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Administração Financeira - Profs. Nelson Antonio Vascon e Marisa Gomes da Costa 42 2.8. GESTÃO DE DUPLICATAS A RECEBER Entre os objetivos do gestor financeiro destaca-se como principal a maximização do lucro da empresa. Quando a margem de lucro é grande, a possibilidade da empresa optar por uma política de crédito liberal é plenamente justificável. Todavia, quando a margem de lucro é relativamente pequena, a flexibilidade do crédito pode, como consequência, aumentar o nível de incobráveis comprometendo assim a rentabilidade. Outro fator importante na política de duplicatas a receber é o montante de recursos que a empresa pode investir em capital de giro. Este volume, por sua vez, determinará maiores ou menores volumes de vendas, pois se a empresa possuir recursos limitados, terá dificuldades em conceder crédito a prazos mais longos, comprometendo a ampliação das vendas. Por outro lado, se a empresa estiver em condições de investir em duplicatas a receber, ao flexibilizar o crédito, corre o risco de ter um aumento em seu nível de incobráveis. Cabe ao gestor financeiro buscar um equilíbrio que minimize o dilema risco- retorno. 2.8.1 . POLÍTICA DE CRÉDITO A política de crédito fixa parâmetros da empresa quanto à seleção, padrões e condições de crédito. No momento da definição de sua política de crédito, a empresa deve levar em consideração o fluxo de caixa proveniente desta política e o investimento para colocá-la em prática. Assim, a análise deve deter-se aos aspectos diferenciadores (incrementais) da atual política de crédito em face à política proposta. As principais medidas financeiras de uma política de crédito são o investimento de capital, o investimento em estoques, as despesas de cobrança e as despesas com devedores duvidosos. 2.8.2. SELEÇÃO DE CRÉDITO A Seleção de Crédito consiste em determinar se o crédito deve ser concedido a um cliente e o limite quantitativo a ser concedido levando em consideração: - Capacidade de pagamento (liquidez e endividamento); - Capital (solidez financeira indicada pelo patrimônio líquido); - Colateral (ativos disponíveis para garantir o crédito); - Condições (influência da conjuntura que pode afetar as partes). Obtenção de Informações: - Demonstrações contábeis e financeiras; - Empresas prestadoras de serviços; - Publicações especializadas em indicadores padrões; - Trocas diretas de informações de crédito; - Vendedores; - Visita as instalações da empresa e entrevistas com seus executivos.

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2.8. GESTÃO DE DUPLICATAS A RECEBER Entre os objetivos do gestor financeiro destaca-se como principal a maximização do

lucro da empresa. Quando a margem de lucro é grande, a possibilidade da empresa optar por uma política de crédito liberal é plenamente justificável. Todavia, quando a margem de lucro é relativamente pequena, a flexibilidade do crédito pode, como consequência, aumentar o nível de incobráveis comprometendo assim a rentabilidade.

Outro fator importante na política de duplicatas a receber é o montante de recursos que a empresa pode investir em capital de giro. Este volume, por sua vez, determinará maiores ou menores volumes de vendas, pois se a empresa possuir recursos limitados, terá dificuldades em conceder crédito a prazos mais longos, comprometendo a ampliação das vendas. Por outro lado, se a empresa estiver em condições de investir em duplicatas a receber, ao flexibilizar o crédito, corre o risco de ter um aumento em seu nível de incobráveis. Cabe ao gestor financeiro buscar um equilíbrio que minimize o dilema risco-retorno.

2.8.1 . POLÍTICA DE CRÉDITO A política de crédito fixa parâmetros da empresa quanto à seleção, padrões e

condições de crédito. No momento da definição de sua política de crédito, a empresa deve levar em

consideração o fluxo de caixa proveniente desta política e o investimento para colocá-la em prática. Assim, a análise deve deter-se aos aspectos diferenciadores (incrementais) da atual política de crédito em face à política proposta.

As principais medidas financeiras de uma política de crédito são o investimento de capital, o investimento em estoques, as despesas de cobrança e as despesas com devedores duvidosos. 2.8.2. SELEÇÃO DE CRÉDITO

A Seleção de Crédito consiste em determinar se o crédito deve ser concedido a um cliente e o limite quantitativo a ser concedido levando em consideração:

- Capacidade de pagamento (liquidez e endividamento); - Capital (solidez financeira indicada pelo patrimônio líquido); - Colateral (ativos disponíveis para garantir o crédito); - Condições (influência da conjuntura que pode afetar as partes). Obtenção de Informações: - Demonstrações contábeis e financeiras; - Empresas prestadoras de serviços; - Publicações especializadas em indicadores padrões; - Trocas diretas de informações de crédito; - Vendedores; - Visita as instalações da empresa e entrevistas com seus executivos.

