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DANNIEL ADRIANO ARALDI MARTINS JOSÉ ROBERTO MELLO PORTO AÇÕES CONSTITUCIONAIS 2020 56 Coordenação Leonardo Garcia coleção SINOPSES para concursos

AÇÕES CONSTITUCIONAIS...234 Ações Constitucionais – Vol. 56 • Danniel Adriano Araldi Martins e José Roberto Mello Porto para a edição de um ato normativo infraconstitucional,

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  • DANNIEL ADRIANO ARALDI MARTINSJOSÉ ROBERTO MELLO PORTO

    AÇÕES CONSTITUCIONAIS

    2020

    56CoordenaçãoLeonardo Garcia

    coleção

    SINOPSESpara concursos

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 3 05/08/2020 11:40:54

  • ?9C a p í t u l o

    Direito de petição

    A Constituição Federal assegura a todos, independentemente do pagamento de taxas e como direito fundamental, o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.

    ` O que diz a Constituição?Art. 5º XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.

    Trata-se do direito de petição, que pode ser definido como a faculdade reco-nhecida a indivíduo ou grupo de indivíduos de se dirigir a quaisquer autoridades públicas apresentando petições, representações, reclamações ou queixas desti-nadas à defesa de seus direitos, da constituição, das leis ou do interesse geral (José Joaquim Gomes Canotilho).

    Além da possibilidade conferida ao indivíduo ou grupo de indivíduos de diri-gir uma petição ao órgão ou autoridade competente, surgem outros corolários que, embora não estejam previstos expressamente no texto constitucional, de-correm da própria existência do direito de petição.

    Uma vez peticionado, o requerimento deve ser analisado e o peticionante informado da decisão.

    Ademais, a decisão tem que ser motivada. De fato, seria inócuo garantir um direito de petição se a Administração pudesse quedar-se inerte mesmo quando provocada ou pudesse proferir decisão sem analisar detidamente o requerimen-to formulado.

    É nesse sentido que a lei que prevê regras sobre os processos administra-tivos no âmbito federal estipula que a Administração tem o dever de explici-tamente emitir decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência.

    ` O que diz a lei?Lei 9.784/99: Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua com-petência.

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 231 05/08/2020 11:41:06

  • 232 Ações Constitucionais – Vol. 56 • Danniel Adriano Araldi Martins e José Roberto Mello Porto

    ` Como o assunto foi cobrado em concurso?Na prova para ingresso na carreira de Promotor de Justiça/PR (2016), foi considerada incorreta a seguinte frase: “Quanto ao conteúdo jurídico-objetivo, o direito funda-mental de petição possui efeito horizontal indireto, ou seja, na medida ou grau de sua influência nas relações entre particulares, ele se aperfeiçoa necessariamente por intermédio da interpretação judicial de cláusulas gerais e conceito jurídicos indeter-minados”.

    De fato, embora reconheça-se a eficácia horizontal dos direitos fundamentais, o direi-to de petição tem eficácia exclusivamente vertical, pois, como vimos, o seu conteúdo é justamente permitir que um indivíduo ou um grupo de indivíduos se dirija a quaisquer autoridades públicas apresentando petições.

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 232 05/08/2020 11:41:06

  • ?10C a p í t u l o

    Noções introdutórias do controle de constitucionalidade

    10.1. Conceito e pressupostos

    O controle de constitucionalidade é a atividade de verificação da compatibi-lidade entre uma lei ou um ato do Poder Público e a Constituição. Caso o objeto de controle – a lei ou o ato – esteja em desconformidade com norma constitucio-nal, ela será declarada inválida e retirada do ordenamento.

    Cuida-se de mecanismo fundamental, pois confere ao ordenamento jurídico duas características que lhes são fundamentais: a unidade e sistematização.

    Para que se possa falar em um controle de constitucionalidade, devem estar presentes dois pressupostos, que nada mais são do que duas premissas lógicas que dão sustentação à ideia de reconhecimento da invalidade de um ato norma-tivo editado em desconformidade com a Constituição.

    O primeiro pressuposto é o reconhecimento do princípio da supremacia constitucional.

    O ordenamento jurídico é um sistema hierarquizado em que as normas de níveis inferiores haurem a sua validade das normas de nível superior.

    Nesse sistema, a Constituição encontra-se no ápice da pirâmide normativa, ou seja, é a norma situada hierarquicamente no topo do ordenamento jurídico. Por essa razão, todas as demais normas – leis e demais atos normativos – só se-rão válidas quando tiverem sido editadas em conformidade com o procedimento previsto na Constituição e não violarem nenhum preceito material nela descrito.

    O segundo pressuposto para o reconhecimento do controle de constituciona-lidade é a rigidez constitucional.

    Diz-se que uma Constituição é rígida quando o procedimento para a modi-ficação do seu texto é mais dificultoso do que o procedimento para edição ou alteração de uma lei infraconstitucional.

    É fácil entender porque só é possível falar em controle de constitucionalidade em países que adotem uma Constituição rígida: caso a Constituição seja flexível, ou seja, possua um procedimento de alteração do seu texto igual ao previsto

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 233 05/08/2020 11:41:06

  • 234 Ações Constitucionais – Vol. 56 • Danniel Adriano Araldi Martins e José Roberto Mello Porto

    para a edição de um ato normativo infraconstitucional, a edição de uma lei que contrarie o texto constitucional que lhe precede simplesmente o revogaria.

    Observação: Parcela minoritária da doutrina defende que é possível sim vislumbrar um controle de constitucionalidade em Estados que adotem Constituição flexível, mas somente em relação à inconstitucionalidade formal. Isso porque, fixado um procedi-mento para elaboração das leis nesta Constituição, qualquer violação desse proce-dimento acarretaria o reconhecimento de inconstitucionalidade formal (CLÈVE, 2000).

    Controle de constitucionalidade

    Supremacia da

    constituição

    Rigidez da constituição

    10.2. O controle de constitucionalidade na Constituição de 1988

    A Constituição de 1988 adotou um sistema eclético de controle de constitucio-nalidade, prevendo-o nas modalidades difusa-incidental e concentrada-principal.

    10.3. O controle de constitucionalidade difuso-incidental

    O controle de constitucionalidade difuso-incidental é aquele que pode ser exercido por qualquer órgão jurisdicional (difuso) e que se dá no caso concreto, sendo a declaração de inconstitucionalidade questão prejudicial à solução da questão principal (incidental).

