Adm Pub Aula 0

Embed Size (px)

Citation preview

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    1

    Prezado amigo(a) concursando (a),

    Iniciamos aqui nossa jornada rumo a um excelente resultado na prova

    de Administrao Pblica, no concurso para Auditor Fiscal do Trabalho. Tenho

    total certeza de que estas aulas podero aproxim-lo da to desejada

    aprovao, por dois motivos.

    Primeiramente, eu estava no seu lugar h quase cinco anos. Estudava

    para o concurso de Analista Legislativo atribuio material e patrimnio, da

    Cmara dos Deputados. Eram mais de 7 mil candidatos para apenas 11

    vagas. E foi a primeira vez que tive contato com o material do Ponto dos

    Concursos. No tive tempo, e no vi motivo de estudar por outras fontes as

    matrias de AFO, Administrao Pblica, Administrao de Materiais e Direito

    Constitucional. Resultado: consegui a aprovao em 6 lugar. Comea da

    minha crena pela seriedade do material que disponibilizamos aqui.

    Outro motivo direto: comprometi-me pessoalmente com a misso de

    ajud-lo.

    Meu nome Renato Ribeiro Fenili, sou natural de So Paulo e tenho 34

    anos. Atualmente sou Analista Legislativo da Cmara dos Deputados. Antes

    disso, fui Oficial da Marinha do Brasil, servia embarcado em navio, tendo

    exercido o cargo de Chefe de Mquinas por cerca de dois anos. Fazia cerca

    de 120 dias de mar por ano, o que no me deixava alternativa a no ser

    estudar sozinho... no era fcil!

    Bom, feitas as apresentaes, creio que seja hora de comearmos o

    estudo. A Administrao Pblica, apesar de no ser uma das disciplinas mais

    densas que encontramos em concursos pblicos, tem suas

    particularidades, capazes de pegarem os desavisados de calas curtas.

    Trata-se de uma disciplina que elucida muito do funcionamento

    administrativo dos governos federal, estadual e municipal, em especial

    abordando tcnicas gerenciais exaustivamente empregadas no setor privado,

    mas que se devem moldar s normas legais do mbito pblico.

    Nosso curso ser construdo tendo por base exerccios comentados.

    Apesar de o foco ser em exerccios, garanto que ser apresentado, de forma

    didtica, todo o contedo terico necessrio a prover um slido

    conhecimento em Administrao Pblica.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    2

    Vejamos como ser a estrutura do curso:

    AULA CONTEDO

    1 1.2 Evoluo da administrao pblica no Brasil (aps

    1930); reformas administrativas; a nova gesto pblica

    2 7 Legislao administrativa. 7.1 Administrao direta,

    indireta, e fundacional. 7.2 Atos administrativos. 7.3

    Requisio

    3 8.1 Princpios oramentrios. 8.2 Diretrizes

    oramentrias. 8.3 Processo oramentrio. 8.4 Mtodos,

    tcnicas e instrumentos do oramento pblico; normas

    legais aplicveis.

    4 8.5 Receita pblica: categorias, fontes, estgios; dvida

    ativa. 8.6 Despesa pblica: categorias, estgios. 8.7

    Suprimento de fundos. 8.8 Restos a pagar. 8.9 Despesas

    de exerccios anteriores. 8.10 A conta nica do Tesouro

    5 9 tica no servio pblico. 9.1 Cdigo de tica

    Profissional do Servidor Pblico Civil do Poder Executivo

    Federal (Decreto n 1.171/1994). 9.2 Cdigo de tica

    dos agentes pblicos do MTE (Portaria/MTE n

    2.973/2010).

    6 10 Conflito de interesses. 10.1 Lei n 12.813/2013

    Esta aula, excepcionalmente, ser segmentada em duas partes, de modo

    a expor da melhor forma o seu contedo. Vejamos:

    AULA CONTEDO

    1 (PARTE 1) Evoluo da administrao pblica no Brasil

    (aps 1930); reformas administrativas.

    1 (PARTE 2) A nova gesto pblica

    Feita esta introduo, vamos ao trabalho!

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    3

    I. EVOLUO DA ADMINISTRAO PBLICA NO BRASIL E AS

    REFORMAS ADMINISTRATIVAS

    Para o melhor aproveitamento desta aula, essencial que abordemos,

    preliminarmente, aspectos da Histria do Brasil. S assim teremos um

    entendimento mais profundo dos aspectos administrativos que marcaram o

    ltimo sculo da gesto pblica brasileira.

    Com esse intuito, faremos um rpido apanhado histrico, iniciando-se

    com o chamado Perodo Republicano.

    1. O Perodo Republicano

    Denomina-se Perodo Republicano o intervalo da histria brasileira que

    se inicia na Proclamao da Repblica (1889) e se estende at os dias atuais.

    dividido em cinco subperodos, delimitados em funo de acontecimentos

    polticos de relevncia, ocorridos ao longo do sculo passado.

    O esquema a seguir1 traz a linha cronolgica do Perodo Republicano

    Brasileiro:

    1 Fonte: http://www.centrodeatividades.com/2011/09/linha-do-tempo-periodo-republicano.html

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    4

    a. A Repblica Velha (1889 1930)

    Segundo Costa (2008), a proclamao da Repblica (primeiro golpe

    militar da histria brasileira) no alterou profundamente as estruturas

    socioeconmicas do Brasil Imperial. O que houve foi a maior concentrao na

    economia agrcola de exportao, fortalecendo-se a cafeicultura paulista, ao

    passo que as antigas elites cariocas e nordestinas perdiam poder.

    A presena dos militares no poder, aps o golpe de 1889, teve vida

    breve, resistindo at 1894, com a eleio de Prudente de Morais. Nesta

    ocasio, a oligarquia cafeeira retorna ao poder, trazendo novamente tona a

    aliana j vista no Segundo Imprio entre o estamento burocrtico-

    aristocrtico e a oligarquia cafeeira.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    5

    Assim, os senhores de terra (os bares do caf) ocupavam-se da

    economia, ao passo que uma classe burocrtica (cujos membros, muitas

    vezes, possuam laos de parentesco ao patriarcado rural) cuidava da

    administrao do Estado. Este estamento burocrtico governava com ampla

    autonomia, apropriando-se do excedente econmico no seio do prprio

    Estado, e no diretamente atravs da atividade econmica (BRESSER-

    PEREIRA, 2001, p. 5).

    importante dispensarmos um olhar mais detido na classe burocrtica

    brasileira na poca da Repblica Velha. Parcela considervel deste estamento

    era composta por representantes da ordem escravocrata (recm-extinta),

    agora absorvidos pelo emprego pblico. Contudo, h de se ter em mente a

    formao de uma elite patrimonialista que vivia das rendas do Estado ao

    invs das rendas da terra. Era composta por letrados e juristas, sendo que,

    com o tempo, o saber jurdico formal transformado em instrumento de

    poder.

    A Constituio Federal de 1891, instituidora do federalismo, foi

    responsvel por prover maior descentralizao poltica a um Estado que

    fora altamente centralizado na poca do Imprio. Tal fato implicou o

    aumento do poder dos governadores e das oligarquias locais, configurando

    uma situao contraditria: os governadores passaram a deter mais poder

    em relao Unio, mas passaram, usualmente, a depender da figura do

    coronel local. Esse sistema ficou conhecido como poltica dos

    governadores, e foi responsvel pela alternncia, na presidncia da

    Repblica, de representantes de So Paulo e de Minas Gerais: eis a poltica

    Burocracia-aristocrtica (elite da administrao pblica)

    Oligarquia cafeeira (poder econmico e poltico)

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    6

    do caf com leite. Vejamos a descrio que Costa (2008, p. 838 e 840) faz

    desse quadro:

    A Repblica federalista, com estados politicamente autnomos, consagrou

    um novo pacto poltico que acomodava os interesses das elites econmicas do Centro-Sul e do resto do pas. O governo federal ocupava-se de assegurar

    a defesa e a estabilidade e proteger os interesses da agricultura exportadora atravs do cmbio e da poltica de estoques, com reduzida interferncia nos

    assuntos internos dos demais estados. L vicejavam os mandes locais, grandes proprietrios de terra e senhores do voto de cabresto, e as grandes

    oligarquias, que controlavam as eleies e os governos estaduais e asseguravam as maiorias que apoiavam o governo federal. A poltica dos

    governadores garantia a alternncia na presidncia da Repblica de representantes de So Paulo e Minas Gerais. Esse sistema era marcado

    pela instabilidade dos governos estaduais passveis de serem derrubados e

    substitudos em funo da emergncia de novas oligarquias.

    No entanto, este modelo excessivamente patrimonialista / clientelista,

    com base na oligarquia rural associada burocracia-aristocrtica de

    administradores pblicos, dava sinais de cansao ao final da dcada de 1920.

    Mudanas conjunturais demandavam por reformas na administrao. Os

    principais fatores que culminaram no declnio do modelo

    patrimonialista e no surgimento do modelo burocrtico so assim

    listados:

    Expanso industrial, tornando desejvel um modelo administrativo

    com regras claras, objetivas e racionais, e no mais baseado em trocas

    de favores;

    Insatisfao dos militares, que exigiam a ordem e progresso

    enunciados na bandeira republicana;

    Necessidade de combate corrupo e ao nepotismo;

    Necessidade de organizao da administrao pblica brasileira a fim

    de alavancar o desenvolvimento nacional;

    A eleio do paulista Jlio Prestes para suceder o tambm paulista

    Washington Lus (derrotando o gacho Getlio Vargas) desencadeou o

    rompimento do pacto com Minas Gerais e com as demais oligarquias

    estaduais.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    7

    Assim, sucede a chamada Revoluo (ou Golpe) de 1930, um

    movimento armado, liderado pelos estados de Minas Gerais, Rio Grande do

    Sul e Paraba, depondo o presidente da Repblica Washington Lus e a posse

    do presidente eleito Jlio Prestes. Era o fim da Repblica Velha e o incio da

    Era Vargas, correspondente reforma burocrtica da administrao

    pblica.

