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EM TODAS AS LIVRARIASr

Paulicéa Desvairadapor XwCstrio de Andrade

v

Brevemente*

Os Condemnadosromance de Oswaldo de Andrade

i \ Loo I L)U K, poemas de Guilherme de JU-meida, tradução franceza de Serge Milliet, edição "LUMIERFAuvers, Bélgica.

nHTRüIKHovt da,

natureza e da Hrtepor Guilherme de Andrade, edição KLAXON

Jt Poesia Modernistapor Mario de Andrade, edição KLAXON

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*¦ * * V '¦ . lBO«ar«'!*ir'* ¦' »

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SETEMBRO 15 1922

1 a v ¦#"^E^" O IIMENSARIO DE AJBTE MDfílCltlfJL

REDACÇÃ0 É ADMINISTRAÇÃO: ;u S. PAULO — Rua Direita, 33 - Sala 5;

ASSÍGNATURA& - Anno 125000. ; Numero avulsa — ÍJOUO

REPRESENTAÇÃO:. ;KIO DE JANEIRO — Sérgio Buai^iia dk Hkdlanda

(Rua S. Salvador, 72-A.)FRA1FÇA — L. Charles Baudouin (Paris). ? , '

SUISSA — Albert Ciana (Genebra Rampe &faTreiHè, :i).BELGíDCA — lloger Avermaete (Antuérpia . •* *

Avemie dIAmèrique, n. 160 )v - VA Redacçâo não se responsabiliza pelas ideias.de seus collaboradores. Todosos fftigos devem, ser assignados por extenso ouv pelas iniciaes. E' permitti-dü #pseuaonymo, rrma vez que fique registrada a identidade do autor, naredac^ão. $ao se devolvem manu^criptos. .

• SUMMARIOOMNIBUS 1. A..C. Coute <fc fervi»AL VOLANTE .......';:,'. ..•..„ Guillerme de To»e .

.VISIONS (I) •'..' Ser*MillietAS CORTEZÃS :;. Guilherme de AlmeidaEGLOGA SENTIMENTALE . Caetano CristaldiPOÊME ....: Manoel BandeiraAOS HOMENS DE,

'. "' , ",

,,EXPERIÊNCIA..... Ruben» de Moraes.

CHRONICAS:THEATRO DOS BONECOS.. R. AvermaeteLIVROS & REVISTAS ...... M. A.CINEMA ./;.. M.A.LUZES E REFRACÇÕES ....EXTRA-TEXTO ".

Annita MalÉatti -.. y«** t

Ttp. Paulista — r. Autnblêa, ##-«« — S. Paolo

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KS A.wnki

OmnlbusESPIRITISMO

Começando

a medir, o homem creou odomínio scientifico. Foi notávelacontecimento, quando a águadeixou de ser considerada um cor-

po simples, passando para o rol dos com-postos. Entretanto, esse acontecimentosó principiou a ser interessante, no mo-monto em que se verificou que, paran formação da água, o hydrogenio e o oxy-gênio só Re combinavam na proporção de-.1. W que introduzir o numero nos plie-nomenos universaes implica submettel-os aleis determinadas. Tem-se, desse modo, umavisão econômica e lisongeira do Kosmos...

Todos os phenomenos serão passíveisde medida? Um delles, até agora rebeldelU) Jugo mathematico, é a emoção esthetica.s» fosse possível determinar a sua qualida-de e intensidade, estaria creada, scientifi-vãmente, a Esthetica. Ha de parecer queincorro em pleonasmo, quando falo em determinar a «qualidade» da emoção estheti(,a- Pois si eu puz o adjectivo «esthetica»ao lado do substantivo «emoção», como po-deria determinar* o que de si mesmo jâ estádeterminado?! Mas, si eu dissesse, agora,V*e ella é um phenomeno complexo; que e*k i

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a resultante de innumeros factores, todoshão de convir, por força, que a simples mu-dança na ordem desses factores ou a pre-ponderancia de uns sobre os demais, é obastante para imprimir uma «nuance» dif-ferente á emoção esthetica, como o simplesmovimento num kaleidoscopio modifica omosaico colorido...

Assim, da mesma maneira que, na chi-mica \orgânica, existem centenas de icor-

pos isomeros, correspondendo á mesma for-mula molecular, também existem cen-tenas de emoções estheticas (isomeras),correspondendo aos mesmos factores psy-chologicos... Representando por X a emo-

ção esthetica, estabelecerei a seguinte equa-

çâo: x==p+q+r+s... E* evidente que o va-lor de X se modificará, na proporção quevariarem os valores de p, q, r ou s, E> o

que, em álgebra, se chama um problema in-determinado.

Estou dizendo todas essas cousas, maisou menos cabalisticas, para mostrar que aEsthetica é uma nebulosa, um simplesschema, uma sciencia branca. Consequen-cia:

Quando alguém ataca músicos, pin-tores, poetas, em nome da Esthetica,

3» IX

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está invocando ura espectro, um fantas-ma... E nesse caso, antes que os quadroscomecem a dançar sobre a parede e a mezaa descrever parábolas no ar, — é semprebom que alguém aperte o botão da luz ele-ctrica...

• «

PUZZLEA sciencia procura dar uma visão cada

vez mais impessoal do universo. Nesse sen-tido, ^Einstein, com o seu 'celebre Tnter-vallo, deu mais um passo â frente. Ao in-verso do que acontece com a sciencia, aarte inclina se para o subjectivismo. A artemoderna é, na sua generalidade, profunda-mente subjectiva. Para o poeta de hoje naoha themas preestabelecidos, nem appare-lhos complicados em que deva filtrar assuas emoções. Seu «eu» deixou delser mer-cadoria vendida a retalho, em caixinhas dedifferentes tamanhos e feitios, ao gosto dosr. «Todo o Mundo». Agora, o poeta seofferece todo, como elle e\ num defermina-do ponto do tempo e do espaço. Dahi, Asvezes, certas infantil idades, certas associa-çôes chocantes. Tsto quasi sempre descon-sola os amadores de puzzle psychologico.que preferem personalidades retalhadas,afim de possibilitarem a volúpia ineffavelde poderem juntar os fragmentos disper-sos, formando, desse modo, uma figuraqualquer, amarfanhada, estúpida, morta...

