16
1 ADVOGANDO EM CONDOMÍNIOS DIREITO MATERIAL LEGALE PROPRIEDADE CONCEITO (1.228) Conjunto de condições conferidas ao possuidor de poder usar, gozar e dispor da coisa, e ter o direito de reavê-la de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Quando reunidas todas essas condições em alguém em face de determinada coisa, dizemos que ele é proprietário ou senhor “ dominus”. A lei pressupõe que a propriedade seja plena (quando reunidas as condições sob exame) e exclusiva (somente um proprietário), até prova em contrário, nos termos do artigo 1.231 do código civil. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS a) Direito de usar (ius utendi) Direito de obter do bem aquilo que ele pode lhe dar. b) Direito de gozar (ius fruendi) Direito de fazer o bem dar frutos e auferi-los. c) Direito de dispor (ius abutendi) Dá ao dono da coisa o poder de aliená-la, gravá-la de ônus e de submetê-la a serviço de outros. d) Reaver a coisa (rei vindicatio) Direito de sequela. CONDOMÍNIO EDILÍCIO (1.331) CONCEITO Justaposição de propriedades distintas, individualizadas, ao lado do condomínio de partes do edifício, forçadamente comuns. O Código Civil passa a disciplinar integralmente o condomínio em edifícios, revogando, em princípio, essa matéria na Lei 4.591/64, mas mantém a vigência a parte relativa às incorporações. Divide-se (§ 1, 2 do art. 1331): a) privativo: a propriedade autônoma, parte do edifício, objeto de propriedade separada; - ex.: apto, conjunto, sala, andar (propriedade autônoma) b) comuns: terreno, fundações, fachadas, telhado, muros, escadarias, elevadores, vestíbulos e corredores. (condomínio forçado)

ADVOGANDO EM CONDOMÍNIOS DIREITO MATERIAL ... - … · poderá ocorrer com o do principal (alimentos em ação de paternidade). INDEFERIMENTO PETIÇÃO INICIAL – ARTIGO 330 Tal

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ADVOGANDO EM CONDOMÍNIOS DIREITO MATERIAL ... - … · poderá ocorrer com o do principal (alimentos em ação de paternidade). INDEFERIMENTO PETIÇÃO INICIAL – ARTIGO 330 Tal

1

ADVOGANDO EM CONDOMÍNIOS

DIREITO MATERIAL

LEGALE

PROPRIEDADE CONCEITO (1.228) Conjunto de condições conferidas ao possuidor de poder usar, gozar e dispor da coisa, e ter o direito de reavê-la de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Quando reunidas todas essas condições em alguém em face de determinada coisa, dizemos que ele é proprietário ou senhor “dominus”. A lei pressupõe que a propriedade seja plena (quando reunidas as condições sob exame) e exclusiva (somente um proprietário), até prova em contrário, nos termos do artigo 1.231 do código civil.

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS a) Direito de usar (ius utendi) Direito de obter do bem aquilo que ele pode lhe dar. b) Direito de gozar (ius fruendi) Direito de fazer o bem dar frutos e auferi-los. c) Direito de dispor (ius abutendi) Dá ao dono da coisa o poder de aliená-la, gravá-la de ônus e de submetê-la a serviço de outros. d) Reaver a coisa (rei vindicatio) Direito de sequela.

CONDOMÍNIO EDILÍCIO (1.331)

CONCEITO Justaposição de propriedades distintas, individualizadas, ao lado do condomínio de partes do edifício, forçadamente comuns. O Código Civil passa a disciplinar integralmente o condomínio em edifícios, revogando, em princípio, essa matéria na Lei 4.591/64, mas mantém a vigência a parte relativa às incorporações. Divide-se (§ 1, 2 do art. 1331):

a) privativo: a propriedade autônoma, parte do edifício, objeto de propriedade separada; - ex.: apto, conjunto, sala, andar (propriedade autônoma)

b) comuns: terreno, fundações, fachadas, telhado, muros, escadarias, elevadores, vestíbulos e corredores. (condomínio forçado)

