10
www.redor2018.sinteseeventos.com.br AÇÕES EDUCATIVAS: PAPEL DA (O) ENFERMEIRA (O) NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO Elian Trindade Reis Ferraz (1); Marília Emanuela Ferreira de Jesus (1) Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública-EBMSP, [email protected] Universidade Federal da Bahia-UFBA, [email protected] Resumo: Trata-se de uma pesquisa exploratória, com abordagem qualitativa, cujo objetivo é identificar as ações desenvolvidas pela enfermeira (o) na prevenção do câncer do colo de útero no âmbito da Atenção Básica. A análise e produção dos dados geraram as seguintes categorias: prevenção do câncer de colo de útero e ações educativas desenvolvidas na prevenção do câncer cérvico uterino. Verificou-se na maioria dos estudos o enfermeiro desenvolve ações educativas como visitas domiciliares e durante as visitas discorre sobre a importância do uso do preservativo e realização do preventivo. Identificaram-se também os fatores contribuintes para não realização do preventivo como: valores culturais, constrangimento pela exposição a intimidade que se submetem, dificuldade de acesso ao serviço, ter emprego e filhos. Entretanto, conclui-se que os enfermeiros têm um papel fundamental na estratégia de prevenção, com desenvolvimento de ações educativas voltada à saúde da mulher não só com coleta de material para realização do exame preventivo. Palavras-chave: papel do enfermeiro, atividades educativas, neoplasias do colo do útero. INTRODUÇÃO O câncer de colo uterino é um dos tipos de câncer mais comum na população feminina. Constitui um sério problema de saúde pública mundial, em especial nos países menos desenvolvidos, em parte devido à desinformação e á deficiência da cobertura de Saúde Pública. Este tipo de câncer é responsável por 80% desses casos e o Brasil apresenta uma taxa expressiva dessa estatística. Estudos realizados mostram que a taxa de mortalidade é elevada nas mais variadas faixas etárias. Com incidência do carcinoma in situ entre 25 e 40 anos e o carcinoma invasor entre 48 e 55 anos (MELO et al., 2012). Com aproximadamente dezoito mil novos casos para o ano de 2012 e 2013 o câncer de colo de útero é considerado a segunda neoplasia maligna mais comum que acomete a população feminina, sendo responsáveis por 230 mil óbitos de mulheres por ano, ocupando a quarta posição de óbito tornando-se responsável por 12% dessas causas a nível mundial, são seis milhões de óbitos por ano (INCA, 2011). Os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer cervical é o inicio precoce da atividade sexual, baixa condição sócio econômica, multiplicidade de parceiros, tabagismo, higiene íntima inadequada e uso prolongado de contraceptivos orais (SOARES et al., 2010). De acordo ao que Soares citou acima, o Inca (2010) vem afirmar que outro fator para o desenvolvimento do CA de útero é a infecção

AÇÕES EDUCATIVAS: PAPEL DA (O) ENFERMEIRA (O) NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DO COLO DO … · 2019-04-17 · prevenção do câncer do colo de útero nas diversas regiões do Brasil,

  • Upload
    others

  • View
    7

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

www.redor2018.sinteseeventos.com.br

AÇÕES EDUCATIVAS: PAPEL DA (O) ENFERMEIRA (O) NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO

Elian Trindade Reis Ferraz (1); Marília Emanuela Ferreira de Jesus (1)

Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública-EBMSP, [email protected] Universidade Federal da Bahia-UFBA, [email protected]

Resumo: Trata-se de uma pesquisa exploratória, com abordagem qualitativa, cujo objetivo é identificar as ações desenvolvidas pela enfermeira (o) na prevenção do câncer do colo de útero no âmbito da Atenção Básica. A análise e produção dos dados geraram as seguintes categorias: prevenção do câncer de colo de útero e ações educativas desenvolvidas na prevenção do câncer cérvico uterino. Verificou-se na maioria dos estudos o enfermeiro desenvolve ações educativas como visitas domiciliares e durante as visitas discorre sobre a importância do uso do preservativo e realização do preventivo. Identificaram-se também os fatores contribuintes para não realização do preventivo como: valores culturais, constrangimento pela exposição a intimidade que se submetem, dificuldade de acesso ao serviço, ter emprego e filhos. Entretanto, conclui-se que os enfermeiros têm um papel fundamental na estratégia de prevenção, com desenvolvimento de ações educativas voltada à saúde da mulher não só com coleta de material para realização do exame preventivo.