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2.8.3. PADRÕES DE CRÉDITO Padrões de Crédito: requisitos mínimos exigidos para a concessão de crédito a um cliente com segurança. Mudanças nos padrões acarretam variações:

- No volume de vendas; - No investimento em duplicatas a receber; - Nas perdas com devedores incobráveis; - Nas despesas gerais de crédito e cobrança.

Exemplo : A Cia. Beta vende 60.000 unidades anuais a $10,00. O custo unitário variável é de $6,00 (60% das vendas) e o custo fixo é de $120.000. A empresa pretende afrouxar os padrões de crédito esperando aumento de 5% nas vendas, aumento do período médio de recebimento de 30 para 45 dias e dos devedores incobráveis de 1% para 2% das vendas. O retorno exigido (custo de oportunidade) sobre os investimentos da empresa é de 15% ao ano.

Sabendo-se que a empresa possui capacidade ociosa, pergunta-se: ela deve afrouxar os padrões de crédito?

a) Organização dos Dados para Análise

Situação Atual Situação Proposta

Vendas Anuais a Prazo

Custo Variável

Custo Fixo

Perda com Incobráveis

Prazo Médio de Recebimento

b) Cálculo da Margem de Contribuição Adicional

Situação Atual Situação Proposta Vendas Brutas

( - ) Custo Variável

( = ) Margem de Contribuição

( - ) Custo Fixo

Totais

Contribuição Marginal dos Lucros

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c) Custo do Investimento Marginal em Duplicatas a Receber Situação Atual Situação

Proposta Giro de Duplicatas a Receber (360 ÷ PMR)

Investimento Médio em Duplicatas a Receber (Custo Variável Total ÷ Giro de Duplicatas a Receber)

Investimento/(Redução de investimento) Marginal em Duplicatas a Receber

Custo/(Ganho) Marginal do investimento em Duplicatas a Receber

d) Custo Marginal dos Devedores Incobráveis Situação Proposta

Situação Atual

Custo/(Ganho) Marginal com Incobráveis

e) Análise da Proposta

Contribuição Marginal aos Lucros

( - / + ) Custo/Ganho do Investimento Marginal em Duplicatas a Receber

( - / + ) Custo/Ganho Marginal com Devedores Incobráveis

Resultado Marginal Líquido com a Implementação da Proposta

Conclusão:

2.8.4. CONDIÇÕES DE CRÉDITO

As condições de crédito compreendem: - Desconto financeiro; - Período para obtenção do desconto financeiro; - Período de crédito (sazonalidade das vendas, política de crédito da concorrência,

natureza do produto, conjuntura econômica, prazo de pagamento dos fornecedores, metas gerenciais da empresa).

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Exemplo: A Cia. Beta (item 2.8.3) pretende introduzir desconto de 2% para pagamento até 10 dias. Espera-se com isso que 60% das vendas serão feitas com desconto e as vendas aumentarão 5%. O PMR deve cair para 15 dias e as perdas com incobráveis cairão para 0,5% das vendas. O desconto deve ser concedido? a) Organização dos dados para Análise

Situação Atual Situação Proposta Vendas Anuais a Prazo

Custo Variável

Custo Fixo

Perda com Incobráveis

Desconto Financeiro

Prazo Médio de Recebimento

b) Margem de Contribuição Adicional

Situação Atual Situação Proposta Vendas Brutas

( - ) Desconto

( - ) Custo Variável

( = ) Margem de Contribuição

( - ) Custo Fixo

Totais

Contribuição Marginal dos Lucros

c) Custo do Investimento Marginal em Duplicatas a Receber

Situação Atual Situação Proposta

Giro de Duplicatas a Receber (360 ÷ PMR)

Investimento Médio em Duplicatas a Receber (Custo Variável Total ÷ Giro de Duplicatas a Receber)

Investimento/(Redução de investimento) Marginal em Duplicatas a Receber

Custo/(Ganho) do investimento Marginal em Duplicatas a Receber

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d) Custo Marginal dos Devedores Incobráveis

