156
0 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA E ENSINO Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS João Pessoa 2014

Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

0

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA E ENSINO

Adnilda Suely D‟ Almeida

O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR

SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS

João Pessoa

2014

Page 2: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

1

Adnilda Suely D‟ Almeida

O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR

SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Linguística e Ensino da Universidade Federal da Paraíba –

UFPB, como requisito parcial para a obtenção do título de

mestre pelo Mestrado Profissional em Linguística e Ensino, na

linha de pesquisa: Estrutura e dinâmica da língua em atividades de aprendizagem.

Orientador: Profº Dr. Erivaldo Pereira do Nascimento

João Pessoa

2014

Page 3: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

2

D148p D'Almeida, Adnilda Suely. O processo de produção textual do gênero notícia mediado

por sequências didáticas / Adnilda Suely D'Almeida.-- João Pessoa, 2014.

155f. : il. Orientador: Erivaldo Pereira do Nascimento Dissertação (Mestrado) - UFPB/CCHLA 1. Linguística. 2. Linguística - ensino-aprendizagem.

3.Produção textual. 4. Gênero notícia. 5. Sequências didáticas. UFPB/BC CDU: 801(043)

Page 4: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

3

Page 5: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

4

DEDICATÓRIA

A Deus, pelo seu amor incondicional, e à minha família, por ser

dádiva divina em minha vida!

Page 6: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

5

AGRADECIMENTOS

Inicialmente registro, aqui, minha eterna gratidão a Deus, autor de todas as

oportunidades e conquistas em minha vida, sem ELE, nada do que foi feito ou dito teria tido

real valor. Agradeço-lhe também por seu amor incondicional e pela sua presença ao longo de

toda essa jornada em minha vida. “Para que todos vejam e saibam, considerem e juntamente

entendam que a mão do SENHOR fez isso,...” (Isaías 41:20).

Ao término dessa caminhada, posso visualizar os passos das pessoas que estiveram

presentes comigo e que direta, ou indiretamente, contribuíram para a efetivação desse

trabalho. Pessoas que se permitiram atuar como verdadeiras âncoras em minha vida e que, em

diversos momentos, quando o desânimo parecia querer se sobressair, tiveram a sensibilidade

de verbalizar palavras encorajadoras, de ânimo, lembrando-me que Deus é quem me capacita

e me conduz ir além. A todos, meus sinceros e profundos agradecimentos!

De forma especial, agradeço aos meus pais, Adão e Luzinilda, por terem me ensinado

princípios e valores familiares os quais me serviram de base, para enfrentar os desafios da

vida. Painho e mamãe, tudo que hoje eu sou e tenho construí a partir de vocês. Mamãe

obrigada por ter me acompanhado em mais essa jornada! Amo vocês e louvo a Deus pelas

suas vidas!

Ao meu esposo, Marcos Martins, pela sua compreensão e pelo seu apoio em todos os

momentos que precisei renunciar minha presença. Isso me ajudou bastante a seguir em frente,

com mais tranquilidade, em meus estudos. Você, mais uma vez, acompanhando de perto e

vivenciando, comigo, minhas conquistas. DEUS te abençoe!

Aos meus filhos, Rubinho e Rutinha, por compreenderem que às vezes eu precisei

renunciar momentos com eles, para me dedicar aos estudos, mas sei que, em todo esse tempo,

Deus os recompensou com seus ternos cuidados. Meus filhos, minha herança! Amo vocês!

Às minhas irmãs: Arineyde, Tânia e Albanice, pelas orações e palavras encorajadoras.

À minha irmã Arineyde por muitas vezes ter abdicado parte do seu tempo para

compartilhar comigo suas experiências acadêmicas, as quais muito me serviram para o

enriquecimento deste trabalho. Obrigada maninha!

Ao meu professor e orientador, Dr. Erivaldo Pereira do Nascimento, a quem estimo

um grande respeito pela excelência do seu trabalho, pela grande assistência a mim concedida

no trabalho de orientação e, pela forma afetuosa com que desempenha suas funções.

Page 7: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

6

Profissionais com esse perfil é uma raridade! Que Deus te coroe de bênçãos, amado! “Seja a

paz de Cristo o árbitro em vosso coração,...” (Cl. 3: 15).

A todos os professores que ao longo desse curso, contribuíram para a concretização

deste trabalho. Em especial às professoras Regina Celi Mendes Pereira e Mônica Mano

Trindade Ferraz, as quais me concederam a honra de lerem e examinarem meu trabalho, no

exame de qualificação, concedendo-me ricas contribuições.

À coordenação do curso, na pessoa da professora Drª Juliene Pedrosa e professora Drª

Roseane Nicolau que, de forma relevante se dispuseram a trabalhar em prol da qualidade do

nosso curso. Minha gratidão!

À professora e ex- coordenadora do curso, Ana Aldrigue, pelas suas ricas

contribuições na fase inicial e histórica do nosso curso. Meu muito obrigada!

Estendo aqui minha gratidão à secretária do curso, Vera Lima, pela sua gentileza,

prontidão, e eficiência em nos atender.

Aos meus colegas de jornada, tanto de profissão no município como nesse mestrado,

meus sinceros agradecimentos pelas trocas de experiências, pois aprendi muito com vocês

também. Em especial, minha prima Silvânia Vasconcelos e Leandro Ferreira, com quem

compartilhei muitos assuntos referentes ao curso. Sentirei saudades!

À minha amiga Irenylza Carla, pelas suas palavras de ânimo, sempre se respaldando

na palavra do SENHOR para me fortalecer. Você é uma pessoa especial minha amada! Louvo

a DEUS pela sua vida!

À minha amiga e ex-professora do Curso de formação da EJA, Bernardina de

Carvalho, pela qual ouvi as primeiras palavras de incentivo para cursar um mestrado, quando

ainda não havia surgido o referido curso. Obrigada por ter acreditado em mim, minha amada!

Ao professor Dr. Pedro Farias Francelino, com quem tive a oportunidade de

compartilhar minhas primeiras experiências na área de Linguística e receber algumas

orientações, ainda no início de todo o processo de seleção do referido curso.

Mais uma vez, a Deus, minha eterna gratidão, pela realização desse grande sonho em

minha vida!

“Confia no SENHOR de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento” (PV. 3: 5)

Page 8: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

7

“Aulas de português, perguntemo-nos todos os dias: A

favor de quem? A favor de quê? Se as pessoas não ficam

mais capazes para – falando, lendo, escrevendo e

ouvindo – atuarem socialmente na melhoria do mundo,

pela construção de um novo discurso, de um novo

sujeito, de uma nova sociedade, para que aulas de

português?

Irandé Antunes

Page 9: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

8

RESUMO

Este trabalho apresenta os resultados de uma investigação que objetivou descrever o processo

de produção escrita do gênero notícia, no contexto da Educação de Jovens e Adultos, a partir

de propostas de sequências didáticas, com foco nas características sociocomunicativas do

respectivo gênero. Com essa investigação de natureza aplicada e intervencionista,

promovemos a instrumentalização dos nossos alunos, no sentido de que possam atuar como

produtores de textos competentes, a partir de uma proposta de ensino que considere o

contexto situacional do gênero notícia e suas características linguístico-discursivas. Há de se

considerar que o ensino de língua portuguesa, na escola contemporânea, apresenta-se, na

maioria das vezes, limitado a atividades desvinculadas do contexto social, e,

consequentemente, as produções textuais escritas dos alunos acabam por não refletir as

funções sociais e as características linguístico-discursivas do gênero que está sendo

produzido. Considere-se ainda que os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL,

2001) recomendam a utilização dos gêneros textuais como objeto de ensino para a prática de

leitura e de escrita, associados à reflexão sobre o uso social da linguagem (análise linguística).

Teoricamente, a presente pesquisa fundamenta-se, basicamente, na concepção de Gêneros

Discursivos, de Bakhtin (2000[1979]) e no estudo sobre a notícia jornalística realizado por

Nascimento (2009). A intervenção realizada em sala de aula, por sua vez, fundamenta-se na

proposta de sequência didática apresentada por Dolz, Noverraz e Schneuwly, (2004). O

presente trabalho tem como corpus 7 (sete) produções textuais realizadas por alunos do ciclo

II da Educação de Jovens e Adultos, em uma escola da rede pública de ensino do Município

de João Pessoa-PB, as quais foram analisadas considerando os critérios da avaliação do texto

escrito propostos por Antunes (2006). Na análise da primeira produção, foi possível

identificar diferentes problemas referentes aos aspectos característicos do gênero, de

informatividade e de adequação ao padrão culto da língua. A referida análise foi realizada

com o intuito de fundamentar a elaboração dos módulos, qual seja a intervenção didática no

processo de escrita dos alunos, a ser desenvolvida posteriormente. Após o processo de

intervenção realizado por meio de módulos, tal como proposto na Sequência Didática de

Dolz, Noverraz e Schneuwly, (2004), foi possível perceber, na produção final dos 07 textos

investigados, que as dificuldades anteriormente detectadas na primeira produção foram

devidamente superadas. Tais resultados comprovam a eficácia do procedimento de sequência

didática para a aquisição de novas competências comunicativas dos alunos, especificamente,

no que se refere à produção escrita do gênero notícia, no contexto da Educação de Jovens e

Adultos.

Palavras-chave: Gênero Notícia. Produção Textual. Sequências Didáticas. Ensino-

Aprendizagem.

Page 10: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

9

ABSTRACT

This research presents the outcome of an investigation that aimed to exam the written

production process related to the genre news in the context of the Youth and Adult Education,

inserted in the studies of didactic sequence, focusing on socio-communicative characteristics

of this genre in analysis. Based on an applied and interventional research, we promoted the

resources to our students, in the sense that they could act as producers of relevant texts, taking

into consideration, a teaching which consider the situational context of the genre news and its

linguistic and discursive characteristics. We should consider that the teaching of Portuguese

language in contemporary school presents, in many ways, a limited amount of activities

unrelated to the social context of students, and therefore the written textual productions of

these students end up not reflecting the social functions and the linguistic and discursive

characteristics of the genre that is being produced. Observing the Parâmetros Curriculares

Nacionais – PCN (BRASIL, 2001) which recommend the use of textual genres such as an

object of reading and writing teaching, associated with the reflection on the social use of

language (linguistic analysis). The theoretical concepts of this study are based primarily in the

conceptions of discursive genres, Bakhtin (2000[1979]) and the study of journalistic news

conceived by Nascimento (2009). The intervention performed in the classroom, it is based on

the concept of didactic sequence proposed by Dolz, Noverraz and Schneuwly, (2004). The

corpus selected for this research is composed of seven (7) textual productions performed by

students of cycle II of the Youth and Adult Education in a public school in João Pessoa-PB.

These texts were also analyzed considering the standard of evaluation of the written text

proposed by Antunes (2006). Analyzing the first production, it was possible to identify

different problems related to characteristics of the genre in analysis, informativity and

linguistic adequacy. This analysis was performed in order to support the development of

modules, and what will be the didactic intervention in students' writing process, to be

developed later. After the intervention process done through modules, such as proposed in the

didactic sequence conceived by Dolz, Noverraz and Schneuwly, (2004), it was possible to

perceive that, in the final production process of the 07 investigated texts, the difficulties

previously found in the first production were properly overcome. These results prove the

effectiveness of the use of didactic sequence procedure for the acquisition of new

communicative skills among students, specifically, regarded to the written production of the

genre news.

KEYSWORDS: The Genre News. Textual Production. Didactic Sequence. Teaching-

Learning.

Page 11: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

10

LISTA DE QUADROS

Quadro1: Título – Primeira Produção ................................................................................... 64

Quadro 2: Lead – Primeira Produção .................................................................................... 65

Quadro 3: Informatividade – Primeira Produção................................................................... 68

Quadro 4: Discursos/relatos – Primeira Produção ................................................................. 71

Quadro 5: Pontuação (Emprego do ponto final) – Primeira Produção ................................... 73

Quadro 6: Acentuação (Emprego do acento agudo) – Primeira Produção ............................. 74

Quadro 7: Emprego do dígrafo “SS” – Primeira Produção .................................................... 75

Quadro 8: Emprego de letras iniciais maiúsculas – Primeira Produção ................................. 75

Quadro 9 : Título – Comparação entre produção inicial e final ............................................. 87

Quadro 10: Lead – Comparação entre produção inicial e final .............................................. 88

Quadro 11: Informatividade – Comparação entre produção inicial e final ............................. 94

Quadro 12: Discursos/relatos – Comparação entre produção inicial e final ........................... 99

Quadro 13: Pontuação (Emprego do ponto final) - Comparação entre produção inicial e final

..........................................................................................................................................101

Quadro 14: Acentuação (Emprego do acento agudo) - Comparação entre produção inicial e

final .................................................................................................................................. 102

Quadro 15: Emprego do dígrafo “SS” – Comparação entre produção inicial e final ........... 104

Quadro 16: Emprego de letras iniciais maiúsculas – Comparação entre produção inicial e

final ................................................................................................................................. 105

Quadro Comparativo 1- Conteúdo e aspectos estruturais na produção do gênero notícia ... 107

Quadro Comparativo 2 - Adequação ao padrão culto da língua na produção do gênero notícia

................................................................................................................................................109

Page 12: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

11

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 12

I – O GÊNERO TEXTUAL/DISCURSIVO NOTÍCIA .................................................... 16

1.1 Breve contextualização da noção de gênero .................................................................... 16

1.2 A notícia jornalística ...................................................................................................... 19

1.3 O gênero notícia a partir dos critérios sugeridos por Bakhtin .......................................... 21

1.4 Os gêneros textuais como objeto de ensino ..................................................................... 29

II – ESCRITA E ENSINO ................................................................................................. 33

2.1 Um panorama sobre o ato de escrever na escola ............................................................. 33

2.2 Concepções de língua e de texto ..................................................................................... 40

2.3 Concepções de escrita .................................................................................................... 41

2.4 A produção escrita na concepção sociointeracionista e suas implicações no ensino......... 46

2.5 A proposta da sequência didática para a produção textual ............................................... 51

III–PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E ANÁLISE DA PRODUÇÃO INICIAL

............................................................................................................................................ 57

3.1 Contexto da pesquisa ...................................................................................................... 57

3.1.2 Sujeitos da pesquisa .................................................................................................... 58

3.1.3 A delimitação do corpus .............................................................................................. 58

3.2 Aplicação da sequência didática – uma proposta de intervenção ..................................... 59

3.2.1 Apresentação da situação ............................................................................................. 59

3.2.2 Proposta de produção inicial ........................................................................................ 62

3.3 Análise da produção inicial ............................................................................................ 62

3.3.1 Aspectos característicos do gênero – Estrutura ........................................................... 63

3.3.2 Informatividade .......................................................................................................... 67

3.3.3 Adequação ao padrão culto da língua........................................................................... 73

3.4 Proposta de intervenção – os módulos ........................................................................... 77

Page 13: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

12

IV - ANÁLISE DA PRODUÇÃO FINAL E RESULTADOS OBTIDOS ........................ 86

4.1 Análises da produção final ............................................................................................. 86

4.1.1 Aspectos característicos do gênero – Estrutura ............................................................ 87

4.1.2 Informatividade ........................................................................................................... 94

4.1.3 Adequação ao padrão culto da língua........................................................................ 100

4.2 Resultados obtidos e discussões................................................................................... 107

V - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 113

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 117

APÊNDICE ..................................................................................................................... 120

ANEXOS ......................................................................................................................... 128

Page 14: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

13

INTRODUÇÃO

Um dos maiores desafios da escola contemporânea é formar produtores de textos

competentes para atender não apenas as demandas da escola, mas também as necessidades

que emanam das práticas sociais. Além disso, os atuais paradigmas educacionais apontam

para uma concepção de ensino que considera as condições sociais de produção textual, no

entanto, a concepção de ensino de Língua Portuguesa, na maioria das escolas, apresenta-se

ainda presa ao sistema tradicional de ensino, visto que o ensino de leitura e escrita, em grande

parte, encontra-se limitado a atividades descontextualizadas do contexto social.

O reflexo disso é que é perceptível, ainda, nas produções textuais escritas dos alunos,

onde não se encontram presentes as características específicas do gênero que está sendo

produzido; critério relevante no processo de formação de produtores textuais competentes,

conforme os princípios dos atuais paradigmas educacionais, os quais fundamentam-se numa

concepção sociointeracionista de língua.

O processo de ensino da escrita torna-se ainda mais complexo se observado dentro do

contexto da Educação de Jovens e Adultos, principalmente no que se refere ao 1º segmento,

que é o foco do referido trabalho. Tal modalidade de ensino destina-se aos discentes que não

puderam, por algum motivo na vida, efetuar seus estudos na idade própria e que, após uma

longa jornada de distanciamento dos estudos escolares, decidem retornar à escola, repletos de

expectativas, mas também de insegurança, para dar a continuidade de algo que deveriam ter

concluído na infância ou adolescência.

O grande desafio do professor nessa modalidade de ensino consiste em formar leitores

e produtores textuais proficientes, a partir de uma ressignificação dos conceitos que os alunos

têm de si mesmos, diante do sentimento de “incapacidade” de desenvolverem as habilidades

necessárias para atender as exigências da sociedade letrada, na qual se encontram inseridos.

Outro desafio comumente confrontado pelo professor, na referida modalidade de

ensino, refere-se aos resquícios do sistema tradicional incorporados na mente dos alunos, de

épocas passadas; e mesmo os que nunca estudaram acabaram absorvendo essas experiências,

como reflexo da influência dominante do próprio sistema na sociedade em que viviam.

Diante dessa problemática e pensando numa forma de contribuir para a formação de

produtores de textos proficientes, face às novas concepções de ensino estabelecidas pelos

atuais paradigmas educacionais, o presente trabalho descreve uma experiência de processo de

produção escrita do gênero notícia, no contexto da Educação de Jovens e Adultos, a partir de

Page 15: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

14

propostas de sequências didáticas, com foco nas características sociocomunicativas do

respectivo gênero. Com essa investigação de natureza aplicada e intervencionista,

promovemos a instrumentalização dos nossos alunos, no sentido de que possam atuar como

produtores de textos competentes, a partir de uma proposta de ensino que considere o

contexto situacional do gênero notícia e suas características linguístico-discursivas.

A escolha da notícia se deu porque observamos que, dentre os vários gêneros que

circulam socialmente e que fazem parte do contexto de vida dos alunos, a notícia permeia as

atividades comunicativas dos alunos numa proporção bem maior que os demais gêneros. É

muito comum, no cotidiano escolar, os alunos relatarem fatos ocorridos na própria

comunidade, ou nas comunidades circunvizinhas e ou ainda fatos que tomaram conhecimento

por meio da mídia, principalmente a televisiva, além de informes de programações locais.

Devido ao seu poder de circulação, acreditamos ser um gênero útil para se trabalhar em sala

de aula, já também que se adéqua aos propósitos de aprendizagem da escrita, além de

propiciar o desenvolvimento de atividades contextualizadas. Há de se considerar que o ensino

de língua portuguesa, na escola contemporânea, apresenta-se, na maioria das vezes, limitado a

atividades desvinculadas do contexto social, e, consequentemente, as produções textuais

escritas dos alunos acabam por não refletir as funções sociais e as características linguístico-

discursivas do gênero que está sendo produzido. Considere-se ainda que os Parâmetros

Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 2001) recomendam a utilização dos gêneros textuais

como objeto de ensino para a prática de leitura e de escrita, associados à reflexão sobre o uso

social da linguagem (análise linguística).

A investigação se deu em um contexto de imersão da própria pesquisadora com o

contexto de pesquisa e com os sujeitos pesquisados, uma vez que a própria pesquisadora é

também a professora regente da turma de alunos pesquisados. Assim, com relação ao corpus

utilizado neste trabalho, vale salientar que a pretensão para análise foi de 11 (onze) produções

textuais, mas devido a problemas relacionados à frequência de quatro alunos, apresenta-se a

investigação efetuada com apenas 7 (sete) alunos, os quais participaram de forma assídua na

referida pesquisa.

Os pressupostos teóricos da presente pesquisa fundamentam-se, basicamente, na

concepção de Gêneros do Discurso de Bakhtin (2000[1979]), no estudo sobre a notícia

jornalística realizado por Nascimento (2009) e na proposta de sequência didática apresentada

por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004).

Page 16: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

15

O presente trabalho ampara-se no pressuposto de que para compreender o processo de

produção do gênero notícia, faz-se necessário o conhecimento acerca da função social do

referido gênero, bem como de suas características linguístico-discursivas.

Com base nessa suposição, torna-se possível elaborar a hipótese de que a proposta de

ensino de produção do gênero notícia, mediado por sequências didáticas, propiciará aos

alunos do ciclo II, da Educação de Jovens e Adultos – EJA, uma ampliação acerca do

conhecimento do gênero investigado, além de instrumentalizá-los no intuito de que se tornem

capazes de produzir textos de notícias de forma proficiente.

A referida pesquisa, de um modo geral, objetivou investigar o processo de ensino-

aprendizagem de produção textual do gênero notícia, mediado por sequências didáticas, e com

foco nas características sociocomunicativas do referido gênero. Especificamente, o presente

estudo se propôs a investigar como se dá o processo de apropriação do gênero notícia e do seu

caráter sociocomunicativo, em um contexto da aprendizagem da Educação de Jovens e

Adultos; investigar quais as maiores dificuldades do aluno no processo de elaboração do

citado gênero; verificar quais os avanços ocorridos no processo de produção do gênero em

estudo, a partir da aplicação da proposta de intervenção.

Além desta introdução, este trabalho foi estruturado em cinco capítulos. O primeiro

deles inicia efetuando uma breve contextualização sobre a noção de gênero textual/discursivo

prossegue com a apresentação do gênero notícia, sobretudo a partir da concepção de gêneros

discursivos de Bakhtin (2000[1979]), e finaliza com uma discussão sobre os gêneros como

objeto de ensino.

No capítulo dois, intitulado “Escrita e Ensino”, abordam-se os seguintes temas:

concepções de língua e de texto; concepções de escrita; a produção escrita na concepção

sociointeracionista e suas implicações para o ensino. Ainda neste mesmo capítulo,

apresentamos a abordagem metodológica da Sequência Didática, proposta por Dolz, Noverraz

e Schneuwly (2004) para o ensino de leitura e produção de gêneros textuais/discursivos.

O terceiro capítulo diz respeito aos procedimentos metodológicos utilizados em nossa

investigação, apresentando o contexto escolar em que ocorreu a intervenção didático-

pedagógica e as etapas de investigação que foram sucedidas. Nesse sentido, apresentamos

como se deu a proposta de produção inicial, a análise dos problemas identificados na primeira

produção efetuada pelos alunos, além dos módulos, ou seja, como ocorreu a intervenção

didática e, consequentemente, tratamos os problemas apresentados pelos alunos na primeira

produção.

Page 17: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

16

O quarto capítulo apresenta a análise da produção final, comparando-a com a

produção inicial, com o intento de averiguar se a proposta de intervenção realizada, os

módulos, permitiu aos alunos obterem avanços na sua produção textual e solucionar os

problemas detectados na primeira produção. Após a análise da produção final, realizamos

uma sumarização dos principais resultados obtidos com a efetivação desta proposta didática e

apresentamos algumas reflexões acerca dos respectivos resultados.

No capítulo das considerações finais, apresentamos algumas reflexões a cerca do

estudo da sequência didática na produção escrita do gênero notícia e suas implicações em

minha prática pedagógica.

Page 18: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

17

I - O GÊNERO TEXTUAL/DISCURSIVO NOTÍCIA

Neste primeiro capítulo apresentamos uma breve contextualização da noção de gênero

textual/discursivo, a partir de estudiosos como Bakhtin (2000[1979]), Bazerman (2011),

Marcuschi (2008), entre outros. Em seguida, é apresentado o gênero notícia jornalística,

sobretudo a partir dos critérios para a definição e caracterização de um gênero discursivo,

propostos por Bakhtin (2000[1979]). Por fim, finalizamos com uma breve discussão sobre os

gêneros textuais como objeto de ensino.

1.1 Breve contextualização da noção de gênero

Segundo Marcuschi (2008, p. 147), a expressão de gêneros esteve tradicionalmente

vinculada aos gêneros literários “cuja análise se inicia com Platão para se firmar com

Aristóteles.” Marcuschi ainda acrescenta que é a partir de Aristóteles que “surge uma teoria

mais sistemática sobre os gêneros e sobre a natureza do discurso” (op. cit.). Vale ressaltar que

tal teoria não considerava a “natureza linguística do enunciado”, nos termos em que propõe

Bakhtin (2000[1979]).

Em geral, a terminologia gêneros textuais e/ou discursivos é empregada para fazer

menção aos textos encontrados na vida diária, nas atividades comunicativas, sejam eles orais

ou escritos, independendo do grau de formalidade. O estudo do gênero tem se tornado cada

vez mais multidisciplinar, logo, a análise de gêneros engloba também análises do texto e do

discurso, além da descrição da língua e perspectivas teóricas distintas a respeito da sociedade.

Marcuschi (2008, p. 149) define os gêneros textuais como “entidades sócio –

discursivas e formas de ação social incontornáveis em qualquer situação comunicativa”.

Desse modo, os gêneros aparecem como formas de comunicação, atendendo a necessidades

de expressão do indivíduo, moldados sob influência do contexto histórico e social das

distintas esferas da comunicação humana. Nesse contexto, os gêneros podem surgir e

desaparecer no decorrer do tempo, ou diferenciar-se de uma cultura para outra. Marcuschi

enfatiza a importância de enxergar os gêneros como “entidades dinâmicas” e não como

“modelos estanques” ou “estruturas rígidas” e que a noção de gênero é tratada hoje numa

perspectiva sócio- cultural da língua em uso (MARCUSCHI, 2008, p. 151).

Bazerman (2011, p.32) evidencia a organização social e as relações de poder que os

gêneros encapsulam e define gêneros como “fenômenos de reconhecimento psicossocial que

Page 19: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

18

são parte de processos de atividades socialmente organizadas.” Esse autor afirma ainda que

“os gêneros emergem nos processos sociais em que pessoas tentam compreender umas às

outras suficientemente bem para coordenar atividades e compartilhar significados com vistas

a seus propósitos práticos” (BAZERMAN, 2011, p. 32).

Nesse contexto, ao procurar galgar diferentes propósitos, o indivíduo produz uma

variedade de textos revelando, assim, os gêneros como fenômenos sociais, que sofrem

alterações em grande velocidade, em virtude das transformações promovidas

sócioculturalmente.

Segundo Bronckart (1999, p.12), “os gêneros estabelecem ações de linguagem pelas

quais o agente produtor é movido a uma série de decisões”. Nesse sentido, pode-se entender

que a escolha para se ensinar a leitura ou a produção de um gênero deve ser feita a partir do

rol de gêneros existentes, ou seja, o professor deve escolher o gênero que pareça adequado ao

contexto e à intenção comunicativa.

Para Bakhtin (2000[1979], p.279), “todas as esferas da atividade humana, por mais

variadas que sejam, estão sempre relacionadas com a língua,” cuja utilização “efetua-se em

forma de enunciados (orais e escritos), concretos e únicos, que emanam dos integrantes duma

ou doutra esfera da atividade humana.” O autor acrescenta que o indivíduo, em qualquer de

suas atividades, irá se utilizar da língua e, a partir de suas intenções comunicativas e de cada

atividade, efetuará enunciados linguísticos de formas diversas. Bakhtin afirma que os gêneros

do discurso, que são os tipos de enunciados característicos de cada esfera de atividade

humana, apresentam características sociocomunicativas, definidas “por seu conteúdo

temático, estilo verbal e a construção composicional”.

O conteúdo temático diz respeito ao assunto gerado numa esfera discursiva com suas

realidades socioculturais, ou seja, trata-se do objeto de dizer pelo qual normalmente compõem

os gêneros. Nesse sentido, os gêneros textuais veiculam conteúdos de acordo com as suas

especificidades e serão tratados conforme o intento do autor de sua produção, como afirma

Bakhtin (2000[1979], p. 301): “o querer-dizer do locutor se realiza acima de tudo na escolha

de um gênero do discurso.” Tal afirmação é bastante esclarecedora com relação à escolha do

gênero que irá ser utilizado quando de uma situação comunicativa, pois tal seleção estará

sujeita não só ao assunto que o autor irá tratar, mas também às intenções de quem utiliza a

língua.

Logo, cada gênero será utilizado conforme as informações que lhe compete. A

exemplo disso, o gênero notícia, foco deste trabalho, não poderá tratar das mesmas

informações que são tratadas em um relatório ou em uma ata, por exemplo.

Page 20: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

19

No que se refere ao estilo verbal, segundo Bakhtin (2000[1979], p. 279), diz respeito

à “seleção operada nos recursos da língua – recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais”.

Esse autor acrescenta ainda que “o estilo linguístico ou funcional nada mais é senão o estilo

de um gênero peculiar a uma dada esfera da atividade e da comunicação humana”. Diante do

exposto pode-se assegurar que o estilo verbal de um gênero depende diretamente da situação

de interação social em que é produzido. Nesse sentido, os gêneros textuais diferem em seus

estilos linguísticos, por sujeitarem-se a distintos intentos comunicativos, o que implica uma

linguagem diferenciada e adequada às atividades humanas. Assim, o uso da linguagem mais

ou menos formal, a utilização de determinadas estruturas linguísticas e vocabulário vai

depender sobremaneira da atividade humana em que se produz o gênero.

Por fim, a estrutura composicional, o terceiro e último critério estabelecido por

Bakhtin para a definição de um gênero, refere-se à forma de organização e estruturação do

texto. Segundo Bakhtin (2000[1979], p. 301), “todos os nossos enunciados dispõem de uma

forma padrão e relativamente estável de estruturação de um todo”. (grifo do autor)

Por meio da afirmação do citado autor, pode-se afirmar que a forma padrão possibilita

o reconhecimento do gênero a que um texto pertence e permite também presumir o intuito do

autor na produção do seu texto.

Apesar dos referidos critérios possuírem características específicas, fundem-se na

composição dos gêneros, pois estão extremamente ligados aos contextos, condições e

finalidades nos quais os gêneros estão inseridos. Essa relação direta com o contexto é o que

faz com que os gêneros sejam historicamente variáveis.

Apesar de sua relativa estabilidade, como afirma Bakhtin (2000[1979]), os gêneros

não são entidades fixas, que permanecem estáticos, independente do tempo e das mudanças

ocorridas na sociedade. Ao contrário, há gêneros que desaparecem e outros que nascem

dependendo das necessidades dos falantes que os utilizam. É essa estabilidade e mobilidade

que permite ao professor tomar o gênero como objeto de ensino.

Para Bakhtin (2000[1979]), os gêneros materializam a língua. "A língua penetra na

vida através dos enunciados concretos que a realizam, e é também através dos enunciados

concretos que a vida penetra na língua.” (BAKHTIN, 2000[1979], p.282).

Os gêneros textuais possuem uma imensa heterogeneidade, haja vista que cada esfera

da atividade humana produz gêneros que lhe são necessários. Marcuschi (2008) assinala que:

É impossível não se comunicar verbalmente por algum gênero, assim como é

impossível não se comunicar verbalmente por algum texto. Isso porque toda a manifestação verbal se dá sempre por meio de textos realizados em algum

Page 21: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

20

gênero. Em outros termos, a comunicação verbal só é possível por algum

gênero textual. (MARCUSCHI, 2008, P. 154).

De acordo com Marcuschi (2008), os gêneros textuais não são instituídos por um

falante, eles resultam de “formas socialmente maturadas em práticas comunicativas na ação

linguageira” (MARCUSCHI, 2008, p. 189).

Nesse sentido, Bakhtin (2000[1979]) afirma que os gêneros estão no cotidiano dos

sujeitos falantes, os quais possuem um interminável repertório de gêneros. Devido à

heterogeneidade dos gêneros, o respectivo autor classificou-os em dois grupos: os gêneros

primários, que emanam de situações verbais espontâneas da vida cotidiana, e os gêneros

secundários, os que “aparecem em circunstâncias de uma comunicação cultural mais

complexa, e relativamente mais evoluída,” (p. 281) como é o caso da notícia jornalística,

produzida pelos meios de comunicação de massa, em um contexto de produção e veiculação

de informações com padrões industriais e altamente complexos.

Bakhtin (2000[1979]) enfatiza que os gêneros secundários incorporam e modificam

os gêneros primários que, ao serem absorvidos, “perdem sua relação imediata com a realidade

existente e com a realidade dos enunciados alheios,” (p.281), conservando sua forma e

significado cotidiano apenas no conteúdo. Sua integração com a realidade ocorre, então, por

meio do gênero que o incorporou.

1.2 A notícia jornalística

De acordo com os manuais de redação por nós consultados e também de acordo com

Lage (2004), a notícia cuida da cobertura dos fatos. Ela é a expressão de um fato novo, que

deve despertar o interesse do público a que o jornal se destina. Para Lage (2004), nesse gênero

predominam as estruturas narrativas, mas os jornais não se limitam a narrar o que aconteceu,

eles vão além, relatando também como e por que aconteceu determinado fato. De acordo com

os manuais de redação, ela deve ser inédita e verdadeira. Erbolato (1991, p. 55) corrobora essa

afirmação e enfatiza que a notícia deve ser “recente, inédita, verdadeira, objetiva e de

interesse público.”

Segundo Lage (2004), do ponto de vista da estrutura, a notícia é definida como “o

relato de uma série de fatos a partir do fato mais importante ou interessante; e de cada fato, a

partir do aspecto mais importante ou interessante” (LAGE, 2004, p. 16). Tal definição aponta

para a pirâmide invertida, constituída a partir do lead, primeiro parágrafo da notícia, como

Page 22: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

21

afirma o próprio autor e os manuais de redação consultados. Lage esclarece ainda que não se

trata apenas de “narrar os acontecimentos, mas de expô-los” (LAGE 2004, p. 16).

A notícia é um gênero textual do universo jornalístico e, conforme Nascimento (2010),

é considerada como “um gênero que possui uma função social bastante específica, quer seja

de relatar fatos ou acontecimentos da vida social” (NASCIMENTO, 2010, p. 217). Assim, a

notícia constitui-se em um texto informativo, que segundo o Manual escolar de redação da

Folha de São Paulo (1994, p.9), tem como objetivo primordial “transmitir informações e

explicações, documentar e analisar fatos. Já para Nascimento (2010), não compete à notícia a

análise do fato, pois o referido gênero caracteriza-se essencialmente pelo relato e a descrição

de um fato. Para esse autor, “noticiar é, portanto, apresentar o relato do fato, cabendo a análise

para a reportagem, que é mais interpretativa” (NASCIMENTO, 2010, p. 61).

De acordo com o Manual de redação da Folha de São Paulo (2002, p. 22), “a busca

pela objetividade jornalística e o distanciamento crítico são fundamentais para garantir a

lucidez quanto ao fato e seus desdobramentos concretos”. No entanto, Nascimento (2010, p.

61) refuta as concepções apresentadas pelos manuais de redação e afirma que “o texto da

notícia, mesmo que se diga objetivo, possui marcas de subjetividade”. O referido autor

esclarece ainda que:

É possível afirmar que há, na notícia, uma relação dialógica ou interacional bastante específica: a polifonia de locutores. Diferentes vozes de diferentes

locutores são facilmente identificadas no texto da notícia, uma vez que a

utilização do discurso do outro é uma característica básica desse gênero do

discurso. Na sua atividade diária de produtor de notícias, o repórter precisa ouvir diferentes testemunhas, especialistas e envolvidos nos fenômenos que

relata (NASCIMENTO, 2007, p. 217).

O mencionado autor ressalta que “o repórter, ao lidar com diferentes vozes, o faz de

diferentes maneiras e com diferentes intenções ao longo do texto” (NASCIMENTO, 2010, p.

61). Esse autor acrescenta ainda que “a escolha de apresentar o relato no estilo direto ou

indireto, com ou sem aspas, através de diferentes verbos dicendi, já revela um posicionamento

do responsável pela notícia com relação ao que está sendo relatado” (op. cit). O referido autor

é enfático ao afirmar que a produção da notícia consiste em “saber lidar com diferentes vozes,

realizar um verdadeiro ato de interação consciente, a fim de atingir um objetivo específico,

quer seja a veiculação de uma informação, a divulgação de um fato, de um fenômeno” (op.

cit., p. 218).

Page 23: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

22

Erbolato (1991, p. 156), também enfatiza que coexistem vários discursos na produção

da notícia, uma vez que “o repórter, em sua atividade diária, deve ouvir grande número de

pessoas a fim de obter informações”. Nesse sentido, o texto da notícia é um texto por natureza

polifônico, ou seja, perpassado por diversas vozes, como afirma Nascimento (2010), porque a

própria atividade jornalística também o é.

1.3 O gênero notícia a partir dos critérios sugeridos por Bakhtin

Fazendo uma retomada da definição de Bakhtin (2000[1979]) acerca de gêneros do

discurso como “formas relativamente estáveis de enunciados” e aderindo a sua afirmação de

que o enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de cada esfera da atividade

humana, prossegue-se aqui com o posicionamento desse autor, ao afirmar que os elementos

constituintes de um enunciado para a identificação de um gênero são: o conteúdo temático, o

estilo verbal e a estrutura composicional.

Em se tratando do conteúdo temático, este relaciona-se ao tipo de assunto que é

veiculado nos gêneros, bem como as condições de produção desse gênero, a exemplo disso

seu lugar de produção, de circulação e seus interlocutores. A esse respeito, Nascimento (2010)

afirma que a produção da notícia deve considerar todo o seu contexto de produção. A notícia é

escrita para um público presumido e as questões ideológicas se fazem presentes no ato de

escrever. Nesse plano, permeiam sobre a notícia fatores que influenciam a organização do seu

texto, os quais resultam de um contexto físico e de um contexto subjetivo.

Segundo Bakhtin (2000[1979], p. 300), “o querer-dizer do locutor se realiza acima de

tudo na escolha de um gênero do discurso.” No caso da notícia, ela trata da veiculação de

informações de interesse público. O seu conteúdo pode abordar uma gama de temas

noticiários: esportivos, políticos, culturais, educacionais, entre outros. Conforme Nascimento

(2010), esse gênero do discurso tem como finalidade veicular informação, divulgar um fato ou

um fenômeno.