Palavras-chave: papel do enfermeiro, atividades educativas, neoplasias do colo do útero.

INTRODUÇÃO

O câncer de colo uterino é um dos tipos de

câncer mais comum na população feminina.

Constitui um sério problema de saúde pública

mundial, em especial nos países menos

desenvolvidos, em parte devido à

desinformação e á deficiência da cobertura de

Saúde Pública. Este tipo de câncer é

responsável por 80% desses casos e o Brasil

apresenta uma taxa expressiva dessa

estatística. Estudos realizados mostram que a

taxa de mortalidade é elevada nas mais

variadas faixas etárias. Com incidência do

carcinoma in situ entre 25 e 40 anos e o

carcinoma invasor entre 48 e 55 anos (MELO

et al., 2012).

Com aproximadamente dezoito mil novos

casos para o ano de 2012 e 2013 o câncer de

colo de útero é considerado a segunda

neoplasia maligna mais comum que acomete

a população feminina, sendo responsáveis por

230 mil óbitos de mulheres por ano, ocupando

a quarta posição de óbito tornando-se

responsável por 12% dessas causas a nível

mundial, são seis milhões de óbitos por ano

(INCA, 2011).

Os principais fatores de risco para o

desenvolvimento do câncer cervical é o inicio

precoce da atividade sexual, baixa condição

sócio econômica, multiplicidade de parceiros,

tabagismo, higiene íntima inadequada e uso

prolongado de contraceptivos orais (SOARES

et al., 2010).

De acordo ao que Soares citou acima, o Inca

(2010) vem afirmar que outro fator para o

desenvolvimento do CA de útero é a infecção

www.redor2018.sinteseeventos.com.br

pelo Papiloma vírus humano (HPV), esse tem

sido apontado como um forte fator de risco

para o desenvolvimento da patologia que é

também associada a outros fatores como

exposição ao agente infeccioso da Chlamydia

trachomatis e da imunodeficiência adquirida.

Considerando os dados epidemiológicos, à

associação entre o Papiloma vírus humana

(HPV) e o câncer de colo do útero está

implicando em 99,7% dos casos de carcinoma

cervical. No entanto, pode infectar o epitélio

escamoso e as membranas mucosas da cérvice

e da vagina perianal, podendo induzir ao

aparecimento de verrugas (côndiloma

acuminado), até chegar à neoplasia

propriamente dita (WOLSCHICK et al.,

2007).

O rastreamento e prevenção do câncer do colo

uterino são feitos pelo teste do Papanicolau –

exame citopatológico do colo do útero para

detecção das lesões precursoras

(CARVALHO, 2010). Para serem obtidos os

benefícios desse exame no cenário da

prevenção do câncer do colo do útero, todos

os passos dos procedimentos a ele

relacionados, desde a coleta até os resultados

e encaminhamentos, são considerados de

extrema relevância (INCA 2006; SANTOS,

2009).

As enfermeiras (o) exercem atividades

técnicas específicas de sua competência,

administrativas e educativas, através do

vínculo com as usuárias (BRASIL, 2013).

Seguindo esse contexto as ações voltadas para

a prevenção do Câncer do Colo Uterino

(CCU) pode ser realizadas pela enfermeira

tanto no âmbito da prevenção primária quanto

da prevenção secundária. Dentre a prevenção

primária destaca-se as estratégias voltadas

para redução dos riscos de contágios do HPV;

utilizando os preservativos durante a relação

sexual e as vacinas disponíveis. E a prevenção

secundária abrange o conjunto de ações que

permitem o diagnóstico precoce da doença e o

seu tratamento imediato, aumentando a

possibilidade de cura, melhorando a qualidade

de vida e sobrevivência, diminuindo a

mortalidade por câncer (INCA, 2008).