Situação Proposta

Situação Atual

Custo/(Ganho) Marginal com Incobráveis

e) Análise da Proposta

Contribuição Marginal aos Lucros

( - / + ) Custo/Ganho Marginal do Investimento em Duplicatas a Receber

( - / + ) Custo/ Ganho Marginal com Devedores Incobráveis

Resultado Marginal Líquido com a Implementação da Proposta

Conclusão:

Exercício 1: A Cia. Pesqueira está pretendendo estender seu período de crédito. A empresa vende atualmente 150.000 anzóis ao preço unitário de $3,00. O período médio de cobrança é de 40 dias, os devedores incobráveis são 0,5% das vendas, o custo variável unitário é de $2,30 e o custo fixo é de $15.000.

A alteração no período de crédito deve aumentar as vendas para 170.000 unidades anuais, aumentar o devedores incobráveis para 2% e estender o período médio de recebimento para 72 dias.

Você recomendaria a alteração supondo que a empresa exija um retorno mínimo

sobre os investimentos que faz de 18% ao ano e que tenha capacidade ociosa?

a) Organização dos Dados para Análise Situação Atual Situação Proposta

Vendas Anuais a Prazo

Custo Variável

Custo Fixo

Perda com Incobráveis

Prazo Médio de Recebimento

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b) Cálculo da Margem de Contribuição Adicional Situação Atual Situação Proposta Vendas Brutas

( - ) Custo Variável

( = ) Margem de Contribuição

( - ) Custo Fixo

Totais

Contribuição Marginal dos Lucros

c) Custo do Investimento Marginal em Duplicatas a Receber Situação Atual Situação

Proposta Giro de Duplicatas a Receber (360 ÷ PMR)

Investimento Médio em Duplicatas a Receber (Custo Variável Total ÷ Giro de Duplicatas a Receber)

Investimento/(Redução de investimento) Marginal em Duplicatas a Receber

Custo/(Ganho) do investimento Marginal em Duplicatas a Receber

d) Custo Marginal dos Devedores Incobráveis

Situação Proposta

Situação Atual

Custo/(Ganho) Marginal com Incobráveis

e) Análise da proposta

Contribuição Marginal aos Lucros

( - / + ) Custo/Ganho do Investimento Marginal em Duplicatas a Receber

( - / + ) Custo/Ganho Marginal com Devedores Incobráveis

Resultado Marginal Líquido com a Implementação da Proposta

Conclusão:

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Exercício 2: A Companhia Gardner efetua todas as suas vendas a prazo e não oferece qualquer desconto financeiro. A empresa está pretendendo introduzir um desconto financeiro de 2% para pagamento em 15 dias. O atual PMR é de 60 dias, as vendas anuais são de 40.000 unidades ao preço unitário de $45, sendo o custo variável unitário de $36 e o custo fixo total de $200.000. A empresa espera que a alteração nas condições de crédito resulte num aumento das vendas para 42.000 unidades, que 70% das vendas sejam feitas com a concessão do desconto e que o PMR caia para 30 dias. Estima-se, também, uma redução de devedores incobráveis dos atuais 1% para 0,5%. Sendo a taxa de retorno exigida sobre os investimentos de igual risco de 25% ao ano, o desconto deve ser oferecido? a) Organização dos dados para Análise Situação Atual Situação Proposta

Vendas Anuais a Prazo

( - ) Custo Variável

( - ) Custo Fixo

Perda com incobráveis

Desconto Financeiro

Prazo Médio de Recebimento

b) Margem de Contribuição Adicional Situação Atual Situação Proposta Vendas

( - ) Desconto

( - ) Custo Variável

( = ) Margem de Contribuição

( - ) Custo Fixo

Totais

Contribuição Marginal dos Lucros

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c) Custo do Investimento Marginal em Duplicatas a Receber Situação Atual Situação Proposta Giro de Duplicatas a Receber (360 ÷ PMR)

Investimento Médio em Duplicatas a Receber (Custo Variável Total ÷ Giro de Duplicatas a Receber)