    Logo, são suas características:

    i. Pronúncia de invalidade no caso concreto;

    ii. Questão prejudicial;

    iii. Qualquer juiz ou tribunal pode exercê-lo;

    A inconstitucionalidade de uma norma pode ser suscitada, de forma inciden-tal, por qualquer pessoa que participe da relação jurídico-processual (autor, réu, Ministério Público, juiz), em processos de qualquer natureza e em qualquer fase procedimental (conhecimento, de execução ou cautelar).

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 234 05/08/2020 11:41:06

  • 235Cap. 10 • Noções introdutórias do controle de constitucionalidade

    Reconhecido incidentalmente que o ato normativo violou formal ou material-mente a Constituição, a consequência é a declaração de sua nulidade. O ato, portanto, é inválido e destituído de qualquer carga de eficácia que se possa atribuir-lhe.

    Os efeitos temporais dessa declaração de nulidade são, em regra, ex tunc, ou seja, retroativos. A norma inconstitucional é inválida desde o seu nascimento, sendo certo que a declaração de inconstitucionalidade atinge todos os efeitos produzidos.

    A doutrina majoritária (MORAES, 2018) e o Supremo Tribunal Federal enten-dem, contudo, que mesmo não havendo previsão legal nesse sentido os efeitos temporais da decisão poderão ser modulados, nos casos em que as razões de ordem pública ou social exigirem.

    Poderá, assim, o Tribunal estabelecer que a declaração incidental de incons-titucionalidade só tenha eficácia a partir do trânsito em julgado da decisão (ex nunc), ou de outro momento que venha a ser fixado, desde que haja razões de segurança jurídica e de excepcional interesse social, e que se respeite o quórum de 2/3 (dois terços). Aplica-se o artigo 27 da Lei n.º 9.868/99 analogicamente ao controle difuso-incidental.

    ` Qual é o entendimento do Supremo Tribunal Federal?“Recurso extraordinário. Direito do Trabalho. Fundo de Garantia por Tempo de Ser-viço (FGTS). Cobrança de valores não pagos. Prazo prescricional. Prescrição quin-quenal. Art. 7º, XXIX, da Constituição. Superação de entendimento anterior sobre prescrição trintenária. Inconstitucionalidade dos arts. 23, § 5º, da Lei 8.036/1990 e 55 do Regulamento do FGTS aprovado pelo Decreto 99.684/1990. Segurança jurídica. Necessidade de modulação dos efeitos da decisão. Art. 27 da Lei 9.868/1999. Decla-ração de inconstitucionalidade com efeitos ex nunc. Recurso extraordinário a que se nega provimento”. (STF, Tribunal Pleno, RE 522.897/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 16.3.2017) (Grifo nosso).

    ` Como o assunto foi cobrado em concurso?CESPE – Tribunal de Justiça/CE – Juiz de Direito (2018)

    Considerando o entendimento do STF acerca dos modelos, dos instrumentos e dos efeitos das decisões no controle de constitucionalidade, assinale a opção correta.

    a) Apenas no controle abstrato o STF admite a modulação dos efeitos temporais da declaração de inconstitucionalidade.

    b) Embora seja ação típica do modelo concentrado, a arguição de descumprimento de preceito fundamental se presta, entre outros fins, ao controle concreto de constitucionalidade.

    c) O STF admite a intervenção do amicus curiae na edição ex officio dos enunciados de súmula vinculante.

    d) A admissão de reclamação constitucional ajuizada contra omissão do poder pú-blico que contrarie súmula vinculante independe do esgotamento da via admi-nistrativa.

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 235 05/08/2020 11:41:06

  • 236 Ações Constitucionais – Vol. 56 • Danniel Adriano Araldi Martins e José Roberto Mello Porto

    e) O STF entende ser incabível a realização de audiência pública antes do julgamento de recurso extraordinário, por ser mecanismo típico do controle abstrato.

    Gabarito: B. Importa-nos, contudo, a assertiva contida na alternativa A, que foi consi-derada incorreta pela Banca Examinadora, com razão. O STF, como vimos, estende a técnica da modulação dos efeitos temporais da declaração de inconstitucionalidade prevista expressamente na Lei n.º 9.868/99, que trata da ação direta de inconstitucio-nalidade, ao controle difuso-incidental.

    Quanto aos efeitos subjetivos da decisão, em razão de o controle difuso--incidental de constitucionalidade ocorrer em um processo subjetivo-concreto, a decisão do incidente de constitucionalidade terá eficácia inter partes.

    Assim, o ato normativo atacado continuará válido e plenamente eficaz em relação às outras pessoas, posto que a decisão que declarar a sua inconstitucio-nalidade só valerá para as partes daquele processo específico.

    Tal circunstância, a toda evidência, é problemática. Afinal, o ordenamento jurídico é uno, não sendo admissível – ou, pelo menos, aconselhável – que uma norma exista e seja válida para alguns e seja considerada inválida para outros.

    Buscando contornar isso, a Constituição de 1988 previu um mecanismo de am-pliação dos efeitos subjetivos da decisão declaratória de inconstitucionalidade proferida incidentalmente em um processo subjetivo. Cuida-se da possibilidade de o Senado Federal suspender a execução, no todo ou em parte, de lei decla-rada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal (artigo 52, inciso X, da CF/88).

    Atenção: O artigo 52, X, da CF/88 não atribui ao Senado Federal competência para, por meio de resolução, revogar o ato declarado inconstitucional pelo STF, mas tão somente para ampliar dos efeitos da decisão do STF através da suspensão a eficácia da norma.

    Parte da doutrina, por sua vez, foi além, e formulou a tese da abstrativização do controle difuso-incidental de constitucionalidade. À luz dessa doutrina, as de-cisões declaratórias de inconstitucionalidade proferidas pelo Supremo Tribunal Federal deveriam possuir efeitos erga omnes e vinculantes, independentemente de serem proferidas em controle difuso ou na via concentrada.

    O Supremo Tribunal Federal, tradicionalmente, não aceitava a tese da abstra-tivização do controle difuso-incidental de constitucionalidade. Contudo, com o passar o tempo, decisões mais recentes vêm demonstrando que esse entendi-mento tradicional pode vir a ser superado.

    Em 29 de novembro de 2017, foram julgadas pelo Plenário do STF a ADI 3.406/RJ e a ADI 3.470/RJ.

    Nessas ações diretas de inconstitucionalidade debatia-se se a Lei nº 3.579/2001 do Estado do Rio de Janeiro, que proíbe a extração do asbesto/amianto em todo

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 236 05/08/2020 11:41:06

  • 237Cap. 10 • Noções introdutórias do controle de constitucionalidade

    território daquela unidade da Federação e prevê a substituição progressiva da produção e da comercialização de produtos que o contenham, era inconstitucio-nal por violar a norma geral sobre o tema (Lei federal n.º 9.055/95).