Mistura et al. (2011) reforçando sobre as

ações educativas relata que a enfermeira

desenvolve vínculo com a comunidade,

educação em saúde desenvolvidas nas

residências, sala de espera, realização do

exame cito patológico, dando ênfase na

prevenção esclarecendo todas as duvidas das

usuárias e realizando busca ativa das

mulheres.

Com base no texto acima formulou-se para o

presente estudo a seguinte questão norteadora:

Quais são as ações de prevenção do câncer do

colo de útero que podem ser desenvolvidas

pela (o) enfermeira (o) no âmbito da atenção

básica?

A partir da questão norteadora foi

www.redor2018.sinteseeventos.com.br

estabelecido o seguinte objetivo:

Identificar as ações desenvolvidas pela

enfermeira na prevenção do câncer do colo de

útero no âmbito da atenção básica.

A justificativa para realização deste estudo

partiu da percepção que o útero é um órgão de

fundamental importância para a vida materna

e que a principal estratégia desenvolvida nas

Unidades Básicas de Saúde (UBS) para

detectar precocemente a lesão precursora e o

diagnóstico do câncer é realizada através do

exame preventivo, também conhecido como

papanicolau. Posto isto, é indispensável que

os enfermeiros orientem a população feminina

quanto à importância da realização do exame

preventivo, pois a sua realização de maneira

sistemática é de suma importância para o

controle dessa neoplasia. Somando a isso esse

estudo torna-se relevante visto que seus

resultados irão refletir sobre a atuação do

enfermeiro frente ao controle do câncer do

colo uterino, podendo ser utilizado para

subsidiar propostas educacionais para estes

grupos. Contudo, este trabalho faz-se presente

pela necessidade de uma educação em saúde

da população feminina a respeito de rever

novos conhecimentos, novos paradigmas,

novas delimitações legais diante de um

contexto com mudanças tão rápidas,

reflexivas e desejosas da unidade teoria e

prática.

METODOLOGIA

Segundo Gil (2010) trata-se de uma pesquisa

de revisão de literatura, com abordagem de

caráter exploratório qualitativo, que é

desenvolvida com base em material já

elaborado, constituído por livros e artigos

científicos, visando descrever as

características de determinada população ou

fenômeno ou estabelecimento de relações

entre variáveis. O objetivo fundamental deste

método é proporcionar maior familiaridade

com o problema, com vistas a torná-lo mais

explícito.

Para as buscas foram utilizadas 3 bases de

dados Scielo (Scientific Electronic Library

Online), Lilacs (Literatura Latina Americana

em Ciências da Saúde), BIREME (BVS

saúde ), os artigos foram obtidos na íntegra

através do próprio site ou através do link para

as revistas online.

O uso dessas bases de dados visou minimizar

os possíveis vieses no processo de elaboração

manuais sobre o tema em questão, como o

Instituto Nacional do Câncer (INCA) e

registros online através do Google acadêmico,

no período de setembro a novembro de 2006 a

2014.

Para a seleção dos artigos, foram utilizados

como critério de inclusão artigos publicados

no período de 2006 a 2014 por terem sido

escolhido um recorte dos artigos mais

www.redor2018.sinteseeventos.com.br

relevantes disponíveis online, relacionados ao

tema publicado em periódicos nacionais, além

dos artigos disponíveis na íntegra, tendo como

descritores: papel do enfermeiro, atividades

educativas, Neoplasias do Colo Uterino,

disponíveis nos Descritores em Ciências da

Saúde (DeCS) na plataforma da Biblioteca

Virtual da Saúde (BVS).

Foram encontrados ao todo 243 artigos sobre

o papel do enfermeiro, e 27 artigos sobre

neoplasias do colo do útero,11 artigos sobre

atividades educativas completos e no período.