Investimento/(Redução) de investimento Marginal em Duplicatas a Receber

Custo/(Ganho) do Investimento Marginal em Duplicatas a Receber

d) Custo Marginal dos Devedores Incobráveis

Situação Proposta

Situação Atual

Custo/(Ganho) Marginal com Incobráveis

e) Análise da Proposta Contribuição Marginal aos Lucros

( - / + ) Custo/Ganho Marginal do Investimento em Duplicatas a Receber

( - / + ) Custo/Ganho Marginal com Devedores Incobráveis

Resultado Marginal Líquido com a Implementação da Proposta

Conclusão:

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2.9 MÉTODOS PARA ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES

Com a finalidade de reduzir custos e minimizar risco, as empresas utilizam alguns métodos de administração de estoques cujo objetivo é manter volumes de estoques em níveis aceitáveis, dentre os quais destacam-se o Lote Econômico de Compra (LEC) e o Método ABC.

2.9.1 LOTE ECONÔMICO DE COMPRA (LEC)

O lote econômico de compra, mais conhecido como LEC, é a quantidade de um item que, quando pedido regularmente, resulta em custos mínimos de pedido e de estocagem. O custo do pedido de compra (inclui os salários dos empregados do departamento de compra, o custo do tempo de uso de computadores e de suprimentos para preparar os pedidos de compras, etc.) e o custo de manutenção (despesas associadas às operações de almoxarifado e aos itens estocados).

Modelo do Lote Econômico de Compra

Exemplo 1: Vamos calcular o lote econômico e o custo total a partir dos seguintes dados: D = 1.600 unidades P = $50,00 C = $1,00

Onde:

LEC = Lote Econômico de Compra CT = Custo Total Q = quantidade do pedido, em unidades D = Demanda do período, em unidades P = Custo de pedir, por pedido C = Custo de manter estoque no período, por unidade

Q LECD P

CCT DPC= = ⇒ =

22

. .

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O lote de compra corresponde a ___________unidades. Isto significa que, se a empresa emitir pedidos com essa quantidade, estará minimizando o custo total do processamento dos pedidos e de estocagem. Vamos comprovar esse resultado através de diversas alternativas de quantidades por pedido.

Quantidade por pedido Q 100 200 400 800 1.600

Nº de pedidos D:Q

Estoque médio Q:2

CTP P x (D:Q)

CTE C x (Q:2)

Custo total CTP + CTE

Observe que quando:

• Q < 400 unidades o CTP > CTE • Q > 400 unidades o CTP < CTE • Q = 400 unidades o CTP = CTE

Exemplo 2: O consumo anual de um item é de 10.000 unidades, o custo de um pedido de compra é de $1,28, e o custo de manutenção por unidade é de $4,00. Sob essas condições calcular o LEC e o Custo Total (pedido + estocagem).

Quantidade por pedido Q 50 80 100

Nº de pedidos D:Q

Estoque médio Q:2

CTP P x (D:Q)

CTE C x (Q:2)

Custo total CTP + CTE

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A empresa minimizará o custo total de pedir e estocar se _______unidades forem requisitadas em cada pedido de compra.

EXERCÍCIOS

Exercício 1: Uma empresa compra 12.000 unidades de um certo item por mês. O custo de manutenção mensal é de R$ 1,10 por unidade, e cada pedido de compra custa R$ 5,00. Determine: a) o LEC

b) o custo total (pedido de compra + estocagem) e o número de pedidos por mês.

CT =

Número de Pedidos = D : LEC

Exercício 2: Uma empresa usa 800 unidades de um produto por ano, de forma contínua. O produto tem um custo fixo de R$50,00 por pedido e o custo de manter uma unidade em estoque é de R$2,00 ao ano. Calcule o LEC, o custo total (pedido + estocagem) e o número de pedidos a serem emitidos por ano.

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2.9.2 MÉTODO ABC Consiste na classificação dos itens de estoque por ordem decrescente de

importância. Os estoques são divididos em três grupos: A, B e C. Grupo A: estão classificados os itens que requerem maiores investimentos e consequentemente, exigem maiores cuidados no controle, como registros permanentes, monitoramento constante, etc. Grupo B: encontram-se os itens que, embora significativos, requerem menores cuidados no seu controle. São normalmente controlados através de verificação periódica. Grupo C: são classificados todos os demais itens, normalmente em grande número, porém, de baixo investimento e que não necessitam de um controle mais rigoroso. Exemplo: Classificar em três classes A, B e C os itens abaixo, segundo a porcentagem que representam no investimento total.

