociedade começou a admitir que deficientes visuais pudessem ser produtivos se recebessem condições de adquirirem acesso à cultura informacional, através da leitura e se os espaços fossem adaptados a eles. A integração significa a inserção da pessoa deficiente preparada, em escolas, bibliotecas, prédios públicos etc. adaptados para conviver com a sociedade. Já a inclusão, significa a modificação da sociedade como pré-requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e exercer sua cidadania. Portanto, é preciso preparar lugares para incluir neles a pessoa especial e não o contrario, como é que ocorre na maioria das vezes.

SUA RELAÇÃO COM OS VIDENTES

Muitos deficientes visuais que nascem cegos, desde pequenos vivem em um mundo escuro e silencioso. Quando inseridos em prédios públicos ou

especializados, descobrem que o mundo não é tão escuro assim conseguem viver e lidar com pessoas videntes. Quando os deficientes visuais têm contato com uma pessoa vidente, sentem certa segurança em poder demonstrar que são “normais” e podem realizar as mesmas tarefas, desde que, os locais onde todos freqüentam sejam adaptados a eles. Segundo um relatório da ONU, todas as pessoas podem se beneficiar com essa inclusão. Veja as vantagens:1. aprendem a lidar com a diversidade;2. adquirem experiência coma a variedade das

capacidades humanas;3. demonstram crescente responsabilidade e melhor

aprendizagem através do trabalho em grupo;4. ficam mais bem preparadas para a vida em uma

sociedade diversificada: entendem que são diferentes, mas não inferiores.

PROGRAMA DE NECESSIDADES

O programa de necessidade da Biblioteca Pública foi definido considerando os usuários das mesmas. Observou-se então uma necessidade de uma nova concepção de biblioteca, que essa biblioteca devesse possuir diversos ambientes, para diversos tipos de atendimento a usuários, não só para pessoa vidente, como também o deficiente visual.

A biblioteca pública, de modo geral, não possui estruturas necessárias no que se refere ao acervo, espaço físico e atendimento especializado ao deficiente visual. Em algumas visitas que fizemos às bibliotecas públicas pudemos constatar, no entanto, que há ciência de que esses usuários necessitam de serviços e materiais especiais tais como:

empréstimo de livros e revistas em Braille; empréstimo de mídias gravadas (livro falado); atendimento a pesquisa no local; computador e periféricos como sintetizador de voz, impressora Braille; softwares educativos e mobiliários utilitários que possam ajudar a minimizar as barreiras entre o deficiente visual e registro do conhecimento impresso.

CONCEITO DE BIBLIOTECA PÚBLICA

A biblioteca pública é o centro local de informação, tornando prontamente acessíveis aos seus utilizadores o conhecimento e a informação de todos os gêneros. Os serviços da biblioteca pública devem ser oferecidos com base na igualdade de acesso para todos, sem distinção de idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, língua ou condição social. Serviços e materiais específicos devem ser postos à disposição dos utilizadores que, por qualquer razão, não possam usar os serviços e os materiais correntes, como por exemplo, minorias lingüísticas, pessoas com deficiências, hospitalizadas ou reclusas. Todos os grupos etários

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devem encontrar documentos adequados às suas necessidades. As seleções e serviços devem incluir todos os tipos de suporte e tecnologias modernas apropriadas assim como materiais tradicionais. É essencial que sejam de elevada qualidade e adequadas às necessidades e condições locais. As seleções devem refletir as tendências atuais e a evolução da sociedade, bem como a memória do esforço e da imaginação da humanidade. As seleções e os serviços devem ser isentos de qualquer forma de censura ideológica, política ou religiosa e de pressões comerciais. Num relance pela tipologia das bibliotecas, é a Biblioteca Pública (mesmo a já dotada com recurso a redes digitais de informação) a que se nos apresenta com um grau de performatividade mais consentâneo com as nossas pretensões em refleti-la numa dimensão de ampla interatividade humana de modo a torná-la inclusiva de todos os cidadãos, com especial proficuidade para as pessoas deficientes visuais.

MANIFESTO DA UNESCO SOBRE BIBLIOTECAS PÚBLICAS

A liberdade, a prosperidade e o progresso da sociedade e dos indivíduos são valores humanos fundamentais. Só serão atingidos quando os cidadãos estiverem na posse das informações que lhes permitam exercer os seus direitos democráticos e ter um papel ativo na sociedade. A participação construtiva e o desenvolvimento da democracia dependem tanto de uma educação satisfatória como de um acesso livre e sem limites ao conhecimento, ao pensamento, à cultura e à informação. A biblioteca pública-porta de acesso local ao conheci mento as condições básicas para a aprendizagem ao longo da vida, para uma tomada de decisão independente e para o desenvolvimento cultural do indivíduo e dos grupos sociais. Este Manifesto proclama a confiança que a UNESCO deposita na Biblioteca Pública, enquanto força viva para a educação, cultura e informação, e como agente essencial para a promoção da paz e do bem-estar espiritual através do pensamento dos homens e mulheres. Assim, a UNESCO encoraja as autoridades nacionais e locais a apoiar ativamente e a comprometerem-se no desenvolvimento das bibliotecas públicas.