A amostra final desta revisão de bibliografia

foi constituída de 7 artigos, pois apenas estes

abordavam claramente o tema desejado. Para

a coleta de dados dos artigos que foram

incluídos na revisão bibliográfica, foi

desenvolvido um quadro sinóptico com a

síntese dos artigos que atenderam aos critérios

de inclusão, e posterior discussão dos

resultados. Porém o mesmo não encontra

incluído no artigo.

Foram excluídos todos os artigos com data

fora do período de 2006 a 2014, publicações

em outros idiomas, e artigos que não

condizem com o tema proposto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao fazer o levantamento bibliográfico sobre

as ações desenvolvidas pelos enfermeiros para

prevenção do câncer do colo de útero nas

diversas regiões do Brasil, podemos observar

que poucos artigos foram publicados, em

geral encontramos 11 artigos falando

especificamente sobre as ações dos

enfermeiros, e na região do nordeste, poucos

estudos específicos foram encontrados. Porém

mesmo com alguns estudos desde 2006 a

2014, muitas mulheres ainda encontram

dificuldades em procurar os serviços de saúde

para realização do exame papanicolau além

do pouco conhecimento do que é preconizado

pelo ministério da saúde para realização do

exame. A Bahia tem uma taxa estimada de

14,43% de casos para cada 100 mil mulheres

(2012- INCA). Para compreendermos melhor

as ações desenvolvidas pelos enfermeiros

dentro da atenção básica para prevenção e

controle do colo do útero a discussão foi

separada em categorias tais como: Papel do

enfermeiro na prevenção do câncer de colo de

útero e Ações educativas desenvolvidas na

prevenção do câncer cérvico-uterino.

Papel da enfermeira na prevenção do

câncer de colo de útero

Nos estudos apontados por Diógenes (2001) a

consulta de enfermagem encontra-se

regulamentada na lei de 7.498/86 do

Exercício Profissional de Enfermagem, bem

como no Decreto nº 94.406/87, que

regulamenta a referida Lei, e na Resolução nº

159/93 do Conselho Federal de Enfermagem,

assegurando as ações da Enfermeira voltadas

para a prevenção e controle do câncer.

www.redor2018.sinteseeventos.com.br

A Unidade de Saúde da Família desenvolve

um importante papel estratégico que visa

controlar o câncer, pois o profissional de

enfermagem atua em várias dimensões da

linha de cuidado para esta doença. A

enfermeira pode estar desenvolvendo ações

educativas como visitas domiciliares e nesse

momento orientar a importância do

preservativo, realizar consulta de enfermagem

de forma integral e humanizada explicando

passo a passo todos os procedimentos,

desenvolver palestras criativas que esteja

relacionada ao câncer de maneira que chame a

atenção da população feminina (FRANCO,

2012).

Silva et al, (2008) em concordância com o

autor acima citado relata que dessa forma,

(população feminina, encaminhando as

mulheres que apresentam alterações

citológicas, além da estimulando o sexo

seguro, orientando quanto os fatores que

predispõem a doença e as ações desenvolvidas

para prevenção e detecção do câncer. Sendo

assim, o objetivo dessas ações são diminuir os

fatores que levam a população feminina a

desenvolver a neoplasia, e também

diagnosticar e tratar precocemente a doença.

Para Vale (2010), esse tipo de prevenção

tornou-se mais eficaz a partir do Programa

Saúde da Família (PSF) que tem como

objetivo reorientar o modelo assistencial

mediante a implantação de equipes

multiprofissionais em UBS. Diante disso,

inclui em sua prática métodos de prevenção e

promoção à saúde baseados na atenção

primaria, gerando assim um cenário favorável

à reorganização do controle a esta doença.