    Alguns meses antes, o STF já havia se debruçado sobre a constitucionalidade de lei do Estado de São Paulo com o mesmo conteúdo. Naquela oportunidade, reconheceu-se a constitucionalidade da lei paulista, tendo sido o artigo 2º da Lei federal n.º 9.055/95 declarado inconstitucional de forma incidental

    A Corte manteve o seu posicionamento quanto à lei carioca e julgou, por maioria, improcedentes pedidos formulados em ações diretas de inconstitucio-nalidade ajuizadas.

    Entretanto, ganhou destaque a declaração, também por maioria e incidental-mente, da inconstitucionalidade do art. 2º da Lei federal nº 9.055/95, com efeitos vinculantes e erga omnes.

    ` Qual é o entendimento do Supremo Tribunal Federal?“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 3.579/2001 DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. SUBSTITUIÇÃO PROGRESSIVA DA PRODUÇÃO E DA COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS CONTENDO ASBESTO/AMIANTO. LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. PERTINÊNCIA TEMÁTICA. ART. 103, IX, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL POR USURPA-ÇÃO DA COMPETÊNCIA DA UNIÃO. INOCORRÊNCIA. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE. ART. 24, V, VI E XII, E §§ 1º A 4º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. CONVENÇÕES NºS 139 E 162 DA OIT. CONVENÇÃO DE BASILEIA SOBRE O CONTROLE DE MOVIMENTOS TRANSFRONTEIRIÇOS DE RESÍDUOS PERIGOSOS E SEU DEPÓSITO. REGIMES PROTETIVOS DE DIREITOS FUNDAMENTAIS. INOBSERVÂNCIA. ART. 2º DA LEI Nº 9.055/1995. PROTEÇÃO INSUFICIENTE. ARTS. 6º, 7º, XXII, 196 E 225 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. CONSTITUCIONALIDADE MATERIAL DA LEI FLUMINEN-SE Nº 3.579/2001. IMPROCEDÊNCIA. DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 2º DA LEI Nº 9.055/1995. EFEITO VINCULANTE E ERGA OMNES. (...) 7. Constitucionalidade material da Lei fluminense nº 3.579/2001. À luz do conhecimento científico acumulado sobre a extensão dos efeitos nocivos do amianto para a saúde e o meio ambiente e à evidência da ineficácia das medidas de controle nela contempladas, a tolerância ao uso do amianto crisotila, tal como positivada no art. 2º da Lei nº 9.055/1995, não prote-ge adequada e suficientemente os direitos fundamentais à saúde e ao meio ambiente equilibrado (arts. 6º, 7º, XXII, 196, e 225 da CF), tampouco se alinha aos compromissos internacionais de caráter supralegal assumidos pelo Brasil e que moldaram o conteú-do desses direitos, especialmente as Convenções nºs 139 e 162 da OIT e a Convenção de Basileia. Inconstitucionalidade da proteção insuficiente. Validade das iniciativas legislativas relativas à sua regulação, em qualquer nível federativo, ainda que resul-tem no banimento de todo e qualquer uso do amianto. 8. Ação direta de inconstitu-cionalidade julgada improcedente, com declaração incidental de inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 9.055/1995 a que se atribui efeitos vinculante e erga omnes” (STF, Tribunal Pleno, ADI 3.470, Rel. Min. Rosa Weber, j. 29.11.2017).

    Em razão da referida decisão, parcela da doutrina já sustenta ter o Supremo Tribunal Federal adotado a tese da abstrativização do controle de constitucio-nalidade.

    Não comungamos desse entendimento.

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 237 05/08/2020 11:41:06

  • 238 Ações Constitucionais – Vol. 56 • Danniel Adriano Araldi Martins e José Roberto Mello Porto

    Embora o resultado final tenha sido por conferir efeitos erga omnes e vincu-lantes à declaração incidental de inconstitucionalidade do artigo 2º da Lei federal n.º 9.055/95, não é seguro dizer que se formou maioria quanto à equiparação dos efeitos entre o controle difuso e o controle concentrado.

    Somente quatro dos onze Ministros (Luiz Fux, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Edson Fachin) adotaram expressamente a teoria da abstrativização do controle difuso, afirmando que o controle difuso e o controle concentrado de constitucio-nalidade devem igualmente produzir efeitos erga omnes e vinculantes.

    A Ministra Cármen Lúcia, por seu turno, afirmou que: “estamos caminhando, na jurisprudência constitucional brasileira, para algo que era inédito em nossa história, que é declarar a inconstitucionalidade de matéria e não de uma norma específica”, o que se trata mais da aplicação da teoria dos motivos determinantes do que propriamente da abstrativização do controle difuso de constitucionalidade.

    A Ministra Rosa Weber não se manifestou expressamente quanto ao ponto, o que também ocorreu com o Ministro Celso de Mello, cujo pronunciamento consta como “cancelado” do acórdão.

    Por fim, os Ministros Alexandre de Moraes e Marco Aurélio foram terminan-temente contra a tese da abstrativização, ao passo que os Ministros Ricardo Lewandowski e Roberto Barroso não participaram da votação.

    Soma-se a isso a circunstância de a declaração de inconstitucionalidade do artigo 2º da Lei federal n.º 9.055/95, com efeitos erga omnes e vinculantes, ter sido proferida no bojo de uma ação direta de controle de constitucionalidade, e não em um processo subjetivo.

    Na verdade, o que houve foi uma ampliação no objeto da ação direta de consti-tucionalidade proposta, tendo sido estendida a coisa julgada à questão incidental, nos moldes do disposto no artigo 503, §1º, do Código de Processo Civil – destaque--se que este dispositivo não foi expressamente mencionado no julgamento.

    Veja-se que estavam presentes todos os requisitos para tanto: A coletividade encontrava-se entre as partes materiais do processo – tratava-se de processo objetivo –; a ação foi proposta por legitimado ativo que poderia ter também pro-posto a ação contra a Lei federal; e houve debate sobre a questão constitucional.

    Assim, embora a decisão tomada no bojo das ADIs n.º 3.470 e 3.409 indique que o Supremo caminha, a passos largos, para a adoção da abstrativização do controle difuso de constitucionalidade, não se pode dizer que ainda o tenha feito.