    Vejamos como as caractersticas da Repblica Velha foram cobradas em

    concurso:

    1. (ESAF/CVM/2011) No Brasil, a Primeira Repblica (1889-

    1930), tambm conhecida como Repblica Velha, caracterizou-se por:

    a) eleies fiscalizadas pela justia eleitoral. b) amplo domnio das oligarquias.

    c) voto direto, secreto e universal. d) universalizao do acesso ao ensino primrio.

    e) economia diversificada e autrquica.

    Como vimos, no perodo de 1889 a 1930, o Brasil foi amplamente

    dominado pelas oligarquias (em geral, uma elite agrcola, baseada na

    explorao cafeeira). Nesse sentido, a alternativa B est correta.

    Com relao s demais alternativas, cabe a meno de que o voto na

    Primeira Repblica era censitrio (comprometendo a alternativa C), mas as

    eleies eram verdadeiras farsas (comprometendo a alternativa A). A

    economia, conforme exposto anteriormente, no era diversificada, mas

    fundamentalmente baseada na exportao do caf (comprometendo a

    alternativa E). Por fim, se o acesso ao ensino primrio, at os dias de hoje,

    no universal, podemos dizer que tambm no o era no incio do sculo

    passado.

    Resposta: D.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    8

    b. A Era Vargas (1930-1945)

    O governo de Getlio Vargas inicia em um momento de forte crise

    econmica mundial, em decorrncia da quebra da Bolsa de Nova Iorque em

    1929. Para o Brasil, uma das principais consequncias da crise foi a queda do

    consumo do caf nacional carro chefe de nossa economia ainda agrria

    pelo mercado externo. Outra consequncia foi a relativa impossibilidade de o

    Brasil comprar produtos industrializados de outroa pases, dada a

    inexistncia de saldo suficiente em nossa balana comercial.

    A soluo foi a centralizao econmica e o fechamento de nosso

    mercado, criando-se uma poltica de valorizao do caf. Ademais, uma vez

    que os produtos industrializados no mais viriam do mercado externo, houve

    o fomento expressivo da industrializao. Neste cenrio, a dcada de 1930

    considerada como a passagem do Brasil agrrio para o Brasil industrial, com

    a decorrente asceno da burguesia industrial nos campos econmico e

    poltico.

    O importante termos em mente que o Governo Vargas lanou-se de

    maneira franca ao projeto desenvolvimentista, envidando esforos no s

    criao das bases para a industrializao (infraestrutura diversa, tal como

    transportes, energia eltrica, proviso de ao etc.), mas tambm na

    capacidade de coordenao de decises econmicas. No mais havia

    espao para as velhas estruturas do Estado Oligrquico de outrora,

    impregnadas pelo patrimonialismo e pelo clientelismo. Era o

    momento de se reformar o Estado, o Governo e a Administrao

    Pblica.

    Nesse sentido, o governo de Getlio Vargas iniciou mudanas que

    tinham duas vertentes principais, assim assinaladas por Lima Jnior (1998):

    estabelecer mecanismos de controle da crise econmica, resultante dos efeitos da Grande Depresso, iniciada em 1929, e subsidiariamente

    promover uma alavancagem industrial;

    promover a racionalizao burocrtica do servio pblico, por

    meio da padronizao, normatizao e implantao de mecanismos de

    controle, notadamente nas reas de pessoal, material e finanas.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    9

    Para nosso curso, de interesse a reforma administrativa que se seguiu,

    podendo-se considerar como marco inicial a criao do Departamento

    Administrativo do Servio Pblico (DASP), em 1938. No ano seguinte

    (1937), Getlio Vargas protagoniza um golpe de Estado, dando incio a um

    governo centralizador, anticomunista e autoritrio que ficou conhecido como

    Estado Novo que durou at 1945. Neste perodo, o DASP firmou-se como

    rgo central responsvel pela conduo da reforma administrativa. As

    principais realizaes do DASP, reponsvel pela promoo da reforma

    burocrtica, podem ser assim relacionadas:

    ingresso no servio pblico por concurso;

    racionalizao geral de mtodos;

    instituio de critrios gerais e uniformes de classificao de

    cargos;

    organizao e aperfeioamento das administraes de pessoal e

    oramentria;

    padronizao das compras estatais;

    promoo de uma poltica marcada pela impessoalidade,

    profissionalismo e formalidade.

    Trata-se de medidas baseadas na Teoria da Burocracia de Max Weber,

    tendo na racionalidade dos mtodos e no controle dos meios a linha de ao

    principal.

    2. (FCC / TRE CE / 2012) A criao do DASP em 1938, com a

    definio da poltica de recursos humanos, de compra de

    materiais e finanas e a centralizao e reorganizao da

    administrao pblica federal, marca de forma inequvoca a

    passagem da forma de administrao pblica patrimonialista

    para a estruturao da mquina administrativa do Brasil na

    forma:

    a) burocrtica.

    b) gerencial.

    c) estratgica.

    d) da nova gesto pblica.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    10

    e) funcional.

    A criao do DASP em 1938 um marco da reforma administrativa

    burocrtica brasileira. Foi um esforo institucionalizado a fim de superar as prticas patrimonialistas vigentes.

    A inteno era substituir a arbitrariedade por racionais e regidas por regras bem estruturadas.

    Resposta: A.

    Paludo (2012) refora que a atuao do Estado burocrtico brasileiro deu-

    se em trs frentes, a saber:

    criao de rgos formuladores de polticas pblicas capazes de

    promover a integrao entre Governo e sociedade;

    expanso de rgos permanentes (ministrios, rgos de regulao

    e controle);

    expanso das atividades empresariais do Estado (empresas

    pblicas, sociedades de economia mista, fundaes etc.).

    Tais esforos revelam o incio da institucionalizao da

    administrao indireta no Brasil, a despeito deste termo s surgir a partir

    do Decreto-Lei n 200/67. Por fim, cabe registrar que foi durante o Estado

    Novo que se viram as primeiras tentativas de instaurao do Estado de Bem-

    Estar Social no Brasil.

    A queda de Getlio Vargas do poder deu-se em 1945, muito em

    decorrncia da presso de lideranas militares recm-sadas da II Guerra

    Mundial, onde lutaram contra regimes totalitrios. Como afirma Costa (2008,

    p. 847), parecia contraditrio que os militares Brasileiros voltassem da

    Europa para dar suporte ditadura.

    IMPORTANTE!

    Apesar dos esforos do DASP, na realidade, a administrao pblica no

    chegou a adotar uma poltica consistente de recursos humanos na poca do

    Estado Novo. O patrimonialismo, embora combatido pela Reforma

    Burocrtica, ainda se fazia presente, impossibilitando a implantao de um

    modelo que espelhasse a burocracia clssica weberiana. De toda sorte,

    essencial a compreenso de que a Reforma Administrativa do Estado

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    11

    Novo representa o primeiro esforo sistemtico de superao do

    patrimonialismo.

    c. A Repblica Populista (1945-1964)

    Eleito em 1945, toma posse o presidente Dutra, ex-Ministro da Guerra de

    Getlio Vargas, realizando um governo conservador marcado pelo retorno de

    velhos componentes patrimonialistas e clientelistas. Nas palvras de Bresser-

    Pereira (2001, p. 13):

    Vargas foi deposto em outubro de 1945, fazendo com que faltasse Reforma

    Burocrtica de 1938 o respaldo que o regime autoritrio lhe conferia. No novo regime democrtico o DASP perdeu grande parte de suas atribuies

    Nos cinco anos seguintes, a reforma administrativa seria conduzida como uma ao governamental rotineira e sem importncia, enquanto prticas

    clientelistas ganhavam novo alento dentro do Estado brasileiro.

    Getlio Vargas retorna ao poder em 1951, aps sua eleio como

    presidente da Repblica em outubro de 1950. Segue-se um perodo de novas

    tentativas de retomada do mpeto inicial da Reforma Burocrtica, que se

    estende de 1951 a 1963. No entanto, conforme salienta Bresser-Pereira

    (2001, p. 13), os esforos no sentido de completar a implantao de uma

    administrao pblica burocrtica no pas no chegaram a ter impacto

    efetivo sobre a administrao. Os motivos para tanto renem no s o

    patrimonialismo sempre presente, mas tambm o fato de as foras

    desenvolvimentistas passaram a se opor ao excesso de formalismo

    burocrtico, visto como incompatvel com a necessidade de crescimento do

    Brasil. Esta tendncia seria observada no s no governo de Juscelino

    Kubitscek (1956 60), mas tambm durante o regime militar (1964 84).

    Em face das disfunes burocrticas inerentes administrao pblica

    em meados do sculo passado, o Governo Kubitschek, marcado por sua

    administrao para o desenvolvimento, expande sobremaneira a

    Administrao Indireta, sendo esta dotada de maior flexibilidade e de uma

    gesto moderna e tecnocrtica. Cria-se, assim, uma ciso (ou dicotomia)

    entre Administrao Direta e Indireta: construram-se ilhas de

    excelncia em estruturas da administrao pblica (indireta) voltadas ao

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    12

    desenvolvimento, ao passo que o ncleo central da administrao

    deteriorava-se.

    Ciente do engessamento burocrtico vigente na dcada de 1960, o

    Presidente Joo Goulart criou a Comisso Amaral Peixoto, com o objetivo

    de coordenar grupos de estudo a fim de apresentar um novo projeto de

    reforma administrativa. Contudo, tal reforma s viria a ocorrer no depois do

    golpe de Estado de 1964, j sob o regime militar.

    d. A Ditadura Militar (1964 - 1985)

    Com o Golpe de Estado de 1964, inicia-se um perodo de cerca de vinte

    anos de um regime autoritrio modernizador, burocrtico-capitalista.