Lage (2004) declara que, no que se refere ao projeto de texto da notícia, “as pautas

são apenas indicações de fatos programados da continuação (suite) de eventos já ocorridos e

dos quais se espera desdobramentos” (LAGE, 2004, p. 47). Esse autor acrescenta que: “no

restante, os sistemas de captação de notícias mantêm contato permanente com os setores que

registram primeiro acontecimentos de interesse público, desde o parlamento até a delegacia de

polícia” (op. cit., p. 47).

Page 24: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

23

Conforme Bakhtin (2000[1979], p. 300), é por meio do conteúdo que se pode

apreender a forma como o autor trata do tema em questão. No que diz respeito à produção da

notícia, há o trabalho do repórter e/ou redator que, segundo Erbolato (1991), tem como sua

primeira tarefa “saber o que deve publicar” (ERBOLATO, 1991, p. 19). Esse autor acrescenta

que compete ao jornalista efetuar a seleção entre as inúmeras notícias que chegam à Redação.

Nesse sentido, o Manual escolar de redação da Folha de São Paulo (1994), no que se refere à

seleção das notícias a serem publicadas em um jornal, afirma que, inicialmente, tal seleção

deve “atender às necessidades de informação dos leitores” (op. cit., p. 92). Para tal, o referido

documento apresenta alguns critérios elementares, a saber:

a) ineditismo (a notícia inédita é mais importante do que a já publicada); b) improbabilidade (a notícia menos provável é mais importante do que a

esperada);

c) interesse (quanto mais pessoas possam ter sua vida afetada pela notícia, mais importante ela é);

d) apelo (quanto maior a curiosidade que a notícia possa despertar, mais

importante ela é); e) empatia (quanto mais pessoas puderem se identificar com a personagem e

a situação da notícia, mais importante ela é). (MANUAL ESCOLAR DE

REDAÇÃO – Folha de São Paulo, 1994, p. 92).

Após a seleção das notícias, Erbolato (1994, p. 19) afirma que cada uma delas “precisa

ser medida, dentro do valor exato que possua para a classe de leitores do jornal”. Nesse

contexto, pode-se afirmar que a notícia, bem como a sua linguagem, será registrada em jornais

de acordo com o público alvo do veículo, podendo este ir do popular ao tradicional, sendo que

este último requer uma linguagem técnica, mais especializada. Outra tarefa do jornalista é de

que “o texto deve ser tratado”, ou seja, escrito de forma compreensível e adequada ao público

ao qual ele se destina.

A notícia normalmente discorre acerca de fatos inéditos e verdadeiros, segundo os

manuais de redação consultados. Lage (2004) enfatiza que a notícia é “axiomática, isto é, se

afirma como verdadeira: não argumenta, não constrói silogismos, não conclui nem sustenta

hipóteses. O que não é verdade, numa notícia, é fraude ou erro” (LAGE, 2004, p. 25). Esse

autor acrescenta ainda que “a idéia de verdade está aí, restrita ao conceito clássico de

adequação do enunciado aos fatos. Do ponto de vista técnico, a notícia não é avaliada pelo seu

conteúdo moral, ético ou político; o que importa é se de fato aconteceu aquilo” (op. cit.).

A autenticidade da notícia também é defendida por Erbolato (1991, p.55), ao afirmar

que “o leitor quer novidades. Deseja saber o que ainda desconhece, ou que sabia apenas

superficialmente.”. Nisso consiste a árdua tarefa do jornalista, em partir em busca de eventos

Page 25: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

24

de interesse público e filtrar as principais informações desses eventos de forma que atraia o

interesse dos interlocutores para continuar lendo a referida matéria jornalística, caso contrário,

sem atrativos, compromete o interesse do público leitor e sem a veracidade dos fatos, não se

constitui notícia.

Retomando as afirmações de Nascimento (2010), o repórter, em sua atividade diária,

precisa ouvir distintas pessoas envolvidas nos fenômenos que relata. Tal afirmação pressupõe

várias versões acerca do mesmo fato. É nesse sentido que de um jornal para o outro, de uma

notícia para outra, o mesmo fato é apresentado de várias maneiras. Nascimento ainda afirma

que noticiar não é apresentar o fato, mas o relato do mesmo, o que implica que o jornalista

apresenta não a verdade dos fatos, mas uma versão sobre os fatos. No entanto, é necessário

criar um efeito de veracidade ou de realidade na notícia. Nesse sentido, Lage (2001, p.42)

enfatiza que a busca de “enunciados mais referenciais” por meio de dados concretos, ou seja,

o detalhamento dos fatos como a hora da ocorrência, nome dos envolvidos etc. objetiva criar

um efeito de realidade no texto.

Com relação ao estilo verbal, Bakhtin (2000[1979]) assegura que este pode ser

identificado em determinado gênero, por meio de suas marcas linguísticas típicas que os

gêneros assumem em uma dada esfera da atividade e da comunicação humana (cf. Bakhtin,

2000[1979], p. 283). O referido autor acrescenta ainda que “cada esfera conhece seus gêneros,

apropriados à sua especificidade, aos quais correspondem determinados estilos” (op. cit., p.

284). No caso da notícia marca a presença o estilo polifônico, ou seja, a identificação de

distintas vozes e distintos locutores no texto noticioso, como afirma Nascimento (2007).

Retomando as declarações desse autor, ele é enfático ao afirmar que o emprego do discurso

do outro, constitui-se como característica fundamental no gênero notícia, por meio do estilo

direto ou indireto, bem como da presença dos verbos dicendi tais como: dizer, afirmar, falar

etc. Outro elemento do estilo refere-se à impessoalidade, ou seja, a presença da terceira pessoa

do discurso, haja vista que segundo Lage (2001, p. 39) “a linguagem jornalística é, por

definição, referencial, isto é, fala de algo no mundo, exterior ao emissor, ao receptor e ao

processo de comunicação em si.” De acordo com Lage (2004), o estilo da notícia é rígido e a

mesma é “frequentemente reescrita, condensada, traduzida, submetida a critérios de edição.”

(LAGE, 2004, p. 23).

Os manuais de redação jornalísticos trazem várias instruções para a produção do texto

jornalístico. A esse respeito, o Manual escolar de redação da Folha de São Paulo (1994, p. 9)

enfatiza que “a linguagem selecionada então deve ser denotativa, procurando estabelecer uma

Page 26: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

25

relação direta entre a palavra e o objeto que designa, refletindo a realidade, na medida do

possível, sem ambiguidades que gerem múltiplas interpretações.”

O Manual de Redação e Estilo do Estado de São Paulo (1997) traz várias instruções

para a produção de qualquer texto a ser publicado em jornais. Segue, então, algumas dessas

instruções:

1 – Seja claro, preciso, direto, objetivo e conciso. Use frases curtas e evite intercalações excessivas ou ordens inversas desnecessárias...

2 – Construa períodos com no máximo duas ou três linhas. Os parágrafos,

para facilitar a leitura, deverão ter cinco linhas datilografadas, em média, e no máximo oito...

3 – A simplicidade é condição essencial do texto jornalístico...

4 – Adote como norma a ordem direta, por ser aquela que conduz mais

facilmente o leitor à essência da notícia... 9 – Em qualquer ocasião, prefira a palavra mais simples: votar é sempre

melhor que sufragar ...

20 – Faça textos imparciais e objetivos. Não exponha opiniões, mas fatos... 43 – Trate de forma impessoal o personagem da notícia, por mais popular

que ele seja... (MANUAL DE REDAÇÃO E ESTILO – O Estado de S.

Paulo, 1997, p.15).

No que se refere à precisão e à utilização de frases curtas (item 1 da citação acima), o

Manual de redação e estilo O Globo (2001, p. 29) afirma que as frases curtas permitem “ao

leitor assimilar uma idéia ou um fato de cada vez. Mais de uma frase intercalada no mesmo

período, dificulta o entendimento.” Ainda a esse respeito, o Manual de redação e estilo do

estado de São Paulo (1997, p. 49) apresenta algumas amostras de “textos noticiosos objetivos,

simples e diretos, constituídos de frases curtas e incisivas (todos eles saíram no Estado como

chamadas de primeira página).”

Segue a transcrição de uma dessas amostras:

Manual de redação..., (1997, p. 21)

“As cidades e as praias ganham nova

vida com o verão, que começa

oficialmente hoje às 6h/18. A moda

impõe modelos arrojados às mulheres,

com ombros e costas de fora. A

minissaia também faz parte do visual de

São Paulo e outras capitais. No Rio,

Santos, Guarujá, Ubatuba, Bertioga e

outros pontos preferidos dos veranistas,

é tempo de biquíni, saladas, sorvete e

alegria.”

Page 27: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

26

Observa-se, pela transcrição acima, que os manuais de redação apresentam como

modelo para a produção da notícia, estruturas frasais simples, com períodos curtos e pouca

subordinação. Predominam os períodos simples. Além disso, é perceptível a presença dos

elementos referenciais, tais como a referência a horários (hoje, às 6h/18), e locais (Rio,

Santos, Guarujá, Ubatuba, Bertioga).

Em se tratando da estrutura composicional, esta relaciona-se com a forma ou a

estrutura de um determinado gênero, o que permite que ele seja identificado e distinguido de

outros textos.

De acordo com os manuais de redação, bem como de acordo com Lage (2004), a

notícia apresenta a seguinte estrutura composicional:

1) O título – segundo o manual de redação e estilo – O Globo (2001, p. 51), o título

refere-se ao “anúncio da notícia, concentrado no fato que provavelmente mais

despertará atenção.” Para Erbolato (1991, p. 130), “o título reflete o tom da

matéria.” Em geral apresenta grafado de forma bastante evidente, no intuito de

instigar a atenção do leitor. Outra questão importante no diz respeito ao título

refere-se à grafia dos verbos, os quais aparecem comumente no tempo presente,

haja vista que o texto noticioso trata-se de relatos de fatos pertencentes a um

passado recente, imediato (cf. Manual de redação e estilo - O Globo, 2001 p. 51).

2) O título auxiliar - Este tem como função complementar o título principal,

acrescentando-lhe informações, de forma a torná-lo mais atrativo.

3) O lead – refere-se ao primeiro parágrafo da notícia e normalmente sintetiza os

traços peculiares condizentes ao fato, apresentando o que há de mais importante no

texto.

4) Corpo da notícia – Também denominado por Lage (2004) de documentação,

cuja função é complementar o lead, exposto na notícia por alguns parágrafos que

se ocupam do detalhamento das informações. O Manual de redação e estilo – O

Globo (2001) declara que:

O bom lead é aquele que faz o leitor continuar a ler. Exige-se apenas que não

haja fraude: o que o lead promete, o resto da matéria precisa apresentar. E aquilo que o lead diz ser importante deve receber no desenvolvimento da

matéria, destaque e espaço correspondente a essa importância. (MANUAL

DE REDAÇÃO,... 2001, p. 32).

Segundo o Manual de redação e estilo (2001), no que diz respeito à estrutura da

notícia, “o esquema clássico é o da pirâmide invertida: alimenta-se o início da matéria com os

fatos mais relevantes, e o conteúdo dos parágrafos que se seguem vai decrescendo em

Page 28: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

27

importância” (MANUAL DE REDAÇÃO,..., 2001, p. 35). De acordo com o referido

documento, a notícia deve responder a seis perguntas: Quem? Quê? Quando? Onde? No lead

e Por quê? Como? No corpo da notícia.

+ Importância

- Importância

O elemento Quem se refere aos sujeitos envolvidos no relato; Quê se refere ao fato

noticiado, ou seja, o que aconteceu; Quando diz respeito ao tempo; Onde diz respeito ao

lugar; Por quê se refere as circunstâncias e Como é o modo como aconteceram os fatos.

Tais elementos, segundo os manuais de redação, constituem a técnica de redação

utilizada para chamar a atenção do leitor a fim de que este desperte o interesse pela leitura da

notícia, fornecendo-lhe informações mais precisas.

No entanto, é preciso considerar que a utilização desses elementos não garante a

objetividade e a imparcialidade defendida pelos manuais de redação, conforme assinala

Nascimento (2009). O gênero textual notícia enquadra-se no domínio discursivo jornalístico.

Como salienta Marcuschi (2008, p.194), “os domínios discursivos produzem modelos de ação

comunicativa que se estabilizam e se transmitem de geração para geração com propósitos e

efeitos definidos e claros”. Sendo a notícia um gênero pertencente ao jornalístico, é possível

perceber que essa apresenta propósitos muito claramente definidos desde a seleção daquilo

que será noticiado, a forma como será noticiado, a escolha que é feita tanto no que se refere

ao léxico como no que se refere à distribuição das informações na superfície textual.Entende-

se ainda que não só no gênero notícia, mas como em qualquer, outro, o uso da linguagem é

intencional, ainda que quem produza não se dê conta dessa intencionalidade.

É interessante perceber que alguns manuais definem que a notícia é um gênero que

prima pela objetividade e imparcialidade. Erbolato (1991, p. 91) afirma: “é difícil escrever

com imparcialidade, porque o jornalista, ao narrar um acontecimento, pode encará-lo do ponto

de vista favorável aos seus interesses e sujeito às suas emoções momentâneas.” Ora, se

LEAD– Quem? Quê?

Quando? Onde?

CORPO –Por quê?

Como?

Page 29: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

28

considerarmos que toda ação de linguagem é feita com uma intencionalidade, essa concepção

logo perde a sua força e razão de existir. É por meio da linguagem que o homem se comunica

com os demais, sendo essa uma “forma de ação sobre o mundo dotada de intencionalidade”

(KOCH, 2011, p.15). Dizer que há na notícia uma imparcialidade é não considerar como

válida a afirmação de que “a todo e qualquer discurso subjaz uma ideologia”. “A neutralidade

é apenas um mito: o discurso que se pretende “neutro”, ingênuo, contém também uma

ideologia – a da sua própria objetividade”, conforme expõe Koch (2011, p. 17).

Para ilustrar como se dá o posicionamento do locutor responsável pela notícia com

relação ao que está sendo relatado, apresentamos uma notícia publicada no portal G1, a título

de ilustração. Para tal aplicaremos os critérios de análise utilizados por Nascimento (2009), a

respeito da polifonia de locutores.

12/07/2013 07h55 - Atualizado em 12/07/2013 10h01

Dilma diz que manifestações não podem interromper estradas Para a presidente, 'direito de ir e vir é fundamental' e 'democrático'.

Ela deu a declaração no Uruguai, onde participa de reunião do Mercosul.

Do G1, em Brasília

A presidente Dilma Rousseff disse na noite desta quinta-feira (11), ao desembarcar no Uruguai, que

manifestações como as que ocorreram durante protestos das centrais sindicais não podem interromper

estradas.

Ao longo desta quinta, Dia Nacional de Lutas com Greves e Mobilizações organizado por centrais sindicais

e movimentos sociais, pelo menos 156 cidades de todos os estados do Brasil e do Distrito Federal tiveram

protestos. Durante todo o dia, mais de 80 trechos de rodovias em 18 estados foram parcial ou totalmente

bloqueadas por manifestantes.

"Eu considero que em qualquer manifestação onde haja interrupção de rodovias e que se tenha atos de

violências, eles [os responsáveis] têm que ser condenados. O direito de ir e vir é fundamental, é

democrático. Ninguém pode manifestar-se interrompendo estradas", afirmou a presidente a jornalistas na

porta do hotel em que está hospedada em Montevidéu.

Disponível emg1.globo.com/.../dilma-diz-que-manifestacoes-nao-podem-interromper

Page 30: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

29

No texto noticiado acima, pode-se perceber que o locutor responsável pela notícia

(doravante L1), representado pelo site de notícia do G1, veicula informações dando conta da

não concordância da presidente com os atos de manifestações que bloqueiam estradas. A fala

da presidente constitui marca de um segundo locutor (doravante L2), que é apresentado para

se somar ao que noticia o locutor responsável pela notícia.A junção do que apresenta L1 mais

a fala transcrita da presidente (L2) constitui a polifonia do texto analisado. A presença desse

segundo locutor se faz notar no texto logo no título da notícia quando em discurso indireto o

G1 apresenta a seguinte informação: Dilma diz que manifestações não podem interromper

estradas. Nos termos em que coloca Nascimento (2009), o uso do estilo indireto, sem aspas

ou outro elemento que denote distanciamento, já revela um engajamento do locutor

responsável pela notícia (L1), com o discurso de L2 (Dilma).

No corpo da notícia, encontramos mais uma vez a fala do segundo locutor e, nesse

caso, no estilo direto, entre aspas: "Eu considero que em qualquer manifestação onde haja

interrupção de rodovias e que se tenha atos de violências, eles [os responsáveis] têm que ser

condenados. O direito de ir e vir é fundamental, é democrático. Ninguém pode manifestar-se

interrompendo estradas”, afirmou a presidente a jornalistas na porta do hotel em que está

hospedada em Montevidéu.

A introdução do relato no estilo direto, entre aspas, marca, a priori, um distanciamento

de L1 com relação ao discurso de L2, o que implica que o locutor responsável pela notícia não

se responsabiliza pelo discurso de Dilma, nos termos em que coloca Nascimento (2009). No

entanto, esse relato é apresentado no texto pelo verbo discendi1 afirmar, classificado por

Nascimento (2009) como modalizador epistêmico asseverativo2. Esse verbo, além de

introduzir o discurso, apresenta esse discurso como algo verdadeiro, uma vez que afirmar

significa dizer + certeza. Assim, ao apresentar o discurso de Dilma como um discurso

pertencente ao campo da certeza, o locutor responsável pela notícia acaba se engajando com o

discurso de Dilma e “denunciando”, no próprio texto, um posicionamento a respeito do que

foi relatado. Em outras palavras, podemos afirmar que o locutor responsável pela notícia

adota a legalidade do referido discurso, porém isenta-se da responsabilidade do que foi dito e

lança a responsabilidade para o segundo locutor, ao utilizar o estilo direto.

1Segundo Nascimento (2009), os verbos discendi são aqueles verbos utilizados para introduzir relatos no interior de um texto, a exemplo dos verbos dizer e falar. 2 O autor apresenta a modalização como uma estratégia argumentativa que permite ao locutor emitir um julgamento a respeito do próprio dito. No que se refere aos modalizadores epistêmicos asseverativos, o autor afirma que são aqueles modalizadores que apresentam o conteúdo do enunciado como algo verdadeiro.

Page 31: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

30

Assim, percebe-se que na construção do texto jornalístico o autor se vale de diferentes

estratégias para ir demarcando posicionamento a respeito do que relata e dos discursos que

apresenta no seu texto. A própria escolha dos estilos de discurso (direto e/ou indireto) utilizados

revela que há uma intencionalidade bem marcada no que se pretende transmitir como informação.

Isso nega, a priori, a pretensa objetividade e imparcialidade defendida pelos manuais de redação,

como defende Nascimento (2009).

1.4 Os gêneros textuais como objeto de ensino

Trabalhar com gêneros textuais da esfera discursiva da comunicação social, a exemplo

da notícia, como é o caso desse trabalho, permite-nos, enquanto mediadores do processo de

ensino e aprendizagem, refletir acerca de nossa prática em sala de aula, no que se refere à

forma como trabalhamos os textos com os nossos alunos. Muitos professores, movidos pela

falta de conhecimento com relação aos critérios que devem ser atendidos no ato da leitura de

um gênero, bem como na sua produção escrita, podem acabar por inviabilizar o processo de

formação de sujeitos críticos e reflexivos para atenderem as necessidades que demandam das

práticas sociais da sociedade na qual estão inseridos.

Refletindo a esse respeito, Nascimento (2010, p. 85) afirma ser “necessário que o

professor tenha um conhecimento mínimo sobre o gênero com o qual se tece o texto que vai

trabalhar.” No caso do presente trabalho torna-se essencial o conhecimento acerca do gênero

notícia para que se possa desenvolver investigações de caráter intervencionista no processo de

produção do referido gênero, em sala de aula.

Os estudos acerca dos gêneros textuais ou discursivos têm suscitado inovações na

prática de ensino de Língua Portuguesa. Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN

(BRASIL, 2001) recomendam a utilização dos gêneros textuais como objeto de ensino para a

prática de leitura e de escrita, associados à reflexão sobre o uso social da linguagem (análise

linguística). Tal abordagem remete à noção de gêneros do discurso proposta por Bakhtin

(2000[1979]), que se fundamenta nos usos da linguagem vinculados ao contexto social.

Com base nessa concepção de linguagem, Bakhtin (2000[1979], p.279) define gêneros

do discurso como “tipos relativamente estáveis de enunciado,” afirmando ainda que esses se

adaptam facilmente às mudanças sociais, modificam-se com o surgimento de novas

interações. Segundo Nascimento (2010, p.57), tal definição serve de alerta para “percebermos

que os textos não são apenas estruturas linguísticas, mas que seu objetivo principal é a

interação verbal e que em função dessa interação, os gêneros se modificam.” Para Bakhtin, a

Page 32: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

31

variedade de gêneros vincula-se ao surgimento das atividades humanas com finalidades

discursivas específicas. É nesse sentido que o próprio autor afirma que: “cada esfera da

atividade humana, comporta um repertório de gêneros do discurso que vai diferenciando-se à

medida que a própria esfera se desenvolve e fica mais complexa” (BAKHTIN, 2000[1979], p.

279).

Bronckart (1999, p. 103, apud, Marcuschi, 2008, p. 154) aponta que “a apropriação

dos gêneros é um mecanismo fundamental de socialização, de inserção prática nas atividades

comunicativas humanas,” isto é, os gêneros textuais são instrumentos os quais os sujeitos

dispõem para sua atuação nos diferentes domínios da atividade humana.

De acordo com Marcuschi (2008), os gêneros textuais são fenômenos históricos

vinculados à vida cultural e social, os quais contribuem para ordenar e estabilizar as

atividades comunicativas no cotidiano das pessoas.

Nessa perspectiva, trabalhar com a diversidade de gêneros textuais sugere propiciar ao

professor atentar para elementos que influenciam o cotidiano dos educandos. O trabalho com

as diversidades textuais que se fazem presentes nas esferas sociais proporciona aos educandos

a identificação e o uso das estruturas textuais para a compreensão de que os textos se

configuram diferentemente, em vários aspectos, em função das intenções comunicativas de

quem o produziu como pontua Bakhtin (2000[1979]).

Portanto, faz-se necessário enfatizar que o trabalho com gêneros textuais não se

restringe apenas a ensinar os educandos as estruturas de um texto, isso é importante, mas não

é o essencial. É fundamental, portanto, que o professor se preocupe com a necessidade de

desenvolver a competência textual de seus alunos. Para tal, é necessário que o professor

busque estratégias em sua atividade pedagógica e considere o trabalho com gêneros textuais

como uma prática de ensino de língua no desenvolvimento de suas atividades comunicativas.

Segundo Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p. 75), o trabalho com gêneros textuais é

um megainstrumento “que fornece um suporte para a atividade, nas situações de

comunicação, e uma referência para os aprendizes.” Esses autores afirmam ainda que: “Toda

introdução de um gênero na escola é o resultado de uma decisão didática que visa a objetivos

precisos de aprendizagem” (op. cit., p. 80). Logo, no âmbito escolar, o gênero passa a ser não

apenas um mero instrumento de comunicação, mas instrumento decisivo no

ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa, enquanto objeto de ensino, segundo a orientação

dos PCN (BRASIL, 2001) e, principalmente, por seu papel nas diferentes situações

comunicativas, por se caracterizar na acepção bakhtiniana, como forma de discurso.

Page 33: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

32

Marcuschi (2008, p. 151) considera os gêneros textuais como “uma fértil área

interdisciplinar, com atenção especial para o funcionamento da língua e para as atividades

culturais e sociais.” Esse autor concebe que “a língua é um fenômeno histórico, cultural,

social e cognitivo que varia ao longo do tempo e de acordo com os falantes: ela se manifesta

no seu funcionamento e é sensível ao contexto” (MARCUSCHI, 2008, p. 240).

Uma vez que os gêneros estão estreitamente relacionados com o cotidiano e com as

relações travadas em sociedade, não se pode compreender a noção de gênero desprendida das

experiências vivenciadas a todo tempo.

Diante do exposto, percebe-se a importância do ensino de gêneros na escola, no que se

refere à formação de leitores e produtores textuais competentes, que, segundo os Parâmetros

Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (BRASIL, 2001, p. 65), é alguém que... “sabe

selecionar o gênero no qual seu discurso se realizará escolhendo aquele que for apropriado a

seus objetivos e à circunstância enunciativa em questão.” Para tal, há de se considerar a

importância da formação do docente em priorizar os gêneros como manifestações históricas e

sociais do cotidiano textual de seus alunos.

Em se tratando da utilização do gênero notícia no processo de ensino e aprendizagem,

Nascimento (2009) assinala que as propostas de atividades nos materiais didáticos utilizados

nas escolas, de Ensino Fundamental e Médio, ainda são muito tímidas. Nesse sentido, o autor

faz a seguinte afirmação:

O gênero da notícia jornalística é abordado de maneira reducionista, em

atividades que solicitam dos alunos apenas a busca de informações específicas, tais como o local e a data em que determinados fatos

aconteceram, ou o nome dos personagens envolvidos na história, dentro do

material linguístico (NASCIMENTO, 2009, p. 13).

De acordo com esse autor, não é recomendável utilizar-se do texto da notícia “apenas

para que o aluno recupere os fatos veiculados” (NASCIMENTO, 2010, p. 62), ou seja, o que

está explícito no texto. Para o autor, “é importante preparar o aluno para ir além do óbvio no

gênero notícia, tornando-o capaz de ler e analisar como o fato é relatado e com que intenções

o relato é feito” (p. 64). O mesmo ocorre com relação à produção escrita, cujo objetivo nessa

concepção de ensino é conduzir o aluno a produzir textos com objetivos definidos,

considerando as características sócio comunicativas do gênero que está sendo produzido. É

nessa perspectiva, que se baseia o presente trabalho.

Logo, estudar o gênero notícia requer uma profunda reflexão acerca do seu contexto

de produção, como forma de viabilizar o estudo da Língua materna, em situações reais que

Page 34: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

33

envolvem a língua em uso. Nesse sentido é interessante observar o que afirma os PCN

(BRASIL, 2001):

Todo texto pertence a um determinado gênero, com uma forma própria, que

se pode aprender. Quando entram na escola, os textos que circulam socialmente cumprem um papel modelizador servindo como fonte de

referência, repertório textual, suporte intertextual. A diversidade textual que

existe fora da escola pode e deve estar a serviço da expansão do

conhecimento letrado do aluno (BRASIL, 2001, p. 34).

O referido documento enfatiza a importância de oportunizar ao aluno, a construção do

conhecimento acerca das características discursivas da linguagem tão essencial para a

participação no mundo letrado, a partir do contexto de vida em que o aluno encontra-se

inserido, e dessa forma priorizar o ensino na perspectiva de aprendizagens significativas, ou

seja, uma aprendizagem pautada num ensino contextualizado, mais produtivo focado no uso

da língua, no processo de interação verbal, conforme os pressupostos teóricos de Bakhtin

(2000[1979]). Ao partir do uso da língua para ensinar os alunos, urge a necessidade de que o

professor considere a diversidade de textos noticiosos existentes, que circulam na comunidade

na qual os alunos estão inseridos e que fazem parte do seu cotidiano.

Nesse contexto, em se tratando do gênero notícia, é fundamental que o professor

reflita sobre sua postura frente às novas concepções de ensino de leitura e escrita desse gênero

e atue de forma que promova um ensino pautado no real funcionamento da língua e,

consequentemente, do referido gênero, conduzindo o seu aluno a posicionar-se de forma

competente como produtor textual, cuja escrita atende aos critérios de uso e constituição de

um gênero, conforme Bakhtin (2000[1979]). No caso da notícia, o aluno deve estar convicto

de que sua produção se submeterá a situação de comunicação na qual ele se encontra inserido,

qual seja a divulgação dos fatos sociais.

Page 35: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

34

II – ESCRITA E ENSINO

Neste segundo capítulo, discutimos o ensino da escrita, tendo como principal foco as

discussões apresentadas por estudiosos como Antunes (2003), Geraldi (2006), Passarelli

(2004), entre outros. Abordamos, mais especificamente, as seguintes temáticas: concepções

de língua e de texto; concepções de escrita; a produção escrita na concepção

sociointeracionista e suas implicações para o ensino. Ainda neste mesmo capítulo,

apresentamos a abordagem metodológica da Sequência Didática, proposta por Dolz, Noverraz

e Schneuwly (2004) para o ensino de leitura e produção de gêneros textuais/discursivos.

2.1 Um panorama sobre o ato de escrever na escola

A noção de linguagem como uma atividade de caráter social que se cumpre por meio

das interações verbais tem instigado algumas modificações a respeito do ensino da produção

de textos escritos, nas práticas dos professores de um modo geral. Apesar de alguns sinais

dessa mudança, persiste “uma prática pedagógica que, em muitos aspectos, ainda mantém a

perspectiva reducionista do estudo da palavra e da frase descontextualizadas,” conforme

Antunes (2003, p. 19). Essa autora afirma que muitas ações institucionais têm sido realizadas

no intuito de incentivar e alicerçar uma reorientação dessa prática, porém “as experiências de

renovação, infelizmente, ainda não ultrapassam o domínio de iniciativas assistemáticas,

eventuais e isoladas” (op. cit.), o que implica segundo Antunes, no insucesso escolar, que se

manifesta de diversas formas:

Logo de saída, manifesta-se na súbita descoberta, por parte do aluno, de que “não sabe português”, de que “o português é uma língua muito difícil.”

Posteriormente, manifesta-se na confessada (ou velada) aversão às aulas de

português e, para alguns alunos, na dolorosa experiência de repetência e

evasão escolar (ANTUNES, 2003, p. 20).

Diante dessa conjuntura, desperta-se no aluno, segundo Antunes (2003), um

sentimento de frustração perante as demais disciplinas, bem como a plena convicção de que

“é incapaz, de que é linguisticamente deficiente, inferior, não podendo, portanto, tomar a

palavra ou ter voz para fazer valer seus direitos, para participar ativa e criticamente daquilo

que acontece a sua volta”(ANTUNES, 2003, p. 20). A referida autora acrescenta que o aluno

nesse contexto, naturalmente, assim como tantos outros, ficará “à margem do entendimento e

das decisões de construção da sociedade” (op. cit.).

Page 36: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

35

Para Antunes, há de se considerar também o fato de que problemas extra escolares

interferirem de forma definitiva na deliberação desse resultado, haja vista que “a escola, como

qualquer outra instituição social, reflete as condições gerais de vida da comunidade em que

ela se encontra inserida” (ANTUNES, 2003, p. 20). Porém, evidencia-se que questões internas

à escola condicionam a qualidade e a relevância dos resultados obtidos (cf. p. 20).

Com relação às atividades em torno da escrita, Antunes (2003, p. 25), estabelece

alguns problemas e equívocos ainda muito corriqueiros na escola. Segundo a autora, trata-se

de “um processo de aquisição da escrita que ignora a interferência decisiva do sujeito

aprendiz na construção e na testagem de suas hipóteses de representação gráfica da língua”.

Outro equívoco apresentado por Antunes refere-se à prática de uma escrita mecânica e

periférica, centrada, inicialmente, nas habilidades motoras de produzir sinais gráficos e, mais

adiante, pura e simples de regras ortográficas. A autora chama a atenção para o fato de a

escola ainda estar muito limitada ao ensino de nomenclaturas gramaticais e atividades de

memorização, “alicerçando-se na concepção de que um texto bem redigido, trata-se de um

texto sem erros ortográficos” (ANTUNES, 2003, p. 25).

Outro fator apresentado por Antunes (2003, p. 25), como inadequação da escola com

relação às atividades de escrita, é que as atividades são desvinculadas do contexto

comunicativo. A escola prioriza, ainda, “a prática de uma escrita sem função, destituída de

qualquer valor intencional, sem autoria e sem recepção”, ou seja, uma escrita sem a referência

do outro, a quem deve adequar-se todo o seu texto, como enfatiza Antunes. A referida autora

pontua também que o processo de aprendizagem da escrita na escola encontra-se ainda muito

atrelado a exercícios gramaticais, como ponto de partida para a competência escrita dos

alunos, e que a atividade de escrita é executada de forma improvisada, sem qualquer

planejamento e revisão, „na qual o que conta é, prioritariamente, a tarefa de realizá-la, não

importa “o que se diga” e o “como se faz”‟ (ANTUNES, 2003, p. 25).

Com base nesses problemas e equívocos ainda existentes na escola, conforme a citada

autora, apresentada, pode-se postular que ao aluno é imputado a missão de realizar a escrita

textual de forma súbita, ou seja, “„à queima roupa‟, com prazo determinado (alguns minutos),

com destinatário invariável (normalmente, o professor) e numa forma fixa (textos

predominantemente dissertativos),” como pontua Francelino (2011b, p. 58). Esse autor afirma

que, com relação às etapas de elaboração do texto, pode-se acrescentar que:

O aluno já traz em si, de forma arraigada, a ideia do “passar a limpo” o texto,

ou seja, a ideia da “higienização”, como se ele fosse um artefato “sujo”. Esse procedimento, muito mais do que propiciar um trabalho de avaliação do

texto por parte do aluno, consiste em, na maioria das vezes, numa

Page 37: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

36

preocupação estética da organização dos elementos linguísticos no papel

(FRANCELINO, 2011b, p. 59).

Geraldi (2006) também tece algumas considerações acerca da problemática da escrita

na escola e, nesse sentido, ele enfatiza que tal atividade é realizada de forma puramente

mecânica, descontextualizada de uma situação real de comunicação, visto que tal atividade

objetiva atender as necessidades formais da escola. Assim, o aluno não atua como sujeito-

autor de suas produções, de seus discursos. O referido autor esclarece que há uma distância

muito grande em produzir um texto e fazer uma redação escolar, haja vista que a redação

escolar constitui-se como um exercício pontual que tem o professor como único interlocutor,

anulando a possibilidade de o aluno se revelar como alguém que escreve para alguém, e nessa

perspectiva emprega-se a nota como finalidade da escrita. Na maioria das vezes, escreve-se

sem um preparo prévio e a correção também não possibilita a reescrita; nesse sentido,

segundo Geraldi (2006), o aluno estaria cumprindo a sua função aluno.

Diferentemente da redação escolar, a produção textual é um processo, com as etapas

prévias para a escrita, como leitura, debate, pesquisa e elaboração textual. Da mesma forma, o

texto não se encerra na entrega da versão inicial, pois há as etapas de avaliação e reescrita.

Nesse caso, conforme Geraldi (2006), o aluno estaria cumprindo sua função aluno sujeito.

De acordo com Passarelli (2004, p. 17), a grande problemática enfrentada pelos alunos

frente ao ato de escrever, assim como o sentimento de impotência que uma grande parte dos

professores de língua portuguesa sente diante de sua insatisfação pelo que vem desenvolvendo

em termos do ensino de língua, de fato, “não se trata de uma crise na ou da linguagem, mas

de uma crise na capacidade de estruturar adequadamente um texto”. Essa crise, segundo a

autora, resulta de uma combinação de razões, entre elas “inadequação do que se ensina,

métodos, meios de formação e recrutamento de professores também inadequados e

ultrapassados para os termos de uma sociedade em mudança” (PASSARELLI, 2004, p. 18).

Tal situação acarreta um quadro de insatisfação na esfera escolar, diante do que vem

permeando sobre os atores envolvidos no processo ensino-aprendizagem de Língua

Portuguesa, haja vista que, de um lado, encontram-se estudantes desacreditados no que se

refere à sua própria capacidade linguística, por outro, posiciona-se o professor que, por não

saber lidar com o insucesso que vem obtendo diante dessa conjuntura, habitualmente profere a

dificuldade de seus alunos em se expressar, conforme Passarelli (2004).

A prática de produção textual em sala de aula tem se mostrado bastante desafiadora, e

segundo Pereira (2010) isso não é exclusivo dos alunos. A referida autora esclarece que:

Page 38: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

37

Os professores também sentem dificuldade na condução do processo,

principalmente quando ele já vem participando das discussões a respeito do

que significa trabalhar a produção textual com base na teoria dos gêneros textuais e procura se adaptar, digamos, a essa “nova metodologia”

(PEREIRA, 2010, p. 172).

Para Antunes (2003), é preciso considerar o contexto social que permeia a vida dos

indivíduos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, pois as condições de vida em que

se encontram esses sujeitos serão decisivas nos resultados que se pretende e necessita

alcançar. A esse respeito, Francelino (2011b, p. 56) afirma que “o professor precisa lidar com

variáveis que envolvem o contexto dessa produção, incluindo aí fatores como motivação,

emoção, vivência do aluno e outros mais”.

Nesse sentido, o processo de ensino da escrita no âmbito escolar torna-se ainda mais

complexo, quando averiguado dentro do contexto da Educação de Jovens e Adultos, no qual

se pauta o referido trabalho, por se tratar de uma modalidade de ensino destinada “àqueles que

não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade

própria” (cf. Lei de Diretrizes e Bases – LDB, 1996, art. 37), e em que se encontram

contextos de vida e formas de ser os mais diversos. Tais alunos portam:

Traços de vida, origens, idades, vivências profissionais, históricos escolares, ritmos de aprendizagem e estruturas de pensamentos completamente

variados. A cada realidade corresponde um tipo de aluno e não poderia ser

de outra forma, são pessoas que vivem no mundo adulto do trabalho, com responsabilidades sociais e familiares, com valores éticos e morais formados

a partir da experiência, do ambiente e da realidade cultural em que estão

inseridos (SECAD, 2006, p. 4).

Dentre os vários fatores que comprometem a viabilização do processo ensino-

aprendizagem, e de uma forma especial a produção escrita dos alunos, que é o cerne desse

trabalho, Passarelli, pontua que:

O sistema de ensino cerceia a criatividade e a iniciativa tanto dos alunos

como dos professores; os currículos são inadequados às necessidades e às potencialidades reais dos estudantes, assim como aos anseios da

comunidade; os professores encontram-se técnica e pedagogicamente

despreparados, desatualizados, em geral, por falta de incentivos profissionais (PASSARELLI, 2004, p. 18).