    ` Atenção!Em razão da polêmica em torno do tema, bem como da imprecisão sobre o que de fa-to foi decidido pelo Supremo, deverá o leitor, se perguntando em uma prova subjetiva ou oral sobre o tema, expor os fundamentos da decisão e a controvérsia em torno dela. Não acreditamos que a questão seja objeto de cobrança em provas objetivas, mas caso isso ocorra, a postura mais segura é assinalar a resposta que afirme ter havido a mutação constitucional do artigo 52, inciso X, da CF/88 e a abstrativização do controle difuso de constitucionalidade, embora discordemos dessa conclusão.

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 238 05/08/2020 11:41:06

  • 239Cap. 10 • Noções introdutórias do controle de constitucionalidade

    10.4. O controle de constitucionalidade concentrado-principal

    O controle de constitucionalidade concentrado-principal é aquele que é exer-cido por um único órgão ou por um número restrito deles (concentrado) e que a análise de compatibilidade entre o ato normativo e a Constituição é objetivo principal da ação (principal).

    São características do controle concentrado-principal:

    i. Pronúncia em abstrato acerca da validade da norma;

    ii. Constitucionalidade do ato normativo como questão principal;

    iii. Somente o Supremo Tribunal Federal, quando o parâmetro for a Constitui-ção Federal, e os Tribunais de Justiça, quando o parâmetro for Constitui-ção estadual, poderão exercê-lo;

    No controle concentrado-principal de constitucionalidade, a questão cons-titucional é suscitada por meio de uma ação direta. Além disso, toda ação constitucional de controle concentrado de constitucionalidade é espécie de processo objetivo, ou seja, não há nela um conflito de interesses concreto a ser resolvido. Discute-se a lei em tese, verificando a sua compatibilidade com a Constituição.

    Essa natureza objetiva do processo traz diversas consequências jurídicas. São elas:

    i. O processo não terá partes;

    ii. A ausência de lide, ou seja, de conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida;

    iii. Uma vez proposta a ação, não será possível a desistência (artigo 5º da Lei n.º 9.868/99).

    iv. Não se admite a arguição de suspeição de Ministro do Supremo no seu julgamento, instituto somente aplicável aos processos subjetivos.

    v. A causa de pedir é aberta: diferentemente do que ocorre nos processos subjetivos, em que a cognição pelo magistrado se encontra limitada à causa de pedir e ao pedido, no controle concentrado-principal de cons-titucionalidade, a Corte deverá analisar a constitucionalidade da norma vergastada em face de toda a Constituição Federal ou Constituição esta-dual.

    vi. As ações diretas têm natureza dúplice: julgado improcedente o pedido de declaração de inconstitucionalidade do ato normativo atacado, auto-maticamente estará o Supremo Tribunal Federal ou o Tribunal de Justiça declarando a constitucionalidade daquela norma, e vice-e-versa.

    No nosso sistema, o controle principal de constitucionalidade perante o Su-premo Tribunal Federal possui como ações diretas:

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 239 05/08/2020 11:41:06

  • 240 Ações Constitucionais – Vol. 56 • Danniel Adriano Araldi Martins e José Roberto Mello Porto

    a) Ação direta de inconstitucionalidade – ADI (artigo 102, inciso I, alínea “a” da CF/88);

    b) Ação declaratória de constitucionalidade – ADC (artigo 102, inciso I, alínea “a” da CF/88);

    c) Ação direta de inconstitucionalidade por omissão – ADO (artigo 103, §2º da CF/88);

    d) Arguição de descumprimento de prefeito fundamental – ADPF (artigo 102, §1º da CF/88).

    Temos, ainda, perante os Tribunais de Justiça, a possibilidade de controle principal e abstrato de leis e atos normativos estaduais e municipais frente a constituição estadual respectiva, por meio de representação por inconstitucio-nalidade.

    Constituição Federal de 1988

    Controle difuso-incidental Controle concentrado-principal

    • Pronúncia de invalidade no caso concreto• Questão prejudicial• Qualquer juiz ou tribunal pode exercê-lo

    • Pronúncia em abstrato acerca da validade da norma

    • Questão principal• Somente o STF, quando o parâmetro for a

    Constituição Federal, e os TJs, quando o pa-râmetro for Constituição estadual, poderão exercê-lo;

    Estudemos, então, esses instrumentos.

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 240 05/08/2020 11:41:06

  • ?11C a p í t u l o

    Ação declaratória de inconstitucionalidade (ADI)

    11.1. Conceito

    A ação direta de inconstitucionalidade, também conhecida como ação genéri-ca, é a principal ação do controle concentrado.

    Cuida-se da ação constitucional que tem por finalidade a defesa da ordem constitucional, possibilitando a verificação de compatibilidade entre as normas constitucionais e os atos normativos primários.

    11.2. Natureza jurídica

    A ADI tem natureza jurídica de ação direta de controle de constitucionalidade.

    Ela é veiculada por um processo objetivo, pois não há propriamente um conflito de interesses concreto a ser resolvido, mas sim a verificação de compa-tibilidade entre lei em tese e a Constituição.

    11.3. Fundamento normativo

    A ADI foi introduzida em nosso ordenamento jurídico com a edição da EC n.º 16 de 1965, que deu nova redação ao artigo 101, inciso I, alínea “k” da Consti-tuição de 1946. Era chamada de “representação contra inconstitucionalidade”.

    A Constituição de 1988 a previu em seu artigo 102, inciso I, alínea “a”, com a nomenclatura, mais adequada, de “ação direta de inconstitucionalidade”. Poste-riormente, foi editada a Lei n.º 9.868/99 para regulamentá-la.

    ` O que dizem a Constituição e a lei?CF, Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Cons-tituição, cabendo-lhe:

    I – processar e julgar, originariamente:

    a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal.

    Lei n.º 9.868/99, Art. 1 º Esta Lei dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade perante o Su-premo Tribunal Federal.

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 241 05/08/2020 11:41:06

  • 242 Ações Constitucionais – Vol. 56 • Danniel Adriano Araldi Martins e José Roberto Mello Porto

    11.4. Cabimento

    11.4.1. Parâmetro de controle

    A ADI tem por parâmetro todas as normas constitucionais, expressas ou im-plícitas, constantes da parte permanente ou transitória.

    Assim, servem de parâmetro de controle na ADI:

    a) As normas constitucionais, expressas ou implícitas, constantes do corpo permanente da Constituição, não importando se originárias ou fruto de emenda à constituição;

    b) As normas previstas no ADCT, desde que não tenham tido sua eficácia exaurida;

    c) Os tratados de direitos humanos aprovados pelo procedimento de emen-da constitucional (artigo 5º, §3º da Constituição Federal);

    Observação: Tratados internacionais, ainda que sobre direitos humanos, que não fo-rem aprovados pelo procedimento de emenda constitucional não podem ser usados como parâmetro em sede de controle de constitucionalidade1.