Page 2: ADVOGANDO EM CONDOMÍNIOS DIREITO MATERIAL ... - … · poderá ocorrer com o do principal (alimentos em ação de paternidade). INDEFERIMENTO PETIÇÃO INICIAL – ARTIGO 330 Tal

2

DIREITO DOS CONDÔMINOS ART. 1335 Além de utilizar a sua área privativa exerce também o condômino os seguintes direitos: 1 – Usar, fruir e livremente dispor das suas unidades. 2 – Usar das partes comuns (vestíbulo, as escadas, o elevador, a área de recreação). 3 – votar e participar das assembléias, desde que estando quite com as obrigações condominiais. OBRIGAÇÕES DOS CONDÔMINOS

a) Positivas: concorrer para as despesas comuns (ônus real) – reparos, conservação 1336 I

b) Negativas: situações especiais criadas pela unidade do edifício – alteração fachada, pintura externa, peixes 1336 II.

CONDOMINO INADIMPLENTE O condômino que não pagar a sua contribuição ficará sujeito aos juros moratórios convencionados ou, não sendo previstos, os de um por cento ao mês e multa de até dois por cento sobre o débito. O condômino, que não cumprir qualquer dos deveres pagará a multa prevista no ato constitutivo ou na convenção, não podendo ela ser superior a cinco vezes o valor de suas contribuições mensais, independentemente das perdas e danos que se apurarem; não havendo disposição expressa, caberá à assembléia geral, por dois terços no mínimo dos condôminos restantes, deliberar sobre a cobrança da multa. O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os seus deveres perante o condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos condôminos restantes, ser constrangido a pagar multa correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, conforme a gravidade das faltas e a reiteração, independentemente das perdas e danos que se apurem. O condômino ou possuidor que, por seu reiterado comportamento anti-social, gerar incompatibilidade de convivência com os demais condôminos ou possuidores, poderá ser constrangido a pagar multa correspondente ao décuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, até ulterior deliberação da assembléia.

CONVENÇÃO DE CONDOMÍNIO Imposta por lei, sua natureza é contratual, sua função é organizar a administração do condomínio, particularizando normas que a lei não poderia

Page 3: ADVOGANDO EM CONDOMÍNIOS DIREITO MATERIAL ... - … · poderá ocorrer com o do principal (alimentos em ação de paternidade). INDEFERIMENTO PETIÇÃO INICIAL – ARTIGO 330 Tal

3

conter, por que não deve ser casuística. Sua elaboração cabe aos próprios condôminos, devendo ser registrada no ofício de imóveis. LER ARTIGOS 1333, 1334 E 1351. ASSEMBLEIAS Convocará o síndico, anualmente, reunião da assembléia dos condôminos, na forma prevista na convenção, a fim de aprovar o orçamento das despesas, as contribuições dos condôminos e a prestação de contas, e eventualmente eleger lhe o substituto e alterar o regimento interno. Se o síndico não convocar a assembléia, um quarto dos condôminos poderá fazê-lo, se a assembléia não se reunir, o juiz decidirá, a requerimento de qualquer condômino. Depende da aprovação de dois terços dos votos dos condôminos a alteração da convenção e do regimento interno. A mudança da destinação do edifício, ou da unidade imobiliária, depende de aprovação pela unanimidade dos condôminos. Depende da aprovação de 2/3 (dois terços) dos votos dos condôminos a alteração da convenção; a mudança da destinação do edifício, ou da unidade imobiliária, depende da aprovação pela unanimidade dos condôminos. Salvo quando exigido quorum especial, as deliberações da assembléia serão tomadas, em primeira convocação, por maioria de votos dos condôminos presentes que representem pelo menos metade das frações ideais. Os votos serão proporcionais às frações ideais no solo e nas outras partes comuns pertencentes a cada condômino, salvo disposição diversa da convenção de constituição do condomínio. Em segunda convocação, a assembléia poderá deliberar por maioria dos votos dos presentes, salvo quando exigido quorum especial. A assembléia não poderá deliberar se todos os condôminos não forem convocados para a reunião. Assembléias extraordinárias poderão ser convocadas pelo síndico ou por um quarto dos condôminos. Poderá haver no condomínio um conselho fiscal, composto de três membros, eleitos pela assembléia, por prazo não superior a dois anos, ao qual compete dar parecer sobre as contas do síndico. ADMINISTRAÇÃO (1347) Cabe ao síndico, que é escolhido pela assembleia dos condôminos, a função de prover os serviços necessários que o edifício reclama. Representa ativa e passivamente a coletividade, tanto podendo ser exercido por condômino ou pessoas estranhas, salariados ou gratuitos. A atividade do síndico não caracteriza relação de emprego nem locação de serviço, ele é representante da