• •

MIL E UMA NOTTEfiO extremo subjectivismo leva ao her-

metismo, — uma porta fechada. E quemnão souber dizer: «Sésamo, abre-te!», quepasse deante delia, sem olhar. Esta attitti-de, que é a minha, é muito mais prudente eavisada do que a daquelles que, sabendo aformula, conseguem entrar, mas, uma ve/<

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lá dentro, ficam sem poder sahir, pois que,deslumbrados com o que vêem, esquecemmagicamente a palavra mágica. Estes, emgeral, enlouquecem... ,

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A JAXELLA ABERTA. O que pode salvar o extremo subjecti-

vismo do hermetismo é" a ironia. A ironia,sendo o resultado de uma comparação entreo individual (que é sempre supposto sersuperior, embora nem sempre vença) e ocollectivo, o «não eu», presuppõe uma att in-

Cão elástica, repartida entre o mundo sub-jectivo e o objectivo. O indivíduo, assim,nunca estA encerrado dentro de si mesmoe, de vez em quando, abre a janella paraver a vida passar tumultuariameiite...Além disso, a ironia é um pVsdobramentodo instineto de conservação. E quando asnossas tendências mais intimas e ineons-cientes periclitam, quando se fragmentamou vão fragmentar-se de encontro as as-

perezas do meio *n que vivem, então ellasurge, consolando-nos, auxiliandonos a vi-ver... As sensibilidades mais delicadassão e devem ser, consequentemente, as maisirônicas, porque estão mais expostas, por-

que se lascam mais facilmente...« « «

O CORVO

Certos theoristas do modernismo, de-

pois de enxotarem, dos domínios artísticos,o dogmatismo, — esse corvo «perched nponthe bust of Pallas», tomaram-se de tal te-mor que elle voltasse, que collocaram emfrente da Arte um espantalho. Mas eis, quede novo, manchando o corpo branco dePallas, uma sombra ridícula se extende: asombra do espantalho...

A. C. COUTO DE BARROS.

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aAL VOLANTE

POEMA ULTRA1STA

I volantetodas Ias carreteras se encabritanEn ei juego de Ias velocidadeslos pedalesbarajan un (caleidoscópiode perspectivas tornátilesEl coche es un arco combadoque dispara ¦travectorias insaciablesAdelante Hacia ei vérticeTrepanamos aldeas andadasv campinas que éalopanEn ei cross-countrv cósmicoIas montanas rivalesenarcan sus lemos ai saltarComido de Ias manosparalelamenteavanzamos con los cables y los riosque permutan sus caucesSaltos entre Ias redes de itineráriosTrepidacionesEl motor padece taouiarritmiaLas ventanillas deshofan un albun de paisajesEl parabrisas multiplica nuestros ojosoue cosen los panoramas evasivosY ei viento liquefacciona los sonidos fEn Ia enbriaguez dinâmicaei auto siembrauna esteiade células aladas.

GUILLERMO DE TORRE (Madríd, 1922)

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VISION §I

Ma jcnnessò ne fnt qivun ténobreúx orago(Bauflelaire)

a jennesse ne fut qu'un long voyageLes paquebots et les ewpress m'ont transportade paysage en paysageet d'hivers en étésà travers toiét VuniversEt &est ainsique fai connu tons les pays

celui de Baudelatecelui de Cerrantes

, eelui trh gr and de Shakcspcarcet eelui plus grand cncore de mon ame...

Rim plicité complexeCest le blanc de Ia boite à coleurs

Doulearnon pas larmoyante

enfant de si^clemais purê

blanchc -malgrc Vinvmensité de mon sareasme

un jen faeile de jongleurcar devant ma maison il y un beati cirqueou SÍ4JP cloums viimcnt Ia rieou des cavalUres en maillots roses et dccorêcs d'un sourirc aimahledansent sur des cherau.r pamaissiens une danse macabreMoi je ferme les yeu.r et je sou rismais les cloums qui miment Ia riedisent entre dcu.r mots d%esprit que mes doigts sont crispés sur ta ehaise

O mon âme... pays de luxe et de nwnsonge... • -•*J'ai chavté Ia misfre et je suis riehc; jr puis rendre de grands trtsorsà vil prix sans pour cela me ruiner... Une mine, num ame. une mine inépuUsable, tout un monde, aree des paus plus grands que le pays ou je sois H('\et des vüles plus que eelles des legendes som.ptucuscs.Palais de marbre et d%or, rue; asphaltces d'arycnt ou de platine areepour rérerbères de multieolores diamants, jardins suspendus par des ballonscaptifs ou vivent de plantes interplanétaires...

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5 -

O féeriques BabylonesEmpires décandent8Êxtases et opiumsEt quelle richesse en philosophies audacieu-

ses, explicatiom inédites de Vunivers, poèmes absolus dans Ia relativitédu temps... Et quels tombeaux insondables de douleurs toute saignantes

rougesbleues

blanohesVive Ia Francel

Me>r8eillaÍ8C8 enivrantes,e nthousiastes, symphonies diaphanen, operas, dadaistes dans des décorssubconscients... en jouir dans ma solitude!Ah! vous pouvez parcourir tous les pays du mondephotographier tous les paysages

Le pays de mon ame moi seul le connaiset moi seul vous peux livrer

quelques bribes dlfformesquaiul il me plait... ¥

Serge HILLIET

Cortezàs

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(Das "Canções Gregas**)

Ias passam no poente, junto ao cáes. Seus vultosvolantes, nos stróphions curtos,' azues, doirados e lilazes,são leves e subtis: parectim grandes aves-

As cortezãs passam no occaso cor de malva.As suas Jóias cantam um canto fino de ouro,e os seus cabellos lavados fazem um rolode trigo maduro, sobre a nuca alva.

Na tarde do cáes, contra o sol oblíquo,ellas erguem a ventarolasobre os olhos verdes: e olham o mar longínquo.E, aos pés de cada uma, o sof desenrolauma longa sombra roxa sobre as pedras pretas,coimo si atirasse punhados de violetas.,.