    O preâmbulo, conforme entendimento predominante, tem caráter meramen-te interpretativo, não fazendo parte do bloco de constitucionalidade e não ser-vindo de parâmetro de controle.

    É comum, em doutrina, a afirmação de que a norma constitucional deve estar em vigor para que possa servir de parâmetro de controle em ADI. Tal assertiva baseia-se em antigo entendimento do STF, que já foi superado.

    Na verdade, desde 2010, com o julgamento da ADI n.º 2.158/PR, o STF passou a adotar o entendimento de que a revogação ou alteração da norma constitu-cional que serve de parâmetro de controle da ADI não acarreta a sua extinção.

    ` Qual é o entendimento da Supremo Tribunal Federal?“Ação Direta de Inconstitucionalidade. AMB. Lei nº 12.398/98-Paraná. Decreto estadual nº 721/99. Edição da EC nº 41/03. Substancial alteração do parâmetro de controle. Não ocorrência de prejuízo. Superação da jurisprudência da Corte acerca da matéria. Contribuição dos inativos. Inconstitucionalidade sob a EC nº 20/98. Precedentes. 1. Em nosso ordenamento jurídico, não se admite a figura da constitucionalidade superve-niente. Mais relevante do que a atualidade do parâmetro de controle é a constatação de que a inconstitucionalidade persiste e é atual, ainda que se refira a dispositivos da Constituição Federal que não se encontram mais em vigor. Caso contrário, ficaria sensivelmente enfraquecida a própria regra que proíbe a convalidação (...)” (STF, Tri-bunal Pleno, ADI 2.158/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 15.9.2010).

    1. STF, Tribunal Pleno, ADI 2.030/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 9.8.2017 (Informativo n.º 872).

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 242 05/08/2020 11:41:06

  • 243Cap. 11 • Ação declaratória de inconstitucionalidade (ADI)

    Servem como parâmetro de controle Não servem como parâmetro de controle

    • Normas constitucionais expressas ou implí-citas do corpo permanente da CF

    • Normas do ADCT• Tratados de direitos humanos aprovados

    pelo procedimento do artigo 5º, §3º, da CF

    PreâmbuloTratados que não foram aprovados pelo proce-dimento do artigo 5º, §3º, da CF

    11.4.2. Objeto de controle

    O objeto de controle em uma ação direta de inconstitucionalidade genérica, segundo o artigo 102, inciso I, alínea “a” da CF/88, é lei ou ato normativo federal ou estadual.

    A Constituição de 1988, ao colocar como objeto da ação direta de inconstitu-cionalidade as leis e atos normativos quis, com isso, referir-se aos atos primá-rios, ou seja, aos atos que haurem a sua validade diretamente da Constituição.

    Os atos secundários, que não se fundamentam diretamente na Constituição, mas, antes em outro ato normativo, não serão objeto de controle de constitu-cionalidade, mas sim de controle de legalidade – deverão ser confrontados com a lei ou ato normativo primário que lhes dão fundamento imediato de validade.

    No mais, o artigo 102, inciso I, alínea “a” da CF/88 fala em lei e atos normativos.

    Quanto aos atos, não há dúvida de que, para ser objeto de uma ADI, deverão ser revestidos de indiscutível conteúdo normativo, ou seja, dotados de gene-ralidade e abstração. Não é possível, assim, o ajuizamento de ação direta de inconstitucionalidade contra ato de efeitos concretos.

    Em relação às leis, embora o STF, em um primeiro momento, exigisse que também as leis veiculassem norma genérica e abstrata para ser objeto de ADI, entende atualmente que qualquer lei, genérica ou específica, abstrata ou con-creta, pode ser objeto de ADI.

    Veja a progressão do entendimento do STF sobre o tema:

    1) Primeiro momento: STF exigia que a lei veiculasse norma genérica e abs-trata para que pudesse ser objeto de ADI. Caso a lei tratasse de medidas materialmente administrativas, com objeto determinado e destinatários certos, não seria conhecida a ação genérica ajuizada para impugná-la em face da Constituição (ADI n.º 767);

    2) Segundo momento: o STF mitigou a rigidez de seu entendimento, passando a admitir o controle abstrato de constitucionalidade de leis de efeitos concretos em situações excecionais ou desde que presentes doses redu-zidas de abstração (ADIs n.º 2.381 e 2.925);

    3) Terceiro momento (hoje): STF abandonou de vez a linha restritiva, passan-do a entender que o adjetivo “normativo” só se aplica aos atos, sendo possível o controle abstrato de qualquer tipo de lei, inclusive aqueles que veiculem atos de efeitos concretos (ADI n.º 4.048).

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 243 05/08/2020 11:41:06

  • 244 Ações Constitucionais – Vol. 56 • Danniel Adriano Araldi Martins e José Roberto Mello Porto

    ` Qual é o entendimento da Supremo Tribunal Federal?“(...) II. CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS ORÇAMENTÁRIAS. REVI-SÃO DE JURISPRUDÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal deve exercer sua função precípua de fiscalização da constitucionalidade das leis e dos atos normativos quando houver um tema ou uma controvérsia constitucional suscitada em abstrato, independente do caráter geral ou específico, concreto ou abstrato de seu objeto. Possibilidade de sub-missão das normas orçamentárias ao controle abstrato de constitucionalidade (...)” (STF, Tribunal Pleno, ADI-MC 4.048/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 14.5.2008).

    No mais, a lei ou ato normativo objeto de controle deverá ter sido editado posteriormente à promulgação da Constituição Federal e ainda estar em vigor.

    Com efeito, o STF entende que não é cabível ADI contra lei ou ato normativo já revogado ou cuja eficácia já tenha se exaurido. Caso a revogação ou a perda da eficácia do ato contestado ocorrer no curso do processo, a ADI ficará preju-dicada, salvo se:

    1) Ficar demonstrado que houve “fraude processual”;

    2) O conteúdo do ato impugnado for repetido em essência em outro diploma legislativo;

    3) O julgamento do mérito da ADI pelo STF houver iniciado ou finalizado, sem que tenha havido a comunicação prévia de que houve a revogação da norma atacada.