Segundo essa autora, os alunos apregoam não gostar de produzir textos escritos; vale

considerar que tal opinião é reiterada por Cagliari (1995, p. 169, apud, Passarelli, 2004, p. 20)

que parece retratar a fala dos estudantes por meio dos seguintes questionamentos: “que graça

tem a escola? Para que serve ler e escrever?” Para Passarelli, no que se refere a tais

indagações, é perceptível o descontentamento dos sujeitos envolvidos no processo de

produção da escrita. Nesse contexto, Passarelli (2004) questiona: “por que o aluno não se

Page 39: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

38

sente à vontade para escrever textos? O que contribui para que tantos estudantes sintam

aversão à produção escrita?” (p. 20). Na visão desta autora, para se conseguir uma atenuação

com relação à aversão à produção de texto escrito urge a necessidade de uma mudança de

enfoque, visto que, o ensino de escrita centra-se no produto final, e possivelmente, a produção

escrita dos alunos será avaliada pelo professor pelos cânones da normatividade.

Nesse sentido, Passarelli (2004, p. 26), orienta que a primeira providência consiste em

“esclarecer os alunos acerca do processo que envolve o ato de escrever, desmistificando a

crença de que redigir só é viável para eleitos que já nasceram com esse „dom‟”. Essa autora

enfatiza que, na busca da produtividade no ensino, tais esclarecimentos devem propiciar ao

aluno a convicção de que para se galgar o produto final se faz necessário o cumprimento de

uma série de operações e que para cada fase constitutiva no ato da escrita existem

procedimentos peculiares, tais como planejar, traduzir ideias em palavras e revisar.

De acordo com Passarelli, ao enfatizar o texto escrito como produto, a escola

desconsidera a questão processual. Assim, a autora esclarece que, “em vez de propiciar um

espaço para experiências pessoais, as atividades escritas correspondem a episódios de

reprodução que priorizam exercícios gramaticais ou registram o conteúdo previsto pela

escola” (PASSARELLI, 2004, p. 26). A autora acrescenta também que “esse tipo de atividade

de produção de texto dá conta, tão somente, de uma solicitação do professor, que se constitui

como mais uma enfadonha tarefa escolar (op. cit., p. 27).

Um dos fatores de suma importância, mencionado por Passarelli (2004) no que se

refere à resistência dos alunos face às propostas de escritas, está relacionado ao

distanciamento dos temas propostos com a realidade de vida dos alunos. Azevedo e Tardelli,

(1994, apud PASSARELLI, 2004, p. 20) afirmam que inicialmente urge a necessidade do

entendimento de que “produzir um texto na escola é realizar uma atividade de elaboração que

vai sendo apurada nas situações interlocutivas que se criam em sala de aula; é um trabalho de

reflexão individual e coletiva e não um ato mecânico, espontâneo ou meramente reprodutivo”.

Para Pasarelli (2004, p. 80), a escrita é concebida como “um processo aparentemente

desordenado que objetiva alcançar a clareza”, e que apesar de os modelos processuais, a uma

primeira vista, não parecerem ancorados numa dimensão social, “a escritura não é apenas um

processo cognitivo interno, voltado para o indivíduo: é, também, uma resposta às convenções

discursivas decorrentes dos procedimentos, preferidos de criar e comunicar conhecimentos em

determinadas comunidades”. Essa autora acresce ainda que a única forma de averiguar a

função de um texto é por meio da “observação dos contextos em que esses textos

desempenham atividade comunicativa” (op. cit.).

Page 40: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

39

Passarelli (2004, p. 20), tece algumas críticas acerca dos objetivos do ensino do texto

escrito na escola dos tempos atuais e declara que “na pedagogia da expressão escrita concebe-

se que as estratégias se voltem „a classificação e quantificação dos erros‟”, ou seja, o ensino

da escrita centrado nos erros dos textos dos alunos, consolidando assim, um ensino puramente

normativo. A mencionada autora acrescenta também que “nossa tradição escolar adota uma

classificação com a qual pretende ensinar a redigir três tipos de textos – a descrição, a

narração e a dissertação” (op. cit.). Passarelli afirma que, no que diz respeito ao trato das

exigências formais da escola tais como: as provas, exames vestibulares, a grande expectativa é

de que o aluno redija utilizando-se de forma precisa cada um dos tipos de textos acima

mencionados, o que concretiza a categorização da produção escrita, e por isso, não se

constitui como ensino do texto escrito, o que implica que “a escrita nem sempre é ensinada,

embora seja cobrada mediante exercícios baseados em técnicas convencionais restritas à

identificação de textos descritivos, narrativos e dissertativos” (PASSARELLI, 2004, p. 21).

Diante do exposto, percebe-se que o ensino da escrita, na perspectiva comentada por

Passarelli (2004), acontece de forma descontextualizada do contexto social, o que corrobora

com a declaração de Nascimento (2007) a respeito do ensino da escrita nas aulas de língua

portuguesa nas quatro últimas séries do ensino fundamental, bem como no ensino médio. Esse

autor declara que “o único propósito da escrita é o da correção gramatical” (idem, p. 212), e

enfatiza a preocupação do professor em apresentar ao aluno técnicas de narração, descrição e

dissertação, induzindo-os a imitar autores consagrados da literatura e, no caso de um texto

noticioso, no qual se pauta o presente trabalho, o aluno deve submeter-se a imitação de

renomados mestres do jornalismo, o que acarreta para o aluno ser avaliado por meio de uma

nota a qual corresponderá ao seu desempenho “que se limita na maioria das vezes, a

obediência da norma gramatical culta” (NASCIMENTO, 2007, p. 212).

A grande problemática, segundo Passarelli, não se refere simplesmente ao fato de o

“aluno ter um texto de autor consagrado como modelo, mas de só se mostrar que tal texto é

uma narração; o aluno é induzido a supor que escrever se resuma a fazer uma descrição, uma

narração, ou uma dissertação” (PASSARELLI, 2004, p. 21). A autora acrescenta ainda que “a

produção de um texto, tendo como ponto de partida um modelo, não implica reproduzi-lo ou

imitá-lo, mas (re) criá-lo” (p. 24). Logo, o problema reside na forma como a escola está

ensinando o texto escrito, e a esse respeito, Passarelli afirma que:

O problema é o modo da prática escolar, visto que, em geral, o professor

quer levar os estudantes a escrever exatamente como ele ensinou. Isso seria

impossível, já que a produção textual não se limita a imitar, reproduzir. Não

Page 41: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

40

há por que desconsiderar o modelo desde que ele não seja um molde ou

forma e que dê espaço à criação (PASSARELLI, 2004, p. 25).

Diante dessa afirmação, percebe-se a emergente necessidade em considerar a forma

como o aluno opera com os modelos, a partir de seu universo de experiência, como pontua

Passarelli (2004). Outro equívoco registrado por essa autora refere-se ao fato de que para

escrever o indivíduo precisa ter um talento especial, haja vista que “o texto escrito é

apresentado com uma aura mítica” (PASSARELLI, 2004, p. 21), o que contraria a visão dessa

autora, pois para ela, “todos os indivíduos possuem habilidades para realizar processos e,

portanto, têm estratégias próprias de produção textual escrita e ritmo de trabalho”

(PASSARELLI, 2004, p. 80). A referida autora reconhece que escrever não é uma tarefa fácil,

ela deve ser aprendida, e nesse processo, se faz necessário que o aprendiz tenha a convicção

de que:

Para escrever, é preciso dar-se conta de que somente com muito empenho e

reflexão, elaborando texto(s) provisório(s), revisando, revisando e revisando, trocando idéias, buscando mais informação, conversando com outras pessoas

e, às vezes, reescrevendo tudo de novo é que os escritores conseguem

escrever o que pretendem dizer. E nem sempre ficam satisfeitos (PASSARELLI, 2004, p. 81).

Pensar na escrita como dom seria o mesmo que imaginar que alguém pudesse passar

para o papel suas ideias, as quais brotariam independentemente das etapas de produção da

escrita; constituindo-se, assim, em algo “fenomenal”. Considerar a escrita como dom seria

negar que, para sua efetiva constituição, entram em cena algumas técnicas que cooperam para

a concretização do texto escrito. Segundo Antunes (2003, p. 54) “a escrita compreende etapas

distintas e integradas de realização (planejamento, operação e revisão)”, que serão explanadas

de forma detalhada mais adiante no referido trabalho.

Para assumir uma postura que propicie os alunos a organizarem seus textos escritos,

urge a necessidade de que o professor desvincule-se de determinados procedimentos

legitimados pelo nosso sistema escolar, como pontua Passarelli (2004).

Convém ainda assinalar que o ato de escrever é uma tarefa complexa e que se constitui

em uma fonte histórica e profícua de pesquisas no campo dos estudos da linguagem. Muitos

linguistas e estudiosos interessados nessa área dedicam atenção especial, na busca da

descoberta das múltiplas facetas envolvidas na construção do conhecimento acerca do

significado de escrever.

Page 42: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

41

2.2 Concepções de língua e de texto

De acordo com Antunes (2003, p. 39), a toda atividade de ensino de língua subjaz,

“uma determinada concepção de língua... de suas funções, de seus processos de aquisição, de

uso e de aprendizagem”. Nesse sentido, em tudo que se realiza em sala de aula estão

implícitos postulados, a partir dos quais os fenômenos linguísticos são apreendidos. Nesse

sentido, somente por meio de um claro entendimento da concepção de língua e interação que

subjaz a prática do professor em sala de aula é que se tem condições de efetuar reflexões

acerca dos resultados apresentados. A esse respeito, Koch (2011) apresenta as três principais

concepções de linguagem, bem como a sua aplicação.

A primeira concepção refere-se à noção de “língua como representação do

pensamento”, na qual o sujeito é considerado como senhor absoluto de sua vontade e de suas

ações, e nesse caso posiciona o interlocutor a um papel de passividade pela incumbência de

apenas captar as ideias e as intenções do autor. Logo, a referida abordagem foca-se no autor e

trata o texto como produto do pensamento desse autor.

A segunda concepção corresponde à língua como estrutura ou código. Para essa

abordagem, o sujeito é “assujeitado” pelo sistema, caracterizado por uma espécie de „não

consciência‟ (KOCH, 2011, p. 14). Essa concepção foca-se o texto como “simples produto da

codificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte, bastando a este, para tanto,

o conhecimento do código utilizado” (KOCH; ELIAS, 2006, p. 10).

A terceira concepção é denominada por Koch e Elias de interacional ou dialógica.

Contrapondo-se às concepções antecedentes, a concepção interacional foca-se na interação

autor – texto – leitor e apresenta a língua a partir do seu uso. Desse modo, posiciona os

sujeitos em uma atuação ativa, que se constroem e interagem socialmente no texto, o qual é

considerado pelas autoras como “o próprio lugar da interação e da constituição dos

interlocutores” (op. cit.).

Esta última abordagem refuta a ideia de que texto é um produto pronto, acabado, mas

construído na interação, o que consolida o texto como uma atividade de produção de sentidos.

Semelhantemente, os sujeitos, usuários da linguagem, deixam de ser considerados como

emissor e receptor e passam a ser reconhecidos como interlocutores, uma vez que se utilizam

de uma gama de conhecimentos, a exemplo disso, os de caráter linguístico, no processo de

construção textual.

Page 43: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

42

Assim, percebe-se um diferencial da concepção interacionista com relação às duas

primeiras concepções anteriormente mencionadas, as quais não levam em consideração a

prática linguística, tampouco, a versatilidade da língua.

2.3 Concepções de escrita

Correlacionadas com as diferentes visões a respeito da língua, é possível verificar

também diferentes concepções sobre o ato de escrever. Nesse sentido, a escrita possui

distintas concepções, as quais produzem tendências de práticas que divergem acerca do ato de

escrever. Nesse sentido, Garcez (1998) apresenta três concepções de escrita, que definem a

prática do professor em sala de aula.

A primeira refere-se à experimental/positivista, cujo foco de atuação pauta-se no plano

da mensuração. Nessa vertente, a língua é tratada como um sistema pronto, acabado, no qual a

atividade de produção escrita efetua-se por meio de aplicação de ações, de maneira que

resultem em um produto final e que pode ser medido. Nessa perspectiva, a capacidade de

escrita corresponde ao conhecimento de regras e o domínio de vocabulário que o indivíduo

deve possuir. Trata-se, portanto, de uma concepção que adota a linguagem como um sistema

acabado, concluído, para a utilização dos indivíduos envolvidos no processo de comunicação.

O texto, por sua vez é concebido como produto de codificação – decodificação efetuada entre

escritor e leitor respectivamente.

Nessa abordagem, o sujeito é (pré) determinado pelo sistema linguístico, ou seja, as

atuações do produtor de texto escrito são previstas no âmago do próprio sistema, sendo

suficiente aos interlocutores, o conhecimento do código por eles utilizado.

O que se pode constatar a partir dessa perspectiva é a fragmentação das práticas de

ensino da escrita, cujo modelo de produção trata com exclusividade o produto final realizado

pelos alunos sem a devida preocupação com o processo de escrita do texto, ou seja, uma

desconsideração do contexto de produção no qual o texto escrito foi gerado.

Com base nessa perspectiva, muitas atividades são disseminadas pelos livros didáticos

e comumente praticadas na escola contemporânea. A esse exemplo, os famosos ditados de

palavras e uma gama de exercícios gramaticais, realizados de forma descontextualizada das

condições sociais de produção e dos implícitos textuais.

A segunda concepção de escrita, de acordo com Garcez (1998), refere-se à

cognitivista, focada no sujeito escritor e nos mecanismos mentais que são utilizados no

processo individual da escrita. Nesse caso subjaz uma concepção de linguagem como

Page 44: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

43

expressão/representação do pensamento e não se leva em consideração as experiências e o

conhecimento de mundo do sujeito interlocutor. O texto, nessa abordagem, constitui-se como

produto lógico, efeito da ação de representação mental do escritor. O sujeito, por sua vez, é

considerado como um indivíduo que possui o domínio no processo de comunicação.

Nessa perspectiva, Bunzen (2006, p. 148), afirma que o trabalho de produção escrita é

legitimado pela “pedagogia da exploração temática”, na qual o professor solicita aos alunos a

escrita de uma redação acerca de certo tema, sem deliberar um objetivo específico, o que

concretiza a superficialidade no processo de escrita, visto que, ao aluno, não é concedido o

esclarecimento quanto às condições de produção da linguagem.

No que se refere às duas concepções de ensino da escrita acima citadas, sabe-se que

ainda é bastante perceptível a sua presença nas escolas: essas ainda encontram-se inseridas na

prática pedagógica de uma grande parte dos professores de língua portuguesa, via atividades

metalinguísticas, as quais, segundo os Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa

(BRASIL, 2001, p. 38), “estão voltadas para a descrição, por meio de categorização dos

elementos linguísticos”.

A terceira concepção de escrita, apresentada por Garcez e denominada

sociointeracionista, revela a quebra de paradigma da concepção de língua enquanto

estrutura/sistema, uma vez que há uma ampliação com relação ao ato de escrever, salientando

que, para o aluno desenvolver as suas habilidades de escrita necessitará aprender a atuar em

situações de interação social, nas diversas esferas da comunicação humana. Essa abordagem

advoga que a escrita possui uma função social, na qual urge a necessidade do reconhecimento

do uso significativo da referida prática.

Com base nessa visão sociointeracionista, a produção escrita é concebida como uma

atividade que requer a participação conjunta dos sujeitos envolvidos no processo de

comunicação, haja vista que a escrita na perspectiva interacionista supõe “encontro, parceria,

envolvimento entre sujeitos, para que aconteça a comunhão das ideias, das informações e das

intenções pretendidas” (ANTUNES, 2003, p. 45). Antunes acresce que “a visão interacionista

supõe ainda que existe o outro, o tu, com quem dividimos o momento da escrita” (op. cit., p.

46).

Tal afirmação é corroborada por Geraldi (2003, p. 98) ao declarar que “o texto é o

produto de uma atividade discursiva onde alguém diz algo a alguém”. Esse autor acrescenta

ainda que “o outro insere-se já na produção como condição necessária para que o texto exista”

(op. cit., p. 102). Nesse sentido, o referido autor confirma que o produtor de texto escrito o faz

para outro, com quem interage, e mesmo que o sujeito escritor não tenha a consciência do seu

Page 45: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

44

ato, a interação é automática no momento da produção escrita, em virtude da necessidade de

ter o que dizer; ter para quem dizer; ter razões para dizer e ter condições de escolher

estratégias para dizer, e não apenas produzir preenchimento de linhas sem conteúdo

comunicativo, como pontua Geraldi.

Com base nessa perspectiva interacionista da linguagem, como um processo

essencialmente dialógico, Bakhtin/Volochinov (2002[1979])3 postula que:

Toda palavra comporta duas faces. Ela é determinada tanto pelo fato de que

procede de alguém, como pelo fato de que se dirige para alguém. Ela constitui justamente o produto de interação do locutor e do ouvinte. Toda

palavra serve de expressão a um em relação ao outro. Através da palavra,

defino-me em relação ao outro [...] A palavra é o território comum do

locutor e do interlocutor (BAKHTIN/VOLOCHINOV 2002[1979], p.

113).

As referidas declarações só confirmam que o texto é um instrumento de interação já a

partir de sua construção, e, nesse aspecto, refuta-se a ideia de trabalhar o texto como pretexto

para abordagens de tópicos puramente gramaticais e metalinguísticos. Nesse sentido, o

professor, conforme Antunes (2003, p. 47) “não pode, sob nenhum pretexto, insistir na prática

de uma escrita escolar sem leitor, sem destinatário; sem referência, portanto, para se decidir

sobre o que vai ser escrito”.

A concepção sociointeracionista possibilita ao produtor textual desenvolver uma

atividade que transcende a (de) codificação, visto que fatores extralinguísticos são

considerados como relevantes para fomentar conhecimentos prévios e instigar estratégias

interativas de produção de sentidos.

Na visão sociointeracionista de linguagem, os interlocutores são considerados como

sujeitos que atuam ativamente, que “constroem e são construídos no texto” como pontua

Koch (2011, p. 17). Nesse sentido, a referida autora acresce que “há lugar no texto para toda

uma gama de implícitos, dos mais variados tipos, somente quando se tem como pano de

fundo, o contexto sociocognitivo dos participantes da interação” (op. cit.).

Ancorado pelo sociointeracionismo, Marcuschi(2008) afirma que,

O texto acha-se construído na perspectiva da enunciação. E os processos

enunciativos não são simples nem obedecem a regras fixas. Na visão que aqui se está propondo, denominada sociointerativa, um dos aspectos centrais

no processo interlocutivo é a relação dos indivíduos entre si e com a situação

discursiva. Estes aspectos vão exigir dos falantes e escritores que se preocupem em articular conjuntamente seus textos ou então tenham em

mente seus interlocutores (MARCUSCHI, 2008, p. 77).

3 Embora se tenha questionado, nos últimos anos, a autoria do livro Marxismo e Filosofia da Linguagem, se se

trata de uma obra de Bakhtin ou de Volochinov, decidimos, neste trabalho, manter a referência apresentada na

edição por nós consultada, em obediência ao que determina a ABNT.

Page 46: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

45

Tal afirmação deixa claro que a produção escrita nessa perspectiva relaciona-se

intrinsecamente com sujeitos que partilham a língua.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa – PCN

(BRASIL, 2001, p. 30) “a importância e o valor dos usos da linguagem são determinados

historicamente segundo as demandas sociais de cada momento.” Na atualidade, as concepções

de ensino propostas pelos atuais paradigmas educacionais exigem um nível de leitura e escrita

que em muito difere e ultrapassa aos níveis considerados como satisfatórios para atender as

demandas sociais do momento histórico de algumas décadas atrás, como pontuam os PCN

(BRASIL, 2001). O referido documento acrescenta ainda que tais exigências são tendenciosas

a prosseguirem crescendo e que, para atender a essa demanda, a escola, enquanto espaço

institucional de acesso ao conhecimento, necessita realizar “uma revisão substantiva das

práticas de ensino que tratam a língua como algo sem vida e os textos como conjunto de

regras a serem aprendidas...” (BRASIL, 2001, p. 30). O referido documento acrescenta ainda

que:

Toda educação verdadeiramente comprometida com o exercício da cidadania

precisa criar condições para o desenvolvimento da capacidade de uso eficaz

da linguagem que satisfaça necessidades especiais – que podem estar

relacionado às ações efetivas do cotidiano, à transmissão e busca de informação, ao exercício da reflexão (BRASIL, 2001, p. 30).

Para a produção textual com base na perspectiva interacionista, urge a necessidade de

certos conhecimentos, como o da língua, o conhecimento de mundo ou enciclopédico, o de

texto e o interacional.

O primeiro conhecimento refere-se ao da língua empregada pelo indivíduo, visto que

o ato de escrever requer do produtor textual que o mesmo expresse o domínio da ortografia,

da gramática e do léxico. Esses conhecimentos são imprescindíveis, uma vez que é por meio

da língua que se efetiva o processo comunicativo e, como acrescenta Francelino (2011b, p.

65), “sem o conhecimento do código linguístico o usuário não consegue obter os efeitos de

sentido desejado nas interações.”

O conhecimento de mundo ou enciclopédico, segundo Koch (2011), é aquele que

armazena-se na memória como produto das experiências vivenciadas ao longo da vida. Tal

conhecimento abrange desde condutas sociais básicas, até conhecimentos mais

sistematizados, ou seja, refere-se a tudo que o sujeito assimila quer seja pela prática do seu

cotidiano ou pela experiência em sociedade tais como, escolas, igrejas, universidades, entre

outras instituições sociais.

Page 47: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

46

O conhecimento de textos que circulam socialmente também tem sua relevância, haja

vista que eles se encontram em distintos lugares e épocas; readquiridos, às vezes, com

finalidades comunicativas e direcionamentos discursivos distintos. Conforme a abordagem

sociointeracionista,os enunciados/textos são como fios de uma grande rede, que se entrelaçam

e estabelecem relações variadas de sentido, como postula Baktin/Volochinov (2002[1979], p.

86):

O enunciado existente, surgido de maneira significativa num determinado

momento social e histórico, não pode deixar de tocar os milhares fios dialógicos existentes, tecidos pela consciência ideológica em torno de um

dado objeto da enunciação, não pode deixar de ser participante ativo do

diálogo social.

O conhecimento das distintas situações de interação constitui-se também um

conhecimento de suma importância, visto que o ato da escrita requer do produtor textual a

ativação de conhecimentos acerca do modo como as interações acontecem numa certa

sociedade. De acordo com Koch e Elias (2009, p. 44) é mediante conhecimentos interacionais

que o sujeito produtor “configura na escrita a sua intenção, possibilitando ao leitor reconhecer

o objetivo ou propósito pretendido no quadro desenhado”.

Koch e Elias (2009, p. 44) acrescentam também que por meio de conhecimentos

interacionais, o produtor textual “determina a quantidade de informação concreta, para que o

leitor seja capaz de reconstruir o objetivo da produção do texto”. Por meio desses

conhecimentos, o sujeito produtor sabe selecionar a variante linguística, conforme a situação

de interação consegue adequar o gênero textual à circunstância enunciativa em questão, e

ainda “assegura a compreensão da escrita para conseguir a aceitação do leitor, utilizando-se

de vários tipos de ações linguísticas configuradas no texto.” (op. cit.).

Diante do exposto, é possível afirmar que a apropriação desses conhecimentos,

fundamentados na perspectiva interacionista, é de extrema importância nas situações

comunicativas, uma vez que influenciam na seleção dos gêneros, dos estilos, do léxico a ser

utilizado, entre outros fatores semelhantemente essenciais no processo de interação.

Page 48: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

47

2.4 A produção escrita na concepção sociointeracionista e suas implicações no ensino

Com relação ao trato da escrita na perspectiva interacionista, Antunes (2003) elenca

alguns princípios norteadores da prática docente, que são:

- a escrita, como toda atividade interativa, implica uma relação cooperativa entre duas

ou mais pessoas;

- a escrita, na diversidade de seus usos, cumpre funções comunicativas socialmente

específicas e relevantes;

- a escrita varia, na sua forma, em decorrência das diferenças de função que se propõe

cumprir e, consequentemente, em decorrência dos diferentes gêneros em que se realiza;

- a escrita supõe condições de produção e recepção diferentes daquelas atribuídas à

fala;

- a escrita compreende etapas distintas e integradas de realização (planejamento,

operação e revisão), as quais, por sua vez, implicam da parte de quem escreve uma série de

decisões.

Com relação ao princípio da escrita como atividade interativa, Antunes afirma que a

escrita presume uma atividade com a participação de um interlocutor. A referida autora

enfatiza que, ao escrever seu texto, o produtor o faz dirigindo-se a alguém, constituindo-se

assim um momento de interação. De acordo com a autora, a eficiência do ato da escrita requer

a referência do outro (cf. p. 46).

No que se refere ao princípio da escrita na diversidade de seus usos, Antunes (2003, p.

47), declara que, “como uma das modalidades de uso da língua, a escrita existe para cumprir

diferentes funções comunicativas,...” (grifo da autora), visto que se encontra presente no

contexto de vida dos indivíduos, nas mais diversas atividades. A autora postula ainda que:

A escrita está presente como forma de atuação, nas múltiplas atividades...

Pela escrita, alguém informa, avisa, adverte, anuncia, descreve, explica,

comenta, opina, argumenta, instrui, resume, documenta, faz literatura, organiza, registra e divulga o conhecimento produzido pelo grupo

(ANTUNES, 2003, p. 48).

No tocante ao princípio segundo o qual a escrita varia na sua forma, a autora firma que

existem diferentes formas de produção de textos escritos, decorrentes das distintas finalidades

que se pretende atingir. Em virtude de diferenças em sua superestrutura, em sua organização,

revela-se, assim, o caráter flexível, inconstante, variável da escrita.

Page 49: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

48

O quarto princípio elencado pela citada autora diz respeito ao fato de a escrita supor

condições de produção e recepção diferentes daquelas atribuídas à fala. Contrapondo-se à

fala, em que a interação verbal acontece em situação de copresença entre interlocutores, cujos

papéis de falante e ouvinte são alternados e o discurso é produzido coletivamente, na

modalidade escrita, os textos são recepcionados em momentos distintos de sua produção,

visto que “os sujeitos atuantes não ocupam, ao mesmo tempo, o mesmo espaço” (ANTUNES,

2003, p. 51). Nesse caso, há uma desproporção de tempo que desagrega dois momentos

distintos da referida interação, o que concede ao autor a possibilidade de compor o seu texto

numa parcela de tempo maior; inserindo, já nesse tempo, as etapas da escrita. Em virtude

disso, ocorre o equívoco de que o texto escrito é mais “correto” do que a fala, como pontua

Antunes.

Por fim, o princípio da escrita com etapas de realização. De acordo com Antunes, a

escrita compreende etapas distintas e integradas de realização (planejamento, operação e

revisão), as quais, por sua vez, implicam da parte de quem escreve uma série de decisões.

No que se refere à etapa do planejamento, Antunes (2003) postula que esta se constitui

nas seguintes tarefas: delimitação do tema, eleição dos objetivos, escolha do gênero,

delimitação dos critérios de ordenação das ideias e as condições de possíveis leitores e a

forma linguística (mais ou menos formal). Para Passarelli (2004) a fase do planejamento é o

“estágio do processo de composição em que, hesitantemente, o autor começa a encontrar o

circuito do seu tema” (p. 90).

A segunda etapa, segundo Antunes (2003), corresponde à tarefa de escrever

propriamente dita, ou seja, é o registro do que foi planejado. Corroborando com Antunes,

Passarelli (2004, p. 93) esclarece que essa etapa trata da produção da versão inicial do texto,

momento em que ocorre o levantamento das ideias e essas são transferidas para o papel, ou

seja, essa segunda etapa relaciona-se “à conversão em língua escrita das ideias organizadas

segundo o que foi aventado no planejamento, configura-se no texto provisório produzido até

então que sofrerá, subsequentemente, uma revisão” (grifo da autora).

Por fim, a terceira etapa, que se refere à revisão e reescrita. Esta se constitui como

análise do que foi, de fato, escrito, “para aquele que escreve confirmar se os objetivos foram

cumpridos, se conseguiu a concentração temática desejada, se há coerência e clareza no

desenvolvimento das ideias, se há encadeamentos entre os vários segmentos do texto”

(ANTUNES, 2003, p. 56); finalmente é o momento de analisar o que de fato foi escrito, com

vistas aos aspectos de ordem linguística-textual. Apesar da extrema importância dessa fase no

ato da produção textual, Passarelli (2004) afirma ser a etapa em que os alunos possuem uma

Page 50: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

49

maior resistência. Esta última autora pontua que esse momento é pouco praticado na escola e

que de pode constatar que, habitualmente, as correções das escritas, além de serem mínimas,

pouco diferem dos textos passados a limpo, em que a releitura dos textos é realizada

apressadamente, o que difere de uma leitura crítica.

Antunes (2003, p. 56) afirma que a natureza interativa da escrita impõe esses

diferentes momentos no processo de escrita, “cada um implicando análises e diferentes

decisões de alguém que é sujeito, que é autor de um dizer e de um fazer, para o outro ou

outros sujeitos, também ativos e cooperantes”.

Segundo Antunes, a qualidade indesejável dos textos escritos apresentados pelos

alunos provavelmente se deva ao fato de aos alunos não serem oportunizados momentos para

planejarem e revisarem seus textos. A falta de objetivos nas propostas das “redações”

escolares praticadas pelos alunos conduze-os a produzirem textos de qualquer jeito, sem

planejamento prévio, sem o devido cuidado de revisão, como enfatiza Antunes (2003).

Com base nos princípios anteriormente mencionados, Antunes (2003) apresenta

algumas implicações pedagógicas para o trabalho com a escrita em sala de aula, a saber:

- uma escrita da autoria também dos alunos;

- uma escrita de textos socialmente relevantes;

- uma escrita funcionalmente diversificada;

- uma escrita de textos que têm leitores;

- uma escrita contextualmente adequada;

- uma escrita metodologicamente ajustada;

- uma escrita orientada para a coerência global e;

- uma escrita adequada também em sua forma de se apresentar.

Com relação à primeira implicação pedagógica, uma escrita da autoria dos alunos, a

referida autora esclarece que os alunos devem atuar com sujeitos – autores de suas produções

textuais. Tal prática “colocaria os alunos na circunstância de exercitar a participação social

pelo recurso da escrita” (ANTUNES, 2003, p. 62).

No que se refere a uma escrita de textos socialmente relevantes, explana a autora que

as propostas de produções escritas para os alunos devem corresponder aos distintos usos

sociais da escrita, ou seja, os alunos devem escrever textos que atendam às necessidades que

demandam das práticas sociais e não apenas em atendimento às necessidades formais da

escola.

Page 51: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

50

No que concerne a uma escrita funcionalmente diversificada, esclarece Antunes que

se devem atender as distintas formas em que os textos se apresentam, o que é justificado pelas

distintas funções interativas.

Outra implicação pedagógica de uma pratica sociointeracionista da produção de textos

escritos, citada por Antunes, é uma escrita de textos que têm leitores, isto é, os textos

produzidos pelos alunos devem ter um destinatário, alguém a quem eles têm o que dizer e

uma forma própria de dizer, isto é, em razão de um possível/provável interlocutor é que

sujeito que escreve é autônomo para selecionar o que quer dizer e como dizer.

Dentre essas implicações pedagógicas, Antunes explana sobre uma escrita

contextualmente adequada. Nessa dimensão, os alunos devem escrever textos adequando-os à

situação em que se insere o evento comunicativo, ou seja, uma escrita que não enfatiza os

aspectos gramaticais e linguísticos, mas considera o contexto de produção, o que requer do

professor de língua portuguesa uma ressignificação de sua prática pedagógica e uma

ampliação de sua visão para as situações da língua em uso. (cf. p. 64).

A referida autora efetua outros esclarecimentos acerca de uma prática

sociointeracionista da produção de textos escritos, e apresenta mais uma implicação

pedagógica, uma escrita metodologicamente ajustada, o que implica em propiciar aos alunos

as necessárias condições de tempo e de planejamento para que os alunos produzam seus

textos e adquiram a prática de, nessas condições, cumprirem as etapas da escrita.

Outra implicação pedagógica resultante da prática sociointeracionista é uma escrita

orientada para a coerência global. Nesse âmbito, o professor terá que primar pelos aspectos

centrais da organização e compreensão textual, tais como “a precisão da linguagem, a

adequação das expressões a função do texto e aos elementos de situação, o encadeamento dos

vários segmentos do texto, bem como o sentido, a relevância e o interesse daquilo que é dito”

(p. 65). Segundo Antunes, o professor desviou a atenção dessas propriedades do texto em

favorecimento à concepção normativa de língua; a autora cita como exemplo a primazia pelas

correções ortográficas.

Por fim, a implicação pedagógica uma escrita adequada também em sua forma de se

apresentar. Assim, o sujeito que escreve deverá ter o cuidado com os aspectos da superfície

do seu texto. Desse modo, estão inclusos ortografia, sinais de pontuação, organização dos

parágrafos, enfim, tudo o que sinaliza a competência do produtor textual, para amoldar-se às

exigências da situação comunicativa, e, assim, os sentidos e as intenções que se pretende

alcançar no ato da interação verbal sejam consolidadas, conforme aponta Antunes (2003).

Page 52: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

51

Nesse sentido, convém observar que os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL,

2001) trazem orientações acerca da mudança no ensino do texto, alertando os professores para

um distanciamento de atividades metalinguísticas, as quais “estão relacionadas a um tipo de

análise voltada para a descrição, por meio da categorização e sistematização dos elementos

linguísticos” (PCN, 2001, p. 38). Contrapondo-se às atividades metalinguísticas, o referido

documento sugere a execução de atividades epilinguísticas, nas quais “a reflexão está voltada

para o uso, no próprio interior da atividade linguística em que se realiza” (op. cit.).

Ferraz (2011, apud FRANCELINO, 2011a, p. 94), corrobora com as declarações do

referido documento e afirma que o predomínio da metalinguagem, como finalidade no ensino

da língua, faz com que os alunos repitam, em inúmeras séries escolares, os mesmos exercícios

de classificação morfológica e sintática. Segundo a citada autora, essa nova forma de

compreender o ensino do texto tem que exigir uma reformulação do ensino de gramática.

Diante dessa problemática, a mencionada autora adverte que:

É urgente reverter esse quadro do ensino da língua portuguesa, pois nenhum

objetivo pedagógico será atingido se, por um lado, os alunos continuarem

considerando que “aprender Português é muito difícil” e, por outro, os

professores continuarem lamentando o fato de os alunos não aprenderem, uma vez que não se mostram capazes de transferir as informações que

deveriam ter sido adquiridas nas aulas de gramática para a escrita de seus

textos (FERRAZ, 2011, apud FRANCELINO, 2011a, p. 91).

Para Antunes (2003), a exploração de cada uma dessas implicações pedagógicas,

anteriormente mencionadas, desfocará o professor das propostas de atividades enfadonhas,

puramente normativas, que só conduzem os alunos a decorar regras gramaticais. O

importante, segundo essa autora, não é descobrir se o aluno sabe diferenciar o complemento

do adjunto adnominal, mas que ele aprenda a escrever com proficiência, constituindo-se de

fato autores. Nessa perspectiva, Antunes garante que a escola terá, sobretudo, o cumprimento

de seu papel social, ou seja, viabilizará o processo de formação do indivíduo no exercício de

sua cidadania.

Assim, pode-se afirmar que a escola, acatada como instituição formadora do saber,

tem como papel primordial indicar caminhos que permitam aos aprendizes a apropriação de

conhecimentos que os capacitem a um posicionamento crítico em seu espaço social, por meio

da linguagem. Todavia, as práticas pedagógicas tradicionais têm evidenciado que o ensino de

língua não fomenta situações de aprendizagem propiciadoras da efetivação desse domínio.

Page 53: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

52

2.5 A proposta da sequência didática para a produção textual

O trato da produção de textos escritos na escola requer uma profunda reflexão, não

somente com relação a pressupostos teóricos, mas, acima de tudo, a efetivação de uma prática

pedagógica na qual o professor de língua portuguesa tenha condições de trabalhar a

diversidade textual de forma contextualizada, no intuito de que a prática de produção escrita

se consolide como exercício que viabiliza o processo de desenvolvimento das competências e

habilidades necessárias, para que o aluno possa produzir textos de forma proficiente. Segundo

os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (BRASIL, 2001, p. 65), “um

escritor competente é alguém que, ao produzir um discurso, conhecendo possibilidades que

estão postas culturalmente, sabe selecionar o gênero no qual seu discurso se realizará

escolhendo aquele que for apropriado a seus objetivos e à circunstância enunciativa em

questão”.

Os PCN oferecem várias contribuições com relação ao ensino de língua portuguesa em

sala de aula, na defesa do trabalho com gêneros textuais, todavia, a prática desse trabalho, ou

seja, a forma como efetivamente trabalhar com os gêneros, não é apresentada. É nesta

ambiência que o presente trabalho debruça-se sobre a proposta de Dolz, Noverraz e

Schneuwly (2004), visto que os referidos autores congregam as orientações dos PCN

(BRASIL, 2001) e, propõem ainda, como trabalhar os diferentes gêneros em sala de aula.

Os estudos acerca de gêneros textuais e a sua aplicação nas aulas de língua materna

receberam atenção especial por Dolz, et al.(2004), apresentam uma proposta de sequência

didática, pautada, entre outros, nos estudos sobre gêneros discursivos de Bakhtin, visto que

esse autor concebe a língua como processo dialógico, interativo. A sequência didática se

adéqua perfeitamente dentro dessa visão de língua como processo interativo complexo e em

que o uso do gênero textual é o eixo norteador, tanto da produção de textos orais e escritos,

quanto da leitura e compreensão textual (cf. p. 213).

Dolz, et al.(2004, p. 97) definem a sequência didática como “um conjunto de

atividades escolares organizadas de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral

ou escrito”. Esses autores preocupados com a importância do ensino dos gêneros em sala de

aula formulam uma sequência didática que, objetiva entender as peculiaridades de cada

gênero, bem como compreender a relação existente entre os gêneros trabalhados na escola e

também, o seu funcionamento fora do espaço escolar.