Page 4: ADVOGANDO EM CONDOMÍNIOS DIREITO MATERIAL ... - … · poderá ocorrer com o do principal (alimentos em ação de paternidade). INDEFERIMENTO PETIÇÃO INICIAL – ARTIGO 330 Tal

4

comunhão. Não faz jus a remuneração se esta não estiver regularmente prevista.

Art. 1.348. Compete ao síndico:

I - convocar a assembléia dos condôminos;

II - representar, ativa e passivamente, o condomínio,

praticando, em juízo ou fora dele, os atos necessários à

defesa dos interesses comuns;

III - dar imediato conhecimento à assembléia da

existência de procedimento judicial ou administrativo,

de interesse do condomínio;

IV - cumprir e fazer cumprir a convenção, o regimento

interno e as determinações da assembléia;

V - diligenciar a conservação e a guarda das partes

comuns e zelar pela prestação dos serviços que

interessem aos possuidores;

VI - elaborar o orçamento da receita e da despesa

relativa a cada ano;

VII - cobrar dos condôminos as suas contribuições, bem

como impor e cobrar as multas devidas;

VIII - prestar contas à assembléia, anualmente e

quando exigidas;

IX - realizar o seguro da edificação.

COBRANÇA DA TAXA CONDOMINIAL

A Lei Estadual 13.160 de 21.7.2008, de São Paulo, que, alterando a Lei 11.331 de 2002, passou a determinar que os tabelionatos de protesto de títulos recebam para protesto comum — dentre outros créditos que já recepcionam — também o crédito condominial oriundo de quotas de rateio de despesas e aplicação de multas, segundo determine suas respectivas convenções de condomínio e a própria lei, podendo ser devidas pelo condômino ou pelo possuidor da unidade. O Novo CPC no artigo 784 dispõe que são títulos executivos extrajudiciais, dentro outros, o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas.

Page 5: ADVOGANDO EM CONDOMÍNIOS DIREITO MATERIAL ... - … · poderá ocorrer com o do principal (alimentos em ação de paternidade). INDEFERIMENTO PETIÇÃO INICIAL – ARTIGO 330 Tal

5

ADVOGANDO EM CONDOMÍNIOS

DIREITO INSTRUMENTAL

LEGALE

PETIÇÃO INICIAL - CONCEITOS Ato judicial da parte autora com a finalidade de provocar a jurisdição acerca de um pedido, isto é, a pretensão resistida. É a peça que estabelece a relação jurídico-processual entre o autor e o juiz, gerando o direito de resposta ao pedido imediato formulado, nem que seja para indeferi-la de plano, por ausência de um ou mais requisitos formais essenciais (Carlos Eduardo Ferraz de Matos Barroso).

PETIÇÃO INICIAL - REQUISITOS Também denominada de exordial e vestibular é ato formal e exige requisitos predeterminados em lei (319): GERAIS

1) Juiz ou Tribunal que é dirigida – Importante função, pois delimita a jurisdição e aciona o órgão competente para julgamento da demanda, (Tribunal – Competência originaria);

2) Nomes, prenomes etc. – Serve para fixar aquele que vai sofrer os efeitos da sentença;

3) Fatos e fundamentos jurídicos do pedido – Causa de pedir próxima e remota;

4) Pedido com suas especificações – Na essência têm-se dois pedidos o imediato (sentença esperada), e o mediato (direito material);

5) Valor da causa – Importante para estabelecimento de custas judiciais, competência e fixação de verba de sucumbência;

6) Provas – Obrigação do autor de demonstrar como pretende provar os

fatos alegados ao Poder Judiciário; 7) Opção pela realização de audiência de conciliação – Providência destinada a

atender ao novo prisma do CPC, pela prioridade da audiência como meio de mediação entre as partes litigantes Vide também artigo 334 § 5º.

