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Assine 0800 703 3000 SAC Bate-papo E-mail Notícias Esporte Entretenimento Mulher Shopping BUSCAR Compartilhe | Tempo livre Segundo Adorno, "se minha conclusão não é muito apressada, as pessoas aceitam e consomem o que a indústria cultural lhes oferece para o tempo livre, mas com um tipo de reserva, de forma semelhante à maneira como mesmo os mais ingênuos não consideram reais os episódios oferecidos pelo teatro e pelo cinema". Internet Com sua existência comercial situada por volta dos anos 1990, após um período em que ficou praticamente restrita aos meios acadêmicos, a internet teve sua origem na Arpanet, uma rede desenvolvida nos Estados Unidos no final da década de 1950 para fins de defesa militar, e que se baseava no conceito de descentralização do processamento. Países Ilustrando com um exemplo sobre investimentos as desigualdades internacionais, Adorno afirmou, em texto sobre a indústria cultural, que os detentores de poder, do ponto de vista econômico, estariam "à procura de novas possibilidades de aplicação de capital em países mais desenvolvidos". Escola de Frankfurt Nome pelo qual ficou conhecido o grupo de filósofos e pensadores que se reuniu em torno do Instituto de Pesquisa Social, fundado na década de 1920 na Alemanha. Dele fizeram parte, além de Adorno e Horkheimer, autores importantes como Walter Benjamin (1892 - 1940) e Herbert Marcuse (1898 - 1979), que tinham em comum a preocupação com a "crise da razão contemporânea". Loja Escala Assine Anuncie SAC - 55 11 3855-1000 Reportagens Análise Adorno, a indústria cultural e a internet Há quarenta anos morria o filósofo da Escola de Frankfurt que se tornou famoso por sua crítica aos meios de comunicação de massa POR SERGIO AMARAL SILVA * Uma pessoa recomendou isso. Seja o primeiro entre seus amigos. Recomendar Recomendar Tweet 0 Conforme resume o professor Francisco Rutiger, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e autor do livro "Th eodor Adorno e a crítica à indústria cultural" (Edipucrs, 2004): "A crítica à indústria cultural adorniana não perde sua atualidade perante os fenômenos de internet, visto que, enquanto plataforma da cibercultura, essa vem a ser um novo suporte por onde corre, agora em escala ainda mais massiva e imediata, o processo de conversão da cultura em mercadoria." UMA REDE, TRÊS FORÇAS Ainda a respeito da aplicabilidade das teorias de Adorno à rede mundial de computadores, o professor Fábio Durão, do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas, coautor do livro "A indústria cultural hoje" (Boitempo Editorial, 2008), comenta: "O conceito adorniano de campo de força é muito útil para se interpretar a internet hoje. Pode-se pensar em três vetores diferentes coexistindo em tensão no mesmo objeto. Há, em primeiro lugar, a linha críticonegativa, que atacaria aquelas posições ideológicas, que veem na internet uma liberdade concreta. Contra isso, seria preciso mostrar o quanto a internet, ao elevar a produtividade do trabalho, ajudou ao mesmo tempo que aumentassem as desigualdades, tanto entre as pessoas quanto entre os países . O mundo hoje é mais iníquo do que nunca. Porém, o trabalho não aumentou apenas do ponto de vista intensivo, mas também das horas empregadas: em muitos casos, o tempo diante do computador faz lembrar o do operário perante a máquina no começo da industrialização inglesa, ainda que não se compare o esforço físico envolvido. A desregulamentação do trabalho, sinônimo de precarização e aumento da exploração, seria muito mais difícil sem a internet." O professor Durão prossegue em sua análise, afirmando: "Seria ainda possível abordar vários outros aspectos negativos ligados à internet como o isolamento e os danos psíquicos que podem gerar, o vício, a banalização dos conteúdos, etc. Mas a teoria de Adorno também deixaria entrever todo o potencial utópico da informatização e da conectividade, especialmente do ponto de vista da mobilização das pessoas, e da construção de um espaço para a ação política de grupo e para a prática individual. Adorno sempre foi muito cauteloso em relação a esse momento de liberdade potencial, pois ele temia que uma ênfase nele pudesse ofuscar o impulso crítico. Finalmente, um terceiro vetor seria o histórico- transformacional. Aqui, a interpretação seria voltada para o desdobramento no tempo dos dois vetores anteriores. Ela apontaria para a luta que vem sendo travada em torno da internet, mostrando todas as tentativas de regulamentação da rede e de sua instrumentalização para a obtenção de lucro, por um lado, e os impulsos de resistência, por outro. Sem dúvida, Adorno não faria objeções à aplicação, neste caso, da contradição entre forças e relações de produção. A internet colocaria em cena o desenvolvimento de forças produtivas que estariam em choque com as relações atuais." E a tão alardeada interatividade da internet, que privilegiaria uma liberdade individual na medida em que os conteúdos fossem específicos para cada pessoa? Seria relevante a ponto de invalidar a análise dos teóricos da Escola de Frankfurt Edição 51 Capa Artigo Em Debate Grosso Modo Idéias Reportagens Filosoteca Expediente Assine Anuncie Fale conosco Mande suas sugestões Favoritos E-mail Imprimir Favoritos Digg Lifestream Messenger Mais... (294) AddThis

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Tempo livreSegundo Adorno, "se minha conclusãonão é muito apressada, as pessoasaceitam e consomem o que a indústriacultural lhes oferece para o tempolivre, mas com um tipo de reserva, deforma semelhante à maneira comomesmo os mais ingênuos nãoconsideram reais os episódiosoferecidos pelo teatro e pelo cinema".