Essa prática serve como referencial para o aprendizado do aluno, uma vez que, para os

mencionados autores, a sequência didática oportuniza aos alunos colocar em prática os

Page 54: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

53

aspectos da linguagem já internalizados, e aqueles sobre os quais ainda não têm o domínio, e

desse modo possa tornar-se possível, uma melhor compreensão do conteúdo trabalhado pelo

professor. A esse respeito, os referidos autores postulam que “uma sequência didática tem,

precisamente, a finalidade de ajudar o aluno a dominar melhor um gênero de texto,

permitindo-lhe, assim, escrever ou falar de uma maneira mais adequada numa dada situação

de comunicação” (DOLZ; NOVERRAZ e SCHNEUWLY, 2004, p. 97).

Para que a sequência didática apresente um resultado produtivo, urge a necessidade de,

por meio de avaliação diagnóstica, ocorrer a identificação dos conhecimentos prévios do

aluno acerca dos textos que circulam na sociedade e que podem ser objeto de ensino, ou seja,

é necessário identificar que textos são conhecidos pelos alunos, bem como aqueles que os

alunos ainda não conhecem. Tal atitude é de suma importância, visto que o professor, em sua

prática educativa, deverá primar pelo trabalho com gêneros não dominados ainda pelo aluno,

ou que o aluno o faz de forma insuficiente. A sequência didática proposta por Dolz, Noverraz

e Schneuwly (2004) permite ao aluno conhecer gêneros distintos, o que implica ter acesso a

práticas e usos de linguagens novas ou dificilmente domináveis.

Os autores apresentam a estrutura de base de uma sequência didática a partir do

seguinte esquema:

(Dolz, Noverraz e Schneuwly e (2004, p. 98)

Conforme Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), a primeira etapa da referida sequência,

a apresentação da situação, tem como objetivo apresentar aos alunos um projeto de

comunicação, o qual será de fato realizado na produção final. Nessa fase, os alunos serão

preparados para a produção inicial, o que os autores consideram como “uma primeira

tentativa de realização do gênero que será, em seguida, trabalhado nos módulos” (Dolz,

Noverraz e Schneuwly, 2004, p.99). Ainda segundo esses autores, essa etapa permite que os

alunos construam “uma representação da situação e da atividade de linguagem a ser

executada” (op. cit.). Os referidos autores acrescentam ainda que, essa etapa é considerada por

eles como sendo “crucial” e “difícil”, visto que urge a necessidade de distinguir duas

PRODUÇÃO

INICIAL

Apresentação

da situação

Situação

s

da Situação

PRODUÇÃO

FINAL

MÓDULO

n

MÓDULO

2

MÓDULO

1

Page 55: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

54

dimensões principais: a apresentação de um problema de comunicação bem definido e a

preparação dos conteúdos dos textos que serão produzidos.

No que se refere à primeira dimensão, faz-se necessária a apresentação de um “projeto

coletivo de produção de um gênero oral ou escrito”, o qual será proposto pelo professor de

forma precisa no intuito de que os alunos tenham uma compreensão melhor, da situação de

comunicação que deverá ser executada e do problema de comunicação no qual os alunos

deverão solucionar ao produzirem um texto oral ou escrito. Esta dimensão deverá oferecer

indicações que respondam as seguintes questões: “A quem se dirige a produção?... Que forma

assumirá?... Quem participará da produção?...” (cf. DOLZ; NOVERRAZ e SHNEUWLY,

2004, p. 9).

Na segunda dimensão, segundo os autores (2004), existirá a preparação dos conteúdos

dos textos que serão produzidos. Tais conteúdos devem estar explícitos na apresentação da

situação, para que os alunos percebam, de imediato, a importância desses e saibam com quais

irão trabalhar.

De acordo com Dolz et al. (2004) nesta etapa inicial de apresentação, são fornecidas

aos alunos todas as informações necessárias, para que conheçam o projeto comunicativo, a ser

desenvolvido e a aprendizagem de linguagem a que está relacionado.

A segunda etapa refere-se à produção inicial, na qual os alunos tentam elaborar um

primeiro texto oral ou escrito. No caso do presente trabalho, os alunos irão elaborar um texto

escrito. Dessa forma, os alunos revelam para si mesmo e para o professor as representações

que têm dessa atividade, e para que os alunos sejam bem sucedidos nesta etapa, é essencial

que a situação comunicativa seja bem definida durante o processo de apresentação da

situação.

Os referidos autores enfatizam que a produção inicial de um texto tem um papel

essencial como reguladora da sequência didática, tanto para os alunos quanto para o professor.

a esse respeito, Dolz et al. (2004) esclarecem que:

Para os alunos, a realização de um texto oral ou escrito concretiza os elementos dados na apresentação da situação e esclarece, portanto,

quanto ao gênero abordado na sequência didática. Ao mesmo tempo,

isso lhes permite descobrir o que já sabem fazer e conscientizar-se

dos problemas que eles mesmos, ou outros alunos, encontram. Por meio da produção, o objeto da sequência didática delineia-se melhor

nas suas dimensões comunicativas e também se manifesta como

lugar de aprendizagem necessária das dimensões problemáticas. ((DOLZ; NOVERRAZ & SHNEUWLY, 2004, p. 102).

Page 56: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

55

Nesse sentido, a sequência didática inicia pela definição do que é necessário ser

trabalhado no intuito de desenvolver as capacidades de linguagem dos alunos, e dessa forma,

instrumentalizá-los para a produção final.

Portanto, a produção inicial constitui um momento de tomar conhecimento acerca de

dificuldades relacionadas ao objeto de aprendizagem. Essa etapa possibilita a compreensão

das capacidades que os alunos já dispõem e, consequentemente suas potencialidades, o que

servirá para o professor, como norteador das intervenções que precisaram ser feitas.

A terceira etapa diz respeito aos módulos, os quais visam trabalhar os “problemas” que

surgiram na produção inicial e instrumentalizar os alunos para superá-los, até que se tenha

treinado suficiente para a produção final.

Segundo os mencionados autores, o movimento da sequência didática se dá, portanto

do complexo para o simples: da primeira produção aos módulos, cada um desses trabalha a

capacidade necessária para dominar um gênero. Por fim, o movimento conduz novamente ao

complexo: a produção final (cf. p. 103).

Na etapa dos módulos urge a necessidade de focalizar três questões: Trabalhar

problemas de distintos níveis encontrados nas primeiras produções; variar as atividades e

exercícios e capitalizar as aquisições.

No que se refere ao trabalho com níveis distintos, os problemas peculiares de cada

gênero textual sejam eles, orais ou escritos, necessitam ser trabalhados no intuito de tornar o

aluno capaz de resolvê-los simultaneamente. Os autores distinguem quatro níveis

fundamentais na produção dos textos: representação da situação de comunicação; elaboração

dos conteúdos; planejamento do texto e realização do texto.

Com relação à questão de variar as atividades e exercícios é bastante importante, visto

que permite ao aluno acesso, por diferentes vias, às noções e aos instrumentos necessários

ampliando assim, suas possibilidades de sucesso na produção de um gênero. Neste ponto

podem-se distinguir três categorias de atividades e de exercícios, a saber: atividades de

observação e de analise de textos; tarefas simplificadas de produção de textos e elaboração de

uma linguagem comum.

Por fim, a capitalização das aquisições, que segundo os autores, permite ao aluno

adquirir uma linguagem técnica, que será comum à classe e ao professor e, sobretudo, permite

que os alunos construam progressivamente conhecimentos sobre o gênero (cf. p. 107).

Conforme Dolz et al.(2004), a sequência didática deve ser concluída com um registro

dos conhecimentos obtidos acerca do gênero no decorrer dos módulos, de forma resumida

Page 57: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

56

numa lista de constatações ou ainda de lembrete ou glossário, independentemente das

modalidades de elaboração.

Por fim, a etapa de produção do texto final. Segundo Dolz, Noverraz e Schneuwly

(2004, p. 106), “a sequência didática é finalizada com uma produção final que dá ao aluno a

possibilidade de pôr em prática as noções e os instrumentos elaborados separadamente nos

módulos”. Esta etapa permite o procedimento não só de uma avaliação somativa, que parte

em busca de um resultado final, mas principalmente uma avaliação formativa, a qual permite

ao aluno refletir sobre todo o processo que ocorre, a partir da primeira produção, além de

fornecer ao professor, dados sobre o desempenho e aprendizados do aluno ao longo do

processo de ensino e aprendizagem. Segundo os autores, a avaliação do tipo somativa será

acordada em critérios elaborados no decorrer da sequência, de forma objetiva, porém

cultivando sempre uma parte subjetiva.

No que se refere à avaliação, os mencionados autores declaram que:

A avaliação é uma questão de comunicação e de trocas. Assim, ela orienta os professores para uma atitude responsável, humanista e profissional.

Frisemos, ainda, que esse tipo de avaliação será realizado, em geral,

exclusivamente sobre a produção final (DOLZ, NOVERRAZ e SCHNEUWLY, 2004, p. 108).

Conforme os respectivos autores, a produção final deve permitir ao aluno refletir sobre

o seu processo de aprendizagem: o que conseguiu fazer e o que ainda necessita aprimorar,

bem como a sua conduta enquanto produtor textual, diante dos progressos obtidos na referida

etapa de sua produção textual escrita. Nessa etapa, o aluno torna-se autônomo de sua própria

aprendizagem.

O trabalho com sequências didáticas, proposto pelos autores Dolz et al.(2004),

permite a elaboração de contextos de produção de forma precisa, através de atividades

diversas com a finalidade de oferecer aos alunos, noções, técnicas e instrumentos que

desenvolvam suas capacidades de expressão oral e escrita nas diversas situações

comunicativas.

Portanto, acredita-se que a referida proposta consentirá trabalhar o gênero textual

notícia da esfera discursiva da comunicação social, levando em consideração suas

características sociocomunicativas, a partir de uma concepção de língua em uso. É com essa

proposta que o referido trabalho visa testar o processo de produção escrita do referido gênero.

Diante das explanações sobre o trabalho de produção de textos escritos, alicerçado por

sequências didáticas, na perspectiva sociointeracionista de linguagem, em sala de aula de

Page 58: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

57

língua portuguesa é possível afirmar que tal prática demanda uma reflexão mais arraigada e

comprometida do professor no que se refere aos objetivos que se pretende alcançar.

Page 59: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

58

III - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E ANÁLISE DA PRODUÇÃO

INICIAL

Neste capítulo, apresentamos os procedimentos metodológicos utilizados em nossa

investigação, discorrendo sobre o contexto escolar em que se deu a intervenção didático-

pedagógica e as etapas de investigação que foram seguidas. Nesse sentido, apresentamos

como se deu a proposta de produção inicial, a análise dos problemas encontrados na primeira

produção realizada pelos alunos, além dos módulos, ou seja, como ocorreu a intervenção

didática e, consequentemente, tratamos os problemas apresentados pelos alunos na primeira

produção.

Por se tratar de uma pesquisa-ação, de caráter intervencionista, os procedimentos

adotados foram sendo revistos e reorganizados à proporção que a própria investigação foi

ocorrendo e, por este motivo, o que aqui se apresenta é uma sumarização das ações e dos

procedimentos que ocorreram durante o percurso da pesquisa.

3.1 Contexto da pesquisa

No que se refere ao processo de investigação, o presente estudo é de natureza

qualitativa, de caráter descritivo e intervencionista, uma vez que o processo de produção

textual alicerça-se a partir de sequências didáticas no processo de escrita dos alunos

investigados. Ao considerar que este trabalho foi executado no âmbito da própria prática da

professora, sendo no caso a pesquisadora, a referida abordagem além de intervencionista,

caracteriza-se também como pesquisa-ação.

A referida pesquisa, de um modo geral, objetivou instrumentalizar os alunos para

atuarem como produtores de textos competentes, a partir de uma proposta de ensino que

considere o contexto situacional do gênero notícia e suas características linguístico-

discursivas. Para tal, utilizamos propostas de sequências didáticas com foco nas características

sociocomunicativas do referido gênero.

Especificamente, o presente estudo se propôs a investigar como se dá o processo de

apropriação do gênero notícia e do seu caráter sociocomunicativo, em um contexto da

aprendizagem da Educação de Jovens e Adultos; investigar quais as maiores dificuldades do

aluno no processo de elaboração do citado gênero; verificar quais os avanços ocorridos no

processo de produção do gênero em estudo, a partir da aplicação da proposta de intervenção.

Page 60: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

59

3.1.2 Sujeitos da pesquisa

Os sujeitos envolvidos nessa pesquisa foram discentes de uma escola da rede pública

de ensino, da turma do ciclo II, referente ao primeiro segmento da Educação de Jovens e

Adultos – EJA, com faixa etária entre 18 e 40 anos, em que a grande maioria é formada por

moradores da própria comunidade e trabalhadores autônomos.

Apesar do tempo que esses alunos passaram afastados de suas atividades escolares,

trazendo consigo resquícios do sistema tradicional de ensino, com suas experiências de vida,

crenças e valores já constituídos, foi possível perceber por meio de minha experiência de sala

de aula, que esses aprendizes buscavam algo além de conteúdos, algo que promovesse um

desenvolvimento pessoal, ou seja, eles estavam abertos a novas descobertas.

O fato de ter desenvolvido em sala de aula atividades pelas quais os alunos

conseguiram se identificar no contexto em que estavam inseridos permitiu aos alunos um

aprimoramento dos conhecimentos que já estavam internalizados e, nesse sentido, pudemos

elaborar o processo de ensino-aprendizagem sobre aquilo que eles ainda não dominavam,

viabilizando, assim, o processo de desenvolvimento de um fazer pedagógico coerente às

necessidades desses educandos. Acreditamos que isso se refletiu no bom nível de escrita,

apresentado em suas produções finais (conforme se demonstra mais diante no próximo

capítulo), o que traduz a efetivação de uma aprendizagem significativa.

Convém assinalar que o presente estudo foi submetido ao Conselho de Ética da

Universidade Federal da Paraíba – UFPB, com a garantia de que seria mantido o anonimato

dos alunos e de que a coleta dos seus textos só seria feita mediante a assinatura dos produtores

no TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido), para os fins da referida

investigação.

3.1.3 A delimitação do corpus

No que se refere ao corpus utilizado neste trabalho é relevante esclarecer que a

necessidade de enfatizar que, inicialmente, estava previsto para serem analisadas 11 (onze)

produções textuais do gênero notícia, porém, devido a fatores relacionados a não assiduidade

de parte dos alunos, ou seja, de quatro deles, foram investigadas as produções textuais de 7

(sete) alunos, os que se dispuseram e tiveram condições de participar do referido estudo. Tal

fato registra uma característica forte na realidade dos alunos nessa modalidade de ensino, qual

seja a dificuldade da frequência regular às atividades escolares.

Page 61: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

60

3.2 Aplicação da sequência didática – uma proposta de intervenção

A opção pelo trabalho com o gênero notícia, como já foi mencionado no referido

trabalho, justifica-se pelo fato de que, o referido gênero além de estar inserido no contexto de

vida dos alunos permeia suas atividades comunicativas numa proporção bem maior que os

demais gêneros e, nesse sentido, trabalhar com essa proposta viabiliza o processo de um

ensino contextualizado, já que considera as características do gênero quanto ao seu uso, à

estrutura, ao conteúdo e à linguagem. Além do mais, essa proposta sugere contribuir para a

melhoria do nível de proficiência escrita dos alunos, visto que se trata de uma proposta em

que a escrita é trabalhada a partir do seu uso social, o que permite ao aluno refletir sobre a

linguagem e, consequentemente, acerca de sua própria realidade.

Dessa forma, a experiência didática, ocorreu nas seguintes etapas:

3.2.1 Apresentação da situação

1º Encontro

No primeiro momento dessa fase foi apresentada aos alunos a situação comunicativa.

Os alunos foram informados de que iriam participar de um trabalho, cuja proposta era

produzir um texto escrito para fazer parte de um jornal mural, confeccionado e intitulado por

eles, para ser afixado na própria escola, para apreciação da comunidade escolar.

Em um segundo momento, foi cultivada com os alunos uma conversa informal sobre

gêneros textuais, ou seja, foi explicado para os alunos que existe uma variedade de gêneros

textuais, tais como: fábulas, receitas, lendas, entre outros, e, nesse mesmo momento, foi

distribuído entre os alunos um exemplar de uma notícia do site do G1, intitulada: “Polícia

Militar detém cinco suspeitos de assaltar ônibus em João Pessoa”. Após a distribuição desse

exemplar, convidei os alunos para que observassem atenciosamente o referido texto e

perguntei para eles, se conseguiam identificar a que gênero esse texto pertencia.

Enquanto alguns alunos analisavam o texto em estudo, outros responderam

prontamente que se tratava de uma notícia. Com base nessa resposta, apresentei o gênero a ser

trabalhado: O gênero notícia da esfera jornalística, a partir da noção Bakhtiniana, no qual

foram trabalhados, os elementos enunciativos, ou seja, os múltiplos aspectos que envolvem a

situação de produção e recepção do texto, isto é, o tipo de conteúdo veiculado, o estilo próprio

do gênero e com suas principais características.

Page 62: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

61

Oralmente, foram realizadas algumas perguntas aos alunos acerca desse gênero

abordando o conceito de notícia, sua função na sociedade e os tipos de suportes que a

veiculam. Em seguida, os alunos foram convidados a responderem a uma atividade escrita e

que, para tal, poderiam recorrer ao texto que receberam.

No que se refere a essa atividade escrita, referente à notícia em estudo, os alunos

tiveram a oportunidade de responder a perguntas explorando o contexto de produção, tais

como: o assunto de que tratava a notícia; local onde a notícia foi produzida; quando a notícia

foi produzida; o responsável pela produção da notícia; as intenções pretendidas pelo autor da

notícia; público alvo da notícia; o motivo pelo qual a notícia foi escrita; pessoas envolvidas na

notícia; função social das pessoas envolvidas (a profissão); data em que ocorreu o fato; a

forma como o fato ocorreu; e de uma forma bem geral, as características do gênero e a

polifonia de locutores. No entanto, sempre e respeitando a realidade dos alunos, o referido

conteúdo foi tratado numa linguagem acessível à sua compreensão.

Nesse caso, foi proposto aos alunos que identificassem depoimentos apresentados na

notícia e a quem pertenciam as referidas falas, ou seja, a quem pertencia à fala em certo trecho

na notícia; o que um determinado sujeito envolvido no caso falou a respeito do assunto

tratado na notícia; a forma como o autor da notícia introduziu a fala de uma pessoa envolvida

no fato, enfim, as estratégias, palavras e/ou expressões utilizadas pelo autor da notícia, para

demonstrar como o fato ocorreu. Nesse momento, alguns alunos perceberam que

determinadas falas foram introduzidas pelo autor da notícia, por meio de aspas e em outro

momento, alguns alunos conseguiram identificar, quando o autor da notícia relatava algo que

foi dito por outra pessoa. Para tal, efetuei juntamente com os alunos uma leitura de trechos

com as falas dos envolvidos no ocorrido, e em seguida, perguntei se eles estavam

conseguindo identificar a quem pertenciam os referidos depoimentos e quem estava efetuando

os referidos relatos.

2º Encontro

Conteúdos abordados de uma forma mais aprofundada- 1º momento

O segundo encontro constituiu-se em quatro momentos. No primeiro momento foi

realizada uma revisão acerca dos conteúdos tratados no dia anterior, apenas como lembrete,

visto que os alunos já sabiam que o texto em estudo se tratava de uma notícia. De uma forma

mais ampla, foram abordados conteúdos tais como: a utilização dos verbos no texto da notícia

em estudo; a linguagem empregada na referida notícia, as características do gênero, contexto

Page 63: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

62

de produção e a polifonia de locutores, por meio dos depoimentos apresentados na notícia em

estudo.

2º Momento - Atividade escrita para exploração do gênero em estudo

Com relação à atividade escrita, nesse segundo encontro, além do que foi proposto

para os alunos no estudo anterior, eles foram oportunizados a responderem perguntas que

abordaram: a quem pertencia a fala de um determinado trecho entre aspas; a utilização do

verbo utilizado no final desse trecho; o sentido desse verbo no final da fala do trecho

escolhido; a identificação de outros depoimentos na notícia e, nesse caso, aos alunos foi

proposto que identificassem o parágrafo em que se encontravam esses depoimentos e a

intenção de sua utilização. Foi solicitado também, que os alunos comentassem a respeito da

intenção do autor da notícia ao utilizar uma imagem no texto; o tempo verbal em que se

encontravam os verbos na notícia (passado); o motivo pelo qual o autor da notícia empregou

os verbos nesse tempo verbal; palavras e expressões relacionadas com o tema da notícia; o

emprego de verbos no tempo presente, para que os alunos explicassem o porquê de tal

ocorrência no texto da notícia. Com relação à linguagem, foi feita a transcrição de um trecho

da notícia para que o aluno analisasse se o efeito de sentido mudaria ou não, ao substituir um

determinado verbo por outro (ex. indicar por confirmar). A intenção foi verificar se o aluno

percebia que a referida substituição poderia alterar ou não o entendimento da informação,

nesse trecho. Essa foi uma forma de mostrar uma das características do texto de notícia: a

clareza na linguagem. Esses encontros objetivaram conduzir os alunos a um primeiro contato

com o gênero e prepará-los para as demais fases do procedimento.

3º Momento - Discussão sobre fatos recentes

Nesse momento foi realizada uma discussão com os alunos acerca de fatos recentes

que ocorreram na escola, na própria comunidade ou, em comunidades circunvizinhas.

Concedi aos alunos a oportunidade para que relatassem fatos recentes do conhecimento deles.

Para enriquecer esse momento, convidei a coordenadora do programa Mais Educação na

escola na qual estava sendo aplicada a pesquisa, para informar aos alunos acerca das notícias

recentes referentes ao referido programa. Na oportunidade, efetuei, juntamente com a referida

coordenadora, alguns comentários, acerca de fatos ocorridos recentemente na comunidade.

Page 64: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

63

3.2.2 Proposta de produção inicial

Com base nessa discussão, solicitei aos alunos que produzissem um texto sobre um

fato recente e que poderia ser um dos que foram comentados em sala de aula, ou outros que

fossem do conhecimento deles e que estivessem relacionados com a comunidade. A

coordenadora do programa Mais Educação combinou com os alunos que eles poderiam

procurá-la para maiores detalhes acerca desses fatos. Para essa primeira produção, orientei os

alunos para que eles escolhessem um fato recentemente ocorrido na escola, na sua

comunidade ou nas comunidades circunvizinhas e produzissem um texto sobre o fato

escolhido, podendo, se quisessem, ilustrar o relato dos fatos, ou seja, a própria notícia, com

imagens.

Aos alunos que optaram pela escrita acerca de fatos ocorridos na escola, os orientei

para que efetuassem uma entrevista com a coordenadora do Programa Mais Educação, na

escola, a fim de que obtivessem uma melhor apuração dos fatos. Foi estipulado um prazo de

quatro dias para efetivar a atividade proposta, e entregá-las para as devidas correções.

A finalidade da proposta dessa primeira produção foi averiguar a maneira como

ocorreria o processo de escrita do gênero em estudo, a partir do conhecimento prévio dos

alunos acerca do gênero notícia, e das explanações efetuadas em sala de aula e, com base

nisso, definir o que seria preciso trabalhar no sentido de instrumentalizá-los para a produção

final.

Após a coleta da primeira versão dos textos de notícias, foi possível identificar

problemas referentes à estrutura do referido gênero, bem como no que se refere à

apresentação do conteúdo (informatividade e apresentação de relatos), além dos problemas de

adequação ao padrão culto da língua. A seguir, apresentamos a análise dessa primeira

produção, que serviu de base para a intervenção didática, a qual será relatada em seguida.

3.3 Análise da produção inicial

Segue abaixo a análise da primeira produção dos textos de notícias coletados para esta

investigação de natureza intervencionista. Inicialmente serão apresentados os trechos com

problemas, no final, uma breve análise desses problemas. Para demonstração desses

problemas, foram transcritos alguns trechos das produções e, ao fim de sua exposição,

efetuou-se uma análise dos problemas identificados.

Page 65: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

64

Enfatiza-se que a identificação dos textos é apresentada numericamente, numa

sequência do 1 ao 7, conforme a análise seguido da letra “PP”, que faz alusão à produção

textual da primeira etapa da investigação. Em cada trecho apresenta-se assinalado em negrito

e itálico a presença dos problemas detectados nos textos produzidos.

Vale salientar também que a referida análise fundamentou-se nos critérios da

avaliação do texto escrito, proposto por Antunes (2006), considerando o que a referida autora

declara: “A língua não se esgota pela sua gramática. Fazer um texto não é apenas uma questão

de gramática. É uma forma particular de atuação social” (ANTUNES, 2006, p. 171).

Antunes acrescenta ainda que essa atuação social inclui os respectivos conhecimentos:

os elementos linguísticos, os quais abrangem o léxico e a gramática; os elementos de

textualização, que abrangem todas as propriedades do texto, dentre elas a informatividade, a

qual foi analisada no texto de notícia produzidos pelos alunos; os elementos do estatuto

pragmático do texto, ou os elementos da situação em que o texto ocorre, dentre eles, as

intenções pretendidas, ou seja, o objetivo pelo qual se escreve, que no caso dos textos

produzidos, a finalidade foi de “informar”; e o gênero textual, com as convenções que

regulam sua forma de construção e de apresentação. È aqui que se difere, por exemplo, uma

carta de uma notícia.

Com base nesses princípios, seguem as referidas análises.

3.3.1 Aspectos característicos do gênero – Estrutura

Ao efetuar a análise dos 7 textos produzidos pelos alunos foi possível identificar

vários problemas referentes aos aspectos estruturais típicos do gênero.

Durante a análise da primeira produção textual dos discentes investigados percebeu-se

que eles, em sua maioria, não dominavam ou desconheciam os elementos constitutivos da

estrutura do gênero notícia, a saber: Título, lead (1º parágrafo), corpo da notícia com o

desenvolvimento dos fatos em parágrafos.

No quadro 01, que segue, apresenta-se a transcrição de títulos de notícias com

problemas de adequação aos aspectos característicos do referido gênero, com sua respectiva

análise.

Page 66: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

65

Quadro 1: Título – Primeira Produção

NUMERAÇÃO DE

TÍTULOS

TRANSCRIÇÃO DE TÍTULOS PRODUZIDOS

Título -1 –notícia -1 “pp”

A Escola Carlos Neves reformou a rádio escola

Título -2 - Notícia-2 “PP”

O curta-se da Carlos Neves foi escolhido para se apresentar na Mostra

Cultural

Título-3 – Notícia -3 “PP”

A Escola Carlos Neves participou da Mostra de música na Estação

Ciência

Título -4- Notícia -4 “PP”

A Escola Carlos Neves no encontro municipal de protagonismo juvenil

(sem verbo)

Título -5 - Notícia-5 “PP”

Um caminhão bateu num carro no José Américo

Título-6 – Notícia -6 “PP”

Esgoto sanitário no José Américo

(sem verbo)

Título -7- Notícia -7

Faltou agua para os alunos na Escola Carlos Neves

No que se refere aos títulos dos textos de notícias produzidos pelos alunos é possível

observar que nos títulos 1, 2, 3, 5 e 7, os verbos apresentam-se no tempo passado, ou seja, há

uma inadequação com relação ao emprego do tempo verbal. Segundo o Manual de redação e

estilo – O Globo (2001), o título da notícia deve apresentar os verbos no tempo presente, para

mostrar que se trata de um fato ocorrido recentemente, sendo esta, uma das principais

características do gênero notícia.

Com relação aos títulos 4 e 6, verifica-se a ausência de verbo, o que registra também

inadequação dos aspectos característicos do referido gênero4, e consequentemente, a

inviabilização da compreensão leitora com relação as intenções pretendidas pelo autor da

escrita dos referidos títulos.

O quadro 02, a seguir, apresenta os 7 (sete) textos das notícias produzidas pelos

discentes, para a análise de seus respectivos leads. Os textos das notícias apresentam-se

identificados numericamente.

4 O título da notícia, segundo, Erbolato (1991), deve conter verbo. Os manuais de redação consultados, a exemplo de Erbolato (1991), orientam que o verbo do título da notícia dever ser apresentado no presente do indicativo.

Page 67: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

66

Vale salientar que os textos que seguem são uma transcrição fiel das produções

efetuadas pelos discentes. Apesar dos referidos textos apresentarem problemas de diferentes

naturezas, o foco da análise, neste item, destina-se apenas às questões estruturais referentes ao

lead, o qual foi marcado na cor azul.

Quadro 2: Lead – Primeira Produção

TRECHOS NUMERADOS

TRANSCRIÇÃO DOS TRECHOS DE NOTÍCIAS PARA

ANÁLISES DE LEADS

Techo -1 –Notícia -1”PP”

A radio escola da escola Carlos Neves teve uma reforma, que terminou no

final de setembro Ela foi grafitada, também melhorou a acústica, colocou

ar-condicionadoe fez muitas outras coisas.A radio escola já existia faz

tempo, mas estava funcionando muito precária. Isso foi o que falou a

coordenadora Fabiana do mais educação na escola. A radio escola vai ser

utilizada pelos alunos do mais educação.

Trecho -2 - Notícia-2”PP”

No dia 8 de setembro foi feita a abertura da Mostra Cultural na Estação

Ciência e a escola Carlos Neves foi uma das escolhidas para apresentar um

projeto chamado curta-se, que é uma filmagem curta com pouco tempo de

apresentação, por isso que tem esse nome. Todo ano a prefeitura organiza

um projeto com um tema diferente para as escolas. No ano passado o tema

foi de cinema e esse ano é de teatro.

A coordenadora do mais educação, Fabiana disse que os participantes

dessa filmagem são os alunos do mais educação que vão mostrar uma

história ou uma.vivência. A coordenadora Fabiana também falou o

seguinte: o mais educação. Está com muita coisa intere-

Ssante

Trecho-3 – Notícia -3

No mês de setembro, a escola Carlos Neves participou da Mostra de

Música. Nessa Mostra participou os alunos do programa mais educação

dessa escola. A pessoa que coordenou esse projeto foi o professor de

música Murilo, que trabalha na escola, e que junto com os alunos fez uma

música em homenagem a cantora Elba Ramalho porque esse foi o ano

cultural dela. Todo ano a prefeitura escolhe uma pessoa para ser

homenageada e esse ano foi a cantora Elba. A letra da música foi feita pelo

professor de música e os alunos que tocam flauta e saxofone. O professor

Murilo também toca flauta e saxofone.

Trecho -4- Notícia -4”PP”

No dia 4 de setembro a escola Carlos Neves participou do encontro

Page 68: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

67

municipal de protagonismo juvenil. Lá nesse encontro participou vários

alunos da escola, quase todos do mais educação, só dois que não era. Esse

encontro foi para mostrar as pessoas o que é protagonismo.A coordenadora

Fabiana do mais educação falou que muita gente não sabe o que é

protagonismo e aí pensa que é só para está no centro. Na entrevista ela

disse o seguinte: o encontro municipal de protagonismo juvenil veio para

ampliar os horizontes sobre o que vem a ser protagonismo. Protagonismo

não é só estar sendo o centro das atenções e sim pensar no próximo,

auxiliando para o bem estar coletivo, respeitando todas as diversidades

existentes no grupo. Isso resume o encontro. A coordenadora falou isso

bem alegre.

Quem promoveu esse encontro foi uma ONG chamada Remar, que tem um

convênio com a prefeitura e isso também foi a coordenadora que falou.

Esse encontro foi realizado na escola Ana Cristina, e lá teve varias

oficinas.

Trecho -5 - Notícia-5 “PP”

Um caminhão ultrapasou na pista principal do bairro José Américo e bateu

em um carro, no dia 11 desse mês de setembro. Felizmente deu tudo certo.

O motorista do carro ficou bem e o carro dele foi levado para oficina desse

bairro. O motorista do carro também disse que o motorista do caminhão

vai pagar o serviço que vai ser feito no seu carro no valor de setecentos

reais. O motorista do carro disse o seguinte: ja houve um mês que bateram

oito vezes no meu carro e essa foi a que deu mais susto. Uma pessoa que

ouviu ele falar isso disse: Mas ainda bem que deu tudo certo.

O motorista do carro pegou um carro alternativo e foi para o detran ajeitar

as documentações. Uma pessoa que estava na parada de ônibus escutando

o que o motorista do carro contava para ela, disse para ele que isso foi um

livramento de Deus na vida dele.

Trecho-6 - Notícia -6 “PP”

O grupo da prefeitura esta localizando algumas ruas no laranjeiras, para

melhorar o esgoto sanitário de João Pessoa.Uma moradora falou: “espero

que não seja só promesa, mas que seja realidade”.

Trecho-7- Notícia -7 “PP”

Na escola Carlos Neves, os alunos ficaram sem agua. Todos estavam

reclamando da falta de agua no bebedouro.

Segundo os alunos, já faz dois dias que não tem agua. Um aluno diz “Que

não aguenta mais a falta de agua na escola.” Depois dessas reclamações no

dia 11 a agua chegou.

Antes de adentrar nas análises acerca da forma como se apresentam ou não, a estrutura

dos leads das referidas notícias é fundamental enfatizar aqui que, segundo os Manuais de

redação, o lead deve conter informações que respondam as seguintes perguntas: Que? Quem?

Page 69: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

68

Onde? Quando? Por quê? Como? Embora em alguns casos não apareçam todos os

elementos no lead, e sim na continuidade do texto.

Com relação à notícia 1, observa-se que não há uma demarcação do primeiro

parágrafo, correspondente ao lead. Ainda no início do texto são apresentadas informações

que, segundo os manuais de redação, devem ser postas no desenvolvimento do texto. A

exemplo disso, o seguinte trecho: “Ela foi grafitada, também melhorou a acústica, colocou

ar-condicionado e fez muitas outras coisas.” O referido trecho trata de detalhes do fato, logo

no início (lead) do texto, no qual deve conter apenas um resumo do acontecimento. O mesmo

ocorreu com a notícia 2, além de detalhar os fatos no início (lead), o texto segue com os

relatos em parágrafo único, o que desobedece o padrão textual e pode ainda tornar a leitura

enfadonha e desinteressante para o leitor.

A notícia 3 também não destaca o lead nem especifica o local em que ocorreu o fato.

Isso pode ser conferido ao observar o seguinte trecho: “No mês de setembro, a escola Carlos

Neves participou da mostra de música. Nessa mostra participou os alunos do programa mais

educação dessa escola.” A mesma falha ocorreu no texto 4: “No dia 4 de setembro a escola

Carlos Neves participou do encontro municipal de protagonismo juvenil. Lá nesse encontro

participou vários alunos da escola,...” a partir daqui, o autor segue detalhando os fatos em

parágrafo único, quando deveria ter efetuado, no início do texto, um resumo dos

acontecimentos, demarcando o lead. Semelhantemente, na notícia 5, o lead também não é

identificado. Outro problema detectado também refere-se à avaliação, de aspecto apreciativo,

feita pelo autor, pode-se verificar isso no seguinte trecho: “Felizmente deu tudo certo.”

Segundo os manuais de redação – O Globo(2001), não é permitido ao autor no texto de

notícia efetuar felicitações, emitir opiniões, parabenizar, ou coisas semelhantes.

O texto 6 registra uma falha ainda maior por se tratar de um texto muito curto, com

pouquíssimas informações a respeito do ocorrido e o lead informa menos ainda. O fato de não

apresentar com clareza o resumo dos fatos ocorridos, não atende aos elementos estruturais do

lead. Igualmente, a notícia 7, a qual não revela o tempo em que ocorreu o fato, apresenta

inadequação no que se refere à estrutura do lead.

3.3.2 Informatividade

Com relação ao aspecto da textualidade, foi possível verificar por meio de análise nos

textos produzidos pelos discentes na primeira produção, vários problemas referentes à

informatividade, ou seja, insuficiência de informações acerca dos detalhes dos fatos, bem

Page 70: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

69

como problemas na apresentação de discursos relatados, que esclareçam melhor os fatos

ocorridos. Segue o quadro 03, com a transcrição fiel das produções dos alunos.

Vale enfatizar que os termos na cor azul foram destacados, para mostrar a falta de

informação a partir deles.

Quadro 3: Informatividade – Primeira Produção

TEXTOS NUMERADOS TRANSCRIÇÃO DE TEXTOS PRODUZIDOS

Notícia -1”PP”

A radio escola da escola Carlos Neves teve uma reforma, que terminou

no final de setembro Ela foi grafitada, também melhorou a acústica,

colocou ar- condicionado e fez muitas outras coisas. A radio escola ja

existia, faz tempo, mas estava funcionando muito precária. Isso foi o que

falou a coordenadora Fabiana do mais educação na escola. A radio

escola vai ser utilizada pelos alunos do mais educação.

Notícia-2 “PP”

No dia 8 de setembro foi feita a abertura da mostra cultural na Estação

Ciência e a escola Carlos Neves foi uma das escolhidas para apresentar

um projeto chamado curta-se, que é uma filmagem curta com pouco

tempo de apresentação, por isso que tem esse nome. Todo ano a

prefeitura organiza um projeto com um tema diferente para as escolas.

No ano passado o tema foi de cinema e esse ano é de teatro.

A coordenadora do mais educação, Fabiana disse que os participantes

dessa filmagem são os alunos do mais educação que vão mostrar uma

história ou uma.vivência. A coordenadora Fabiana também falou o

seguinte: O mais educação. Está com muita coisa intere-

Ssante

Notícia -3 “PP”

No mês de setembro, a escola Carlos Neves participou da Mostra de

Música. Nessa mostra participou os alunos do programa mais educação

dessa escola. A pessoa que coordenou esse projeto foi o professor de

música Murilo, que trabalha na escola e que junto com os alunos fez uma

música em homenagem a cantora Elba Ramalho porque esse foi o ano

cultural dela. Todo ano a prefeitura escolhe uma pessoa para ser

homenageada e esse ano foi a cantora Elba. A letra da música foi feita

pelo professor de música e os alunos que tocam flauta e saxofone. O

professor Murilo também toca flauta e saxofone

Notícia -4 “PP”

No dia 4 de setembro a escola Carlos Neves participou do encontro

municipal de protagonismo juvenil. Lá nesse encontro participou vários

alunos da escola, quase todos do mais educação, só dois que não era.