A (o) enfermeira (o) pode prestar importante

contribuição para a prevenção do câncer de

colo uterino, destacando-se, dentre outras sua

participação no controle de fatores de risco,

na realização da consulta ginecológica e do

exame de Papanicolau, influindo para um

maior e melhor atendimento à demanda,

efetivando um sistema de registro de

qualidade, intervindo para o encaminhamento

adequado das mulheres que apresentam

alterações citológicas. O envolvimento da

enfermagem nas questões referente ao câncer

se da na medida em que, na atualidade, este se

refere a um problema de saúde pública, em

face de sua magnitude (elevada

morbimortalidade) e transcendência (alto

custo social e econômico). Souza, et al,

(2006,p.637)

O autor Parada (2008) falando de uma forma

mais ampla e completa, descreve que com

relação à prevenção do câncer do colo do

útero foram estabelecidas as atribuições a

desenvolver no nível de atenção primária a

saúde e que são de responsabilidade sanitária

da equipe, com vistas a planejar e executar

ações na sua área de abrangência, voltadas

para a melhoria da cobertura do exame. Estas

www.redor2018.sinteseeventos.com.br

incluem esclarecer e informar a população

feminina sobre o rastreamento, identificar na

área aquelas que pertencem a faixa etária

prioritária e/ou grupos considerados de risco,

convocar e realizar a coleta de citologia,

detectar e reconvocar as que se ausentaram. E

ainda, o recebimento dos laudos, captação dos

resultados positivos para vigilância do caso,

orientação e encaminhamento a atenção

secundaria, avaliação da cobertura de

citologia na área, supervisão dos técnicos e

qualidade da coleta.

Ações educativas desenvolvidas na

prevenção do câncer cérvico-uterino

A enfermagem desempenha um importante

papel no planejamento na área educacional,

social, política, e econômica para implantação

de políticas de prevenção do câncer do colo

de útero. Contudo, é necessário haver

responsabilidade por parte dos profissionais

de saúde, em destaque a enfermagem para

está direcionando e prestando o seu papel de

educador frente a essas mulheres a prática do

exame preventivo e fortalecendo sua

participação social no processo (SOARES et

al., 2010).

Nesse contexto, Melo et al. (2012) afirma que

enfermeiras (o) exercem atividades técnicas

específicas de sua competência,

administrativas e educativas e através do

vínculo com as usuárias, concentra esforços

para reduzir os tabus, mitos e preconceitos e

buscar o convencimento da clientela feminina

sobre os seus benefícios da prevenção Para o

planejamento das atividades e estratégias, são

consideradas e respeitadas às peculiaridades

regionais, envolvimento das lideranças

comunitárias, profissionais da saúde,

movimentos de mulheres e meios de

comunicação.

Uma dessas atividades estratégicas para

implantar educação na prevenção do câncer

uterino segundo Eduardo et al, (2007, p. 5) è:

A consulta de enfermagem, onde deve ser

realizada uma completa anamnese, preparar o

cliente para o exame, realizar a técnica da

coleta propriamente dita, ser capaz de

perceber intercorrências, observar a

necessidades de se realizar encaminhamentos

e ao final da consulta enfatizar a importância

do retorno em tempo adequado. Durante a

realização do exame é necessário criar um

vínculo com o paciente para que a consulta se

torne mais humanizada e para que a cliente se

sinta mais a vontade.

De acordo com Carvalho et al, (2008) e

Oliveira et al, (2010), a consulta de

enfermagem também foi referida com a

consideração de ter um importante momento

para se realizar o exame, além de ser uma

oportunidade propícia para fortalecer o

vínculo entre a mulher e o profissional.

Embora existam dificuldades para realizar

esse procedimento, especialmente na atenção

www.redor2018.sinteseeventos.com.br

primária, sua implementação tem relevância

inconteste em variados aspectos do cotidiano

da assistência de enfermagem e ainda, facilita

as atividades educativas individuais.

Dessa maneira, deve ser capaz de desenvolver

ações voltadas para os indivíduos

assintomáticos, buscando assim prevenir o

câncer conforme prevenção primária, ou seja,

controlando a exposição aos fatores de risco e

realizar o rastreamento adequado para

detecção das lesões precursoras em fase

inicial como citado anteriormente. Mas, a

mais importante de todas as ações, é a

realização do diagnóstico precoce, que

engloba medidas de identificação de

indivíduos sintomáticos com câncer em

estágio inicial. Dessa forma, o conjunto

dessas ações é denominado detecção precoce

e resulta na positividade do tratamento

(PARADA et al, 2008).