    ` Qual é o entendimento da Supremo Tribunal Federal?“CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REVOGAÇÃO DA NORMA OBJETO DA AÇÃO DIRETA. COMUNICAÇÃO APÓS O JULGAMENTO DO MÉRITO. DESPROVIMENTO.1. Há jurisprudência consolidada no Supremo Tribunal Federal no sentido de que a re-vogação da norma cuja constitucionalidade é questionada por meio de ação direta enseja a perda superveniente do objeto da ação. Nesse sentido: ADI 709, Rel. Min. Paulo Brossard, DJ, 20.05.1994; ADI 1442, Rel. Min. Celso de Mello, DJ, 29.04.2005; ADI 4620-AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, Dje, 01.08.2012. 2. Excepcionam-se desse entendimento os casos em que há indícios de fraude à jurisdição da Corte, como, a título de ilus-tração, quando a norma é revogada com o propósito de evitar a declaração da sua inconstitucionalidade. Nessa linha: ADI 3306, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe, 07.06.2011. 3. Excepcionam-se, ainda, as ações diretas que tenham por objeto leis de eficácia tem-porária, quando: (i) houve impugnação em tempo adequado, (ii) a ação foi incluída em pauta e (iii) seu julgamento foi iniciado antes do exaurimento da eficácia. Nesse sentido: ADI 5287, Rel. Min. Luiz Fux, Dje, 12.09.2016; ADI 4.426, Rel. Min. Dias Toffoli, Dje, 17.05.2011; ADI 3.146/DF, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJ, 19.12.2006. 4. Com maior razão, a prejudicialidade da ação direta também deve ser afastada nas ações cujo mérito já foi decidido, em especial se a revogação da lei só veio a ser arguida posteriormente, em sede de embargos de declaração. Nessa última hipótese, é preciso não apenas im-possibilitar a fraude à jurisdição da Corte e minimizar os ônus decorrentes da demora na prestação da tutela jurisdicional, mas igualmente preservar o trabalho já efetuado pelo Tribunal, bem como evitar que a constatação da efetiva violação à ordem consti-tucional se torne inócua. 5. Embargos de declaração desprovidos” (STF, Tribunal Pleno, ADI 951 ED/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 27.10.2016).

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 244 05/08/2020 11:41:06

  • 245Cap. 11 • Ação declaratória de inconstitucionalidade (ADI)

    Feitas essas observações, podem ser objeto de ADI:

    a) Emendas à Constituição;

    Observação 1: Por se tratar de manifestação do poder constituinte deri-vado reformador, o parâmetro de controle das ECs é diverso dos demais atos normativos. A edição de ECs está limitada formal, material e circuns-tancialmente (artigo 60 da CF/88), sendo esses limites o parâmetro de controle das emendas.

    Observação 2: As normas constitucionais originárias não podem ser obje-to de ação direta de inconstitucionalidade, pois não se submetem ao con-trole de constitucionalidade como um todo (STF, Tribunal Pleno, RE 543.974/MG, Rel. Min. Eros Grau, j. 26.03.2009).

    b) Leis complementares e leis ordinárias;

    c) Leis delegadas;

    Observação: Além do controle via ADI, há previsão no artigo 49, inciso V da CF/88 de controle político repressivo, com a possibilidade de sustação da lei delegada caso ela ultrapasse os limites da delegação.

    d) Medidas provisórias;

    e) Decretos legislativos e resoluções legislativas;

    Observação: Não se pode confundir decreto legislativo com decreto re-gulamentar. Este é ato normativo secundário, expedido pelo Chefe do Poder Executivo com a finalidade de pormenorizar as disposições gerais e abstratas da lei, viabilizando sua aplicação em casos específicos. Aquele é ato normativo de competência exclusiva do Poder Legislativo, com eficácia análoga a de uma lei.

    f) Tratados internacionais;

    Observação: No caso dos tratados internacionais de direitos humanos in-troduzidos pelo procedimento do artigo 5º, §3º, da CF/88, o parâmetro de controle será tão somente os limites impostos no artigo 60 da CF/88 ao poder constituinte derivado reformador.

    g) Decretos autônomos;

    h) Resoluções do CNJ e do CNMP;

    i) Legislação estadual;

    j) Legislação distrital, quando editada no âmbito de competência estadual;

    ` Qual é o entendimento da Supremo Tribunal Federal?Enunciado n.º 642 da Súmula do Supremo Tribunal Federal: “Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada da sua competência legisla-tiva municipal”.

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 245 05/08/2020 11:41:06

  • 246 Ações Constitucionais – Vol. 56 • Danniel Adriano Araldi Martins e José Roberto Mello Porto

    l) Regimento interno de Tribunal;

    m) Resolução do Tribunal Superior Eleitoral;

    ` Como o assunto foi cobrado em concurso?PGR – Procurador da República (2017)

    Assinale a alternativa incorreta:

    Lei distrital editada no exercício de competência municipal não é passível de controle abstrato de constitucionalidade no âmbito do STF.

    É possível, em sede de controle abstrato de constitucionalidade, a invalidade de uma norma que se extrai, a contrario sensu, de um texto legal, mas que não está contida em qualquer fragmento linguístico.

    Nas chamadas “sentenças aditivas de princípio” ou “sentenças delegação”, a Suprema Corte, em decisões no controle abstrato de constitucionalidade, exorta o legislador a agir, delineando as diretrizes que deve seguir.

    A coisa julgada, em controle abstrato de constitucionalidade, significa que a decisão permanecerá eficaz sobre hipóteses idênticas, salvo se o STF adotar nova compreen-são sobre o tema ou o Legislativo vier a editar lei em sentido contrário ao entendi-mento adotado naquela decisão.

    Gabarito: A. Essa afirmativa está incorreta porque os atos municipais não podem ser objeto de ADI, mas sujeitam-se a controle concentrado de constitucionalidade via ADPF.

    Não podem ser objeto de controle via ADI:a) Normas constitucionais originárias;b) Atos normativos secundários;c) Leis anteriores à Constituição;d) Lei municipal;e) Proposta de emenda constitucional ou projeto de lei;f) Enunciado de Súmula;g) Sentenças normativas;h) Convenções coletivas de trabalho;i) Respostas do Tribunal Superior Eleitoral.

    ` Como o assunto foi cobrado em concurso?VUNESP – TJ/MT – Juiz de Direito (2018)

    Assinale a alternativa que aponta um tipo de ato ou espécie normativa que, como regra, é passível de controle abstrato de constitucionalidade:

    a) Regimentos Internos dos Tribunais;

    b) Decreto regulamentar não autônomo do Chefe do Executivo;

    c) Súmula vinculante;

    d) Normas constitucionais originárias;

    e) Resolução que autoriza processo contra o Presidente da República.