ESPECIAIS

1) Documentos indispensáveis para a propositura da ação.

EMENDAS

Page 6: ADVOGANDO EM CONDOMÍNIOS DIREITO MATERIAL ... - … · poderá ocorrer com o do principal (alimentos em ação de paternidade). INDEFERIMENTO PETIÇÃO INICIAL – ARTIGO 330 Tal

6

Caso os requisitos não forem verificados o magistrado exigira sua complementação no prazo de 15 dias (321), visto que suas lacunas podem dificultar o andamento regular do feito e o julgamento do mérito. Quando o vicio for insanável, o indeferimento deve ser efetuado de plano, sem exigência da emenda (ANTIGO artigo 295).

PEDIDOS ART. 322 PEDIDO CERTO E DETERMINADO – O autor deve explicitar o que pretende e em que quantidade (Misael Montenegro). PEDIDO GENÉRICO ART. 324 § 1º – Indicação apenas do an debeatur e não do quantum debeatur.

PEDIDOS ALTENATIVOS – 325 – Voltam-se aos pedidos das obrigações alternativas, em que o

magistrado haverá de respeitar o direito do devedor da livre escolha, se outra coisa não se

estipulou. Acolhidos um deles o autor não tem interesse recursal para pleitear a concessão do outro.

CUMULAÇÃO DE PEDIDOS – ARTIGO 326

A) Própria ou simples - o pedido é enumerado, mas o autor tem interesse que todos eles sejam julgados procedentes.

B) Sucessiva imprópria – O interesse se volta ao acatamento sucessivo, mas de sorte que se o primeiro não for acolhido, volta-se ao segundo e, assim sucessivamente.

C) Sucessiva própria – O acolhimento do pedido secundário somente poderá ocorrer com o do principal (alimentos em ação de paternidade).

INDEFERIMENTO PETIÇÃO INICIAL – ARTIGO 330

Tal instituto possibilita ao magistrado afastar petição que apresenta vícios incontornáveis para solução da lide. Desta decisão cabe apelação, conforme disposto no artigo 331 do novo CPC.

Page 7: ADVOGANDO EM CONDOMÍNIOS DIREITO MATERIAL ... - … · poderá ocorrer com o do principal (alimentos em ação de paternidade). INDEFERIMENTO PETIÇÃO INICIAL – ARTIGO 330 Tal

7

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL

DA CAPITAL.

CONDOMÍNIO..................., vem, por intermédio

de seus advogados (docs. anexos) perante esse Juízo propor

AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO DE DANOS MATERIAIS

E MORAIS COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

em face de, pelos fundamentos de fato e de direito que passa a expor.

DOS FATOS

O réu foi sindico do condomínio autor no período de

2010 a 2013 (docs. anexos).

De sua gestão restaram - conforme Auditoria realizada pela empresa -

as seguintes irregularidades (doc. anexo):

a) Falta de evidencia em prestação de serviços; b) Pagamentos sem suporte de notas fiscais; c) Impostos pagos em duplicidade; d) Saída de recursos sem comprovação

documental; e) Contas que não estão em nome do autor; f) Reembolso de gasto não autorizado; g) Gasto elevado com compras realizadas; h) Guias de ISS não recolhidas; i) Despesas questionadas por comissão interna; j) Pagamentos feitos para empresas não

Page 8: ADVOGANDO EM CONDOMÍNIOS DIREITO MATERIAL ... - … · poderá ocorrer com o do principal (alimentos em ação de paternidade). INDEFERIMENTO PETIÇÃO INICIAL – ARTIGO 330 Tal

8

contratadas.

A empresa de auditoria levantou prejuízos da

ordem de R$ ................................................................., estando o relatório

composto de ......................................... laudas.

Resumidamente, consta do relatório que vários

prestadores de serviços não evidenciaram seus préstimos, sendo certo que eles devem

ser descritos para evitar fraudes comerciais e fiscais.

Por outro lado ficou constatado a realização de

várias despesas sem a apresentação de notas fiscais, em como impostos pagos em

duplicidade, em especial INSS.