Ainda de acordo com Parada et al, (2008), a

enfermeira (o) também tem um papel

relevante no acompanhamento de indivíduos

sob tratamento. As ações de cuidados

paliativos devem ser inseridas também na

atenção primária e envolvem um apoio

multidimensional (físico, espiritual,

psicológico, social e afetivo) aos indivíduos

portadores desta neoplasia e seus familiares.

Dessa maneira, cabe a este profissional dar o

suporte adequado e encaminhar a paciente e

seus familiares para o núcleo de psicologia

quando necessário.

Dessa forma, resumem-se as principais

funções dos enfermeiros da atenção básica

relacionados ao câncer de colo uterino:

conhecimento das ações de controle desta

neoplasia; planejamento e programação de

ações de controle com priorização dos

critérios de risco; vulnerabilidade e

desigualdade; tomar condutas éticas de acordo

com os protocolos existentes no que diz

respeito à promoção, prevenção,

rastreamento, diagnóstico, tratamento,

reabilitação e cuidados paliativos; conhecer os

hábitos de vida, valores culturais e religiosos

da comunidade, para tornar o acolhimento

mais humanizado; valorizar os diferentes

saberes e práticas na perspectiva de uma

abordagem integral e resolutiva,

possibilitando a criação de vínculos com

ética, compromisso e respeito; desenvolver

atividades educativas sendo elas individuais e

coletivas; realizar acompanhamento do estado

de saúde das mulheres através das visitas

domiciliares, e principalmente, ser capaz de

trabalhar em equipe, integrando áreas de

conhecimento e profissionais de diferentes

formações, buscando dessa forma o

atendimento integral e a melhora da qualidade

de vida da mulher (PARADA et al, 2008;

BEGHINI et al, 2006; BELO HORIZONTE,

2008).

www.redor2018.sinteseeventos.com.br

CONCLUSÃO

Através dos estudos analisados percebe-se

que o câncer do colo do útero é um problema

de saúde pública, e mesmo que no Brasil

tenha um rastreamento para a realização do

exame preventivo, ainda não é eficaz. Neste

caso o comprometimento, qualificação e

responsabilidade das enfermeiras (o) é de

fundamental importância, já que estes

exercem uma função considerável nas equipes

de PSF. Somente a enfermeira (o) qualificado

pode garantir a realização da pratica desse

programa, por meio de elaboração de planos

específicos mediante as dificuldades

encontradas e criando novas atividades para

atrair maior numero de mulheres possíveis,

planos esses que podem ser: sala de espera,

orientações durante o exame preventivo,

retorno a unidade com resultado dos exames

solicitados, ressaltar a importância da

realização do exame conforme necessidade

e/ou fatores de risco e vulnerabilidade,

acompanhamento do indivíduo sob

tratamento, apoio multidimensional ao

paciente e familiar.

Os autores estudados relatam sobre a

prevenção dessa neoplasia, apesar de que ela

abrange todos os níveis de assistência, porem

é na unidade de saúde da família que se

realiza a maioria das ações de prevenção do

câncer de colo do útero. Essas ações vão

desde a captura das mulheres, identificando

fatores de riscos, as instruções sobre educação

permanente em saúde, consultas regulares de

acordo com o ministério da saúde, a

realização do exame e encaminhamento dos

mesmos, caso haja alterações ou

complicações.