MISSÕES DA BIBLIOTECA PÚBLICA

As seguintes missões-chave, relacionadas com a informação, a literatura, a educação e a cultura deverão ser a essência dos serviços da biblioteca pública:

• Criar e fortalecer hábitos de leitura nas crianças, desde a primeira infância;

• Apoiar a educação individual e a auto formação, assim como a educação formal a todos os níveis;

• Oferecer possibilidades de um criativo desenvolvimento pessoal;

• Estimular a imaginação e criatividade das crianças e jovens;

• Promover o conhecimento sobre a herança cultural, o apreço pelas artes e pelas realizações e inovações científicas;

• Facilitar o acesso às diferentes formas de expressão cultural das manifestações artísticas;

• Fomentar o diálogo inter-cultural e, em especial, a diversidade cultural;

• Apoiar a tradição oral; Assegurar o acesso dos cidadãos a todos os tipos de informação à comunidade;

• Proporcionar serviços de informação adequados às empresas locais, associações e grupos de interesse;

• Facilitar o desenvolvimento da capacidade de utilizar a informação e a informática;

• Apoiar, participar e, se necessário, criar programas e atividades de alfabetização para os diferentes grupos etários.

FINANCIAMENTO, LEGISLAÇÃO E REDES.

Os serviços da biblioteca pública devem, por princípio, ser gratuitos. A biblioteca pública é da responsabilidade das autoridades locais e estatais. Deve ser objeto deuma legislação específica e financiada pelos governos nacionais e locais. Tem de ser uma componente essencial de qualquer estratégia a longo prazo para a cultura, o acesso à informação, a literatura e a educação. Para assegurar a coordenação e cooperação das bibliotecas, a legislação e os planos estratégicos devem ainda definir e promover uma rede nacional de bibliotecas, baseada em padrões de serviço previamente acordados. A rede de bibliotecas públicas deve ser criada em relação com as bibliotecas nacionais, regionais, de investigação e especializadas, assim como com as bibliotecas escolares e universitárias.

FUNCIONAMENTO E GESTÃO

Deve ser formulada uma política clara, definindo objetivos, prioridades e serviços, relacionados com as necessidades da comunidade local. A biblioteca pública deve ser eficazmente organizada e mantida padrões profissionais de funcionamento. Deve ser assegurada a cooperação com parceiros relevantes, por exemplo, grupos de utilizadores e outros profissionais a nível

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local, regional, nacional e internacional. Os serviços têm de ser fisicamente acessíveis a todos os membros da comunidade. Isto pressupõe a existência de edifícios bem situados, boas condições para a leitura e o estudo, assim como o acesso a tecnologias adequadas e horários convenientes para os utilizadores. Implica igualmente serviços destinados àqueles a quem é impossível freqüentar a biblioteca.

Os serviços da biblioteca devem ser adaptados às diferentes necessidades das comunidades das zonas urbanas e rurais. O bibliotecário é um intermediário ativo entre os utilizadores e os recursos disponíveis. A formação profissional contínua do bibliotecário é indispensável para assegurar serviços adequados. Têm de ser levados a cabo programas de formação de utilizadores de forma a fazê-los beneficiar de todos os recursos.

APLICAÇÃO DO MANIFESTO

Aos que têm poder de decisão, a nível nacional e local, e à comunidade bibliotecária, em todo o mundo, pede--se que apliquem os princípios expressos no presente Manifesto. Este Manifesto foi preparado em cooperação com a Federação Internacional das Associações de Bibliotecários e de Bibliotecas (IFLA) e aprovado pela UNESCO em Novembro de 1994. ·

NECESSIDADES DE UMA BIBLOTECA PÚBLICA PARA O DEFICIENTE VISUAL.