DE ALMEIDA

Ir i Si xon

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- oEGLOGA SENTIMENTALE

O gni giornonelrora in cui(Tarando e d'oro e berillole nugole bistre bigie grigieed II ciei di piombolacera a strombo.il Sole —•

per Ia via sgombrache si dava alPombracome 1'amore ai sonnoflessibile solida ferina felinatutta di nero comeIa notte che giá scendeaeha ascendea

Onde veniva? Dove andava?PassavaNel glóbulo latteo neiriride glaucalo stanco fluttuardelia maUnconia^ •• •e nel passo 'Faccento d'un sclnettoe nel bistro delle ciglie nel bellettonel vermiglio carminiodelPunghie dei labbri dei lobi1'offerta cromaticadi amoredi passionedi pazzia isterica -

col giornoper Ia via sgombracome 1'amore ai sonnosi dava alPombra

Onde veniva? Dove andava?PassavaMa piu' non ripassók 1 ax ou

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Plu9 mai nelFombra ché scendeaio Ia rividi -

Dopoqualche tempo dopo -

questo ho sentitob' mortaPensai intristitoIa fine che il f ulgido passatoe quello immondotinge ugualmentedi Ponta d'elegia di palloreÜissicerto bella nel bolioredelia vergínitá ardentecome ramor ai sonnodolorosamenteti desti alia fineDopo

qualche tempo dopo -questo lio sentitoc morta neiracumo caóticouta piacere completoáoao un peno ui mascniororse Deiio certo fortei jpita uai primo turoineoi voiutacon ia vergínitávoio ia vitaUnae veniva? Dove anuava*ua iguoce scaturigim o amorelorttc |ic/ una viuene le uansse u corevcnivarer una meta bellaper ia piu oeua nneoeuamenteandavaPassava

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üAETANO CRISTÀLD1.

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§POÈME

P ketit ehat blanc et gris,Reste encore dans Ia chambre.

La nuit est si noire dehors!Et le silence pese.Ce soir je crains Ia huit.Petit chat, frère du silence,Reste encore...Reste auprés de moi,Petit chat blanc et gris,Petit chatL»«.

La nuit pese...II n'y pas de papillons de nuit...Ou sont donc les betes?Les mouches dorment sur le fil de 1'éléctricité.Je suis trop seul vivant dans cette chambre tPetit chat, frère du silence.Reste à mes côtés:- Car il faut que je sente Ia vie auprès de moi,Et c'est toi qui fais que Ia chambre n'est pas vide!Petit chat blanc et gris,Reste dans Ia chambre,Eveillé, minutieux et luctde.

Petit chat blanc et gris..Petit chat...

MANUEL BANDEIRA.

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arte não ha progresso. O pro-gresso só existe para as cousasmateriaes e na bandeira brasilei-ra. Nós não escrevemos me:

lhor que Machado de Assis, nossos poe-mas não são mais bellos que a Eneida desaudosa memória. Egualar Camões ou Ra-cine não tem a minima importância. O

que nos importa é traduzir a nossa epochae a nossa personalidade.

Se somos modernos, isto não quer abso-lutamente dizer que condemnamos os cias-sicos, românticos, parnasianos e todos os«passadistas". Bilac, Castro Alves, Gonçal-ves Dias foram grandes poetas. Escreve-ram obras românticas e parnasianas naepocha do romantismo e do parnasianis-mo. Foram modernos! Brwvol

O ridiculo é um poeta acreditar em so-neto e em alexandrino neste glorioso anuodo Centenário da Independência.

|

Se um individuo andasse hoje passeandopelas ruas do Triângulo vestido á moda deD. João VI, o sympathico guarda civü daPraça Antônio Prado prenderia o «louco"confirmando a fama da nossa Força Pu-blica, a melhor do mundo.

V. Sria. é com certeza pae de familia. Senão é, já foi, ou será, é fatal. Logo deve

possuir essa cousa ridicula e perfeitamen-te inútil: a experiência. Como tal deve sue-cudir a cabeça: «Qual! tudo isso passa!»Não pense V. Sria. que disse uma grandenovidade. Isso já foi dicto por V. Hugo

de experiênciaque V. Sria. tanto admira, e muito melhor,

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em versos:

Tout passe, tout casse, tout lasse • • •

Victor Hugo tinha razão. A prova é queelle cançou e passou. Felizmente,delles poetas, romancistas, esculptores ge-niaes que hão de ser a expressão sublimedo tempo em que viveram.

Os «modernos" também passarão comopassaram os românticos, deixando atras

Ninguém é dono do tempo. V. Sria. quetêm cabellos brancos sabe disso melhor deque eu que não os tenho graças ao tempo.

O «modernismo" existe, é inútil revoltar-se. E' um facto, como os aeroplanos, obolchevismo, o fox-trot e o jazz-band. Ou-

ço daqui seus gritos de protesto: loucura,immoralidade! Não grite tanto por favor,atrapalha minhas idéias.

Se V. Sria. tivesse observado um pouco,saberia que «a dissolução dos costumes» é

'uma simples conseqüência das guerras erevoluções. Durante a «Terreur» houve mui-to mais libertinagem nas idéias e costumesdo que hoje.

Esteve em Paris antes da guerra? Bellacidade, não? Divertida! Mjoulin Rouge!Pois hoje é muito mais. E não só Paris: é

Berlim, Nova York, Vienna, Londres, uma

pândega geral! Não proteste, por favor !

Admiro que um homem tao cheio de expe-

riencia não ache tudo isso muito natural.

Quem teve a sorte de escapar ao horror das

trincheiras quer divertir-se um pouco an-m

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tes de começar a vida seria. Nossa epocliaé o domingo dos séculos. Toda gente sediverte aos domingos, menos eu que meaborreço.

Mas qual será o resultado de tudo isso?Ah! isso é uma pergunta muito séria, é

quasi philosophia. Já ouviu com certezafallar nos «incroyables* da Revoluçãofranceza? Pois são os «almofadinhas» dehoje. Oonheee com certeza o «Prefacio e abatalha de Hernani" ? Pois sao as bata-lhas dos «modernos». O que provam essesfactos? Que os fox-trots, os «futuristas»as idéias modernas são perfeitamente nor-mães.

Não peço aos seus cabellos brancos quecomprehendam 3 Arte moderna mas que aacceitem como um íacto.