    A partir da forte centralizao poltica do regime militar, d-se

    continuidade tentativa de desburocratizao, com vistas a tornar a

    administrao pblica mais eficiente. Assim, por meio da Reforma

    Administrativa de 1967, normatizada pelo Decreto-Lei n 200 de 1967,

    considerado por Costa (2008) o mais sistemtico e ambicioso

    empreendimento para a reforma da administrao federal. Dentre os

    principais preceitos do Decreto-Lei n 200/67, citam-se:

    Principais Preceitos do Decreto-Lei n 200/67

    a administrao pblica deve ser guiada pelos princpios do

    planejamento, da coordenao, da descentralizao, da delegao

    de competncia e do controle;

    estabelecimento da distino entre Administrao Direta e Indireta;

    expanso das empresas estatais, de rgos independentes (fundaes) e

    semi-independentes (autarquias);

    fixao da estrutura do Poder Executivo federal;

    fortalecimento e flexibilizao do sistema de mrito;

    esboo dos sistemas de atividades auxiliares (pessoal, oramento,

    administrao financeira, contabilidade, auditoria e servios gerais);

    definio das bases do controle interno e externo;

    indicao das diretrizes gerais para um novo plano de classificao de

    cargos, e

    estabelecimento de normas de aquisio e contratao de bens e servios.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    13

    3. (ESAF / MPOG / 2008) A partir de 1964, a reforma administrativa fez parte da agenda governamental do regime

    militar com grande recorrncia. Uma das peas centrais nas iniciativas de reforma administrativa brasileira foi o Decreto-Lei

    200, de 25/02/1967, que inclui todos os princpios norteadores abaixo, exceto:

    a) reagrupamento de departamentos, divises e servios de

    planejamento na Secretaria de Planejamento da Presidncia da Repblica, com amplos poderes, superiores aos de qualquer outro

    ministrio.

    b) expanso das empresas estatais, de rgos independentes

    (fundaes) e semi-independentes (autarquias).

    c) fortalecimento e expanso do sistema de mrito.

    d) planejamento, descentralizao, delegao de autoridade,

    coordenao e controle.

    e) diretrizes gerais para um novo plano de classificao de cargos.

    As alternativas b, c, d e e constam do quadro apresentado anteriormente. Esto, dessa maneira, corretas.

    A alternativa a, em contrapartida, mostra uma ao que revela um

    carter eminemtemente centralizador, o que contraria a inteno do

    Decreto-Lei n 200/67. Veja, por exemplo, o que nos traz o art. 10 da citada

    norma:

    Art. 10. A execuo das atividades da Administrao Federal dever ser amplamente descentralizada.

    1 A descentralizao ser posta em prtica em trs planos

    principais:

    a) dentro dos quadros da Administrao Federal, distinguindo-se

    claramente o nvel de direo do de execuo;

    b) da Administrao Federal para a das unidades federadas, quando

    estejam devidamente aparelhadas e mediante convnio;

    c) da Administrao Federal para a rbita privada, mediante contratos

    ou concesses.

    Assim, a alternativa A est errada.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    14

    Para Bresser-Pereira (2001), o Decreto-Lei n 200/67 era o prenncio

    das reformas gerenciais que ocorreriam em alguns pases desenvolvidos a

    partir dos anos 80 e, no Brasil, a partir de 1995.

    IMPORTANTE!

    O aspecto mais importante da Reforma Desenvolvimentista de 1967 foi a

    efetiva descentralizao administrativa para a Administrao

    Indireta, j iniciada na dcada de 60. Assim, a dicotomia entre a

    Administrao Indireta (gil e flexvel) e a Administrao Direta (mais

    engessada) acentuada.

    Com a possibilidade de contratao direta de pessoal (sem concurso) na

    Administrao Indireta, prticas clientelistas e patrimonialistas voltam

    baila;

    A elite burocrtica (agora chamados de tecnocratas) agora se encontrava

    na Administrao Indireta, enfraquecendo o ncleo estratgico do Estado.

    4. (FCC / MPE SE / 2009) A Reforma Administrativa de 1967,

    implementada pelo Decreto-lei federal n 200:

    a) priorizou a atuao do Estado no fomento e regulamentao dos setores produtivos e a sua retirada como prestador direto

    de servios pblicos.

    b) cerceou a autonomia das entidades integrantes da

    Administrao indireta, submetendo-as s mesmas regras previstas para a Administrao direta, como licitaes e

    concurso pblico.

    c) retomou o processo de centralizao da atuao administrativa.

    d) introduziu mecanismos de parceria com instituies privadas sem fins lucrativos.

    e) desencadeou um movimento de descentralizao da atuao

    estatal, com a transferncia de atividades a autarquias,

    fundaes, empresas pblicas e sociedades de economia mista.

    Vejamos os comentrios s alternativas:

    a) A Reforma Administrativa de 1967 no priorizou a retirada do Estado

    como prestador direto de servios pblicos. Houve to somente um

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    15

    grande avano no sentido da descentralizao administrativa. Muitos

    servios foram (e so) mantidos como prestados diretamente pelo

    Estado. A alternativa est errada.

    b) No houve cerceamento da autonomia das entidades integrantes da

    Administrao Indireta, mas sim o posto: tais entidadesganharam

    autonomia, em obedincia ao princpio da descentralizao trazido pelo

    Decreto n 200. A alternativa estpa errada.

    c) Uma vez mais, devemos frisar que a Reforma Administrativa de 1967

    foi um grande avano no sentido da descentralizao administrativa. A

    alternativa est errada.

    d) O sistema de parceria inerente Reforma Administrativa de 1967 deu-

    se com instituies privadas com fins lucrativos, em especial nas

    sociedades de economia mista (tipo de entidade da Administrao

    Indireta). As parcerias estatais com entidades sem fins lucrativos

    tornam-se mais frequentes apenas a partir da dcada de 1990, com o

    surgimento em srie de tais entidades (como ONGs, por exemplo)

    nesse perodo. A alternativa est errada.

    e) A alternativa espelha de maneira apropriada o movimento de

    descentralizao administrativa desencadeado pela Reforma de 1967.

    Est, assim, correta.

    Resposta: E.

    Em termos de organizao, durante o perodo militar, o planejamento da

    administrao pblica era estruturado da seguinte forma:

    SEPLAN (Secretaria de Planejamento) = agncia central do

    planejamento;

    DASP (Departamento Administrativo do Setor Pblico) = com sua

    atuao diminuda com relao ao passado, agora era voltado apenas

    rea de RH;

    SEMOR (Subsecretaria de Modernizao e Reforma Administrativa do

    Ministrio do Planejameto) = agncia responsvel pela conduo

    das reformas.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    16

    Durante a dcada de 1970, a SEMOR promoveu revises peridicas da

    estrutura organizacional existente, bem como examinou projetos

    encaminhados por outros rgos pblicos, visando instituio de novas

    agncias. Ainda, a SEMOR dedicou ateno especial ao desenvolvimento de

    recursos humanos para o sistema de planejamento.

    Em 1979, Hlio Brando assume o recm-criado Ministrio da

    Desburocratizao, criado no governo de Figueiredo. A nova proposta era

    direcionar as aes administrativas para o atendimento aos

    cidados, reformando a burocracia no sentido da administrao

    pblica gerencial. Seu Programa Nacional de Desburocratizao, em

    um primeiro momento, destinou-se apenas simplificao de

    procedimentos. No entanto, a partir do incio da dcada de 1980, teve por

    objetivo as aes de desestatizao, por meio de privatizaes. Neste

    contexto, o governo estaria restrito ao controle, atuando to somente no

    apoio e fomento.

    IMPORTANTE!

    O Programa Nacional de Desburocratizao foi pioneiro em seu

    carter social e poltico. Havia no s o foco no enxugamento da mquina

    estatal, mas tambm no atendimento ao cidado, no mais visto como mero

    sdito do Estado.

    A opo pela desestatizao pode ser entendida como uma forma de

    conter a expanso da Administrao Pblica Indireta, que havia sido

    sobremaneira estimulada pelo Decreto-Lei n 200/67. Eis a viso de

    Wahrlich (1984, p. 57):

    (...) a necessidade de um programa de desestatizao indica que na questo

    da organizao para o desenvolvimento, a administrao pblica brasileira ultrapassou suas metas e chegou a hora de corrigir a disfuno existente,

    para atender opo constitucional do pas por uma economia de mercado.

    5. (ESAF/CGU/2006) Complete a frase com a opo correta.

    O principal objetivo do Programa Nacional de Desburocratizao institudo em 1979 era......

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    17

    a) descentralizar a administrao pblica federal por meio da criao de autarquias.

    b) privatizar o setor produtivo nas mos do Estado.

    c) aumentar a participao do cidado na definio do oramento

    pblico.

    d) dinamizar e simplificar o funcionamento da administrao

    pblica federal.

    e) criar entes para atender diretamente o usurio de servios

    pblicos.

    Como vimos, de modo geral, o Programa Nacional de Desburocratizao

    teve por objetivo a simplificao e a dinamizao do funcionamento da

    administrao pblica federal, cujo engessamento foi agravado nos governos

    militares antecedentes. Assim, a alternativa D est correta.

    Resposta: D.

    e. A Nova Repblica (1984 - hoje)

    Tentativas de reformas no perodo 1985 - 1990

    Com o trmino do Governo Militar, Jos Sarney assume a presidncia da

    Repblica em 1985, marcando o retorno do Brasil ao regime democrtico.

    O novo governo herdava, poca, um aparato administrativo ainda

    marcado pela centralizao poltica na figura da Unio, pelo ingresso de

    funcionrios sem concurso pblico (com prticas patrimonialistas) e pelo

    enfraquecimento do ncleo estratgico do Estado.

    Com o intuito de modernizar a Administrao Federal, Sarney extingue o

    DASP em 1985, criando, em seu lugar, a SEDAP Secretaria de

    Administrao Pblica da Presidncia da Repblica. As metas, neste

    momento, eram o estabelecimento de uma nova poltica de RH, a

    racionalizao da estrutura administrativa e a conteno de gastos pblicos.

    Da mesma forma, houve a descentralizao poltica, conferindo-se maior

    autonomia aos estados e aos municpios.