Enfim, conclui-se que tudo que estiver

voltado para prevenção do câncer do colo

uterino, cabe as enfermeiras (o) a

movimentação, envolvimento e prática, tanto

no atendimento das clientes como nas

orientações para a realização regular do

exame preventivo conforme indicado,

lembrando-se sempre das ações educativas no

decorrer das consultas. Vale ressaltar que o

enfermeiro deve estar apto para trabalhar em

equipe, estar a frente das discussões e

intervenções a serem realizadas. Suas

temáticas devem ser apresentadas sempre

visando a melhoria da qualidade de vida da

mulher como também valorização e

reconhecimento pelo seu trabalho. Com essas

ações a enfermeira (o) colabora para que haja

o aumento no índice dos indicadores de saúde

e com isso o sucesso do programa de

prevenção a esta neoplasia.

REFERÊNCIAS

BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Saúde. Prevenção e controle do câncer de colo do útero. Belo Horizonte, 2008. Disponível em: <http://www.pbh.gov.br/smsa/biblioteca/proto

www.redor2018.sinteseeventos.com.br

colos/cancercolo.pdf>. Acesso em: 11 de out. 2013. BEGHINI, A. B.; et al. Adesão das acadêmicas de enfermagem à prevenção do câncer ginecológico: da teoria à prática. Texto Contexto Enferm., v. 15, n. 4, p. 637 – 644, out./dez. 2006. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-07072006000400012&script=sci_arttext>. Acesso em: 11 fev.2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária Nacional de Assistência à Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo de Útero. Rio de Janeiro: INCA 2013. Disponível em: <http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/PROGRAMA_UTERO_internet.PDF> Acesso em: 11 de out. 2013.

CARVALHO, M.C, M, P; QUEIROZ, A.B.A. Lesões precursoras do câncer cervicouterino: evolução histórica e subsídios para consulta de enfermagem ginecológica. Esc Anna Nery Rev Enferm. v. 14, n. 3, p 617-24, 2010. Disponivel em:< http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452010000300026>. Acesso em: 05 mai. 2014. CARVALHO, A. L. S. et al. Avaliação dos Registros das Consultas de Enfermagem em Ginecologia. Rev. Eletr Enf. v. 10, n. 2, p 472-83, 2008. Disponível em: <http://www.fen.ufg.br/revista/v10/n2/v10n2a18.htm.>. Acesso em 30 ago. 2014. DIOGINES, M. A. R. et al. Prevenção do câncer: atuação de enfermeiro na consulta de enfermagem ginecológica : aspectos éticos e legais da profissão. 1º Ed. Fortaleza: Pouchain Ramos, p 106-7, 2011. Disponível:< https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/2292.pdf>. Acesso em: 31 jul. 2014. EDUARDO, K. G. T, et al. Preparação da Mulher Para a Realização do Exame de Papanicolau na Perspectiva da Qualidade. Acta Paulista de Enfermagem, v. 20, n. 1, p. 44 – 8, mar, 2007.Disponível

em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0103-21002007000100008&script=sci_arttext>. Acesso em: 30 ago. 2014.

FRANCO, E. D. A. Estratégia de Saúde da Família na Perspectiva do Usuário. Revista de Enfermagem da UFSM, Divinópolis/MG. v. 2, n. 1, p. 49-58, abr, 2012. Disponível em:<http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs2.2.2/index.php/reufsm/article/view/4002>. Acesso em: 01 agost. 2013.

Gil, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. p.175.

INSTITUTO Nacional de Câncer (Brasil). Ações de Enfermagem Para o Controle do Câncer: Uma Proposta de Integração Ensino-serviço. 3a ed. Rev. Atual. e Ampl. Rio de Janeiro: INCA. P. 628-30, 2008. Disponivel: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/acoes_enfermagem_controle_cancer.pdf. Acesso em: 15 mar.2014.

____________. Câncer no Brasil: Dados dos Registros de Base Populacional. v. 6, P. 487-8. Rio de Janeiro. INCA, 2010. Disponível em:<http://portal.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/gestor/homepage/estimativas-de-incidencia-de-cancer-2012/estimativas_incidencia_cancer_2012.pdf> Acesso em: 06 jun. 2014. ____________. Nomenclatura Brasileira para Laudos Cervicais e Condutas Preconizadas: Recomendações para Profissionais de Saúde. Rio de Janeiro: INCA; p 56-9, 2006. Disponível em :< http://www.portalsbc.com.br/nomeclaturas.pdf>. Acesos em: 30 jul. 2014.