A Arte moderna é uma manifestaçãonatural e neceisaria. Os artistas modernossão homens convencidos de que é precizoprocurar novas formas, porque as queexistem não traduzem mais a vida contem-poranea. Bandeirantes do pensamento ei-les estam á procura das esmeraldas.

Osjphilosophos barbudos dizem que a humanidade dá dois passos para frente e de

pois um para traz. Eu que não sou nem

philosopho nem barbudo, digo que é precizo dar dois saltos para frente para ga-nhar um salto que vale dois passos.

O** artistas de hoje, athletas elastiscos, es-tam dando o sublime salto para a frente.

RUBENS DE MORAES

ChronieasTHEATRO DOSBONECOS

(Resumo de uni artigo de Roger Avermaete)

1NGURM está disposto a tomar mui-to a sério um tbeatro de bonecos.Entretanto, é elle uma cousa seris-sima... O tempo que Roger A ver-maete e seus companheiros gasta-ram na sua montagem, demonstracomo é elle capaz de absorver a

de muitos espíritos graves e reflexi-

Ml

O primeiro problema que os preoccupou foio da confecção de uma "marionette". Em geral,os bonecos de engonço são informes, sem linha,sem estylo, com os movimentos dos membrosquasl que inexpressivos. Afim de remover esse

ac ti vida devos...

1

Inconveniente, construíram, depois de pacientespesquizas, um boneco de duas dimensões, chato.Km vez de vestil-o, pintaram-no. E como o per-sonagein 6 chato esta fatalidade physica tema vantagem de dar-lhe maior expressão. Uniuvez que o artista tem de recortar o boneco numaattitude que será immutavel, uma vez que temde desenhar braços, cujos movimentos serãoforçosamente limitados, procurará, antes de tu-do, dar, da maneira mais syuthetica possível, ocaracter de seu personagem. Os resultados ol>-tidos, nesse sentido por Henri Van Straten fo-ram admiráveis.

Construído o boneco, restava unicamente en-contrar um processo pratico de animal-o. FMentão qne Bmn* Buyle alvitrou que se não dl-rigUseni os Í>onecos de cima para baixo, comosempre se fez. E apresentou um sybtemn desui invenção, logo enthusiasticamente acolhido,consistente no seguinte:

O boneco é montado em angulo recto sobre11111 tubo duplo, estreitlnho. deslizando sobre osolo, accionado por detraz do patino de fundo

SI X o

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IIMM.pelos mauobristas. Esse caminho duplo terminapor uni cabo, onde vêm ter, fixos por anneis,os tênues fios de aço, que atravez dos tubos, di-rigem os movimentos dos bonecos. Desse uioüo.u jogo de scena pôde attingir uma precisão no-taveí. Quando um dos bonecos tem que passaradiante do outro, o caminho duplo do primeirodesliza sobre o ao segundo, sem que o especta-dor perceba.

Além da posição bastante elevada do palco, ostubos são por si mesmos quasi invisíveis.

2sTa primeira representação dada em Anvers,110 Club Artes, na presença de GO artistas, nin-guem soube explicar o mechanismo empregado.E' preciso dizer que o panno do fundo e trans-parente e, desse modo, os mauobristas, sem se-rem vistos, pois ficam no escuro, estüo ao par,sem diüticuiaade dos menores movimentos exe-catados pelos bonecos, sobre a scena iiiuminada.

Os décors pintados deram resultados negati-vos. Koger Avermaete e Franz Buyle chegaramá solução de um décor único, transforma vel. Eassim com um scenario, composto de seis partesdistinctas, conseguiram fazer combinações demise-en-scéne quasi innumeraveis. Essas partessão l.o um fundo; 2.o e 3.0 dous pannos verti-cães duplos, formando angulo recto com os bas-tidores; 4.o um scenario quadrado tendo a di-mensào da abertura do palco e fechado em trêsquartas partes; 5.o um frizo e finalmente umpanno horizontal — todos elles de seda. O frizoé de três cores (verde, fulvo, preto); o fundo,verde, e os demais, cinzentos. A electricidade en-carrega-se do resto.

LIVROS &REVISTAS

Affonto Arinos, por Tristftode Athaydc. — Aimuario doBrasil — Rio - 1922.

«mm isseram de Latino (/oelho que era^^J um estilo á procura dum assumptn...^^11 Parece-me esta uma característicaI ^M flagrante da literatura con têmpora-M II nea brasileira. Com menos estilo po-^^^^ rem. Nestes u'ltimos tempos tem si-

do grande a copia de livros em que,necessitados de exprimir seus pensamentos oudar largas a fogosidade alexandrina, pensado-res e poetas brasileiros retomam assumptos ve-mos, velhos temas em que exerçam pensamen-to, estilo e métrica. Sentem a necessitade depensar, de poetar; mas pensar sobre que? poe-tar sobre quê? Parece então faltar-lhes aqnele

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movimento lirico inicial que conduz ás criaçõesoriginais, uuuis ou menos originais, pois que tu-ao se repete, em evolução). Assim temos ne-Aanurmoa *ou>ie "Fausto e Amtsverus", "Uouiüoao, "üuubto e JDoni dòao" e o snr. jrfarhiisjúoiicés Uiiiuu escreve uma ariequinada paiainovar que estuaa com aplicação o uieiònariu.^iiue o» pensadores os munores avros alwre-cuios nusu-s uiumos tempos cambem não pos-suem e»se assumpio originai, (uma ou outraruiu eAcepcao.) *>ao pen»am soore uma lüeu,sobre uma auscraeçao mais ou menos pessoal,pensam sobre uma oura, um autor que mes ia-cuite o nascimento de ideas. E talvez esta faseuo pensunieuio nacional se desenne um dia co-mo eminentemente critica, mas nao criadora*.

A essa serie üe obras criticas incorpora-seagora o "Aifonso Arinos" üo snr. 'insulo deAcnayde. h' este autor aiem de se comparar alatino por ser um eatíio a pro*cura dum assim-co, (Uiga-se de passagem: comparação a quenao empresto o mínimo sentiüo pejorativo),aiuda se equipara ao clássico peio estilo. íeinde Latino aqueie ver batismo sonoro e comedi-do, aquele ürnno, a mesma cadência, a mesmaequilibrada e melódica frase. Apesar do ne-nnum aspecto de actuaiidade que tal direcçãoapresenta, encanta sensualmente o ouvido: so-nora, musical e serena.