Não bastasse, em qualquer motivo, o réu realizou o

pagamento de contas em atraso, gerando um prejuízo financeiro para o autor, devido

aos juros e multas incidentes nas prestações, relatados detalhadamente nos

documentos periciais juntados com esta exordial.

Frise-se, ainda, que de fevereiro a julho de 2013

ficou constatada a saída de numerário do caixa do condomínio autor, por pagamentos

realizados pelo réu, não suportados por notas fiscais correspondentes, apurando-se

................................................de subtração das contas bancárias sem a devida

comprovação documental. Ainda sobre esse aspecto, foram levantadas no trabalho

pericial, várias notas fiscais que o autor não consta como sacado, com forte evidência

de terem sido “plantadas”.

Existem despesas questionadas pelos condôminos,

esclarecendo dentre elas ................................................. referentes a SABESP que

foi descontado dos moradores o valor de ..........................., sem o repasse a

companhia em epígrafe.

O réu implementou, ainda, obra considerada

irregular pela Prefeitura de São Paulo, causando graves prejuízos ao condomínio

requerente, cujos ressarcimentos dos danos foram negados pela companhia

Page 9: ADVOGANDO EM CONDOMÍNIOS DIREITO MATERIAL ... - … · poderá ocorrer com o do principal (alimentos em ação de paternidade). INDEFERIMENTO PETIÇÃO INICIAL – ARTIGO 330 Tal

9

seguradora contratada pelo condomínio conforme restará comprovado no

decorrer da demanda.

Em decorrência dos fatos, no dia

......................................................., o atual síndico convocou Assembléia Geral

Extraordinária, para deliberar, dentre outros assuntos, acerca das contas da gestão do

réu frente ao condomínio (docs. anexos).

Para tratar do ressarcimento do ônus causado ao

autor, restou consignado que o réu teria 10 (dez) dias para se reunir com o Corpo

Diretivo, pena da adoção das medidas judiciais cabíveis (doc. anexo).

Infelizmente tal fato não aconteceu, isto é, o réu

não adotou qualquer atitude conciliatória.

Não restou alternativa ao autor a não ser adotar

diversos procedimentos em relação ao réu, em especial: a) contratação de empresa de

auditoria para levantamento dos atos da gestão anterior (conforme laudo técnico

juntado com esta exordial); b) instauração de inquérito policial para apuração do crime

de estelionato, que está sendo apurado pelo _________º Distrito Policial, (docs.

anexos).

Referidos atos ilícitos do demandado provocaram

danos ao autor, de ordem moral e material.

DO MÉRITO - DANOS MATERIAIS E MORAIS

(ATOS ILICITOS)

Conforme podemos constatar dos termos desta

exordial, bem como dos documentos que a acompanham, em especial o laudo técnico

realizado pela empresa .................................... Auditores e seu Anexo, o autor sofreu

danos materiais por atos ilícitos cometidos pelo réu.

O Código Civil, nos artigos 186 e 927, estabelece

que aquele que causar danos à terceiro por atos ilícitos fica obrigado a indenizá-los.

Page 10: ADVOGANDO EM CONDOMÍNIOS DIREITO MATERIAL ... - … · poderá ocorrer com o do principal (alimentos em ação de paternidade). INDEFERIMENTO PETIÇÃO INICIAL – ARTIGO 330 Tal

10

Conforme apurado por auditoria contratada

pelo autor e documentos colacionados, os danos materiais totalizam R$

......................................................, sendo decorrente dos seguintes atos

ilícitos cometidos pelo réu:

a) Falta de evidencia em prestação de

serviços;

b) Pagamentos sem suporte de notas fiscais;

c) Impostos pagos em duplicidade;

d) Saída de recursos sem comprovação

documental;

e) Contas que não estão em nome do autor;

f) Reembolso de gasto não autorizado;

g) Gasto elevado com compras realizadas;

h) Guias de ISS não recolhidas;

i) Despesas questionadas por comissão

interna;

j) Pagamentos feitos para empresas não

contratadas.