Esse encontro foi para mostrar as pessoas o que é protagonismo.A

Page 71: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

70

coordenadora Fabiana do mais educação falou que muita gente não sabe

o que é protagonismo e aí pensa que é só para está no centro. Na

entrevista ela disse o seguinte: o encontro municipal de protagonismo

juvenil veio para ampliar os horizontes sobre o que vem a ser

protagonismo. Protagonismo não é só estar sendo o centro das atenções e

sim pensar no próximo, auxiliando para o bem estar coletivo, respeitando

todas as diversidades existentes no grupo. Isso resume o encontro. A

coordenadora falou isso bem alegre.

Quem promoveu esse encontro foi uma ONG chamada Remar, que tem

um convênio com a prefeitura, isso também foi a coordenadora que falou.

Esse encontro foi realizado na escola Ana Cristina, e lá teve varias

oficinas.

Notícia-5 “PP”

Um caminhão ultrapasou na pista principal do bairro José Américo e

bateu em um carro, no dia 11 desse mês de setembro. Felizmente deu

tudo certo. O motorista do carro ficou bem e o carro dele foi levado para

oficina desse bairro. O motorista do carro tambem disse que o motorista

do caminhão vai pagar o serviço que vai ser feito no seu carro no valor de

setecentos reais. O motorista do carro disse o seguinte: Ja houve um mês

que bateram oito vezes no meu carro e essa foi a que deu mais susto.

Uma pessoa que ouviu ele falar isso disse: mas ainda bem que deu tudo

certo.

O motorista do carro pegou um carro alternativo e foi para o detran

ajeitar as documentações. Uma pessoa que estava na parada de ônibus

escutando o que o motorista do carro contava para ela, disse para ele que

isso foi um livramento de Deus na vida dele.

Notícia -6 “PP”

O grupo da prefeitura esta localizando algumas ruas no laranjeiras,

para melhorar o esgoto sanitário de João Pessoa. Uma moradora falou:

“espero que não seja só promesa, mas que seja realidade”.

Notícia -7 “PP”

Na escola Carlos Neves, os alunos ficaram sem agua. todos estavam

reclamando da falta de agua no bebedouro

Segundo os alunos, já faz dois dias que não tem agua. Um aluno diz

“Que não aguenta mais a falta de agua na escola.” Depois dessas

reclamações no dia 11 a agua chegou.

Segue a apresentação dos textos que mais apresentaram problemas relacionados á

informatividade. Para esse exemplo, segue a análise referente à notícia 1, na qual várias

informações se mostram ausentes no presente texto.

Page 72: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

71

No texto 1, ao dizer que “melhorou a acústica”, o autor não especifica em que sentido

ocorreu essa melhoria. Outro ponto refere-se ao trecho: “fez muitas outras coisas.” Faltou

aqui esclarecer que outras coisas foram feitas. Outro trecho nessa notícia que carece de mais

detalhes é o seguinte: “A rádio escola já existia, faz tempo”. A pergunta é: existia desde

quando? Essa é pergunta que o leitor pode fazer.

No texto de notícia 2, o autor não esclarece a que se referem, os termos: “do mais

educação” e “o mais educação.”

Na notícia 3, ao se afirmar que “todo ano a prefeitura escolhe uma pessoa”, não se

especifica a que grupo de pessoas é destinado essa escolha, todo ano, pela prefeitura. Mesmo

que se mencione que a escolha é de uma cantora, não fica claro se essa escolha é sempre do

mundo artístico, ou não.

Na notícia 4, o autor comete a mesma falha detectada nas notícias 1 e 2. O texto não

especifica do que se trata “o mais educação.”

Com relação à notícia 5, há uma omissão de informação em dois trechos. Quando

apresentam-se os trechos: “Uma pessoa que ouviu ele falar...” e “uma pessoa que estava

parada no ponto de ônibus”, não se esclarece a que pessoas o autor está se referindo no texto.

No referido trecho, pode-se conferir claramente a ausência de referentes: “Uma pessoa

que ouviu ele falar isso disse: „mais ainda bem que deu tudo certo‟.” Da mesma forma segue a

pergunta na busca de informação referente a esse trecho: Quem foi a pessoa que ouviu ele

falar? No mesmo texto segue outro trecho com o mesmo problema: “Uma pessoa que estava

na parada de ônibus escutando o que o motorista do carro contava para ela, disse para ele que

isso foi um livramento de Deus na vida dele.” Segue a mesma pergunta: Quem foi a pessoa

que estava na parada de ônibus?

O texto de notícia 6 é um texto muito curto e as informações não são precisas. Trata-se

de um texto que se apresenta com bastantes problemas referentes à insuficiência de

informação e problemas relacionados à apresentação dos relatos. O autor inicia omitindo duas

vezes, informações no mesmo trecho, quando apresenta a informação de que “O grupo da

prefeitura esta localizando algumas ruas no laranjeiras”.O autor não especificou quem é este

grupo da prefeitura, nem o que é o laranjeiras. Também não se apresentam detalhes do fato

ocorrido, o que mostra um grau de informação muito pequeno. Segundo Koch (2001), a

informatividade trata-se de um critério que auxilia na organização cognitiva que o leitor faz

de um texto, pois dependendo da intenção do autor, o leitor pode perceber o sentido das

informações contidas no texto com maior ou menor dificuldade.

Page 73: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

72

Uma das instruções reveladas no Manual de Redação e Estilo do Estado de São Paulo

(1997), é que o texto de notícia “Seja claro, preciso, direto, objetivo e conciso” (p. 15).Para

tal, faz-se necessário que as informações postas sejam devidamente ancoradas em seus

referentes sociais.

O texto 7 também apresenta insuficiência de informação e isso pode ser conferido por

meio da análise do seguinte trecho: “Segundo os alunos, já faz dois dias que não tem água.

Um aluno diz “Que não aguenta mais a falta de agua na escola.”A pergunta que se coloca é

a seguinte: Quem foi o aluno que disse isso? A que turno, série, ele pertence?

Com relação aos relatos, foram detectados problemas nos textos das notícias 1, 2, 4, 5

e 7. Seguem a transcrição desses trechos, no quadro 04, com as respectivas análises.

Quadro 4: Discursos / relatos – Primeira Produção

TRECHOS DE NOTÍCIAS

NUMERADAS

TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DE NOTÍCIAS

COM DISCURSOS/RELATOS

Trecho 1 - notícia 1 “PP” A radio escola já existia, faz tempo, mas estava funcionando

muito precária. Isso foi o que falou a coordenadora Fabiana do

mais educação na escola.

Trecho 2 – notícia 2 “PP” A coordenadora Fabiana também falou o seguinte: o mais

educação está com muita coisa intere-

Ssante

Trecho 3 – notícia 4 “PP” Na entrevista ela disse o seguinte: o encontro municipal de

protagonismo juvenil veio para ampliar os horizontes sobre o

que vem a ser protagonismo. Protagonismo não é só estar sendo

o centro das atenções e sim pensar no próximo, auxiliando para

o bem estar coletivo, respeitando todas as diversidades

existentes no grupo. Isso resume o encontro.

Trecho 4 notícia – 5 “PP” O motorista do carro disse o seguinte: Ja houve um mês que

bateram oito vezes no meu carro e essa foi a que deu mais susto.

Trecho 5 – notícia 7 “PP” Um aluno diz “Que não aguenta mais a falta de agua na

escola.”

No que se refere ao emprego de relatos no texto de notícia, estes podem ser

apresentados pelo autor, na forma de estilo direto ou no indireto. Com relação ao discurso

relatado no estilo direto, a Gramática Normativa da Língua Portuguesa, escrita por Rocha

Lima (1998), afirma que nesse modelo de apresentação de relato, o escritor reproduz

fielmente a fala da personagem em seu texto. Ao corroborar com tal afirmação, Nascimento

Page 74: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

73

(2009, p. 26) afirma que “o estilo direto implica fazer falar um outro e, desta maneira,

atribuir-lhe a responsabilidade das falas.” Nesse caso, o relato é apresentado entre aspas, ou

travessão, o que revela a fidelidade do autor da notícia, com relação á fala do personagem

entrevistado.

Já no estilo indireto, segundo a referida gramática, “o autor encaixa no seu próprio

discurso as palavras da personagem, propondo-se tão somente a transmitir-lhes o sentido

intelectual e não a forma linguística que as caracteriza (LIMA, 1988, p. 494), ou seja, o autor

“se compromete com os relatos dos outros locutores, porque torna seu o discurso do outro,

incorporando as palavras alheias e deixando de sinalizá-las (com aspas ou travessão) como

tal” (NASCIMENTO, 2009, p.27).

Tanto no estilo direto, como no indireto, os depoimentos são anunciados por meio dos

verbos dicendi (disse, acrescentou, perguntou, respondeu), que pode precedê-las, encerrá-las,

ou intercalar-se, como afirma a mencionada gramática, e Nascimento (2009).

Ao analisar os trechos com os depoimentos mostrados no quadro 4, acima, é possível

perceber várias falhas na apresentação dos referidos relatos. No caso do trecho 1 da notícia 1,

o autor faz menção à fala da personagem e para demonstrar o seu não comprometimento com

essa fala, utiliza-se do termo em negrito apresentado no quadro acima, fugindo

completamente, da forma adequada de apresentar o relato da personagem entrevistada, por

meio do estilo direto ou do estilo indireto.

Com relação aos trechos 2, 3 e 4, foi possível identificar inadequação referente ao

emprego do discurso direto. No trecho 2, por exemplo, é importante observar que, quando o

autor usa a expressão “também falou”, mostra que já foi falado algo, e que agora está sendo

acrescentado. Nesse caso, pelo estilo direto, o autor poderia ter feito uso, por exemplo, do

verbo dicendi acrescentou. Na sequência, a expressão “o seguinte” seguida de dois pontos,

autentica a inadequação quanto à forma de introduzir a fala da personagem, conforme as

normas de apresentação de relatos tanto na forma indireta, como na direta, segundo os

pressupostos da Gramática Normativa de Rocha Lima (1988), bem como de Nascimento

(2009), anteriormente referidos.

A utilização do termo “o seguinte” também se observa nos trechos 03 e 04, após o

verbo dicendi “disse”, empregado para apresentar os relatos. Em outras palavras, nesses três

trechos (2, 3 e 4), os autores, além do verbo dicendi, acrescentam a expressão: “o seguinte”,

desnecessariamente, visto que, após os verbos dicendi, não se faz necessário acréscimos para

a apresentação de depoimentos (ou pelo menos este não é um padrão do gênero notícia).

Nesse sentido é importante considerar que esses verbos precedem anúncios, mas não

Page 75: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

74

acrescidos de outros termos para tal, conforme postula a própria Gramática Normativa

(LIMA, 1998).

Fenômeno diferente ocorreu no trecho 5, da notícia 7. Segue a transcrição do texto:

Um aluno diz “Que não aguenta mais a falta de agua na escola.”

De início, já é possível perceber a falha do autor com relação ao emprego do verbo

dizer, visto que este se apresenta no tempo presente, quando se trata de algo que ocorreu no

passado. Outro problema em relação ao emprego desse verbo é que ele foi utilizado para

apresentar a fala do personagem, porém seguido de aspas, como se fosse apresentar um

discurso direto, e ao mesmo tempo, segue com a palavra “que”, sugerindo uma apresentação

de discurso indireto. Para tal, o verbo aguentar, precisaria ter sido apresentado na primeira

pessoa do pretérito imperfeito do indicativo e não como foi empregado, na terceira pessoa do

singular do presente do indicativo. Assim como nos demais trechos de notícias analisados

acima, ele apresenta uma inadequação com relação à apresentação de relatos no texto.

Salienta-se aqui, mais uma vez, que as palavras que se encontram com grafia

inadequada perante a norma culta, não serão analisadas nesse contexto, e sim, mais adiante,

com relação às análises pertinentes à adequação ao padrão culto da língua.

3.3.3 Adequação ao padrão culto da língua

Ao efetuar a análise das primeiras produções textuais dos discentes, não foram observados

problemas no que se refere à adequação linguística, nos termos em que coloca Antunes, no

entanto foram observados problemas de natureza ortográfica e de obediência à norma culta da

língua. Nesse sentido foram detectados, problemas de pontuação, acentuação e ortografia e,

por essa razão, esse passou a ser um critério de análise do corpus.

No que se refere aos problemas de pontuação, dos sete textos produzidos pelos

discentes, três apresentaram inadequação com relação ao emprego do ponto final.

Seguem os trechos dos textos com as respectivas análises.

Quadro 5: Pontuação (Emprego do ponto final) – Primeira Produção

TRECHOS

NUMERADOS

TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DOS TEXTOS DE NOTÍCIAS

Trecho1- Notícia 1 “PP” A radio escola da escola Carlos Neves teve uma reforma, que terminou no final

de setembro Ela foi grafitada, também melhorou a acústica, colocou ar-

condicionado e fez muitas outras coisas.

Trecho2 – Notícia2 “PP” ... Fabiana disse que os participantes dessa filmagem são os alunos do mais

Page 76: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

75

educação que vão mostrar uma história ou uma. vivência. A coordenadora

Fabiana também falou o seguinte: o mais educação está com muita coisa intere-

ssante

Trecho3- Notícia 7 “PP” Na escola Carlos Neves, os alunos ficaram sem agua. todos estavam reclamando

da falta de agua no bebedouro

Segundo os alunos, já faz dois dias que não tem água. Um aluno diz...

Percebe-se, no quadro 5, que os problemas relacionados ao ponto final referiam-se ao

emprego desse elemento antes de encerrar o período, bem como a ausência dessa pontuação

no término do período. Observa-se, no trecho 1, que, do início do primeiro período até a

palavra “setembro”, em negrito, há uma conclusão do período, o que requer o emprego do

ponto final. No trecho 2, da notícia 2, após o termo em negrito da segunda linha, o autor

emprega o ponto final, quando ainda não havia concluído o período. Já com relação ao trecho

3, da notícia 7, o autor não utilizou o uso do ponto final ao término do discurso no primeiro

período, ou seja, da palavra bebedouro (término do discurso).

Outro problema referente ao emprego de elementos linguísticos pode ser observado

com relação ao uso do acento gráfico agudo. A esse respeito, 4 (quatro) textos apresentaram o

referido problema, os quais são apresentados no quadro 6, a seguir.

Quadro 6: Acentuação (Emprego do acento agudo) - Primeira Produção

TRECHOS

NUMERADOS

TRANSCRIÇÃO DE TEXTOS DE NOTÍCIAS

Trecho 1 - Notícia 1”PP” A radio escola da escola Carlos Neves teve uma reforma, que terminou no

final de setembro.

Trecho 2- Notícia 5 “PP” O motorista do carro tambem disse que o motorista do caminhão vai pagar o

serviço que vai ser feito no seu carro no valor de setecentos reais. O

motorista do carro disse o seguinte: ja houve um mês que bateram oito vezes

no meu carro e essa foi a que deu mais susto.

Trecho 3- Notícia 6 “PP”

O grupo da prefeitura esta localizando algumas ruas no laranjeiras

Trecho 4 - Notícia 7 “PP” Na escola Carlos Neves os alunos ficaram sem agua. todos estavam

reclamando da falta de agua no bebedouro.

Page 77: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

76

Ao efetuar as análises dos textos dos discentes, detectaram-se, nos trechos de notícias

acima destacados, no quadro 6, desvios referentes ao emprego do acento gráfico agudo. Foi

percebido que em muitas palavras o referido acento não foi utilizado conforme as regras

gramaticais estabelecidas pela norma culta. Esse é o caso, por exemplo, da palavra “rádio”,

que se trata de uma palavra paroxítona terminada em ditongo crescente, e nesse caso requer o

uso obrigatório do acento agudo, segundo o novo acordo ortográfico. Todas as demais

palavras assinaladas em negrito apresentam problema com o uso do acento gráfico.

Quadro 7: Emprego do dígrafo “SS” – Primeira Produção

TRECHOS NUMERADOS

TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DE TEXTOS PRODUZIDOS

Trecho1- Notícia 2 “PP” O mais educação está com muita coisa intere-

ssante

Trecho2- Notícia 5 “PP” Um caminhão ultrapasou na pista principal do bairro José Américo e

bateu em um carro, no dia 11 de setembro.

Trecho3- Notícia 6 “PP” ...uma moradora falou: “espero que não seja só promesa, mas que seja

realidade”.

Ao analisar os textos assinalados no quadro 7, perceberam-se problemas com relação à

separação silábica do dígrafo “SS”. Segundo a Gramática Normativa da Língua Portuguesa,

de Rocha Lima (1998), o referido dígrafo é silabicamente separável. No entanto, a separação

silábica desse dígrafo nas palavras em destaque nos referidos trechos, encontra-se fora do

padrão gramatical.

O quadro 8, que segue, expõe problemas relacionados ao emprego de letras iniciais

maiúsculas. Os referidos problemas apresentam-se marcados na cor vermelha.

Quadro 8: Emprego de letras iniciais maiúsculas – Primeira Produção

TRECHOS NUMERADOS TRANSCRIÇÃO DOS TRECHOS DAS NOTÍCIAS

Trecho1 – Notícia –1 “PP”

A radio escola da escola municipal Carlos Neves teve uma reforma, que...

Trecho2 – Notícia –2 “PP”

...foi feita a abertura da Mostra Cultural na Estação Ciência e a escola

Carlos Neves foi uma das escolhidas para ...

Trecho3 – Notícia- 3 “PP” No mês de setembro, a escola Carlos Neves participou da Mostra de

Música.

Trecho4 – Notícia-4 “PP”

No dia 4 de setembro a escola Carlos Neves participou do encontro

municipal de protagonismo juvenil...

Page 78: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

77

Quem promoveu esse encontro foi uma ONG chamada Remar,...

Esse encontro foi realizado na escola Ana Cristina, e lá teve várias

oficinas.

Trecho5 – Notícia-5 “PP”

O motorista do carro pegou um carro alternativo e foi para o detran ajeitar

as documentações.

Trecho6 – Notícia-6 “PP”

Uma moradora falou: “espero que não seja só promessa, mas seja

realidade”.

Trecho7 – Notícia-7 “PP”

Na escola municipal Carlos Neves, os alunos ficaram sem agua. todos

estavam reclamando...

Durante as análises nos textos em destaque detectaram-se problemas relacionados ao

emprego de letras iniciais maiúsculas. Percebe-se, por exemplo, que, dos 7 (sete) textos

produzidos, 5 (cinco) grafaram letra minúsculas em palavras como Escola. Pode-se conferir

esses problemas nos textos: 1,2,3, 4 e 7. Ainda com relação ao texto 7, o autor escreveu a

palavra “todos” com letra inicial minúscula, após ter empregado o ponto final. Conforme as

regras gramaticais, após assinalar o término do período empregam-se letra inicial maiúscula.

Os textos 4 e 5 apresentaram também outros problemas, só que com relação a grafia

da sigla “REMAR”, apenas a primeira letra foi grafada com maiúscula, ou seja, “R” e as

demais letras foram grafadas com letra minúscula e, na sigla “DETRAN”, todas as letras

foram grafadas com letra minúscula. Segundo as normas gramaticais, as siglas devem ser

escritas com letras maiúsculas.

Com relação ao texto 6, o autor iniciou uma citação com letra inicial minúscula, após

o uso de dois pontos. Segundo as regras gramaticais, as citações após o emprego de dois

pontos devem ser iniciadas com letra maiúscula.

Após a realização da análise da primeira produção, foi elaborada a proposta de

intervenção propriamente dita, no intento de solucionar os problemas identificados nesta

primeira análise primeira produção. Em outras palavras, a etapa dos módulos principiou-se a

partir da análise dos primeiros textos produzidos pelos alunos. Nesse momento, foram feitas

as imprescindíveis correções, para averiguação dos problemas mais frequentes encontrados

nos textos de notícias.

Page 79: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

78

3.4 Proposta de intervenção - os módulos

A partir da análise da versão inicial, observamos que os problemas detectados na

primeira versão sucederam de uma forma geral nos textos produzidos, o primeiro

procedimento foi elaborar aulas expositivas no intuito de efetuar discussões pautadas em cada

problema apresentado na produção inicial e, dessa forma, fornecer aos alunos os instrumentos

necessários para superar os referidos problemas.

Para tal, foram elaborados e aplicados, em sala de aula, três módulos, os quais

abordaram tópicos distintos. Para a concretização desses módulos foram necessários quatro

encontros/aulas, assim distribuídos: 1 (um) encontro para aplicação do primeiro módulo, 1

(um) encontro para o segundo módulo e 2 (dois) encontros para o terceiro módulo. A seguir,

detalhamos cada um dos módulos executados.

a) Módulo 01 - No terceiro encontro da sequência didática iniciou-se a aplicação do

primeiro módulo, que de uma forma geral teve como objetivo preparar os alunos para

identificar os elementos constitutivos do título e do lead de textos de notícias, para produzi-

los de forma adequada, atendendo às características do gênero. Especificamente, teve como

objetivo explorar o significado e a função do título e do lead no texto de notícia; efetuar

análises de títulos e de leads de textos de notícias em processo de produção; e reescrever

títulos e leads dos textos analisados.

Para atender os referidos objetivos, foram feitos vários procedimentos didático-

pedagógicos. Inicialmente, distribuí com os alunos um exemplar de uma notícia com o

seguinte título: “Dilma diz que manifestações não podem interromper estradas” (anexo A)

para que os alunos efetuassem uma leitura coletiva. A escolha da referida notícia se deu pelo

fato de se tratar de um assunto atual vivenciado pela sociedade brasileira, na qual os alunos

encontram-se inseridos.

Na sequência foi explicado aos alunos que o título localiza-se no topo da notícia, ou

seja, eles encabeçam uma notícia, utilizando sempre o presente como tempo verbal, para

mostrar que se trata de um fato recente. Na sequência, efetuei explicações acerca das

características do título: Os títulos deverão ser elaborados de forma resumida, não devem

conter muitas palavras e ser bastante atrativos para despertar a atenção do leitor para o texto.

Assim, diante dos respectivos problemas detectados nos títulos, na primeira produção,

foi realizado em sala de aula, um trabalho comparativo com títulos de notícias de diferentes

jornais e de sites do portal do G1, o que permitiu aos alunos observarem como se costuma

titular notícia em grandes jornais e demais suportes que veiculam esses textos. A partir dessa

Page 80: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

79

comparação e dessa reflexão, os alunos foram conduzidos a reescrever os títulos dos seus

próprios textos (a proposta dessa atividade encontra-se no anexo C, do presente trabalho).

Após o trabalho sobre título, informei aos alunos a respeito de outro elemento que

compõe o texto de uma notícia: o lead. Através de retroprojeção, foi exibido um exemplo de

lead de notícia (anexo A), que, a propósito, relacionava-se com o título que foi trabalhado no

conteúdo anterior.

O objetivo nesse momento foi conduzir o aluno ao entendimento de que o lead tem a

função, entre outras, de atrair o interesse do leitor a efetuar a leitura do texto até o final.

Assim, foram tratados os elementos constituintes do lead, ou seja, discutimos que o lead deve

conter informações que respondam as seguintes perguntas básicas estabelecidas pelos

Manuais de Redação: Que? ; Quem? ; Onde? ; Quando? ; Por quê? Como?

Porém, foi esclarecido aos alunos que, em alguns casos, não aparecem todos os

elementos no lead, mas na continuidade do texto podem aparecer. Essas perguntas foram

elaboradas aos alunos com relação ao lead, no slide apresentado.

Após essas explanações, foi efetuado um trabalho de comparação dos textos dos leads

dos textos dos próprios com leads de textos de notícias de jornais e de sites do G1,

apresentados em sala de aula. A partir dessa atividade, os alunos tiveram a oportunidade de

analisar quais os elementos devem ser incluídos no primeiro parágrafo de texto de notícia,

para apresentar as informações correspondentes ao lead. O referido trabalho possibilitou aos

alunos a reescrita dos leads dos seus respectivos textos, através de uma atividade escrita

demonstrada no anexo C, deste trabalho.

b) Módulo 02 - No quarto encontro da referida sequência, ocorreu a aplicação do

segundo módulo, no qual foram abordados conteúdos referentes a um dos critérios de

textualidade, a informatividade, além da presença de depoimentos/relatos, o que constitui a

polifonia de locutores.

De modo geral, essa etapa teve como objetivo conduzir os alunos a reconhecerem a

necessidade da informatividade em textos de notícias (informações suficientes para a

contextualização e o relato dos fatos), bem como a influência dos depoimentos (discurso

relatado) na apresentação das informações. De forma específica, teve como objetivo explorar

a importância da informatividade nos textos de notícias; discutir a influência dos depoimentos

nos textos de notícias; identificar as informações contidas no texto de uma notícia levada para

estudo em sala de aula; efetuar análise de textos de notícias com problema de informatividade

(informações insuficientes para o relato dos fatos) e apontar as possíveis informações ausentes

nos textos das notícias produzidas pelos alunos, em sala de aula, na primeira produção textual.

Page 81: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

80

No que se refere aos procedimentos didático-metodológicos empregados nesse

segundo módulo, de início foram distribuídos aos alunos um exemplar de um texto de notícia,

que propositadamente referiu-se ao mesmo texto trabalhado no módulo anterior. A intenção

foi explorar a informatividade tendo como ponto de partida, os elementos estudados no

módulo antecedente, ou seja, o detalhamento dos fatos a partir dos elementos apresentados no

lead. O exemplar da notícia distribuída e estudada com os alunos foi o mesmo trabalhado no

módulo anterior (anexo A).

Após esses questionamentos foram feitos esclarecimentos aos alunos sobre a extrema

relevância de se apresentar, em um texto de notícia, informações suficientes para que haja

uma melhor compreensão do leitor com relação ao fato apresentado, e que os jornalistas, na

apresentação de detalhes dos fatos, procuram criar, no texto, a ideia de veracidade sobre o que

está sendo relatado. Também por este motivo, valem-se de depoimentos de pessoas

envolvidas no acontecimento.

Expliquei ainda que, quando um texto não apresenta as informações suficientes, o

leitor pode ficar confuso, sem entender o que o texto pretende informar e perder o interesse de

efetuar a leitura sobre o devido assunto.

Outro ponto importante esclarecido aos alunos referiu-se ao ineditismo da notícia.

Esclareci que não basta apenas ter informações “suficientes”, essas informações também têm

que ser inéditas, ou seja, serem novidade para o leitor, caso contrário o seu grau de

informação será considerado, pelo leitor, muito pequeno, de pouca importância.

Nesse momento, informei aos alunos que os depoimentos podem ser apresentados no

texto de duas maneiras: De forma direta, ou seja, o jornalista escreve o depoimento da mesma

forma como foi relatado pelo sujeito entrevistado. Nesse caso, o relato é apresentado entre

aspas, o que mostra que o autor da notícia foi “fiel” à fala do personagem. A segunda maneira

de apresentar o depoimento é de forma indireta, ou seja, o jornalista apresenta o que o autor

falou, a partir de sua interpretação, a respeito de algo que ouviu do entrevistado.

Em seguida, exibi por meio de retroprojeção, um exemplar com um trecho da própria

notícia tratada desde o início do referido estudo, o qual pode ser conferido no anexo - A, do

presente trabalho. Após a apresentação e leitura do referido trecho, os alunos foram

conduzidos a perceberem as estratégias utilizadas pelos jornalistas para introduzir a fala dos

personagens em seus textos de notícias, no estilo direto.

Prossegui com informações acerca das estratégias utilizadas pelos jornalistas para

apresentar a fala dos personagens no estilo indireto. Posteriormente, por meio de

retroprojeção, foi apresentada a transcrição de um trecho de um texto (anexo A), com a fala

Page 82: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

81

de um personagem, para maiores esclarecimentos acerca do respectivo conteúdo (relato em

estilo direto e em estilo indireto).

Ao efetuar a leitura, juntamente com os alunos, os adverti para prestarem atenção ao

verbo (disse), e esclareci que o referido verbo foi apresentado no texto como um recurso para

mostrar o que a personagem falou. A fim de instigar um maior entendimento por parte dos

alunos, apresentei outros verbos que podem ser apresentados nessa situação; afirmou,

destacou etc. Em seguida solicitei aos alunos que dessem continuidade aos referidos

exemplos.

Considerei importante também chamar a atenção dos alunos para perceberem que o

discurso indireto apresentado no lead, e o direto no terceiro parágrafo, se complementam.

Após essa explanação, foi proposta uma atividade de escrita para os alunos, a qual está

explicitada no apêndice (pág. 124) e apresentada nos anexos (pág. 144). Nesse sentido, os

problemas relacionados à informatividade, na primeira produção, foram tratados por meio de

comparação com exemplares de notícias de jornais, retiradas do site do G1 e apresentados aos

alunos em sala de aula. Foi realizado com os alunos um trabalho de identificação das

informações contidas nesses textos, como ponto de partida para discussões acerca do que

define o grau de informatividade de um texto. Os alunos foram oportunizados a refletir sobre

a influência dos relatos na apresentação das informações nos textos de notícias bem como, a

respeito da questão da insuficiência de informações e suas implicações na compreensão

leitora. A partir desse trabalho de reflexão, os alunos retomaram seus textos, efetuaram uma

análise sobre quais informações seriam necessárias apresentar nos textos para um melhor

detalhamento acerca dos fatos narrados e, em seguida, partiram em busca dessas informações,

por meio de entrevistas com envolvidos nos fatos ocorridos e/ou até mesmo pesquisando em

fontes confiáveis, conforme as orientações recebidas em sala de aula.

Para tratar os problemas com relação à apresentação dos relatos, também foi

desenvolvido um trabalho comparativo por meio de outros textos de notícias, para que os

alunos verificassem as estratégias que poderiam ser usadas pelo autor do texto para apresentar

as falas dos personagens, ou seja, pelo discurso direto ou indireto, bem como o emprego

adequado dos verbos dicendi, e a sua função na apresentação desses relatos. Percebemos que

esse trabalho possibilitou uma melhor compreensão dos alunos acerca da influência dos

relatos na informatividade do texto e acreditamos que foi a partir dessa compreensão que os

alunos puderam retomar os textos da produção inicial para efetuar as devidas correções, no

que diz respeito à introdução adequada de relatos nas notícias produzidas.

Page 83: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

82

c) Módulo 03 - A etapa dos módulos finalizou no quinto encontro com a aplicação do

terceiro módulo, no qual foram tratados assuntos referentes ao acento gráfico agudo, sinal de

pontuação (ponto final), emprego de letras iniciais maiúsculas, dígrafos (SS). Para tanto,

devido ao montante de informações referentes aos conteúdos abordados, estes foram

explanados em dois encontros, sendo no primeiro, abordagens relacionadas ao acento gráfico

agudo e o emprego do ponto final, e, no segundo encontro, emprego de letras iniciais

maiúsculas e dos dígrafos (SS).

Os estudos abordados no referido módulo, de forma geral, tiveram como objetivo

aprofundar os conhecimentos referentes ao emprego adequado do acento gráfico agudo, sinal

de pontuação (ponto final), uso de letras iniciais maiúsculas e dos dígrafos SS, conforme o

novo acordo ortográfico e as regras gramaticais estabelecidas pela norma culta,

respectivamente. Especificamente, objetivou realizar discussões acerca da importância do

emprego do acento agudo, do ponto final, uso de letras iniciais maiúsculas e dos dígrafos SS;

analisar trechos de textos em processo de produção com problemas referentes ao emprego dos

elementos linguísticos em estudo; efetuar as correções cabíveis referentes às adequações

linguísticas nos trechos de textos analisados e empregar adequadamente os elementos

linguísticos em estudo, de acordo com a nova ortografia e as regras gramaticais prescritas pela

norma padrão.

No que se refere aos procedimentos metodológicos empregados no primeiro encontro

desse módulo, inicialmente, aos alunos foi comunicado que a aula desse dia iria tratar do

emprego do acento gráfico agudo e do ponto final, e que, como o foco dos estudos tem se

referido à produção de textos de notícias, o referido estudo teria como base também, esse tipo

de texto para tratar dos referidos conteúdos.

Após esses esclarecimentos, informei que o emprego do acento agudo seria o assunto

inicial daquele momento, mas que para tal seria necessário fazer menção às mudanças

ocorridas na nova ortografia e que os estudos sobre acentuação estariam fundamentados nesse

novo acordo ortográfico.

Na sequência, comentei que o acento gráfico seja qual for (agudo, circunflexo etc.)

trata-se de uma convenção, que busca trazer para a escrita, alguns aspectos da língua falada

(acentuação tônica de algumas palavras) na tentativa de evitar dificuldades na leitura.

Após as explanações, distribuí aos alunos o trecho de um texto de uma notícia,

intitulado: “Seinfra retira rotatória de viaduto para acabar congestionamentos”,

publicado pelo Jornal da Paraíba em 12/09/2013 (anexo A), para que eles efetuassem uma

leitura do referido trecho para identificação de palavras grafadas com acento agudo.

Page 84: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

83

Após a leitura inicial do trecho, foi solicitado aos alunos que efetuassem uma segunda

leitura do referido trecho para identificação de palavras grafadas com acento agudo. Fiz uma

explanação das referidas palavras classificando-as com relação à posição da sílaba tônica.

Por fim, efetuei algumas considerações acerca da escrita conforme a nova ortografia.

Foi esclarecido aos alunos que o emprego de acentos gráficos é um dos requisitos que

compõem as regras estabelecidas pela gramática normativa e que esta é constituída de

algumas características, que requer da pessoa que escreve uma atenção especial a fim de

estabelecer uma relação de familiaridade e, consequentemente, colocando-as em prática na

linguagem escrita, e, na medida em que for desenvolvendo o hábito da leitura e a prática da

escrita, automaticamente se aprimorará das referidas competências, bem como a rápida

adequação à norma padrão.

Ao término dessas considerações, fiz uma proposta de reescrita de trechos dos textos

de notícias produzidos pelos próprios alunos (primeira produção), e que apresentavam

problemas referentes ao emprego do acento agudo, para que eles identificassem esses

problemas e fizessem as devidas correções. A mencionada proposta de atividade de reescrita

está explicitada no apêndice (pág. 128) e apresentada nos anexos (pág. 147).

Prosseguindo com as ações didáticas no referido módulo, foram feitas explorações

acerca da importância de pontuar textos ou frases. A esse respeito, foi informado aos alunos

que a pontuação tem como objetivo garantir a continuidade de sentido do texto, deixá-lo

coerente e coeso, a fim de que se consiga entender os sentidos pretendidos pelo autor.

Para um maior esclarecimento acerca da referida informação, foi apresentada por meio

de retroprojeção, a transcrição do trecho do seguinte texto: “Seinfra retira rotatória de

viaduto para acabar congestionamentos” (retirado do jornal da Paraíba - publicação em

12/09/2013, Anexo A). Aos alunos foi informado que, propositadamente, foram retirados

todos os sinais de pontuação e, dessa forma, efetuaram a leitura.

Como o foco do estudo relacionava-se ao emprego do ponto final, e o texto

apresentava problemas referentes ao emprego de vários sinais de pontuação, conduzi os

alunos apenas a perceberem a necessidade do emprego de pontuação para que o texto seja

coeso, tenha coerência e assim, revele-se o sentido pretendido pelo autor, sem que se torne um

texto confuso, de difícil compreensão para o leitor. Nesse momento, comuniquei que o foco

do estudo é o emprego do ponto final, e dessa forma abordei sobre os principais casos em que

se deve empregar o referido acento, tomando como base a gramática normativa da Língua

Portuguesa do autor Rocha Lima, bem como dos seguintes livros didáticos: Singular &

Plural: leitura, produção e estudos de linguagem, das autoras: Laura de Figueiredo; Marisa

Page 85: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

84

Balthasar e Shirley Goulart e do livro didático Português: linguagens, dos autores William

Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães.

Nesse sentido, expliquei aos alunos, o significado e a função do ponto final. Aos

alunos foi esclarecido que o ponto final é uma pausa que serve para indicar o término do

discurso ou de parte dele, segundo a gramática normativa da Língua Portuguesa, Rocha Lima.

Através da retroprojeção, foi novamente apresentado o trecho do texto “Seinfra retira

rotatória de viaduto para acabar congestionamentos” (anexo A), desta vez,

disponibilizada aos alunos a cópia fiel do referido trecho para que efetuassem uma leitura e

com base nessa leitura, a realização de comentários sobre o efeito de sentido pretendido pelo

autor.

Dando prosseguimento à aula, efetuei uma discussão sobre o emprego do ponto final

no trecho apresentado, com as devidas pontuações, e realizei uma comparação com o trecho

anterior (sem as pontuações). Foi chamada a atenção para a compreensão do leitor, em um e

no outro caso, no que se refere ao sentido pretendido pelo autor.

Na sequência, os alunos foram submetidos a uma atividade de reescrita dos seus

próprios textos (1ª produção), com problemas referentes ao emprego do ponto final, na qual

foi proposto que, após a identificação dos referidos problemas, efetuassem as correções

cabíveis. Assim como nas atividades que antecederam, a atividade de reescrita do referido

módulo segue no anexo C, no presente trabalho.

No sexto encontro efetuou-se a continuação da aplicação do terceiro módulo. Após a

aula sobre o emprego do ponto final, iniciei as explanações acerca do emprego de letras

iniciais maiúsculas, o segundo assunto referente à aplicação do respectivo módulo. Nesse

sentido foram exibidos por meio de retroprojetor dois trechos do texto intitulado “Seinfra

retira rotatória de viaduto para acabar congestionamentos”, tratado no estudo anterior

para que os alunos efetuassem a leitura dos respectivos trechos.

Ao término da respectiva leitura, interroguei se os alunos conseguiam identificar o

emprego de letras iniciais no texto que leram, e quais eram os casos em que essas letras

apareceram.