Nêsoe estilo o snr. Tristão de Athay.de estu-da . com perfeição a figura de Af fonso Arinos.Livro ditado peia saudade e peio amor era de te-mer que o autor se desmanchasse em elogios

. exagerados e hinários de quasi religião. Ataao estilista e daiquelies poucos que saoem amarsem que isto lhes cerceie a faculdade crítica.E escreveu assim um livro de fina observação,de justo elogio, onde o erudito se eutreinostraapenas, sem vaidade, mas seguro de si. Umpouco especiosa talvez aquela subdivisão da li-teratura nacionalista em: das cidades, daspraias, dos campos, das selva*, da roça... masisso não prejudica absolutamente a verdade dacritica. B' um livro exacto e bom, com um pre-itácio de admiráveis consideráveis sobre a criticade hoje.

M. d» Aii *..«

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U Mirade de vivi* — Chün-tos Baudouin — Edição "Lu-mlère". Bélgica - i922.

O snr. Carlos Baudouin envia-nos de Antu-erpia seus» últimos poemas: "Le Mlracfe deVivre". B' mala uma obra admirável do poeta.Espirito contemplativo e sobremaneira delica-do, o snr. Baudouin não se voltou ainda resolu-tamente para para a realidade contemporânea

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da vida. Os seus ternas, embora tristonhoa . ia vie miraculeuse autour de moi — deflagre."quasi sempre, ásperos ás vezes, respiram sem- A rítmica do autor do "Mlracle de Vivre" épre a suavidade um pouco sceptlca, duma ai- curiosa, duma cadência einbaladora, muito pró-ma que vê da vida apenas aspectos gerais, fi- prfa para a índole fina e levemente românticalosoflcos, e ainda vê esses mesmos aspectos pela (no bom sentido) do poeta. £ como por outroreprodução deles nela e não dlrectamente na lado, o apuro do dizer, inédito, mas contido, dá-realidade tangível. Os poemas do sr. Baudouiu lhe características clássicas, o snr. Baudouinsaem-lhe, como esses quadros da Renascença ultrapassa o âmbito das escolas, para colocar-italiana; pinturas de atelier, mas ordenações se no paiz mais largo e sem limites da Poesia,muito perfeitas, onde impera uma rara compre- Não será possivel encontrar no livro o mais leveensão arqultec tônica. O snr. Baudouin tem impressionismo. E' caracteristicamcnte um cons-senso da ordem; seus poemas são construções tructor, e por isso um dos mais legítimos poe-perfeitas, em que se desenrola como que uma tas de nossa era. E ainda, para livra-lo do im-vida marginal, não vibrante, ridícula e descortez presslonlsmo, tem a propensão para o dialogo,como a real, mas grave, serena, e levemente pie- para a monologação, para a resposta sem per-dosa. gunta que o tornam eminentemente dramático*E, tratando embora eternos temas, é de ver- e teatral. Já disso era prova sobeja o seu dramase como o poeta se renova, pela imagem impre- "Ecce Homo", que, si não fOra a estranha si-vista e sugestiva, sempre comedida e sem exa- militude de Madalena com a Kundrl de Wagner,geros: seria uma obra integral.44des vagues d*numanlté, messages des antlpo- A ^^0 &0 «Mlracle de Vivre", como todasdes; écrasent à nos rlves leurs déflagrantes dé- as ^5^ de "Lumlère", é magniflca. Confes-charges..."; saremos no entanto que as xilograflos do snr.-sur mon front, encore endolori de mon sommell Jorlg Minne goam> ginguiarmente chocantes, co-brassé de bruit glissalent les clalrs dolgts de mo um tromDone que entrasse em fortíssimo,glace de 1'aube..." no quartetto de cordas dos versos. O snr. Joris

E fica-se, ao sair do livro, com os olhos mais Minne, como comentador que era do poeta, uãolargos, a ver invisíveis doçuras. Desejaríamos deyift aggim goDrepor ostensivamente a sua per-porém que o snr. Baudouin seguisse mais o con- 80nalidade inquieta e tumultuosa á personalida-selho que dá, ao terminar o IIvto: de regrada e calma do poeta. O desenhista é"O tol qui vas, les yeux et Ia tête balssés inegavelmente um artista; mas como tempera-

mente vibrante e másculo, demasiadamente mo-de grftce, leve Ia tête, ouvre les yeux—aux choses! derno e glmuita,ieof nfto SOube dobrar-se ao pa-

• • • .. pe| de comentador; e tem-se a impressão, si••••••• •• • • • •• •• nos permitirem uma comparação psicológica, que

Ouvre ta chair, ouvre ton âme, ouvre-tol tout: ag llugtracfleg sft0 a sensação e os versos ale Monde est Ia!" imagem conservada, sintética mas enfraqueci-

Readquiriria então essa força, essa realidade da Agglm Q llvro considerado como obra decômica, dolorosamente cômica que apenas pas- arte gfllu degiguai# cremos porém que com Issosa nos seus versos como a lua que 08 yergog do gnrt Baudouin nada perderam. Ao"descend les escaüers du ciei, grosse de elameur, contrario: mais se evidenciou assim o seu mi-

[mais silencleuse e de viyer umft existeneia a parte, que des-Além de poeta suavíssimo, o snr. Baudouin a<Je e

um artUta. Totalmente livre de preconceitos,utiliza-ee üa rima apenas quando esta lhe surge MARIO PE ANDRADEnatural á boca da pena. Usa principalmente as-sonáncia» admiráveis. Eis dos exemplos, ao aca-

MJne nuit de Ia fin Tété, une nuit tiéde encore "Pascal e a inquietação mo-Lseptembre, derna" — Jackson de Figvei-

avec sa vie infiniment en flamme de veüleuse redo — Edição do Centro D.[qui tremble. Vital — 192a.