De acordo com o conceito de “Desenho Universal”, criado por uma comissão em Washington, EUA, no ano de 1963, foi inicialmente chamado de “Desenho Livre de Barreiras” por ter seu enfoque voltado à eliminação de barreiras arquitetônicas nos projetos de edifícios, equipamentos e áreas urbanas. Posteriormente, esse conceito evoluiu para a concepção de “Desenho Universal”, o país passou a considerar não o só o projeto, mas principalmente a diversidade humana, de forma a respeitar as diferenças existentes entre as pessoas e a garantir a acessibilidade a todos os componentes do ambiente. Em particular, no que dizem respeito à deficiência visual, as Bibliotecas Públicas têm que se adaptar para acolher os mesmos, mas não é isso o que ocorre, pois esses espaços na maioria das vezes, não apresentam uma arquitetura voltada e pensada para esse tipo de uso. Incluir e qualificar, a acessibilidade tem que ser universal, para olhar o deficiente como igual. O ser humano não tem deficiência ele tem diferença, quem tem deficiência e a cidade, o prédio que eles precisam utilizar, para isso abre-se o caminho para o processo de inclusão. Por sua vez os bibliotecários devem estar conscientes de que o problema maior não é prover informações para o deficiente visual e sim criar

condições acessíveis para que ele se interesse e venha utilizar os serviços e produtos oferecidos pelas bibliotecas. Quanto mais ferramentas oferecer para o deficiente menos deficiente ele fica, ocupando seu espaço. As atividades dos bibliotecários para com os deficientes visuais, não devem se constituir de ações isoladas. Devem envolver a participação de outros organismos que lidam com a problemática da deficiência visual, para fortalecer o trabalho das bibliotecas.

Declaração da UNESCO

Deficiente Visual

A UNESCO, que tem apoiado o Braille como a única escrita tátil paralela à escrita a tinta, e a International Federation of Library Associations & Institutions (IFLA), aprovaram o novo texto, revisto, do manifesto UNESCO para bibliotecas públicas. De acordo com o documento, o conceito de público não exclui as minorias, os serviços e materiais geralmente oferecidos. As bibliotecas públicas têm responsabilidade fundamental para com os leitores de Braille e, como sustenta tanto a IFLA quanto a UNESCO, é parte integrante da finalidade das bibliotecas proporcionarem-lhes acesso a livros em Braille e a serviços.

Conclusão

O objetivo deste trabalho é criar um espaço adequado em uma Biblioteca Pública para deficientes visuais, que, fundamente se no conhecimento de que a pessoa cega ou com visão subnormal pode ser bem sucedida se lhe forem oferecidos os meios necessários para o desenvolvimento pleno e inclusão social. Para isso acontecer é preciso que os legisladores cuidem do problema, não se justifica a exclusão cultural dos deficientes visuais. É ideal o propósito, ouvindo-se os representantes desta parcela da população, de um projeto de lei que torne obrigatória a publicação de livros e apostilas também em formato digital que possibilita a conversão em áudio de qualquer texto. As pessoas referidas, de todas as idades que procurarem a Biblioteca Pública, terão um atendimento em um espaço com condições físicas, um acervo e profissionais especializados às suas necessidades. Este trabalho não tem a pretensão de ditar normas, mas vislumbrar soluções quanto ao atendimento prestado pelo profissional da informação ao deficiente visual, visto os conhecimentos estudados, o que nos permite apresentar uma proposta que vise sanar as necessidades de informação ao deficiente visual em nossa sociedade e que sirva de base para reflexão. Por meio destes conhecimentos também podemos fazer a indicação das necessidades deste usuário para o profissional da construção, buscando uma orientação mais adequada na construção de espaços e prestação de serviços.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, W. de A., CALVANCANTE, G. DE A. Manual de treinamento de pessoal responsável por Biblioteca pública. Brasília Fundação Nacional / CBBPE, 1989 P. 12.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências a edificações, espaços, mobiliários e equipamentos. RJ: ABNT, 1997. p.56.

Brasil Ministério das Cidades. Brasil acessível: programa brasileiro de acessibilidade urbana, São Paulo: Ministério das Cidades, 2007.

CAMPOS, Bruna Scudelario. Louis Braille escola profissionalizante para deficientes visuais. Taubaté, 2001. Trabalho Acadêmico. Faculdade de Arquitetura da Universidade de Taubaté.

JOVER, Ana. Inclusão: qualidade para todos. Nova Escola, Ano XIV, n.º 123, 8-17 p., jun., 1990.

LEMOS, Antônio Agenor Briquet de. Normas para Biblioteca Pública. São Paulo: Quiron, 1976.

PENNA, Priscila Alves. Projeto de uma escola pré-primária para crianças cegas. Taubaté, 1995 Trabalho acadêmico. Faculdade de Arquitetura da Universidade de Taubaté.

VEIGA, J. Espínola. O que é ser cego. São Paulo: José Espínola Veiga, 1983.

YAMADA, Luiz Eduardo. Centro de apoio ao deficiente visual. Taubaté, 1998. Trabalho Acadêmico. Faculdade de Arquitetura da Universidade de Taubaté.