    Contudo, mesmo que na superfcie o Pas estivesse vivenciando uma

    euforia democrtica, na realidade havia uma crise poltica, econmica e

    fiscal sem precedentes em nossa histria. Com o advento do Plano Cruzado,

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    18

    o Brasil vivenciou um ano de falsa prosperidade, mergulhando, em seguida,

    em um perodo de hiperinflao.

    Em contrapartida, enquanto o Pas descentralizava-se no plano poltico,

    no plano administrativo havia a centralizao, por intermdio da Constituio

    Federal de 1988, denotando um significativo retorno aos ideais burocrticos

    de 1936. Para Bresser-Pereira (2001), este retrocesso burocrtico resultou

    da crena equivocada de que a flexibilizao da administrao pblica trazida

    pelo Decreto-Lei n 200/1967 seria o cerne da crise do Estado. Desta forma,

    a soma de uma burocracia fortalecida pela CF/88 com a profunda crise

    econmica implicou o desprestgio da administrao pblica brasileira, at

    meados da dcada de 1990.

    O esquema abaixo evidencia as diferenas em termos administrativos e

    polticos dos contextos do Decreto-Lei n 200/67 e da Constituio Federal

    de 1988:

    Importante salientar que a Constituio Federal de 1988, em termos

    administrativos, implicou um retrocesso burocrtico. Nas palavras de

    Costa (2008):

    [...] a Carta de 1988, no anseio de reduzir as disparidades entre a administrao central e a descentralizada, acabou por eliminar a flexibilidade

    com que contava a administrao indireta que, apesar de casos de ineficincia e abusos localizados em termos de remunerao, constitua o

    setor dinmico da administrao pblica.

    Vejamos as principais mudanas que a Constituio Federal de 1988

    trouxe no que concerne administrao e aos servios pblicos:

    Decreto-Lei no 200/67

    Centralizao Poltica

    Descentralizao Administrativa

    Constituio Federal de 1988

    Descentralizao Poltica

    Centralizao Administrativa

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    19

    Principais Inovaes da CF/88 para a Administrao Pblica

    Extenso Administrao Indireta de procedimentos de controle aplicveis

    anteriormente apenas Administrao Direta, implicando perda de

    flexibilidade;

    Ampliao das competncias dos rgos de controle, tanto interno quanto

    externo;

    Aplicao de um regime jurdico nico (RJU) a todos os servidores,

    transformando milhares de empregados celetistas em estatutrios e

    onerando significativamente a gesto da previdncia dos servidores

    pblicos;

    Instituio de plano de carreira para servidores das administraes direta

    e indireta;

    Exigncia de autorizao do Poder Legislativo para a criao,

    transformao e extino de rgos e entidades, bem como para a criao

    de cargos, empregos e funes pblicas (perda de autonomia do Poder

    Executivo).

    Como vemos, a Administrao Pblica tornou-se mais burocrtica, rgida

    e centralizada por meio das regras da CF/88. Ainda, se, por um lado, os

    mecanismos da Carta de 1988 favorecem o controle das atividades da

    administrao pblica, o modelo burocrtico estabelecido ainda dificulta a

    transparncia das informaoes (fato que est sendo remediado na

    atualidade, mediante a Lei de Acesso Informao).

    Em sntese: a CF/88 leva a um significativo retrocesso burocrtico,

    motivado por duas causas principais: a reao contra o clientelismo ora

    vigente e o cerceamento da autonomia da Administrao Indireta.

    Para Bresser-Pereira (2001), este retrocesso burocrtico resultou da

    crena equivocada de que a flexibilizao da administrao pblica trazida

    pelo Decreto-Lei n 200/1967 seria o cerne da crise do Estado. Desta forma,

    a soma de uma burocracia fortalecida pela CF/88 com a profunda crise

    econmica implicou o desprestgio da administrao pblica brasileira, at

    meados da dcada de 1990.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    20

    Reforma no governo Collor

    A despeito da curta durao do governo de Fernando Collor de Mello

    (1990-92), os impactos sobre a administrao pblica foram profundos.

    Trata-se de um governo conturbado, repleto de medidas radicais e

    desencontradas, tendo por cerne uma postura neoliberal do Estado

    mnimo.

    A Reforma Administrativa conduzida no governo Collor teve por foco

    principal o enxugamento da mquina estatal, por meio da privatizao de

    empresas estatais, aliada abertura da economia. Houve, assim, o que

    Costa (2008) chama de desmantelamento do setor pblico, promovendo-se

    a desestatizao e extinguindo-se ainda rgos e ministrios, bem como se

    demitindo aproximadamente 112 mil funcionrios pblicos.

    O fato que no houve um plano formal bem definido para a

    reforma de Collor. Tampouco houve algum tipo de balizamento conceitual.

    No entanto, cabe a ressalva de que os primeiros passos rumo Reforma

    Gerencial foram dados no governo Collor, ainda que de forma errtica e

    desestruturada.

    Concludo o processo de impeachment, Itamar Franco assume a

    presidncia da Repblica em dezembro de 1992. Conduz, at 1994, um

    governo conservador, recompondo o salrio do funcionalismo, deteriorado na

    gesto de seu antecessor.

    A Reforma Gerencial no governo de Fernando Henrique Cardoso

    Foi no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) que a Reforma

    Administrativa passou a ser tema central no Pas.

    Por um lado, estava presente o firme propsito de que o Estado deveria

    coordenar e regular a economia, tendo por objetivo a reintegrao

    competitiva do pas na economia mundial. Por outro lado, urgiam as

    presses pelo atendimento s demandas sociais, o que demandava a

    existncia de um Estado gerencial forte e atuante.

    As implicaes para a gesto era lgica: era necessria a

    modernizao da Administrao Pblica, a fim de dar suporte atuao

    estatal. A ideia era a manuteno de um forte ncleo estratgico, ao passo

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    21

    que um programa de privatizaes e a delegao de aes a organizaes

    descentralizadas, ou at mesmo no governamentais seriam efetivadas..

    A fim de dar o devido suporte citada Reforma, criou-se, em 1995, o

    Ministrio da Administrao e Reforma do Estado (MARE), nomeando-se o

    ministro Bresser-Pereira a fim de levar a cabo as aes necessrias. Bresser-

    Pereira, no mesmo ano, elabora o Plano Diretor de Reforma do Aparelho

    do Estado (Pdrae), tomando por base a anlise das reformas ocorridas em

    outros pases (em especial Inglaterra), bem como o livro Reinventando o

    Governo2 (obra de David Osborn e Ted Gaebler).

    Para Costa (2008), o Pdrae partia da premissa de que a crise

    latinoamericana do final do sculo XX era essencialmente uma crise de

    Estado. Para aquele documento, o governo brasileiro no carecia de

    governabilidade, visto que contava com legitimidade democrtica e apoio na

    sociedade civil. Havia sim a carncia de governana, ou seja, de capacidade

    de implementao de polticas pblicas, devido rigidez e ineficincia da

    mquina administrativa. Com esse intuito, o Pdrae assinalava ser necessrio:

    reformar o aparelho do Estado, aumentando a sua governana, ou

    seja, a sua capacidade de implementao de polticas pblicas de

    forma eficiente;

    inovar instrumentos de poltica social, proporcionando maior

    abrangncia e promovendo melhor qualidade para os servios

    sociais;

    proceder a um ajuste fiscal;

    efetivar reformas econmicas orientadas ao mercado, de forma que

    houvesse a manuteno de condies para o enfrentamento da

    competio internacional.

    No Pdrae, os problemas na administrao pblica foram agrupados em

    trs dimenses interrelacionadas:

    PROBLEMAS NA ADMINISTRAO PBLICA (PDRAE)

    DIMENSO DISCRIMINAO

    Institucional- Referem-se a bices de ordem legal e/ou institucional

    2 A obra Reinventando o Governo: como o esprito empreendedor est transformando o setor pblico, publicada em

    1998, retrata a experincia ocorrida no Estado de Minnesota (EUA), devido a uma gesto inovadora promovida pelo

    prefeito e vice-prefeito da cidade de Saint Paul.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    22

    PROBLEMAS NA ADMINISTRAO PBLICA (PDRAE)

    DIMENSO DISCRIMINAO

    legal para fins da consecuo de maior eficincia da

    administrao pblica brasileira.

    Cultural

    Trata-se da coexistncia de valores patrimonialistas e

    burocrticos com os novos ideais gerencialistas a

    serem implantados.

    Gesto So problemas relativos s prticas administrativas.

    Ainda no mbito do Pdrae, relevante o registro de que houve a

    identificao de 4 (quatro) segmentos de organizao do Estado, divididos

    em funo de suas responsabilidades principais:

    SEGMENTOS DE ORGANIZAO DO ESTADO (PDRAE)

    SEGMENTO ATUAO

    Ncleo

    estratgico

    Definio de polticas pblicas e de normas legais,

    bem como a cobrana de seus cumprimentos.

    constitudo pela cpula dos trs Poderes e pelo

    Ministrio Pblico.

    Atividades

    Exclusivas

    Prestao de servios que s o Estado pode executar:

    cobrana de impostos, previdncia social bsica,

    fiscalizaes em geral, subsdio educao etc.

    Atividades No-

    Exclusivas

    Atuao do Estado em conjunto com outras

    organizaes pblicas no estatais e privadas:

    hospitais, universidades, centros de pesquisa etc.

    Produo de bens

    e servios para o

    mercado

    So atividades econmicas, que visam ao lucro, e que

    permanecem sob a tutela do Estado.

    Contando com o respaldo do ento presidente Fernando Henrique, a

    proposta de reforma gerencial acabou por ganhar o apoio de polticos e

    intelectuais. Foi aprovada e teve como marco central a Emenda

    Constitucional n 19, de 1998.