Os danos estão detalhados no Relatório de

Auditoria referente ao período de ................................................., elaborado

pela empresa ............................................, juntamente com o Anexo ao

Relatório que também apresenta os fatos em quadros demonstrativos e os

documentos correspondentes.

Nesse diapasão o autor deverá ser ressarcido dos

atos ilícitos perpetrados pelo demandado, devidamente corrigidos.

Os danos morais também estão presentes, vejamos

sua fundamentação.

Page 11: ADVOGANDO EM CONDOMÍNIOS DIREITO MATERIAL ... - … · poderá ocorrer com o do principal (alimentos em ação de paternidade). INDEFERIMENTO PETIÇÃO INICIAL – ARTIGO 330 Tal

11

O Egrégio Superior Tribunal de Justiça sumulou a

questão relativa à possibilidade de cumulação de danos morais e materiais,

encontrando-se o assunto superado, na forma abaixo:

“São cumuláveis as indenizações por dano material e

dano moral oriundas do mesmo fato”.

E dentre esses danos há que se incluir o moral.

Importa trazer inicialmente à baila a cláusula pétrea (artigo 5º da Constituição Federal,

inciso X):

“São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e

a imagem das pessoas, assegurado o direito a

indenização pelo dano material ou moral decorrente de

sua violação.”

Com essa disciplina, criou-se um sistema geral de

indenização por dano moral decorrente de violação dos direitos subjetivos privados.

Harmonizando-os com o quadro em tela, observa-se

que a irresponsabilidade do réu, irradiou consequências danosas a imagem do

autor perante terceiros: fornecedores do condomínio, poder público,

condôminos, parceiros de negócios etc..

PONTES DE MIRANDA, em seu “Tratado de Direito

Privado”, sustenta o seguinte:

“O dano moral, se não é, verdadeiramente, dano

suscetível de fixação pecuniária equivalente, tem-se de

reparar equitativamente”

(tomo 54, pág. 61, § 5.531, nº 1)

O mestre José de Aguiar Dias, em sua obra “Da

Responsabilidade Civil”, 8.ª Edição, pág. 853, resume a questão com a seguinte

expressão:

Page 12: ADVOGANDO EM CONDOMÍNIOS DIREITO MATERIAL ... - … · poderá ocorrer com o do principal (alimentos em ação de paternidade). INDEFERIMENTO PETIÇÃO INICIAL – ARTIGO 330 Tal

12

“Seja dom dos deuses, seja criação dos homens o direito

tem como explicação e objetivo o equilíbrio e a

harmonia social”.

Nesse sentido, cumprirá ao Poder Judiciário o nobre

mister de retornar a balança ao seu equilíbrio verificado anteriormente, repondo o

dano moral sofrido pelo autor em sua imagem perante a comunidade com o evento

“sub judice”.

Por qualquer ângulo que se vislumbre a

responsabilidade civil estará presente. É do pranteado e saudoso CARLOS ALBERTO

BITTAR, Juiz do Primeiro Tribunal de Alçada Civil de São Paulo, esta douta e zelosa

lição:

“Havendo dano, produzido injustamente na esfera

alheia, surge a necessidade de reparação, como

imposição natural da vida em sociedade e, exatamente,

para a sua própria existência e o desenvolvimento

normal das potencialidades de cada ente personalizado.

É que investidas ilícitas ou antijurídicas no circuito de

bens ou de valores alheios perturbam o fluxo tranqüilo

das relações sociais, exigindo, em contraponto, as

reações que o Direito engendra para a restauração do

equilíbrio rompido”

(Reparação Civil por Danos Morais, RT 1994, págs. 15-

16).

A jurisprudência tem, por várias vezes, se

manifestado a favor da reparação da lesão moral, ad litteram:

“Não se trata de pecunia doloris ou pretium doloris, que

se não pode avaliar e pagar; mas satisfação de ordem

moral, que não ressarce prejuízos e danos e abalos e

atribulações irresarcíveis, mas representa a

consagração e o reconhecimento, pelo direito, do valor

e importância desse bem, que se deve proteger tanto

quanto, senão mais do que os bens materiais e

interesses que a lei protege”

(RTJ 108:194)

É correto afirmar Exa., ainda, que a doutrina e a

jurisprudência são pacíficas acerca do alcance à pessoa jurídica dos danos morais,

Page 13: ADVOGANDO EM CONDOMÍNIOS DIREITO MATERIAL ... - … · poderá ocorrer com o do principal (alimentos em ação de paternidade). INDEFERIMENTO PETIÇÃO INICIAL – ARTIGO 330 Tal

13

podendo indiscutivelmente sofrer agravo moral quando violado seu direito

constitucional ao bom nome e a proteção à honra e à fama.