Item Consumo Anual (A)

Preço (p/un.)

(B)

Investimento Anual (A x B)

%

1 55.000 1,80 2 16.500 9,60 3 100.000 12,60 4 66.500 2,40 5 83.000 0,60 6 65.000 16,30 7 55.000 0,90 8 50.000 1,50 9 78.000 3,00 10 33.500 2,40

Total A partir da tabela acima, a ordem decrescente dos itens em termos de investimento é a seguinte:

Investimentos Item % % Acumulada

Total //////////////////

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Grupo A - Representam 20% dos itens de estoque e ................% do investimento. Grupo B - Representam 30% dos itens de estoque e ...............% do investimento. Grupo C - Representam 50% dos itens de estoque e ...............% do investimento.

EXERCÍCIO

1) Classificar os itens abaixo em classes A, B e C, segundo a representatividade no

investimento total:

Item Consumo Anual

Preço ( / un.)

Investimento Anual

%

1 90.000 4,32 2 5.500 48,60 3 35.500 8,16 4 64.400 42,70 5 26.600 23,40 6 66.600 5,40 7 100.000 53,90 8 9.100 99,00 9 8.300 66,80 10 94.500 12,20

Total A partir da tabela anterior, a ordem decrescente dos itens em termos de investimento é a seguinte:

Investimentos Item % % Acumulada

Total //////////////////

Grupo A - Representam 20% dos itens de estoque e ................% do investimento. Grupo B - Representam 30% dos itens de estoque e ...............% do investimento. Grupo C - Representam 50% dos itens de estoque e ...............% do investimento.

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2) A NP Consultoria de Estoques deseja implementar o sistema de classificação ABC para diminuir o custo de estoque da empresa Parafusos Ltda. A empresa tem um estoque com dez tipos de parafusos. Os dados a seguir referem-se às vendas desses itens no ano anterior.

Item Vendas Anuais

X2 (em unidades)

Custo por Unidade

(em reais)

Custo Anual (em

reais)

%

P1 20.000 1,00 20.000,00 P2 4.000 2,00 8.000,00 P3 3.500 2,00 7.000,00 P4 5.000 3,00 15.000,00 P5 6.500 1,00 6.500,00 P6 200 10,00 2.000,00 P7 300 10,00 3.000,00 P8 2.000 1,00 2.000,00 P9 5.000 1,00 5.000,00 P10 3.000 2,00 6.000,00

/////// /////////////////////// /////////////////// Separando-se os itens em grupos A, B e C (20%, 30% e 50%), com base no custo anual em valores monetários, serão classificados como pertencentes à classe B os itens:

a) P1, P4 E P5. b) P2, P3 E P5 c) P4, P7 E P8 d) P6, P7 E P10 e) P9, P6 E P1

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3. PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE LONGO PRAZO

3.1. ORÇAMENTO DE CAPITAL Este capítulo tem por finalidade apresentar os principais aspectos a serem

considerados na formulação de alternativas de aplicação de recursos a longo prazo por uma empresa. Em geral, as considerações são válidas primordialmente para o investimento de recursos envolvendo ativos fixos, isto é, aplicações de longos períodos de maturação. Por isso mesmo é que o fator tempo adquire importância destacada nas análises de sua viabilidade.

Os métodos de avaliação serão apresentados, não sem antes indicar-se como devem

ser preparados os dados essenciais para a análise e qual a sua natureza. Serão destacados os métodos de fluxo de caixa descontado que se baseiam no conceito de valor de dinheiro no tempo ou valor atual.

Na verdade, embora os exemplos mais usuais refiram-se à avaliação da

rentabilidade de uma fábrica ou até de um projeto industrial (empresa como um todo), os métodos podem ser aplicados a qualquer tipo de investimento com saídas de caixa no tempo - em geral no início, mas não necessariamente – e entradas de caixa posteriores.