    O esquema abaixo, traz as principais caractersticas do modelo

    de administrao gerencial:

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    23

    Orientao para a obteno de resultados;

    Foco no cidado, entendido como cliente / usurio ltimo da

    administrao pblica;

    Descentralizao administrativa (delegao de autoridade),

    priorizando os resultados e o seu controle (efetuado atravs de

    contratos de gesto);

    Descentralizao poltica, transferindo-se recursos e atribuies

    para os nveis polticos regionais e locais;

    Fortalecimento e aumento da autonomia da burocracia estatal,

    organizada em carreiras de Estado, passando a formular e a

    gerir, juntamente com polticos e demais membros da sociedade,

    as polticas pblicas;

    Terceirizao de atividades auxiliares e de apoio, que passam a

    ser licitadas competitivamente no mercado.

    6. (FCC / TRE CE / 2012) A administrao pblica gerencial

    constitui um avano e afirma-se que deve ser permevel a

    maior participao dos agentes privados e/ou das organizaes

    da sociedade civil e deslocar a nfase dos procedimentos

    (meios) para os resultados (fins), em que o beneficirio seja o

    cidado. Esse deslocamento de foco caracteriza o paradigma na

    gesto pblica, conhecido como:

    a) burocrtico.

    b) do cliente.

    c) do acionista.

    d) do processo.

    e) estratgico.

    Na administrao pblica gerencial, passa-se a visar aos resultados, em

    detrimento do excesso de controle dos meios, tpico do modelo burocrtico.

    O usurio dos servios pblicos, neste contexto, passa a ser visto como

    usurio, ou cliente, sendo este o principal deslocamento de foco com relao aos modelos administrativos anteriores eis o paradigma (ou modelo) do cliente.

    Resposta: B.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    24

    importante ressaltar que no modelo gerencial no mais vigora a ideia

    neoliberal do Estado mnimo. Em contrapartida, o Estado tambm no

    assume o papel de executor de tarefas. Sua atribuio mais no sentido de

    controle, de regulao e de estmulo da economia e de aes sociais.

    O Ministrio da Administrao e Reforma do Estado (MARE) foi extinto

    em 1998, e suas funes foram incorporadas pelo Ministrio do

    Planejamento, Oramento e Gesto (MPOG). Com essa nova estruturao,

    integrou-se os instrumentos governamentais de planejamento, oramento e

    gesto, facilitando a implementao da reforma. Nesse sentido, o Plano

    Plurianual (PPA) o instrumento que traz as diretrizes para a gesto por

    resultados do Estado, com orientao para o longo prazo.

    A continuidade da Reforma no governo Lula

    Luiz Incio Lula da Silva chega presidncia da Repblica em 2003,

    permanecendo no cargo por oito anos. Conforme destaca Paludo (2012),

    Lula assume o Pas em um momento em que a dvida pblica chegava a

    nveis extremos, bem como a desigualdade social apresentava-se como uma

    das maiores no mundo.

    Com este cenrio, as principais aes do Governo Lula podem ser

    sintetizadas no quadro abaixo:

    AES DO GOVERNO LULA

    REA ATUAO

    Econmica

    Conteno de gastos pblicos, evitando o

    reajuste de salrios de servidores pblicos e

    adiando investimentos gerais (em especial nos

    dois primeiros anos do governo).

    Social

    Lanamento (ou continuidade) de programas

    voltados transferncia de rendas s classes

    mais pobres (como o Programa Bolsa Famlia,

    por exemplo).

    Gesto Pblica

    Aumento da governana pblica (= capacidade

    de governar, de implementar polticas pblicas),

    por meio da minimizao do dficit

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    25

    AES DO GOVERNO LULA

    REA ATUAO

    institucional (= espaos vazios onde o governo

    deveria atuar e no estava atuando);

    Instituio do Programa Gespblica (Decreto n

    5.378/2005), com o objetivo de promover a

    excelncia no exerccio da gesto pblica,

    impactando na melhoria da qualidade dos

    servios pblicos prestados ao cidado.

    Investimentos

    A evoluo dos projetos de investimento no

    governo Lula culminou, em 2007, no Programa

    de Acelerao do Crescimento (PAC), destinado

    a promover o crescimento econmico, o

    aumento do nvel de emprego e a melhora das

    condies de vida da populao. Com a

    ampliao do montante inicialmente previsto

    para o PAC, o governo, em 2010, lana o PAC2.

    hora de revisarmos o contedo desta aula por meio de questes.

    7. (ESAF / MPOG / 2009) Em nosso pas, o processo que permeia

    a formao do Estado nacional e da administrao pblica se revela pelas seguintes constataes, exceto:

    a) a administrao colonial se caracterizou pela centralizao,

    formalismo e morosidade, decorrentes, em grande parte, do vazio

    de autoridade no imenso territrio.

    b) a partir da administrao pombalina, pouco a pouco, o

    empirismo paternalista do absolutismo tradicional foi sendo substitudo pelo racionalismo tpico do despotismo esclarecido.

    c) a transferncia da corte portuguesa, em 1808, e a consequente elevao do Brasil a parte integrante do Reino Unido de Portugal

    constituram as bases do Estado nacional, com todo o aparato necessrio afirmao da soberania e ao funcionamento do

    autogoverno.

    d) a partir da Revoluo de 1930, o Brasil passou a empreender

    um continuado processo de modernizao das estruturas e processos do aparelho do Estado.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    26

    e) a Repblica Velha, ao promover grandes alteraes na estrutura do governo, lanou a economia rumo industrializao e

    a administrao pblica rumo burocracia weberiana.

    Vejamos os comentrios s alternativas:

    a) Como vimos, as principais caractersticas da administrao colonial

    foram a centralizao (com os Governos Gerais), o formalismo (apesar

    de as regras serem usualmente desrespeitadas), a morosidade entre

    outras. Tais caractersticas decorrem da transplantao para a colnia

    das instituies existentes na metrpole, associada ao vazio de

    autoridade e de obedincia no imenso territrio. A assertiva est

    correta.

    b) A chamada Era Pombalina, referente aos quase 30 anos em que o

    Marqus de Pombal permaneceu frente da administrao de Portugal,

    correspondeu a um perodo de impulso administrativo e comercial

    colnia brasileira. Trata-se da semente da burocracia no Brasil, em um

    processo no qual o paternalismo tpico do absolutismo tradicional vai

    sendo, pouco a pouco, substitudo pelo racionalismo do despotismo

    esclarecido. A alternativa est correta.

    c) Como vimos nesta aula, o desembarque da Coroa portuguesa no Rio

    de Janeiro considerado o marco para a construo do Estado

    brasileiro. Nos anos seguintes (1808 a 1822), criou-se o aparato

    administrativo no Brasil, necessrio afirmao da soberania e ao

    funcionamento do autogoverno. A alternativa est correta.

    d) H, basicamente, 3 (trs) Reformas Administrativas de destaque na

    histria brasileira: a Reforma Burocrtica (ou daspiana, em 1936); a

    Reforma promovida pelo Decreto-Lei n 200/67 e, por fim, a Reforma

    Gerencial do Pdrae (1995). Foi a partir da Reforma Burocrtica que a

    elite agrria mostra-se enfraquecida, havendo a passagem do Brasil

    agrrio para o Brasil industrial. A evoluo foi ora sistemtica (com

    planos efetivos conduzindo as reformas), ora assistemtica (como no

    governo Collor, por exemplo). Mas o fato que as estruturas e os

    aparelhos estatais esto continuamente sendo modernizados. A

    alternativa est correta.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    27

    e) No foi na Repblica Velha (1889 1930) que foram dados passos

    rumo burocracia weberiana. Tal fato deu-se apenas no Estado Novo

    (1937-1945). A alternativa est errada.

    Resposta: E.

    8. (ESAF / MPOG / 2010) A anlise da evoluo da administrao pblica brasileira, a partir dos anos 1930, permite concluir

    acertadamente que:

    a) com o Estado Novo e a criao do DASP, a admisso ao servio pblico passou a ser feita exclusivamente por meio de concurso

    pblico, sendo descontinuadas as prticas do clientelismo e da indicao por apadrinhamento.

    b) a reforma trazida pelo Decreto-Lei n. 200/67 propugnou3 pela descentralizao funcional do aparelho do Estado mediante

    delegao de autoridade aos rgos da administrao indireta para a consecuo de muitas das funes e metas do governo.

    c) a partir de meados do sculo XX, com o desenvolvimentismo,

    deu-se a ampliao e a consolidao da administrao direta, principal gestora das polticas pblicas implementadas pela

    administrao indireta.

    d) a partir dos anos 1980, dadas a falncia do estado do bem-

    estar social, a crise fiscal e a redemocratizao, as reformas do aparelho do Estado passaram a seguir uma estratgia nica e

    homognea.

    e) os 50 Anos em 5 e a construo de Braslia, no perodo JK, representaram a pedra fundamental do que viria a ser a adoo do

    gerencialismo no servio pblico.

    Vejamos os comentrios s alternativas:

    a) As prticas patrimonialistas / clientelistas nunca foram efetivamente

    descontinuadas na administrao pblica brasileira. Na poca do DASP, apesar de o patrimonialismo ter sido combatido pela Reforma

    Burocrtica, prticas do clientelismo fizeram-se presentes. A alternativa est errada.

    3 Propugnar = defender com veemncia.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    28

    b) O Decreto-Lei n 200/67 primou pela descentralizao da administrao, inclusive instituindo a chamada Administrao Indireta.

    A alternativa est correta.

    c) Durante o desenvolvimentismo (ou a administrao para o

    desenvolvimento) conduzido durante o governo de Juscelino

    Kubitschek, h a expanso significativa da Administrao Indireta,

    sendo esta dotada de maior flexibilidade e de uma gesto moderna e

    tecnocrtica. Criou-se, assim, uma ciso entre Administrao Direta e

    Indireta: construram-se ilhas de excelncia em estruturas da

    administrao pblica (indireta) voltadas ao desenvolvimento, ao passo

    que o ncleo central da administrao deteriorava-se. A alternativa

    est, portanto, errada.

    d) Aps o fim do regime militar, seguiram-se os governos de Jos Sarney

    e de Fernando Collor de Mello. Fato que fica evidente no governo deste

    ltimo a total falta de plano para a reforma administrativa do Estado.