Les fatole* étoiles opalines, ces menus coeurs[muets qui battent, Livro de solida e despreteneiosa erudição. A

Ia patience blonde des lampes de Ia grande ville parte ,iue 8e refere propriamente a Pascal ê[lá-bas..." magniflca, embora ppr uma evidente sympa-

44 Et Je sais que maigré le gout amer et acre thia para com o escriptor da "Províncias", oqu'incruste dans ma bouche le pain noir de Ia \t me penloe com multa rapidez os erros.

[peine, \9 notas sobre a inquietação moderna care-

quand-même, mon Dieu, quand-même cem de vigor e mesmo um tanto de realidade.

A. 1 a -mr* o 11

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O A. níío no-la apresenta bem viva. e nem lhedetermina com energia a» causas. Demais .Ta-ckson de F'crneiredo nerde tempo e estuda*-portos pensadores modernos que. apesar de 11-•riidos no pensamento de Pascal, não tiverammnito gr.mde influencia sobre a inquietaçãomoderna. Assim a influencia de Secretan so-bre o pensar irrequieto e vaidoso dos nossos(Íbis não nos parece tâo evidente quanto ao A.s» afigura... mas o assumpto era vastíssimo;o Jackson de Figueiredo se cinglu especialmen-te As irradiações do gênio de Pascal... O por-tuírnOs do livro é ruinzinho. O A. Hdi mal aliiiffua. Não lhe da relevo nem número. K e*pena. Jackson de Figueiredo sendo.não ha ne-enr. um dos mais perspicazes e rectos cultoresda filosofia, propriamente dita, no Brasil mo-demo, está destinado a escrever, com o evolvere o aperfeiçoar-se. dos milhores livros que nesseramo das sciencias. ate1 hoje se escreveram emUnem imrtugnez*\

No admirável desenvolvimento do seu es0irl-to Jactoson de Figueiredo, jft airora loteiramen-te católico, é" um dos imMs notáveis filósofos doTívnvíil. Seu novo liv» * a rn^nl*** •*•>'•?! o dumajíHí«v!?ma nobrezn e "uma serenidade oreulhos*o jiiQt" vt demestr" — o que e" do errande im-porta"-cia neste paíz de eaw>i£aduras em oneser es.tó1,<»o ó sinal de escravidão e fraqueza —nuanto 0 belo o homem de hole que. através«lis e«cravidões vaidosa?» produzidns pelo ludi-vidualismo. sonhe, por ser liv*». fazer-se. cris-tãò e católico romano. Linda lição. Í-A V*

«. (I. Nf

RECEBEMOS:Nouvelle Revue Française — No summario do

numero de Julho: um nrtigo de J. Riviére «obrepolítica internacional. TTm fragmento de PierreTTamp. Poema de Mélot Du Dy. TTm conto deLonis Aragon. Inédito de Dostoiewsky. Reflexõessobre a litteratura por A. Thlbaudet. Chronicas.

La Criéc — Numero de Julho com interes-«ante collaboração de Mareei Milüet, LéonFranc, etc.

Ainda "O GAROTO"

CINEMA"O GAROTO" por Charlie Chnplin é bem uma

das obras primas mais completas da modernl-da de para que sobre elle insista mais uma vez aírriquleta petulância de KLAXON. Celina Ar-nauld, pelo ultimo numero fora de serie da"AíTION", commentando o film com bastantelarividencia, denuncia-lhe dois senões: o sonho

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e a aneedota da mulher abandonada que porsua vez abandona o filho. Talvez haja algumarazão no segundo defeito apontado. Bffectlva-mente o caso cheira um pouco a sub-litteratura.O que nos indignou foi a poetisa de "POINT DEMIRE" criticar o sonho de Carllto. Eis como opercebe: uMas Carllto poeta sonha mal. O so-nho objectlvado no film choca como alguns ver-sos de Ca8lmiro Delavigne intercaladas ás "IL-LUMINATIONS" de Rimbaud. Em vez de anjosalados e barrocos, deveria simplesmente mos-trar-mos "pierrots" enfarinhados ou ainda outracousa e seu film conservar-se-hia puro. Masquantos poemas ruins têm os maiores poetas!"

Felizmente não se trata d'um máu poema. O.sonho é justo uma das paginas mais formida-vei* de "O GAROTO". Vejamos: Carllto é omaltrapilho e o ridículo. Mas tem pretenções aoamor e á elegância. Tém uma instrução (seriamelhor dizer conhecimentos) superficial ou oque é pelor desordenada, feita de retalhos, co-lhidos aqui e além nas correrias de aventura.

E* profundamente egoista como geralmente osão os pobres, mas pelo convívio diurna na des-graça chega a amar o garoto como a Alho. Além

.disso já demonstrara suficientemente no correrda vida uma religiosidade inculta e ingênua.Num dado momento conseguem emfim roubar-lhe o'menino. E a noite adormecida é" perturbadapelo desest>ero de Carllto que procura o engel-tado. Com a madrugada, chupado pela dor, Car-lito vae sentar-ae á porta da antiga moradia.Cahe nesse estado do somnolencia que nao é osomno ainda. Então sonha. Que sonharia? Olugar que mais perlustrara na vida, mas eafeí-tado, ingenuamente enfeitado com flores de pa-pel, que parecem tao lindas aos pobres. E osanjos apparecem. A pobreza inventiva de Car-lito empresta-lhes as caras, os corpos conheci-dos de amisros, inimigos, policias e até cães- Eos incidentes passados misturam-se ás feliclda-des presentes. Tem o filho ao lado. Mas a brigacom o boxista se repete, E os polidas perse-gnem-no. Carllto foge num võo. Mas (e estaeslembrados do sonho de Descartes) agita-se, per-de o equilíbrio, cahe na calçada. E o sonho re-nete o accldente: o policia atira e Carllto aladotomba. O garoto saccode-o, chamando. E quena re„Hdade um policia chegou. Encontra o va-

gabundo adormecido e saccode-o para accor-rtal-o. Bete é o sonho que Celta. Arnauld con-sidera um máu poema. Como não conseguiu ellapenetrar a admirável perfeição psychologtca qneCarllto realizou! Ser-lhe-hia possível com a

mentalidade e oa aentlmentoa que P°««»£^pstado osvchico em que estava, sonhar P*™1SS-&- ou m.nuetea jtowfw^aeroplano* Imaginado* pela adorável ««*"«•«

que viriam forçar a Intonçio da modernidade

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em detrimento da observação da realidade. €ar-lito sonhou o que teria de sonhar fatalmente,necessariamente: uma felicidade angelical per-turbada por um subconsciente sábio em coisasde soffrer ou de ridiculo. O sonho é o commen-tario mais perfeito que Carlito poderia construirda sua pessoa einematographica. Mo choca.Commove immensamente, sorridentemente. E,considerado á parte, é um dos passos mais hu-manos da sua obra, é por certo o mais peyfeito^,como psychologia e originalidade. Ã/l /