DADOS ESSENCIAIS PARA A AVALIAÇÃO Para avaliar o que foi definido como projeto, a primeira preocupação deve dizer respeito à determinação das entradas e saídas de caixa do projeto. ALGUMAS APLICAÇÕES DE RECURSOS A LONGO PRAZO SUJEITAS À APLICAÇÃO DOS MÉTODOS:

• Compra de nova máquina; • Substituição de um equipamento por outro; • Campanha publicitária; • Instalação de sistemas integrados; • Construção de uma nova fábrica; • Abertura de uma nova linha de produtos ou serviços; • Lançamento de um novo produto; • Decisões entre alugar ou comprar.

a) despesas de investimentos, compreendendo os gastos que são incorporados ao ativo

fixo da empresa e ficam, portanto sujeitos à depreciação ou amortização; b) as despesas operacionais, ou seja, custos necessários ao funcionamento normal do

que esteja previsto no projeto em cada período; c) as receitas operacionais, decorrentes da venda do produto ou serviços envolvidos; d) o eventual valor de liquidação do investimento, ou seja, o valor residual.

EXEMPLO DE PROJETO: O projeto abaixo refere-se à introdução de um novo produto por uma empresa. As informações relevantes são as seguintes:

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A empresa “Fictícia S/A” está planejando lançar um novo produto. Caso ele seja fabricado e vendido espera-se que a sua vida econômica seja de cinco anos, após esse período ele será retirado de linha. INVESTIMENTOS:

- Compra de equipamento - $150.000,00; - Investimento adicional em estoques $30.000.

ENTRADAS OPERACIONAIS LÍQUIDAS EM CAIXA: Ano 1 = $25.400; Ano 2 = $57.900; Ano 3 = $129.400; Ano 4 = $96.900; Ano 5 = $126.400. Linha do tempo do fluxo de caixa 0 1 2 3 4 5 3.1.1. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO 3.1.1.1. PERÍODO DE RECUPERAÇÃO DO INVESTIMENTO (PAYBACK)

Sendo talvez o método mais simples de avaliação, o período de “payback” é definido como sendo aquele número de anos ou meses, dependendo da escala utilizada, necessários para que o desembolso correspondente ao investimento inicial seja recuperado, ou ainda, igualado e superado pelas entradas líquidas acumuladas. “É o espaço de tempo entre o início do projeto e o momento em que o fluxo de caixa acumulado torna-se positivo”.

FLUXOS DE CAIXA ACUMULADOS

ANO FLUXO DE CAIXA NO PERÍODO FLUXOS ACUMULADOS 0

1

2

3

4

5

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Verifica-se, portanto, que o projeto seria aceito, pois até o fim do terceiro ano o fluxo de caixa acumulado já seria positivo. Nota-se ainda que ele supera o investimento inicial durante o terceiro ano, e teríamos uma estimativa mais exata do período de recuperação a saber: Portanto, a recuperação do investimento completar-se-ia em aproximadamente ......anos e ............meses. 3.1.1.2. TAXA MÉDIA DE RETORNO Neste caso, ainda sem levar em conta o conceito de valor do dinheiro no tempo, (ou seja, não é um método de fluxo de caixa descontado), temos um método que exige o cumprimento das seguintes etapas:

a) determinação do fluxo líquido médio por período, dividindo-se o fluxo líquido total do projeto por seu número de períodos;

= = b) divisão do fluxo líquido médio pelo investimento exigido. O resultado será uma

porcentagem – a taxa média de retorno – indicando, aproximadamente, que x% do investimento retornam à empresa por ano ou período.

= =

3.1.1.3. VALOR ATUAL LÍQUIDO (VAL) ou VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)

Este é o primeiro dos métodos de fluxo de caixa descontado que iremos apresentar.

É superior aos anteriormente apresentados porque leva em consideração tanto a magnitude dos fluxos previstos para cada período quanto a sua distribuição efetiva durante o projeto analisado.

Este método procura expressar os fluxos do projeto em termos de valores monetários de uma mesma data, a data de início do projeto ou de análise, o “momento atual”, e daí serem esses fluxos transformados em “valores atuais”.

Esse procedimento exige um fator para descontar os fluxos futuros. Deve ser usada, assim, uma taxa de desconto que corresponde à nossa noção de custo de capital.