    Foram medidas heterogneas e arbitrrias, cujo resultado foi

    catastrfico: o desmantelamento do aparato administrativo estatal. A

    alternativa est errada.

    e) A pedra fundamental para a adoo do gerencialismo no servio

    pblico, conforme Bresser-Pereira (2001), o Decreto-Lei n 200/67. A

    alternativa est errada.

    Resposta: B.

    9. (ESAF / MTE / 2010) Sobre as experincias de reformas administrativas em nosso pas, correto afirmar:

    a) a implantao do DASP e a expedio do Decreto-Lei n. 200/67 so exemplos de processos democrticos de reformismo baseados

    no debate, na negociao e em um modelo decisrio menos concentrador.

    b) ainda que o formalismo e a rigidez burocrtica sejam atacados como males, alguns alicerces do modelo weberiano podem

    constituir uma alavanca para a modernizao, a exemplo da meritocracia e da clara distino entre o pblico e o privado.

    c) o carter neoliberal do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado foi a mola propulsora de seu amplo sucesso e da

    irrestrita adeso pelo corporativismo estatal.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    29

    d) j nos anos 1980, o Programa Nacional de Desburocratizao propunha uma engenharia institucional capaz de estabelecer um

    espao pblico no-estatal, com a incorporao das Organizaes Sociais.

    e) desde os anos 1990, a agenda da gesto pblica tem sido continuamente enriquecida, sendo hoje mais importante que as

    agendas fiscal ou econmica.

    Vejamos os comentrios s alternativas:

    a) Como vimos, tanto a implantao do DASP quanto a expedio do Decreto-Lei n 200/67 foram efetuadas em regimes autoritrios: a

    primeira deu-se durante o Estado Novo, e a ltima, no governo militar. No foram exemplos de processos democrticos de reforma. A

    alternativa est errada.

    b) A alternativa espelha o correto entendimento sobre os benefcios da

    burocracia weberiana. A Teoria da Burocracia busca a eficincia administrativa. Os problemas (vistos ao longo do sculo XX no Brasil)

    so decorrentes de disfunes da burocracia. A alternativa est correta.

    c) O Pdrae no gozou de irrestrita adeso pelo corporativismo estatal. Houve um esforo considervel do ministro Bresser-Pereira, que

    contava com o respaldo do presidente FHC. Mesmo assim, no houve

    consenso e nem a referida irrestrita adeso. A alternativa est errada.

    d) O novo modelo de gesto que propunha uma engenharia institucional capaz de estabelecer um espao pblico no-estatal oriundo da

    Reforma Bresser. As organizaes sociais (OS) e as organizaes da sociedade civil de interesse pblico (OSCIP) so herdeiras desta

    Reforma. A alternativa est errada.

    e) No h de se falar que a agenda da gesto pblica mais importante

    do que as agendas fiscal ou econmica. H, inclusive, autores que analisam que h um negligenciamento da gesto pblica, ao passo que

    a agenda econmica mostra-se aquecida. A alternativa est errada.

    Resposta: B.

    10. (ESAF/CGU/2012) Acerca das experincias de reforma da

    mquina pblica havidas em nosso pas, correto afirmar que:

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    30

    a) ao contrrio da proposta bresseriana, as principais experincias de reforma anteriores o modelo daspiano e o Decreto-Lei 200 deram-se em um ambiente democrtico, baseado no debate e na negociao, a despeito de um processo decisrio mais

    concentrador.

    b) originariamente pensadas desde a edio do Plano de Metas, as

    parcerias pblico-privadas (PPPs) no se constituem, por isso

    mesmo, uma inovao do atual modelo administrativo, apesar de seu grande sucesso e proliferao nos nveis federal e

    subnacionais.

    c) o melhor exemplo de um bem sucedido resultado da Reforma

    Bresser o caso das agncias regulatrias, montadas de forma homognea calcada na viso mais geral do modelo regulador,

    condio bsica ao que viria a substituir o padro varguista de interveno estatal.

    d) mesmo sem atingir todos os seus objetivos, a proposta bresseriana de reforma deu causa a um "choque cultural", tendo

    se espraiado pelos governos subnacionais no qual, facilmente, percebe-se a sua influncia na atuao dos gestores pblicos e em

    uma srie de inovaes governamentais.

    e) a atual proposta de reforma, tambm calcada na gesto por

    resultados porm no mais tachada de "neoliberal" , aposta seu sucesso em duas frentes: a quebra da estabilidade, com o reforo do emprego pblico, e a reduo da administrao

    indireta, com o aprofundamento das privatizaes.

    Vejamos os comentrios s alternativas:

    a) A reforma daspiana (criao do DASP) deu-se em 1938, durante um

    perodo ditatorial conhecido como Estado Novo (que duraria at 1945).

    Da mesma forma, a reforma promovida pelo Decreto-Lei n 200/67

    deu-se em pleno regime militar. Ambos os perodos no, assim,

    democrticos. A alternativa est errada.

    b) O Plano de Metas foi um programa de industrializao e

    modernizao inserido no governo de Juscelino Kubitschek (1956-61).

    A Parceria Pblico-Privada (PPP), por sua vez, uma criao da

    Inglaterra, concebida durante o governo de Margaret Thatcher no incio

    dos anos 90. As PPPs so contratos, de longo prazo de durao,

    firmados entre a Administrao Pblica e a iniciativa privada, com

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    31

    vistas implementao ou gesto de obras e servios pblicos. Neste

    caso, o parceiro privado assume a responsabilidade pelo

    financiamento, investimento e explorao do servio, havendo o

    subsdio estatal para a obteno de recursos no mercado financeiro. As

    PPPs foram trazidas ao Brasil apenas em 2005, no governo Lula. A

    alternativa est, portanto, errada.

    c) Vejamos a anlise que Abrucio (2007) faz sobre a conduo da

    Reforma Bresser:

    O melhor exemplo de um tema que escapou ao alcance da reforma

    Bresser foi o das agncias regulatrias, montadas de forma completamente fragmentada e sem uma viso mais geral do modelo

    regulador que substituiria o padro varguista de interveno estatal. O fracasso desta estratgia ficou claro, por exemplo, no episdio do

    "apago", que teve grande relao com a gnese mal resolvida do marco

    regulatrio no setor eltrico.

    Assim, a alternativa est errada.

    d) Uma vez mais, a alternativa est baseada no texto de Abrucio (2007),

    do qual recomendo a leitura (est disponvel no link

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-

    76122007000700005). Vejamos:

    Bresser se apoiou numa idia mobilizadora: a de uma administrao voltada para resultados, ou modelo gerencial, como era chamado poca. A despeito de muitas mudanas institucionais requeridas para se chegar a este

    paradigma no terem sido feitas, houve um "choque cultural". Os

    conceitos subjacentes a esta viso foram espalhados por todo o pas e, observando as aes de vrios governos subnacionais, percebe-se facilmente

    a influncia destas idias na atuao de gestores pblicos e numa srie de

    inovaes governamentais nos ltimos anos.

    Assim, a alternativa est correta.

    e) Muito provavelmente esta assertiva seja referente ao governo Lula

    (apesar de no fazer expressa aluso). A quebra da estabilidade e o

    aprofundamento das privatizaes no esto na agenda de reformas do

    citado governo. A alternativa est errada.

    Resposta: D.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    32

    11. (ESAF / AFRFB / 2010) O estudo das experincias de reformas administrativas havidas em nosso pas permite

    concluir, acertadamente, que:

    a) a retrica da reforma dos anos 1930 avanou do ponto de vista dos princpios polticos que a orientaram, a saber: participao,

    accountability e controle social.

    b) a tentativa de modernizao do aparelho de Estado,

    especialmente a da dcada de 1960, teve como consequncia o fortalecimento da administrao direta, em detrimento da

    administrao indireta.

    c) no sentido weberiano do termo, o Brasil nunca chegou a ter um

    modelo de burocracia pblica consolidada.

    d) ao contrrio de outros pases, o modelo de nova gesto pblica,

    adotado a partir dos anos 1990, possuiu inspirao autctone e

    em nada se valeu das experincias britnica e estadunidense.

    e) a partir da dcada de 1990, caminhamos rumo a uma nova

    administrao pblica, de carter gerencialista, visando consolidar

    o iderio keynesiano e o estado do bem-estar social.

    Vejamos os comentrios s alternativas:

    a) Participao, accountability (= necessidade de membros de um rgo

    administrativo prestarem contas a instncias de controle e

    sociedade) e controle social so princpios relacionados ao modelo

    gerencial de gesto, e no ao burocrtico (este trazido pela Reforma da

    dcada de 1930). A alternativa est errada.

    b) A tentativa de modernizao do aparelho do Estado na dcada de 1960

    teve como consequncia o fortalecimento da Administrao Indireta,

    em detrimento da Direta. A assertiva est errada.

    c) O Brasil, na realidade, nunca teve um modelo puro de administrao

    vigente. No caso do modelo burocrtico, cuja tentativa de instaurao

    deu-se a partir da dcada de 1930, esteve sempre impregnado de

    prticas patrimonialistas e clientelistas. A alternativa est correta.

    d) O modelo da nova gesto pblica teve influncia estrangeira, em

    especial no governo ingls de Margareth Thatcher, primeira-ministra

    britnica, no incio da dcada de 1980. A alternativa est errada.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    33

    e) Realmente, a partir de 1990 h progressos rumo a uma administrao

    gerencialista, observando-se, ainda, a consolidao do estado do bem-

    estar social. No entanto, a alternativa est contaminada com um erro.

    O Estado, hoje em dia, mostra-se mais prximo ao modelo neoliberal

    (apesar de no ser neoliberal em sua essncia, j que no vigora mais

    o ideal de Estado Mnimo). O iderio keynesiano (teoria

    desenvolvida pelo economista John Keynes) ope-se ao neoliberalismo,

    pregando a efetiva interveno do Estado na economia,

    complementando as deficincias do mercado. A alternativa est errada.