    Gabarito: A.

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 246 05/08/2020 11:41:07

  • 247Cap. 11 • Ação declaratória de inconstitucionalidade (ADI)

    11.5. Legitimidade

    A ADI é, como já vimos, veiculada por um processo objetivo. Busca-se avaliar a compatibilidade do ato normativo com a Constituição em abstrato para a de-fesa da coesão e harmonia do ordenamento jurídico.

    Nesse contexto, não temos partes em sentido material no processo. Teremos, sim, partes em sentido formal. São os legitimados, que não estarão em juízo defendendo interesse próprio, mas que são autorizados por lei a promover a ação direta de inconstitucionalidade ou a prestar informações sobre atos por eles emanados.

    11.5.1. Legitimidade ativa

    O artigo 103 da CF/88 e o artigo 2º da Lei n.º 9.868/99 trazem um rol taxativo de legitimados a propor a ADI e a ADC.

    São eles: o Presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados, Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Governador do Estado ou do Distrito Federal, Procurador-Ge-ral da República, Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Partido político com representação no Congresso Nacional e a Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

    ` O que diz a Constituição?CF, art. 103, caput. Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:

    I – o Presidente da República;

    II – a Mesa do Senado Federal;

    III – a Mesa da Câmara dos Deputados;

    IV – a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;

    V – o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

    VI – o Procurador-Geral da República;

    VII – o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

    VIII – partido político com representação no Congresso Nacional;

    IX – confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

    Embora a lei não o faça, o STF divide os legitimados em dois pares.

    A primeira clivagem se dá entre os legitimados especiais e os legitimados universais:

    a) Legitimados especiais: Esses legitimados, ao ajuizarem uma ADI, deverão demonstrar que cumprem um requisito prévio, qual seja a pertinência te-mática. Esta nada mais é do que a demonstração de que o ato impugnado atinge, ou pode vir a atingir, diretamente na esfera jurídica do legitimado ou de seus filiados.

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 247 05/08/2020 11:41:07

  • 248 Ações Constitucionais – Vol. 56 • Danniel Adriano Araldi Martins e José Roberto Mello Porto

    São legitimados especiais o Governador do Estado ou do Distrito Federal, a Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal, a confederação sindical e as entidades de classe de âmbito na-cional.

    b) Legitimados universais: Não precisam demonstrar a pertinência temática para ajuizar uma ADI.

    São legitimados universais o Presidente da República, as Mesas do Senado Federal e da Câmara de Deputados, o Procurador-Geral da República, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e o partido político com representação no Congresso Nacional.

    Legitimados especiais Legitimados universais

    • Governador dos Estados ou do DF• Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câ-

    mara Legislativa do DF• Confederação sindical e entidades de clas-

    se de âmbito nacional

    • Presidente da República• Mesas do Senado Federal ou da Câmara

    dos Deputados• PGR• Conselho Federal da OAB• Partido político com representação no Con-

    gresso

    A segunda distinção que é feita pelo STF entre os legitimados ativos, referente à capacidade postulatória:

    a) Legitimados que não possuem capacidade postulatória plena: São aque-les legitimados que devem contratar advogado e outorga-lhe procuração com poderes específicos para propor a ação genérica – constando, do ins-trumento, qual o exato ato normativo que será impugnado. Do contrário, o processo será extinto sem resolução do mérito, por falta de pressuposto processual.

    Segundo o Supremo, estão nesse grupo os partidos políticos e as confe-derações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional.

    ` Qual é o entendimento do Supremo Tribunal Federal?“Em questão de ordem, o Tribunal, por maioria, assentou a exigibilidade da outorga de poderes especiais e específicos a advogados e procuradores de pessoas jurídi-cas de direito público, relativamente aos processos reveladores de ações diretas de inconstitucionalidade em curso, exceto aqueles em que tenha havido apreciação de medida acauteladora, devendo os autos baixar em diligência para que o requerente proceda à juntada de instrumento de mandato contendo tais poderes, ou seja, para atacar a norma envolvida na inicial da ação direta de inconstitucionalidade (...)” (STF, Tribunal Pleno, ADI 2.187-QO, Rel. Min. Octávio Galloti, j. 24.5.2000).

    a) Legitimados que possuem capacidade postulatória plena: São aqueles le-gitimados que não precisam de advogado para ajuizar uma ADI, pois eles próprios já são detentores de capacidade postulatória para tanto.

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 248 05/08/2020 11:41:07

  • 249Cap. 11 • Ação declaratória de inconstitucionalidade (ADI)

    São eles: o Presidente da República; as Mesas do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, das Assembleias Legislativas ou da Câmara Legis-lativa do DF, os Governadores do Estado ou do Distrito Federal, o PGR e o Conselho Federal da OAB.

    ` Qual é o entendimento do Supremo Tribunal Federal?“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. QUESTÃO DE ORDEM. GOVERNADOR DE ESTADO. CAPACIDADE POSTULATÓRIA RECONHECIDA. MEDIDA CAUTELAR. DEFERIMENTO PARCIAL. 1. O governador do Estado e as demais autoridades e entidades referidas no art. 103, incisos I a VII, da Constituição Federal, além de ativamente legitimados à instauração do controle concentrado de constitucionalidade das leis e atos normativos, federais e estaduais, mediante ajuizamento da ação direta perante o Supremo Tribunal Federal, possuem capacidade processual plena e dispõem, ex vi da própria norma constitu-cional, de capacidade postulatória. Podem, em consequência, enquanto ostentarem aquela condição, praticar, no processo de ação direta de inconstitucionalidade, quais-quer atos ordinariamente privativos de advogado (...)” (STF, Tribunal Pleno, ADI 127-QO, Rel. Min. Celso de Mello, j. 20.11.1989).

    Legitimados sem capacidade postulatória Legitimados com capacidade postulatória

    • Partidos políticos• Confederação sindical e entidades de clas-

    se de âmbito nacional

    • Presidente da República• Mesas do Senado Federal, da Câmara dos

    Deputados, das Assembleias Legislativas ou da Câmara Legislativa do DF

    • Governador dos Estados ou do DF• PGR• Conselho Federal da OAB

    Feitas essas considerações gerais, resta-nos pontuar algumas observações específicas referentes a cada legitimado:

    a) Presidente da República: Acerca desse legitimado ativo, dois apontamen-tos devem ser feitos: i) O primeiro é que o Presidente da República pode ajuizar ADI cujo objeto seja ato normativo por ele proposto ou sanciona-do; e ii) o segundo é que, em sendo o rol do artigo 103 da CF/88 taxativo, não é possível estender a legitimidade conferida ao Presidente da Repú-blica ao seu Vice, salvo se este o tiver substituído ou sucedido (artigos 79 e 80 da CF/88) .

    b) Mesa do Senado Federal e Mesa da Câmara dos Deputados: Em relação a esses dois legitimados, é importante esclarecer que a legitimidade a eles conferida não se estende à Mesa do Congresso Nacional, tampouco ao parlamentar.

    c) Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Fede-ral: Aqui, deve-se pontuar o mesmo que foi observado no tópico anterior, ou seja, que a legitimidade da Mesa da Assembleia Legislativa não se estende aos Deputados Estaduais.