Independentemente das respostas apresentadas pelos alunos, enfatizei que, dentre os

vários casos referentes ao emprego de letras iniciais maiúsculas, seriam tratados alguns casos

na referida aula, e para tal, iria fazer uso do texto distribuído na aula anterior, a saber, o ponto

final. Em seguida, apresentei os casos e solicitei para que os alunos, individualmente ou em

duplas, identificassem esses casos no texto em estudo, e efetuassem a socialização. Por meio

Page 86: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

85

do retroprojetor, apresentei os casos em que devem ser empregadas letras iniciais maiúsculas,

o que veio ampliar e confirmar os casos apresentados pelos alunos.

Na sequência, propus uma atividade de escrita para os alunos (anexo C), a partir de

trechos de textos transcritos em processo de produção, com problemas referentes ao emprego

de letras iniciais maiúsculas, para que após a análise dos referidos trechos e identificação dos

respectivos problemas fosse feita a reescrita de forma que atendesse as regras gramaticais

prescritas pela norma culta.

A aplicação do terceiro módulo finalizou com a explanação do assunto referente ao

emprego do dígrafo SS, cujo procedimento metodológico iniciou com uma apresentação,

através da exposição de slides em um retroprojetor, dos dígrafos separáveis e dos dígrafos

inseparáveis.

Inicialmente foi explicado aos alunos que se constitui dígrafo, o encontro de duas

letras que, ao serem pronunciadas, emitem um único fonema. Para um maior entendimento

dos alunos, expliquei que fonema é o som de cada letra. Em seguida exibi exemplos de

dígrafos, a saber: nascer, chorar, isso, passar etc.

Foi explicado aos alunos que segundo as regras gramaticais, emprega-se dígrafos nos

substantivos derivados de verbos terminados em “gredir”; “mitir”, “ceder”, e “curtir”. Dando

prosseguimento, exibi alguns exemplos por meio de retroprojetor.

Após essas explanações distribuí dois trechos do texto: “Seinfra retira rotatória de

viaduto para acabar congestionamentos” no qual foi solicitado aos alunos, que pesquisassem

no referido trecho palavras grafadas com dígrafos e, em seguida, fizessem a separação silábica

dessas palavras em uma folha de caderno, para socialização da referida atividade.

Semelhantemente às atividades anteriores, finalizei a aula propondo aos alunos uma

atividade de reescrita (demonstradas no anexo C), na qual os alunos teriam que identificar

problemas referentes ao emprego do dígrafo “SS”, em trechos de textos transcritos da

primeira produção dos próprios alunos.

A finalidade da aplicação desses três módulos foi trabalhar de forma mais aprofundada

os problemas detectados nos textos produzidos pelos alunos, bem como prepará-los para a

efetivação da produção final. Nos três módulos, os alunos puderam comparar seus próprios

textos com notícias publicadas em jornais e na internet, puderam refletir sobre os problemas

encontrados na primeira versão dos seus textos, buscar soluções, em conjunto, para os

problemas apresentados, além de reescrever, coletivamente, trechos de seus próprios textos

em que apareciam os problemas detectados na primeira análise.

Page 87: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

86

Somente após o término da aplicação desses módulos, foi solicitada a reescrita do

texto da produção inicial, ou seja, foi realizada a proposta da produção final aos alunos, com

base na mesma situação comunicativa apresentada na produção inicial.

No próximo capítulo, por sua vez, apresentamos a análise dos textos produzidos pelos

alunos, em sua última versão.

Page 88: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

87

IV – ANÁLISE DA PRODUÇÃO FINAL E RESULTADOS OBTIDOS

Neste capítulo, apresentamos a análise da produção final, comparando a produção

inicial, com o intuito de verificar se a proposta de intervenção realizada, os módulos, permitiu

que os alunos obtivessem avanços na sua produção textual e solucionassem os problemas que

detectamos na primeira produção. Após a análise da produção final, sumarizamos os

principais resultados obtidos com a execução desta proposta didática e apresentamos algumas

reflexões a respeito desses resultados.

4.1 Análise da produção final

As notícias produzidas pelos alunos investigados, na última fase da aplicação da

proposta da Sequência Didática, seguiram o mesmo propósito comunicativo da versão

anterior. Nesta última fase, após a intervenção dos módulos em sala de aula, em que foram

trabalhados os problemas mais comuns identificados nos textos em processo de produção, os

autores refizeram seus textos com a finalidade de aprimorá-los e suprimir os problemas

detectados na primeira etapa.

Após as análises da produção final, foi possível observar que grande parte dos

problemas detectados na primeira versão foram devidamente superados. Tais resultados nos

conduzem a acreditar que as discussões realizadas em sala de aula acerca dos problemas que

surgiram nos primeiros textos produzidos, a participação ativa dos alunos nas análises desses

problemas e as atividades de reescrita de trechos dos seus próprios textos contribuíram para a

evolução dos alunos nessa última fase da proposta. É importante enfatizar que o trabalho que

foi feito entre a primeira e a última produção textual, por meio dos módulos, efetuou-se sob a

perspectiva de aprendizagem como processo pessoal, em que o indivíduo constrói o

conhecimento a partir de sua atuação como sujeito ativo em cada etapa ou atividades, pelas

quais lhe é concedida a oportunidade de aprender, como orienta Antunes (2006).

Todo o trabalho que foi realizado em sala de aula oportunizou aos alunos a

possibilidade de vivenciarem a produção textual como uma atividade processual, não como

um ato que se encerra no período de tempo estabelecido para se escrever, como afirma

Antunes (2006), mas que vai se consolidando na medida em que o produtor textual vai

construindo e ampliando conhecimentos acerca do gênero em estudo e efetuando tentativas de

proferir algo por escrito.

Page 89: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

88

Para demonstrar as superações constatadas na última fase, foi efetuada uma transcrição

dos mesmos trechos que foram utilizados para as primeiras análises. Ao término de sua

demonstração, realizamos uma apresentação dos resultados obtidos. Vale salientar que, assim

como na primeira fase, os textos de notícias serão identificados por uma sequência numérica

que vai de 1 a 7, porém, dessa vez, seguida das letras “SP”, referentes à última produção

textual realizada pelos alunos.

Para uma melhor visualização das alterações surgidas nos textos dos alunos na

produção final, seguem os quadros abaixo com duas colunas, contendo as transcrições da

primeira e da segunda produção textual.

Vale salientar que, nessa segunda fase de nossa análise, foram utilizados os mesmos

critérios adotados na etapa anterior, pautando-se nos três níveis de escrita proposto por

Antunes (2006). Segundo essa autora, a produção textual não se limita apenas a questões

gramaticais, mas se trata de uma forma peculiar de atuação social que abrange o

conhecimento do nível de escrita referente aos elementos em que o texto ocorre, elementos de

textualização e o nível dos elementos linguísticos.

Com relação ao primeiro nível proposto por Antunes, foram tratados os aspectos

característicos do gênero. O segundo nível contemplou os problemas referentes à

informatividade e o terceiro nível, os problemas de adequação ao padrão culto da língua.

4.1.1 Aspectos característicos do gênero – Estrutura

Ao analisarmos os 07 textos de notícias, identificamos que os problemas relativos à

caracterização do gênero, detectados anteriormente, foram todos resolvidos nessa segunda

produção: Título, lead, corpo da notícia com o desenvolvimento dos fatos em parágrafos.

Seguem abaixo as respectivas análises.

Quadro 9: Título – Comparação entre produção inicial e final

Numeração de títulos

Transcrição de Títulos Produzidos

PP – Primeira Produção

SP – Segunda Produção

Título -1 –Notícia -1 A Escola Carlos Neves reformou a rádio

escola

A Escola Carlos Neves reformaa rádio

escola

Título -2 - Notícia-2 O curta-se da Carlos Neves foi escolhido

para se apresentar na Mostra Cultural

O curta-se da Carlos Neves é escolhido

para se apresentar na Mostra Cultural

Page 90: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

89

Título-3 – Notícia -3 A Escola Carlos Neves participou da

Mostra de música na Estação Ciência

A Escola Carlos Neves participa da

Mostra de música na Estação Ciência

Título -4- Notícia -4 A Escola Carlos Neves no encontro

municipal de protagonismo juvenil

(sem verbo)

A Escola Carlos Neves participa do

encontro municipal de protagonismo

juvenil

Título -5 - Notícia-5 Um caminhão bateu num carro no José

Américo

Um caminhão bate num carro no José

Américo

Título-6 – Notícia -6 Esgoto sanitário no José Américo

(sem verbo)

Governador autoriza obras de esgoto

sanitário no José Américo

Título -7- Notícia -7 Faltou agua para os alunos na Escola

Carlos Neves

Alunos da Escola Carlos Neves ficam

sem água

Verifica-se, pela comparação entre a primeira produção e a segunda, que todos os

problemas referentes ao título, foram superados. Nos títulos das notícias 1, 2, 3 e 5, os alunos

haviam apresentado, na versão inicial, problemas referentes ao tempo verbal: os verbos foram

empregados no tempo passado e, na reescrita, esse problema foi solucionado com a utilização

dos verbos no tempo presente.

Já os títulos das notícias 4 e 6 apresentavam, na versão inicial, ausência de verbos e,

na reescrita, os verbos foram apresentados no tempo verbal adequado. Além disso, percebe-se

o acréscimo de outros termos explicitando melhor as informações contidas no próprio título,

como no caso do título da notícia 6; e, inclusive, a reelaboração total do título, como se vê na

notícia 7

Quadro 10: Lead – Comparação entre produção inicial e final

Numeração de Leads

Transcrição de Leads Produzidos

PP – Primeira Produção

SP – Segunda Produção

Lead -1 –Notícia -1

A radio escola da escola Carlos Neves teve uma

reforma, que terminou no final de setembro Ela foi

grafitada, também melhorou a acústica, colocou ar-

condicionado

e fez muitas outras coisas. A radio escola já existia

faz tempo, mas estava funcionando muito precária.

Isso foi o que falou a coordenadora Fabiana do mais

No final do mês de setembro, a

rádio escola da Escola

Municipal Carlos Neves passou

por uma reforma oferecendo

assim, aos alunos do Programa

Mais Educação, um ambiente

mais bonito e mais agradável

para o desenvolvimento de suas

Page 91: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

90

educação na escola. A radio escola vai ser utilizada

pelos alunos do mais educação.

atividades.

A rádio escola foi grafitada,

também melhorou a acústica, pois

apresentava muitos ruidos e

colocou ar – condicionado. “A

rádio escola já existia há cerca de

um ano, mas estava funcionando

de forma muito precária. “Com

essa reforma os alunos se sentirão

bem mais confortaveis”, falou a

coordenadora Fabiana do

Programa Mais Educação.

Lead -2 - Notícia-2

No dia 8 de setembro foi feita a abertura da Mostra

Cultural na Estação Ciência e a escola Carlos Neves

foi uma das escolhidas para apresentar um projeto

chamado curta-se, que é uma filmagem curta com

pouco tempo de apresentação, por isso que tem esse

nome. Todo ano a prefeitura organiza um projeto

com um tema diferente para as escolas. No ano

passado o tema foi de cinema e esse ano é de teatro.

A coordenadora do mais educação, Fabiana disse

que os participantes dessa filmagem são os alunos do

mais educação que vão mostrar uma história ou

uma.vivência. A coordenadora Fabiana também

falou o seguinte: o mais educação. Está com muita

coisa intere-

ssante

No dia 8 de setembro foi feita a

abertura da Mostra Cultural na

Estação Ciência e a escola

Carlos Neves foi uma das

escolhidas para apresentar um

projeto chamado curta-se.

Esse projeto trata-sede uma

filmagem curta com pouco tempo

de apresentação, por isso que tem

esse nome. Todo ano a prefeitura

organiza um projeto com um

tema diferente para as escolas. No

ano passado o tema foi cinema e

esse ano é de teatro.

A coordenadora do Programa

Mais Educação, Fabiana, disse

que os participantes dessa

filmagem são os alunos do

Programa Mais Educação, que

vão mostrar uma história ou uma

vivência. “O Mais Educação está

com muita coisa interessante,”

falou a coordenadora.

Lead-3 – Notícia -3

No mês de setembro, a escola Carlos Neves

participou da Mostra de Música. Nessa Mostra

participou os alunos do programa mais educação

No mês de setembro, a escola

Carlos Neves participou da

Mostra de Música realizada na

Page 92: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

91

dessa escola. A pessoa que coordenou esse projeto

foi o professor de música Murilo, que trabalha na

escola, e que junto com os alunos fez uma música

em homenagem a cantora Elba Ramalho porque esse

foi o ano cultural dela. Todo ano a prefeitura escolhe

uma pessoa para ser homenageada e esse ano foi a

cantora Elba. A letra da música foi feita pelo

professor de música e os alunos que tocam flauta e

saxofone. O professor Murilo também toca flauta e

saxofone.

Estação Ciência. Nessa Mostra

participou os alunos do

Programa Mais Educação dessa

escola.

A pessoa que coordenou esse

projeto foi o professor de música

Murilo, que trabalha na escola, e

que junto com os alunos fez uma

música em homenagem a cantora

Elba Ramalho porque esse foi o

ano cultural dela. Todo ano a

prefeitura de João Pessoa, escolhe

uma pessoa do mundo artístico ou

uma selebridade para ser

homenageada, e esse ano foi a

cantora Elba. A letra da música

foi feita pelo professor de música

e pelos alunos que tocam flauta e

saxofone. O professor Murilo

também toca flauta e saxofone.

Lead -4- Notícia -4

No dia 4 de setembro a escola Carlos Neves

participou do encontro municipal de protagonismo

juvenil. Lá nesse encontro participou vários alunos

da escola, quase todos do mais educação, só dois que

não era. Esse encontro foi para mostrar as pessoas o

que é protagonismo. A coordenadora Fabiana do

mais educação falou que muita gente não sabe o que

é protagonismo e aí pensa que é só para está no

centro. Na entrevista ela disse o seguinte: o encontro

municipal de protagonismo juvenil veio para ampliar

os horizontes sobre o que vem a ser protagonismo.

Protagonismo não é só estar sendo o centro das

atenções e sim pensar no próximo, auxiliando para o

bem estar coletivo, respeitando todas as diversidades

existentes no grupo. Isso resume o encontro. A

coordenadora falou isso bem alegre.

Quem promoveu esse encontro foi uma ONG

chamada Remar, que tem um convênio com a

prefeitura e isso também foi a coordenadora que

No dia 4 de setembro os alunos

do Mais Educação da Escola

Municipal Carlos Neves da

Franca participaram do

encontro municipal de

protagonismo juvenil, que

aconteceu na Escola Municipal

Ana Cristina.

Esse encontro foi promovido pela

Rede Margaridas Pró – Crianças e

Adolescentes da Paraíba –

REMAR, uma ONG, que em

parceria com a Prefeitura

Municipal de João Pessoa,

ofereceu aos alunos do Programa

Mais Educação, a oportunidade

de participarem de oficinas com

temas voltados para o verdadeiro

sentido do Protagonismo.

Page 93: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

92

falou. Esse encontro foi realizado na escola Ana

Cristina, e lá teve varias oficinas.

Nesse encontro foram tratados

vários temas entre eles, o

Protagonismo no ponto de vista

do bem estar coletivo. O objetivo

dessas oficinas foi conduzir os

alunos a refletirem sobre a

importância do respeito a todas as

diferenças existentes no grupo.

“Muita gente não sabe o que é

Protagonismo e aí pensa que é só

para está no centro. O encontro

municipal de Protagonismo

Juvenil veio para ampliar os

horizontes sobre o que vem a ser

Protagonismo. Protagonismo não

é só estar no centro das atenções e

sim pensar no próximo,

auxiliando para o bem estar

coletivo, respeitando todas as

diversidades existentes no grupo.

Isso resume o encontro”, explicou

Fabiana, a coordenadora do

Programa Mais Educação da

Escola Carlos Neves.

Lead -5 - Notícia-5

Um caminhão ultrapasou na pista principal do bairro

José Américo e bateu em um carro, no dia 11 desse

mês de setembro. Felizmente deu tudo certo. O

motorista do carro ficou bem e o carro dele foi

levado para oficina desse bairro. O motorista do

carro também disse que o motorista do caminhão vai

pagar o serviço que vai ser feito no seu carro no

valor de setecentos reais. O motorista do carro disse

o seguinte: ja houve um mês que bateram oito vezes

no meu carro e essa foi a que deu mais susto. Uma

pessoa que ouviu ele falar isso disse: Mas ainda bem

que deu tudo certo.

O motorista do carro pegou um carro alternativo e

foi para o detran ajeitar as documentações. Uma

pessoa que estava na parada de ônibus escutando o

Um caminhão passou na frente

de um veículo na avenida

principal do bairro José Américo

e bateu em um carro, no dia 11

desse mês de setembro.

O motorista do carro ficou bem e

o seu carro foi levado para oficina

desse bairro, onde o serviço

segundo o motorista do carro,

será pago pelo motorista do

caminhão, no valor de setecentos

reais.“Já houve um mês que

bateram oito vezes no meu carro e

essa foi a que deu mais susto”

falou o motorista do carro para

Page 94: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

93

que o motorista do carro contava para ela, disse para

ele que isso foi um livramento de Deus na vida dele.

uma moradora do bairro, a mesma

com quem o motorista ficou

esperando um transporte para se

deslocar para o DETRAN para

providensiar as documentações.

Ao escutá-lo, essa moradora que

não quis se identificar o

parabenizou por ter dado tudo

certo. “Isso foi um livramento de

Deus na sua vida”, falou a

moradora para o motorista do

carro. Depois o motorista pegou

um carro alternativo e foi para o

DETRAN.

Lead 6 – Notícia -6

O grupo da prefeitura esta localizando algumas ruas

no laranjeiras, para melhorar o esgoto sanitário de

João Pessoa.Uma moradora falou: “espero que não

seja só promesa, mas que seja realidade”.

No dia 28 de setembro, o

governador Ricardo Coutinho,

esteve no bairro José Américo e

na presença dos moradores desse

bairro, assinou uma ordem de

serviço, autorizando o inicio da

implantasão do esgotamento

sanitário para esse bairro.

Depois da assinatura da ordem de

serviço, Ricardo Coutinho falou

que essa obra era mais um

investimento do governo e

melhoria dos serviços que trazem

dignidade para a população.

Ao terminar a fala do governador,

uma moradora do bairro, que não

quis se identificar, disse: “Espero

que não seja só promessa, mas

que seja realidade”.

Lead7- Notícia -7

Na escola Carlos Neves, os alunos ficaram sem agua.

Todos estavam reclamando da falta de agua no

bebedouro.

Segundo os alunos, já faz dois dias que não tem

agua. Um aluno diz “Que não aguenta mais a falta de

agua na escola.” Depois dessas reclamações no dia

11 a agua chegou.

Os alunos da Escola Municipal

Carlos Neves, localizada no

bairro do José Américo ficaram

sem água no bebedouro do dia 9

de setembro até o dia 11 de

setembro.

A direção da escola informou que

Page 95: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

94

o bebedouro estava quebrado.

Durante os dias que a escola ficou

sem água, os alunos ficaram

bebendo água do bebedouro dos

professores. Para isso as espetoras

dos alunos pegavam os alunos de

sala em sala.

“Não agüento mais a falta de água

no nosso bebedouro”, reclamou

um aluno que não quis se

identificar.

Depois de dois dias de

reclamações dos alunos, o

bebedouro dos alunos voltou a

funcionar.

Ao compararmos os trechos em destaque, transcritos da primeira e da segunda versão

dos textos de notícias, percebemos que na segunda versão, os referidos textos, atendem a

estrutura do lead, visto que foram demarcados no primeiro parágrafo e apresentam, de forma

considerável, os elementos constituintes do lead, o qual deve fornecer informações que

respondam as seguintes perguntas: Que? Quem? Onde? Quando? Por quê? Como?

Na primeira versão, todos os leads dos textos de notícias apresentavam-se

descaracterizados com relação à apresentação da margem do parágrafo, tampouco

apresentavam de forma adequada os elementos que o constituem. Isso pode ser observado, por

exemplo, na notícia 4. Na primeira versão aparecem apenas os elementos: Que? (participaram

do encontro municipal de protagonismo juvenil) e Quando? (No dia 4 de setembro). Na

segunda versão foram acrescentados os elementos: Quem? (Os alunos do Programa Mais

Educação, da Escola Municipal Carlos Neves) e Onde? (Na Escola Municipal Ana Cristina).

Os elementos como? (Através de oficinas promovidas pela parceria entre a Prefeitura

Municipal de João Pessoa e a Rede Margarida Pró – Crianças e Adolescentes da Paraíba) e

Por quê?( para oferecer aos alunos do Programa Mais Educação, a oportunidade de refletirem

sobre a importância do respeito a todas as diferenças existentes entre eles), não aparecem na

segunda versão do lead, porém surgiram na continuidade do texto, fornecendo mais detalhes

acerca dos fatos, como pode ser conferido no quadro acima.

Page 96: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

95

4.1.2 Informatividade

A informatividade é segundo Antunes (2006), um dos elementos de textualização de

grande importância, visto que expõe a relevância do que se diz e, no caso de texto de notícias,

torna-se imprescindível o fornecimento de informações suficientes para um melhor

esclarecimento acerca dos fatos ocorridos em prol do não comprometimento da compreensão

leitora. Nessa segunda fase, todos os textos dos alunos apresentaram mudanças significativas

com relação à apresentação dos fatos em seus textos. Observemos as análises que seguem.

Quadro 11: Informatividade – Comparação entre produção inicial e final

Numeração de Textos

Transcrição de Textos Produzidos

PP – Primeira Produção

SP – Segunda Produção

Notícia -1

A radio escola da escola Carlos Neves teve

uma reforma, que terminou no final de

setembro Ela foi grafitada, também

melhorou a acústica, colocou ar-

condicionado e fez muitas outras coisas.

A radio escola ja existia, faz tempo, mas

estava funcionando muito precária. Isso foi

o que falou a coordenadora Fabiana do

mais educação na escola. A radio escola

vai ser utilizada pelos alunos do mais

educação.

No final do mês de setembro, a rádio

escola da Escola Municipal Carlos

Neves passou por uma reforma

oferecendo assim, aos alunos do

Programa Mais Educação, um

ambiente mais bonito e mais agradável

para o desenvolvimento de suas

atividades.

A rádio escola foi grafitada, também

melhorou a acústica, pois apresentava

muitos ruidos e colocou ar –

condicionado. “A rádio escola já existia

há cerca de um ano, mas estava

funcionando de forma muito precária.

Com essa reforma os alunos se

sentirão bem mais confortaveis”, falou

a coordenadora Fabiana do Programa

Mais Educação.

Notícia-2

No dia 8 de setembro foi feita a abertura

da mostra cultural na Estação Ciência e a

escola Carlos Neves foi uma das

escolhidas para apresentar um projeto

chamado curta-se, que é uma filmagem

No dia 8 de setembro foi feita a

abertura da Mostra Cultural na Estação

Ciência e a escola Carlos Neves foi

uma das escolhidas para apresentar um

projeto chamado curta-se.

Page 97: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

96

curta com pouco tempo de apresentação,

por isso que tem esse nome. Todo ano a

prefeitura organiza um projeto com um

tema diferente para as escolas. No ano

passado o tema foi de cinema e esse ano é

de teatro.

A coordenadora do mais educação,

Fabiana disse que os participantes dessa

filmagem são os alunos do mais educação

que vão mostrar uma história ou

uma.vivência. A coordenadora Fabiana

também falou o seguinte: O mais

educação. Está com muita coisa intere-

ssante

Esse projeto trata-se de uma filmagem

curta com pouco tempo de

apresentação, por isso que tem esse

nome. Todo ano a prefeitura organiza

um projeto com um tema diferente para

as escolas. No ano passado o tema foi

de cinema e esse ano é de teatro.

A coordenadora do Programa Mais

Educação, Fabiana, disse que os

participantes dessa filmagem são os

alunos do Programa Mais Educação

que vão mostrar uma história ou uma

vivência. “O Mais Educação está com

muita coisa interessante,” falou a

coordenadora.

Notícia -3

No mês de setembro, a escola Carlos

Neves participou da Mostra de Música.

Nessa mostra participou os alunos do

programa mais educação dessa escola. A

pessoa que coordenou esse projeto foi o

professor de música Murilo, que trabalha

na escola e que junto com os alunos fez

uma música em homenagem a cantora

Elba Ramalho porque esse foi o ano

cultural dela. Todo ano a prefeitura

escolhe uma pessoa para ser

homenageada e esse ano foi a cantora

Elba. A letra da música foi feita pelo

professor de música e os alunos que tocam

flauta e saxofone. O professor Murilo

também toca flauta e saxofone

No mês de setembro, a Escola

Municipal Carlos Neves da Franca,

participou da Mostra de Música

realizada na Estação Ciência. Nessa

Mostra participou os alunos do

Programa Mais Educação dessa escola.

A pessoa que coordenou esse projeto

foi o professor de música Murilo, que

trabalha nessa escola, e que junto com

os alunos fez uma música em

homenagem a cantora Elba Ramalho,

porque esse foi o ano cultural dela.

Todo ano a prefeitura Municipal de

João Pessoa, escolhe uma pessoa do

mundo artístico ou uma selebridade

para ser homenageada, e esse ano foi a

cantora Elba. A letra da música foi feita

pelo professor de música e pelos alunos

que tocam flauta e saxofone. O

professor Murilo também toca flauta e

saxofone.

Notícia -4

No dia 4 de setembro a escola Carlos

Neves participou do encontro municipal de

protagonismo juvenil. Lá nesse encontro

No dia 4 de setembro os alunos do

Mais Educação da Escola Municipal

Carlos Neves da Franca participaram

Page 98: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

97

participou vários alunos da escola, quase

todos do mais educação, só dois que não

era. Esse encontro foi para mostrar as

pessoas o que é protagonismo.A

coordenadora Fabiana do mais educação

falou que muita gente não sabe o que é

protagonismo e aí pensa que é só para está

no centro. Na entrevista ela disse o

seguinte: o encontro municipal de

protagonismo juvenil veio para ampliar os

horizontes sobre o que vem a ser

protagonismo. Protagonismo não é só estar

sendo o centro das atenções e sim pensar

no próximo, auxiliando para o bem estar

coletivo, respeitando todas as diversidades

existentes no grupo. Isso resume o

encontro. A coordenadora falou isso bem

alegre.

Quem promoveu esse encontro foi uma

ONG chamada Remar, que tem um

convênio com a prefeitura, isso também

foi a coordenadora que falou. Esse

encontro foi realizado na escola Ana

Cristina, e lá teve varias oficinas.

do encontro municipal de protagonismo

juvenil, que aconteceu na Escola

Municipal Ana Cristina.

Esse encontro foi promovido pela Rede

Margaridas Pró – Crianças e

Adolescentes da Paraíba – REMAR,

uma ONG, que em parceria com a

Prefeitura Municipal de João Pessoa,

ofereceu aos alunos do Programa

Mais Educação, a oportunidade de

participarem de oficinas com temas

voltados para o verdadeiro sentido do

Protagonismo.

Nesse encontro foram tratados vários

temas entre eles, o Protagonismo no

ponto de vista do bem estar coletivo. O

objetivo dessas oficinas foi conduzir os

alunos a refletirem sobre a

importância do respeito a todas as

diferenças existentes no grupo. “Muita

gente não sabe o que é Protagonismo e

aí pensa que é só para está no centro. O

encontro municipal de Protagonismo

Juvenil veio para ampliar os horizontes

sobre o que vem a ser Protagonismo.

Protagonismo não é só estar no centro

das atenções e sim pensar no próximo,

auxiliando para o bem estar coletivo,

respeitando todas as diversidades

existentes no grupo. Isso resume o

encontro”, explicou Fabiana, a

coordenadora do Programa Mais

Educação da Escola Carlos Neves.

Notícia-5

Um caminhão ultrapasou na pista principal

do bairro José Américo e bateu em um

carro, no dia 11 desse mês de setembro.

Felizmente deu tudo certo. O motorista do

carro ficou bem e o carro dele foi levado

Um caminhão passou na frente de um

veículo na avenida principal do bairro

José Américo e bateu em um carro, no

dia 11 desse mês de setembro.

O motorista do carro ficou bem e o seu

Page 99: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

98

para oficina desse bairro. O motorista do

carro tambem disse que o motorista do

caminhão vai pagar o serviço que vai ser

feito no seu carro no valor de setecentos

reais. O motorista do carro disse o

seguinte: Ja houve um mês que bateram

oito vezes no meu carro e essa foi a que

deu mais susto. Uma pessoa que ouviu ele

falar isso disse: mas ainda bem que deu

tudo certo.

O motorista do carro pegou um carro

alternativo e foi para o detran ajeitar as

documentações. Uma pessoa que estava

na parada de ônibus escutando o que o

motorista do carro contava para ela, disse

para ele que isso foi um livramento de

Deus na vida dele.

carro foi levado para oficina desse

bairro, onde o serviço segundo o

motorista do carro será pago pelo

motorista do caminhão, no valor de

setecentos reais. “Já houve um mês que

bateram oito vezes no meu carro e essa

foi a que deu mais susto” falou o

motorista do carro para uma

moradora do bairro, a mesma com

quem o motorista ficou esperando um

transporte para se deslocar para o

DETRAN para providensiar as

documentações. Ao escutá-lo, essa

moradora que não quis se identificar o

parabenizou por ter dado tudo certo.

“Isso foi um livramento de Deus na

sua vida”, falou a moradora para o

motorista do carro. Depois o motorista

pegou um carro alternativo e foi para

o DETRAN.

Notícia -6

O grupo da prefeitura esta localizando

algumas ruas no laranjeiras, para

melhorar o esgoto sanitário de João

Pessoa. Uma moradora falou: “espero que

não seja só promesa, mas que seja

realidade”.

No dia 28 de setembro, o governador

Ricardo Coutinho, esteve no bairro

José Américo e na presença dos

moradores desse bairro, assinou uma

ordem de serviço, autorizando o inicio

da implantasão do esgotamento

sanitário para esse bairro.

Depois da assinatura da ordem de

serviço, Ricardo Coutinho falou que

essa obra era mais um investimento do

governo e melhoria dos serviços que

trazem dignidade para a população.

Ao terminar a fala do governador, uma

moradora do bairro, que não quis se

identificar, disse: “Espero que não seja

só promessa, mas que seja realidade”.

Notícia -7

Na escola Carlos Neves, os alunos ficaram

sem agua. todos estavam reclamando da

Os alunos da Escola Municipal Carlos

Neves, localizada no bairro do José

Page 100: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

99

falta de agua no bebedouro

Segundo os alunos, já faz dois dias que

não tem agua. Um aluno diz “Que não

aguenta mais a falta de agua na escola.”

Depois dessas reclamações no dia 11 a

agua chegou.

Américo ficaram sem água no

bebedouro do dia 9 de setembro até o

dia 11 de setembro.

A direção da escola informou que o

bebedouro estava quebrado.

Durante os dias que a escola ficou sem

água, os alunos ficaram bebendo água

do bebedouro dos professores. Para

isso as espetoras dos Alunos pegavam

os alunos de sala em sala.

“Não aguento mais a falta de água no

nosso bebedouro”, reclamou um aluno

que não quis se identificar.

Depois de dois dias de reclamações dos

alunos, o bebedouro dos alunos voltou

a funcionar.

Ao analisar os textos nessa segunda produção, percebe-se que os problemas com

relação à insuficiência de informação, detectada na versão anterior, foram todos superados.

Na versão anterior, os textos 6 e 7 eram os que mais apresentavam insuficiência de

informações, e no entanto, os respectivos autores, conseguiram suprimir o referido problema

ao elevarem o grau de informatividade, ou seja, apresentaram com maior precisão os detalhes

acerca dos fatos ocorridos, conforme demonstração do quadro acima.

Convém assinalar que todos os textos nessa nova versão apresentaram um acréscimo

significativo de informações que possibilitam aos interlocutores a compreensão dos fatos

ocorridos. As modificações foram tão significativas que, na maioria dos textos, tais como os

textos 1, 4, 5, 6 e 7, ocorreu praticamente uma reelaboração de todo o texto, como pode-se

conferir no quadro acima. Em decorrência dessas alterações, todos os textos com exceção dos

textos 2 e 4, apresentaram novos equívocos no que refere à adequação ao padrão culto da

língua, tais como problemas na ortografia de algumas palavras, porém nada que comprometa

a compreensão das referidas informações.

Acreditamos que, após as aulas ministradas por meio dos módulos, nos quais foram

apresentados e discutidos os problemas referentes à insuficiência de informação e as suas

implicações na organização cognitiva do leitor acerca do texto, conforme Koch (2001), os

alunos investigados demonstraram uma preocupação maior com relação à necessidade de

Page 101: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

100

apresentar suas notícias com um maior nível de informatividade no intento de não

comprometer o entendimento do leitor com relação à ocorrência dos fatos apresentados em

seus respectivos textos.

Quadro 12: Discursos/ relatos – Comparação entre produção inicial e final

Numeração de

trechos de notícias

com discursos/relatos

Transcrição de trechos de notícias com discursos/relatos

PP – Primeira Produção SP – Segunda Produção

Notícia –1

A radio escola já existia, faz tempo, mas

estava funcionando muito precária. Isso foi

o que falou a coordenadora Fabiana do

mais educação na escola.

... “A rádio escola já existia há cerca de

um ano, mas estava funcionando de

forma muito precária. Com essa

reforma os alunos se sentirão bem

mais confortaveis”, falou a

coordenadora Fabiana do Programa

Mais Educação.

Notícia – 2

A coordenadora Fabiana também falou o

seguinte: o mais educação está com

muita coisa intere-

ssante

... “O Mais Educação está com muita

coisa interessante,” falou a

coordenadora.

Notícia –4

... Na entrevista ela disse o seguinte: o

encontro municipal de protagonismo

juvenil veio para ampliar os horizontes

sobre o que vem a ser protagonismo.

Protagonismo não é só estar sendo o centro

das atenções e sim pensar no próximo,

auxiliando para o bem estar coletivo,

respeitando todas as diversidades

existentes no grupo. Isso resume o

encontro.

...“Muita gente não sabe o que é

Protagonismo e aí pensa que é só para

está no centro. O encontro municipal

de Protagonismo Juvenil veio para

ampliar os horizontes sobre o que vem

a ser Protagonismo. Protagonismo

não é só estar no centro das atenções e

sim pensar no próximo, auxiliando

para o bem estar coletivo, respeitando

todas as diversidades existentes no

grupo. Isso resume o encontro”,

explicou Fabiana, a coordenadora do

Programa Mais Educação da Escola

Carlos Neves.

Notícia – 5

O motorista do carro disse o seguinte: Ja

houve um mês que bateram oito vezes no

meu carro e essa foi a que deu mais susto.

“Já houve um mês que bateram oito

vezes no meu carro e essa foi a que deu

mais susto”, falou o motorista do

carro...

Page 102: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

101

Notícia –7

Um aluno diz “Que não aguenta mais a

falta de agua na escola.”

“Não aguento mais a falta de água no

nosso bebedouro”, reclamou um aluno

que não quis se identificar.

Ao analisar as notícias produzidas na versão final, é possível constatar que os alunos

apresentaram, de forma adequada, a introdução de relatos, no texto da notícia, de modo a

contribuir com os esclarecimentos acerca dos fatos narrados e a imprimir um nível maior de

informatividade no texto.

Na primeira versão, todos os textos apresentaram problemas com relação à

apresentação de relatos, ou seja, demonstraram uma inadequação no que se refere ao emprego

dos verbos dicendi, bem como na forma de apresentar os relatos no estilo direto ou indireto.

Isso se pode observar, por exemplo, na notícia 4. O autor se utilizou do verbo dicendi “disse”,

porém seguido da expressão “o seguinte”, o que transgride as regras para a apresentação do

referido verbo dicendi no gênero notícia e, após o emprego do referido termo, inicia a fala do

personagem no estilo direto, entretanto sem fazer uso das aspas, ou outro recurso

indispensável para apresentar um relato em estilo direto, no referido gênero. Na reescrita

textual, o autor corrige esse problema iniciando a apresentando da fala do personagem por

meio de aspas e, finaliza com o emprego adequado do verbo dicendi “explicou”, para

informar a autoria do personagem responsável pelo referido discurso.

Tais resultados nos consentem acreditar que as aulas ministradas em sala de aula,

através dos módulos, nos quais foram efetuadas discussões a respeito do emprego dos verbos

dicendi, das duas formas de apresentação de relatos no texto, ou seja, discurso direto e/ou

discurso indireto e foram realizadas análises acerca desses problemas detectados nos textos da

versão inicial, bem como atividades de reescrita de trechos dos textos produzidos pelos

próprios alunos, cooperaram para que os alunos compreendessem as estratégias que um autor

de um texto de notícia pode utilizar para introduzir, de forma adequada, as falas dos

personagens envolvidos nos fatos, em seus respectivos textos.

4.1.3 Adequação ao padrão culto da língua

Com relação aos problemas de adequação ao padrão culto da língua, detectados na

primeira versão textual, os quais estavam associados ao uso da pontuação, da acentuação e da

ortografia, verificamos que, nessa segunda etapa, todos eles foram devidamente solucionados,

Page 103: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

102

com demonstração apenas de alguns equívocos decorrentes do próprio processo de reescrita

textual. Vale enfatizar que alguns trechos com os problemas detectados na versão anterior

sofreram modificações, devido ao acréscimo de informações inseridas nos textos reescritos,

em decorrência da substituição de palavras e termos inadequados por outros mais adequados.

Tal fato pode ser constatado no quadro que segue, o qual apresenta as superações dos

problemas anteriormente apresentados, bem como a utilização de novos trechos introduzidos

pelos alunos, durante o processo de reescrita textual.

Seguem, então, as referidas análises.

Quadro 13 : Pontuação (Emprego do ponto final) – Comparação entre produção inicial e final

Numeração de

Trechos dos textos

produzidos

Transcrição de trechos de textos produzidos

PP – Primeira Produção

SP – Segunda Produção

Notícia– 1

A radio escola da escola Carlos Neves teve

uma reforma, que terminou no final de

setembro Ela foi grafitada, também

melhorou a acústica, colocou ar-

condicionado e fez muitas outras coisas.