    Resposta: C.

    12. (ESAF / CGU / 2008) Apesar da heterogeneidade de

    situaes que caracterizam a administrao pblica brasileira nos diferentes nveis de governo, a Unio tem promovido

    reformas em sua estrutura para fazer face aos processos de industrializao e crise fiscal do Estado. A modernizao da

    administrao pblica por meio do uso de instrumentos prprios da gesto de empresas privadas, a criao de uma

    administrao indireta com procedimentos prprios de contratao e gesto de funcionrios e de processos de

    compras pblicas so caractersticas presentes........

    Selecione a opo que completa corretamente a frase acima.

    a) na criao do DASP.

    b) na criao de Agncias Reguladoras.

    c) na formao do Estado brasileiro.

    d) nas aes implementadas a partir do Decreto-Lei 200.

    e) no alinhamento ao Estado mnimo.

    O enunciado da questo faz referncia a um passo dado pela

    Administrao Pblica brasileira rumo administrao gerencial, dado

    adoo de instrumentos prprios da gesto de empresas privadas.

    Neste passo, segundo o enunciado, criou-se a administrao indireta,

    espelhando procedimentos prrpios de contratao e gesto de funcionrios

    e de processos de aquisies e contrataes pblicas. Trata-se, como vimos,

    da reforma promovida a partir do Decreto-Lei n 200/67.

    Importante salientar que a criao das Agncias Reguladoras insere-se

    no mbito da Reforma Gerencial promovida a partir do Pdrae. quando o

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    34

    Estado passa a deixar de ser visto como controlador, planejador, produtor e

    rbitro dos conflitos dos quais era parte, a fim de assumir o papel de um

    Estado regulador, que se limita a impor marcos referenciais, a promover a

    direo descentralizada e a fomentar a concorrncia que as Agncias

    Reguladoras passam a ser necessrias. E, assim, cria-se a ANEEL (1996),

    para, logo depois, surgirem a ANATEL e a ANP e, mais tarde, a ANVISA

    (1999), ANS (2000), ANA (2000), ANTT (2001) e ANTAQ (2001).

    Resposta: D

    13. (ESAF / MPOG / 2009) Considerando a evoluo da

    administrao pblica em nosso pas, bem como as suas experincias de reforma, correto afirmar que:

    a) ao privilegiar o usurio do servio pblico, o Programa Nacional de Desburocratizao marcou pelo ineditismo, j que nenhum

    outro antes dele fora dotado de carter social e poltico.

    b) a reforma administrativa de 1967 reduziu o fosso que separava

    as burocracias instaladas nas administraes direta e indireta, garantindo a profissionalizao do servio pblico em toda a sua

    extenso.

    c) a reforma dos anos 1990 visava, como um de seus objetivos,

    fortalecer o Estado de modo a torn-lo responsvel direto pelo desenvolvimento econmico e social.

    d) a reforma burocrtica de 1936 apoiou-se, conceitualmente, em trs dimenses: formas de propriedade, tipos de administrao

    pblica e nveis de atuao do Estado.

    e) com a Repblica Velha, deu-se a primeira experincia radical de

    reforma administrativa, em resposta s mudanas econmicas e

    sociais que levavam o pas rumo industrializao.

    Vejamos os comentrios s alternativas:

    a) Realmente o Programa Nacional de Desburocratizao, conduzido em

    1979, foi pioneiro em sua concepo social e poltica. Os focos eram no s o enxugamento da mquina estatal, mas tambm o

    atendimento s demandas sociais dos cidados. A alternativa est correta.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    35

    b) Como vimos, a Reforma Administrativa de 1967, ao privilegiar a administrao indireta em detrimento da direta, provocou uma ciso

    (ou aumentou o fosso) entre elas. A alternativa est errada.

    c) A Reforma da dcada de 1990, revestida de certo aspecto neoliberal,

    visava a posicionar o Estado como agente regulador / fiscalizador, e no como responsvel direto pelo desenvolvimento econmico e social.

    A alternativa est errada.

    d) Foi na Reforma Gerencial de 1995, concebida pelo Pdrae, que o modelo conceitual encontra-se apoiado nas dimenses formas de propriedade

    (especificamente pblica estatal e pblica no-estatal), tipos de administrao pblica e nveis de atuao do Estado. A Reforma

    Burocrtica de 1936 tem por base o modelo weberiano, marcado pela racionalidade, pela impessoalidade e pelo controle dos processos. A

    alternativa est errada.

    e) A alternativa, na realidade, refere-se Reforma Burocrtica da dcada

    de 1930, concebida na Era Vargas. Est, portanto, errada.

    Resposta: A.

    14. (ESAF/ISS-RJ/2010) No Brasil, o modelo de administrao

    burocrtica:

    a) atinge seu pice ao final da dcada de 1950, com a instalao

    do Ministrio da Desburocratizao.

    b) emerge nos anos 1930, sendo seu grande marco a criao do

    DASP.

    c) permanece arraigado, em sua forma weberiana, at nossos

    dias, sendo esta a razo da falncia do modelo gerencial.

    d) deve-se mais poltica do caf-com-leite que ao incio do

    processo de industrializao.

    e) foi completamente substitudo pelo modelo gerencial

    implantado ao final do sculo XX.

    Vejamos os comentrios s alternativas:

    a) O Ministrio da Desburocratizao foi criado em 1979, em uma poca

    que a burocracia na administrao pblica brasileira mostrava-se

    profundamente disfuncional. A alternativa est errada.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    36

    b) A alternativa est de acordo com o que vimos na aula. Encontra-se,

    assim, correta.

    c) Realmente o modelo de administrao burocrtica permanece

    arraigado na gesto pblica atual, mesclando-se a prticas ainda

    patrimonialistas e gerenciais. No entanto, o Estado, atualmente,

    esfora-se a fim de dar continuidade implantao do modelo

    gerencial de administrao, ora vigente. Alm disso, o modelo

    burocrtico implantado no Brasil nunca espelhou o ideal weberiano. A

    alternativa est errada.

    d) O fator motivador principal para a implantao de um modelo de

    administrao burocrtica no Brasil a expanso industrial da dcada

    de 1930, tornando desejvel um modelo administrativo com regras

    claras, objetivas e racionais, e no mais baseado em trocas de favores.

    Ademais, foi a crise na poltica do caf-com-leite (e no a poltica em

    si) que deu margem a uma situao de governo favorvel

    implantao da burocracia. A alternativa est, portanto, errada.

    e) No h um modelo administrativo puro no Brasil. Hoje convivemos

    com um misto de facetas dos modelos patrimonialista, burocrtico e

    gerencial. A alternativa est errada.

    Resposta: B.

    15. (ESAF/MPOG/2010) Acerca dos modelos de gesto patrimonialista, burocrtica e gerencial, no contexto brasileiro,

    correto afirmar:

    a) cada um deles constituiu-se, a seu tempo, em movimento administrativo autnomo, imune a injunes polticas, econmicas

    e culturais.

    b) com a burocracia, o patrimonialismo inicia sua derrocada, sendo finalmente extinto com a implantao do gerencialismo.

    c) o carter neoliberal da burocracia uma das principais causas de sua falncia.

    d) fruto de nossa opo tardia pela forma republicana de governo, o patrimonialismo um fenmeno administrativo sem paralelo em

    outros pases.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    37

    e) com o gerencialismo, a ordem administrativa se reestrutura, porm sem abolir o patrimonialismo e a burocracia que, a seu

    modo e com nova roupagem, continuam existindo.

    Vejamos os comentrios s alternativas:

    a) No h como separar os modelos de gesto pblica das conjunturas

    econmica, poltica e cultural. A Reforma Burocrtica, por exemplo,

    ocorreu motivada pela industrializao em expanso, bem como pela

    crise na poltica do caf-com-leite. A Reforma Gerencial, por sua vez,

    foi motivada por uma forte crise econmica e fiscal, bem como um

    contexto social e cultural que via a gesto pblica como ineficiente. A

    alternativa est errada.

    b) O patrimonialismo no foi extinto da administrao pblica brasileira.

    Hoje convive com um misto de administrao gerencial e burocrtica. A

    assertiva est errada.

    c) O neoliberalismo (Estado Mnimo) uma corrente que, ao ser

    aplicado na administrao, afasta-se do modelo burocrtico de gesto.

    Inclusive, no caso brasileiro, iniciativas neoliberalistas levadas a cabo

    no incio da dcada de 1990 implicaram o desfazimento do

    aparelhamento estatal (excesso de privatizaes, por exemplo), indo

    de encontro ao sistema burocrtico vigente na poca. A alternativa

    est errada.

    d) O patrimonialismo um fenmeno presente em todo mundo, sendo

    muito comum na Amrica Latina, por exemplo. A alternativa est

    errada.

    e) Este o entendimento correto, j exposto nesta aula, sobre a

    mistura de modelos de gesto hoje presente no Brasil. A alternativa

    est correta.

    Resposta: E.

    16. (ESAF/ANA/2009) Considerando o marco terico adotado

    pelo Plano Diretor para a Reforma do Aparelho do Estado, correto afirmar:

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    38

    a) com a expanso da administrao indireta, o momento iniciado pela Constituio de 1988 indica um processo de descentralizao

    administrativa.

    b) ao Ncleo Estratgico do Estado cabe desenvolver as atividades

    em que o poder de Estado, ou seja, o poder de legislar e tributar, exercido.

    c) a forma de administrao burocrtica completamente

    indesejada, sendo sua aplicao proibida, qualquer que seja a circunstncia.

    d) por tentar superar a rigidez burocrtica, a reforma iniciada pelo Decreto-Lei n. 200/1967 se constitui em um primeiro momento da

    administrao pblica gerencial em nosso pas.

    e) os conceitos de publicizao e privatizao se equivalem,

    podendo ser adotados de maneira indistinta.