Portanto, o método do valor atual líquido envolve o cumprimento das seguintes etapas:

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a) depois de montada a série de fluxos de caixa do projeto, escolher uma taxa de desconto. Digamos que o custo de capital da nossa empresa fictícia fosse de 25% a.a..Em outras palavras, se os seus recursos não forem aplicados com retorno pelo menos igual a esse índice, os proprietários da empresa conseguirão maior rentabilidade aplicando em outras alternativas de investimento fora da empresa e, no caso específico a empresa deverá rejeitar a possibilidade de executar o projeto;

b) com essa taxa de desconto, transformar os fluxos futuros de caixa em valores

atuais, segundo a fórmula: 1 n (1+i) onde i é a taxa de desconto e n é o número de períodos ao final dos quais ocorre um certo fluxo de caixa. Evidentemente, aqueles fluxos que já estiverem previstos para o ano “0” (zero) já

estarão expressos em termos de valor atual. Isto ocorre no nosso exemplo, com o investimento de $ 180.000,00. Aliás, a própria fórmula de valor atual indica-nos isso:

Valor atual de $ 180.000,00, a 25% a.a., no ano zero: $ 180.000,00 x 1 = $ 180.000,00 x 1,00 = $ 180.000,00 0

( 1 + 0,25)

c) comparar o valor atual das entradas ao valor atual das saídas. Se a diferença (o valor atual líquido) for positiva, o projeto deverá ser aceito, pois esse resultado estará indicando que a taxa (interna) de retorno que será exposta a seguir, é superior ao custo de capital de 25% a.a., depois do I.R. e Contribuição Social. Em caso contrário deverá ser rejeitado.

CÁLCULO DO VALOR ATUAL LÍQUIDO (V.A.L.) ANO Fluxo de Caixa Índice de

Desconto (25%)

Valor Atual Líquido

0 1

2

3

4

5

TOTAL

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3.1.1.4. TAXA INTERNA DE RETORNO

Através deste método os administradores calculam a taxa de retorno gerada pelo projeto de investimento. O método consiste no cálculo de uma taxa que faça com que a soma dos valores atuais de entradas de caixa, seja exatamente igual a soma dos valores atuais das saídas de caixa.

O processo de cálculo é o mesmo empregado no método do valor atual líquido, por

tentativa e erro, à diferentes taxas, até ser obtida uma aproximação daquela taxa que torna o valor atual líquido igual a zero. Obs.: A taxa que iguala as entradas e saídas de caixa está entre 30 e 35%. CÁLCULO DA TAXA INTERNA DE RETORNO (T.I.R.) Índice de Desconto Índice de Desconto ANO Fluxo de Caixa (30%) Valor Atual

Líquido (35%) Valor Atual

Líquido 0

1

2

3

4

5

TOTAL

Se considerarmos o Valor Atual Líquido a uma taxa de 30% teremos o valor positivo de $ ____________________; E caso a taxa de desconto para cálculo do V.A.L. seja de 35% o valor passa a ser negativo de $______________________. Cálculo Direto (HP) 180.000 CHS G CFO 25.400 G CFJ 57.900 G CFJ 129.400 G CFJ 96.900 G CFJ 126.400 G CFJ F IRR T.I.R. = 25 i F NPV V.A.L. =

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EXERCÍCIO

A empresa “XYZ S/A” planeja o lançamento de um novo produto e a sua vida econômica será de 5 (cinco anos).

DADOS PARA ANÁLISE: Compra do Equipamento......................................$77.000,00 Investimento adicional em estoques......................$10.000,00 ENTRADAS OPERACIONAIS LÍQUIDAS:

ANO VALORES 1 $32.100,00 2 $30.800,00 3 $47.375,00 4 $45.945,00 5 $75.925,00

a) Elabore os fluxos de caixa acumulados

ANO FLUXO DE CAIXA NO PERÍODO FLUXOS ACUMULADOS 0

1

2

3

4

5

b) Calcule o “Payback”

Caso a empresa tenha fixado, a partir do cálculo do payback, o prazo de 2anos e 5 meses para a aceitação do projeto, o mesmo deveria ser aceito?

( ) SIM ( )NÃO

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c) Calcule o Fluxo Líquido Médio d) Calcule a Taxa Média de Retorno

e) Calcule o Valor Atual Líquido (V.A.L.) considerando que a Taxa Interna de

Retorno (T.I.R.) esteja entre 35 e 40%.

Índice de Desconto Índice de Desconto ANO Fluxo de Caixa (35%) Valor Atual

Líquido (40%) Valor Atual

Líquido 0

1

2

3

4

5

TOTAL

f) Calcule a T.I.R.

Caso a empresa tenha fixado como custo de capital ou custo de oportunidade a taxa de 36% ao ano, o projeto acima deveria ser aceito com base no conceito do Valor Atual Líquido? Justifique: _________________________________________________________________ _________________________________________________________________