..., a rádio escola da Escola Municipal

Carlos Neves passou por uma reforma

oferecendo assim, aos alunos do

Programa Mais Educação, um ambiente

mais bonito e mais agradável para o

desenvolvimento de suas atividades. A

rádio escola foi grafitada,...

Notícia – 2

... Fabiana disse que os participantes dessa

filmagem são os alunos do mais educação

que vão mostrar uma história ou uma.

vivência. A coordenadora Fabiana também

falou o seguinte: o mais educação está com

muita coisa intere-

ssante

A coordenadora do Programa Mais

Educação, Fabiana, disse que os

participantes dessa filmagem são os

alunos do Programa Mais Educação que

vão mostrar uma história ou uma

vivência. “O Mais Educação está com

muita coisa interessante,” falou a

coordenadora.

Notícia – 7

Na escola Carlos Neves, os alunos ficaram

sem agua. todos estavam reclamando da

falta de agua no bebedouro

Segundo os alunos, já faz dois dias que

não tem água. Um aluno diz...

Os alunos da Escola Municipal Carlos

Neves, localizada no bairro do José

Américo ficaram sem água no

bebedouro do dia 9 de setembro até o

dia 11 de setembro. A direção da

escola informou que o bebedouro

estava quebrado. Durante os dias que a

escola ficou sem água,...

Page 104: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

103

Após a análise da segunda produção, podemos perceber que todos os textos

apresentam adequação com relação ao emprego do ponto final, pois mesmos em trechos

novos apresentados nessa segunda fase revelam a preocupação dos produtores textuais com

relação a pontuação no término do período. Na versão anterior, os produtores textuais dos

trechos das notícias 1 e 7, entre o término de um período e o início do outro, não haviam

empregado o ponto final e, na reescrita, resolveram esse problema. No trecho da notícia 2, o

ponto final havia sido empregado de forma inadequada, antes do término do período e, na

reescrita, o aluno conseguiu suprimir o referido problema, efetuando o emprego desse

elemento linguístico, adequadamente, ou seja, no término do período.

Admitimos crer que a superação dos alunos concernente ao emprego do referido

elemento linguístico deve-se pelos mesmos motivos dos avanços apresentados nos demais

níveis de escrita anteriormente citados. Todo o trabalho de discussão, análise e reescrita de

trechos de textos de notícias em processo de produção, efetuado em sala de aula, consentiram

os avanços apresentados pelos alunos nessa última fase da proposta.

O quadro que segue, faz referência à superação dos problemas apresentados na versão

anterior, com relação ao emprego do acento agudo. As alterações apresentadas nos

respectivos textos podem ser visualizadas no referido quadro, por meio da exposição dos

trechos anteriormente produzidos pelos alunos. Os novos equívocos foram assinalados na cor

vermelha, conforme a demonstração do respectivo quadro.

Quadro 14: Acentuação (Emprego do acento agudo) – Comparação entre produção inicial e

final

Numeração de

trechos de textos de

notícias

Transcrição de trechos de textos produzidos

PP – Primeira Produção

SP – Segunda Produção

Trecho 1 -Notícia 1

A radio escola da escola Carlos Neves

teve uma reforma, que terminou no final

de setembro.

..., a rádio escola da Escola Municipal

Carlos Neves passou por ruma reforma

oferecendo assim, aos alunos...

Trecho 2- Notícia- 5

O motorista do carro tambem disse que o

motorista do caminhão vai pagar o serviço

que vai ser feito no seu carro no valor de

setecentos reais. O motorista do carro disse

o seguinte: ja houve um mês que bateram

oito vezes no meu carro e essa foi a que

deu mais susto.

Um caminhão passou na frente de um

veículo na avenida principal do bairro

José Américo e bateu em um carro, no

dia 11 desse mês de setembro.

O motorista do carro ficou bem e o seu

carro foi levado para oficina desse

bairro, onde o serviço segundo o

motorista do carro será pago pelo

Page 105: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

104

motorista do caminhão, no valor de

setecentos reais. “Já houve um mês que

bateram oito vezes no meu carro e essa

foi a que deu mais susto” falou o

motorista do carro para uma moradora

do bairro, a mesma com quem o

motorista ficou esperando um

transporte para se deslocar para o

DETRAN para providensiar as

documentações. Ao escutá-lo, essa

moradora que não quis se identificar o

parabenizou por ter dado tudo certo.

“Isso foi um livramento de Deus na sua

vida”, falou a moradora para o

motorista do carro. Depois o motorista

pegou um carro alternativo e foi para o

DETRAN.

Trecho 3-Notícia – 6 O grupo da prefeitura esta localizando

algumas ruas no laranjeiras

No dia 28 de setembro, o governador

Ricardo Coutinho, esteve no bairro

José Américo e na presença dos

moradores desse bairro, assinou uma

ordem de serviço, autorizando o inicio

da implantasão do esgotamento

sanitário para esse bairro.

Depois da assinatura da ordem de

serviço, Ricardo Coutinho falou que

essa obra era mais um investimento do

governo e melhoria dos serviços que

trazem dignidade para a população.

Ao terminar a fala do governador, uma

moradora do bairro, que não quis se

identificar, disse: “Espero que não seja

só promessa, mas que seja realidade”.

Trecho 4 -Notícia – 7 Na escola Carlos Neves os alunos ficaram

sem agua. todos estavam reclamando da

falta de agua no bebedouro

Os alunos da Escola Municipal Carlos

Neves, localizada no bairro do José

Américo ficaram sem água no

bebedouro do dia 9 de setembro até o

dia 11 de setembro.

A direção da escola informou que o

bebedouro estava quebrado.

Page 106: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

105

Durante os dias que a escola ficou sem

água, os alunos ficaram bebendo água

do bebedouro dos professores. Para isso

as espetoras dos Alunos pegavam os

alunos de sala em sala.

“Não aguento mais a falta de água no

nosso bebedouro”, reclamou um aluno

que não quis se identificar.

Depois de dois dias de reclamações dos

alunos, o bebedouro dos alunos voltou a

funcionar.

Na efetuação das análises referentes à acentuação das palavras, verifica-se uma

mudança significativa com relação ao emprego do acento agudo, cujo emprego, na versão

anterior, encontrava-se desprovido nos trechos acima assinalados. Na reescrita, percebe-se

não só a superação desse problema, bem como a adequação do emprego do mencionado

elemento linguístico nas palavras novas que surgiram nessa segunda fase, com apenas um

caso de inadequação, detectado no trecho da notícia 6.

Os demais equívocos no nível ortográfico, detectados nos trechos das notícias 5, 6, e 7,

referem-se à inadequação da grafia das palavras em destaque na cor vermelha. Os referidos

resultados nos admitem acreditar na contribuição eficaz das aulas ministradas aos alunos, por

meio dos módulos, com realização de discussões, análises e atividades de reescrita de trechos

de textos em processo de produção, acerca do elemento linguístico analisado.

Quadro 15: Emprego do dígrafo “SS” – Comparação entre produção inicial e final

Numeração de

Trechos dos textos de

notícias produzidos

Transcrição de trechos de textos produzidos

PP – Primeira Produção

SP – Segunda Produção

Trecho1- Notícia 2

O mais educação está com muita coisa

intere-

ssante

... O mais educação está com muita

coisa interes-

sante.

Trecho2- Notícia 5

Um caminhão ultrapasou na pista

principal do bairro José Américo e bateu

em um carro, no dia 11 de setembro.

Um caminhão passou na frente de um

veículo na avenida principal do bairro

José Américo e bateu em um carro, no

dia 11 desse mês de setembro.

Trecho3- Notícia 6

...uma moradora falou: “espero que não ... , uma moradora do bairro, que não

Page 107: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

106

seja só promesa, mas que seja realidade”.

quis se identificar, disse: “Espero que

não seja só promessa, mas que seja

realidade”.

As análises no nível de ortografia, referente ao emprego do dígrafo “SS” nessa

segunda fase, demonstra uma superação em todos os trechos que haviam apresentado

problemas na versão anterior.

É interessante observar a estratégia utilizada pelo autor do texto 5, no que se refere ao

trecho da versão anterior, para informar que “um caminhão “ultrapasou”. Na busca de

solucionar o problema da inadequação ortográfica da palavra em destaque, sem correr riscos

de novos equívocos, o autor utilizou-se do sinônimo da referida palavra para informar a

ultrapassagem cometida pelo referido veículo, substituindo-a pelo termo: “passou na

frente...”, termo que pode ser conferido no quadro acima. Tal atitude revela que o produtor

desse texto agiu estrategicamente ao decidir utilizar-se de um termo sinônimo para substituir

uma palavra da qual ele não tinha domínio ortográfico.

Quadro 16: Emprego de letras iniciais maiúsculas – Comparação entre produção inicial e final

Numeração dos

Trechos de textos de

notícias produzidos

Transcrição de trechos de textos produzidos

PP – Primeira Produção

SP – Segunda Produção

Trecho1 – Notícia –1

A radio escola da escola municipal Carlos

Neves teve uma reforma, que...

..., a rádio escola da Escola Municipal

Carlos Neves passou por uma reforma

oferecendo assim, aos alunos...

Trecho2 – Notícia –2

...foi feita a abertura da Mostra Cultural na

Estação Ciência e a escola Carlos Neves

foi uma das escolhidas para...

... foi feita a abertura da Mostra

Cultural na Estação Ciência e a Escola

Carlos Neves foi uma das escolhidas

para apresentar um projeto chamado

curta-se.

Trecho3 – Notícia- 3

No mês de setembro, a escola Carlos

Neves participou da Mostra de Música.

No mês de setembro, a Escola Carlos

Neves participou da Mostra de Música

realizada na Estação Ciência.

Trecho4 – Notícia-4

No dia 4 de setembro a escola Carlos

Neves participou do encontro municipal de

protagonismo juvenil...

Quem promoveu esse encontro foi uma

ONG chamada Remar,...

No dia 4 de setembro os alunos do

Mais Educação da Escola Municipal

Carlos Neves da Franca participaram

do encontro municipal de protagonismo

juvenil, que aconteceu na Escola

Page 108: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

107

Esse encontro foi realizado na escola Ana

Cristina, e lá teve várias oficinas.

Municipal Ana Cristina.

Esse encontro foi promovido pela Rede

Margaridas Pró – Crianças e

Adolescentes da Paraíba – REMAR,

uma ONG, que em parceria com a

Prefeitura Municipal de João Pessoa,

ofereceu aos alunos do Programa Mais

Educação, a oportunidade...

Trecho5 – Notícia-5

O motorista do carro pegou um carro

alternativo e foi para o detran ajeitar as

documentações.

... o motorista ficou esperando um

transporte para se deslocar para o

DETRAN para ...

Trecho6 – Notícia-6

Uma moradora falou: “espero que não seja

só promessa, mas seja realidade”.

... uma moradora do bairro, que não

quis se identificar, disse:“Espero que

não seja só promessa, mas que seja

realidade”.

Trecho7 – Notícia-7

Na escola municipal Carlos Neves, os

alunos ficaram sem agua. todos estavam

reclamando...

Os alunos da Escola Municipal Carlos

Neves, localizada no bairro do José

Américo ficaram sem água no

bebedouro do dia 9 de setembro até o

dia 11 de setembro.

A direção da escola informou que o

bebedouro estava quebrado.

Durante os dias que a escola ficou sem

água, os alunos ficaram bebendo água

do bebedouro dos professores. Para

isso...

Na segunda versão dos textos de notícias, visualizamos que houve uma considerável

mudança relacionada ao emprego de letras iniciais maiúsculas, uma vez que todos os trechos

que apresentaram esse problema anteriormente foram devidamente solucionados.

Na versão inicial dos referidos textos, não havia a demarcação de letras iniciais

maiúsculas após o término de um período, nem o emprego desse elemento na grafia do nome

do estabelecimento de ensino, bem como em siglas apresentadas nos textos. Na análise da

última versão, todos esses problemas foram solucionados, conforme se vê no quadro, e não

detectados novos equívocos referentes a esse problema de natureza ortográfica.

Page 109: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

108

4.2 Resultados obtidos e discussões

Através das análises efetuadas no corpus investigado, identificamos, nas primeiras

produções do gênero estudado, a presença de problemas de natureza diferente no interior dos

referidos textos. Dentre os problemas que surgiram, o que se destacou, numa maior

quantidade de ocorrência, foram aqueles relativos à apresentação do conteúdo e aos aspectos

estruturais do gênero, isto é, as características formais e relativas ao conteúdo do gênero

notícia.

Após o processo de intervenção por meio dos módulos, efetivado em sala de aula, em

que foram trabalhados esses problemas, constatou-se que ocorreram evoluções consideráveis

na escrita dos textos das notícias realizados na última etapa da proposta. Os resultados mais

significativos detectados nas produções foram visualizados na reescrita dos títulos, dos leads e

no que se refere à informatividade dos textos, com a apresentação, inclusive, de discursos

relatados. Todos os sete textos apresentaram problemas referentes a esses elementos. Após a

reescrita do gênero, percebemos que essas dificuldades foram devidamente superadas.

O quadro que segue apresenta uma sumarização dos dados referentes à ocorrência

desses problemas, detectados na versão inicial, no que diz respeito aos aspectos formais do

gênero estudado, além da informatividade, bem como as evoluções apresentadas nos textos

dos alunos investigados na segunda etapa da proposta.

Quadro comparativo 1 – Conteúdo e aspectos estruturais na produção do gênero notícia

ASPECTOS CARACTERÍSTICOS DO GÊNERO

7 notícias

analisadas

1º etapa 2º etapa

Elementos

investigados

Total de problemas

detectados

Total de problemas

superados

Total de problemas

não superados

Título 07 07 00

Lead 07 07 00

Informatividade 07 07 00

Discurso/relatos 07 07 00

Através dos dados do quadro comparativo 01, pode-se verificar uma mudança

significativa da primeira para a produção final, visto que os alunos apresentaram, na versão

final dos seus textos uma adequação com relação aos elementos investigados, superando, em

sua totalidade, os problemas apresentados na primeira produção. Os referidos resultados nos

remetem a crer numa consolidação do aprendizado dos alunos com relação aos estudos que

Page 110: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

109

foram efetuados em sala de aula, acerca dos elementos da estrutura composicional e do

conteúdo do gênero notícia.

No que se refere aos problemas apresentados nos títulos, na primeira produção, os

alunos utilizaram o emprego de verbos no tempo passado e, em alguns casos, produziram

títulos sem registro de verbos. O trabalho comparativo com títulos de notícias de diferentes

jornais e de sites do portal do G1, realizado em sala de aula, permitiu que os alunos

observassem como se costuma titular notícia em grandes jornais e demais suportes que

veiculam textos de notícias. A partir dessa comparação e dessa reflexão, os alunos foram

conduzidos a reescrever os títulos dos seus próprios textos, obtendo êxito na reescrita.

Com relação aos problemas detectados nos leads, foi efetuado o mesmo trabalho

comparativo. Na produção inicial os alunos não fizeram a demarcação da margem do primeiro

parágrafo para apresentarem o lead, nem apresentaram os elementos que o constituem, a

saber: Que? Quem? Quando? Onde? Como? e Por que? Por meio de um trabalho de

comparação com leads de textos de notícias de jornais e de sites do G1, apresentados em sala

de aula, os alunos tiveram a oportunidade de analisar quais os elementos que devem ser

incluídos no primeiro parágrafo de texto de notícia, para apresentar as informações

correspondentes ao lead. O referido trabalho possibilitou aos alunos a reescrita dos leads dos

seus respectivos textos.

Semelhantemente aos trabalhos desenvolvidos com os títulos e os leads, os problemas

referentes à informatividade e à apresentação de relatos foram tratados por meio de

comparações com exemplares de diferentes textos de notícias de jornais, retiradas do site do

G1, apresentados aos alunos em sala de aula. Foi realizado com os alunos um trabalho de

identificação das informações contidas nesses textos, como ponto de partida para discussões

acerca do que define o grau de informatividade de um texto. Os alunos foram oportunizados a

refletir sobre a influência dos relatos na apresentação das informações nos textos de notícias

bem como, a respeito da questão da insuficiência de informações e suas implicações na

compreensão leitora. A partir desse trabalho de reflexão, os alunos retomaram seus textos,

efetuaram uma análise sobre quais informações seriam necessárias apresentar nos textos para

um melhor detalhamento acerca dos fatos narrados e, em seguida, partiram em busca dessas

informações, por meio de entrevistas com envolvidos nos fatos ocorridos e/ou até mesmo

pesquisando em fontes confiáveis, conforme as orientações recebidas em sala de aula.

Para tratar os problemas com relação à apresentação dos relatos, foi efetuado um

trabalho comparativo por meio de outros textos de notícia, para que os alunos verificassem as

estratégias que poderiam ser usadas pelo autor do texto para apresentar as falas dos

Page 111: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

110

personagens, ou seja, pelo discurso direto ou indireto, bem como o emprego adequado dos

verbos dicendi, e a sua função na apresentação desses relatos. Percebemos que esse trabalho

possibilitou uma melhor compreensão dos alunos acerca da influência dos relatos na

informatividade do texto e acreditamos que foi a partir dessa compreensão que os alunos

puderam retomar os textos da produção inicial para efetuar as devidas correções, no que diz

respeito à introdução adequada de relatos nas notícias produzidas.

Vale salientar que todo o trabalho analítico e comparativo com os títulos, leads, relatos

e informatividade foram efetuados sempre a partir dos mesmos textos, coletados do site G1 e

apresentado aos alunos. Isso se deu com o intuito de que os alunos pudessem observar como

se dava a sequência de todo um texto de notícia, com detalhamentos acerca do mesmo fato

narrado.

O quadro que segue demonstra, de forma sintética, os dados relativos aos problemas

identificados na produção inicial, com relação à adequação ao padrão culto da língua, bem

como apresenta, numericamente, as superações apresentadas nos textos dos alunos

investigados, na última etapa da proposta.

Quadro comparativo 2 – Adequação ao padrão culto da língua na produção do gênero

notícia

ADEQUAÇÃO AO PADRÃO CULTO DA LÍNGUA

7 notícias

analisadas

1ª etapa

2ª etapa

Elementos

investigados

Total de

problemas

detectados

Total de

problemas

superados

Total de

problemas não

superados

Total de novos

equívocos – advindos

de reescrita textual

Pontuação 03 03 00 00

Acentuação 04 04 00 02

Ortografia(emprego do dígrafo “SS”)

03

00 00 00

Ortografia (letras

iniciais maiúsculas) 07 07 00 00

Outros elementos de natureza ortográfica

- - - 06

Page 112: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

111

No que se refere à adequação ao padrão culto da língua, a análise do corpus relativo às

primeiras produções textuais dos autores investigados evidenciou alguns problemas, a saber:

inadequações de pontuação (emprego do ponto final), acentuação (emprego do acento agudo)

e ortografia (emprego do dígrafo “SS” e de letras iniciais maiúsculas). Observamos que, no

período que antecedeu a fase dos módulos, os problemas relativos à pontuação surgiram nos

sete textos, onde pôde ser detectado o uso inadequado do ponto final, bem como a ausência do

referido elemento linguístico em lugares que requerem a sua utilização. Com relação ao

emprego do acento agudo, houve quatro ocorrências. Em se tratando de problemas de

natureza ortográfica, totalizaram três problemas referentes ao emprego do dígrafo “SS” e, em

todos sete textos, ocorreram problemas relacionados à utilização de letras iniciais maiúsculas.

Em decorrência do processo de reescrita textual, surgiram quatro novos equívocos, no nível

da ortografia, como apresenta o quadro 02.

Após a intervenção dos módulos, é possível perceber mudanças significativas com

relação aos problemas acima mencionados, com a superação de todos os desvios ocorridos na

primeira produção textual. Além disso, os novos equívocos surgiram em uma quantidade

muito pequena. Os respectivos dados nos permitem ainda acreditar que essa superação revela

que os alunos estão tomando consciência da necessidade de utilizar a variante formal da

língua.

Os problemas referentes ao emprego do ponto final referiam-se ao emprego desse

elemento antes de encerrar o período, bem como a ausência dessa pontuação no término do

período. Por meio de discussões em sala de aula acerca das situações em que se deve usar o

ponto final, e por meio de observações dessas situações em outros textos de notícias de

jornais, retiradas do site do portal G1, os alunos retomaram os seus textos e efetuaram as

respectivas correções.

Com relação aos problemas referentes ao emprego do acento agudo, foi apresentado

aos alunos um texto de notícia para que os alunos realizassem um trabalho de identificação e

listagem de palavras com o referido acento gráfico. Foi esclarecido aos alunos que as

explanações sobre esse assunto seriam conforme o novo acordo ortográfico e, assim, foi feita

a classificação das palavras com relação à posição da sílaba tônica. Após esse trabalho de

reflexão sobre o emprego adequado desse elemento linguístico, os alunos tiveram condições

de efetuarem a reescrita de palavras que, em suas primeiras produções, apresentavam

problemas de acentuação.

No que se refere ao emprego do dígrafo “SS”, inicialmente foi realizada uma aula

explicativa a respeito dos dígrafos, com atenção especial para os dígrafos que podem ser

Page 113: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

112

separados, na escrita, diferenciando-os daqueles que não podem ser separados. Essa

explanação especial foi baseada na gramática normativa. Em seguida, os alunos realizaram

atividades de reescrita de palavras, solucionando, assim, os problemas detectados na versão

inicial.

O mesmo ocorreu com relação aos problemas referentes ao emprego de letras iniciais

maiúsculas. Foram feitas explanações acerca do emprego de letras iniciais maiúsculas aos

alunos, a partir da apresentação de alguns trechos de notícias de textos que já haviam sido

trabalhados em sala para tratar os demais problemas, para que os alunos efetuassem o trabalho

de identificação de situações em que foram empregadas as letras iniciais maiúsculas. Os

alunos foram oportunizados a participarem de discussões e refletirem sobre as circunstâncias

em que se deve empregar o referido elemento investigado, tais como em siglas e em início de

período. Esse trabalho de análise e comparação permitiu que os alunos reescrevessem os seus

textos iniciais, corrigindo todos os casos em que existiam problemas de uso da inicial

maiúscula.

Acreditamos que os avanços obtidos pelos alunos no que se refere à adequação ao

padrão culto da língua podem ser justificados pelo estudo realizado em sala de aula sobre os

problemas apresentados nos elementos investigados, a partir dos próprios textos dos alunos.

esse sentido, a exitosa obtenção dos resultados autentica a eficácia da proposta de ensino

fundamentada na concepção de escrita sociointeracionista, a qual norteou todas as atividades

realizadas com os alunos investigados.

De acordo com Antunes (2006), a proposta de ensino sob essa perspectiva situa o

aluno como alguém que constrói seu próprio conhecimento, sob a mediação do professor e

participando ativamente do processo de avaliação do seu texto por meio da dimensão da

autoavaliação, ao invés de atuar como mero espectador de sua aprendizagem.

Após a primeira análise textual e, com base nessa perspectiva de ensino, foi realizado

um trabalho de parceria entre professor e aprendiz em que estes foram oportunizados a rever

os seus textos e por meio de discussões, análises e reescritas textuais, os aprendizes foram

conduzidos a perceberem as inadequações cometidas em seus textos na primeira produção,

com o objetivo de que oferecer condições para efetuarem as devidas correções e assim fossem

instrumentalizados a escreverem com proficiência os textos referentes à segunda produção,

conforme a proposta de sequência didática dos autores Dolz, Noverraz Scneuwly, (2004).

Durante todo esse trabalho, que atuei como professora e mediadora desse processo,

procurei adotar, em minha prática pedagógica, as novas concepções de ensino estabelecidas

pelos atuais paradigmas educacionais, os quais consideram o desenvolvimento de atividades

Page 114: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

113

contextualizadas e a participação ativa do aluno no processo de sua aprendizagem como ponto

de partida para o desenvolvimento de suas habilidades de escrita, e consequentemente, a sua

participação crítica, reflexiva e participativa na sociedade letrada em que se encontra inserido.

Acredito que os resultados que ora apresento traduzem as implicações da referida prática

pedagógica.

Tais resultados apontam para a eficácia das atividades realizadas com os alunos em

sala de aula, por proporcionarem aos alunos momentos de reflexões sobre sua própria

produção textual, atuando assim como sujeitos que analisam e refletem a respeito de sua

própria produção. Nesse sentido, Antunes (2006, p. 164), defende que “nada pode dispensar o

olhar do aprendiz sobre seu próprio processo de aprendizagem”. Vale enfatizar, que as

atividades de reescritas propostas em sala de aula, foram realizadas coletivamente, o que fez

com que os alunos partissem para busca de soluções em conjunto, na fase dos módulos.

Durante todo o processo de aprendizagem de produção do gênero estudado, os alunos tinham

sempre em mente que estavam produzindo um gênero discursivo, em um contexto específico,

ou seja, a publicação de seus textos em um jornal mural da escola; todas as atividades

referentes a correções e reescrita foram, finalmente pensadas a partir de um contexto de língua

em uso.

A aplicação da sequência didática proposta por Dolz, Noverraz e Scneuwly (2004),

ofereceu aos alunos o acesso a uma prática de linguagem da qual eles não tinham o domínio,

o que pode ser conferido nos quadros comparativos 1 e 2, mas também permitiu-me enquanto

professora e condutora desse processo, intervir e conduzir os alunos no caminho que eles

ainda precisavam percorrer, a fim de alcançarem a proficiência em suas produções textuais

escritas.

Page 115: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

114

V - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo, efetuamos algumas reflexões a cerca do estudo da sequência didática

na produção escrita do gênero notícia.

Inicialmente pode-se concluir, com base na pesquisa realizada e nas análises

apresentadas nos capítulos anteriores, que a proposta de ensino aprendizagem do gênero

notícia mediada por sequências didáticas é um método bastante eficaz para se trabalhar a

competência escrita dos alunos, especificamente no que se refere à produção desse gênero,

por se tratar de uma proposta de ensino que considera o contexto situacional do referido

gênero de texto e suas características linguístico-discursivas. Nesse sentido, foi perceptível

que a proposta de sequência didática permitiu aos educandos adquirir novas competências

comunicativas, as quais os tornarão aptos a elaborar textos de notícias proficientes não apenas

quando estiverem exercendo outros graus de escolaridade, mas também nas necessidades que

emanam das práticas sociais de uso da escrita.

A eficácia desse método foi possível ser confirmada, por meio dos resultados obtidos

nas produções textuais referentes à última fase da proposta, nas quais foram detectados os

progressos dos alunos investigados no processo de reescrita do citado gênero.

As análises das primeiras produções textuais revelaram vários problemas atrelados aos

aspectos estruturais do gênero (título, lead), ao conteúdo (informatividade), aos

discursos/relatos introduzidos nos textos e a problemas de natureza ortográfica. Dentre os

problemas apresentados nessa versão inicial, os que ocorreram com maior evidência

referiram-se aos aspectos característicos e de conteúdo, o que demonstrou a falta de

conhecimento dos alunos com relação aos elementos constituintes do gênero notícia. Diante

disso, pensou-se a elaboração dos módulos, ou seja, a proposta de intervenção propriamente

dita, nos quais foram trabalhados os problemas detectados na primeira produção, por meio de

discussões, análises e exercícios de reescritas textuais, com vistas na instrumentalização dos

alunos, no intento de que tivessem condições de solucionar os referidos problemas,

objetivando a maximização das oportunidades dos aprendizes em se apropriarem de

conhecimentos e instrumentos necessários que os permitissem a superação dos respectivos

problemas.

Na aplicação dos módulos, os alunos tiveram a oportunidade de refletir sobre sua

própria produção textual, por meio da análise e da reescrita de seus próprios textos. Isso se

refletiu consequentemente, na produção final. Em outras palavras, com a análise da produção

Page 116: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

115

final, foi possível perceber que, após os módulos, houve uma significativa evolução nas

últimas produções textuais dos alunos, quando comparadas com as produções iniciais e os

problemas ali detectados. Por esse motivo, acreditamos que as atividades realizadas na fase

dos módulos contribuíram consideravelmente para os avanços apresentados na produção final.

Assim, acreditamos que os nossos objetivos iniciais foram atingidos. Reiteramos que

esta investigação, de um modo geral, objetivou instrumentalizar os alunos para atuarem como

produtores de textos competentes, a partir de uma proposta de ensino que considere o

contexto situacional do gênero notícia e suas características linguístico-discursivas. Para tal,

utilizamos propostas de sequências didáticas com foco nas características sociocomunicativas

do referido gênero. Especificamente, o presente estudo se propôs a investigar como se dá o

processo de apropriação do gênero notícia e do seu caráter sociocomunicativo, em um

contexto da aprendizagem da Educação de Jovens e Adultos; investigar quais as maiores

dificuldades do aluno no processo de elaboração do referido gênero; verificar quais os

avanços ocorridos no processo de produção do gênero em estudo, a partir da aplicação da

proposta intervenção.

Através da proposta de ensino de produção do gênero notícia mediado por sequências

didáticas, tivemos condições de utilizar recursos para instrumentalizar os alunos a atuarem

como produtores textuais competentes, e consequentemente, contribuir para a elevação da

autoestima desses alunos, visto que eles conseguiram superar os problemas de escrita em seus

textos, o que pode ser confirmado através dos resultados obtidos na última fase da proposta.

Acrescentamos ainda que o procedimento de sequência didática para a produção do

gênero notícia permitiu-nos oferecer aos alunos uma melhor compreensão acerca das questões

que envolvem os gêneros do universo jornalístico, com foco na notícia, afim de que esses

aprendizes pudessem perceber o contexto em que o referido gênero se insere, suas

características e as possíveis intenções de quem o produz, com atenção especial para o

processo interativo entre produtores e receptores.

Para tal, foi necessário um estudo aprofundado acerca da proposta de sequência

didática apresentada pelos autores Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), bem como uma

reflexão a respeito da concepção de Gêneros Discursivos, apresentada por Bakhtin (2000). A

partir da reflexão sobre essas teorias, que alicerçaram esta investigação, foi possível a

realização da intervenção didática.

Nesse sentido, pode-se afirmar que a produção de textos com base na concepção de

escrita sociointeracionista, a qual fundamentou essa pesquisa, difere em muito das “velhas

redações” atreladas ao sistema tradicional de ensino. O referido sistema não concebe o

Page 117: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

116

aprendizado a partir de um processo pessoal, por isso se contrapõe às novas concepções de

ensino, em que o aluno é sujeito ativo de sua própria aprendizagem e, por meio da mediação

do professor, pode efetuar reflexões acerca de suas produções textuais, avaliando seu próprio

desenvolvimento, durante todo o processo de aprendizagem.

A pesquisa realizada com os alunos investigados proporcionou-me profundas

reflexões acerca de minha prática pedagógica, e nesse contexto, mudanças significativas a

respeito de minha postura diante das dificuldades dos alunos acerca de suas produções

textuais escritas. Embora já venha participando de várias discussões pedagógicas, acerca da

importância do trabalho de produção textual alicerçado na teoria dos gêneros textuais,

mantiveram-se sempre presentes, em mim, questionamentos acerca de como trabalhar os

“erros” dos alunos em suas produções textuais, principalmente por se tratar de uma realidade

tão complexa quanto a dos alunos do primeiro segmento da Educação de Jovens e Adultos,

visto que a grande maioria retornou os seus estudos após décadas afastados de suas atividades

escolares, e, além disso, com resquícios das práticas tradicionais de ensino incorporadas em

suas crenças e atitudes escolares, traduzindo a dominância do sistema educacional da

sociedade em que viviam. Tais práticas submetiam-se a uma concepção de escrita que não

levava em consideração o contexto, as condições de produção. Com base nesse sistema

mecanizado, os alunos eram conduzidos a escreverem textos sem definição de objetivo,

desprovidos de qualquer conhecimento a respeito da estrutura e das características

sociocomunicativas do texto que estava sendo produzido.

Através do trabalho que realizei em sala de aula, foi possível perceber que a

dificuldade dos alunos em produzir textos escritos não se tratava apenas de um problema

isolado, exclusivo dos alunos, pois, além de todo um contexto social por eles vivenciados no

percurso de sua história escolar, insere-se, também, minha própria dificuldade em lidar com

as dificuldades dos alunos em suas respectivas produções. Assim, o procedimento didático

adotado nesta pesquisa foi bastante significativo, porque serviu como norteador de minha

prática pedagógica, promovendo assim uma ressignificação em meu próprio fazer

pedagógico, no sentido de permitir-me criar oportunidades para que os alunos investigados

conseguissem se posicionar e agir como produtores textuais competentes e, dessa forma,

atenderem não apenas as demandas da escola, mas as necessidades que emanam das práticas

sociais.

Os resultados obtidos nessa pesquisa revelam que é possível desenvolver um trabalho

voltado para a proficiência escrita dos alunos, desde que esse trabalho seja norteado por uma

perspectiva de aprendizagem como processo pessoal: perspectiva que não exime o aluno de

Page 118: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

117

participar ativamente do seu processo de aprendizagem. Já o professor, por sua vez, assume-

se como sujeito mediador desse processo, afim de que os alunos conquistem a autonomia em

suas produções textuais, concretizando, assim, aprendizagens significativas.

Page 119: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

118

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Irandé. Aula de Português: encontro & interação. São Paulo: Parábola Editorial,

2003.

_________. Avaliação da produção textual no ensino médio. In: BUZEN, Clécio;

MENDONÇA, Márcia [orgs.]; Angela B. Kleiman... [et al.]. Português no Ensino Médio e

Formação do Professor – São Paulo: Parábola Editorial, 2006.

BAKTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. Tradução: Maria Ermantina Galvão. 3ª

edição – São Paulo: Martins Fontes, 2000[1979].

BAKHTIN, M./VOLOCHINOV, V. N. / Marxismo e filosofia da linguagem: problemas

fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução do francês por

Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. 10ª ed. São Paulo: Hucitec, 2002 [1979].

BAZERMAN, Charles. Gêneros textuais, tipificação e interação / Charles Bazerman:

Angela Paiva Dionísio; Judith Chambliss Hoffnagel (organizadoras); Tradução e adaptação de

Judith Chambliss Hoffnagel; revisão técnica – Ana Regina Vieira... [et al.] – 4 ed. – São

Paulo: Cortez, 2011.

BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Nº 9394/96. Ed. S/A, 1996.

________. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Ministério da Educação

e Cultura, Secretaria da Educação Fundamental – 3 ed. Brasília: A secretaria, 2001.

BRONCKART, Jean Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos: Por um

Interacionismo Sócio – discursivo. São Paulo: EDUC, 1999.

BUZEN, Clécio. Da era da composição à era dos Gêneros: o ensino da produção de texto no

ensino médio. In: BUZEN, Clécio; MENDONÇA, Márcia [Orgs.]; Angela B. Kleiman... [et

al.]. Português no Ensino Médio e Formação do Professor. São Paulo, Parábola, 2006.

CEREJA, William Roberto. Português: linguagens, 6º ano: língua portuguesa/ William

Roberto Cereja; Thereza Cochar Magalhães. 7ªed. – reform. – São Paulo: Saraiva, 2012.

DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard; NOVERRAZ, Michele. Sequências Didáticas

para o Oral e a Escrita: Apresentação de um Procedimento. In: SCHNEUWLY, Bernard;

DOLZ, Joaquim e cols. Gêneros orais e escritos na escola. Tradução e organização Roxane

Rojo e Glais Sales Cordeiro. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004 – (Coleção as Faces da

Linguística Aplicada).

ERBOLATO, Mário L. Técnicas de Codificação em Jornalismo. 5ª edição – Ed. Ática, São

Paulo, 1991.

FARACO, Carlos Alberto. Novo acordo ortográfico. Disponível em HTTP:

//www.parabolaeditorial.com.br/novoacordo 2.pdf. Acesso em: 27 out. 2013.

FERRAZ, Mônica Mano Trindade. Sobre o Ensino de Gramática: Uso e Reflexão nas aulas

de Língua Portuguesa. In: FRANCELINO, Pedro Farias. Linguística Aplicada à Língua

Page 120: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

119

Portuguesa no Ensino Médio: Reflexões Teórico – Metodológicas. João Pessoa: Editora da

UFPB, 2011a.

FIGUEIREDO, Laura de. Singular & Plural: leitura, produção e estudos de linguagem/

Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar; Shirley Goulart. -1. Ed. – São Paulo: Moderna, 2012.

FRANCELINO, Pedro Farias. A Produção de Textos Orais e Escritos no Ensino Médio:

Demandas Teóricas e Práticas. In: ______. Linguística Aplicada à Língua Portuguesa no

Ensino Médio: Reflexões Teórico – Metodológicas. João Pessoa: Editora da UFPB, 2011b.

GARCEZ, Lucília. A escrita e o outro. Brasília: Editora da UNB, 1998.

GERALDI, João Wanderley. Portos de passagem. 4. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

________. O texto na sala de aula. 4. ed. Ed. Ática. São Paulo, 2006.

KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. O texto e a construção de sentidos. 5ª edição. São Paulo:

Contexto, 2001.

________. Desvendando os segredos do texto. 2ª ed. – São Paulo: Cortez, 2002.

KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender – os sentidos

do texto. São Paulo: Contexto, 2006.

KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Escrita e interação. In ____ (Orgs).

Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2009.

LAGE, Nílson. Linguagem Jornalística. 7ª edição. Ed. Ática, São Paulo, 2001.

________. Estrutura da notícia. 5ªedição. Ed. Ática, São Paulo, 2004.

LIMA, Carlos Henrique da Rocha. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. 35ª ed.

Rio de Janeiro – José Olympio, 1998.

MANUAL ESCOLAR DE REDAÇÃO: Folha de São Paulo. Revisão: Eliana Antonioli e

Maria Elza M. Teixeira. Ed. Ática, 1994.

MANUAL DE REDAÇÃO E ESTILO: O Estado de São Paulo /Eduardo Martins. 3ª edição,

revista e ampliada – São Paulo: O Estado de São Paulo, 1997.

MANUAL DE REDAÇÃO E ESTILO: O Globo / organizado e editado por Luiz Garcia – 28

ed. – São Paulo: GLOBO, 2001.

MANUAL DE REDAÇÃO: Folha de São Paulo. 5ª edição. São Paulo: pubifolha,2002.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção Textual, Análise de Gêneros e Compreensão. São

Paulo: Parábola Editorial. 2008.