M. de A.

LUZES &REFRACÇÕES

Está entre <nôs o escriptor português Antônio

Ferro. Ao autor densa adorável "LEVIANA"

offereceram os Klaxistas um jantar. Houve ale-

gria, amizades, discursos e trocadilhos. Num

dos momentos um dos convivas escreveu no

cardápio: "S. Paulo precisa importar ferro". Ao

que o homenageado immediatamente respondeu:"porque Ferro se importa com S. Paulo". O céu

escureceu. A Terra tremeu. E muitos mortosressuscitaram.

• * •

Um tal senhor Gaston O. Talamon espirrn por"La REVUE MUfilCALE" umas indicações so-bre "O Estado actual da Musica Argentina".Estava no seu direito. A Argentina é um paizmui honrado e cantador que também deve terna sua evolução sonora um estado actual. Emtambém justo que apparecesse um erudito Gas-ton que desse noticia da cousa aos leitores da"Revue Musicale". Mas o erudito Gaston, cspir-ra suas indicações de uma maneira originalis-sima. Não tendo tempo para desoccupar as ven-tas escancaradas que estavam para respirar o

perfume sangrento da carne crua, e talvez por

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tratar de musica, espirrou pelas orelhas. E, con-

Cessamos, enormes de pavilhão devem ellas ser

pois são estes os espirros do erudito Gaston:"Buenos Ayrés tornou-se o maior centro dessa

cultura, e ella que aspira a traduzir os ideaes

que agitam o Peru', o Equador, o Chile, o Me-

xico, o BRASIL, o Uruguay, etc..."

O snr. Henry Pruniéres, director da "Revue

Musicale, naturalmente não leu o espirro. Quem

como elle escreveu já sobre o concerto realizado

no Rio de Janeiro no século 18, por occashlo da

coroaeão do vice-rei (Feuillets d'Art); quemcomo elle já abrigou na "Revue Musicale" umartigo do snr. Milhaud sobre a musica brasilei-ra. certamente teria escoimndo das paginas de

sua revista uma tal asnidade.

Mas não é a possível erudição causada pelo ar-

tigo nos leitores da "Revue Musicale" que nosinteressa agora. O que nos interessa é a psycho-logia do tão argentino quão erudito Gaston. Pen-

sa um pouco leitor, não te irrites, e rirôs uma

hora sem cessar. Pois não é que um homem, um

Gaston! constipa-se tão patrioticamente, a pon-

to de ir esplrrar, no coração da França, que

Buenos Ayres traduz os anceios musicaes do

Brasil! Caramba! Que valiente! E' impagável!

Que nos importa se a pianeira de Marselha pro-

curar nos diccionarios musicaes a historia de

Carlos Gomes, ou no artigo do snr. Milhaud os

nomes de Nepomuceno e Villas-Lobos, Nazareth

ou Tupinamba, todos, todos compositores argen-

tlnos, concorrendo para a grandeza musical de

Buenos Ayres! Que nos importa? E' tempo de

alegria! E' o centenário da independência de

Buenos Ayres que celebramos a 7 de Setembro!

Demo-nos as mãos! Bailemos ante a estatua de

Monroe! A America para os buennirenses! E

enviemos ao erudito Gastou um sorridente, mui-

to amigo, espirro de amizade!

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Em nota de 20 de'Agosto passado, faliando

sobre "Os Condemnados" de Oswàldo de An-drade, affirma, o "JOrtial do Oommercio" queos modernistas ficaram "damnados" com o ap-pnreeimento desse livro de "velha escola". En-<?>ina-se o articulista. E enganou-se 3 vezes. Onumero é slmptomatteo. Io eniea»o: A expres-rHo "cavallos sobrehumanos" £ do autor dos«Condemundos". 2.o engatio: Chamar de Mve-

lha escola" A simultaneidade. ao processo cine-matographlco. ao exnressionismo e principalmen-te no princípio estheMco do único plano Intel-lpctual da "Trilogia do Exílio" é desconhecer a"velha escola" e o sentimento de modernidade.Por nue princípios críticos se pauta o nrticulis-ra? Certamente nao vive na época em que vive.Pois saiba nue* em todas as enocas de constme-ojlo os creadores sfto verdadeiros nrimMvos. As-sim foi com os das cavernas onarernarins. assimfoi com os do i^rioio loco Anterior A Renas-oonoo nssini ser/ com r* hop^ns do l.o. e é

nua*1 certo ainda 2.o qirrteis do seci^o 20. Osprimitivos apresenfam s^mnre 2 tendências,nnnse nue oppostes: o iwllsmo e a estvlizaoJio.^nimàite svmbci:co 'v*o confim^- ^m svm-hni'«i»n mo^o). Osv Ido de Atid-dp emboral,.,?, nmn mrira r**n'r«<f.ô lírica vr* "Condem-

„nd¦•¦". segue a primeira dessas tendências. OrA^ii«m- * de todos os temnos. sabemos b»m:m«* re^izal-o oom sinnHnneWade. cinewatica-mentp fazendo coisas e f*etos m refle?Hr»m to-dos num sô plano, com? oue o* i«ein*f>*P *o nuese nodorii "hnmat a nersnecMvn intellectual econstato obro modernlsslma. duma actualidadenue o nrHcnlista ignora e o Brasil centenáriotambém. Portanto (3.o engano) saiba o articu-lista oue o barulho dos monernlzantes continua-rá, n*o como berros e prantos de damnados.mas como epiniclos de alegria e orgulho Justis-slmo. W

7 de setembro!...

Abro as duas Janellas do metí quarto paraa paisagem que se repete todos os dias e queeu decoro todos os dias.