MELO, M. C. S. et al. O enfermeiro da Atenção Primária do Câncer do Colo de Ùtero: O cotidiano da Atenção Primária. Revista Brasileira de Cancerologia; v. 58,

www.redor2018.sinteseeventos.com.br

n.3, p. 389-98, 2012. Disponível em:< http://www.inca.gov.br/rbc/n_58/v03/pdf/08_artigo_enfermeiro_prevencao_cancer_colo_utero_cotidiano_atencao_primaria.pdf> Acesso em: 14 de fev. 2014.

MISTURA, C. et al. Papel do Enfermeiro na Prevenção do Câncer de Colo Uterino na Estratégia Saúde da Família. Revista Contexto & Saúde, Ijuí . v. 10 . n. 20. P. 161-4. Jan./Jun, 2011. Disponivel em:<acervosaud.dominiotemporario.com/doc/artigo_035.pdf>. A cesso em: 06 mar. 2014.

OLIVEIRA, I. S. B.; et al. Ações das Equipes de Saúde da Família na Prevenção e Controle do Câncer de Colo de Útero. Ciênc cuid saúde. v. 9, n. 2, p. 220-7, 2010. Disponível em:< http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/11133>. Acesso em: 01 set. 2014 PARADA ,R. et al. A política Nacional de Atenção Oncológica e o Papel da Atenção Básica na Prevenção e Controle do Câncer. Rev APS. V. 11, n. 2, p. 199-206, 2008. Disponível em:< http://aps.ufjf.emnuvens.com.br/aps/article/view/263>. Acesso em: 03 Ago. 2014. SANTOS, M. L.; MORENO, M. S.; PEREIRA, V. M. Exame de Papanicolaou: Qualidade do Esfregaço Realizado por Alunos de Enfermagem. Rev bras cancerol. v 55, n. 1, p. 19-25, 2009. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/rbc/n_55/v01/pdf/05_artigo_exame_papanicolau.pdf>. Acesso em:12 maio. 2014.

SILVA, S. E. D. et al. Representações Sociais de Mulheres Amazônidas Sobre o Exame Papanicolau: Implicações para a Saúde da Mulher. Esc. Anna Nery. Rev. Enferm, RJ, v. 12, n. 4, p. 685 – 692, dez, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452008000400012> Acesso em:13 de mar. 2014.

SOARES, M. C.; et al. Câncer de colo uterino: Caracterização das Mulheres em um Município do Rio Grande do sul Brasil. Esc. Anna Nery Revista Enfermagem. RJ, v.14, n.1, p. 90-6, Jan, 2010. Disponível em:<http://www.facex.com.br/revista/index.php/Revista/article/viewFile/112/36> Acesso em: 21 de mar. 2014.

SOUZA, I. E. O. et al., Adesão das Acadêmicas de Enfermagem á Prevenção do Câncer Ginecológico: Da teoria a prática Texto & contexto de enfermagem, Florianópolis. v. 15, n. 4, p. 637-44, out/dez, 2006. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php? pid=S0104-07072006000400012&script=sci_arttext:>. Acesso em: 11 de fev. 2014.

VALE, D. B. A. P. et al. Avaliação do Rastreamento do Câncer do Colo do Útero na Estratégia Saúde da Família no Município de Amparo, São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Publica,RJ, v.26, n.2, p.383-90, fev, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v26n2/17.pdf>. Acesso em: 13 de abr. 2013.

WOLSCHICK, M. N.; et al. Câncer de Colo do Útero: Tecnologia Emergente no Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Doença; Rev. Bra. Analises Clinicas, RJ, v. 39, n. 2, p. 123-29, 2007. Disponível em: <http://www.sbac.org.br/pt/pdfs/rbac/rbac_39_02/rbac_39_2_08.pdf> Acesso em: 05 de fev. 2013.