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 249 05/08/2020 11:41:07

  • 250 Ações Constitucionais – Vol. 56 • Danniel Adriano Araldi Martins e José Roberto Mello Porto

    d) Governador do Estado ou do Distrito Federal: O primeiro apontamento é o de que a legitimidade conferida ao Governador não se estende ao seu Vice, tam-pouco ao Procurador-Geral do Estado. Desse modo, exige-se que a petição inicial da ADI seja subscrita pelo próprio Governador, não podendo fazê-lo o Procurador-Geral do Estado, ainda que em nome do próprio Governador.

    Outro aspecto de especial importância é que, embora o Governador seja legitimado especial e, portanto, tenha o dever de comprovar a pertinên-cia temática em relação ao ato impugnado, isso não limita a sua atuação aos atos normativos de seu ente federado, podendo ajuizar ADI em face de lei de outro Estado-membro, desde que esse ato possa causar reflexos na esfera jurídica de sua unidade.

    e) Procurador-Geral da República: O Procurador-Geral da República, além de legitimado à propositura da ação genérica de constitucionalidade funcio-na também como custos iuris (artigo 103, §1º da CF/88). Essa manifestação é obrigatória e ocorrerá mesmo quando o PGR for o autor da ação (SILVA, 2014). Ainda que na condição de autor da ação, poderá o PGR opinar pela improcedência do pedido, em razão de seu dever de imparcialidade.

    f) Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil: Em razão da taxati-vidade do rol de legitimados, não é possível que os conselhos estaduais ajuízem ADI, sendo a legitimidade somente do Conselho Federal.

    g) Partido político com representação no Congresso Nacional: A exigência cons-titucional de representação no Congresso Nacional é preenchida se o partido tiver pelo menos 1 (um) parlamentar, em qualquer das Casas Legislativas.

    O partido, para ajuizar a ADI, deverá estar representado pelo Diretório Nacional ou pela Executiva do Partido. Os Diretórios Regionais ou as Exe-cutivas Regionais não possuem legitimidade, pois não representam o par-tido nacionalmente.

    O STF possuía entendimento tradicional no sentido de que a perda de representação no Congresso Nacional pelo partido que ajuizou a ação genérica faria com que ação fosse extinta. Essa posição, todavia, alterou--se no julgamento da ADI 2.618, em que se consignou que a aferição da representação do partido político em uma das Casas Legislativas do Con-gresso Nacional deve ser feita na propositura da ação. Eventual perda de representação não desqualifica o partido para permanecer no polo ativo da relação processual, tampouco acarreta a sua extinção.

    ` Qual é o entendimento do Supremo Tribunal Federal?“EMENTA: Agravo Regimental em Ação Direta de Inconstitucionalidade. 2. Partido políti-co. 3. Legitimidade ativa. Aferição no momento da sua propositura. 4. Perda superve-niente de representação parlamentar. Não desqualificação para permanecer no pólo ativo da relação processual. 5. Objetividade e indisponibilidade da ação. 6. Agravo provido”. (STF, Tribunal Pleno, ADI 2.618 AgR-AgR, Rel. Min. Carlos Velloso, j. 12.8.2004).

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 250 05/08/2020 11:41:07

  • 251Cap. 11 • Ação declaratória de inconstitucionalidade (ADI)

    ` Como o assunto foi cobrado em concurso?TJ/AC – Juiz de Direito – VUNESP (2019)

    Assinale a alternativa que está de acordo com o direito pátrio no que tange ao con-trole de constitucionalidade concentrado.

    a) A perda superveniente de representação parlamentar de Partido Político não o desqualifica para permanecer no polo ativo da ação direta de inconstitucionalida-de.

    b) É cabível a interposição de recurso em ADI por legitimado para a propositura da ação direta, como terceiro prejudicado, ainda que nela não figure como requeren-te ou requerido.

    c) Os Estados-membros estão legitimados a agir como sujeitos processuais ativos em sede de controle concentrado de constitucionalidade, exigida, porém, a indiscutí-vel pertinência temática.

    d) Não se pode dispensar a atuação da defesa do advogado-geral da União na ação direta de inconstitucionalidade, bem como na ação direta de inconstitucionalidade por omissão.

    Gabarito: A.

    h) Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional: O STF reconhece a legitimidade para ajuizamento de ADI somente às confedera-ções sindicais, não a estendendo às federações sindicais e os sindicatos.

    Em relação às entidades de classe de âmbito nacional, o STF, fazendo uma analogia com a Lei Orgânica dos Partidos Políticos, possui entendimento de que a entidade deve ter filiados em pelo menos nove Estados da Federação para ser reconhecido seu caráter nacional.

    Ademais, o conceito de classe deve ser entendido como categoria profis-sional, excluindo-se, assim, entidades estudantis ou de promoção de direitos humanos.

    A associação, por outro lado, não poderá reunir membros de categorias pro-fissionais diversas, pois o hibridismo de sua composição atua como elemento descaracterizador de sua representatividade.

    Tradicionalmente, o Supremo não reconhecia legitimidade às associações de segundo grau, que são aquelas compostas por outras associações (“associação de associações”), entendimento esse que foi superado no julgamento da ADI 3.153.

    Por fim, a entidade postulante deve representar a integralidade da categoria profissional. As associações que representam somente a fração da categoria não pode ajuizar ADI que extrapole o universo dos seus representados.

    11.5.2. Legitimidade passiva

    A legitimidade passiva em ADI é matéria controvertida em doutrina.

    Sinopses p Conc v56-Martins-Porto-Acoes Constitucionais-1ed.indb 251 05/08/2020 11:41:07

    Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 3Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 231Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 232Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 233Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 234Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 235Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 236Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 237Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 238Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 239Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 240Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 241Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 242Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 243Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 244Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 245Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 246Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 247Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 248Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 249Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 250Miolo-Sinopses p Conc v56-Martorto-Acoes Constitucionais-1ed 251