    Vejamos os comentrios s alternativas:

    a) A Constituio Federal de 1988 marcada pela centralizao administrativa (e pela descentralizao poltica). A assertiva est errada.

    b) Como vimos, o poder de tributar, de acordo com o Pdrae, inerente ao setor de Atividades Exclusivas (ver quadro apresentado nesta aula). A

    assertiva est errada.

    c) No h o abandono das prticas burocrticas. Para Bresser-Pereira, h

    qualidade na administrao burocrtica, em especial a sua segurana e efetividade. Assim, para aquele autor, a administrao burocrtica deve

    se fazer presente no Ncleo Estratgico, as prticas burocrticas devem diminuir gradualmente, at serem praticamente imperceptveis no setor

    de empresas estatais. A alternativa est errada.

    d) Como vimos nesta aula, o Decreto-Lei n 200/67 entendido como o

    marco inicial da administrao pblica gerencial no Brasil. A alternativa

    est certa.

    e) Publicizao a transferncia de servios no exclusivos do Estado para o

    setor pblico no estatal (por exemplo, para Organizaes Sociais). J na privatizao, h a efetiva transferncia de servios para o mercado. So,

    assim, conceitos distintos. A alternativa est errada.

    Resposta: D.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    39

    QUESTES APRESENTADAS NESTA AULA

    1. (ESAF/CVM/2011) No Brasil, a Primeira Repblica (1889-

    1930), tambm conhecida como Repblica Velha, caracterizou-se por:

    a) eleies fiscalizadas pela justia eleitoral.

    b) amplo domnio das oligarquias. c) voto direto, secreto e universal.

    d) universalizao do acesso ao ensino primrio. e) economia diversificada e autrquica.

    2. (FCC / TRE CE / 2012) A criao do DASP em 1938, com a

    definio da poltica de recursos humanos, de compra de

    materiais e finanas e a centralizao e reorganizao da

    administrao pblica federal, marca de forma inequvoca a

    passagem da forma de administrao pblica patrimonialista

    para a estruturao da mquina administrativa do Brasil na

    forma:

    a) burocrtica.

    b) gerencial.

    c) estratgica.

    d) da nova gesto pblica.

    e) funcional.

    3. (ESAF / MPOG / 2008) A partir de 1964, a reforma

    administrativa fez parte da agenda governamental do regime militar com grande recorrncia. Uma das peas centrais nas

    iniciativas de reforma administrativa brasileira foi o Decreto-Lei 200, de 25/02/1967, que inclui todos os princpios norteadores

    abaixo, exceto:

    a) reagrupamento de departamentos, divises e servios de

    planejamento na Secretaria de Planejamento da Presidncia da Repblica, com amplos poderes, superiores aos de qualquer outro

    ministrio.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    40

    b) expanso das empresas estatais, de rgos independentes (fundaes) e semi-independentes (autarquias).

    c) fortalecimento e expanso do sistema de mrito.

    d) planejamento, descentralizao, delegao de autoridade,

    coordenao e controle.

    e) diretrizes gerais para um novo plano de classificao de cargos.

    4. (FCC / MPE SE / 2009) A Reforma Administrativa de 1967,

    implementada pelo Decreto-lei federal n 200:

    a) priorizou a atuao do Estado no fomento e regulamentao dos setores produtivos e a sua retirada como prestador direto

    de servios pblicos.

    b) cerceou a autonomia das entidades integrantes da

    Administrao indireta, submetendo-as s mesmas regras previstas para a Administrao direta, como licitaes e

    concurso pblico.

    c) retomou o processo de centralizao da atuao administrativa.

    d) introduziu mecanismos de parceria com instituies privadas sem fins lucrativos.

    e) desencadeou um movimento de descentralizao da atuao

    estatal, com a transferncia de atividades a autarquias, fundaes, empresas pblicas e sociedades de economia mista.

    5. (ESAF/CGU/2006) Complete a frase com a opo correta.

    O principal objetivo do Programa Nacional de Desburocratizao

    institudo em 1979 era......

    a) descentralizar a administrao pblica federal por meio da criao de autarquias.

    b) privatizar o setor produtivo nas mos do Estado.

    c) aumentar a participao do cidado na definio do oramento

    pblico.

    d) dinamizar e simplificar o funcionamento da administrao

    pblica federal.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    41

    e) criar entes para atender diretamente o usurio de servios pblicos.

    6. (FCC / TRE CE / 2012) A administrao pblica gerencial

    constitui um avano e afirma-se que deve ser permevel a

    maior participao dos agentes privados e/ou das organizaes

    da sociedade civil e deslocar a nfase dos procedimentos

    (meios) para os resultados (fins), em que o beneficirio seja o

    cidado. Esse deslocamento de foco caracteriza o paradigma na

    gesto pblica, conhecido como:

    a) burocrtico.

    b) do cliente.

    c) do acionista.

    d) do processo.

    e) estratgico.

    7. (ESAF / MPOG / 2009) Em nosso pas, o processo que permeia

    a formao do Estado nacional e da administrao pblica se revela pelas seguintes constataes, exceto:

    a) a administrao colonial se caracterizou pela centralizao,

    formalismo e morosidade, decorrentes, em grande parte, do vazio

    de autoridade no imenso territrio.

    b) a partir da administrao pombalina, pouco a pouco, o

    empirismo paternalista do absolutismo tradicional foi sendo substitudo pelo racionalismo tpico do despotismo esclarecido.

    c) a transferncia da corte portuguesa, em 1808, e a consequente elevao do Brasil a parte integrante do Reino Unido de Portugal

    constituram as bases do Estado nacional, com todo o aparato necessrio afirmao da soberania e ao funcionamento do

    autogoverno.

    d) a partir da Revoluo de 1930, o Brasil passou a empreender

    um continuado processo de modernizao das estruturas e processos do aparelho do Estado.

    e) a Repblica Velha, ao promover grandes alteraes na estrutura do governo, lanou a economia rumo industrializao e

    a administrao pblica rumo burocracia weberiana.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    42

    8. (ESAF / MPOG / 2010) A anlise da evoluo da administrao pblica brasileira, a partir dos anos 1930, permite concluir

    acertadamente que:

    a) com o Estado Novo e a criao do DASP, a admisso ao servio pblico passou a ser feita exclusivamente por meio de concurso

    pblico, sendo descontinuadas as prticas do clientelismo e da indicao por apadrinhamento.

    b) a reforma trazida pelo Decreto-Lei n. 200/67 propugnou4 pela descentralizao funcional do aparelho do Estado mediante

    delegao de autoridade aos rgos da administrao indireta para a consecuo de muitas das funes e metas do governo.

    c) a partir de meados do sculo XX, com o desenvolvimentismo, deu-se a ampliao e a consolidao da administrao direta,

    principal gestora das polticas pblicas implementadas pela

    administrao indireta.

    d) a partir dos anos 1980, dadas a falncia do estado do bem-

    estar social, a crise fiscal e a redemocratizao, as reformas do aparelho do Estado passaram a seguir uma estratgia nica e

    homognea.

    e) os 50 Anos em 5 e a construo de Braslia, no perodo JK, representaram a pedra fundamental do que viria a ser a adoo do gerencialismo no servio pblico.

    9. (ESAF / MTE / 2010) Sobre as experincias de reformas

    administrativas em nosso pas, correto afirmar:

    a) a implantao do DASP e a expedio do Decreto-Lei n. 200/67 so exemplos de processos democrticos de reformismo baseados

    no debate, na negociao e em um modelo decisrio menos

    concentrador.

    b) ainda que o formalismo e a rigidez burocrtica sejam atacados

    como males, alguns alicerces do modelo weberiano podem constituir uma alavanca para a modernizao, a exemplo da

    meritocracia e da clara distino entre o pblico e o privado.

    4 Propugnar = defender com veemncia.

  • A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    A n d r ? a E l i a s 0 4 7 4 8 6 2 9 9 2 4

    ADMINISTRAO PBLICA AUDITOR FISCAL DO TRABALHO

    PROFESSOR RENATO FENILI

    43

    c) o carter neoliberal do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado foi a mola propulsora de seu amplo sucesso e da

    irrestrita adeso pelo corporativismo estatal.

    d) j nos anos 1980, o Programa Nacional de Desburocratizao

    propunha uma engenharia institucional capaz de estabelecer um espao pblico no-estatal, com a incorporao das Organizaes

    Sociais.

    e) desde os anos 1990, a agenda da gesto pblica tem sido continuamente enriquecida, sendo hoje mais importante que as

    agendas fiscal ou econmica.

    10. (ESAF/CGU/2012) Acerca das experincias de reforma da mquina pblica havidas em nosso pas, correto afirmar que:

    a) ao contrrio da proposta bresseriana, as principais experincias

    de reforma anteriores o modelo daspiano e o Decreto-Lei 200 deram-se em um ambiente democrtico, baseado no debate e na

    negociao, a despeito de um processo decisrio mais concentrador.

    b) originariamente pensadas desde a edio do Plano de Metas, as parcerias pblico-privadas (PPPs) no se constituem, por isso

    mesmo, uma inovao do atual modelo administrativo, apesar de

    seu grande sucesso e proliferao nos nveis federal e subnacionais.

    c) o melhor exemplo de um bem sucedido resultado da Reforma Bresser o caso das agncias regulatrias, montadas de forma

    homognea calcada na viso mais geral do modelo regulador, condio bsica ao que viria a substituir o padro varguista de

    interveno estatal.

    d) mesmo sem atingir todos os seus objetivos, a proposta

    bresseriana de reforma deu causa a um "choque cultural", tendo se espraiado pelos governos subnacionais no qual, facilmente,

    percebe-se a sua influncia na atuao dos gestores pblicos e em uma srie de inovaes governamentais.

    e) a atual proposta de reforma, tambm calcada na gesto por resultados porm no mais tachada de "neoliberal" , aposta seu sucesso em duas frentes: a quebra da estabilidade, com o

    reforo do emprego pblico, e a reduo da administrao indireta, com o aprofundamento das privatizaes.