Nesse sentido, nem poderíamos olvidar de trazer

lições precisas do Magistrado Paulista, Antonio Jeová Santos, quando menciona na sua

consagrada obra Dano Moral Indenizável, editada pela Lejus:

“No direito brasileiro, a profunda e oxigenadora

interpretação feita pelos Tribunais, aponta para a

indenização das pessoas jurídicas sempre que existir

abalo em seu bom nome. Os arestos identificam esse

dano como sendo moral. Porém, em sincronia com o

que vem sendo aqui defendido, em havendo ofensa ao

bom nome ou abalo no crédito de qualquer sociedade

comercial, o dano pode ser patrimonial mas, também,

moral”

Nessa esteira, em grande profusão temos também a

jurisprudência a sedimentar tal posicionamento:

“Consoante melhor exegese do art. 5.º, X, da CF, pode a

pessoa jurídica pretender indenização por dano moral

em decorrência de protesto indevido de título, por

constituir injusta agressão à imagem e ao bom nome

comercial no meio comercial no meio em que exerce

suas atividades.” (RT 728/355)

“Ademais, após a Constituição de 1988, a noção de

dano moral não mais restringe ao pretium doloris,

abrangendo também qualquer ataque ao nome ou

imagem da pessoa, física ou jurídica, com vistas a

resguardar a sua credibilidade e respeitabilidade.” (RT

725/336)

“Civil - Ação de indenização - Responsabilidade civil -

Pessoa jurídica - Dano moral. I - A honra objetiva da

pessoa jurídica pode ser ofendida pelo protesto indevido

de título cambial. II - Cabível a ação de indenização,

por pessoa jurídica; visto que a proteção dos atributos

morais da personalidade não está reservada somente às

pessoas físicas III - Recurso conhecido a que se nega

provimento. Relator Ministro Waldemar Zveiter.

Page 14: ADVOGANDO EM CONDOMÍNIOS DIREITO MATERIAL ... - … · poderá ocorrer com o do principal (alimentos em ação de paternidade). INDEFERIMENTO PETIÇÃO INICIAL – ARTIGO 330 Tal

14

(Recurso Especial n. 60.033-2-MG - ‘‘DJ’’ de

27.11.95).

“Indenização - Dano moral - Pessoa jurídica -

Inadmissibilidade - Inocorrência - Garantia

constitucional - Ausência de distinção entre pessoas

físicas ou jurídicas - Verba devida - Sentença mantida -

Recurso não provido - Onde a lei não distingue não

cabe ao intérprete distinguir (Apelação Cível n. 46.857-

4 - São Paulo - Oitava Câmara de Direito Privado -

Relator: Aldo Magalhães - 17.9.97 - votação unânime).

Inquestionável, portanto, que houve fortes danos a

imagem do autor, pela exposição negativa do mesmo perante fornecedores, parceiros,

condomínios, poder público e outros, devido a conduta do réu

No que pertine a quantificação do dano moral, é

correto afirmar que cabe ao Magistrado observar o critério da moderação, entretanto,

deve ser fixado em valor que sirva, tanto como compensação quanto como punição, a

fim de coibir o ofensor de reincidir na prática dos atos lesivos.

A indenização procura, em síntese, proporcionar à

vítima a satisfação do abalo sofrido, e, principalmente, a desestimular a

prática de novo ato ilícito pelo infrator.

Nesse sentido é a lição de Caio Mário da Silva

Pereira1, na qual recomenda que se faça um “jogo duplo de noções”, de um lado,

a idéia de punição do infrator, que não pode ofender em vão a esfera jurídica

alheia; de outro lado, proporcionar à vítima uma compensação pelo dano

suportado” (Instituições de Direito civil. 8ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1986. v. II.

p.235).