SITES CONSULTADOS

Braille Fácil – http://www.bengalabranca.com.br

Centro Cultural São Paulo – http:centrocultural.sp.gov.br

Fundação Dorina Nowill – http://www.fundacaodorina.org.br

Leia Livro – Secretaria de Estado da Cultura – Estado de São Paulo- http://www.leialivro.sp.gov.br/

Rede SACI – www.saci.org.br

SERPRO – http:www.sepro.gov.br/

UNESCO. Manifesto da UNESCO. Disponível em: <http://www.iplb.pt/pls

VivaLeitura – http://www.vivaleitura.com.br

ANEXOS

Legislação e Ações de Acessibilidade   - Relação com ordem cronológica-

Resumo1. A ONU apresenta a Declaração Universal dos Direitos Humanos – 1948.

2. Decreto nº. 62.150 – Promulgam a Convenção nº. 111 da OIT sobre Discriminação em matéria de emprego e profissão. 1968.

3. A ONU apresenta, em 1975, a Declaração dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiências.

4. O ano de 1981 foi declarado pela ONU o Ano Internacional das Nações Unidas para as Pessoas Portadoras de Deficiência.

5. Em 1982, a ONU declara os anos 80 como a Década das Nações Unidas para as Pessoas Portadoras de Deficiência.

6. Em 1982 a ONU Programa a Ação Mundial para as Pessoas Portadoras de Deficiência.

7. Lei Federal nº. 7.405 – Torna obrigatória a colocação do “símbolo Internacional de Acesso” em todos os locais e serviços que permitam sua utilização por pessoas portadoras de deficiência. 1985.

8. NBR-9050:1985 Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT – é aprovada a primeira versão da norma sob o título de “Adequação das edificações e do mobiliário urbano à pessoa deficiente”. 1985.

9. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Diversos artigos definem a política a ser adotada pelo país para lidar com a questão da inclusão social em diversos segmentos da vida em sociedade.

10. Lei Federal nº. 7.853 – Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – CORDE, instituía tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes. 1989.

11. Decreto nº. 129 – Promulga a Convenção nº. 159 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, sobre reabilitação profissional e emprego de pessoas deficientes. 1991.

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12. Lei Federal nº. 8.160 – Dispõe sobre a caracterização de símbolo que permite a identificação de pessoas portadoras de deficiência auditiva. 1991. 13. Lei Federal nº. 8.213 – Dispõe sobre Planos de Benefícios da Previdência Social. 1991 (estabelece porcentuais de funcionários com deficiências a serem contratados por empresas com mais de 100 funcionários).

14. Lei nº. 8.899 – Concede passe livre às pessoas portadoras de deficiência no sistema de transporte coletivo interestadual. 1994.

15. NBR-9050:1994 ABNT – Primeira revisão desta norma criada em 1985, agora com o enunciado “Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências a edificações, espaços, mobiliário e equipamentos urbanos”. 1994.

16. Decreto nº. 1.744 – Regulamenta o benefício de prestação continuada devido à pessoa portadora de deficiência e ao idoso, de que trata a Lei nº. 8.742, de 7 de dezembro de 1993. 1995.

17. Estabelecidas pela ONU, em 1996, as Normas Uniformes sobre a Igualdade de Oportunidades.

18. NBR-14021:1997 ABNT – Norma brasileira sobre “Transporte – Acessibilidade à pessoa portadora de deficiência – trem metropolitano”. 1997.

19. NBR-14022:1997 ABNT – Norma brasileira sobre “Transporte – Acessibilidade à pessoa portadora de deficiência em ônibus e trólebus, para atendimento urbano e intermunicipal”. 1997.

20. Convenção Interamericana para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. AG/doc. 3.826/99. 1999. (Conhecida como Convenção da Guatemala).

21. Decreto nº. 3.298 – Regulamenta a Lei nº. 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção. 1999.

22. Lei Federal nº. 10.098 – Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. 2000.

23. Decreto nº. 3.956 – Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. 2001.

24. O Ministério das Cidades apresenta em junho de 2004 o Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana: Brasil Acessível. 2004.

25. Termo de Ajustamento de Conduta nº. 1.34.001.002998/2003-94 – Firmado entre o Ministério Público Federal, a ABNT e a Target Engenharia e

Consultoria Ltda. o compromisso de deixar pública e gratuita a consulta das normas brasileiras de interesse social, o que resultou na disponibilidade via internet de todas as normas da ABNT que tratam da acessibilidade. Junho/2004.

26. NBR-9050:2004 ABNT - Promulgada a revisão da Norma com novo enunciado: “Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos”. Junho/2004.

27. Decreto nº. 5.296, regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. Dezembro/2004.

28. Lei Federal nº. 11.126 – Dispõe sobre o direito do portador de deficiência visual de ingressar e permanecer em ambiente de uso coletivo acompanhado de cão-guia. 2005.

29. Decreto nº. 5.904, de 21 setembro de 2006 – Regulamenta a Lei nº. 11.126, de 27 de junho de 2005, que dispõe sobre o direito da pessoa com deficiência visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhada de cão-guia e dá outras providências.

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