$8 A sombra. Centenário!!!Vm calor sufprehendente que tudo di'ato,

que tudo expande, que tudo abre, para a festade hoje.

O eéo, feliz, sobe, azul, uniforme e polido,a municiando ao europeu, que desembarca, suan-do, no Rio, os cem annos do Brasil. Cera annos

¦Z"We\ a

quentes. Com febre. Macrobio-Epbebo, "que se

desenvolve como um adolescente, coberto dè es-

pinhas-", — as reformas — que salta ^Hn ala-

cridade, — o jazz-barid — e que, às vezes,

todos os mezes, aposta corrida suffocado, — a

KLAXON! Macrobio-iEphebo!Sinto junto a mim o rumor do Rio de Janei-

ro, a cidade dilatada, feita para rojões... e

onde existe um DBÜS inicial e immaneute, de

quem ella recebe rythmos e movimentos: RTJY

BARBOSA. Mas ninguém conhece BUY BAR-

BOSA nem ninguém se preoecupa com a Tnde-

pendência, não. Quando o policia, nervoso, api-

ta, A esquina, nós todos corremos A janells.Dahi o succe8so das embaixadas. Dahi Antônio

José de Almeida. Dahi a marcha na AvenMa.

Dahi Coelho Netto com 130 pulsações por ml-

mito!!!Que ficarA do Centenário? Talvez nnlca-

mente as torres que se ergueram no recinto da

Exposiejlo.Eu adoro as torres. Têm anciã*, coitadas,Esta noite pensei numa rua de 8ao Bento,

asnhaltada, cheia de torres, e que nflo tivesse

nunca fim; que emoçflo!...Outra conaa também me tem commovldo: a

representação Japoneza, solenne, de seds, aper-

tando a raílo de <Epitacio, o brasileiro magnifi-co. nue, barbeado e radiante, parece ter sabido

hontem do fundo vivo da Natureza.Adens! 38 ft sombra.

"Devo assijpialar, flatlmea-te. esta clrçmiwtaacla atrasa-Mllssime: na BsMa ais#fra a oavesose literária 4s"p^numbrismo", nem os làas-vadores pas... listas são le-varia ísfcV a sério".

SAUL DE NAVARRO, «o. "M»«do Literário". Aano I.

N. IV.

Assim, nessa lingnagem náusea.. .bunda, ea*esenhor bahlano cosinha um péssimo vatapílem homenagem a alguns conterrâneos seus que

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''M' Intêm' o máo go*to de formar o que elle chamn«a puj$nte intelectualidade bahiana". E cita

o senhor bahlano dois sonetos parnasianos, re-

presentativos da moderna poética sua patrícia,parnasianismo, na Bahia, é pardoxo. Porque a

Bahia absolutamente nao prima pela fôrma: o

vatapá, por exemplo, é o prato mais mal npr>-

sentado que ha no mundo. O senhor banano

acha que esses sonetos silo o que se pôde cha-

mar o-"sueco". NSo sao o sueco, meu senhor!

Silo o bagaço. Conhece as laranjas de umbigo

que rebentam abundantemente na "doce paz do*>lar avoengo" de Itaparica? Pois em litera-tura como em laranjas: chupa-se o sueco e

atira-se fora o bagaço. O parnasianismo ja foi

o sueco: agora é só bagaço. Cveia isso.Mas o senhor bahiano é incoherente: elogia

muito a vida moderna da sua grande capitale remata: A' mela noite, "o noctivago tem dotomar o ultimo bonde, ou dormir nos bancosdos jardins..." Nem tylburls na sua linda e

adeantada metrópole, caro senhor?!•Numa cousa estamos, porém, de aocordo fom

o senhor bahiano: é que a Bahia parece mesmoser "boa terra". Mas estamos também de ac-cordo com o resto da modinha: "ella lá e...nós aqui"!

Depois de Graça Aranha, Antônio Ferro. Ago-ra Dario Nicodemi. B' a família' de Klaxon(pie cresce e se confirma.

Os cavalheiros q«e fatem literatura nos can-tos de rua e de salão espantam** Antônio{^re^resenta BjttjHj

&*gSftrrnrio Nicodemi saúda Menotti Dei riecnia t

^50 Klaxon num telegramma de amor so-

1M?°. onda que cresce para castigo do. que

acreditam ainda no romancista Canto e Mello *

l2ram%om saudade declamatória oa bonstem™ etn que o Sr. Arlsteo SeUas era poetae Tina Dl Lorenzo chorava Rostamd no ex-SantAnna. Bons templnhos... pinhos... tempe.dospinhos... punhos cerrados para as Paullcéas-

Antônio Ferro, nas luzes de um bali, é aserenata de Portugal. E* bello. Ao meio-dia, épossante, aggresslvo, trepldante como um Kla-xon. Improprledade. Caixa de soecorro... De-pressa... o Sr. Álvaro Guerra!

Nflo se espantem, estamos na Idade do Jazz-Band. Jô vou tomar o bonde... Ai!

08egue-se o fallecimento do leitor passadista).

Inaugurou-se o primeiro salon paulista. AoIndo de nppetitosa feira de alexandrinos, ca-titãs coisas; snrgentinhos de Wasth, valles doSr. Paulo do Valle que valem alguma coisa, ro-ças do iSr. Paulo Rossi, etc. Só falta o Car-lito, sim, o Benedicto Carlito, o de Santos.

Compensações. Duas grandes notas de arte— Annita Malfattl e Tarcila Amaral.

Emfim, é um esforço — ja o disse em dis-curso o n<*so Menotti Del Picchia. B um es-forço que vale mais que todos os officiaes sa-lons do Rio de Janeiro. Nfto somos optimistasReproduzimos apenas a opinifto dos expo*ito-res paulistas. Estamos com elles.

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De Mario de Andrade I De Oswaldo de Andrade

Paulicéa

Desvairada

fim todas aslivrarias

li IIIÉÉIIEm todas as

V

livrarias

De Guilherme de Almeida

BREVEMENTE

Natalika.dição KLAXON

Messidor, traducção

franceza d» Serge MILLIET

De Vln. Dagognetti

H

GazarraC i ttadf na