NASCIMENTO, Erivaldo Pereira do. Escrita e Integração: uma experiência didática com

gêneros do universo jornalístico. In: ALMEIDA, Maria de Lourdes Leandro; ARANHA,

Page 121: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

120

Simone Dália de Gusmão; SILVA, Antônio de Pádua Dias da.( Organizadores). Literatura e

Linguística: teoria, análise, prática. João Pessoa: Editora Universitária, 2007.

_________. Jogando com as Vozes do Outro: argumentação na notícia jornalística/ Erivaldo

Pereira do Nascimento. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2009.

_________. Gêneros Jornalísticos na sala de aula: desenvolvendo habilidades leitoras. In:

PEREIRA, Regina Celi Mendes (Organizadora). Ações de linguagem: da formação

continuada à sala de aula. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2010.

PASSARELLI, Lílian. Ensinando a escrita: o processual e o lúdico. 4 ed. Ver. – São Paulo:

Cortez, 2004.

PEREIRA, Regina Celi Mendes. Práticas de escrita e reescrita na sala de aula: Desafios para

alunos e professores. In: ______ (Organizadora). Ações de linguagem: da formação

continuada à sala de aula. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2010.

SECAD –Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Caderno 1 –

Trabalhando com a Educação de Jovens e Adultos: alunas e alunos da EJA. Brasília:

MEC, 2006.

Page 122: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

121

APÊNDICE

Page 123: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

122

APÊNDICE - A

PLANO DE AULA DOS ENCONTROS PARA APLICAÇÃO DO PROCEDIMENTO

DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Apresentação da situação

1º Encontro:

Objetivo:

Explorar as características próprias do gênero notícia a partir de exemplar levado para

sala de aula (contexto de produção).

Conteúdo:

Meios de comunicação em que circulam o gênero notícia;

Caracterização do gênero notícia (elementos enunciativos do gênero notícia – contexto

de produção).

Procedimentos metodológicos

Leitura de exemplar do gênero notícia: “Polícia Militar detém cinco suspeitos de

assaltar ônibus em João Pessoa” (site do G1)

Discussão sobre os aspectos que envolvem a situação de produção e de recepção do

texto de notícia.

Recursos Materiais

Recortes de notícias (internet) site do G1.

Cópias de textos empregados

Atividades digitadas e xerocadas.

Avaliação

Participação ativa nas discussões efetuadas em sala de aula;

Realização das atividades propostas.

Page 124: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

123

2º Encontro – Apresentação da situação

Objetivo:

Efetuar discussões sobre fatos recentes ocorridos na escola e/ou comunidade, como

ponto de partida para a proposta da primeira produção textual.

Procedimentos metodológicos:

Discussão sobre fatos recentes que ocorreram na escola, na própria comunidade ou,

comunidades circunvizinhas, a partir da leitura do texto; “Motociclista colide em 2

carros na PB e teste indica que ele estava bêbado”, fato ocorrido em bairro

circunvizinho.

Participação da coordenadora do Programa Mais educação para informações de fatos

ocorridos na própria escola;

Participação dos alunos para exposição de fatos ocorridos na comunidade;

Proposta da primeira produção textual.

Recursos Materiais

Recortes de notícias (internet) site do G1.

Xérox de textos

Atividades digitadas e xerocadas.

Avaliação

Participação ativa nas discussões efetuadas em sala de aula;

Realização das atividades propostas.

Page 125: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

124

3º Encontro – Módulo 1

3º Encontro

Conteúdo abordados:

Elementos constitutivos do título e do lead

1. Objetivo geral

Identificar os elementos constitutivos do título e do lead de textos de notícias, para

produzi-los de forma adequada, atendendo às características do gênero.

2. Objetivos específicos

Explorar o significado e a função do título e do lead no texto de notícia;

Efetuar análises de títulos e de leads de textos de notícias em processo de produção;

Reescrever títulos e leads dos textos analisados.

3. Procedimentos metodológicos para trabalhar o título:

Discussão sobre os elementos constitutivos do título e do lead;

Identificação dos elementos constitutivos do título e do lead em texto de notícia;

Realização de atividade coletiva a partir da leitura do título; “Dilma diz que manifestações

não podem interromper estrada.”

Proposta de reescrita de títulos e de lead de textos em processo de produção.

Recursos Materiais:

Recorte de texto (retirado do site do G1);

Xérox de textos;

Digitação de atividades;

Retroprojetor

Avaliação

Participação ativa nas discussões efetuadas em sala de aula;

Realização das atividades propostas.

Page 126: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

125

4º Encontro – Módulo 2

Conteúdos abordados:

Informatividade e relatos/depoimentos

1. Objetivo geral

Reconhecer a necessidade da informatividade em textos de notícias

(informações suficientes para a contextualização e o relato dos fatos), bem

como a influência dos depoimentos (discurso relatado) na apresentação das

informações.

2. Objetivos específicos

Explorar a importância da informatividade nos textos de notícias;

Discutir a influência dos depoimentos nos textos de notícias;

Identificaras informações contidas no texto de notícia levado para estudo em

sala de aula;

Efetuar análise de textos de notícias com problema de informatividade

(informações insuficientes para o relato dos fatos);

Apontar as possíveis informações que faltam nos textos de notícias analisados

em sala de aula.

Procedimentos metodológicos:

Leitura de texto de notícia

Discussão sobre os aspectos relacionados à textualização do texto (informatividade) e

a influência dos depoimentos nos textos de notícias.

Realização de atividade coletiva a partir da leitura do texto: “Dilma diz que manifestações

não podem interromper estrada.”

Exercícios de reescrita sobre informatividade e relatos / depoimentos.

Recursos Materiais:

Recorte de texto (retirado do site do G1);

Xérox de textos;

Digitação de atividades;

Page 127: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

126

Retroprojetor

Avaliação

Participação ativa nas discussões efetuadas em sala de aula;

Realização das atividades propostas.

Page 128: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

127

5º Encontro: Módulo 3

Conteúdos abordados:

Acento gráfico agudo, sinal de pontuação (ponto final), emprego de letras iniciais

maiúsculas, dígrafos (SS).

Objetivo geral

Aprofundar os conhecimentos referentes ao emprego adequado do acento

agudo, sinal de pontuação (ponto final), uso de letras iniciais maiúsculas e dos

dígrafos SS, conforme o novo acordo ortográfico e as regras gramaticais

estabelecidas pela norma culta, respectivamente

Objetivos específicos

Realizar discussões acerca da importância do emprego do acento agudo, ponto

final, uso de letras iniciais maiúsculas e dos dígrafos SS.

Analisar trechos de textos em processo de produção com problemas referentes

ao emprego dos elementos linguísticos em estudo;

Efetuar as correções cabíveis referentes ao emprego dos elementos linguísticos

nos trechos de textos analisados;

Empregar adequadamente os elementos linguísticos em estudo, de acordo com

a nova ortografia e as regras gramaticais prescritas pela norma padrão.

Procedimentos metodológicos

Discussão sobre o emprego do acento gráfico agudo segundo o novo acordo

ortográfico; o uso do ponto final, letras iniciais maiúsculas e do dígrafo “SS”,

conforme as regras gramaticais estabelecidas pela norma culta.

Realização de atividade individual e coletiva, a partir da leitura do texto:

“Seinfra retira rotatória de viaduto para acabar congestionamentos” (retirado

do jornal da Paraíba - publicação em 12/09/2013).

Atividades de reescrita de pontuação (emprego do ponto final); letras iniciais

maiúsculas; emprego do dígrafo “SS” e emprego do acento agudo.

Page 129: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

128

Recursos Materiais:

Recorte de texto (retirado do site do G1);

Xérox de textos;

Digitação de atividades;

Retroprojetor

Avaliação

Participação ativa nas discussões efetuadas em sala de aula;

Realização das atividades propostas.

Page 130: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

129

ANEXOS

Page 131: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

130

ANEXO – A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Esta pesquisa Será desenvolvida pela aluna do curso de Mestrado em Linhuístics e Ensino da

Universidade Federal da Paraíba, Adnilda Suely D‟ Almeida, sob orientação do Profº Drº Erivaldo Pereira do

Nascimento (UFPB). Objetiva descrever o processo de produção escrita do gênero notícia, no contexto da

Educação de Jovens e Adultos, a partir de propostas de sequências didáticas, com foco nas características

sociocomunicativas do respectivo gênero. Com essa investigação de natureza aplicada e intervencionista temos

como meta instrumentalizar os alunos para atuarem como produtores de textos competentes, a partir de uma

proposta de ensino que considere o contexto situacional do gênero notícia e suas características linguístico-

discursivas. Para tanto, será necessário efetuar intervenções verificando a aplicabilidade da sequência didática no

processo de escrita do gênero notícia. Solicitamos a sua colaboração para responder aos questionamentos, como

também sua autorização para apresentar os resultados deste estudo em eventos das áreas de saúde e educação e

publicar em revista científica. Por ocasião da publicação dos resultados, seu nome será mantido em sigilo.

Informamos que esta pesquisa não oferece riscos previsíveis para sua saúde. Não traz complicações legais e

nenhum dos procedimentos usados oferece risco a sua dignidade.

Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto, o (a) senhor (a) não é obrigado (a)

a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades pela pesquisadora. Caso decida não participar do

estudo, ou resolver a qualquer momento desistir do mesmo, não sofrerá nenhum dano, nem haverá modificação

na assistência que vem recebendo na instituição. Como critérios de inclusão neste estudo, faz-se necessário que

os participantes estejam devidamente matriculados, cursando o ano letivo regularmente e tenham seus Termos de

Consentimento assinados pelos responsáveis. No caso do não atendimento aos critérios de inclusão

estabelecidos, ficará impossibilitada a participação do aluno na referida pesquisa. Os pesquisadores estarão a sua

disposição para qualquer esclarecimento que considere necessário em qualquer etapa da pesquisa. Mais

informações: Universidade Federal da Paraíba (UFPB) – Mestrado Profissional – www.pgle.cchla.ufpb.br/ (83)

3216-7280.

Diante do exposto, declaro que fui devidamente esclarecido (a) e dou meu consentimento para participar

da pesquisa e para publicação dos resultados. Estou ciente que receberei uma cópia deste documento.

João Pessoa, ______ de _______________de 2013.

_______________________________

Assinatura do Participante

Atenciosamente,

____________________________________ ______________________________

Drº Erivaldo Pereira do Nascimento Adnilda Suely D‟ Almeida

Professor Orientador Pesquisadora Responsável

Page 132: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

131

ANEXO – B

CARTA DE ANUÊNCIA

Pelo presente consentimento, declaro que fui informado (a) de forma clara e detalhada do

projeto de pesquisa, a ser desenvolvido nesta instituição, que tem por objetivo geral desenvolver

investigações aplicadas ao processo de produção escrita do gênero notícia, a partir de propostas de

sequências didáticas, bem como instrumentalizar os alunos a uma atuação competente em suas

produções textuais escritas.

Tenho conhecimento de que receberei resposta a qualquer dúvida sobre os procedimentos e

outros assuntos relacionados com essa pesquisa. Também terei total liberdade para retirar meu

consentimento, a qualquer momento, podendo deixar de participar do estudo. Tenho consciência

ainda que a participação nesta pesquisa não trará complicações legais. Nenhum dos procedimentos

usados oferece riscos e desconforto aos participantes.

Concordo em participar desse estudo, bem como autorizo, para fins exclusivamente de

pesquisa, a utilização dos dados coletados. O registro das observações ficará à disposição da

universidade para outros estudos, sempre respeitando o caráter confidencial das informações

registradas e o sigilo de identificação dos participantes. Os dados serão arquivados pelas

pesquisadoras, e destruídos depois decorrido o prazo de 05 (cinco) anos.

Os responsáveis por esse projeto são: Professor Drº Erivaldo Pereira do Nascimento (UFPB)

[email protected] e a mestranda Adnilda Suely D‟ Almeida (UFPB) e-mail:

[email protected]

João Pessoa, _____ de _______________ de 2012.

Nome da Instituição:__________________________________________________________

Responsável pela instituição: ___________________________________________________

1.

___________________________________

Drº Erivaldo Pereira do Nascimento

(Orientador)

___________________________________

Adnilda Suely D‟Almeida

(Pesquisadora Responsável)

Page 133: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

132

ANEXO – C

Page 134: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

133

ANEXO D – TEXTOS UTILIZADOS EM SALA DE AULA

12/07/2013 07h55 - Atualizado em 12/07/2013 10h01

Dilma diz que manifestações não podem interromper estradas Para a presidente, 'direito de ir e vir é fundamental' e 'democrático'.

Ela deu a declaração no Uruguai, onde participa de reunião do Mercosul.

Do G1, em Brasília

A presidente Dilma Rousseff disse na noite desta quinta-feira (11), ao desembarcar no Uruguai,

que manifestações como as que ocorreram durante protestos das centrais sindicais não podem

interromper estradas.

Ao longo desta quinta, Dia Nacional de Lutas com Greves e Mobilizações organizado por

centrais sindicais e movimentos sociais, pelo menos 156 cidades de todos os estados do Brasil e

do Distrito Federal tiveram protestos. Durante todo o dia, mais de 80 trechos de rodovias em 18

estados foram parcial ou totalmente bloqueadas por manifestantes.

"Eu considero que em qualquer manifestação onde haja interrupção de rodovias e que se tenha

atos de violências, eles [os responsáveis] têm que ser condenados. O direito de ir e vir é

fundamental, é democrático. Ninguém pode manifestar-se interrompendo estradas", afirmou a

presidente a jornalistas na porta do hotel em que está hospedada em Montevidéu.

Disponível emg1.globo.com/.../dilma-diz-que-manifestacoes-nao-podem-interromper

Page 135: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

134

C I D A D E S

Seinfra retira rotatória de viaduto para acabar congestionamentos

Obras fazem parte do Projeto 'Caminho Livre' e estão previstas para serem concluídas em até 30

dias; investimento é de aproximadamente R$ 300 mil.

Publicado em 12/09/2013 as 06h00

Jaine Alves Francisco França

No projeto ainda estão previstas outras intervenções,

como a criação de uma alça de retorno

Quem utiliza as rotatórias do viaduto do Cristo Redentor, em João Pessoa, conhece bem os problemas e

congestionamentos enfrentados diariamente no local, principalmente nos horários de pico.

Porém, algumas intervenções iniciadas há cerca de 40 dias pela Secretaria Municipal de Infraestrutura

(Seinfra) estimam a solução do trânsito caótico da área. As obras, que fazem parte do Projeto 'Caminho

Livre' com investimento de aproximadamente R$ 300 mil, estão previstas para serem concluídas em até

30 dias.

Após serem iniciadas, as obras precisaram ser paralisadas por 10 dias devido uma modificação no

projeto original, que previa o alargamento de duas vias localizadas após uma das rotatórias, no sentido

João Pessoa/Cabedelo, mas que foram consideradas menores do que o necessário para o local, segundo o

secretário da Seinfra, Ronaldo Guerra.

“Quando fizemos o alargamento percebemos que as medições estavam um pouco menores do que o que

seria necessário para o local e por isso foi preciso uma modificação no projeto para poder alargar ainda

mais, por isso paramos por dez dias e retomamos os trabalhos na semana passada. Esse alargamento já

foi concluído e agora estamos finalizando a demolição da rotatória que fica do lado de Água Fria”,

explicou.

Ronaldo Guerra acrescentou que a demolição de uma das rotatórias está sendo concluída e até que a

segunda rotatória também seja retirada, o meio-fio de ambas permanecerá no local, temporariamente.

“Depois disso, para não causar transtornos, agendaremos um dia para no período da noite colocarmos asfalto onde existiam as rotatórias, bem como o recapeamento asfáltico no entorno de onde foram feitas

as intervenções. Dentro de 30 dias no máximo concluiremos todo o processo”, disse.

“Com a conclusão dessa obra, vai acabar o engarrafamento daquela área. Vai zerar. Se hoje uma

pessoa gasta meia hora para passar por baixo daquele viaduto em horários mais críticos, sem as

rotatórias o fluxo de veículos vai seguir direto, sem parar. O retorno só será feito mais adiante,

na principal do José Américo, em uma rotatória que fica em frente a um posto de combustíveis.

É certo que o carro vai andar um pouco mais em relação à quilometragem, porém o motorista

ganhará em tempo”, completou.

No projeto ainda estão previstas outras intervenções, como uma alça de retorno que será criada

um pouco antes da rotatória que fica ao lado da Empasa, sentido Cabedelo/João Pessoa. A

execução dessa obra ainda será realizada.

Page 136: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

135

Os anexos que seguem são transcrições fiéis dos textos produzidos pelos alunos

NOTÍCIA 1

Os anexos que seguem são transcrições fiéis dos textos produzidos dos alunos

A radio escola da escola Carlos teve uma reforma, que terminou

no final de setembro. Ela foi grafitada, também melhorou a

acústica, colocou arcondicionadoe fez muitas outras coisas. A

radio escola já existia, faz tempo, mas estava funcionando muito

precária. Isso foi o que falou a coordenadora Fabiana do mais

educação na escola. A radio escola vai ser utilizada pelos alunos

do mais educação.

28/09/2013 18h16 - Atualizado em 28/09/2013 18h16

Motociclista colide em 2 carros na PB e teste indica que ele

estava bêbado

Homem afirmou que é guarda municipal e que não possui habilitação.

Teste do bafômetro constatou 0.81 decigramas de álcool por litro de sangue.

Do G1 PB

Motociclista colidiu em dois veículos que estavam parados

na avenida (Foto: Walter Paparazzo/G1)

Um motociclista embriagado causou um acidente na tarde deste sábado (28) quando colidiu

sua moto em dois veículos que estavam parados na Avenida Sérgio Guerra, no bairro dos

Bancários, em João Pessoa. Ainda no local, o homem, que segundo ele próprio trabalha na

Guarda Municipal de João Pessoa, fez o teste do bafômetro, e foi constatado que havia

consumido uma grande quantidade de bebidas alcoólicas.

Após fazer o teste, o homem caminhou até um muro vizinho e urinou na frente de todas as

pessoas que haviam parado para ver o que havia acontecido. Preferindo sem ser identificado,

ele assumiu que bebeu e que não possui carteira de habilitação.

O cabo de Souza, do Batalhão da Polícia de Trânsito (Bptran), explicou que ao chegar no local

o rapaz estava visivelmente embriagado. “Todos os condutores fizeram o teste, mas ele atingiu

um nível muito alto de álcool no sangue, enquanto os outros não teve problemas”, contou.

“Ele estava na moto e bateu na traseira da caminhonete, que estava parada por causa do

semáforo. Em seguida a motocicleta ainda atingiu o carro que também estava parado ao lado.

O motorista detido será encaminhado para a 9ª Delegacia Distrital, no bairro de Mangabeira”,

finalizou.

Page 137: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

136

ANEXO E – PRIMEIRA PRODUÇÃO TEXTUAL DOS ALUNOS

NOTÍCIA 1 – (Primeira Produção)

A Escola Carlos Neves reformou a rádio escola

A radio escola da escola Carlos teve uma reforma, que

terminou no final de setembro Ela foi grafitada, também

melhorou a acústica, colocou ar-condicionado e fez muitas

outras coisas. A radio escola já existia faz tempo, mas estava

funcionando muito precária. Isso foi o que falou a coordenadora

Fabiana do mais educação na escola. A radio escola vai ser

utilizada pelos alunos do mais educação.

Page 138: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

137

NOTÍCIA 2 – (Primeira Produção)

O curta-se da Carlos Neves foi escolhido para se apresentar na Mostra

Cultural

No dia 8 de setembro foi feita a abertura da Mostra Cultural na Estação

Ciência e a escola Carlos Neves foi uma das escolhidas para apresentar

um projeto chamado curta-se, que é uma filmagem curta com pouco

tempo de apresentação, por isso que tem esse nome. Todo ano a

prefeitura organiza um projeto com um tema diferente para as escolas.

No ano passado o tema foi de cinema e esse ano é de teatro.

A coordenadora do mais educação Fabiana disse que os participantes

dessa filmagem são os alunos do mais educação que vão mostrar uma

história ou uma. vivência. A coordenadora Fabiana também falou o

seguinte: o mais educação está com muita coisa intere-

ssante

Page 139: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

138

NOTÍCIA 3 – (Primeira Produção)

A Escola Carlos Neves participou da Mostra de música na Estação

Ciência

No mês de setembro, a escola Carlos Neves participou da Mostra de

Música. Nessa Mostra participou os alunos do programa Mais Educação

dessa escola. A pessoa que coordenou esse projeto foi o professor de

música Murilo, que trabalha na escola e que junto com os alunos fez

uma música em homenagem a cantora Elba Ramalho, porque esse foi o

ano cultural dela. Todo ano a prefeitura escolhe uma pessoa para ser

homenageada e esse ano foi a cantora Elba. A letra da música foi feita

pelo professor de música e os alunos que tocam flauta e saxofone. O

professor Murilo também toca flauta e saxofone.

Page 140: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

139

NOTÍCIA 4 – (Primeira Produção)

A Escola Carlos Neves no encontro municipal de protagonismo juvenil

No dia 4 de setembro a escola Carlos Neves participou do encontro municipal

de protagonismo juvenil. Lá nesse encontro participou vários alunos da escola,

quase todos do mais educação, só dois que não era. Esse encontro foi para

mostrar as pessoas o que é protagonismo. A coordenadora Fabiana do mais

educação falou que muita gente não sabe o que é protagonismo e aí pensa que

é só para está no centro. Na entrevista ela disse o seguinte: o encontro

municipal de protagonismo juvenil veio para ampliar os horizontes sobre o que

vem a ser protagonismo. Protagonismo não é só estar sendo o centro das

atenções e sim pensar no próximo, auxiliando para o bem estar coletivo,

respeitando todas as diversidades existentes no grupo. Isso resume o encontro.

A coordenadora falou isso bem alegre.

Quem promoveu esse encontro é uma ONG chamada Remar, que tem um

convênio com a prefeitura, isso também foi a coordenadora que falou. Esse

encontro foi realizado na escola Ana Cristina, e lá teve varias oficinas.

Page 141: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

140

NOTÍCIA 5 – (Primeira Produção)

.

Um caminhão bateu num carro no José Américo

Um caminhão ultrapasou na pista principal do bairro José Américo e

bateu em um carro, no dia 11 desse mês de setembro. Felizmente deu

tudo certo. O motorista do carro ficou bem e o carro dele foi levado

para oficina desse bairro. O motorista do carro também disse que o

motorista do caminhão vai pagar o serviço que vai ser feito no seu

carro no valor de setecentos reais. O motorista do carro disse o

seguinte: já houve um mês que bateram oito vezes no meu carro e

essa foi a que deu mais susto. Uma pessoa que ouviu ele falar isso

disse: Mas ainda bem que deu tudo certo.

O motorista do carro pegou um carro alternativo e foi para o detran

ajeitar as documentações. Uma pessoa que estava na parada de ônibus

escutando o que o motorista do carro contava para ela, disse para ele

que isso foi um livramento de Deus na vida dele

Page 142: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

141

NOTÍCIA 6 – (Primeira Produção)

Esgoto sanitário no José Américo

O grupo da prefeitura esta localizando algumas ruas

no laranjeiras, para melhorar o esgoto sanitário de

João Pessoa.Uma moradora falou: “espero que não

seja só promesa, mas que seja realidade”.

Page 143: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

142

NOTÍCIA 7– (Primeira Produção)

Faltou agua para os alunos na Escola Carlos Neves

Na escola Carlos Neves, os alunos ficaram sem agua.

todos estavam reclamando da falta de agua no bebedouro

Segundo os alunos, já faz dois dias que não tem água.

Um aluno diz “Que não aguenta mais a falta de agua na

escola.” Depois dessas reclamações no dia 11 a agua

chegou.

Page 144: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

143

ANEXO F - ATIVIDADES DE REESCRITA DOS TEXTOS EM PROCESSO DE

PRODUÇÃO

Atividades de reescrita proposta no módulo 1

Exercício de reescrita de títulos – gênero notícia

1. Os títulos de notícias que seguem transcritos de textos em processo de produção,

apresentam problemas referentes à sua adequação para o gênero notícia. Em alguns

títulos não se identifica, por exemplo, o emprego de verbos. Após analisar esses títulos

aponte soluções, de forma que atendam a estrutura do gênero em estudo.

a) A escola Carlos Neves reformou a rádio escola

b) O curta-se da Carlos Neves foi escolhido para se apresentar na Mostra Cultural

c) A escola Carlos Neves participou da Mostra de música na Estação Ciência

d) A Carlos Neves no encontro municipal de protagonismo juvenil

e) Um caminhão bateu num carro no José Américo

f) Esgoto sanitário no José Américo

g) Faltou água para os alunos na Escola Carlos Neves

Exercícios de reescrita de lead

1. Os textos que seguem são duas notícias. Após analisar esses textos, verifique se o

lead está adequado, apresentando os elementos que o constituem:

Que?

Quem?

Onde?

Quando?

Por quê?

Como?

a) No dia 8 de setembro foi feita a abertura da mostra cultural na estação ciência e a escola

Carlos Neves foi uma das escolhidas para apresentar um projeto chamado curta-se, que é uma

Page 145: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

144

ilmagem curta com pouco tempo de apresentação, por isso que tem esse nome. Todo ano a

prefeitura organiza um projeto com um tema diferente para as escolas. No ano passado o tema

foi de cinema e esse ano é de teatro.

A coordenadora do mais educação, Fabiana disse que os participantes dessa filmagem são os

alunos do mais educação que vão mostrar uma história ou uma.vivência. A coordenadora

Fabiana também falou o seguinte: o mais educação está com muita coisa intere-

Ssante

b) No dia 4 de setembro a escola Carlos Neves participou do encontro municipal de

protagonismo juvenil. Lá nesse encontro participou vários alunos da escola, quase todos do

mais educação, só dois que não era. Esse encontro foi pra mostrar as pessoas o que é

protagonismo.A coordenadora Fabiana do mais educação falou que muita gente não sabe o

que é protagonismo e aí pensa que é só para está no centro. Na entrevista ela disse o seguinte:

o encontro municipal de protagonismo juvenil veio para ampliar os horizontes sobre o que

vem a ser protagonismo. Protagonismo não é só estar sendo o centro das atenções e sim

pensar no próximo, auxiliando para o bem estar coletivo, respeitando todas as diversidades

existentes no grupo. Isso resume o encontro. A coordenadora falou isso bem alegre.

Quem promoveu esse encontro é uma ONG chamada REMAR, que tem um convênio com a

prefeitura, isso também foi a coordenadora que falou. Esse encontro foi realizado na escola

Ana Cristina, e lá teve várias oficinas.

2. Caso os leads dos textos acima não estejam adequados e não apresentem os

elementos que os constituem, reescreva-os, de modo que esses elementos estejam

devidamente apresentados.

Page 146: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

145

Módulo 2

Exercícios de reescrita sobre informatividade / relatos

1.Os trechos que seguem apresentam problemas com relação às informações

apresentadas, ou seja, as informações são insuficientes para se conhecer os detalhes dos

fatos ou ainda podem ocorrer problemas na apresentação de relatos ou depoimentos que

esclareçam melhor os fatos ocorridos.

Após analisar esses textos,

(a) aponte as informações que poderiam estar presentes no texto, no intuito de fornecer

ao leitor um melhor esclarecimento acerca dos fatos ocorridos; ou

(b) diga de que maneira poderiam ser introduzidos ou apresentados os relatos, para

contribuir com este esclarecimento sobre os fatos narrados.

a) A radio escola da escola Carlos Neves teve uma reforma, que terminou no final de

setembro Ela foi grafitada, também melhorou a acústica, colocou ar - condicionado e fez

muitas outras coisas. A radio escola já existia faz tempo, mas estava funcionando muito

precária. Isso foi o que falou a coordenadora Fabiana do mais educação na escola. A rádio

escola vai ser utilizada pelos alunos do mais educação.

b) O grupo da prefeitura está localizando algumas ruas no laranjeiras, para melhorar o esgoto

sanitário de João Pessoa, uma moradora falou: “espero que não seja só promesa, mas seja

realidade”.

c) Um aluno diz “Que não aguenta mais a falta de agua na escola.”

Page 147: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

146

Módulo 3

Atividade de reescrita de pontuação – emprego do ponto final

1. Os trechos de textos que seguem, transcritos de textos em processo de

produção,apresentam problemas referentes ao emprego do ponto final. Identifique-os e

faça as devidas correções.

a) A coordenadora do mais educação, Fabiana disse que os participantes dessa filmagem são

os alunos do mais educação que vão mostrar uma história ou uma. vivência. A coordenadora

Fabiana também falou o seguinte: o mais educação está com muita coisa intere-

ssante

b) A radio escola da escola Carlos Neves teve uma reforma, que terminou no final de

setembro Ela foi grafitada, também melhorou a acústica, colocou ar - condicionado e fez

muitas outras coisas.

c)Na escola Carlos Neves, os alunos ficaram sem agua. todos estavam reclamando da falta de

agua no bebedouro

Segundo os alunos, já faz dois dias que não tem água. Um aluno diz...

Atividade de reescrita: letras iniciais maiúsculas

1.Os trechos que seguem, transcritos de textos em processo de produção, revelam

problemas referentes ao emprego de letras iniciais maiúsculas. Após a análise desses

trechos, identifique os problemas, e reescreva-os, de forma que atenda as regras

gramaticais.

a) A radio escola da escola municipal Carlos Neves teve uma reforma, que...

b)...foi feita a abertura da Mostra Cultural na estação ciência e a escola Carlos Neves foi uma

das escolhidas para ...

c) No mês de setembro, a escola Carlos Neves participou da mostra de música.

d) No dia 4 de setembro a escola Carlos Neves participou do encontro municipal de

protagonismo juvenil...

Quem promoveu esse encontro foi uma ONG chamada Remar,...

e) Esse encontro foi realizado na escola Ana Cristina, e lá teve várias oficinas.

f) O motorista do carro pegou um carro alternativo e foi para o detran ajeitar as

documentações.

g) Uma moradora falou: “espero que não seja só promessa, mas seja realidade”.

Page 148: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

147

h) Na escola municipal Carlos Neves, os alunos ficaram sem agua. todos estavam

reclamando...

Atividade de reescrita:emprego do dígrafo “SS”

1.Os trechos que seguem,transcritos de textos em processo de produção, apresentam

problemas com relação ao emprego do dígrafo ss. Identifique esses problemas e efetue as

devidas correções.

a)...uma moradora falou: “espero que não seja só promesa, mas que seja realidade” .

b)O mais educação está com muita coisa intere-

ssante

c) Um caminhão ultrapasou na pista principal do bairro José Américo e bateu em um carro, no

dia 11 de setembro.

Atividade de reescrita:emprego do acento agudo

1.Os trechos de textos que seguem transcritos de textos em processo de produção,

apresentam problemas referentes ao emprego do acento agudo. Identifique esses

problemas e faça as devidas correções.

a) O motorista do carro tambem disse que o motorista do caminhão vai pagar o serviço que

vai ser feito no seu carro no valor de setecentos reais. O motorista do carro disse o seguinte: ja

houve um mês que bateram oito vezes no meu carro e essa foi a que deu mais susto.

b)Na escola Carlos Neves os alunos ficaram sem agua, pois todos estavam reclamando da

falta de agua no bebedouro

c) O grupo da prefeitura esta localizando algumas ruas no laranjeiras

d) A radio escola da escola Carlos Neves teve uma reforma, que terminou no setembro.

Page 149: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

148

ANEXO G – PRODUÇÃO FINAL DOS TEXTOS PRODUZIDOS PELOS ALUNOS

NOTÍCIA 1 – (Produção Final)

A Escola Carlos Neves reforma a rádio escola

No final do mês de setembro, a rádio escola da Escola Municipal

Carlos Neves passou por uma reforma oferesendo assim, aos alunos

do Programa Mais Educação, um ambiente mais bonito e mais

agradável para o desenvolvimento de suas atividades.

A rádio escola foi grafitada, também melhorou a acústica, pois

apresentava muitos ruidos e colocou ar- condicionado. “A rádio escola

já existia há cerca de um ano, mais estava funcionando de forma

muito precária. Com essa reforma os alunos sentirão bem mais

confortortaveis”, falou a coordenadora do programa Mais Educação

dessa escola.

Page 150: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

149

NOTÍCIA 2 – (Produção Final)

O Curta-se da Carlos Neves é escolhido para se apresentar na Mostra

Cultural

No dia 8 de setembro foi feita a abertura na Mostra Cultural na Estação

Ciência e a escola Municipal Carlos Neves foi uma das escolhidas para

apresentar um projeto chamado Curta-se. Esse projeto trata-se de uma

filmagem com pouco tempo de apresentação, por isso que tem esse nome.

Todo ano a prefeitura organiza um projeto com um tema diferente para as

escolas. No ano passado o tema foi cinema e esse ano é de teatro.

A coordenadora do Programa Mais Educação, Fabiana, disse que os

participantes dessa filmagem são os alunos do Programa Mais Educação,

que vão mostrar uma história ou uma vivência. “O Mais Educação está

com muita coisa interessante”, falou a coordenadora.

Page 151: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

150

NOTÍCIA 3 – (Produção Final)

A Escola Carlos neves Participa da Mostra de Música na estação

Ciência

No mês de setembro, a Escola Municipal Carlos Neves da Franca,

participou da Mostra de Música realizada na Estação Ciência. Nessa

Mostra participou os alunos do Programa Mais Educação dessa

escola.

A pessoa que coordenou esse projeto foi o professor de música

Murilo, que trabalha nessa escola, e que junto com os alunos fez uma

música em homenagem a cantora Elba Ramalho, porque esse foi o

ano cultural dela. Todo ano a prefeitura Municipal de João Pessoa,

escolhe uma pessoa do mundo artístico ou uma selebridade para ser

homenageada, e esse ano foi a cantora Elba. A letra da música foi

feita pelo professor de música e pelos alunos que tocam flauta e

saxofone. O professor Murilo também toca flauta e saxofone.

Page 152: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

151

NOTÍCIA 4 – (Produção Final)

A Escola Carlos Neves participa do encontro municipal de protagonismo

juvenil

No dia 4 de setembro os alunos do Mais Educação da Escola Municipal

Carlos Neves da Franca participaram do encontro municipal de protagonismo

juvenil, que aconteceu na Escola Municipal Ana Cristina.

Esse encontro foi promovido pela Rede Margaridas Pró – Crianças e

Adolescentes da Paraíba – REMAR, uma ONG, que em parceria com a

Prefeitura Municipal de João Pessoa, ofereceu aos alunos do Programa Mais

Educação, a oportunidade de participarem de oficinas com temas voltados

para o verdadeiro sentido do Protagonismo.

Nesse encontro foram tratados vários temas entre eles, o Protagonismo no

ponto de vista do bem estar coletivo. O objetivo dessas oficinas foi conduzir

os alunos a refletirem sobre a importância do respeito a todas as diferenças

existentes no grupo. “Muita gente não sabe o que é Protagonismo e aí pensa

que é só para está no centro. O encontro municipal de Protagonismo Juvenil

veio para ampliar os horizontes sobre o que vem a ser Protagonismo.

Protagonismo não é só estar no centro das atenções e sim pensar no próximo,

auxiliando para o bem estar coletivo, respeitando todas as diversidades

existentes no grupo. Isso resume o encontro”, explicou Fabiana, a

coordenadora do Programa Mais Educação da Escola Carlos Neves.

Page 153: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

152

NOTÍCIA 5 – (Produção Final)

Um caminhão bate num carro no José Américo

Um caminhão passou na frente de um veículo na avenida principal do

bairro José Américo e bateu em um carro, no dia 11 desse mês de setembro.

O motorista do carro ficou bem e o seu carro foi levado para oficina desse

bairro, onde o serviço segundo o motorista do carro será pago pelo

motorista do caminhão, no valor de setecentos reais. “Já houve um mês que

bateram oito vezes no meu carro e essa foi a que deu mais susto” falou o

motorista do carro para uma moradora do bairro, a mesma com quem o

motorista ficou esperando um transporte para se deslocar para o DETRAN

para providensiar as documentações. Ao escutá-lo, essa moradora que não

quis se identificar o parabenizou por ter dado tudo certo. “Isso foi um

livramento de Deus na sua vida”, falou a moradora para o motorista do

carro. Depois o motorista pegou um carro alternativo e foi para o

DETRAN.

Page 154: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

153

NOTÍCIA 6 – (Produção Final)

Governador autoriza obras de esgoto sanitário no José Américo

No dia 28 de setembro, o governador Ricardo Coutinho, esteve no bairro

José Américo e na presença dos moradores desse bairro, assinou uma

ordem de serviço, autorizando o inicio da implantasão do esgotamento

sanitário para esse bairro.

Depois da assinatura da ordem de serviço, Ricardo Coutinho falou que

essa obra era mais um investimento do governo e melhoria dos serviços

que trazem dignidade para a população.

Ao terminar a fala do governador, uma moradora do bairro, que não quis

se identificar, disse: “Espero que não seja só promessa, mas que seja

realidade”.

Page 155: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

154

NOTÍCIA 7 – (Produção Final)

Alunos da Escola Carlos Neves ficam sem água

Os alunos da Escola Municipal Carlos Neves, localizada no bairro do

José Américo ficaram sem água no bebedouro do dia 9 de setembro até

o dia 11 de setembro.

A direção da escola informou que o bebedouro estava quebrado.

Durante os dias que a escola ficou sem água, os alunos ficaram

bebendo água do bebedouro dos professores. Para isso as espetoras dos

Alunos pegavam os alunos de sala em sala.

“Não agüento mais a falta de água no nosso bebedouro”, reclamou um

aluno que não quis se identificar.

Depois de dois dias de reclamações dos alunos, o bebedouro dos

alunos voltou a funcionar.

Page 156: Adnilda Suely D‟ Almeida‡ÃO... · Adnilda Suely D‟ Almeida O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NOTÍCIA MEDIADO POR SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ... leitura e de escrita,

155

ANEXO H – FOTO DO MURAL COM OS TEXTOS DE NOTÍCIAS PRODUZIDOS

PELOS ALUNOS