A jurisprudência dominante participa desse

entendimento, senão vejamos:

1 Júnior, Humberto Theodoro. DANO MORAL. 2A ED. PÁG. 36. SÃO PAULO: JUAREZ DE

OLIVEIRA.

Page 15: ADVOGANDO EM CONDOMÍNIOS DIREITO MATERIAL ... - … · poderá ocorrer com o do principal (alimentos em ação de paternidade). INDEFERIMENTO PETIÇÃO INICIAL – ARTIGO 330 Tal

15

“Indenização. Dano moral. Protesto indevido.

Indenização. Valor. O valor da indenização por danos

morais decorrentes de protesto de título representativo de

dívida satisfeita deve abranger não só uma reparação pelo

abalo causado ao demandante, como uma sanção que

enseje ao ofensor a adoção de medidas tendentes a evitar a

repetição de fatos como os que deram causa a pretensão

indenizatória deduzida. defeso, assim, estabelecer verba

indenizatória em ínfimo valor, o que, ao invés de

contribuir para que seja a ofensora, doravante, mais

diligente no desempenho de sua atividade, estimula a

prática da desídia. Indenização majorada. Apelo provido.”

(Apelação Cível nº 70002064509, 1a Câmara Especial

Cível. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Relator:

Honório Gonçalves da Silva Neto. Julgado: 16/05/2001).

(g.n.)

Carlos Alberto Bittar em sua obra intitulada

“Reparação Civil por Danos Morais”2, assim assevera: “Deve, pois, ser quantia

economicamente significativa, em razão das potencialidades do patrimônio

do lesante”.

Assim, a título de indenização por dano moral, como

verba autônoma, cumulativa com os danos materiais, por força do que dispõe o Artigo

5º da Constituição Federal, requer se digne V.Exa em condenar o réu, arbitrando o

valor da condenação nos termos da Lei Processual.

DOS PEDIDOS

Bem alicerçadas as questões de imperiosa

necessidade de recomposição dos danos morais e materiais e restando

pacificamente demonstrada a necessidade de ser indenizado o autor,

mormente neste caso em que restou comprovado que o réu praticou atos

ilícitos de forma negligente, abusiva, irresponsável e imperdoável,

vislumbra-se a aplicação de importante perda pecuniária.

2 São Paulo: RT, 1993. p. 219.

Page 16: ADVOGANDO EM CONDOMÍNIOS DIREITO MATERIAL ... - … · poderá ocorrer com o do principal (alimentos em ação de paternidade). INDEFERIMENTO PETIÇÃO INICIAL – ARTIGO 330 Tal

16

Assim sendo, tem a presente demanda por

finalidade pleitear o bom direito, articulando-se, objetivamente, os

seguintes pedidos:

a) que o réu seja citado, via correio, para, querendo,

responder aos termos da presente, dentro do prazo legal,

sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato;

b) que a título de indenização por danos materiais, seja o

réu condenado ao montante de

.........................................., devidamente corrigidos,

c) que a título de indenização por danos morais, por força do

que dispõe o Artigo 5º da Constituição Federal, requer se

digne V.Exa fixá-la no mínimo em ..........................,

sendo corrigida desde os atos ilícitos, de modo a

proporcionar ao autor satisfação na justa medida do abalo

sofrido a sua imagem, bem como produzirá, no causador do

mal, impacto bastante para dissuadi-lo de igual e novo

atentado;

d) que o réu seja compelido ao pagamento das custas e

honorários advocatícios nos termos do CPC, além dos

encargos decorrentes da sucumbência.

Protesta o autor provar o alegado, por todos os

meios de prova admitidos em juízo, não só pelos documentos acostados aos autos,

mais ainda por outros que poderá juntar ao processo, prova pericial notadamente,

depoimento pessoal do réu, que fica desde já expressamente requerido, oitiva de

testemunhas a serem oportunamente arroladas, sem prejuízo da produção de outras

provas que se façam necessárias.

Opta o autor pela realização de audiência de

conciliação.

Dá-se à causa para fins fiscais o importe de R$

.......................................................................