InternetCom sua existência comercialsituada por volta dos anos 1990,após um período em que ficoupraticamente restrita aos meiosacadêmicos, a internet teve suaorigem na Arpanet, uma rededesenvolvida nos EstadosUnidos no final da década de1950 para fins de defesa militar,e que se baseava no conceitode descentralização doprocessamento.PaísesIlustrando com um exemplosobre investimentos asdesigualdades internacionais,Adorno afirmou, em texto sobrea indústria cultural, que osdetentores de poder, do pontode vista econômico, estariam "àprocura de novas possibilidadesde aplicação de capital empaíses mais desenvolvidos".

Escola de FrankfurtNome pelo qual ficou conhecidoo grupo de filósofos epensadores que se reuniu emtorno do Instituto de PesquisaSocial, fundado na década de1920 na Alemanha. Dele fizeramparte, além de Adorno eHorkheimer, autores importantescomo Walter Benjamin (1892 -1940) e Herbert Marcuse (1898 -1979), que tinham em comum apreocupação com a "crise darazão contemporânea".

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Adorno, a indústria cultural e a internetHá quarenta anos morria o filósofo da Escola de Frankfurt que se tornou famoso por suacrítica aos meios de comunicação de massaPOR SERGIO AMARAL SILVA *

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Conforme resume o professor Francisco Rutiger, da Pontifícia Universidade Católicado Rio Grande do Sul e autor do livro "Th eodor Adorno e a crítica à indústria cultural"(Edipucrs, 2004): "A crítica à indústria cultural adorniana não perde sua atualidadeperante os fenômenos de internet, visto que, enquanto plataforma da cibercultura,essa vem a ser um novo suporte por onde corre, agora em escala ainda mais massivae imediata, o processo de conversão da cultura em mercadoria."UMA REDE, TRÊS FORÇASAinda a respeito da aplicabilidade das teorias de Adorno à rede mundial decomputadores, o professor Fábio Durão, do Instituto de Estudos da Linguagem daUniversidade Estadual de Campinas, coautor do livro "A indústria cultural hoje"(Boitempo Editorial, 2008), comenta: "O conceito adorniano de campo de força é muitoútil para se interpretar a internet hoje. Pode-se pensar em três vetores diferentescoexistindo em tensão no mesmo objeto. Há, em primeiro lugar, a linha críticonegativa,que atacaria aquelas posições ideológicas, que veem na internet uma liberdadeconcreta. Contra isso, seria preciso mostrar o quanto a internet, ao elevar aprodutividade do trabalho, ajudou ao mesmo tempo que aumentassem asdesigualdades, tanto entre as pessoas quanto entre os países . O mundo hoje émais iníquo do que nunca. Porém, o trabalho não aumentou apenas do ponto de vistaintensivo, mas também das horas empregadas: em muitos casos, o tempo diante docomputador faz lembrar o do operário perante a máquina no começo daindustrialização inglesa, ainda que não se compare o esforço físico envolvido. Adesregulamentação do trabalho, sinônimo de precarização e aumento da exploração,seria muito mais difícil sem a internet."O professor Durão prossegue em sua análise, afirmando: "Seria ainda possívelabordar vários outros aspectos negativos ligados à internet como o isolamento e osdanos psíquicos que podem gerar, o vício, a banalização dos conteúdos, etc. Mas ateoria de Adorno também deixaria entrever todo o potencial utópico da informatizaçãoe da conectividade, especialmente do ponto de vista da mobilização das pessoas, e daconstrução de um espaço para a ação política de grupo e para a prática individual.Adorno sempre foi muito cauteloso em relação a esse momento de liberdadepotencial, pois ele temia que uma ênfase nele pudesse ofuscar o impulso crítico.Finalmente, um terceiro vetor seria o histórico-transformacional. Aqui, a interpretação seria voltadapara o desdobramento no tempo dos dois vetoresanteriores. Ela apontaria para a luta que vem sendotravada em torno da internet, mostrando todas astentativas de regulamentação da rede e de sua

instrumentalização para a obtenção de lucro, por um lado, e os impulsos deresistência, por outro. Sem dúvida, Adorno não faria objeções à aplicação, neste caso,da contradição entre forças e relações de produção. A internet colocaria em cena odesenvolvimento de forças produtivas que estariam em choque com as relaçõesatuais."E a tão alardeada interatividade da internet, que privilegiaria uma liberdade individualna medida em que os conteúdos fossem específicos para cada pessoa? Seriarelevante a ponto de invalidar a análise dos teóricos da Escola de Frankfurt

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?Sobre eventuais características que diferenciem a internet dos meios existentes na época de Adorno, Fábio Durãosalienta que, também nesse caso, é importante que as distinções sejam examinadas juntamente com as continuidades.E acrescenta: "O rádio e a televisão, que Adorno conheceu muito bem, já atingiam milhões de pessoas. A lógica dedominação da indústria cultural - a estandardização e condicionamento como meios de obtenção de lucro - permanecefundamentalmente a mesma. Do ponto de vista do presente, é possível traçar uma linha genealógica mostrando que ainternet não representa essa novidade absoluta que muitas pessoas defendem, pessoas que na maioria das vezes têmalguma espécie de interesse envolvido."PÁGINAS :: << Anterior | 1 | 2 | 3 | Próxima >>

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